A arte do Renascimento foi marcada pelo classicismo, com a recuperação dos elementos arquitetónicos e temáticas da Grécia e Roma antigas, e pelo naturalismo, através da representação realista do corpo humano e da natureza e o desenvolvimento de novas técnicas como a perspetiva e a pintura a óleo. A arquitetura, escultura e pintura portuguesas também foram influenciadas por estas tendências, embora tenham preservado traços góticos e desenvolvido o estilo manuelino.
2. A arte do Renascimento
• A arte do séc. XV e XVI foi marcada por uma nova estética e uma nova
sensibilidade, surgidas na Itália. O regresso aos clássicos e à natureza
foram dois dos seus grandes objetivos.
• Os artistas do Renascimento
recusaram a estética
medieval, particularmente a
gótica.
• Para os
renascentistas, apenas a arte dos
clássicos gregos e romanos é que
era harmoniosa, proporcionada e
bela, pois seguia regras racionais.
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3. Classicismo
• Como manifestações de classicismo na arte do Renascimento,
podemos destacar:
• A recuperação dos elementos arquitetónicos greco-romanos
(colunas, pilastras, capiteis, arcos de volta perfeita…).
• O recurso às ordens arquitetónicas clássicas.
• Adoção de temáticas e figuras da mitologia e da história
clássica.
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5. • O gosto pela representação
do corpo humano. O nu ressurge
glorificado, no Homem, a
perfeição divina das suas formas.
• O sentido de harmonia,
simetria e ordem.
• O Homem volta a ser
entendido como uma medida na
arte, tornando o classicismo uma
forma de humanismo artístico.
6. Naturalismo
• O sentido de captação do real animou os artistas do Renascimento,
que representavam o ser humano e a Natureza com emoção. A
procura do real na arte levou à descoberta de duas revolucionárias
técnicas:
• A perspetiva, conjunto de regras geométricas que permitem
reproduzir, numa superfície plana, objetos e pessoas com aspeto
tridimensional.
• A pintura a óleo, que favorece a visualização do detalhe e cores
ricas em tonalidades.
• A capacidade técnica dos artistas do renascimento levou-os a
produzir uma obra original, que acabou por superar os modelos da
Antiguidade.
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8. • O artista conquistou um novo
espaço pictórico, graças a:
• introdução de novos
elementos decorativos de
cariz naturalista (como
conchas, cordas, paisagens),
• a perspetiva linear,
• o uso do ponto de fuga,
• recurso à ilusão ótica
possibilitada pela terceira
dimensão.
• Agora o espaço pictórico é
aberto ao observador.
9. Pintura
• A verdadeira revolução
renascentista na pintura foi
iniciada com Giotto no séc.
XIII. Este já realizava
composições tridimensionais,
servindo assim de fonte de
inspiração para os pintores da
renascença.
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10. • Na Flandres Jan van Eyck celebriza-se pela perícia e minúcia do seu
desenho, pela luminosidade da cor e domínio da técnica da pintura a óleo.
11. • Leonardo da Vinci elevou a pintura a uma
verdadeira arte.
• A arte redescobriu o homem e o indivíduo
com características verdadeiramente clássicas e
ao mesmo tempo, inovadoras:
• A pintura a óleo (maior durabilidade e
possibilidade de retoque);
• A terceira dimensão (criação da pirâmide
visual, marcado pela profundidade, pelo
relevo e volume das formas – concretiza-
se a perspetiva linear ou, no caso de
Leonardo, a perspetiva aérea.
• O sfumato.
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13. • Outras características inovadoras foram:
• A geometrização da arte. Adotam-se as figuras geométricas, com
preferência para a piramidal, na composição das grandes cenas
pictóricas.
• A proporção – o espaço é construído com um verdadeiro rigor
matemático, projetado a partir da medida-padrão (o módulo,
referência para as diferentes dimensões da imagem).
• Representação realista e naturalista: a expressividade dos rostos
(mesmo que estes tivessem imperfeições), nota-se mesmo na
capacidade de exprimir sentimentos e estados de alma.
