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                       Não conhecemos o preço da palavra. Envie esta revista a um amigo
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                                Revista de Literatura Moçambicana e Lusófona
Director editorial: Eduardo Quive * Maputo * 04 de Outubro de 2011 * Ano 01 * Nº 12 * E-Mail: kuphaluxa@sapo.mz

Antes de ficar com Manuel Pina




Camões
quiz saber de

Craveirinha
                                Orlando Mendes
                              Um poeta de alto nível                                                          Pág. 4
2    BLA BLA BLA   Exero 01, 5555
    Terça-feira, 04 de Outubro de 2011   https://literatas.blogs.sapo.mz                                                            2

Em primEira

Luzí(a)das e voltas do avô Camões
    VANESSA MARANhA - SãO PAuLO                                        Ao Manuel António Pina-Prêmio Camões 2011


Feito dos homens, Que em retrato
breve
A muda poesia ali descreve (vii,
76)
E como a seu contràrio natural
A pintura que fala quer mal
(viii, 41) in Os Lusíadas-Luis
V.de Camões


Caro poeta, o inesperado acabou por
acontecer, não tardou, ele anda à uma
velocidade cósmica tal como a luz em
brasas.


O velho adágio diz: a esperança é
a última a morrer, mas consigo foi
diferente, ela chegou de forma uma
inusitada, em ti ainda não tinha
nascido, coitado morreu ainda no




                                            ventre da sua mãe.             F.Gullar.
                                                                           Quando chEgarEm a Portugal não o deixe ficar em
                                                                           Lisboa, porque aí, ele vai te largar, pois o rio douro reflecte
                                                                           a luz do sol após a sua enciclopédica voz, a Torre de Belém
                                                                           evoca os seus cantos e o mosteiro dos Jerónimos tem o
                                            Eu o vi no Rio de Janeiro      seu rosto, e com certeza ele perguntar-te-à sobre miguel
                                            de mãos dadas com os seus      Torga, Sophia de melo Breyner anderssen, e José Sara-
                                                                           mago (não o diga que subiram as estrelas), diga-o que
                                            dois netos- João ubaldo        exilaram-se na memória do povo, pois com o Saramago
                                                                           aprendeu a viajar como o Elefante, ele não se esquece
                                            Ribeiro e Ferreira Gullar      de nada, vai te contar as estórias da Indía e do Vasco da
                                            à entrada da Biblioteca        gama, a terra Sem Fim, foi por isso que antónio Lobo
                                                                           antunes chamou-o “memória de Elefante, volto a repisar
                                            Nacional, digo-te que o        nunca aborde a questão da morte com ele: porque para
                                                                           ele a morte é um reflexo num Espelho ausente, como
                                            avô está rejuvenescido, ele    ele vive de lembranças irá procurar o espelho em todos
                                            passou todo o ano 2010         cantos do mundo, vai te falar da ilha dos amores e da casa
                                                                           do rei , você conhece? Foi o que aconteceu com comigo,
                                            com Ferreira Gullar, foram     autrane dorado, João ubaldo ribeiro, e Ferreira gullar
                                                                           quando passeávamos com ele, e alguém disse aquela é a
                                            a Maranhão. Na última          casa dos Budas ditosos, sorriu e em seguida mandou parar
                                            conversa que tive com o        a viatura, descemos juntos com ele, chegamos perto da
                                                                           casa, dentro da mesma tinha monte de gente armada a
                                            avô, quando lhe perguntei      intelectual, políticos e bêbados, dirigiu-lhes a palavra -
                                            sobre a poesia, ele disse-me
                                            que já não sabe escrever,
                                            bem sabe sujar o poema
                                            pois aprenderá com
Exero 01, 5555   BLA BLA BLA     3
 Terça-feira, 04 de Outubro de 2011                                            https://literatas.blogs.sapo.mz                                                                     3

Em primEira
tudo bom com vocês, posso ler um poema para vocês? e           do mayombe, e foi em angola onde escalou a Estepe e o Plan-
eles responderam:                                              alto.                                                           E sobre Cabo-Verde onde esteve
-nóS SomoS do partido no poder, nos distinguimos com os        Volvidos 9 anos voltou de novo a angola, ao encontro do José
ideiais do FmI, Banco mundial, e da naTo.                      Luandino Vieira, mas para a desilusão de todos nós o Luandino   em 2009 com o Arménio Vieira,
                                                                                                                                            será a partir deste
                                                                                                                                            debate papo com o
                                                                                                                                            velho Camões que
                                                                                                                                            perceberás que em
                                                                                                                                            África não estamos
                                                                                                                                            no Inferno, como
                                                                                                                                            todo mundo diz.

                                                                                                                                                       aQuELa BELEza da cidade de
                                                                                                                                                       Praia, ímpar é um verdadeiro
                                                                                                                                                       Eleito do Sol, a Ilha do Sal é a
                                                                                                                                                       raiz de todas mitografias deste
                                                                                                                                                       povo crioulo-assim ele definiu
                                                                                                                                                       cabo-Verde.
                                                                                                                                                       E Quando estiveres a pintar
                                                                                                                                                       as palavras não deixe os Papeis
                                                                                                                                                       espalhados, o velho camões
                                                                                                                                                       não gosta de ver desarru-
                                                                                                                                                       mações, caso isto acontecer,
                                                                                                                                                       ouvirás a seguinte questão.
                                                                                                                                                       -São PaPEIS de K?
                                                                                                                                                       -rESPonda-o SEguInTE-São
                                                                                                                                                       Livros e não o diga que são
                                                                                                                                                       poemas, percebeu? Porque
                                                                                                                                                       com o Poema o Velho camões
                                                                                                                                                       encotra a sua Viagem e o
                                                                                                                                                       Sonho.

                                                                                                                                                       Caro poeta, abrace-o e
                                                                                                                                                       ande com ele com muita
‎-ELE rESPondEu-...Vão a merda, vocês todos mentirosos,        não quis recebê-lo, alegando não sendo ele a pessoa indicada
mentirosos, a esmagadora maioria hipócrita e santarrona,       para o receber, e recusou por motivos íntimos e pessoais        cautela, pois ele esta velho, esta é a sua 25ª
viva nós os mentirosos a força, os conscientes ¹.              mas o avô camões não voltou foi recebido como rei pela
                                                               comunidade de Luanda, gente humilde onde o singular não         viagem ao mundo Lusófono, depois de ele
SaímoS com o velho camões a arder de nervos e de repente       tem expressão, o colectivo é a palavra de ordem.
disse vamos a Baía mandem um fax ou liguem para o Jorge                                                                        te contar todo o esêncial das suas digressões,
amado dizendo que estamos a caminho.                           Quando interpelou 1 deles perguntan-
FIcamoS Em silêncio, sem saber qual seria a resposta a dar                                                                     conte-o aquela interessante História do Sabio
ao velho camões,                                               do-lhe o nome
SErá QuE não ouviram o que eu disse.querem que eu repita?                                                                      Fechado na sua Biblioteca.
-retorquiu ele                                                 Responderam todos em coro dizendo:
oh, VÔ, o Jorge amado não està na Baía -respondemos em                                                                         Mande muitos abraços, beijos cumprimentos
coro com vozes a tremer de medo.                               -Nós Os do Makulusu
-Para ondE ele foi, digam-me o que esta a acontecer, vocês                                                                     e larguras, e diga-o que estamos a espera dele
estão estranhos, digam onde ele esta afinal?                   Ficou muito feliz, coisa jamais vista
o FErrEIra gullar disse-lhe o seguinte o Jorge foi ao Japão                                                                    muito em breve, e quando perguntar-te de
ajudar o Kenzaburo oE da tragédia que assolou aquele País      sairam da cidade a caminho do
niponico irmão, não se trata de uma questão Pessoal, mas                                                                       mim, diga-o estou trancado na biblioteca
de uma questão natural.                                        subúrbio onde vive esta humilde
                                                                                                                               a aprender a recriar mundos, tal como fez o
-                                                              comunidade.
-prezado amigo previne-se e não toque neste assunto,                                                                           Saramago no seu Memorial do Convento (o
leve-o a (Sabugal) guarda de carro não se atreve a viajar      O avô Camões inconformado, irre-
com ele de barco, pois falar-te-á da Indía e quando chegarem                                                                   Convento de Mafra).
e ele perguntar-te se jà chegaram a casa Perdida?              quieto e quando viu aquelas casas de
responda-o: ainda não é o Fim nem o Princípio do mundo                                                                         Kanimambo pela atenção dispensada poeta.
calma É apenas um Pouco Tarde                                  madeira e zinco, questionou.
E quando perguntar-te onde estão?                                                                                              __________________________________________
responda-o seguinte:                                           -Esta não é a Mafalala do José                                  -¹-.In a casa dos budas ditosos pag 144de João ribeiro
-Estamos no País das Pessoas de Pernas Para o ar, nunca diga
que estão em Portugal, porque irà te pedir ir à Leiria.        Craveirinha?
Sei que da áfrica Portuguêsa conhece pouco ou por outra                                                                        VAnessA MArAnhA é escritora, jornalista, psicóloga
ainda nao visitou, peça para que te conte sobre a sua esta-    Responderam-não, este é o Nosso
dia em moçambique com José craveirinha, veràs o sorriso                                                                        pós-graduada em Psicanálise. Participou da antologia
que dilacera os seus olhos e a doçura do mel que unta as       Musseque.
suas sàbias palavras, falar-te- à das doces tangerinas de                                                                      +30 mulheres que estão fazendo a nova literatura
Inhambane, daquela dança denominada chigubo e daquela          Questionou de novo-e aquela senhora
mulher linda que ele apadrinhou a quando do seu casa-                                                                          brasileira, org. Luiz ruffato, Ed. record. Já foi selecio-
mento com craveirinha a maria.                                 não é a Dona Flor com os Seus Dois
conheceu angola pelas mãos do Pepetela, e foi là onde                                                                          nada em diversos prêmios literários. Em 2010 esteve
acreditou que o homem é o melhor amigo do cão, quando          Maridos?
viu o cão e os caluandas sempre juntos, e se quiser saber                                                                      na oficina de Jornalismo Literário da FLIP, e, neste
mais da guerra da unita e o mPLa, peça – o, ele vai te falar   Responderam-não, aquele é o João
                                                                                                                               ano, participa da oficina de crítica Literária
                                                               Vêncio e Os Seus Amores.
                                                                                                                               da FLIP.
4    BLA BLA BLA   Exero 01, 5555
    Terça-feira, 04 de Outubro de 2011                                               LITERATuRA MOÇAMBICANA                                                        4



Orlando Mendes
FonTe: InFopÉdIA

esCrITor MoçAMBICAno, orlando marques de almeida mendes nasceu a 4 de agosto de 1916, na ilha de moçambique.
Licenciou-se em ciências Biológicas pela universidade de coimbra, onde foi assistente e onde se revelou poeta e pro-
sador. Pertenceu aos quadros dos Serviços de agricultura, foi fitopatologista e Funcionário do ministério da Saúde.

proFundAMenTe InFLuenCIAdo pelo neo-realismo português, o poeta, romancista, dramaturgo, crítico literário, cola-
borou em diversos jornais moçambicanos e estrangeiros e produziu uma vasta obra literária, como Trajectória (1940),
Portagem .(1966), um minuto de Silêncio (1970), a Fome das Larvas (1975), Papá operário mais Seis histórias (1983),
Sobre Literatura moçambicana (1982), entre outros. recebeu o prémio Fialho de almeida , o dos Jogos Florais da uni-
versidade de coimbra (1946) e o primeiro Prémio de Poesia no concurso literário da câmara municipal de Lourenço
                                                                                                                        INSTANTE PARA DEPOIS
marques. Em 1990, orlando mendes faleceu em maputo
                                                                                                                       ORLANDO MENDES

    DEDICATÓRIA                                      A ChAMADA INSPIRAÇãO                                              a tarde viva está quase vazia
                                                                                                                       na esplanada represa de sombra morna.
    ORLANDO MENDES                                    ORLANDO MENDES                                                   Seis velhos mastigam recordações
                                                                                                                       com dentes cariados da memória
                                                                                                                       e o dia-a-dia com as falhas dos dentes.
aos poetas que pensam e dizem versos                                                                                   olhos distantes sobre os livros
mas não os sabem escrever                                                                                              e mãos e pernas entrelaçadas
e por isso anónimos lhes chamam.                                                                                       um casal jovem intimamente suborna
nas rochas corroídas pelo sal de outros              gotas quase poeira de cacimba                                     o tempo minuto a minuto seguinte.
mares                                                caindo sobre as palmas das mãos                                   na berma do passeio mufana parado
navegados para implantar espada cruz e               como em floresta desvirginada                                     estende os dedos pedindo quinhentas
poder                                                e exposta nua de memórias                                         nem se sabe porquê e ninguém dá.
nas rochas onde o luar desnuda o silêncio            ao sol da primeira lavra.
pulsando canções da noite assim povoada                                                                                Passa um jipe da polícia militar
e que o sol inflama e semeia                         não queima nem lacera nem alivia.                                 e um dos velhos mastiga em segredo
sobre as efémeras gostas de cacimba                                                                                    que aquilo anda muito pior por lá.
renovadas com cintilações das estrelas,              Percute a descoberta palavra                                      os dentes e as falhas cessam de mastigar
aí eu gravarei seus nomes.                           para ser primitivo rastilho                                       recordações e a suave cadência dos pulsos
E os amantes pressentindo                            do poema vivo candente.                                           e a moça levanta os olhos húmidos
os hão-de perguntar e saudar.                        E cresce na voz que temos                                         mufana encolhe os dedos e desliza
                                                     nas veias desde sempre.                                           inteiro ao sol da rua e assobia
                                                                                                                       não se sabe porquê e ninguém sente.

                                                                                                                       Batem horas num relógio distante
                                                                                                                       e o jovem casal parte subitamente

JuVENTuDE                                                                                                              para o seu primeiro acto de posse.
                                                                                                                       a tarde fica então mais vazia
                                                                                                                       com os velhos mastigando a voz sibilada
    ORLANDO MENDES                                                                                                     no dia raso à sombra morna.


