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“RELIGIOSIDADE POPULAR E TURISMO ÉTNICO-CULTURAL:
IDENTIFICAÇÃO E REGISTRO DA FOLIA DE REIS EM NOVA
FRIBURGO/RJ E SUAS RELAÇÕES COM A UMBANDA”

DAZZI, CAMILA (1); DUTRA, ADRIANA DA ROCHA SILVA (2); SANCHES, DIEGO
BONAN (3).
1. Historiadora da Arte, Professora Drª
CEFET/ RJ Campus Nova Friburgo (Av. Governador Roberto Silveira n° 1.900)
camiladazzi@yahoo.com.br
2. Turismóloga graduanda
CEFET/ RJ Campus Nova Friburgo (Av. Governador Roberto Silveira n° 1.900)
adrianarochaeducpatrimonial@yahoo.com.br
3. Turismólogo graduando
CEFET/ RJ Campus Nova Friburgo (Av. Governador Roberto Silveira n° 1.900)
diegobsanches@hotmail.com

RESUMO
O artigo apresenta os primeiros resultados levantados no projeto de pesquisa “Religiosidade Popular e
Turismo Étnico-Cultural: a Folia de Reis em Nova Friburgo e suas Relações com a Umbanda” que
fornece especial atenção ao processo de “miscigenação” que compõem as matrizes étnicas do
município. Celebrado como a “Suíça Brasileira”, a presença dos negros na cidade foi negligenciada
pela história oficial. Por meio das Relações Etnicorraciais, onde raça não é mera determinação
biológica, mas sim raça social, originada de uma complexa dinâmica que revela as interrelações neste
universo cultural, o projeto trata os signos que revelam o sincretismo constatado nas Folias. A forte
presença da Umbanda, religião de matriz afro-brasileira, destoa da visão mais tradicionalista, que as
vincula unicamente ao catolicismo. A compreensão do conceito de etinicidade perpassa pelas
premissas de Fredrik Barth (1976), onde as categorias étnicas são uma "forma de organização social".
O Turismo Étnico-Cultural é o víeis que buscamos para minimizar possíveis discriminações
promovendo a salvaguarda desse patrimônio cultural.
Palavras-chave: Relações Etnicorraciais. Turismo Étnico-Cultural. Folia de Reis

II CONINTER – Congresso Internacional Interdisciplinar em Sociais e Humanidades
Belo Horizonte, de 8 a 11 de outubro de 2013
SINCRETISMO – DINAMISMO CULTURAL CARACTERIZANDO A
ETNICIDADE E A RAÇA SOCIAL

A presente comunicação é um desdobramento do Projeto “Religiosidade Popular e
Turismo Étinico-Cultural: Identificação e registro da Folia de Reis em Nova Friburgo/RJ e suas
relações com a Umbanda”, vinculado ao Departamento de Ensino Pesquisa e Extensão do
CEFET/RJ, ao Programa de Pós-Graduação em Relações Etnicorraciais do CEFET/RJ, bem
como a Graduação em Turismo da mesma instituição.
A proposta se configura como uma continuidade do Projeto “Identidade Cultural e
Turismo – Uma proposta para as Folias de Reis de Nova Friburgo” realizado durante o ano de
2012 e início de 2013. A nova etapa será realizada ao longo de 2013/2014. Mais que um
complemento às demandas definidas no decorrer da primeira etapa do projeto, a nova fase
tem duas novas finalidades: I. Compreender como ocorre a relação das Folias de Reis de
Nova Friburgo com a Umbanda. II.

Estruturar as bases de uma proposta para a

implementação do Turismo Étnico-Cultural como um possível meio de sustentabilidade das
Folias, junto aos grupos cujo elo com a Umbanda for identificado.
As filmagens, bem como as fotografias realizadas durante o andamento do projeto,
revelam-se como uma rica fonte de dados, dando apoio ao processo de compreensão da
manifestação cultural, ao exemplificar a imaterialidade da cultura local, o saber fazer.
Ressalta-se que as variadas formas de divulgação do material coletado servirão para conferir
ao projeto maior acessibilidade. Assim sendo, o processo de levantamento das
especificidades dos grupos investigados não se furtou apenas à pesquisa realizada em fontes
primárias e secundárias, mas incluiu, igualmente, entrevistas, questionários quali-quantitativo,
fichas segmentadas para o folião, mestre e palhaço, o que possibilitará a criação de um sítio
eletrônico, além da produção em andamento de um documentário.
A percepção de que alguns grupos de Folia tinham relação com a Umbanda foi
detectada na primeira fase do projeto, cujo objetivo era cadastrar os diferentes grupos de
Folias de Reis de Nova Friburgo. Esperava-se, naquele momento, detectar uma religiosidade
popular de matriz católica, no entanto, dois dos Grupos de Folias de Reis até então
cadastrados apresentam fortes indícios de relação com a Umbanda, religião de matriz
afro-brasileira. As duas Folias têm como sede centros de Umbanda, espaços que servem
igualmente para a socialização dos integrantes de diferentes grupos de Folia.
Dessa forma, o que se pretende é analisar a relação existente entre os Grupos de
Folias e a Umbanda, dando especial atenção ao processo de miscigenação que compõem as
matrizes étnicas do Brasil e, mais especificamente, de Nova Friburgo.
O município, embora celebrado como a Suíça Brasileira devido a presença de colonos
suíços e alemães que ali se instalaram no século XIX, possui uma história bem menos
pitoresca: a presença de aproximadamente 2.0001 escravos africanos e afro-brasileiros que
trabalharam nas lavouras de café da família de Antônio Clemente Pinto, o Barão de Nova
Friburgo, - personagem menos conhecido por enriquecer com a especulação de compra e
venda de escravos, do que pela construção, por ele financiada, da Estrada de Ferro
Leopoldina-Cantagalo. A presença afro-brasileira foi durante muitas décadas relegada a
segundo plano pela história oficial do Município. No entanto, as trocas culturais que ocorreram
entre portugueses, brasileiros, suíços, alemães, africanos e afro-brasileiros (dentre outros)
não podem ser simplesmente negligenciadas.
O primeiro problema histórico a ser enfrentado é aquele da predominância suíça em
Nova Friburgo. De acordo com o documento da Agenda 21 do Município:
O município de Nova Friburgo se estabeleceu em uma área indígena
conhecida nos tempos do império como “sertão ocupado por várias nações dos
índios brabos”. Os primeiros habitantes nativos da região eram povos das
tribos Puri, Puri-Coroado e Guayacaz, que viviam em cabanas simples nas
margens dos rios.
Os primeiros europeus que chegaram à região foram os portugueses, atraídos
pelo cultivo do café, que se expandiu a partir de Cantagalo. Junto com eles,
vieram os escravos africanos, que trabalhavam na lavoura e nos serviços
caseiros. No atual distrito de Lumiar, em Benfica e em São Pedro da Serra, há
evidências culturais de quilombos formados por negros e suas famílias,
foragidos das fazendas de Cantagalo e da Baixada Fluminense. (AGENDA 21,
2011)

