O documento descreve a evolução da arte portuguesa até aos anos 1960, começando por um período naturalista devido ao atraso do país, seguido da entrada do modernismo após 1910 através do humor e caricatura. Surgem vários movimentos como o futurismo e o modernismo é difundido através de revistas e exposições de artistas como Almada Negreiros. O modernismo continua nos anos 1920-1930 apesar da subordinação à arte oficial do Estado Novo, com destaque para a pintura, escultura, arquitetura e liter
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A arte portuguesa até aos anos 60
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• Nas primeiras décadas do século XX, Portugal era um país atrasado devido à sua
posição periférica em relação à Europa, com elevado analfabetismo e pobre em
termos económicos e sociais.
• Politicamente, assiste-se à revolução republicana de 1910 a que se sucede uma
grande instabilidade política, que culminou com o golpe militar de 28 de Maio de
1926 e, posteriormente, com a implantação da ditadura do Estado Novo.
• Por estas razões, mantinha-se
uma corrente caracterizada por
uma pintura naturalista,
dominada por retratos, naturezas-
mortas e paisagens, assim como
desenhos humoristas e
caricaturas.
4. Click to edit Master text styles• O Modernismo entrou em Portugal pelo humor, pela caricatura e pela ilustração,
dando-se a conhecer em variadas exposições realizadas regularmente entre Lisboa e
Porto.
• A agitação política fomentou o debate ideológico, o livre exame e a crítica. Desde
1911, uma série de artistas plásticos e escritores lutaram por colocar Portugal no
mapa cultural da Europa. Começaram a surgir movimentos de vanguardas pelo país: o
modernismo, divulgado em revistas e exposições.
• Para além dos participantes na Exposição de
1911, nelas se encontraram já os nomes de
Almada Negreiros, Cristiano Cruz, Jorge
Barradas, António Soares, entre outros.
5. Click to edit Master text styles• Surgem correntes mais ou menos antagónicas, como o Integralismo Lusitano (liderado
por António Sardinha) e o grupo Seara Nova (Jaime Cortesão ou Raul Brandão). Os
primeiros pretendiam recuperar a tradição portuguesa, ao passo que os segundos eram
fortes defensores do racionalismo critico e da política social democrática.
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Na literatura, o modernismo teve dois momentos:
• O primeiro modernismo foi praticado pela revista Orpheu, que o introduziu no país
com a publicação de poemas de contestação à antiga ordem literária, de Almada
Negreiros, Fernando Pessoa, entre outros e com a publicação de pinturas futuristas.
• A revista foi considerada um escândalo e acabou por ser proibida, pois continha gostos
e padrões culturais que o regime não aprovava: agitar, subverter, difundir as novidades
europeias e incorporar as propostas das vanguardas.
• Regressaram a Portugal Amadeo de Souza-
Cardoso, Santa-Rita, Eduardo Viana e José
Pacheco, ou seja, os pintores mais talentosos e
que estudavam em Paris. Com eles veio também
Sónia e Robert Delaunay, pintores da nova
corrente do Orfismo.
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NA PINTURA
Primeiro Modernismo (1911-1918):
• Destes regressos resultou a formação de dois polos ativos e inovadores:
• Em Lisboa:
• liderado por Almada Negreiros e Santa-Rita, que se juntaram a Fernando
Pessoa e Mário de Sá-Carneiro. Estes “fizeram o encontro das letras com a
pintura”. Deixaram o país escandalizado com o repúdio ao homem
contemplativo e exaltando o homem de ação, denunciado a morbidez
saudosista dos Portugueses e incitando ao orgulho, ação, aventura e glória.
• Face às críticas indignadas do escritor e académico Júlio Dantas, os futuristas
explodiram de raiva. O Manifesto Anti Dantas, atacou violentamente o escritor,
associando-o a uma cultura retrógrada que urgia abater.
8. Click to edit Master text styles• Futurista, morreu prematuramente e, da
sua obra, pouco restou. Foi polémico,
provocador e um dos mais carismáticos
artistas portugueses.
SANTA-RITA PINTOR
9. Click to edit Master text styles• Escritor e artista plástico, José Sobral de Almada Negreiros foi um dos fundadores
da revista “Orpheu” e um verdadeiro pintor-pensador. Foi praticante de uma arte
elaborada que pressupõe uma aprendizagem que não se esgota nas escolas de
arte; bem pelo contrário, uma aprendizagem que implica um percurso introspetivo
e universal.