                                                      RIGOR
É no tempo dos explícitos cantares                                                                                     reina a paz na esplanada laurentina
à luz do dia e na escuridão da noite
até uma explosiva prova de acção.
                                                     ORLANDO MENDES
É o tempo das dúvidas inconfessáveis
os cigarros ardendo e o café já frio
e o rosto impassível atrás do jornal
                                                    Quando passa e aí devotamente se demora
                                                    o erudito na volúpia dos contornos subtis
                                                                                                                        uNIFORME DE POETA
contra a devassa de anônimos vigilantes.            para televisionar durante uma hora
                                                    o que se pratica e mais o que se diz                               ORLANDO MENDES
É o tempo dos assaltos ao trânsito                  não pense que dispensamos o rigor da geometria
imaginando as máscaras arrancadas                   e da linguagem que nos faz a fala.                             ajustei minha cabeleira longa,
e a beleza de a riqueza como seriam                 Sabemos como se desenha e pronuncia                            coloquei-lhe ao de cima meu
se não coexistissem incólumes com                   cada sílaba de palavra nova                                    chapéu de coco em fibra sintética,
ignorância e miséria e violência.                   porque o escrúpulo gramatical é a verdade que o                sacudi a densa poeira das asas encardidas
                                                    prova                                                          e, dependurada a lira a tiracolo,
É o tempo da solidão entre as gentes                assim um corpo no amor outro possui e dá-se                    saio para a rua
e de solitário sentir a multidão na savana.         e a mulher pariu um filho e o embala.                          em grande uniforme de poeta.
                                                    Sim usamos régua, esquadro e compasso                          Tremei guardas-marinhas,
É o tempo de não ter fé e crer ainda                e o vocábulo e a sintaxe                                       alferes do activo em
na dádiva total por um beijo de amor                para medir a minúcia de cada traço                             situação de disponibilidade:
e pela sinceridade dum aperto de mão.               e formar o sentido exacto de cada frase                        meu ridículo hoje suplanta
                                                    não leccionados. E se for preciso que se arrase                o vosso e nele se enleia e perturba
É também o tempo de receber-transmitir              o antigamente caiado e agora decrépito muro                    o suspiro longo das meninas
uma secreta raiva chamada esperança.                onde mão privilegiada escreveu                                 romântico-calculistas.
                                                    em nome da metrópole cerebral
Tempo que o pudor adulto faz caducar.               «decreto: quem sabe e dita sou.»
                                                    hoje temos o mar e o nosso próprio sal.



FIChA TÉCnICA
                                                        Propriedade do Movimento Literário Kuphaluxa
  Sede: Centro Cultural Brasil-Moçambique* AV. 25 de Setembro nº 1728, Maputo, Caixa Postal nº 1167 * Celulares: (+258) 82 27 17 645 e (+258) 84 57 78 117 *
                                                     Fax: (+258) 21 02 05 84 * E-mail: kuphaluxa@sapo.mz
Director Editorial: Eduardo Quive (eduardoquive@gmail.com)
Coordenador: Amosse Mucavele (amosse1987@yahoo.com.br)
Editor - Canto da Poesia: Rafael Inguane (inguane.rafael@hotmail.com)
Redacção: David Bamo, Nelson Lineu, Mauro Brito, Izidine Jaime, Japone Arijuane.
Colaboradores: Maputo: Osório Chembene Júnior * Xai-Xai: Deusa D´África * Tete: Ruth Boane * Nampula: Jessemusse Cacinda * Lichinga: Mukurruza*
Brasil:Balneário Camboriú - Pedro Du Bois * Santa Catarina: Samuel da Costa * Nilton Pavin * Marcelo Soriano * Portugal: Victor Eustaquio e Joana Ruas.
Design e páginação: Eduardo Quive
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Terça-feira, 04 de Outubro de 2011                               CRÓNICA / CONTO                                                            5
                                                                         FiLosoFonias                        rapsódicas
                                 Nkaringana
                                     wa                      MARCELO SORIANO - BRASIL
                                                            m.m.soriano@gmail.com

                                Nkaringana... Nota preliminar:este artigo,
                                              prosseguir com
                                                                Antes de

                                                            lembro ao leitor que me dirijo
                               EDuARDO QuIVE - MAPuTO       à CPLP (Comunidade dos
                                                            Países de Língua Portuguesa),
                               o meu avô contou-me          portanto, podemos encontrar
                               uma estória em volta da      gerúndios,      futuros     do
                                                            pretérito, expressões etnocêntricas, familiares a certos leitores,
lareira, em changana, chamado Xitiku ni mbaula, falou-
                                                            porém, inusitadas a outros. Oxalá, que esta peculiaridade não seja
me do misterioso ngungunhane, o último Imperador            pretexto para correções, mas para integrações e enriquecimentos
de gaza, homem de tamanho assustador, grandeza              léxicos e culturais entre nós. Marcelo Soriano. Santa Maria - RS
dos deuses, algo inexplicável entre os humanos. gordo,      - BR. 14/07/2011.
barrigudo, barbudo, cheio de banhas e manhas que o
faziam ngungunhar por todas terras do vasto império. [V e r - s Ó I s]
                                                       Introdução
Tinha tudo quanto queria.
                                                            Numa noite acordei para o dia. E outro dia. Outro dia. Sol a sol, fui tecendo
                                                            o manto da vida, enquanto esperava a morte, que não veio...
ngungunhane, imperador de gaza
ngungunhane era o terror em pessoa, ninguém o               1º [Ver-sÓ]
podia enfrentar e afrontar. movia relâmpagos e mochos
                                                            unI Ao Verso
quando se zangava. Era tudo poderoso e todo temido. os      unI
portugueses que o digam. ngungunhene era um ngoni           Ver
e não se entendia com os chopis, povo que a todo custo      sÓ
                                                            unIVersou
tentou dizimar. Queria porque queria ngungunhar em          unIVersAr
todas terras daqueles homens ximakwas. Ximakwas em          o Verso do
                                                            VerBo
changana são os baixinhos. os chopis são assim. ou pelo     sÓ A soL
menos eram, porque agora tudo se misturou. o meu avô        soLA

alongava e dramatizava o quanto podia. Secundado pela       sÓ

minha mãe. Tudo ka xitiku ni mbaula.                        (Continua na próxima edição...)
Em volta da fogueira. E foi prosseguindo. um dia os
portugueses invadiram o império. a sua dinastia estava      [ArMAdILhAs CLIMáTICAs]
ameaçada. Tinha mandado os homens mais fortes que lhe       Nestes dias frios que têm feito fora de época... Algo estaria errado ou era pra ser
                                                            assim mesmo?
serviam de guarda vital, para caçar uma e única andorinha            O tempo também gosta de acordar virado, igual àquelas madames com
que lhe lançou uma cagadinha enquanto esticava a sua        bobs na cabeça.
                                                                     - Onde estariam, hoje, setembro, as flores da primavera? - penso comigo
barriga em baixo dum mpama. mpama é uma árvore cujos        mesmo...
ramos fazem uma sombra de invejar. uma sombra que                    - Onde estaria o perfume que, dizem, estaria no ar?
                                                                     Faz frio. As janelas estão fechadas. E a cidade continua a me atordoar, do
relaxa e espanta todo o cansaço. a sombra dos deuses.       mesmo modo como fazia nos tempos de escola, quando amanhecia lindo aquele céu
Por isso que ngungunhane estava por de baixo. Era o         sem nuvens. Era uma armadilha. Na hora da saída: “bum!”, o céu caía. Trovejava.
                                                            Relampeava. E ficávamos lá, encharcados e encolhidos, sob guarda de alguma
deus do império de gaza.                                    marquise, lamentando o esquecimento dos guarda-chuvas que, se trouxéssemos,
                                                            teríamos fatalmente esquecido embaixo da carteira escolar porque não seria preciso
mas os tugas vieram com tudo, aproveitando-se da            usá-lo, afinal, não haveria de estar chovendo.
fragilidade que o império ganhou com os soldados mais
fortes a procura da tal andorinha que lhe tinha tirado o    [As horTeLãs]
senhorio.
                                                                                  “Cortázar disse que a duração média do choro é de três minutos.”
Entraram e caçaram-no como o cão tinhoso. Prenderam-                                                                             Bethânia Zanatta
no como se já não se tratasse do terror que dominava
                                                            De repente, no meio do deserto, do ventre, eclodiu uma lágrima. E onde seriam
qualquer ousadia. Levaram-no para Portugal e fizeram-       três minutos de choro à Cortázar, o choro virou riso... e rio... E, de repente, o
no comer bacalhau. ngungunhane não come peixe. É            deserto virou mangue; e ficou verde...
                                                            Hortelã. Substantivo que, de ativo, virou, virou... Virou cor...
nguni. nguni é irmão de peixe. aliás, nguni é peixe, por    Hortelã - o raminho ou a cor?
isso não se pode comer a si mesmo. mas os portugueses       Hortelã - o olor, ou a dádiva do olhar, de fora para dentro, do aposento particular?
                                                            Um gosto. Que gosto? Agosto. Setembro. Ou...
o obrigaram a comer o peixe. ngungunhane se comeu e...      Tempero impróprio.
o meu avô morreu. morreu sem acabar esse nkaringana.        O pecado saboreado de espiar a própria alma, desnuda, pela fresta das cortinas de
                                                            si
agora ando a procura de quem a possa concluir e não         _____________________________________________________
acho. a minha avó ainda está viva. mas desconhece essas      ZANATTA, Bethânia. In: O CHORO E AS HORTELÃS, 2007. Disponível em:
                                                            <// http://www.overmundo.com.br/banco/o-choro-e-as-hortelas-1>. Acesso
lendas. mesmo quando o marido vivia e nos contava, ela      em: 28 set. 2011.
desmentia
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    Terça-feira, 04 de Outubro de 2011                         https://literatas.blogs.sapo.mz                                                                          6


- discurso dirEcto

“Uma poesia solar: aquela que dialoga
com o Mistério da Semente”
    FONTE: REVISTA ZuNAI                          novas dimensões da sensibilidade e da                        do cotidiano na promessa do poema. É aí onde busca ou
                                                                                                               encontra a idade das palavras?
                                                  imaginação e criando novas realidades
                                                                                                               João MAIMonA: Em março tive o privilégio de me beneficiar
                                                  poéticas.                                                    de uma bolsa de estudos da Fao com a finalidade de aper-
“O traço fundamental de um inventário                                                                          feiçoar os meus conhecimentos em matéria de diagnóstico
                                                                                                               das doenças de espécies pecuárias, provocadas por vírus.
    possível reside no uso de uma             ZunáI: Ao olharmos para os títulos de seus livros, inclu-        Pude frequentar os melhores centros de investigação vet-
                                              indo o de teatro, temos a sensação de que você busca a           erinária em França, camarões e em Portugal. durante essa
    linguagem que resulta das formulações     mudança, de que algo precisa ser reiventado, transfor-           estada de formação, verificou-se uma escassez de contato
                                              mado, alinhado. Você dá nomes novos aos sentidos que             com a escrita. a relação com a poesia revelou-se dívida.
    fragmentadas da língua diária. (...)      perceberíamos da mesma forma; são os casos deTrajectória         após a formação, pus-me a reler o meu passado recente.
                                              obliterada, Traço de união, diálogo com a peripécia, as          Voltei a entrar em relação com a palavra poética. o desejo
    Pode assim dizer-se que poesia é o        abelhas do dia, Quando se ouvir o sino das sementes,             de projetar a palavra como rosto da poesia foi crescendo.
                                              Idade das palavras, no útero da noite, Festa de monarquia,       Idade das palavras nasce desse desejo. um longo poema
    espaço privilegiado para redimensionar    Lugar e origem da beleza, o sentido do regresso e a alma         que procura recusar a desesperança e estimular o otimismo.
                                              do barco. Fale-nos da textura desses títulos, que estru-         Identifiquei a idade das palavras numa das portagens da
    o diálogo com o mundo. É o único espaço                                                                    novíssima trajetória obliterada.