A partir dos conceitos de relações etnicorraciais, associa-se a desmistificação de que a
cidade tenha sido constituída somente por europeus - registrando relações interétnicas nas
fronteiras que delineiam o município. Para tanto, o projeto trata os signos que revelam o
sincretismo religioso constatado nas Folias, com forte presença da religião de matriz
afro-brasileira, destoando da visão mais tradicionalista que vincula as Folias unicamente ao
catolicismo. Desta forma, o projeto se debruçou nas recentes discussões acerca dos
conceitos de raça e etnia.
Apesar dos conflitos atuais que giram em torno da denominação do termo raça, que
segundo Guimarães (apud SILVA, 2013) “é um conceito que não corresponde a nenhuma
1

“já em 1835, a câmara municipal de nova friburgo informou ao governo provincial que a sua população branca era
de pouco mais ou menos 2.800 habitantes e a escrava de 2.000. Em um levantamento realizado pelo império em
1840, a população livre, compreendendo brancos, pardos e negros, era de 2.888 pessoas, aproximadamente.
Nesse mesmo ano, a população escrava era de 2.155, correspondendo a quase 43% da população total de 5.043
pessoas, conforme levantamento feito na freguesia de são joão batista. Dessa feita, nova friburgo não era essa ilha
que imaginávamos, com predomínio absoluto da população branca. Se formos recorrer aos artigos do código de
posturas do início do século XIX, vamos nos deparar com inúmeros artigos regulamentando a circulação dos
escravos pela vila. (escravidão em nova friburgo: uma história que merece ser recontada - Janaína Botelho.
Disponível em: http://www.avozdaserra.com.br/colunas/34/8540/escravidao-em-nova-friburgo-uma-historia- quemerece-ser-re contada. Acessado em: 01 jul. de 2013.
realidade natural (...) que denota tão somente uma forma de classificação social, baseada
numa atitude negativa frente a certos grupos sociais”, vale destacar as falas de Schwarcz e
Machado (2013) que acreditam:
que ao lado das investigações que revelam as falácias de um modelo que
usou raça de maneira essencial e ontológica (e por isso gerou a prática de
determinismos e racismos políticos de toda ordem), é hora de avaliarmos
como o desacreditado conceito, baseado em assertivas biológicas muito
ultrapassadas, continua sendo reatualizado e opera socialmente. Se não
existem raças – apenas uma, a humana --, no nosso dia a dia raça surge
como um potente marcador social de diferença, delimitando hierarquias
sociais, culturais e econômicas. (SCHWARCZ E MACHADO, 2013 on line)

Nesse contexto, na contemporaneidade não cabe a aplicabilidade do conceito
biológico de raça, mas sim de raça social ou etnia que “se coloca a necessidade de se
evidenciar as africanidades brasileiras, como produção intelectual e cultural brasileira material
e imaterial de origem ou base africana” (LIMA p.38, 2008), vislumbrando-se os
desdobramentos imbuídos na construção de um conceito que propõe uma dinâmica
histórico-social-cultural. Dinâmica essa que revela as interrelações promovidas no universo
cultural entre grupos étnicos “fazedores” da raça social, representada nas relações de códigos
e signos que se definem num espaço sem fronteiras, ordenando a interação social dentro e
fora do grupo mediados por extremos, que transitam entre o próximo e o distante do
autóctone, onde a etnicidade:
não é um conjunto intemporal, imutável de ‘traços culturais’ (crenças, valores,
símbolos, ritos, regras de conduta, código de polidez, prática de vestuário ou
culinária etc), transmitidos da mesma forma de geração para geração na
história do grupo, ela provoca ações e reações entre esse grupo e outros em
uma organização social que não cessa de evoluir.
[...] Teorizar a etnicidade não significa fundar o pluralismo étnico como
modelo de organização sociopolítica, mas examinar as modalidades segundo
as quais uma visão de mundo “étnica” é tornada pertinente para os atores.
(BARTH, 1998, pp.11-18)

Nas Folias de Reis são muitos os elementos que permitem compreender os
intercâmbios culturais entre diferentes grupos étinicos. Dá-se aqui destaque a figura do
Palhaço, personagem tradicional das Folias, que se apresenta mascarado e que pode
personificar o Rei Herodes ou seus soldados, o Diabo, o Cão e/ou o Exu da Umbanda, a
grosso modo, um espírito menos evoluído, uma entidade, povo de rua ou catiço. Não é
incomum os palhaços utilizarem, inclusive, apelidos que remetam explicitamente aos exus. A
relação do palhaço com o Exu da Umbanda faz com que certos rituais de proteção/purificação
sejam realizados antes do início e ao fim da jornada das Folias. Por meio de movimentos
cruzados sobre o corpo do Palhaço, que se encontra ajoelhado e sem máscara, é executado o
ritual pelo Mestre da Folia empunhando o símbolo deificado da Bandeira, portadora da
imagem do santo de devoção da Folia 2 . Ou seja, o Palhaço denota a complexidade da
organização na relação social e comportamental dentro deste espaço sobre a ótica interétnica
nas fronteiras porosas do sagrado e profano.
Fazendo um paralelo do Palhaço com as palavras de Barth onde a “identificação de
outra pessoa como pertencente a um grupo étnico implica compartilhamento de critérios de
avaliação e julgamento” (BARTH, 1998, p. 196), observa-se que as trocas e o pertencimento
neste mesmo grupo estão sujeitas à aceitações e restrições. Logo, compreende-se que os
dois, o sagrado e profano, estão fundamentalmente “jogando o mesmo jogo”. (BARTH, 1998,
p.196), ou se identificando por meio da relação de alteridade.
Sendo assim, a fronteira étnica também se perfila por meio das diferenças culturais
marcadas por interações estáveis e simbióticas entre essas diferenças onde “a persistência
de grupos étnicos em contato implica não apenas critérios e sinais de identificação, mas
igualmente uma estruturação da interação que permite a persistência das diferenças
culturais”. (BARTH, 1998, p. 196)