• Há uma preocupação para representar as imagens com um rigor e
verosimilhança notáveis: desde a anatomia às vestes e cenários.
• Importância da paisagem na composição pictórica.
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15. Pintura: resumo
• Concebida dentro dos princípios geométricos,
• Composição em pirâmide,
• Equilíbrio da composição,
• Substituição da madeira pela tela,
• Representação da natureza,
• Utilização da perspetiva,
• Uso da técnica do sfumato,
• Novas técnicas de pintura a óleo,
• Temáticas principais: religiosas, pagãs, anatomia humana - o nu - e o
retrato,
• Grandes pintores: Fra Angelico, Leonardo da Vinci, Botticeli, Rafael,
Miguel Ângelo e El Greco.
16. Escultura
• Recupera a grandeza e
preeminência da Antiguidade Clássica.
• O nu readquire a sua dignidade e
as estátuas equestres regressam às
praças.
• O humanismo e o naturalismo
estão presentes nestas obras
escultóricas.
• Os escultores renascentistas redescobrem a figura humana, que
representam com rigor anatómico e expressão fisionómica.
• As formas rígidas medievais dão lugar à espontaneidade e ondulação
das linhas.
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18. • O equilíbrio e a racionalidade marcam a escultura deste período, que
mostra uma verdadeira preferência pela época grega.
• O individualismo
está presente na
assinatura das obras
(ex. Miguelangelo,
scultore fiorentino).
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20. Escultura: resumo
• Inspiração nas obras clássicas;
• Interesse pelas formas e proporções do corpo humano, possibilitada
pela perspetiva;
• Composição geométrica com estrutura piramidal;
• Grande realismo, vivacidade e espontaneidade;
• Expressão de sentimentos através dos traços fisionómicos e da
realidade anatómica;
• Entendida como arte em si e não um complemento da arquitetura;
• Recuperação da tradição romana de estátuas equestres;
• Principais escultores: Donatello; Ghiberte; Miguel Ângelo ou Andrea
del Verrochio.
21. Arquitetura
• A estrutura dos edifícios renascentistas é simplificada e racional.
Para tal, observam-se algumas regras ou princípios:
• A matematização rigorosa do espaço arquitetónico, conseguida a
partir da unidade padrão, com relações proporcionais entre as
várias partes do edifício. A forma ideal era a de um cubo ou de um
paralelepípedo.
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22. • Simetria absoluta, partindo de uma planta centrada (inspirada no
panteão romano) e com uma fachada enquadrada por portas e janelas.
• Aplicação da perspetiva linear, em que os edifícios se assemelham a
uma pirâmide visual.
• Retorno às linhas e ângulos retos típicos do classicismo.
• Preferência pelas abóbadas de berço e de arestas, em vez das de
ogiva e pelos arcos de volta perfeita.
• A cúpula, símbolo do cosmos, torna-se um elemento dominante e,
quase todas a igrejas renascentistas.
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25. • Executaram-se as obras de acordo com as ordens clássicas e as
regras de proporção (cada módulo coincidia com o raio ou o diâmetro da
coluna, no ponto da sua maior largura).
• Utilizam-se as representações inspiradas nos monumentos da era
imperial com motivos e formas vegetais, volutas, carrancas (são os
chamados grotescos).
• Retomaram-se as construções dos frontões triangulares.
26. Arquitetura civil
• Para além de igrejas, os arquitetos renascentistas preocuparam-se em
deixar a sua marca em edifícios civis e militares.
• Surgem belas villas caracterizadas pela simetria das suas fachadas,
decoradas com frescos e belos jardins.
• São ainda típicos os palácios de grossas paredes mas que reproduzem
o clássico princípio das ordens. É o caso dos palácios do vale do Loire.
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28. Em resumo: Arquitetura
• Uso de elementos clássicos:
_ arco de volta perfeita e abóbadas de berço,
_ frontões nas portas e janelas,
_ cúpulas,
_ decoração com motivos naturalistas.