    onde é visível a dimensão interior
                                                                                                               ZunáI: É evidente a “fronteira” (Lotman) em si e na sua poesia,
    da palavra.” João Maimona, uma                                                                             pelo seguinte: situa-se no cruzamento, por um lado, entre
                                                                                                               a língua e cultura franco-belga e a língua e cultura portu-
    das vozes mais inventivas da poesia                                                                        guesa, e por outro, entre essas línguas e culturas europeias
                                                                                                               e as líguas e a cultura bantu. até que ponto acha que estes
    contemporânea em Angola e uma das                                                                          cruzamentos consolidam “as estruturas antropológicas do
                                                                                                               imaganário”(gilbert durand) como fronteiras, por uma lado,
    referências mais fortes para os autores                                                                    que o identificam pela herança colonial e, por outro, que o
                                                                                                               identificam pela herança do reino do Kongo, repartidos na
    que estrearam a partir da década de                                                                        experiência de viveres no atual congo democrático e em
                                                                                                               angola, seu país natal? Será que é aí onde está o sentido
    1990, conversa com Abreu Paxe sobre                                                                        do regresso e a alma do barco? a ser isto, como acha que
                                                                                                               regressou?
    o seu processo criativo, sua mitologia    turam, sem obliteração, a sua obra artística.
                                                                                                               João MAIMonA:
    pessoal, suas leituras e o ambiente       João MAIMonA: Entrei no mundo da literatura com
                                              um sinal de esperança no rosto propondo o título Tra-            Nascer em Angola. Integrar o contingente de refu-
    literário no país africano, que hoje      JEcTórIa oBLITErada. com esta coletânea de textos
                                              acabava de iniciar uma digressão que considero, hoje,            giados angolanos no Congo – Léopoldville. Receber
    desenvolve uma das literaturas mais       suficientemente maravilhosa com sentido de rigor e per-
                                              spectiva crítica; pude reunir uma dezena de títulos que          a formação na língua de Molière. Regressar à terra
    expressivas da língua portuguesa.         apresentam um conjunto paisagístico com pormenores
                                              de mensagens… da realidade de construção/destruição              natal e formar-se em Medicina Veterinária. O
    João Maimona é médico veterinário,        ao tecido de alegria /pessimismo, passando por instantes
                                              vazios/plenos e até de inesperadas congruências. ao              contato com a língua de Camões: um percurso de
    professor, poeta, militante político e    longo dessa viagem, procurei orientar os meus passos
                                              para a aquisição de instrumentos linguísticos em con-            elevado significado histórico. Enquanto trajetória,
    parlamentar. Sua formação literária       stante transformação. a magnitude da minha gramática
                                              da criação encontra seu suporte na intimidade que pro-           a obliteração que a caracteriza chega a definir a
   e cultural, como observa Paxe, mescla      curo manter com a imagem que vem do cotidiano, através
                                              de um olhar lúcido e sem ambiguidade. uma boa parte              coerência histórica do processo de regresso. Aqui,
   influências europeias, e em especial       dos textos que conformam estes títulos parece celebrar o
                                              capital que inventei. Para sustentar o que acabo de afirmar,     o regresso é sinônimo de percorrer caminhos
   portuguesas, francesas e belgas,           tomo a liberdade transcrever na íntegra a nota do autor
                                              livro Lugar E orIgEm da BELEza:                                  humanizantes. O prazer de viver um período de
   com a herança bantu. É um poeta “da
                                              FIdeLIdAde grAMATICAL oblige, procurei revisitar a minha         mudança de paradigma em termos de compro-
   fronteira”, que consolida, conforme a      obra poética. na pequena história da arte moderna, o
                                              que ofereci à sociedade, descobri uma odisseia textual.          misso. É o início de uma caminhada construtiva
   definição precisa de Gilbert Durand,       redescobri as vias e as árvores – paisagem que sugerem
                                              uma esperança crescente. redescobri também a presença            ao serviço da nação angolana. Se o regresso é um
   “as estruturas antropológicas do           do véu.
                                                                                                               enorme invólucro de desafios, acredito, graças a
   imaginário”. Em livros como Idade das      A greVe e o repouso dos navios. E veio o sentido da
                                              musicalidade. a multiplicidade de exemplos de adjeti-            uma pedagogia do sucesso, ter conseguido superar
   palavras (1997), Festa de monarquia        vação, patentes na minha obra, reafirmava o meu desejo
                                              de concretização de um projeto com função gramati-               inúmeros obstáculos ao longo do meu percurso. O
   (2001) e Lugar e origem da beleza          cal: homenagear, em percursos da expressão sugestiva
                                              da metáfora, da metonímia e do símbolo, um magnífico             regresso facultou-me a predisposição em cultivar
   (2003), o poeta cria um fascinante         tempo verbal: o pretérito imperfeito do indicativo. E decidi
                                              oferecer à sociedade, por escrito e em universos poéticos,       o desejo de dissipar dúvidas de crescer e vencer, de
   idioma particular, em que as imagens,      este Lugar E orIgEm da BELEza.
                                                                                                               dilatar convicções e consolidar ambições. Onde há
   metáforas e sua dicção única alteram
                                              ZunAI: o infinito, o invisível, o imperceptível, o incessante,   sentido de regresso, há sempre grandeza de alma e
   o sentido habitual das palavras e sua      o inarticulado, o inconsciente, tudo isso organiza os sen-
                                              tidos de percepções e pode ajudar a revelar o corpo e a          um barco porei espantosas explorações.
   relação com o mundo, explorando            textura de seus poemas como que a exaltar a infância
Exero 01, 5555   BLA BLA BLA   7
 Terça-feira, 04 de Outubro de 2011                                                https://literatas.blogs.sapo.mz                                                                       7
                                                                postura ou reconhecer a nossa postura pública como
                                                                neto, filho, marido, pai e avô.                                 de combate no universo de animação cultural.
                                                                nA dÉCAdA de 90 do século anterior, escrevi uma crônica
ZunáI: A sua poesia é “ergódica” (aarseth), embora seja feita   com o título Talvez sejamos todos católicos. uma belís-         Acredito plenamente na inversão de percurso. Em
em suporte escrito. a mecânica do mesmo convida o leitor        sima metáfora que me coloca numa estrada onde tenho
a participar da sua construção. notamos que ela estrutura       a faculdade de observar o homem construindo e destru-           breve, teremos espaço para a divulgação da literatura
fortes imagens que, por um lado, ligam-se ao texto da           indo o ambiente.
tradição oral e, por outro, a outros textos artísticos. ouve-   uMA MeTáForA que nos diz que cada um de nós pode                de ideias.
se aí o sino das sementes. o que guarda como inventário         desenvolver-se por dentro e por fora. num encontro com
da origem na reorientação da estética da poesia, e não só,      a liberdade, o encontro com a tomada de consciência,
angolana?                                                       o encontro com a sinceridade, a honestidade e a soli-           ZunáI: será que a poesia em angola e a literatura, de uma
                                                                dariedade.                                                      maneira geral, tem espaços para a sua divulgação? o que
João MAIMonA: olhar para a poesia como reitor de comu-          CoMo FILho, gosto do instante em que sinto a necessi-           pode falar da relação, por um lado, poesia e ensino e, por
nicação. a poesia que nos vem, por exemplo, da FESTa dE         dade de reler a minha infância porque está sempre pre-          outro, poesia e media, esta última agravada com a atitude da
monarQuIa. uma osmose entre uma enorme rede de                  sente na minha memória. a coisa mais importante é               atual direção do Jornal de angola de suprimir o suplemento
verbos e os espaços musicais que lhe estão associados.          acreditar em deus a partir do dia do batismo e receber          Vida cultural?
aqui, o objeto privilegiado de inspiração do poeta é a          a bênção perante deus é encantador. no dia do meu
noite de cesura. aquela noite que nos obriga a olhar o          batismo, fui abençoado pelo cardeal Joseph malula, um           João MAIMonA: a poesia em angola faz parte das mais belas
nosso habitat com alguma suspeita. o traço fundamental          dos mais brilhantes intelectuais de áfrica.                     manifestações do registo histórico do olhar. reconhece-se um
de um inventário possível reside no uso de uma lingua-                                                                          sentido de divulgação da poesia. reconhece-se um sentido
gem que resulta das formulações fragmentadas da língua                                                                          de crescimento em termos de produção. reconhece-se um
diária. São visíveis enunciados que nos remetem para um         ZunáI: A literatura é o lado que mais se evidencia em           sentido de vontade de desenhar uma nova geometria, uma
ambiente de ansiedade. É como se tivéssemos recebido            prejuízo das outras atividades que exerceu? onde andam          nova história: a ruptura com traços convencionais. o instante
a informação segundo a qual o rio da nossa aldeia natal         o professor, o médico veterinário e o político, em diálogo      é de inovação. Lamentável é o fato de a intellegentia ango-
seria navegável dentro de oito anos. É a poesia doreal          com a peripécia?                                                lana não dispor de espaços para a divulgação da literatura de
cotidiano moderno. uma poesia solar: aquela que dialoga                                                                         ideias. desapareceu o suplemento cultural doJornal de angola
com o mistério da semente que nos proporciona alegria,          João MAIMonA: uma pergunta simpática, embora oculte             que aparecia como um autêntico vetor de comunicação. um
felicidade e sobretudo, fortaleza interior.                     alguma face de injustiça. Entre literatura e trabalho de        elemento unificador no universo das diferentes formas do
                                                                pensamento; entre exercício de atividade profissional,          comportamento social.
ZunáI: CoMo falar de poesia ou o que é poesia? Qual das         docente e a ação política, sempre procurei ultrapas-
formas prefere, para tratar de um assunto tão sério como é      sar fronteiras para revelar traços peculiares. a atividade
a poesia, vista numa cultura em que com um traço de união       docente, por exemplo, não se exerce apenas entre as             ZunáI: senTe-se realizado como poeta, ou será que depois
ela se vai libertando gradativamente do papel?                  paredes de um estabelecimento de ensino. Ir ao encon-           desse edificio poético que ostenta só atingiu o zero (a. neto),
                                                                tro do gado bovino com a energia do veterinário, reunir         para começar a celebrar o lugar e a origem da beleza?
João MAIMonA: Poesia: um quadro de fascínio. o fascínio         jovens que se dedicam à pecuária, transmitir conheci-
da aventura no bom sentido. o ensejo de elucidar o dever        mentos e prodigar conselhos… um instante autêntico              João MAIMonA: uma pergunta simpática que me leva a falar
de memória. caminhos para uma tentativa de resposta.            de atividade docente e fi-lo nos últimos anos da minha          do meu percurso. É uma história que se inicia com as leituras
Pode assim dizer-se que poesia é o espaço privilegiado          longa estadia de intenso trabalho no parlamento, nos            de Paul claudel, Saint Jonh – Perse, rené char, Eugénio de
para redimensionar o diálogo com o mundo. É o único             dias sabáticos. no terreno da confêrencia!? Também              andrade, carlos drummond de andrade, Tchicaya u Tam Si e
espaço onde é visível a dimensão interior da palavra. É o       estive presente proferindo confêrencias em diversos             antónio Jacinto. Leituras que fizeram com que eu adquirisse
único espaço onde é palpável a hierarquia de estruturas         círculos, dentro e fora do país. outro exemplo de impor-        um choque poético. É na decada de 70 que começo a dialogar
verbais. Infelizmente, hoje em dia, pouca gente lê poesia.      tante significado histórico: em 2005, participei no encon-      com a palavra poética. assim fui andando, conciliando os
as editoras viraram as costas à poesia. as editoras africanas   tro de quadros na província do huambo, de regresso              estudos de medicina veterinária, a atividade profissional e o
conseguem fazer a diferença. os títulos felizes são divulga-    a Luanda, a bordo de uma magnifica aeronave e com               trabalho de pensamento. Eu diria que me sinto feliz. Por ser
dos com uma tiragem elevada: mais de mil exemplares; o          ilustres interlocutores, tomei a liberdade de abordar           uma referência obrigatória da literatura angolana. Por ser
que é raríssimo na ocidente. Eu continuarei a afirmar que       um tema que vai adquirindo uma dimensão particular              um expoente da poesia elegíaca. Por ter sido considerado o
o futuro da poesia universal está em áfrica. o continente       na vida dos povos e num contexto de modernidade:                melhor poeta surgido no pós–independência. Por ser uma
negro aparece com propostas poéticas fascinantes.               Expressividade local, diversidade e conquista cultural – o      voz nova, uma nova postura, uma nova visão que entraram
                                                                caso de angola.                                                 direito na poesia angolana. Fui falando e retomando palavras
ZunáI: sendo artísta, professor, médico e político, como                                                                        de outras vozes sobre a minha obra poética. agora diria que
é que você se reparte no ato criativo, ou tudo isso estru-      LAMenTo Ter tido o monopólio da palavra ao longo                me sinto feliz por ser criador de palavras e imagens que apa-
tura a sua linguagem artística, devolvendo-o o objecto, a       da conversa. Tive o privilégio de superiorizar conceitos        ixonam. graças à poesia, sinto-me colocado numa estrada
memória e a imagem para a sua construção artística e o          como mapa cultural, investimento emocional, manifesta-          que me permite olhar para o mundo e para os homens que
fazer a festa de monarquia?                                     çãoévénementielle, proximidade distante, vernaculidade,         o constroem.
                                                                hábitos alimentares, vocação de integração. no final da
João MAIMonA: Faço parte de uma geração de autores              conversa, um dos meus interlocutores reconheceu ter             ZunáI: CoMo se pode exercer poder em literatura? Simples-
com obras que permitem o estabelecimento de uma hier-           realizado, simultaneamente, naquela tarde, duas viagens:        mente pela qualidade estética das propostas artísticas vistas
arquia estética onde se pode isolar bons e mais destacados      a primeira de avião para Luanda, e a segunda, pela voz          de forma isolada, ou na relação destas com as instáncias de
escritores. É uma geração que surge com propostas que           de maimona, para o domínio das ciências sociais.                validação? Este poder existe entre nós e, se existe, como é
apresentam um projeto de literatura. Iria então falar da                                                                        que se exerce?
minha obra poética. a chave do meu sucesso, sucesso
de público e de crítica literária, reside, por um lado, na      ZunáI: CoMo leitor, acredita que a poesia em angola             João MAIMonA: a felicidade de dialogar com uma pergunta
existência, bem palpável em meus textos, de um projeto          ainda acontece ou ela está parada no útero da noite e no        suntuosa. Tratar-se de uma substância multifacética. Vou me
de literatura cujo fundamento primordial é o estabeleci-        propalado empobrecimento criativo evidente em parte             instalar numa estrada peculiar como forma de melhor posi-
mento da ponte entre o clima espiritual do meu habitat e        nalguns poetas, ou pensa ainda que a quebra das tertúlias       cionamento para poder proporcionar a minha interpretação.
a língua que nele se vai desenvolvendo. a chave do meu          e a ausência de revistas literárias terá contribuido para tal   Já tive instantes em que me fechava imediatamente numa
sucesso reside, por outro lado, na perseverança (que cul-       situação? Que opinião tem sobre a poesia hoje?                  pesquisa que consistia em identificar o lugar do poder em
tivei durante a infância e mocidade), na intensidade do                                                                         literatura. Encontrei na minha poesia um ribeiro de encanto.
trabalho, volume de estudos, nível de pesquisa e tamanho        João MAIMonA:                                                   Identifiquei uma poesia que reclama prospecção. E comecei a
de contatos. Vejamos: levei uma década inteira (75-84)                                                                          dedicar à palavra uma dimensão que pudesse ironizar sobre a
escrevendo a poesia que iria surgir na segunda metade da         Em Angola, existe uma paisagem poética que                     gramática da criação. o poder em literatura é o encontro com
década de 80. o fundamental nessa caminhada é entregar-                                                                         a liberdade. na minha relação com a poesia, eu procuro ir à
se ao trabalho de reinvenção do ambiente para caminhar          atrai simpatias de leitores de diversos horizontes.             frente da palavra. associar as coisas mais heterogéneas pos-
de maneira prudente para a descoberta de novos horizon-                                                                         síveis. E enfim acreditar nessa junção de coisas heterogêneas.
tes. adotar um discurso seguro com os instrumentos que          Conheço poetas que cultivam a vontade de                        E surge uma linguagem peculiar. Própria, que se incorpora
lhe são próprios. Sinto-me feliz por produzir uma poesia                                                                        num quadro de temas diversificados. a acentuação do registo
declarada, com enorme sentido de contenção na forma de          compromisso com a estética. São poetas porta-                   dos mais diversos dramas, episódios e pormenores de con-
expressão. São palavras recolhidas nas reminiscências de                                                                        vivência no seio duma comunidade humana. mas também a
uma adolescência pacífica e comunicante. E surge o prazer       dores de textos que estão à altura dos novos                    auto-representação dos sentimentos, emoções e ideias. minha
sazonal de reler a poesia que produzi na estação anterior.                                                                      paixão é afirmar a essência ou o sentido da tristeza na minha
a poesia plena. onde alguns pormenores linguísticos se          tempos. Têm a preocupação de reinventar a                       poesia, porque me sinto intrinsecamente inclinado para a
vinculam essencialmente ao feeling de dizer o passado.                                                                          poesia que pode refletir perguntas sobre a existência do ser
o poeta assume-se como protagonista de conquistas que           palavra. A insuficiência de culto na produção                   humano, forma fundamental e mais elevada da consciência
associam identidade e continuidade.                                                                                             social, como sustentam os filósofos e nós, os poetas.
                                                                literária traduz apenas uma parte da realidade
ZunáI: neTo, filho, marido, pai, avô, ajuda-nos a construir                                                                     João MAIMonA nasceu em 1955, em Quibocolo, município de
esta árvore geneológica como as abelhas do dia, ligando-        de animação cultural no país. Todos aqueles que                 maquela do zombo, na província de uíge. Em 1961, refugiou-
se a ela.                                                                                                                       se na república do zaire. Estudou humanidades científicas
                                                                assumem a relação com a literatura devem optar                  em Kinshasa e em 1975 ingressou na Faculdade de ciên-
João MAIMonA: acabo de reler Trajectória obliterada. uma                                                                        cias, regressando a seu país em 1976. dois anos depois, fixou
re-leitura que me proporcionou o instante de redefinir          por uma inversão de percurso. Isto é sair de um                 residência em huambo, onde se licenciou em medicina Veter-
a minha situação como neto, filho, marido, pai e avô.                                                                           inária. É membro-fundador da Brigada Jovem de Literatura do
Instante feliz por sublimar um valioso caudal de lembran-       percurso de apatia, um percurso de inércia para                 huambo e membro da união dos Escritores angolanos
ças, instante feliz por confirmar ou reconhecer a nossa
                                                                um percurso de participação ativa, um percurso
8    BLA BLA BLA   Exero 01, 5555
Terça-feira, 04 de Outubro de 2011                           https://literatas.blogs.sapo.mz                                  8
no rEcanto dE apoLo...
    BENZuLA                                                                              Resultado
    ZEFERINO MASSINGuE - LIChINGA                 Pretendemos Saber                      PEDRO Du BOIS - BRASIL
    Vão de silicatos ao mais infinito             huMBERTO JOãO - LIChINGA                certos jogos gritam resultados
    recolhem como formigas
    adormecidos vão de olfactos roer                                                      trancados em gargantas
    o bolo neste subsolo sem grito                o não saber,
    de voo e estampilha                                                                   afogadas em líquidos
    Vão com graus atempadamente                   o que queremos é tão mau,
    ontem e hoje, não é que o dia
    amanheceu para se acordar                     o não querer,
    hoje e amanha ainda obscuro                                                           reaparecem em esbirros
    uma noite serena de luz                       o que temos pela vida
    E apagam o luar deste minguante                                                                         espirros
    E acrescentam a obscuridade...                Poderá recompensar tristeza.
                                                                                                          no acordo
    Benzula                                       Se tivesses ou não gostar
                                                                                                  desacordado em regras:
    Queremos ver                                  não é por além,
    cem palmas aplaudindo
    E as suas vazias soando o eco                 Quem saberia de hoje
    E as nossas pesadas só carregam                                                               ao vencedor
    divisas desse povo da áfrica                  mau pensamento, teu.
    Encarcerado nesse calabouço de aço                                                            cabe o barulho
    Visão e vista avermelhada                     Você não tem
    noites de sono palerma                                                                        infernal do nada
    de germe e cantos                             Você não sabe,
    roem e os outros cantam                                                                quantificado no instante.
    um eu sem planta                              És o elo mais fraco
    E dizem: Benzula
                                                  mas porquê?
                                                                                          depois a vida segue o trajeto
                                                  algo que pretendemos saber...
    ERNESTO CARLOS                                                                        previamente decorado: ao vencedor
    meu coração apaixonado, por alguém
    Que não me quer ver feliz,                                                            resta a tênue lembrança
    meu afecto,
    diz-me agora onde vou guardar                                                         do que esquece.
    Este afecto,
    Tomara que essa mágoa
    acabe já entre nós,
    Estou morrendo de ilusão
    não sou um não
    apenas é a minha paixão,
    Sem satisfação.
    Foi uma perturbação,
    no meu coração amargurado,
    Eu tento esquecer, mas não sou capaz,
    mas não vou me enlouquecer,
    Esta é a minha paixão.




