2. Níveis de desempenho
• Explicar os fatores de instabilidade demográfica europeia do séc. XVII
• Caracterizar as crises demográficas europeias do séc. XVII
• Identificar os mecanismos autorreguladores da crise demográfica
• Enumerar os fatores do aparecimento de um novo padrão demográfico na
Europa do séc. XVIII
• Caracterizar o novo padrão demográfico da Europa do séc. XVIII
• Reconhecer nas crises demográficas um fator de agravamento das
condições do mundo rural e de perturbação das tendências de
crescimento da economia europeia.
Conceitos: Demografia, taxa de mortalidade, taxa de natalidade,
esperança de vida, crise demográfica, pirâmide etária…
3. NOÇÕES BÁSICAS
ANTIGO REGIME: corresponde ao
período da História da Europa, que se
desenrolou desde o séc. XVI até às
revoluções liberais (finais do séc. XVIII,
inícios do séc. XIX). Esta designação
surge na França, com os revolucionários
de 1789, para designar o período que
estes pretendiam desmantelar. A nível
demográfico caracteriza-se por altas
taxas de natalidade e de mortalidade,
persistência e frequência de crises
demográficas, quer causadas por
doenças e epidemias, quer por fomes.
4. DEMOGRAFIA: ciência que tem por objecto o estudo das populações
humanas. Assim, trata da sua dimensão, da sua estrutura e evolução e
das suas características gerais, observadas principalmente sob o
aspecto quantitativo.
DEMOGRAFIA HISTÓRICA: tem por objeto o estudo das populações do
passado e as relações entre a história e o povoamento. Para Channu é
uma forma de história que utiliza para o tratamento das informações
referentes à população, todas as técnicas e todas as noções da
demografia como ciência do presente.
5. NATALIDADE: número de nados-vivos, ocorrido num ano.
MORTALIDADE: número de óbitos ocorridos num ano.
CRESCIMENTO NATURAL: diferença entre a natalidade e a mortalidade.
TAXA DE MORTALIDADE: número de óbitos por cada 1000
habitantes, ocorridos num ano.
TAXA DE NATALIDADE: número de nados-vivos por cada 1000
habitantes, ocorridos num ano.
6. TAXA DE CRESCIMENTO NATURAL: diferença entre a taxa de
natalidade e a taxa de mortalidade.
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL: número de óbitos de crianças com
menos de 1 ano, por cada 1000 habitantes, ocorridos num ano.
ESPERANÇA MÉDIA DE VIDA: número de anos que, em média, uma
geração tem hipóteses de viver.
7. A EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO NO
ANTIGO REGIME
Até ao séc. XVIII – a Roda
8. • Crescimento lento ao longo de todo o Antigo Regime;
• Segundo o primeiro numeramento do reino (mandado fazer por D. João
III em 1527), a população era de 1.100.000 a 1.400.000 habitantes;
• Os arrolamentos de 1580 a 1636 apontam para uma quebra
demográfica.
Contudo, é possível que tenha existido não uma recessão, mas uma
estagnação devido a vários factores como sendo:
• a elevada taxa de mortalidade dos marinhos portugueses nas viagens
marítimas (não só os naufrágios, mas as pragas e doenças como o
escorbuto);
• a crescente emigração para outros territórios (Índia, Brasil…);
• a política de D. Manuel I que ordena a expulsão dos Judeus;
• a conjuntura de pestes, fomes e mesmo guerras (ex. Restauração…);
O caso Português:
9. • os maus anos agrícolas e as técnicas rudimentares que
provocavam uma baixa produtividade agrícola;
• a crise do Império Colonial Português...
No século XVIII verifica-se um crescimento populacional devido
fundamentalmente à acção de três factores:
• a estabilidade governativa dos reinados de D. Pedro II e de D.
João V;
• a chegada do ouro do Brasil e o enriquecimento do país;
• o recuo das guerras, fomes e pestes.
Mina de ouro brasileira
10. Características:
– Altas taxas de natalidade,
– Inexistência de práticas contracetivas,
– Altas taxas de mortalidade (principalmente infantil),
– Baixa esperança média de vida,
– Baixo crescimento efetivo da população.
Principais fatores:
– Irregularidade das condições climáticas,
– Anos de más colheitas (crise alimentar),
– Duras condições de vida material,
– Epidemias e pestes,
– Guerras (ex. guerra dos 30 anos).
Comportamentos demográficos do séc. XVII – um
comportamento de crise
11. A Natalidade do Antigo Regime, no geral, era elevada. No entanto,
verificou-se alguma irregularidade em períodos de prosperidade ou de crise.
Nos períodos de prosperidade aumentava devido a:
– aumento do número de casamentos precoces;
– filhos antes do casamento;
– maior número de filhos por casal.
