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OsLusíadas Luís Vaz de Camões
A Lusitânia era uma das três províncias romanas da Hispânia (Península Ibérica) que correspondia ao que é hoje o Sul do Douro em Portugal e à Estremadura espanhola. Os lusitanos eram um dos povos que habitavam esse território na época pré-romana; sendo considerados os descendentes de uma legendária personagem chamada Luso. LUSÍADA: adj. e subst., masc. e fem. :descendente de Luso, suposto fundador da família lusitana; lusitano; português
* a existência de uma proposição em que o autor apresenta a matéria do seu poema* existência de uma invocação às Musas ou outras divindades e entidades míticas protetoras das artes* uma dedicatória (facultativa)* uma narração, in media res, isto é, em que a ação não é narrada pela ordem cronológica dos acontecimentos, mas se inicia já no decurso desses acontecimentos, sendo a parte inicial narrada posteriormente, num processo de retrospectiva, ou "flash -back", ou analepse, pelo próprio herói* inclusão de profecias* presença da mitologia greco-latina, convivendo heróis mitológicos e heróis humanos
Proposição - canto I, estâncias 1 a 3 - o poeta define o objetivo do seu poemaInvocação - canto I, estâncias 4 e 5 - Camões pede inspiração às ninfas do Tejo- asTágidesDedicatória - canto I, estâncias 6 a 18 - dedica o poema ao rei D. Sebastião ( esta parte é de caráter facultativo)Narração - inicia-se no canto I, estância 19, e termina no fim do canto X - aqui o poeta canta os feitos heróicos/gloriosos dos portugueses, tendo como ação central a viagem de Vasco da Gama à Índia.
1As armas e os barões assinalados,Que da ocidental praia Lusitana,Por mares nunca de antes navegados,Passaram ainda além da Taprobana,Em perigos e guerras esforçados,Mais do que prometia a força humana,E entre gente remota edificaramNovo Reino, que tanto sublimaram
4E vós, Tágides minhas, pois criadoTendes em mim um novo engenho ardente,Se sempre em verso humilde celebradoFoi de mim vosso rio alegremente,Dai-me agora um som alto e sublimado,Um estilo grandíloquo e corrente,Porque de vossas águas, Febo ordeneQue não tenham inveja às de Hipoerene.
15E enquanto eu estes canto, e a vós não posso,Sublime Rei, que não me atrevo a tanto,Tomai as rédeas vós do Reino vosso:Dareis matéria a nunca ouvido canto.Comecem a sentir o peso grosso(Que pelo mundo todo faça espanto)De exércitos e feitos singulares,De África as terras, e do Oriente os marços,
19 Já no largo Oceano navegavam, As inquietas ondas apartando; Os ventos brandamente respiravam, Das naus as velas côncavas inchando; Da branca escuma os mares se mostravam Cobertos, onde as proas vão cortando As marítimas águas consagradas, Que do gado de Próteo são cortadas
86  Mas os Mouros que andavam pela praia, Por lhe defender a água desejada, Um de escudo embraçado e de azagaia, Outro de arco encurvado e seta ervada, Esperam que a guerreira gente saia, Outros muitos já postos em cilada. E, porque o caso leve se lhe faça, Põem uns poucos diante por negaça
97  Mas o Mouro, instruído nos enganos Que o malévolo Baco lhe ensinara, De morte ou cativeiro novos danos, Antes que à Índia chegue, lhe prepara: Dando razões dos portos Indianos, Também tudo o que pede lhe declara, Que, havendo por verdade o que dizia, De nada a forte gente se temia.
Canto IV Vasco da Gama continua a narração da história de Portugal. Explana os fatos que levaram à Batalha de Albajurrota: em 1383, el-rei D. Fernando morreu sem um filho varão que herdasse a coroa. A sua única filha era a infanta D. Beatriz, casada com o rei D. João de Castela. A burguesia mostrava-se insatisfeita com a regência da Rainha D. Leonor Teles e do seu favorito, o conde Andeiro e com a ordem da sucessão, já que com ela isso significaria anexação de Portugal por Castela. O conde Andeiro foi morto e o povo pediu ao mestre de Avis, filho bastardo de D. Pedro I, de Portugal, que ficasse por regedor e defensor do Reino (sete):
<>  A aliteração em /r/, /t/ e /s/ e as rimas nasais, lembram os ruídos dos combates (trinta e um): "Já pelo espesso ar os estridentes Farpões, setas e vários tiros voam; Debaixo dos pés duros dos ardentes Cavalos treme a terra, os vales soam; Espedaçam-se as lanças; e as freqüentes Quedas co'as duras armas, tudo atroam; Recrescem os amigos sobre a pouca Gente do fero Nuno, que os apouca.
<>  Baco, não contente com o avanço português, desce à profundidade do mar em busca da ajuda de Netuno para juntos destruírem a frota portuguesa (oito): No mais interno fundo das profundas Cavernas altas, onde o mar se esconde, Lá donde as ondas saem furibundas, Quando às iras do vento o mar responde, Netuno mora, e moram as jocundas Nereidas, e outros Deuses do mar, onde As águas campo deixam às cidades, Que habitam estas úmidas deidades;

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  • 3. A Lusitânia era uma das três províncias romanas da Hispânia (Península Ibérica) que correspondia ao que é hoje o Sul do Douro em Portugal e à Estremadura espanhola. Os lusitanos eram um dos povos que habitavam esse território na época pré-romana; sendo considerados os descendentes de uma legendária personagem chamada Luso. LUSÍADA: adj. e subst., masc. e fem. :descendente de Luso, suposto fundador da família lusitana; lusitano; português
  • 4.