Nas Baixas do Niassa
MukuRRuZA - LIChINGA
 nas Baixas do niassa...
 há sempre uma beleza
 dos pinheiros e montanhas,
 Flores e matagais
 aves e flores
 E a própria beleza de existir.

nas baixas do niassa...
os rios se abraçam
as riquezas se escondem
os olhares se encontram
refletidas no mais puro espelho
de onde o amor brota e se espalha

nas Baixas do niassa...
há feitiço, som das marimbas,
Percolado na saborosa, polpa dos pêssegos,
Que já estrumou corações,
outrora áridos de amor.

nas Baixas do niassa...
há sempre um tempo livre,
há katxolima a rasgar garagantas de nossos pais
E nossas mães de capulana cantam
Professias escondidas
no apocalipse das Xiwodas
Que preveram o poder dos matakas
Lá nas baixas do niassa...
onde o povo se encontra...
Exero 01, 5555   BLA BLA BLA      9
Terça-feira, 04 de Outubro de 2011                                       https://literatas.blogs.sapo.mz                                                    9

canto da poEsia - FacEbook
  O amor pregado
MANuSSE JOSÉ
                                                           AuGuSTO ALMEIDA
                                                                                                               Inkomu Mamane -
                                                            Quando nos teus olhos eu vi um arco-íris incolor   Obrigado mãe
 culpado sou por amar-te demais,                            atravessei o horizonte e fui a outros litorais
 culpado eu seria se ne nem sequer te amasse,               Fiz a mesma caminhada de moisés sem
 Sou pregado por amores falhados,                           merecer passagens biblicais
 mas amo-te nesse puro sofrer.                              Porque para mim essas façanhas são                  DAVID GABRIEL NhASSENGO
                                                            gerais até demais.
 Se eu não ousasse amar-te,                                 religião é primeira comunhão dos infiéis            Por tudo que fizeste-me
 culpado eu seria, porque a mãe natura me manda.            E é por isso que eu não fico satisfeito ao ver      E pelo que, para o meu bem,
 mas porquê sou culpado em todos os sentidos?               esses dedos trocarem-se de anéis                    omitiste-me.
 Será que ela não percebe que assim é...?                   Porque se agente viaja procurando uma               ndzi le inkomu mamane.
                                                            nova perspectiva
 declaro guerra dos contrários,                             Para a nossa mais recente despedida                 mãe, as palavras escasseiam,
 Sou protagonista disso,                                    não devíamos ter que nos hipocritisar com           a demonstração idem,
 Saio toltamente lesado.                                    juras de amor eterno                                mas o sentimento, esse,
                                                            Sabendo que o próprio amor é subalterno             mantém-se incomensurável.
 Que fazer? desobedecer a mãe natura?                       da vida
 Temo fazê-lo.                                              E essa própria vida é a alma gémea da morte.        É um sentimento de gratidão
 Tento confessar-me, apega-se a língua dentro do peito,                                                         Pelos momentos extremamente bons
 E perco palavra.                                           olha para mim agora, a esta hora a pensar           Que a mim ofereceste
 cubro-me de lágrimas;                                      coisas que me deixam a nora                         E continuas, na tua afectuosidade,
 mas nada fiz senão comprar infinitos escárnios.            Estou preso na orla da minha própria vida           me brindando.
                                                            a esgrimir argumentos com o meu
 ó deus meu, quem sou eu?                                   subconsciente                                       ao teu lado podes até nem imaginar
 Porque tão sofrego me fizestes?                            É temporário... É tudo temporário no                E mais do que um filho,
 Será que sou tal cristo na causa de amar?                  calendário da nossa vida...                         me sinto um homem realizado.
                                                                                                                um herói, um vencedor.
 deus fica no além,                                                                                             me sinto,
 nem sequer ousa ouvir-me.                                                                                      como nunca terás cogitado,
 Sofro sem cessar,
 demo na cruz ensaguentada das minhas lamentações,             Distorção                                        uma criatura gerada pela perfeição.

 mas quem provará esse essa cruz?                                                                               digo inkomu mamane
 Quem partilhará do meu sofrimento?                                                                             Pela infância que tive
                                                           IMRAN CuNhA                                          E que hoje, recordando-a,
                                                                                                                Faz-me no rosto escorrer uma lágrima.
EDNA PhuLChAND                                                                                                  uma infância espelho
                                                                                                                da educação que anuíste-me: gloriosa.
 no teu peito, há áfrica                                           Me sinto embrulhado
                                                                                                                Inkomu. digo muito obrigado
 tambor em chamas                                                 Ao desdenho do meu Ego                        repetidas vezes e não me canso.
                                                                                                                Inkomu mamane pelas sábias palavras
 Tam Tam ardente                                                 Na metamorfose do tempo                        Que soubeste transmitir-me
                                                                                                                Em momentos quando mais precisava
 e que paralelo ao sol                                        Que não passa aos olhos d’um cego                 ouvi-las.

 grita as mãos                                                                                                  Inkomu digo-te mãe,
                                                                                                                outrossim, pelo teu silêncio
 ... celebrando a vida                                      No ausente enigma da tua ausência                   Quando preciso mesmo dele
                                                                                                                Pensando tu, que se trata de um castigo.
 os pés borbulhando pulsação                              das meláncolicas imaginações que navego               E assim Enganas-te,
                                                                                                                Pois teu silêncio fala, oh mãe.
 de um rio zambeze                                               Perdidas asssim, ao vento                      diz-me coisas que só
                                                                                                                Quem melhor te conhece, percebe.
                                                                                                                confesso mãe: o teu silêncio conforta-me.

 no teu peito, há áfrica                                        Num pensamento sem sossego                      mãe trabalhadora ou mãe guerreira?
                                                                                                                mãe amável ou atenciosa?
 um embondeiro gigante                                       O céu, as estrelas e a lua sendo meu               ufh, não acho melhor caracterização
                                                                                                                Para o tipo de personalidade que és.
 donde ramificam-se                                                         assento                             mas disto tenho máxima certeza:
                                                                                                                Tu és uma embondeira por excelência
 versos livres e loucos                                       No jardim da felicidade que rego.                 daquelas que no verão
                                                                                                                nos mimoseiam com sombras.
 asas e sonhos                                               O paradoxo filantrópico de saudades                diga-se, Sombras de glória.

 sobrevoam nas estórias                                                                                         Inkomu mamane.
                                                                                                                Pelo teu amor
 dos povos a emergir                                        De noites prazerosas que me deixaste                manifesto no calor
                                                                                                                do teu corpo
                                                                    Muito perto estive,                         Quando a ti me aproximo.

 há áfrica dentro de ti                                         longe de minhas faculdades                      Inkomu mamane, digo.

 e sei que posso adormecer-me-te                           Suponho que talvez ,jamais imaginaste.               E saiba: o meu amor por ti
                                                                                                                Por mais incomensurável seja
 bem no teu profundo                                                                                            Tanto que não cabe aqui,
                                                                                                                Está perpetuado em cada linha
                                                                                                                deste poema.
                                                                                                                Te amo dona Elisa.
 e que tão quente como a minha áfrica                                                                           E digo, Inkomu, até ao fim
                                                                                                                das nossas vidas…
 no teu peito,

 em ti, estou em casa!


                                                          Textos do grupo - canto da Poesia do FacebooK. recolha de raffa Inguane.
                  Lua e alma
10   BLA BLA BLA   Exero 01, 5555
 Terça-feira, 04 de Outubro de 2011                                https://literatas.blogs.sapo.mz                                                          10

                   Noites d ´Álma                            Em outras paLavras
          https://noitesdalma.blogspot.com
                                                             VII Prêmio Literário Valdeck
                                                             Almeida de Jesus – CRÔNICAS
                                                            edIção eM hoMenAgeM A esCrITores BAIAnos


Monólogos da mãe da Nikotile
                                                              1 - o Prêmio Literário Valdeck almeida de Jesus visa estimular novas produções literárias e é dirigido
                                                            a candidatos de qualquer nacionalidade, residentes no Brasil ou no exterior, desde que seus trabalhos
                                                            sejam escritos em língua portuguesa.

                                                              2 – as inscrições acontecem de 01 de janeiro a até 30 de novembro, através do e-mail valdeck2007@
 XIGuIANA DA LuZ                                            gmail.com (crÔnIcaS de até 20 linhas, minibiografia de até cinco, endereço completo, com cEP e fone
                                                            de contato, com ddd). os textos devem vir dEnTro do corpo do e-mail. Inscrições incompletas serão
                                                            desclassificadas. Vale a data de postagem no e-mail. não serão aceitas inscrições pelos correios.

Kitile nwananga – minha filha,                    3 - a crônica deve ser inédita, versando sobre qualquer tema (exceto apologia ao uso de drogas,
                                               conteúdo racista, preconceituoso, propaganda política ou intolerância religiosa ou de culto). Terão
Sei que já és dos homens                       preferências os textos sobre escritores baianos da contemporaneidade. Entende-se como escritores
                                               contemporâneos aqueles cuja obra ainda não foi lançada por grandes editoras e que não são con-
Coração de incertezas                          hecidos do grande público. cada autor responderá perante a lei por plágio, cópia indevida ou outro
                                               crime relacionado ao direito autoral. a inscrição implica concordância com o regulamento e cessão
Infelicidades que despreza                     dos direitos autorais apenas para a primeira edição do livro.

O sossego nas trevas,                             4 - uma equipe de escritores faz a seleção de apenas um texto por autor. a premiação é a publica-
                                               ção do texto selecionado em livro, em até seis meses do encerramento das inscrições. os escritores
Kotile, Nikotile                               selecionados devem criar um blog gratuito, após a divulgação do resultado do concurso, para dar
                                               visibilidade ao trabalho de todos os participantes. os casos omissos serão decididos soberanamente
Vida sem regras a ku nadzika!! - Anima         pela equipe promotora.

Mas não segurarás a coragem dos homens            5 - o autor que desejar adquirir exemplares do livro deverá fazê-lo diretamente com a editora ou
                                               com o organizador do prêmio. os primeiros dez classificados receberão um exemplar gratuitamente.
Respire o ar que não tens                      os demais podem receber, a critério da organização do evento e da disponibilidade de recursos
                                               financeiros.
Não entregues a ninguém os teus bens
                                               ModeLo de FIChA de InsCrIção:
Xipera Nikotile u kula nwanaga, xipera crescer
                                                  Paulo Pereira dos Santos
phelasse                                          rua Santo andré, 40 – Edf. Pedra – apt. 201
                                                  35985-999 – Portão
Esconda os seus seios                             Belo horizonte-mg
                                                  (31) 3366-9988, 8877-8999
Não penteie os seus cabelos
                                               ModeLo de MInIBIogrAFIA:
Não te entregues a ninguém nwananga
                                                  Paulo Pereira dos Santos é natural de Santana-PB. Escritor, poeta e jornalista, tem dois livros
Nem aos Nkomanes                               publicados: “antes de tudo” e “até amanhã”. Paticipa de cinco antologias de poesias. graduado em
                                               comunicação social. menção honrosa em diversos concursos de poesia, tem dois livros no prelo e
Nem aos homens do xilungwine aí no pretende lançá-los em 2012.
Maputo
                                               proJeTo puBLICAdo no sITe do pnLL do MInIsTÉrIo dA CuLTurA
Nem as promessas nem à ninguém
                                               MAIs InForMAçÕes:
Espere o casamento
                                                  Valdeck almeida de Jesus
Sem ansiedade                                     Tel: (71) 8805-4708
                                                  E-mail: valdeck2007@gmail.com
Mesmo repetindo, nwananga                         Site do organizador: www.galinhapulando.com