FOLIAS DE REIS, CATOLICISMO E A UMBANDA
Atemporal, a Folia de Reis, sinônimo de “religiosidade popular”, está presente em
terras brasileiras desde o período colonial, tendo aqui chegado via colonizadores
portugueses:
Trazida no século 18, pelos portugueses, as Folias remontam aos tempos
medievais, as mais antigas menções a elas em língua portuguesa aparecem
em autos do dramaturgo Gil Vicente, no início do século 16, como assinala
Neide Gomes. ‘A Folia de Reis conta os cinco passos do nascimento de
Jesus: a anunciação do anjo Gabriel à Virgem Maria, a revolta de José com a
gravidez da mulher, a chegada do casal a Belém da Judeia para o censo dos
romanos, a visita dos três reis do Oriente, confirmando a chegada do
Messias, e a ida da família para o Egito, fugindo dos soldados de Herodes,
que mandara matar os recém-nascidos’, diz a professora, explicando o
enredo inspirado no Evangelho de São Mateus. No Brasil, tambores e outras
contribuições africanas ampliaram a força da manifestação da religiosidade
popular. (NOEL, 2010)

Sob o mesmo contexto, o catolicismo, também foi trazido via colonizadores
portugueses, tendo presença preponderante “na identidade latino-americana, sem descuidar
da emergência do pluralismo cultural e religioso” (JURKEVICS, 2006 p.199)
Segundo Jurkevics (2006):
2

Ritual do Palhaço Grupo de Folia de Reis Três Reis Magos, disponível em: <http://youtu.be/YovtcWMSDyA>.
Acesso em: 05 de jul. de 2013.
A implantação do catolicismo no Brasil refletiu, de um modo geral, as muitas
práticas que integravam a cultura religiosa portuguesa [incluindo as folias]
marcada por uma tradição medieval. [...] Tratava-se, sobretudo, de um
catolicismo piedoso, santoral e festivo, expresso nos exercícios de piedade
individual e de comunicação com Deus, quase sempre intermediado por
divindades, além da valorização dos aspectos visíveis da fé, através das
cerimônias públicas, dos sacramentos, das novenas, das trezenas, das rezas
“fortes”, das romarias, das procissões dos santos padroeiros, cheias de
alegorias, de que participavam centenas de pessoas, das devoções especiais
às almas do purgatório e muitas outras, conforme a região. (JURKEVICS,
2006 p.199)

Esse perfil apresentado sugere “que esta religiosidade portuguesa trazida pelos
colonizadores não era exatamente marcada por profundas introspecções espirituais uma vez
que a maior ênfase recaia nos atos exteriores de culto aos santos, especialmente nos rituais
festivos” (JURKEVICS, 2010 p.200) o que denota um dos traços das Folias de Reis em terras
brasileiras.
Dessa forma, a manifestação se constitui polissêmica entre os seus signos como a
música, a dança, as rezas, os ofícios, os saberes, os cânticos entoados, além das alegorias
materializadas nas indumentárias dos integrantes e na roupagem do palhaço descrita assim
por Mello Moraes Filho:
Dessa noite em diante, os cantadores de reis percorrem a cidade cantando
versos de memória e de longa data. Esses ranchos compõem-se de moças e
rapazes de distinção; de negros e pardos que se extremam, às vezes, e se
confundem comumente. Os trajes são simples e iguais: calça, paletó e colete
branco, chapéu de palha ornado de fitas estreitas e compridas, muitas flores
em torno etc.; as moças, de vestidos bem feitos e alvos, de chapéus de
pastoras; precedendo-os na excursão, habilíssimos tocadores de serenatas.
(FILHO apud Noel, 2010).

A formação da identidade religiosa no Brasil de alguma forma segue a própria proposta
do Cristianismo no século XIV na Europa, que era o de “colocar-se ao alcance das massas
[recebendo atitudes religiosas espontâneas do povo]” (JURKEVICS, 2006 p.197). Segundo
Jurkevics (2006, p.197) “naquele momento, o clero teve que tomar de empréstimo certo
número de temas e representações da cultura popular e misturá-los a um conjunto
ideológico”.
Se num primeiro momento, a Igreja Católica tomava empréstimo de usos da
religiosidade popular, hoje o que transparece, são mecanismos para conviver com estas
religiosidades populares de forma a não descaracterizar a própria Igreja. Entretanto é
revelado aqui o caráter de impasse ao qual a instituição se encontra, pois é impossível aceitar
tais práticas em sua plenitude, uma vez que na medida em que aceita, acaba por assumir
implicitamente, uma irrelevância na vida dos fiéis, segundo Mendes (2007) que conclui:
se a postura desta instituição for a de não aceitar as práticas oriundas do
universo popular, sabe-se que perderá muitos fiéis em vários espaços, já que
não se trata apenas das Folias de Reis num município específico, mas de
inúmeras formas de religiosidade popular existentes ao longo da história e de
todo o país (2007, p. 129)

No entanto como relata a Jurkevics (2006):
Portugueses, nativos e africanos podiam expressar livremente as suas
tradições religiosas, praticamente sem nenhum controle, como por exemplo,
as danças e os fogos nos festejos de São João, as imagens de santos
domésticos e, até mesmo, evocar, no caso dos escravos, suas divindades
africanas, ainda que sob nomes católicos. (JURKEVICS, 2006 p.201)