  • 5.
  • 6.
  • 7.
  • 8. * a existência de uma proposição em que o autor apresenta a matéria do seu poema* existência de uma invocação às Musas ou outras divindades e entidades míticas protetoras das artes* uma dedicatória (facultativa)* uma narração, in media res, isto é, em que a ação não é narrada pela ordem cronológica dos acontecimentos, mas se inicia já no decurso desses acontecimentos, sendo a parte inicial narrada posteriormente, num processo de retrospectiva, ou "flash -back", ou analepse, pelo próprio herói* inclusão de profecias* presença da mitologia greco-latina, convivendo heróis mitológicos e heróis humanos
  • 9. Proposição - canto I, estâncias 1 a 3 - o poeta define o objetivo do seu poemaInvocação - canto I, estâncias 4 e 5 - Camões pede inspiração às ninfas do Tejo- asTágidesDedicatória - canto I, estâncias 6 a 18 - dedica o poema ao rei D. Sebastião ( esta parte é de caráter facultativo)Narração - inicia-se no canto I, estância 19, e termina no fim do canto X - aqui o poeta canta os feitos heróicos/gloriosos dos portugueses, tendo como ação central a viagem de Vasco da Gama à Índia.
  • 10. 1As armas e os barões assinalados,Que da ocidental praia Lusitana,Por mares nunca de antes navegados,Passaram ainda além da Taprobana,Em perigos e guerras esforçados,Mais do que prometia a força humana,E entre gente remota edificaramNovo Reino, que tanto sublimaram
  • 11. 4E vós, Tágides minhas, pois criadoTendes em mim um novo engenho ardente,Se sempre em verso humilde celebradoFoi de mim vosso rio alegremente,Dai-me agora um som alto e sublimado,Um estilo grandíloquo e corrente,Porque de vossas águas, Febo ordeneQue não tenham inveja às de Hipoerene.
  • 12. 15E enquanto eu estes canto, e a vós não posso,Sublime Rei, que não me atrevo a tanto,Tomai as rédeas vós do Reino vosso:Dareis matéria a nunca ouvido canto.Comecem a sentir o peso grosso(Que pelo mundo todo faça espanto)De exércitos e feitos singulares,De África as terras, e do Oriente os marços,
  • 13. 19 Já no largo Oceano navegavam, As inquietas ondas apartando; Os ventos brandamente respiravam, Das naus as velas côncavas inchando; Da branca escuma os mares se mostravam Cobertos, onde as proas vão cortando As marítimas águas consagradas, Que do gado de Próteo são cortadas
  • 14. 86 Mas os Mouros que andavam pela praia, Por lhe defender a água desejada, Um de escudo embraçado e de azagaia, Outro de arco encurvado e seta ervada, Esperam que a guerreira gente saia, Outros muitos já postos em cilada. E, porque o caso leve se lhe faça, Põem uns poucos diante por negaça
  • 15. 97 Mas o Mouro, instruído nos enganos Que o malévolo Baco lhe ensinara, De morte ou cativeiro novos danos, Antes que à Índia chegue, lhe prepara: Dando razões dos portos Indianos, Também tudo o que pede lhe declara, Que, havendo por verdade o que dizia, De nada a forte gente se temia.
  • 16. Canto IV Vasco da Gama continua a narração da história de Portugal. Explana os fatos que levaram à Batalha de Albajurrota: em 1383, el-rei D. Fernando morreu sem um filho varão que herdasse a coroa. A sua única filha era a infanta D. Beatriz, casada com o rei D. João de Castela. A burguesia mostrava-se insatisfeita com a regência da Rainha D. Leonor Teles e do seu favorito, o conde Andeiro e com a ordem da sucessão, já que com ela isso significaria anexação de Portugal por Castela. O conde Andeiro foi morto e o povo pediu ao mestre de Avis, filho bastardo de D. Pedro I, de Portugal, que ficasse por regedor e defensor do Reino (sete):
  • 17. <> A aliteração em /r/, /t/ e /s/ e as rimas nasais, lembram os ruídos dos combates (trinta e um): "Já pelo espesso ar os estridentes Farpões, setas e vários tiros voam; Debaixo dos pés duros dos ardentes Cavalos treme a terra, os vales soam; Espedaçam-se as lanças; e as freqüentes Quedas co'as duras armas, tudo atroam; Recrescem os amigos sobre a pouca Gente do fero Nuno, que os apouca.
  • 18. <> Baco, não contente com o avanço português, desce à profundidade do mar em busca da ajuda de Netuno para juntos destruírem a frota portuguesa (oito): No mais interno fundo das profundas Cavernas altas, onde o mar se esconde, Lá donde as ondas saem furibundas, Quando às iras do vento o mar responde, Netuno mora, e moram as jocundas Nereidas, e outros Deuses do mar, onde As águas campo deixam às cidades, Que habitam estas úmidas deidades;