Não ames a nenhum homem destas terras.           NOTA: NESTE CONCuRSO PODEM TAMBÉM PARTICIPAR PESSOAS DE OuTROS
                                                             PAíSES DE LíNGuA PORTuGuESA, INCLuINDO MOÇAMBIQuE, SENDO QuE NA
        Seu eu   Tua mãe - Destina Nlhomulo                  IMPOSSíBILIDADE DESTES EM FALAR DE ESCRITORES BAIANOS, PODEM FALAR
                                                             DOS CONTEMPORâNIOS DOS SEuS PAíSES.
Exero 01, 5555   BLA BLA BLA   11
Terça-feira, 04 de Outubro de 2011                                         https://literatas.blogs.sapo.mz                                       11

agEndado




                                                                                     Convocatória
  Projecto Poesia nas Acácias                                                      IIª Assembleia Geral Ordinária
               CONVITE                                                      Terá lugar no próximo dia 15 de Outubro (sábado), pelas 10:00
                                                                            horas, a IIª Assembleia-geral Ordinária do Movimento Literário
  no âmbito das celebrações do dia da cidade de maputo e de mais            kuphaluxa, a realizar-se na nossa sede, Centro Cultural Brasil –
um aniversário do movimento Literário Kuphaluxa, será realizado
entre os dias 10 e 12 de novembro do ano em curso, uma exposição            Moçambique (CCBM) em Maputo.
de poesia denominada “Poesia nas acácias” a ter lugar na cidade de
maputo.

oBJeCTIVo
                                                                                                      Agenda
  constitui principal objectivo desta iniciativa, divulgar novos autores
moçambicanos, promover o gosto pela leitura e levar a poesia a
lugares comuns onde o povo possa ter acesso a ela sem custos.               1. Situação geral do movimento;
requIsITos                                                                  2. Regulamento interno do movimento;
  cada participante pode enviar no máximo três poemas (só um
será seleccionado para exposição) da sua autoria que obedeçam os
seguintes requisitos:
                                                                            3. Código de conduta interno;
  •	
  •	
        Poemas	ocupando	no	máximo	de	uma	página	do	word
        Poemas	escritos	na	língua	portuguesa
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pArTICIpAção
                                                                            5. Elaboração do plano de actividades e aprovação de
  Todos os participantes o farão voluntariamente, sem direito a nen-
huma remuneração. neste projecto, só poderão participar apenas
                                                                            projectos para 2012;
poetas iniciantes, sem nenhum livro publicado e não há restrição de
idade nem nível académico.
                                                                            7. Eleições gerais;
  Para a participação neste projecto são convidados todos escritores
iniciantes de todas cidades do País.
                                                                            8. Diversos.

dIreITos AuTorAIs                                                           A presença pontual de todos é crucial.
  a partir da altura em que os poemas são expostos, passam a ser de
domínio público, sendo que, o entanto, o poema será exposto com
a assinatura do autor.
                                                                                          “Dizer, fazer e sentir a literatura”
endereço do enVIo dos TexTos
  os poemas devem ser escritos no formato Word-2003, letra do                              http://kuphaluxa.blogspot.com
tipo – Times new roman, tamanho 12 e enviados electronicamente
para o endereço: kuphaluxa@sapo.mz

VALIdAde
                                                                                           Maputo, 28 de Setembro de 2011
  os poemas devem ser enviados a partir da data da divulgação deste
convite até ao dia 23 de outubro de 2011. os textos enviados depois
dessa data não merecerão a nossa atenção.
  os seleccionados, serão anunciados no blogue do movimento



                                                                                                Palestra
Literário Kuphaluxa no endereço: http://kuphaluxa.blogspot.com e
da revista Literatas: http://literatas.blogs.sapo.mz e ainda na versão
electrónica da mesma até ao dia 01 de novembro de 2011.