Mais uma vez elabora-se um nexo entre o desenvolvimento do catolicismo e das Folias
de Reis que chegaram sob o mesmo contexto e também se desenvolveram sob diversas
identidades, o que, de alguma forma, caracteriza a sua miscigenação e seu sincretismo.
Durante o processo de levantamento realizado no projeto de pesquisa “Identidade
Cultural e Turismo: uma proposta para as Folias de Reis em Nova Friburgo/RJ” constatou-se
esse sincretismo em dois dos seis Grupos de Folias cadastrados. Representado nas sedes
das Folias que alocam um centro espírita, que serve igualmente como espaço de socialização
entre os integrantes e outros grupos, ainda que não haja obrigatoriedade dos membros da
Folia de frequentarem o terreiro. O espiritismo, em ambos os casos, está associado à
Umbanda.
Para que se possa compreender acerca da Umbanda, surgindo no final do XIX para o
início do XX, como uma religião de “elementos multiculturais que contribuíram para sua
construção. Isto é, a bricolagem de estruturas culturais distintas que permitiram o
amalgamento religioso das etnias ameríndias, europeias e africana” (OLIVEIRA, 2007 p. 21)
que mesclava catolicismo, candomblé e o espiritismo que trazia a “doutrina espírita ou
espiritismo [...] por princípio as relações do mundo material com os espíritos ou seres do
mundo invisível. Embora Kardec tenha admitido que o pensamento que inaugurara não
representava uma ideia nova, podendo ser encontrado, em fragmentos, ‘na maioria dos
filósofos da Índia, do Egito e da Grécia’” (STOLL, 2003 apud Oliveira, 2007, p.47). Esse
sincretismo revela uma identidade híbrida e plural, não sendo “pura e exclusivamente católica”
(MENDES, 2007, p. 107).
Pode-se articular que esse “pluralismo de vivências [ora] se completam e ora,
transparecem conflito e tensão” (JURKEVICS, 2006 p. 198) a partir do fato de que nas duas
Folias de Reis friburguenses que possuem relação estreita com a Umbanda, os integrantes se
declaram católicos. Sendo assim, o universo das Folias de Reis pode significar “uma
identificação global com a fé católica” (HIGUET, 1984, p. 24 apud MENDES, 2007).
A fala de Jurkevics parece complementar a de Mendes, pois se a primeira autora diz
que as diversas tradições religiosas, independente do sincretismo existente, eram evocadas
sob nomes católicos a segunda tenta justificar esse sentimento de pertencimento com a
religião católica, pelos devotos de Santos Reis. Segundo Mendes (2007):
Ser católico para estes devotos parece também se constituir de uma
identidade embutida em nossos genes. Esta pertença é permitida, sobretudo
pela repetição de ritos e liturgias e a apreensão dos códigos morais, como os
“Dez Mandamentos”. São estas práticas que levam as pessoas a se
identificar como católicas, como se de fato fossem desde sua origem uma
marca com a qual o sujeito nasce. (MENDES, 2007 p.109)

Logo, assim como Jurkevics que relata esse pluralismo de vivências na formação do
“espaço” católico no Brasil, Mendes diz ser importante entender “a identidade dos devotos dos
Reis Magos como heterogênea” que se apropriam “de ritos e dogmas de diferentes esferas
religiosas para compor uma religiosidade que lhes seja mais acessível e lhes dê o sentimento
de maior proteção” ( BRANDÃO, 1986 apud MENDES 2007 p.112).
Inicialmente ao projeto de pesquisa imaginava-se que fosse encontrados Grupos de
Folias de tradição estritamente católica denotando uma nova visão da mais ‘tradicionalista’
sobre a Folia de Reis, uma vez que o Brasil é um país basicamente constituído por católicos.
Segundo o IBGE (2010), apesar de estar ocorrendo um declínio desses devotos, ainda hoje
os católicos representam uma parcela significativa da população, ou seja, 64,6% de adeptos.
Por sua vez, testemunhou-se o compartilhamento do altar na sede do Grupo de Folia
Três Reis Magos em sua festa de arremate, realizada no espaço externo comum ao centro de
Umbanda e residência do mestre, que se declara pai-de-santo, onde entre rezas e entoadas
da Folia, se encontra não somente os santos católicos de devoção, mas algumas velas
bicolores, pretas e vermelhas (Fotografia nº01).
Fotografia 1 – Altar preparado para a ladainha na sede da Folia Três Reis Magos

À direita a Bandeira ladeada por imagens que remetem ao Nascimento do Menino Jesus e de santos devotos. Sobre
a mesa, deitada na parte inferior esquerda, uma vela bicolor que descansa entre duas velas brancas acesas.
Fonte: Iconografia do Projeto Identidade Cultural e Turismo: uma proposta para as Folias de Reis de Nova
Friburgo. Foto: Adriana Rocha

No entanto, o que foi encontrado foram elementos religiosos “que não deveriam
necessariamente fazer parte daquele contexto” (MENDES, 2007 p.113) como, por exemplo,
um altar com imagens de exus, velas coloridas, alguidar, além de alimentos relacionados à
realização de oferendas e rituais, como ovo e a pipoca (Fotografia nº02).
Fotografia 2 – Ensaio da Folia Império de Olaria realizado na sede do grupo

Foliões a paisana durante ensaio que antecede as saídas em jornada durante o Ciclo Natalino. Ao fundo, imagens e
artefatos que compõem a Umbanda. Ao centro, caracterização de ritual com o uso de alguidar, ovos espada, dentre
outros elementos, onde usufruir do espaço físico do Centro não implica por parte dos foliões em participar das
atividades da Umbanda. Fonte: Iconografia do Projeto Identidade Cultural e Turismo: uma proposta para as
Folias de Reis de Nova Friburgo. Foto: Adriana Rocha

Esses elementos não se associam ao imaginário que muitos possuem da
manifestação popular vinculada ao catolicismo, no entanto, isso acaba por revelar as relações
interétnicas ao qual a manifestação esta embutida, bem como sua complexidade em suas
fronteiras espaciais.
Paralelamente, na sede da Império de Olaria, que também abriga um centro de
Umbanda, observou-se na Festa de Arremate realizada para o encerramento do ciclo festivo
da Grupo, que as comemorações igualmente se limitam as fronteiras da área externa do
centro. Toda a comemoração foi liderada pelo dono e ex-mestre da Folia. Bastante
significativo, o momento foi registrado nas dependências da Folia quando toda a parte litúrgica
é realizada por um dos donos do grupo de Folia, Sr. Carlos Luis Gonçalves, que apesar de se
declarar católico é pai-de-santo e profere toda a ladainha em latim seguindo um livreto que há
décadas faz parte das celebrações religiosas do grupo (Fotografia nº 03).
Fotografia 3 – Ladainha realizada durante a Festa de Arremate da Império de Olaria

Na parte superior à esquerda um quadro de recados informando os procedimentos para a consulta com Pai Carlos
do Omolú3, que é o mesmo que profere a liturgia durante a ladainha na Festa da Arremate da Império de Olaria. É
a caracterização do sincretismo. Fonte: Iconografia do Projeto Identidade Cultural e Turismo: uma proposta para
as Folias de Reis de Nova Friburgo. Foto: Adriana Rocha

Todavia, não se constatou, no decorrer das festividades, da interação entre os
participantes com a prática da Umbanda, ainda que em alguns casos, tais representações
permaneçam ao alcance dos olhos de todos. Desta forma, ressalta Mendes que:

3

O orixá Omulú guarda para Olorum todos os espíritos que fraquejaram durante sua jornada carnal e
entregaram-se à vivenciação de seus vícios emocionais. [...]O culto a Tatá Omulú surgiu entre os negros levados
como escravos ao antigo Egito, que o identificaram como um orixá e o adaptaram às suas culturas e religiões. Com
o tempo, ele foi, a partir desse sincretismo, assumindo sua forma definitiva, até que alcançou o grau de divindade
ligada à morte, à medicina e às doenças. Divindades: Omulú; Linha: Aquática; Pedra: Ônix preto; Irradiação:
Geração; Vela/Cor: Roxa, Branca, Preta e Vermelha; Sincretismo: São Roque; Saudação: Atotô!; Ponto de Força:
Campo santo. Disponível em: <http://www.luzdourada.org.br/wordpress/index.php/orixas/omulu/>. Acessado em
18 de jul 2013.
Contudo, o trânsito religioso dos devotos dos Reis Magos de Três Lagoas
não chega a descaracterizar sua identificação com o catolicismo. O que
notamos é que estes percursos deixam os devotos em espécie de
entre-lugar, “esses entre-lugares fornecem o terreno para a elaboração de
estratégias de subjetivação- singular ou coletiva- que dão inicio a novos
signos de identidades e postos inovadores de colaboração e contestação”
(BHABHA, 1998, p. 20). Isso nos leva a entender que nesses trânsitos
religiosos, os devotos deixam um pouco de si e recebem também em troca
diversos aspectos que lhes ajudam a (re)inventar seu universo religioso. São
esses aspectos que remetem as afirmativas de que a cultura popular não é
fossilizada, pois está em constante re-elaboração a partir de seu contato com
o mundo. (MENDES, 2007, p. 116)

Além das relações interétnicas, outros fatores são muito importantes para o
entendimento do grupo de pesquisadores acerca da complexidade da manifestação. Pode-se
destacar a sua história, a sua miscigenação composta pelas diversas matrizes étnicas que
compõem o Brasil e o próprio município de Nova Friburgo, bem como, do próprio
entendimento dos integrantes acerca da manifestação, que não raro, é vista por alguns
integrantes como folclore. Segundo Goltara (2010, p.12) essa compreensão dos foliões sobre
a manifestação gera “uma dicotomia entre devoção e apresentação”, onde a devoção está
ligada ao alto grau de religiosidade que se mantém no período do ciclo de Reis, sendo
intrinsicamente relacionado a força, e a apresentação parte do entendimento dos turistas
acerca da manifestação “apenas como folclore” (GOLTARA, 2010 p. 12), ainda assim, “as
mesmas características diferencias podem mudar de significação no decorrer da história do
grupo; e diversas características podem suceder-se adquirindo a mesma significação”
(BARTH, 1998, p.11).

TURISMO ÉTNICO-CULTURAL UMA OPORTUNIDADE PARA AS
FOLIAS DE REIS
Mediante a interpretação da dicotomia devoção-apresentação, a compreensão sobre
o conceito de Cultura delineou o modo como a Folia de Reis é pensada pelos pesquisadores:
não como folclore – ainda que forjado na simplicidade e na prática cotidiana, num continuo
processo de (re)construção que avança barreiras e se furta da oralidade como ferramenta de
transmissão de signos - ou cultura popular - um organismo holístico - mas como uma
manifestação cultural complexa, ou seja, um trânsito entre os dois conceitos que possibilita
novos desdobramentos, cujo centro focal é a (re)criação e a interrelação entre os indivíduos,
de modo que tal sinergia não anula um ao outro e sim, os complementam, por meio de
“circularidade cultural” (MENDES, 2007) numa “rede sem limites” (Vianna, 1999, p.7) onde:

A garotada quer ser palhaço de folia porque os grupos de palhaços se ligaram
às galeras dos bailes, e nas suas "fardas" de palhaço acabaram entrando
símbolos da Nike, Adidas, fotos retiradas da capa do último Iron Maiden e até
uma folha estilizada de maconha, bem ao estilo da família Hemp. Sacrilégio?
Traição? Acho difícil que, a essa altura do campeonato, pela "identidade
brasileira", alguém ainda coloque as coisas nesses termos. (VIANNA, 1999)

A cultura, portanto, deve ser compreendida não como um ‘bem’ a ser “embalsamado e
mumificado”, mas sim como algo vivo e dinâmico que se propõe como um “recurso
econômico”, tal como preconizado nas Normas de Quito: “Trata-se de incorporar a um
potencial econômico um valor atual, de por em produtividade uma riqueza inexplorada,
mediante um processo de revalorização que, longe de diminuir sua significação, puramente,
histórica ou artística, a enriquece [...]”. (OEA, 2000, p.111).
Compreende-se que a cultura é arcabouço da atividade turística. Sendo assim, a via
que se acredita ser mais frutífera para este propósito é a do Turismo Étnico-Cultural. No
entanto, ilutra-se com a fala de Goltara (2007) uma barreira a ser reconduzida, onde o mesmo
considera que há um esforço por parte dos encontros de Folia e apresentações públicas em
“ocultar o vínculo das folias de reis a espiritualidade da Umbanda” (GOLTARA, 2007 p. 97), ou
seja, o não reconhecimento da existência das relações interétnicas.
Todavia, se bem pensado,o Turismo Étnico-Cultural pode ser um modo privilegiado
de promover a valorização das “cerimônias e preservar seu conteúdo religioso” (JURKEVICS,
2007 p.78), ou seja, investir nas manifestações sem ser “desligado da espiritualidade”
(GOLTARA, 2007 p. 12)
Por conseguinte, o Ministério do Turismo – Mtur salienta que:

Vale lembrar que as políticas públicas de turismo, incluindo a segmentação
do turismo, têm com a função primordial a redução da pobreza e a inclusão
social. Para tanto, é necessário o esforço coletivo para diversificar e
interiorizar o turismo no Brasil, com o objetivo de promover o aumento do
consumo dos produtos turísticos no mercado nacional e inseri-los no
mercado internacional, contribuindo, efetivamente, para melhorar as
condições de vida no País. (MTUR, 2010, p. 7)