ALMADA NEGREIROS
• Na sua evolução como pintor, Almada passou
do figurativismo e da representação
convencional dos primeiros tempos, para a
abstracção geométrica, matemática e numérica
que caracteriza as suas últimas obras.
Fernando Pessoa
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As banhistas
Maternidade
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• No Norte, em torno do casal Delaunay, Eduardo Viana e Amadeo de Souza-Cardoso,
desenvolve-se um outro núcleo destes primeiro modernismo.
• Amadeo de Souza-Cardoso, influenciado pelo futurismo realizou duas exposições
individuais, não tendo o apoio da crítica nem do público.
• A agitação futurista culminou com a apresentação do Ultimatum futurista às
gerações portuguesas do século XX, no Teatro da
República.
• Saiu também o número único da revista
Portugal Futurista, que teve a apreensão da
polícia. O regime republicano atacado nos
gostos e opções culturais não se desvinculava
dos cânones passados.
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AMADEO DE SOUZA-CARDOSO
• Precursor da arte moderna, Amadeo de Souza-Cardozo não teve oportunidade de ver
o seu trabalho reconhecido morrendo prematuramente aos 31 anos. As suas primeiras
experiências deram-se no desenho, especialmente como caricaturista. Aos 19 anos,
mudou-se para Paris, onde tomou contacto primeiro com o Impressionismo e depois
com o Expressionismo e o Cubismo.
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Cavalo Salamandra
Parto da Viola Bom Ménage
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EDUARDO VIANA
• O pintor instala-se, com o casal Delaunay, em Vila do Conde. Datam dessa época as
suas incursões, na decomposição das formas, à maneira cubista, e da luz, à maneira
órfica. Deixa-se fascinar pelo brilho do sol português e pelas cores da olaria minhota.
• A modernidade de Viana, o que
melhor o individualiza e o
engrandece, reside na pujança da cor,
que usa em contrastes vibrantes e
luminosos, quer componha retratos,
nus, paisagens ou naturezas-mortas.
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Untitled
Rapaz das louças
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Segundo Modernismo (anos 20 e 30):
• Nos anos 20 e 30, decorreu um novo ciclo no movimento modernista, que continuou a
conciliar as letras com as artes plásticas. Distinguiram-se escritores como José Régio e
pintores como Sarah Afonso ou Vieira da Silva.
• Mais uma vez as revistas assumiram a dinamização literária e artística, sendo de
destacar a Contemporânea e a Presença.
• Mais uma vez, também, os artistas continuaram a deparar-se com a rejeição pelos
organismos oficiais.
• A decoração modernista de A Brasileira do
Chiado e a de Bristol Club causaram polémica,
acabando por se tornar o museu da arte
contemporânea que Lisboa ainda não tinha.
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• Em 1933, António Ferro, jornalista e admirador do modernismo, é nomeado Chefe do
Secretariado de Propaganda Nacional (organismo que controlava a arte durante o
Estado Novo).
• António Ferro contrata os modernistas com o objetivo destes transmitirem a imagem
que o Estado Novo pretendia criar. Os modernistas passam a representantes da arte
oficial.
• Esta subordinação do modernismo é contestada pelo pintor António Pedro que
promove, na década de 30, uma exposição de artistas independentes que pretendida
ser uma homenagem aos membros do primeiro modernismo e fazer a oposição à “arte
oficial” do Estado Novo.