CAsos oMIssos
  não serão aceites poemas que contenham seguintes conteúdos e
ambiguidades:                                                              Dia 06 de Outubro de 2011, quinta-feira
  •	    Ofensivas	político-partidárias
  •	    Insultos	ou	outras	expressões	capazes	de	ferir	as	boas	manei-      as 16:00 horas
ras de convívio social
  •	    Descriminações	 raciais,	 religiosas,	 étnica,	 género	 entre	
outras                                                                     Tema: Manifestações Culturais como Agentes da Actividade
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                A Comissão Organizadora
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  • 1. Literatas Não conhecemos o preço da palavra. Envie esta revista a um amigo Literatas agora é no SAPO Sai às Terças-feiras literatas.blogs.sapo.mz Encontre-nos no facebook Literatas Revista de Literatura Moçambicana e Lusófona Director editorial: Eduardo Quive * Maputo * 04 de Outubro de 2011 * Ano 01 * Nº 12 * E-Mail: kuphaluxa@sapo.mz Antes de ficar com Manuel Pina Camões quiz saber de Craveirinha Orlando Mendes Um poeta de alto nível Pág. 4
  • 2. 2 BLA BLA BLA Exero 01, 5555 Terça-feira, 04 de Outubro de 2011 https://literatas.blogs.sapo.mz 2 Em primEira Luzí(a)das e voltas do avô Camões VANESSA MARANhA - SãO PAuLO Ao Manuel António Pina-Prêmio Camões 2011 Feito dos homens, Que em retrato breve A muda poesia ali descreve (vii, 76) E como a seu contràrio natural A pintura que fala quer mal (viii, 41) in Os Lusíadas-Luis V.de Camões Caro poeta, o inesperado acabou por acontecer, não tardou, ele anda à uma velocidade cósmica tal como a luz em brasas. O velho adágio diz: a esperança é a última a morrer, mas consigo foi diferente, ela chegou de forma uma inusitada, em ti ainda não tinha nascido, coitado morreu ainda no ventre da sua mãe. F.Gullar. Quando chEgarEm a Portugal não o deixe ficar em Lisboa, porque aí, ele vai te largar, pois o rio douro reflecte a luz do sol após a sua enciclopédica voz, a Torre de Belém evoca os seus cantos e o mosteiro dos Jerónimos tem o Eu o vi no Rio de Janeiro seu rosto, e com certeza ele perguntar-te-à sobre miguel de mãos dadas com os seus Torga, Sophia de melo Breyner anderssen, e José Sara- mago (não o diga que subiram as estrelas), diga-o que dois netos- João ubaldo exilaram-se na memória do povo, pois com o Saramago aprendeu a viajar como o Elefante, ele não se esquece Ribeiro e Ferreira Gullar de nada, vai te contar as estórias da Indía e do Vasco da à entrada da Biblioteca gama, a terra Sem Fim, foi por isso que antónio Lobo antunes chamou-o “memória de Elefante, volto a repisar Nacional, digo-te que o nunca aborde a questão da morte com ele: porque para ele a morte é um reflexo num Espelho ausente, como avô está rejuvenescido, ele ele vive de lembranças irá procurar o espelho em todos passou todo o ano 2010 cantos do mundo, vai te falar da ilha dos amores e da casa do rei , você conhece? Foi o que aconteceu com comigo, com Ferreira Gullar, foram autrane dorado, João ubaldo ribeiro, e Ferreira gullar quando passeávamos com ele, e alguém disse aquela é a a Maranhão. Na última casa dos Budas ditosos, sorriu e em seguida mandou parar conversa que tive com o a viatura, descemos juntos com ele, chegamos perto da casa, dentro da mesma tinha monte de gente armada a avô, quando lhe perguntei intelectual, políticos e bêbados, dirigiu-lhes a palavra - sobre a poesia, ele disse-me que já não sabe escrever, bem sabe sujar o poema pois aprenderá com
  • 3. Exero 01, 5555 BLA BLA BLA 3 Terça-feira, 04 de Outubro de 2011 https://literatas.blogs.sapo.mz 3 Em primEira tudo bom com vocês, posso ler um poema para vocês? e do mayombe, e foi em angola onde escalou a Estepe e o Plan- eles responderam: alto. E sobre Cabo-Verde onde esteve -nóS SomoS do partido no poder, nos distinguimos com os Volvidos 9 anos voltou de novo a angola, ao encontro do José ideiais do FmI, Banco mundial, e da naTo. Luandino Vieira, mas para a desilusão de todos nós o Luandino em 2009 com o Arménio Vieira, será a partir deste debate papo com o velho Camões que perceberás que em África não estamos no Inferno, como todo mundo diz. aQuELa BELEza da cidade de Praia, ímpar é um verdadeiro Eleito do Sol, a Ilha do Sal é a raiz de todas mitografias deste povo crioulo-assim ele definiu cabo-Verde. E Quando estiveres a pintar as palavras não deixe os Papeis espalhados, o velho camões não gosta de ver desarru- mações, caso isto acontecer, ouvirás a seguinte questão. -São PaPEIS de K? -rESPonda-o SEguInTE-São Livros e não o diga que são poemas, percebeu? Porque com o Poema o Velho camões encotra a sua Viagem e o Sonho. Caro poeta, abrace-o e ande com ele com muita ‎-ELE rESPondEu-...Vão a merda, vocês todos mentirosos, não quis recebê-lo, alegando não sendo ele a pessoa indicada mentirosos, a esmagadora maioria hipócrita e santarrona, para o receber, e recusou por motivos íntimos e pessoais cautela, pois ele esta velho, esta é a sua 25ª viva nós os mentirosos a força, os conscientes ¹. mas o avô camões não voltou foi recebido como rei pela comunidade de Luanda, gente humilde onde o singular não viagem ao mundo Lusófono, depois de ele SaímoS com o velho camões a arder de nervos e de repente tem expressão, o colectivo é a palavra de ordem. disse vamos a Baía mandem um fax ou liguem para o Jorge te contar todo o esêncial das suas digressões, amado dizendo que estamos a caminho. Quando interpelou 1 deles perguntan- FIcamoS Em silêncio, sem saber qual seria a resposta a dar conte-o aquela interessante História do Sabio ao velho camões, do-lhe o nome SErá QuE não ouviram o que eu disse.querem que eu repita? Fechado na sua Biblioteca. -retorquiu ele Responderam todos em coro dizendo: oh, VÔ, o Jorge amado não està na Baía -respondemos em Mande muitos abraços, beijos cumprimentos coro com vozes a tremer de medo. -Nós Os do Makulusu -Para ondE ele foi, digam-me o que esta a acontecer, vocês e larguras, e diga-o que estamos a espera dele estão estranhos, digam onde ele esta afinal? Ficou muito feliz, coisa jamais vista o FErrEIra gullar disse-lhe o seguinte o Jorge foi ao Japão muito em breve, e quando perguntar-te de ajudar o Kenzaburo oE da tragédia que assolou aquele País sairam da cidade a caminho do niponico irmão, não se trata de uma questão Pessoal, mas mim, diga-o estou trancado na biblioteca de uma questão natural. subúrbio onde vive esta humilde a aprender a recriar mundos, tal como fez o - comunidade. -prezado amigo previne-se e não toque neste assunto, Saramago no seu Memorial do Convento (o leve-o a (Sabugal) guarda de carro não se atreve a viajar O avô Camões inconformado, irre- com ele de barco, pois falar-te-á da Indía e quando chegarem Convento de Mafra). e ele perguntar-te se jà chegaram a casa Perdida? quieto e quando viu aquelas casas de responda-o: ainda não é o Fim nem o Princípio do mundo Kanimambo pela atenção dispensada poeta. calma É apenas um Pouco Tarde madeira e zinco, questionou. E quando perguntar-te onde estão? __________________________________________ responda-o seguinte: -Esta não é a Mafalala do José -¹-.In a casa dos budas ditosos pag 144de João ribeiro -Estamos no País das Pessoas de Pernas Para o ar, nunca diga que estão em Portugal, porque irà te pedir ir à Leiria. Craveirinha? Sei que da áfrica Portuguêsa conhece pouco ou por outra VAnessA MArAnhA é escritora, jornalista, psicóloga ainda nao visitou, peça para que te conte sobre a sua esta- Responderam-não, este é o Nosso dia em moçambique com José craveirinha, veràs o sorriso pós-graduada em Psicanálise. Participou da antologia que dilacera os seus olhos e a doçura do mel que unta as Musseque. suas sàbias palavras, falar-te- à das doces tangerinas de +30 mulheres que estão fazendo a nova literatura Inhambane, daquela dança denominada chigubo e daquela Questionou de novo-e aquela senhora mulher linda que ele apadrinhou a quando do seu casa- brasileira, org. Luiz ruffato, Ed. record. Já foi selecio- mento com craveirinha a maria. não é a Dona Flor com os Seus Dois conheceu angola pelas mãos do Pepetela, e foi là onde nada em diversos prêmios literários. Em 2010 esteve acreditou que o homem é o melhor amigo do cão, quando Maridos? viu o cão e os caluandas sempre juntos, e se quiser saber na oficina de Jornalismo Literário da FLIP, e, neste mais da guerra da unita e o mPLa, peça – o, ele vai te falar Responderam-não, aquele é o João ano, participa da oficina de crítica Literária Vêncio e Os Seus Amores. da FLIP.
  • 4. 4 BLA BLA BLA Exero 01, 5555 Terça-feira, 04 de Outubro de 2011 LITERATuRA MOÇAMBICANA 4 Orlando Mendes FonTe: InFopÉdIA esCrITor MoçAMBICAno, orlando marques de almeida mendes nasceu a 4 de agosto de 1916, na ilha de moçambique. Licenciou-se em ciências Biológicas pela universidade de coimbra, onde foi assistente e onde se revelou poeta e pro- sador. Pertenceu aos quadros dos Serviços de agricultura, foi fitopatologista e Funcionário do ministério da Saúde. proFundAMenTe InFLuenCIAdo pelo neo-realismo português, o poeta, romancista, dramaturgo, crítico literário, cola- borou em diversos jornais moçambicanos e estrangeiros e produziu uma vasta obra literária, como Trajectória (1940), Portagem .(1966), um minuto de Silêncio (1970), a Fome das Larvas (1975), Papá operário mais Seis histórias (1983), Sobre Literatura moçambicana (1982), entre outros. recebeu o prémio Fialho de almeida , o dos Jogos Florais da uni- versidade de coimbra (1946) e o primeiro Prémio de Poesia no concurso literário da câmara municipal de Lourenço INSTANTE PARA DEPOIS marques. Em 1990, orlando mendes faleceu em maputo ORLANDO MENDES DEDICATÓRIA A ChAMADA INSPIRAÇãO a tarde viva está quase vazia na esplanada represa de sombra morna. ORLANDO MENDES ORLANDO MENDES Seis velhos mastigam recordações com dentes cariados da memória e o dia-a-dia com as falhas dos dentes. aos poetas que pensam e dizem versos olhos distantes sobre os livros mas não os sabem escrever e mãos e pernas entrelaçadas e por isso anónimos lhes chamam. um casal jovem intimamente suborna nas rochas corroídas pelo sal de outros gotas quase poeira de cacimba o tempo minuto a minuto seguinte. mares caindo sobre as palmas das mãos na berma do passeio mufana parado navegados para implantar espada cruz e como em floresta desvirginada estende os dedos pedindo quinhentas poder e exposta nua de memórias nem se sabe porquê e ninguém dá. nas rochas onde o luar desnuda o silêncio ao sol da primeira lavra. pulsando canções da noite assim povoada Passa um jipe da polícia militar e que o sol inflama e semeia não queima nem lacera nem alivia. e um dos velhos mastiga em segredo sobre as efémeras gostas de cacimba que aquilo anda muito pior por lá. renovadas com cintilações das estrelas, Percute a descoberta palavra os dentes e as falhas cessam de mastigar aí eu gravarei seus nomes. para ser primitivo rastilho recordações e a suave cadência dos pulsos E os amantes pressentindo do poema vivo candente. e a moça levanta os olhos húmidos os hão-de perguntar e saudar. E cresce na voz que temos mufana encolhe os dedos e desliza nas veias desde sempre. inteiro ao sol da rua e assobia não se sabe porquê e ninguém sente. Batem horas num relógio distante e o jovem casal parte subitamente JuVENTuDE para o seu primeiro acto de posse. a tarde fica então mais vazia com os velhos mastigando a voz sibilada ORLANDO MENDES no dia raso à sombra morna. RIGOR É no tempo dos explícitos cantares reina a paz na esplanada laurentina à luz do dia e na escuridão da noite até uma explosiva prova de acção. ORLANDO MENDES É o tempo das dúvidas inconfessáveis os cigarros ardendo e o café já frio e o rosto impassível atrás do jornal Quando passa e aí devotamente se demora o erudito na volúpia dos contornos subtis uNIFORME DE POETA contra a devassa de anônimos vigilantes. para televisionar durante uma hora o que se pratica e mais o que se diz ORLANDO MENDES É o tempo dos assaltos ao trânsito não pense que dispensamos o rigor da geometria imaginando as máscaras arrancadas e da linguagem que nos faz a fala. ajustei minha cabeleira longa, e a beleza de a riqueza como seriam Sabemos como se desenha e pronuncia coloquei-lhe ao de cima meu se não coexistissem incólumes com cada sílaba de palavra nova chapéu de coco em fibra sintética, ignorância e miséria e violência. porque o escrúpulo gramatical é a verdade que o sacudi a densa poeira das asas encardidas prova e, dependurada a lira a tiracolo, É o tempo da solidão entre as gentes assim um corpo no amor outro possui e dá-se saio para a rua e de solitário sentir a multidão na savana. e a mulher pariu um filho e o embala. em grande uniforme de poeta. Sim usamos régua, esquadro e compasso Tremei guardas-marinhas, É o tempo de não ter fé e crer ainda e o vocábulo e a sintaxe alferes do activo em na dádiva total por um beijo de amor para medir a minúcia de cada traço situação de disponibilidade: e pela sinceridade dum aperto de mão. e formar o sentido exacto de cada frase meu ridículo hoje suplanta não leccionados. E se for preciso que se arrase o vosso e nele se enleia e perturba É também o tempo de receber-transmitir o antigamente caiado e agora decrépito muro o suspiro longo das meninas uma secreta raiva chamada esperança. onde mão privilegiada escreveu romântico-calculistas. em nome da metrópole cerebral Tempo que o pudor adulto faz caducar. «decreto: quem sabe e dita sou.» hoje temos o mar e o nosso próprio sal. FIChA TÉCnICA Propriedade do Movimento Literário Kuphaluxa Sede: Centro Cultural Brasil-Moçambique* AV. 25 de Setembro nº 1728, Maputo, Caixa Postal nº 1167 * Celulares: (+258) 82 27 17 645 e (+258) 84 57 78 117 * Fax: (+258) 21 02 05 84 * E-mail: kuphaluxa@sapo.mz Director Editorial: Eduardo Quive (eduardoquive@gmail.com) Coordenador: Amosse Mucavele (amosse1987@yahoo.com.br) Editor - Canto da Poesia: Rafael Inguane (inguane.rafael@hotmail.com) Redacção: David Bamo, Nelson Lineu, Mauro Brito, Izidine Jaime, Japone Arijuane. Colaboradores: Maputo: Osório Chembene Júnior * Xai-Xai: Deusa D´África * Tete: Ruth Boane * Nampula: Jessemusse Cacinda * Lichinga: Mukurruza* Brasil:Balneário Camboriú - Pedro Du Bois * Santa Catarina: Samuel da Costa * Nilton Pavin * Marcelo Soriano * Portugal: Victor Eustaquio e Joana Ruas. Design e páginação: Eduardo Quive
  • 5. Exero 01, 5555 BLA BLA BLA 5 Terça-feira, 04 de Outubro de 2011 CRÓNICA / CONTO 5 FiLosoFonias rapsódicas Nkaringana wa MARCELO SORIANO - BRASIL m.m.soriano@gmail.com Nkaringana... Nota preliminar:este artigo, prosseguir com Antes de lembro ao leitor que me dirijo EDuARDO QuIVE - MAPuTO à CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), o meu avô contou-me portanto, podemos encontrar uma estória em volta da gerúndios, futuros do pretérito, expressões etnocêntricas, familiares a certos leitores, lareira, em changana, chamado Xitiku ni mbaula, falou- porém, inusitadas a outros. Oxalá, que esta peculiaridade não seja me do misterioso ngungunhane, o último Imperador pretexto para correções, mas para integrações e enriquecimentos de gaza, homem de tamanho assustador, grandeza léxicos e culturais entre nós. Marcelo Soriano. Santa Maria - RS dos deuses, algo inexplicável entre os humanos. gordo, - BR. 14/07/2011. barrigudo, barbudo, cheio de banhas e manhas que o faziam ngungunhar por todas terras do vasto império. [V e r - s Ó I s] Introdução Tinha tudo quanto queria. Numa noite acordei para o dia. E outro dia. Outro dia. Sol a sol, fui tecendo o manto da vida, enquanto esperava a morte, que não veio... ngungunhane, imperador de gaza ngungunhane era o terror em pessoa, ninguém o 1º [Ver-sÓ] podia enfrentar e afrontar. movia relâmpagos e mochos unI Ao Verso quando se zangava. Era tudo poderoso e todo temido. os unI portugueses que o digam. ngungunhene era um ngoni Ver e não se entendia com os chopis, povo que a todo custo sÓ unIVersou tentou dizimar. Queria porque queria ngungunhar em unIVersAr todas terras daqueles homens ximakwas. Ximakwas em o Verso do VerBo changana são os baixinhos. os chopis são assim. ou pelo sÓ A soL menos eram, porque agora tudo se misturou. o meu avô soLA alongava e dramatizava o quanto podia. Secundado pela sÓ minha mãe. Tudo ka xitiku ni mbaula. (Continua na próxima edição...) Em volta da fogueira. E foi prosseguindo. um dia os portugueses invadiram o império. a sua dinastia estava [ArMAdILhAs CLIMáTICAs] ameaçada. Tinha mandado os homens mais fortes que lhe Nestes dias frios que têm feito fora de época... Algo estaria errado ou era pra ser assim mesmo? serviam de guarda vital, para caçar uma e única andorinha O tempo também gosta de acordar virado, igual àquelas madames com que lhe lançou uma cagadinha enquanto esticava a sua bobs na cabeça. - Onde estariam, hoje, setembro, as flores da primavera? - penso comigo barriga em baixo dum mpama. mpama é uma árvore cujos mesmo... ramos fazem uma sombra de invejar. uma sombra que - Onde estaria o perfume que, dizem, estaria no ar? Faz frio. As janelas estão fechadas. E a cidade continua a me atordoar, do relaxa e espanta todo o cansaço. a sombra dos deuses. mesmo modo como fazia nos tempos de escola, quando amanhecia lindo aquele céu Por isso que ngungunhane estava por de baixo. Era o sem nuvens. Era uma armadilha. Na hora da saída: “bum!”, o céu caía. Trovejava. Relampeava. E ficávamos lá, encharcados e encolhidos, sob guarda de alguma deus do império de gaza. marquise, lamentando o esquecimento dos guarda-chuvas que, se trouxéssemos, teríamos fatalmente esquecido embaixo da carteira escolar porque não seria preciso mas os tugas vieram com tudo, aproveitando-se da usá-lo, afinal, não haveria de estar chovendo. fragilidade que o império ganhou com os soldados mais fortes a procura da tal andorinha que lhe tinha tirado o [As horTeLãs] senhorio. “Cortázar disse que a duração média do choro é de três minutos.” Entraram e caçaram-no como o cão tinhoso. Prenderam- Bethânia Zanatta no como se já não se tratasse do terror que dominava De repente, no meio do deserto, do ventre, eclodiu uma lágrima. E onde seriam qualquer ousadia. Levaram-no para Portugal e fizeram- três minutos de choro à Cortázar, o choro virou riso... e rio... E, de repente, o no comer bacalhau. ngungunhane não come peixe. É deserto virou mangue; e ficou verde... Hortelã. Substantivo que, de ativo, virou, virou... Virou cor... nguni. nguni é irmão de peixe. aliás, nguni é peixe, por Hortelã - o raminho ou a cor? isso não se pode comer a si mesmo. mas os portugueses Hortelã - o olor, ou a dádiva do olhar, de fora para dentro, do aposento particular? Um gosto. Que gosto? Agosto. Setembro. Ou... o obrigaram a comer o peixe. ngungunhane se comeu e... Tempero impróprio. o meu avô morreu. morreu sem acabar esse nkaringana. O pecado saboreado de espiar a própria alma, desnuda, pela fresta das cortinas de si agora ando a procura de quem a possa concluir e não _____________________________________________________ acho. a minha avó ainda está viva. mas desconhece essas ZANATTA, Bethânia. In: O CHORO E AS HORTELÃS, 2007. Disponível em: <// http://www.overmundo.com.br/banco/o-choro-e-as-hortelas-1>. Acesso lendas. mesmo quando o marido vivia e nos contava, ela em: 28 set. 2011. desmentia