Mesmo que ainda muito incipiente no município, acredita-se nas oportunidades que
esse “braço” do Turismo Cultural possa favorecer a região. Quando guardadas as devidas
proporções, considera-se que:
O Turismo Cultural [irá] implicar em experiências positivas do visitante com o
patrimônio histórico e cultural e determinados eventos culturais, de modo a
favorecer a percepção de seus sentidos e contribuir para sua preservação.
Vivenciar significa sentir, captar a essência, e isso se concretiza em duas
formas de relação do turista com a cultura ou algum aspecto cultural: a
primeira refere-se às formas de interação para conhecer, interpretar,
compreender e valorizar aquilo que é o objeto da visita; a segunda
corresponde às atividades que propiciam experiências participativas,
contemplativas e de entretenimento, que ocorrem em função do atrativo
motivador da visita. (MTUR, 2010 p.16)
Entende-se o Turismo Étnico-Cultural como um desdobramento do Turismo Cultural
uma vez que o MTur o define como uma “atividade turística destinada a favorecer a criação
de correntes turísticas específicas para conhecer, conviver e integrar-se com as diferentes
etnias formadoras da ‘raça’ 4 brasileira”, (MTUR, 2010 p. 33) (grifo nosso), onde se pode
constatar em publicação do MTur:
Quadro 1 – Exemplos de atividades que podem ser realizadas no âmbito do
Turismo Cultural:
Atividade: Visitas a comunidades tradicionais e/ou étnicas; Descrição: Visitas
a comunidades tradicionais ou grupos étnicos (comunidades representativas
dos processos imigratórios europeus e asiáticos, comunidades indígenas,
quilombolas e outros grupos sociais que preservam seus legados étnicos
como valores norteadores de seu modo de vida, saberes e fazeres), que
permite a interação ou acompanhamento de atividades cotidianas ou eventos
tradicionais de comunidades locais. [...] (MTUR, 2010, p. 33)

Multifacetada, as etnicidades sinalizadas na gastronomia, nos rituais, nos artefatos,
ofícios, danças, ritmos e cantos, encontros, entre outros se materializam por meio do
sincretismo religioso e corroboram para um vasto campo a ser explorado mediante o viés do
Turismo Étnico-Cultural. Essa multiculturalidade pode representar uma forma de contribuição
para a salvaguarda desse patrimônio cultural imaterial desde que ações adequadas e
sustentáveis sejam implementadas.

CONCLUSÃO
O sincretismo que permeia a religiosidade popular na Folia de Reis estreita os laços de
fé em uma linha tênue entre espaço privado e o público, ultrapassando a barreira
espaço-temporal. Em busca da perpetuação desta cultura movida pela fé através de símbolos
e linguagem universal protegidos pela doutrina da Bandeira que a conduz em um caminho de
“promessa” e “bênçãos” lê-se signos que permeiam as diferenças culturais marcadas por
interação estáveis e simbióticas determinado critérios e sinais de identificação que se
desdobram em interação e permissiva “persistência das diferenças culturais” (BARTH, 1998,
p. 196)
Portanto, os traços percebidos da Umbanda em meio aos Grupos de Folia de Reis de
Nova Friburgo denotam uma vasta diversidade cultural no município que é formada sob a
égide de diversas etnias, onde os Grupos de Folia tornam-se uma referência importante não
4

Em tempo, os autores corroboram com os apontamentos de Franz Boas que vem complementar as questões
debatidas acerca da raça social “concluiu que a diferença fundamental entre os grupos humanos era de ordem
cultural e não racial ou determinada pelo ambiente físico. Sendo assim, defendia que, ao estudar os costumes
particulares de uma determinada comunidade, o pesquisador deveria buscar explicações no contexto cultural e na
reconstrução da origem e da história daquela comunidade. Decorre dessa constatação o reconhecimento da
existência de culturas, no plural, e não de uma cultura universal”, ou seja, da diversidade em si. (BOAS apud
CANEDO, 2009, p.4)
só como um dos elementos formadores da identidade local, bem como um atrativo turístico,
desde que se implemente ações adequadas e sustentáveis mediante a prática do Turismo
Étinco-Cultural, que se vislumbra como mais um gerador de renda e inclusão social dos
Grupos e das comunidades.
Espera-se com o projeto contribuir e despertar interesses sob a ótica do Turismo
Étnico-Cultural da manifestação e suas inter-relações no município, abrindo portas para novas
investigações e questionamentos.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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RELIGIOSIDADE POPULAR E TURISMO ETNICO-CULTURAL: IDENTIFICACAO E REGISTRO DA FOLIA DE REIS EM NOVA FRIBURGO/RJ E SUAS RELACOES COM A UMBANDA