• Predomínio das linhas horizontais e proporcionais;
• Equilíbrio geométrico (cubos e paralelepípedos justapostos) e simetria
de colunas;
• Arquitetura fundamentalmente religiosa, mas também civil.
• Grandes arquitectos: Brunelleschi – Igreja de Santa Maria das Flores
em Florença, Bramante – Tempietto de S. Pedro e Miguel Ângelo –
Catedral de S. Pedro.
29. Arte do Renascimento
• Classicismo:
• recuperação da arquitetura greco-romana;
• harmonia, simetria, proporção;
• temáticas mitológicas;
• interesse pela figura humana.
• Superação da antiguidade clássica:
• Captação naturalista;
• Capacidade técnica.
30. A arte em Portugal
• Sob influência dos descobrimentos, da consolidação do poder real e
do fausto da vida cortesã, renova-se a estética gótica.
• Surge em Portugal um estilo híbrido a que se chama o Manuelino.
Esta é uma corrente de arte heterogénea que se manifesta
fundamentalmente na arquitetura e na decoração arquitetónica.
• Nesta arte manuelina fundem-se diversos estilos:
• O gótico final (flamejante);
• O plateresco (estilo espanhol);
• O mudjar (de influência árabe);
• O naturalismo (troncos, ramagens…);
• A heráldica régia (escudo, esfera armilar…)
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31. O manuelino
• Do ponto de vista estrutural manteve-se o estilo gótico, embora com
alterações:
• O arco ogival coexiste com outras tipologias de arcos, como os de
ferradura ou os redondos.
• Abóbadas de cruzaria de ogivas, de nervuras…
• Uso do arcobotante e contrafortes exteriores.
• A decoração é exuberante, anunciando o “horror ao vazio” típico do
barroco: vegetalista terrestre e marinha; cordas e nós náuticos, heráldica
régia (esfera armilar, escudo), cruz de cristo….
32. O manuelino
• Os progressos na arquitetura passam também para o campo civil e
militar. Destacam-se nomes como o de Mateus Fernandes, Diogo
Boutaca, Diogo e Francisco de Arruda ou João de Castilho.
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34. A arquitetura renascentista em Portugal
• Influência da estética clássica e resultado das dificuldades económicas
no reinado de D. João III, a exuberância manuelina é substituída por uma
certa severidade nas formas, a que não são estranhos os ecos passados
por Francisco de Holanda ou D. Miguel da Silva.
• Como marcas do classicismo em Portugal podemos destacar:
• A simplicidade das nervuras das abóbadas de cruzaria;
• A utilização das abóbadas de berço e as modernas coberturas
planas;
• A igreja-salão;
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35. • A substituição dos contrafortes por
pilastras laterais;
• A delimitação das naves por arcadas
redondas;
• A multiplicidade de frontões, colunas
e capiteis;
• O aparecimento dos edifícios de
planta centrada.
• Na arquitetura civil, destaca-se a Casa dos Bicos; a Quinta da
Bacalhoa…
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37. A escultura em Portugal
• As obras escultóricas eram fortemente ligadas à temática
arquitetónica, o que se explica pela persistência do gótico em Portugal.
• Entre finais do séc. XV e a segunda metade do séc. XVI verificou-se um
forte surto escultórico, multifacetado.
• Pias batismais, túmulos, portais e altares transmitem essa obra onde
os vários estilos se fundem em pleno.
• Destacam-se nomes como o de Diogo Pires, o Velho e Diogo Pires, o
Moço; João de Castilho ou Nicolau Chanterenne. Pág. 90/92
38. A pintura em Portugal
• A pintura sofre uma grande renovação, destacando-se diversas
escolas ou oficinas: Coimbra (fortemente ligada à estética gótica); Lisboa;
Évora (Francisco Henriques) e Viseu (oficina de Vasco Fernandes).
• Foi usada a pintura a óleo e seguiram-se as tendências da perspetiva e
as representações naturalistas.
• Nomes grande da pintura foram Grão Vasco ou Nuno Gonçalves.
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