  • 6. 6 BLA BLA BLA Exero 01, 5555 Terça-feira, 04 de Outubro de 2011 https://literatas.blogs.sapo.mz 6 - discurso dirEcto “Uma poesia solar: aquela que dialoga com o Mistério da Semente” FONTE: REVISTA ZuNAI novas dimensões da sensibilidade e da do cotidiano na promessa do poema. É aí onde busca ou encontra a idade das palavras? imaginação e criando novas realidades João MAIMonA: Em março tive o privilégio de me beneficiar poéticas. de uma bolsa de estudos da Fao com a finalidade de aper- “O traço fundamental de um inventário feiçoar os meus conhecimentos em matéria de diagnóstico das doenças de espécies pecuárias, provocadas por vírus. possível reside no uso de uma ZunáI: Ao olharmos para os títulos de seus livros, inclu- Pude frequentar os melhores centros de investigação vet- indo o de teatro, temos a sensação de que você busca a erinária em França, camarões e em Portugal. durante essa linguagem que resulta das formulações mudança, de que algo precisa ser reiventado, transfor- estada de formação, verificou-se uma escassez de contato mado, alinhado. Você dá nomes novos aos sentidos que com a escrita. a relação com a poesia revelou-se dívida. fragmentadas da língua diária. (...) perceberíamos da mesma forma; são os casos deTrajectória após a formação, pus-me a reler o meu passado recente. obliterada, Traço de união, diálogo com a peripécia, as Voltei a entrar em relação com a palavra poética. o desejo Pode assim dizer-se que poesia é o abelhas do dia, Quando se ouvir o sino das sementes, de projetar a palavra como rosto da poesia foi crescendo. Idade das palavras, no útero da noite, Festa de monarquia, Idade das palavras nasce desse desejo. um longo poema espaço privilegiado para redimensionar Lugar e origem da beleza, o sentido do regresso e a alma que procura recusar a desesperança e estimular o otimismo. do barco. Fale-nos da textura desses títulos, que estru- Identifiquei a idade das palavras numa das portagens da o diálogo com o mundo. É o único espaço novíssima trajetória obliterada. onde é visível a dimensão interior ZunáI: É evidente a “fronteira” (Lotman) em si e na sua poesia, da palavra.” João Maimona, uma pelo seguinte: situa-se no cruzamento, por um lado, entre a língua e cultura franco-belga e a língua e cultura portu- das vozes mais inventivas da poesia guesa, e por outro, entre essas línguas e culturas europeias e as líguas e a cultura bantu. até que ponto acha que estes contemporânea em Angola e uma das cruzamentos consolidam “as estruturas antropológicas do imaganário”(gilbert durand) como fronteiras, por uma lado, referências mais fortes para os autores que o identificam pela herança colonial e, por outro, que o identificam pela herança do reino do Kongo, repartidos na que estrearam a partir da década de experiência de viveres no atual congo democrático e em angola, seu país natal? Será que é aí onde está o sentido 1990, conversa com Abreu Paxe sobre do regresso e a alma do barco? a ser isto, como acha que regressou? o seu processo criativo, sua mitologia turam, sem obliteração, a sua obra artística. João MAIMonA: pessoal, suas leituras e o ambiente João MAIMonA: Entrei no mundo da literatura com um sinal de esperança no rosto propondo o título Tra- Nascer em Angola. Integrar o contingente de refu- literário no país africano, que hoje JEcTórIa oBLITErada. com esta coletânea de textos acabava de iniciar uma digressão que considero, hoje, giados angolanos no Congo – Léopoldville. Receber desenvolve uma das literaturas mais suficientemente maravilhosa com sentido de rigor e per- spectiva crítica; pude reunir uma dezena de títulos que a formação na língua de Molière. Regressar à terra expressivas da língua portuguesa. apresentam um conjunto paisagístico com pormenores de mensagens… da realidade de construção/destruição natal e formar-se em Medicina Veterinária. O João Maimona é médico veterinário, ao tecido de alegria /pessimismo, passando por instantes vazios/plenos e até de inesperadas congruências. ao contato com a língua de Camões: um percurso de professor, poeta, militante político e longo dessa viagem, procurei orientar os meus passos para a aquisição de instrumentos linguísticos em con- elevado significado histórico. Enquanto trajetória, parlamentar. Sua formação literária stante transformação. a magnitude da minha gramática da criação encontra seu suporte na intimidade que pro- a obliteração que a caracteriza chega a definir a e cultural, como observa Paxe, mescla curo manter com a imagem que vem do cotidiano, através de um olhar lúcido e sem ambiguidade. uma boa parte coerência histórica do processo de regresso. Aqui, influências europeias, e em especial dos textos que conformam estes títulos parece celebrar o capital que inventei. Para sustentar o que acabo de afirmar, o regresso é sinônimo de percorrer caminhos portuguesas, francesas e belgas, tomo a liberdade transcrever na íntegra a nota do autor livro Lugar E orIgEm da BELEza: humanizantes. O prazer de viver um período de com a herança bantu. É um poeta “da FIdeLIdAde grAMATICAL oblige, procurei revisitar a minha mudança de paradigma em termos de compro- fronteira”, que consolida, conforme a obra poética. na pequena história da arte moderna, o que ofereci à sociedade, descobri uma odisseia textual. misso. É o início de uma caminhada construtiva definição precisa de Gilbert Durand, redescobri as vias e as árvores – paisagem que sugerem uma esperança crescente. redescobri também a presença ao serviço da nação angolana. Se o regresso é um “as estruturas antropológicas do do véu. enorme invólucro de desafios, acredito, graças a imaginário”. Em livros como Idade das A greVe e o repouso dos navios. E veio o sentido da musicalidade. a multiplicidade de exemplos de adjeti- uma pedagogia do sucesso, ter conseguido superar palavras (1997), Festa de monarquia vação, patentes na minha obra, reafirmava o meu desejo de concretização de um projeto com função gramati- inúmeros obstáculos ao longo do meu percurso. O (2001) e Lugar e origem da beleza cal: homenagear, em percursos da expressão sugestiva da metáfora, da metonímia e do símbolo, um magnífico regresso facultou-me a predisposição em cultivar (2003), o poeta cria um fascinante tempo verbal: o pretérito imperfeito do indicativo. E decidi oferecer à sociedade, por escrito e em universos poéticos, o desejo de dissipar dúvidas de crescer e vencer, de idioma particular, em que as imagens, este Lugar E orIgEm da BELEza. dilatar convicções e consolidar ambições. Onde há metáforas e sua dicção única alteram ZunAI: o infinito, o invisível, o imperceptível, o incessante, sentido de regresso, há sempre grandeza de alma e o sentido habitual das palavras e sua o inarticulado, o inconsciente, tudo isso organiza os sen- tidos de percepções e pode ajudar a revelar o corpo e a um barco porei espantosas explorações. relação com o mundo, explorando textura de seus poemas como que a exaltar a infância
  • 7. Exero 01, 5555 BLA BLA BLA 7 Terça-feira, 04 de Outubro de 2011 https://literatas.blogs.sapo.mz 7 postura ou reconhecer a nossa postura pública como neto, filho, marido, pai e avô. de combate no universo de animação cultural. nA dÉCAdA de 90 do século anterior, escrevi uma crônica ZunáI: A sua poesia é “ergódica” (aarseth), embora seja feita com o título Talvez sejamos todos católicos. uma belís- Acredito plenamente na inversão de percurso. Em em suporte escrito. a mecânica do mesmo convida o leitor sima metáfora que me coloca numa estrada onde tenho a participar da sua construção. notamos que ela estrutura a faculdade de observar o homem construindo e destru- breve, teremos espaço para a divulgação da literatura fortes imagens que, por um lado, ligam-se ao texto da indo o ambiente. tradição oral e, por outro, a outros textos artísticos. ouve- uMA MeTáForA que nos diz que cada um de nós pode de ideias. se aí o sino das sementes. o que guarda como inventário desenvolver-se por dentro e por fora. num encontro com da origem na reorientação da estética da poesia, e não só, a liberdade, o encontro com a tomada de consciência, angolana? o encontro com a sinceridade, a honestidade e a soli- ZunáI: será que a poesia em angola e a literatura, de uma dariedade. maneira geral, tem espaços para a sua divulgação? o que João MAIMonA: olhar para a poesia como reitor de comu- CoMo FILho, gosto do instante em que sinto a necessi- pode falar da relação, por um lado, poesia e ensino e, por nicação. a poesia que nos vem, por exemplo, da FESTa dE dade de reler a minha infância porque está sempre pre- outro, poesia e media, esta última agravada com a atitude da monarQuIa. uma osmose entre uma enorme rede de sente na minha memória. a coisa mais importante é atual direção do Jornal de angola de suprimir o suplemento verbos e os espaços musicais que lhe estão associados. acreditar em deus a partir do dia do batismo e receber Vida cultural? aqui, o objeto privilegiado de inspiração do poeta é a a bênção perante deus é encantador. no dia do meu noite de cesura. aquela noite que nos obriga a olhar o batismo, fui abençoado pelo cardeal Joseph malula, um João MAIMonA: a poesia em angola faz parte das mais belas nosso habitat com alguma suspeita. o traço fundamental dos mais brilhantes intelectuais de áfrica. manifestações do registo histórico do olhar. reconhece-se um de um inventário possível reside no uso de uma lingua- sentido de divulgação da poesia. reconhece-se um sentido gem que resulta das formulações fragmentadas da língua de crescimento em termos de produção. reconhece-se um diária. São visíveis enunciados que nos remetem para um ZunáI: A literatura é o lado que mais se evidencia em sentido de vontade de desenhar uma nova geometria, uma ambiente de ansiedade. É como se tivéssemos recebido prejuízo das outras atividades que exerceu? onde andam nova história: a ruptura com traços convencionais. o instante a informação segundo a qual o rio da nossa aldeia natal o professor, o médico veterinário e o político, em diálogo é de inovação. Lamentável é o fato de a intellegentia ango- seria navegável dentro de oito anos. É a poesia doreal com a peripécia? lana não dispor de espaços para a divulgação da literatura de cotidiano moderno. uma poesia solar: aquela que dialoga ideias. desapareceu o suplemento cultural doJornal de angola com o mistério da semente que nos proporciona alegria, João MAIMonA: uma pergunta simpática, embora oculte que aparecia como um autêntico vetor de comunicação. um felicidade e sobretudo, fortaleza interior. alguma face de injustiça. Entre literatura e trabalho de elemento unificador no universo das diferentes formas do pensamento; entre exercício de atividade profissional, comportamento social. ZunáI: CoMo falar de poesia ou o que é poesia? Qual das docente e a ação política, sempre procurei ultrapas- formas prefere, para tratar de um assunto tão sério como é sar fronteiras para revelar traços peculiares. a atividade a poesia, vista numa cultura em que com um traço de união docente, por exemplo, não se exerce apenas entre as ZunáI: senTe-se realizado como poeta, ou será que depois ela se vai libertando gradativamente do papel? paredes de um estabelecimento de ensino. Ir ao encon- desse edificio poético que ostenta só atingiu o zero (a. neto), tro do gado bovino com a energia do veterinário, reunir para começar a celebrar o lugar e a origem da beleza? João MAIMonA: Poesia: um quadro de fascínio. o fascínio jovens que se dedicam à pecuária, transmitir conheci- da aventura no bom sentido. o ensejo de elucidar o dever mentos e prodigar conselhos… um instante autêntico João MAIMonA: uma pergunta simpática que me leva a falar de memória. caminhos para uma tentativa de resposta. de atividade docente e fi-lo nos últimos anos da minha do meu percurso. É uma história que se inicia com as leituras Pode assim dizer-se que poesia é o espaço privilegiado longa estadia de intenso trabalho no parlamento, nos de Paul claudel, Saint Jonh – Perse, rené char, Eugénio de para redimensionar o diálogo com o mundo. É o único dias sabáticos. no terreno da confêrencia!? Também andrade, carlos drummond de andrade, Tchicaya u Tam Si e espaço onde é visível a dimensão interior da palavra. É o estive presente proferindo confêrencias em diversos antónio Jacinto. Leituras que fizeram com que eu adquirisse único espaço onde é palpável a hierarquia de estruturas círculos, dentro e fora do país. outro exemplo de impor- um choque poético. É na decada de 70 que começo a dialogar verbais. Infelizmente, hoje em dia, pouca gente lê poesia. tante significado histórico: em 2005, participei no encon- com a palavra poética. assim fui andando, conciliando os as editoras viraram as costas à poesia. as editoras africanas tro de quadros na província do huambo, de regresso estudos de medicina veterinária, a atividade profissional e o conseguem fazer a diferença. os títulos felizes são divulga- a Luanda, a bordo de uma magnifica aeronave e com trabalho de pensamento. Eu diria que me sinto feliz. Por ser dos com uma tiragem elevada: mais de mil exemplares; o ilustres interlocutores, tomei a liberdade de abordar uma referência obrigatória da literatura angolana. Por ser que é raríssimo na ocidente. Eu continuarei a afirmar que um tema que vai adquirindo uma dimensão particular um expoente da poesia elegíaca. Por ter sido considerado o o futuro da poesia universal está em áfrica. o continente na vida dos povos e num contexto de modernidade: melhor poeta surgido no pós–independência. Por ser uma negro aparece com propostas poéticas fascinantes. Expressividade local, diversidade e conquista cultural – o voz nova, uma nova postura, uma nova visão que entraram caso de angola. direito na poesia angolana. Fui falando e retomando palavras ZunáI: sendo artísta, professor, médico e político, como de outras vozes sobre a minha obra poética. agora diria que é que você se reparte no ato criativo, ou tudo isso estru- LAMenTo Ter tido o monopólio da palavra ao longo me sinto feliz por ser criador de palavras e imagens que apa- tura a sua linguagem artística, devolvendo-o o objecto, a da conversa. Tive o privilégio de superiorizar conceitos ixonam. graças à poesia, sinto-me colocado numa estrada memória e a imagem para a sua construção artística e o como mapa cultural, investimento emocional, manifesta- que me permite olhar para o mundo e para os homens que fazer a festa de monarquia? çãoévénementielle, proximidade distante, vernaculidade, o constroem. hábitos alimentares, vocação de integração. no final da João MAIMonA: Faço parte de uma geração de autores conversa, um dos meus interlocutores reconheceu ter ZunáI: CoMo se pode exercer poder em literatura? Simples- com obras que permitem o estabelecimento de uma hier- realizado, simultaneamente, naquela tarde, duas viagens: mente pela qualidade estética das propostas artísticas vistas arquia estética onde se pode isolar bons e mais destacados a primeira de avião para Luanda, e a segunda, pela voz de forma isolada, ou na relação destas com as instáncias de escritores. É uma geração que surge com propostas que de maimona, para o domínio das ciências sociais. validação? Este poder existe entre nós e, se existe, como é apresentam um projeto de literatura. Iria então falar da que se exerce? minha obra poética. a chave do meu sucesso, sucesso de público e de crítica literária, reside, por um lado, na ZunáI: CoMo leitor, acredita que a poesia em angola João MAIMonA: a felicidade de dialogar com uma pergunta existência, bem palpável em meus textos, de um projeto ainda acontece ou ela está parada no útero da noite e no suntuosa. Tratar-se de uma substância multifacética. Vou me de literatura cujo fundamento primordial é o estabeleci- propalado empobrecimento criativo evidente em parte instalar numa estrada peculiar como forma de melhor posi- mento da ponte entre o clima espiritual do meu habitat e nalguns poetas, ou pensa ainda que a quebra das tertúlias cionamento para poder proporcionar a minha interpretação. a língua que nele se vai desenvolvendo. a chave do meu e a ausência de revistas literárias terá contribuido para tal Já tive instantes em que me fechava imediatamente numa sucesso reside, por outro lado, na perseverança (que cul- situação? Que opinião tem sobre a poesia hoje? pesquisa que consistia em identificar o lugar do poder em tivei durante a infância e mocidade), na intensidade do literatura. Encontrei