  • 1. “RELIGIOSIDADE POPULAR E TURISMO ÉTNICO-CULTURAL: IDENTIFICAÇÃO E REGISTRO DA FOLIA DE REIS EM NOVA FRIBURGO/RJ E SUAS RELAÇÕES COM A UMBANDA” DAZZI, CAMILA (1); DUTRA, ADRIANA DA ROCHA SILVA (2); SANCHES, DIEGO BONAN (3). 1. Historiadora da Arte, Professora Drª CEFET/ RJ Campus Nova Friburgo (Av. Governador Roberto Silveira n° 1.900) camiladazzi@yahoo.com.br 2. Turismóloga graduanda CEFET/ RJ Campus Nova Friburgo (Av. Governador Roberto Silveira n° 1.900) adrianarochaeducpatrimonial@yahoo.com.br 3. Turismólogo graduando CEFET/ RJ Campus Nova Friburgo (Av. Governador Roberto Silveira n° 1.900) diegobsanches@hotmail.com RESUMO O artigo apresenta os primeiros resultados levantados no projeto de pesquisa “Religiosidade Popular e Turismo Étnico-Cultural: a Folia de Reis em Nova Friburgo e suas Relações com a Umbanda” que fornece especial atenção ao processo de “miscigenação” que compõem as matrizes étnicas do município. Celebrado como a “Suíça Brasileira”, a presença dos negros na cidade foi negligenciada pela história oficial. Por meio das Relações Etnicorraciais, onde raça não é mera determinação biológica, mas sim raça social, originada de uma complexa dinâmica que revela as interrelações neste universo cultural, o projeto trata os signos que revelam o sincretismo constatado nas Folias. A forte presença da Umbanda, religião de matriz afro-brasileira, destoa da visão mais tradicionalista, que as vincula unicamente ao catolicismo. A compreensão do conceito de etinicidade perpassa pelas premissas de Fredrik Barth (1976), onde as categorias étnicas são uma "forma de organização social". O Turismo Étnico-Cultural é o víeis que buscamos para minimizar possíveis discriminações promovendo a salvaguarda desse patrimônio cultural. Palavras-chave: Relações Etnicorraciais. Turismo Étnico-Cultural. Folia de Reis II CONINTER – Congresso Internacional Interdisciplinar em Sociais e Humanidades Belo Horizonte, de 8 a 11 de outubro de 2013
  • 2. SINCRETISMO – DINAMISMO CULTURAL CARACTERIZANDO A ETNICIDADE E A RAÇA SOCIAL A presente comunicação é um desdobramento do Projeto “Religiosidade Popular e Turismo Étinico-Cultural: Identificação e registro da Folia de Reis em Nova Friburgo/RJ e suas relações com a Umbanda”, vinculado ao Departamento de Ensino Pesquisa e Extensão do CEFET/RJ, ao Programa de Pós-Graduação em Relações Etnicorraciais do CEFET/RJ, bem como a Graduação em Turismo da mesma instituição. A proposta se configura como uma continuidade do Projeto “Identidade Cultural e Turismo – Uma proposta para as Folias de Reis de Nova Friburgo” realizado durante o ano de 2012 e início de 2013. A nova etapa será realizada ao longo de 2013/2014. Mais que um complemento às demandas definidas no decorrer da primeira etapa do projeto, a nova fase tem duas novas finalidades: I. Compreender como ocorre a relação das Folias de Reis de Nova Friburgo com a Umbanda. II. Estruturar as bases de uma proposta para a implementação do Turismo Étnico-Cultural como um possível meio de sustentabilidade das Folias, junto aos grupos cujo elo com a Umbanda for identificado. As filmagens, bem como as fotografias realizadas durante o andamento do projeto, revelam-se como uma rica fonte de dados, dando apoio ao processo de compreensão da manifestação cultural, ao exemplificar a imaterialidade da cultura local, o saber fazer. Ressalta-se que as variadas formas de divulgação do material coletado servirão para conferir ao projeto maior acessibilidade. Assim sendo, o processo de levantamento das especificidades dos grupos investigados não se furtou apenas à pesquisa realizada em fontes primárias e secundárias, mas incluiu, igualmente, entrevistas, questionários quali-quantitativo, fichas segmentadas para o folião, mestre e palhaço, o que possibilitará a criação de um sítio eletrônico, além da produção em andamento de um documentário. A percepção de que alguns grupos de Folia tinham relação com a Umbanda foi detectada na primeira fase do projeto, cujo objetivo era cadastrar os diferentes grupos de Folias de Reis de Nova Friburgo. Esperava-se, naquele momento, detectar uma religiosidade popular de matriz católica, no entanto, dois dos Grupos de Folias de Reis até então cadastrados apresentam fortes indícios de relação com a Umbanda, religião de matriz afro-brasileira. As duas Folias têm como sede centros de Umbanda, espaços que servem igualmente para a socialização dos integrantes de diferentes grupos de Folia. Dessa forma, o que se pretende é analisar a relação existente entre os Grupos de Folias e a Umbanda, dando especial atenção ao processo de miscigenação que compõem as matrizes étnicas do Brasil e, mais especificamente, de Nova Friburgo.
  • 3. O município, embora celebrado como a Suíça Brasileira devido a presença de colonos suíços e alemães que ali se instalaram no século XIX, possui uma história bem menos pitoresca: a presença de aproximadamente 2.0001 escravos africanos e afro-brasileiros que trabalharam nas lavouras de café da família de Antônio Clemente Pinto, o Barão de Nova Friburgo, - personagem menos conhecido por enriquecer com a especulação de compra e venda de escravos, do que pela construção, por ele financiada, da Estrada de Ferro Leopoldina-Cantagalo. A presença afro-brasileira foi durante muitas décadas relegada a segundo plano pela história oficial do Município. No entanto, as trocas culturais que ocorreram entre portugueses, brasileiros, suíços, alemães, africanos e afro-brasileiros (dentre outros) não podem ser simplesmente negligenciadas. O primeiro problema histórico a ser enfrentado é aquele da predominância suíça em Nova Friburgo. De acordo com o documento da Agenda 21 do Município: O município de Nova Friburgo se estabeleceu em uma área indígena conhecida nos tempos do império como “sertão ocupado por várias nações dos índios brabos”. Os primeiros habitantes nativos da região eram povos das tribos Puri, Puri-Coroado e Guayacaz, que viviam em cabanas simples nas margens dos rios. Os primeiros europeus que chegaram à região foram os portugueses, atraídos pelo cultivo do café, que se expandiu a partir de Cantagalo. Junto com eles, vieram os escravos africanos, que trabalhavam na lavoura e nos serviços caseiros. No atual distrito de Lumiar, em Benfica e em São Pedro da Serra, há evidências culturais de quilombos formados por negros e suas famílias, foragidos das fazendas de Cantagalo e da Baixada Fluminense. (AGENDA 21, 2011) A partir dos conceitos de relações etnicorraciais, associa-se a desmistificação de que a cidade tenha sido constituída somente por europeus - registrando relações interétnicas nas fronteiras que delineiam o município. Para tanto, o projeto trata os signos que revelam o sincretismo religioso constatado nas Folias, com forte presença da religião de matriz afro-brasileira, destoando da visão mais tradicionalista que vincula as Folias unicamente ao catolicismo. Desta forma, o projeto se debruçou nas recentes discussões acerca dos conceitos de raça e etnia. Apesar dos conflitos atuais que giram em torno da denominação do termo raça, que segundo Guimarães (apud SILVA, 2013) “é um conceito que não corresponde a nenhuma 1 “já em 1835, a câmara municipal de nova friburgo informou ao governo provincial que a sua população branca era de pouco mais ou menos 2.800 habitantes e a escrava de 2.000. Em um levantamento realizado pelo império em 1840, a população livre, compreendendo brancos, pardos e negros, era de 2.888 pessoas, aproximadamente. Nesse mesmo ano, a população escrava era de 2.155, correspondendo a quase 43% da população total de 5.043 pessoas, conforme levantamento feito na freguesia de são joão batista. Dessa feita, nova friburgo não era essa ilha que imaginávamos, com predomínio absoluto da população branca. Se formos recorrer aos artigos do código de posturas do início do século XIX, vamos nos deparar com inúmeros artigos regulamentando a circulação dos escravos pela vila. (escravidão em nova friburgo: uma história que merece ser recontada - Janaína Botelho. Disponível em: http://www.avozdaserra.com.br/colunas/34/8540/escravidao-em-nova-friburgo-uma-historia- quemerece-ser-re contada. Acessado em: 01 jul. de 2013.