18. Click to edit Master text styles• Expressionismo: Mário Eloy (representação dos sonhos, figuras humanas com
arabescos insignificantes e angustiados) e Dominguez Alvarez (cores baças,
expressividades das formas, quase sem volumes, linhas serpenteadas e figuras
alongadas);
CORRENTES ARTÍSTICAS
O Bailarico no Bairro
Casario e figuras num sonho
19. Click to edit Master text styles• Neorrealismo: Júlio Pomar; representação do mundo do trabalho com verismo e
expressividade, cores escuras e pouco variadas; oposta à arte oficial;
CORRENTES ARTÍSTICAS
O almoço do trolha
20. Click to edit Master text styles• Surrealismo: Mário Césariny, imagética
brutalista/informalista com colagens e
frottages, onde se nota mais a acção, a
matéria e a textura do que a figuração;
CORRENTES ARTÍSTICAS
Figuras de sopro
21. Click to edit Master text styles• Abstracionismo: Vieira da Silva (sugestão de profundidade, aplicação de metáforas;
cidades como representação dos seus sentimentos);
CORRENTES ARTÍSTICAS
Bibliothèque
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• Cubismo: Almada Negreiros (decoração de espaços, nomeadamente para as gares
de Alcântara e da Rocha do Conde de Óbidos), onde estão representadas cenas
relacionadas com os locais:
CORRENTES ARTÍSTICAS
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António Domingues, Fernando Azevedo, António Pedro, Vespeira, Moniz Pereira
Cadavre Exquis
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Terceiro Modernismo (na literatura):
• É a fase do Neorrealismo. Surgem em Portugal os primeiros cultores do neorrealismo,
claramente em rutura com o individualismo e intelectualismo psicológico do
movimento Presença. Ferreira de Castro, nos seus romances Emigrantes e A Selva,
introduz a análise de problemas de natureza social, trata as populações que emigram,
que se empregam e desempregam. Alves Redol, Soeiro Pereira Gomes, Manuel da
Fonseca, Álvaro Cunhal, Mário Dionísio, José Gomes Ferreira, entre outros, continuam
a tratar os problemas, as tristezas e as misérias do povo laborioso esmagado pela
ganância de uma minoria de representantes do capital, adaptando à realidade
nacional o rigor formal e temático dos escritores neorrealistas europeus.
• Denunciar as injustiças sociais.
• Apelo à consciência e luta de classes.
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• A escultura da primeira década do século XX ficou marcada pela hegemonia do
gosto naturalista.
• Mestre António Teixeira Lopes, o grande escultor desta corrente, continuou as
preferências do público.
• Tal não impediu a manifestação de características modernistas dos anos 20, em
escultores como Francisco Franco, Diogo Macedo e Canto da Maia.
• À semelhança da pintura, a modernidade escultórica acabou condicionada nos anos
30 e 40 pelas encomendas oficiais, servindo de veículo para o Estado Novo.
Adão e Eva - Canto da Maia
O Padrão dos Descobrimentos, Leopoldo de Almeida
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• A arquitetura não registou grandes desenvolvimentos neste período. As dificuldades
políticas, económicas e financeiras vividas durante a I República, dificultaram as
construções. Assim, o pouco que se construiu revela a persistência dos esquemas
arquitetónicos clássicos.
«Casa do Major Pessoa»,
Aveiro
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• Raul Lino formulou a filosofia de “casa portuguesa” através da recuperação dos
valores tradicionais da cultura portuguesa, definindo os princípios orientadores para
a sua construção.
• Segundo este, os edifícios
devem ser integrados na
paisagem natural e na
tradição cultural do país.
• Devem obedecer à caiação
branca, aplicação de azulejos
nas fachadas e à valorização
do alpendre, adequado a uma
arquitetura do sol, com um
beiral, a rematar os telhados.
Casas no Monte Estoril
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• Nos anos 20 verificam-se os primeiros sinais de uma nova linguagem arquitetónica.
• Destacam-se os nomes de Cristino da Silva, Carlos Ramos, Pardal Monteiro, Cottinelli
Telmo e Cassiano Branco, como primeiros autores de projetos arquitetónicos
modernistas.
• A arquitetura modernista caracterizou-se pelo uso do betão armado, do predomínio
da linha reta sobre a curva, do despojamento decorativo das paredes ou na utilização
de grandes superfícies de vidros.
INE, Pardal Monteiro
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• Nos anos 30 e 40, as experiências modernistas consolidaram-se devido ao apoio
recebido pela política de obras públicas do Estado Novo.
Cinema Eden- Cassiano Branco
Praça do Areeiro
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• A fachada revela composição livre e assimétrica, seguindo as propostas estéticas do
funcionalismo (Le Corbusier, Bauhaus). As estruturas foram assentes em pilares que
permitem alargar os espaços internos, seguindo Le Corbusier. Regista-se um
contraste entre a linha horizontal com a torre vertical. São patentes ainda influências
da Art Déco, na simplicidade estrutural.
edifício "Franjinhas, Nuno Teotónio Pereira
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• A sede da Fundação Gulbenkian é incontornável neste contexto, testemunhando a
passagem do estado novo para a revolução.