na minha poesia um ribeiro de encanto. trabalho, volume de estudos, nível de pesquisa e tamanho João MAIMonA: Identifiquei uma poesia que reclama prospecção. E comecei a de contatos. Vejamos: levei uma década inteira (75-84) dedicar à palavra uma dimensão que pudesse ironizar sobre a escrevendo a poesia que iria surgir na segunda metade da Em Angola, existe uma paisagem poética que gramática da criação. o poder em literatura é o encontro com década de 80. o fundamental nessa caminhada é entregar- a liberdade. na minha relação com a poesia, eu procuro ir à se ao trabalho de reinvenção do ambiente para caminhar atrai simpatias de leitores de diversos horizontes. frente da palavra. associar as coisas mais heterogéneas pos- de maneira prudente para a descoberta de novos horizon- síveis. E enfim acreditar nessa junção de coisas heterogêneas. tes. adotar um discurso seguro com os instrumentos que Conheço poetas que cultivam a vontade de E surge uma linguagem peculiar. Própria, que se incorpora lhe são próprios. Sinto-me feliz por produzir uma poesia num quadro de temas diversificados. a acentuação do registo declarada, com enorme sentido de contenção na forma de compromisso com a estética. São poetas porta- dos mais diversos dramas, episódios e pormenores de con- expressão. São palavras recolhidas nas reminiscências de vivência no seio duma comunidade humana. mas também a uma adolescência pacífica e comunicante. E surge o prazer dores de textos que estão à altura dos novos auto-representação dos sentimentos, emoções e ideias. minha sazonal de reler a poesia que produzi na estação anterior. paixão é afirmar a essência ou o sentido da tristeza na minha a poesia plena. onde alguns pormenores linguísticos se tempos. Têm a preocupação de reinventar a poesia, porque me sinto intrinsecamente inclinado para a vinculam essencialmente ao feeling de dizer o passado. poesia que pode refletir perguntas sobre a existência do ser o poeta assume-se como protagonista de conquistas que palavra. A insuficiência de culto na produção humano, forma fundamental e mais elevada da consciência associam identidade e continuidade. social, como sustentam os filósofos e nós, os poetas. literária traduz apenas uma parte da realidade ZunáI: neTo, filho, marido, pai, avô, ajuda-nos a construir João MAIMonA nasceu em 1955, em Quibocolo, município de esta árvore geneológica como as abelhas do dia, ligando- de animação cultural no país. Todos aqueles que maquela do zombo, na província de uíge. Em 1961, refugiou- se a ela. se na república do zaire. Estudou humanidades científicas assumem a relação com a literatura devem optar em Kinshasa e em 1975 ingressou na Faculdade de ciên- João MAIMonA: acabo de reler Trajectória obliterada. uma cias, regressando a seu país em 1976. dois anos depois, fixou re-leitura que me proporcionou o instante de redefinir por uma inversão de percurso. Isto é sair de um residência em huambo, onde se licenciou em medicina Veter- a minha situação como neto, filho, marido, pai e avô. inária. É membro-fundador da Brigada Jovem de Literatura do Instante feliz por sublimar um valioso caudal de lembran- percurso de apatia, um percurso de inércia para huambo e membro da união dos Escritores angolanos ças, instante feliz por confirmar ou reconhecer a nossa um percurso de participação ativa, um percurso
  • 8. 8 BLA BLA BLA Exero 01, 5555 Terça-feira, 04 de Outubro de 2011 https://literatas.blogs.sapo.mz 8 no rEcanto dE apoLo... BENZuLA Resultado ZEFERINO MASSINGuE - LIChINGA Pretendemos Saber PEDRO Du BOIS - BRASIL Vão de silicatos ao mais infinito huMBERTO JOãO - LIChINGA certos jogos gritam resultados recolhem como formigas adormecidos vão de olfactos roer trancados em gargantas o bolo neste subsolo sem grito o não saber, de voo e estampilha afogadas em líquidos Vão com graus atempadamente o que queremos é tão mau, ontem e hoje, não é que o dia amanheceu para se acordar o não querer, hoje e amanha ainda obscuro reaparecem em esbirros uma noite serena de luz o que temos pela vida E apagam o luar deste minguante espirros E acrescentam a obscuridade... Poderá recompensar tristeza. no acordo Benzula Se tivesses ou não gostar desacordado em regras: Queremos ver não é por além, cem palmas aplaudindo E as suas vazias soando o eco Quem saberia de hoje E as nossas pesadas só carregam ao vencedor divisas desse povo da áfrica mau pensamento, teu. Encarcerado nesse calabouço de aço cabe o barulho Visão e vista avermelhada Você não tem noites de sono palerma infernal do nada de germe e cantos Você não sabe, roem e os outros cantam quantificado no instante. um eu sem planta És o elo mais fraco E dizem: Benzula mas porquê? depois a vida segue o trajeto algo que pretendemos saber... ERNESTO CARLOS previamente decorado: ao vencedor meu coração apaixonado, por alguém Que não me quer ver feliz, resta a tênue lembrança meu afecto, diz-me agora onde vou guardar do que esquece. Este afecto, Tomara que essa mágoa acabe já entre nós, Estou morrendo de ilusão não sou um não apenas é a minha paixão, Sem satisfação. Foi uma perturbação, no meu coração amargurado, Eu tento esquecer, mas não sou capaz, mas não vou me enlouquecer, Esta é a minha paixão. Nas Baixas do Niassa MukuRRuZA - LIChINGA nas Baixas do niassa... há sempre uma beleza dos pinheiros e montanhas, Flores e matagais aves e flores E a própria beleza de existir. nas baixas do niassa... os rios se abraçam as riquezas se escondem os olhares se encontram refletidas no mais puro espelho de onde o amor brota e se espalha nas Baixas do niassa... há feitiço, som das marimbas, Percolado na saborosa, polpa dos pêssegos, Que já estrumou corações, outrora áridos de amor. nas Baixas do niassa... há sempre um tempo livre, há katxolima a rasgar garagantas de nossos pais E nossas mães de capulana cantam Professias escondidas no apocalipse das Xiwodas Que preveram o poder dos matakas Lá nas baixas do niassa... onde o povo se encontra...
  • 9. Exero 01, 5555 BLA BLA BLA 9 Terça-feira, 04 de Outubro de 2011 https://literatas.blogs.sapo.mz 9 canto da poEsia - FacEbook O amor pregado MANuSSE JOSÉ AuGuSTO ALMEIDA Inkomu Mamane - Quando nos teus olhos eu vi um arco-íris incolor Obrigado mãe culpado sou por amar-te demais, atravessei o horizonte e fui a outros litorais culpado eu seria se ne nem sequer te amasse, Fiz a mesma caminhada de moisés sem Sou pregado por amores falhados, merecer passagens biblicais mas amo-te nesse puro sofrer. Porque para mim essas façanhas são DAVID GABRIEL NhASSENGO gerais até demais. Se eu não ousasse amar-te, religião é primeira comunhão dos infiéis Por tudo que fizeste-me culpado eu seria, porque a mãe natura me manda. E é por isso que eu não fico satisfeito ao ver E pelo que, para o meu bem, mas porquê sou culpado em todos os sentidos? esses dedos trocarem-se de anéis omitiste-me. Será que ela não percebe que assim é...? Porque se agente viaja procurando uma ndzi le inkomu mamane. nova perspectiva declaro guerra dos contrários, Para a nossa mais recente despedida mãe, as palavras escasseiam, Sou protagonista disso, não devíamos ter que nos hipocritisar com a demonstração idem, Saio toltamente lesado. juras de amor eterno mas o sentimento, esse, Sabendo que o próprio amor é subalterno mantém-se incomensurável. Que fazer? desobedecer a mãe natura? da vida Temo fazê-lo. E essa própria vida é a alma gémea da morte. É um sentimento de gratidão Tento confessar-me, apega-se a língua dentro do peito, Pelos momentos extremamente bons E perco palavra. olha para mim agora, a esta hora a pensar Que a mim ofereceste cubro-me de lágrimas; coisas que me deixam a nora E continuas, na tua afectuosidade, mas nada fiz senão comprar infinitos escárnios. Estou preso na orla da minha própria vida me brindando. a esgrimir argumentos com o meu ó deus meu, quem sou eu? subconsciente ao teu lado podes até nem imaginar Porque tão sofrego me fizestes? É temporário... É tudo temporário no E mais do que um filho, Será que sou tal cristo na causa de amar? calendário da nossa vida... me sinto um homem realizado. um herói, um vencedor. deus fica no além, me sinto, nem sequer ousa ouvir-me. como nunca terás cogitado, Sofro sem cessar, demo na cruz ensaguentada das minhas lamentações, Distorção uma criatura gerada pela perfeição. mas quem provará esse essa cruz? digo inkomu mamane Quem partilhará do meu sofrimento? Pela infância que tive IMRAN CuNhA E que hoje, recordando-a, Faz-me no rosto escorrer uma lágrima. EDNA PhuLChAND uma infância espelho da educação que anuíste-me: gloriosa. no teu peito, há áfrica Me sinto embrulhado Inkomu. digo muito obrigado tambor em chamas Ao desdenho do meu Ego repetidas vezes e não me canso. Inkomu mamane pelas sábias palavras Tam Tam ardente Na metamorfose do tempo Que soubeste transmitir-me Em momentos quando mais precisava e que paralelo ao sol Que não passa aos olhos d’um cego ouvi-las. grita as mãos Inkomu digo-te mãe, outrossim, pelo teu silêncio ... celebrando a vida No ausente enigma da tua ausência Quando preciso mesmo dele Pensando tu, que se trata de um castigo. os pés borbulhando pulsação das meláncolicas imaginações que navego E assim Enganas-te, Pois teu silêncio fala, oh mãe. de um rio zambeze Perdidas asssim, ao vento diz-me coisas que só Quem melhor te conhece, percebe. confesso mãe: o teu silêncio conforta-me. no teu peito, há áfrica Num pensamento sem sossego mãe trabalhadora ou mãe guerreira? mãe amável ou atenciosa? um embondeiro gigante O céu, as estrelas e a lua sendo meu ufh, não acho melhor caracterização Para o tipo de personalidade que és. donde ramificam-se assento mas disto tenho máxima certeza: Tu és uma embondeira por excelência versos livres e loucos No jardim da felicidade que rego. daquelas que no verão nos mimoseiam com sombras. asas e sonhos O paradoxo filantrópico de saudades diga-se, Sombras de glória. sobrevoam nas estórias Inkomu mamane. Pelo teu amor dos povos a emergir De noites prazerosas que me deixaste manifesto no calor do teu corpo Muito perto estive, Quando a ti me aproximo. há áfrica dentro de ti longe de minhas faculdades Inkomu mamane, digo. e sei que posso adormecer-me-te Suponho que talvez ,jamais imaginaste. E saiba: o meu amor por ti Por mais incomensurável seja bem no teu profundo Tanto que não cabe aqui, Está perpetuado em cada linha deste poema. Te amo dona Elisa. e que tão quente como a minha áfrica E digo, Inkomu, até ao fim das nossas vidas… no teu peito, em ti, estou em casa! Textos do grupo - canto da Poesia do FacebooK. recolha de raffa Inguane. Lua e alma
  • 10. 10 BLA BLA BLA Exero 01, 5555 Terça-feira, 04 de Outubro de 2011 https://literatas.blogs.sapo.mz 10 Noites d ´Álma Em outras paLavras https://noitesdalma.blogspot.com VII Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus – CRÔNICAS edIção eM hoMenAgeM A esCrITores BAIAnos Monólogos da mãe da Nikotile 1 - o Prêmio Literário Valdeck almeida de Jesus visa estimular novas produções literárias e é dirigido a candidatos de qualquer nacionalidade, residentes no Brasil ou no exterior, desde que seus trabalhos sejam escritos em língua portuguesa. 2 – as inscrições acontecem de 01 de janeiro a até 30 de novembro, através do e-mail valdeck2007@ XIGuIANA DA LuZ gmail.com (crÔnIcaS de até 20 linhas, minibiografia de até cinco, endereço completo, com cEP e fone de contato, com ddd). os textos devem vir dEnTro do corpo do e-mail. Inscrições incompletas serão desclassificadas. Vale a data de postagem no e-mail. não serão aceitas inscrições pelos correios. Kitile nwananga – minha filha, 3 - a crônica deve ser inédita, versando sobre qualquer tema (exceto apologia ao uso de drogas, conteúdo racista, preconceituoso, propaganda política ou intolerância religiosa ou de culto). Terão Sei que já és dos homens preferências os textos sobre escritores baianos da contemporaneidade. Entende-se como escritores contemporâneos aqueles cuja obra ainda não foi lançada por grandes editoras e que não são con- Coração de incertezas hecidos do grande público. cada autor responderá perante a lei por plágio, cópia indevida ou outro crime relacionado ao direito autoral. a inscrição implica concordância com o regulamento e cessão Infelicidades que despreza dos direitos autorais apenas para a primeira edição do livro. O sossego nas trevas, 4 - uma equipe de escritores faz a seleção de apenas um texto por autor. a premiação é a publica- ção do texto selecionado em livro, em até seis meses do encerramento das inscrições. os escritores Kotile, Nikotile selecionados devem criar um blog gratuito, após a divulgação do resultado do concurso, para dar visibilidade ao trabalho de todos os participantes. os casos omissos serão decididos soberanamente Vida sem regras a ku nadzika!! - Anima pela equipe promotora. Mas não segurarás a coragem dos homens 5 - o autor que desejar adquirir exemplares do livro deverá fazê-lo diretamente com a editora ou com o organizador do prêmio. os primeiros dez classificados receberão um exemplar gratuitamente. Respire o ar que não tens os demais podem receber, a critério da organização do evento e da disponibilidade de recursos financeiros. Não entregues a ninguém os teus bens ModeLo de FIChA de InsCrIção: Xipera Nikotile u kula nwanaga, xipera crescer Paulo Pereira dos Santos phelasse rua Santo andré, 40 – Edf. Pedra – apt. 201 35985-999 – Portão Esconda os seus seios Belo horizonte-mg (31) 3366-9988, 8877-8999 Não penteie os seus cabelos ModeLo de MInIBIogrAFIA: Não te entregues a ninguém nwananga Paulo Pereira dos Santos é natural de Santana-PB. Escritor, poeta e jornalista, tem dois livros Nem aos Nkomanes publicados: “antes de tudo” e “até amanhã”. Paticipa de cinco antologias de poesias. graduado em comunicação social. menção honrosa em diversos concursos de poesia, tem dois livros no prelo e Nem aos homens do xilungwine aí no pretende lançá-los em 2012. Maputo proJeTo puBLICAdo no sITe do pnLL do MInIsTÉrIo dA CuLTurA Nem as promessas nem à ninguém MAIs InForMAçÕes: Espere o casamento Valdeck almeida de Jesus Sem ansiedade Tel: (71) 8805-4708 E-mail: valdeck2007@gmail.com Mesmo repetindo, nwananga Site do organizador: www.galinhapulando.com Não ames a nenhum homem destas terras. NOTA: NESTE CONCuRSO PODEM TAMBÉM PARTICIPAR PESSOAS DE OuTROS PAíSES DE LíNGuA PORTuGuESA, INCLuINDO MOÇAMBIQuE, SENDO QuE NA Seu eu Tua mãe - Destina Nlhomulo IMPOSSíBILIDADE DESTES EM FALAR DE ESCRITORES BAIANOS, PODEM FALAR DOS CONTEMPORâNIOS DOS SEuS PAíSES.
  • 11. Exero 01, 5555 BLA BLA BLA 11 Terça-feira, 04 de Outubro de 2011 https://literatas.blogs.sapo.mz 11 agEndado Convocatória Projecto Poesia nas Acácias IIª Assembleia Geral Ordinária CONVITE Terá lugar no próximo dia 15 de Outubro (sábado), pelas 10:00 horas, a IIª Assembleia-geral Ordinária do Movimento Literário no âmbito das celebrações do dia da cidade de maputo e de mais kuphaluxa, a realizar-se na nossa sede, Centro Cultural Brasil – um aniversário do movimento Literário Kuphaluxa, será realizado entre os dias 10 e 12 de novembro do ano em curso, uma exposição Moçambique (CCBM) em Maputo. de poesia denominada “Poesia nas acácias” a ter lugar na cidade de maputo. oBJeCTIVo Agenda constitui principal objectivo desta iniciativa, divulgar novos autores moçambicanos, promover o gosto pela leitura e levar a poesia a lugares comuns onde o povo possa ter acesso a ela sem custos. 1. Situação geral do movimento; requIsITos 2. Regulamento interno do movimento; cada participante pode enviar no máximo três poemas (só um será seleccionado para exposição) da sua autoria que obedeçam os seguintes requisitos: 3. Código de conduta interno; • • Poemas ocupando no máximo de uma página do word Poemas escritos na língua portuguesa 4. Directivas da revista Literatas; pArTICIpAção 5. Elaboração do plano de actividades e aprovação de Todos os participantes o farão voluntariamente, sem direito a nen- huma remuneração. neste projecto, só poderão participar apenas projectos para 2012; poetas iniciantes, sem nenhum livro publicado e não há restrição de idade nem nível académico. 7. Eleições gerais; Para a participação neste projecto são convidados todos escritores iniciantes de todas cidades do País. 8. Diversos. dIreITos AuTorAIs A presença pontual de todos é crucial. a partir da altura em que os poemas são expostos, passam a ser de domínio público, sendo que, o entanto, o poema será exposto com a assinatura do autor. “Dizer, fazer e sentir a literatura” endereço do enVIo dos TexTos os poemas devem ser escritos no formato Word-2003, letra do http://kuphaluxa.blogspot.com tipo – Times new roman, tamanho 12 e enviados electronicamente para o endereço: kuphaluxa@sapo.mz VALIdAde Maputo, 28 de Setembro de 2011 os poemas devem ser enviados a partir da data da divulgação deste convite até ao dia 23 de outubro de 2011. os textos enviados depois dessa data não merecerão a nossa atenção. os seleccionados, serão anunciados no blogue do movimento Palestra Literário Kuphaluxa no endereço: http://kuphaluxa.blogspot.com e da revista Literatas: http://literatas.blogs.sapo.mz e ainda na versão electrónica da mesma até ao dia 01 de novembro de 2011. CAsos oMIssos não serão aceites poemas que contenham seguintes conteúdos e ambiguidades: Dia 06 de Outubro de 2011, quinta-feira • Ofensivas político-partidárias • Insultos ou outras expressões capazes de ferir as boas manei- as 16:00 horas ras de convívio social • Descriminações raciais, religiosas, étnica, género entre outras Tema: Manifestações Culturais como Agentes da Actividade reCurso Turística as deliberações da comissão organizadora deste evento não terão direito a recurso. Oradores: Estevão Filimão e David Abilio Moderador: Calane da Silva A Comissão Organizadora Local: ISARC (Instituto Superior de Artes e Cultura) Av. das Indústrias, Bairro da Liberdade Matola , Mozambique