Nos períodos de guerras, recessão e fomes, diminuía:
– maior número de casamentos tardios;
– menor número de filhos por casal;
– más condições no trabalho das mulheres;
– aleitamento prolongado do recém-nascido;
– deficiente alimentação;
– grande número de viúvos (o que diminuía a taxa de fecundidade).
12. O Antigo Regime caracteriza-se por uma elevada taxa de mortalidade,
principalmente mortalidade infantil. Nas palavras de André Armengaud “A
morte está no centro das vidas, como o cemitério está no centro da aldeia”.
As causas desta elevada mortalidade são dependentes das chamadas
condições conjunturais:
– as fracas condições de higiene,
– a alimentação insuficiente e incorreta,
– as fomes,
– a miséria e promiscuidade,
– o desconhecimento das noções elementares de medicina,
– as epidemias e pestes,
– as guerras e revoltas…
13. A mortalidade é ainda condicionada por três variantes distintas:
• A IDADE - A mortalidade atinge principalmente as crianças e os
adolescentes (até aos 10 anos). No séc. XVI só cerca de 53% dos
nados-vivos chegava a atingir os 10 anos de idade. Em relação à
mortalidade dos idosos, estes são sobretudo atacados por problemas
bronco-pulmonares, principalmente no fim do Inverno e começos da
Primavera.
• O SEXO - Em geral, até à fase adulta morriam mais crianças do sexo
masculino. Entre os 18 e os 40 (fase adulta), a mortalidade feminina
ultrapassava os valores da mortalidade masculina, talvez ligado com o
número de partos mal sucedidos.
• A CAMADA SOCIAL - Os mais atingidos pela morte eram os mais
pobres e desprotegidos, bem como os grupos que viviam em situação
promíscua e de alto risco, como acontecia nos Conventos.
14. As crises de subsistência
Segundo alguns autores, estas crises podem ser de dois tipos distintos:
Mortalidade de crise Crise de mortalidade
(as crises de subsistência (as crises demográficas conduzem
conduzem às crises demográficas) às crises de subsistência)
0
50
100
150
cereais
óbitos
0
50
100
150
200
cereais
óbitos
A primeira surge devido aos problemas de subsistência. A linha dos óbitos e dos cereais é
paralela.
A segunda é normalmente provocada pelas pestes. A linha dos preços dos cereais aumenta
posteriormente.
15. Melhoria das condições de vida
A partir de meados do séc. XVIII surgem indícios de um novo
comportamento demográfico (novo padrão):
• As crises demográficas tornam-se menos intensas e comuns,
• Baixa das taxas de mortalidade,
• Aumento da esperança média de vida,
• Desenvolvimento da taxa de crescimento geral.
16. A EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO NO
ANTIGO REGIME
SÉCULO XVI SÉCULO XVII SÉCULO XVIII
Condicionalismos Condicionalismos Condicionalismos
1. A descoberta e exploração de
novas terras permite o (lento)
crescimento da população;
2. O desenvolvimento eco-nómico
e comercial operado neste século
permite o melhoramento das
condições de vida:
__ novas áreas cultivadas;
__ aumento da pecuária,
__ incremento da exploração
mineira…
1. Recuo das fomes e pestes;
2. Época de paz.
1. Fragilidade dos recursos
económicos;
2. Crises cíclicas;
3. Violentas lutas religiosas e
políticas;
4. Catástrofes naturais;
5. Acentuado recuo produtivo;
6. Fraca alimentação;
7. Higiene precária;
8. Inexistência de cuidados
médicos capazes;
9. Novos surtos epidémicos;
10. Aumento da taxa de mortalidade
e da taxa de mortalidade infantil.
1. Lenta melhoria das condições de
vida e de subsistência;
2. Aumento dos salários;
3. Boas condições climáticas;
4. Aumento da produtividade;
5. Melhoria da dieta alimentar;
6. Maior preocupação com a
higiene;
7. Progressos na Medicina;
8. Recuo das fomes, pestes e
guerras;
9. Progressos das condições
comerciais e de comunicação;
10. Diminuição da mortalidade.
17. Fatores do novo padrão demográfico
• Progressiva melhoria climática,
• Progressos ao nível técnico e económico,
• Aumento da produtividade,
• Distribuição dos bens agrícolas e alimentares,
• Fortalecimento fisiológico da população,
• Desenvolvimento da medicina (aparecimento das vacinas),
• Melhores condições de higiene…
18. Uma nova demografia
• Alterações no comportamento socio demográfico,
• Fortalecimento dos laços de afetividade,
• Descoberta da importância da criança,
• Teorias malthusianas propõem o controlo da natalidade para
restaurar o equilíbrio. As medidas defendidas por Malthus seriam:
– a restrição total da assistência social e médica à população,
– a sujeição moral de retardar o casamento
– a prática da castidade antes do casamento
– ter o número de filhos que se pudesse sustentar.
XVIII – proteção à maternidade