  • 4. realidade natural (...) que denota tão somente uma forma de classificação social, baseada numa atitude negativa frente a certos grupos sociais”, vale destacar as falas de Schwarcz e Machado (2013) que acreditam: que ao lado das investigações que revelam as falácias de um modelo que usou raça de maneira essencial e ontológica (e por isso gerou a prática de determinismos e racismos políticos de toda ordem), é hora de avaliarmos como o desacreditado conceito, baseado em assertivas biológicas muito ultrapassadas, continua sendo reatualizado e opera socialmente. Se não existem raças – apenas uma, a humana --, no nosso dia a dia raça surge como um potente marcador social de diferença, delimitando hierarquias sociais, culturais e econômicas. (SCHWARCZ E MACHADO, 2013 on line) Nesse contexto, na contemporaneidade não cabe a aplicabilidade do conceito biológico de raça, mas sim de raça social ou etnia que “se coloca a necessidade de se evidenciar as africanidades brasileiras, como produção intelectual e cultural brasileira material e imaterial de origem ou base africana” (LIMA p.38, 2008), vislumbrando-se os desdobramentos imbuídos na construção de um conceito que propõe uma dinâmica histórico-social-cultural. Dinâmica essa que revela as interrelações promovidas no universo cultural entre grupos étnicos “fazedores” da raça social, representada nas relações de códigos e signos que se definem num espaço sem fronteiras, ordenando a interação social dentro e fora do grupo mediados por extremos, que transitam entre o próximo e o distante do autóctone, onde a etnicidade: não é um conjunto intemporal, imutável de ‘traços culturais’ (crenças, valores, símbolos, ritos, regras de conduta, código de polidez, prática de vestuário ou culinária etc), transmitidos da mesma forma de geração para geração na história do grupo, ela provoca ações e reações entre esse grupo e outros em uma organização social que não cessa de evoluir. [...] Teorizar a etnicidade não significa fundar o pluralismo étnico como modelo de organização sociopolítica, mas examinar as modalidades segundo as quais uma visão de mundo “étnica” é tornada pertinente para os atores. (BARTH, 1998, pp.11-18) Nas Folias de Reis são muitos os elementos que permitem compreender os intercâmbios culturais entre diferentes grupos étinicos. Dá-se aqui destaque a figura do Palhaço, personagem tradicional das Folias, que se apresenta mascarado e que pode personificar o Rei Herodes ou seus soldados, o Diabo, o Cão e/ou o Exu da Umbanda, a grosso modo, um espírito menos evoluído, uma entidade, povo de rua ou catiço. Não é incomum os palhaços utilizarem, inclusive, apelidos que remetam explicitamente aos exus. A relação do palhaço com o Exu da Umbanda faz com que certos rituais de proteção/purificação sejam realizados antes do início e ao fim da jornada das Folias. Por meio de movimentos cruzados sobre o corpo do Palhaço, que se encontra ajoelhado e sem máscara, é executado o
  • 5. ritual pelo Mestre da Folia empunhando o símbolo deificado da Bandeira, portadora da imagem do santo de devoção da Folia 2 . Ou seja, o Palhaço denota a complexidade da organização na relação social e comportamental dentro deste espaço sobre a ótica interétnica nas fronteiras porosas do sagrado e profano. Fazendo um paralelo do Palhaço com as palavras de Barth onde a “identificação de outra pessoa como pertencente a um grupo étnico implica compartilhamento de critérios de avaliação e julgamento” (BARTH, 1998, p. 196), observa-se que as trocas e o pertencimento neste mesmo grupo estão sujeitas à aceitações e restrições. Logo, compreende-se que os dois, o sagrado e profano, estão fundamentalmente “jogando o mesmo jogo”. (BARTH, 1998, p.196), ou se identificando por meio da relação de alteridade. Sendo assim, a fronteira étnica também se perfila por meio das diferenças culturais marcadas por interações estáveis e simbióticas entre essas diferenças onde “a persistência de grupos étnicos em contato implica não apenas critérios e sinais de identificação, mas igualmente uma estruturação da interação que permite a persistência das diferenças culturais”. (BARTH, 1998, p. 196) FOLIAS DE REIS, CATOLICISMO E A UMBANDA Atemporal, a Folia de Reis, sinônimo de “religiosidade popular”, está presente em terras brasileiras desde o período colonial, tendo aqui chegado via colonizadores portugueses: Trazida no século 18, pelos portugueses, as Folias remontam aos tempos medievais, as mais antigas menções a elas em língua portuguesa aparecem em autos do dramaturgo Gil Vicente, no início do século 16, como assinala Neide Gomes. ‘A Folia de Reis conta os cinco passos do nascimento de Jesus: a anunciação do anjo Gabriel à Virgem Maria, a revolta de José com a gravidez da mulher, a chegada do casal a Belém da Judeia para o censo dos romanos, a visita dos três reis do Oriente, confirmando a chegada do Messias, e a ida da família para o Egito, fugindo dos soldados de Herodes, que mandara matar os recém-nascidos’, diz a professora, explicando o enredo inspirado no Evangelho de São Mateus. No Brasil, tambores e outras contribuições africanas ampliaram a força da manifestação da religiosidade popular. (NOEL, 2010) Sob o mesmo contexto, o catolicismo, também foi trazido via colonizadores portugueses, tendo presença preponderante “na identidade latino-americana, sem descuidar da emergência do pluralismo cultural e religioso” (JURKEVICS, 2006 p.199) Segundo Jurkevics (2006): 2 Ritual do Palhaço Grupo de Folia de Reis Três Reis Magos, disponível em: <http://youtu.be/YovtcWMSDyA>. Acesso em: 05 de jul. de 2013.
  • 6. A implantação do catolicismo no Brasil refletiu, de um modo geral, as muitas práticas que integravam a cultura religiosa portuguesa [incluindo as folias] marcada por uma tradição medieval. [...] Tratava-se, sobretudo, de um catolicismo piedoso, santoral e festivo, expresso nos exercícios de piedade individual e de comunicação com Deus, quase sempre intermediado por divindades, além da valorização dos aspectos visíveis da fé, através das cerimônias públicas, dos sacramentos, das novenas, das trezenas, das rezas “fortes”, das romarias, das procissões dos santos padroeiros, cheias de alegorias, de que participavam centenas de pessoas, das devoções especiais às almas do purgatório e muitas outras, conforme a região. (JURKEVICS, 2006 p.199) Esse perfil apresentado sugere “que esta religiosidade portuguesa trazida pelos colonizadores não era exatamente marcada por profundas introspecções espirituais uma vez que a maior ênfase recaia nos atos exteriores de culto aos santos, especialmente nos rituais festivos” (JURKEVICS, 2010 p.200) o que denota um dos traços das Folias de Reis em terras brasileiras. Dessa forma, a manifestação se constitui polissêmica entre os seus signos como a música, a dança, as rezas, os ofícios, os saberes, os cânticos entoados, além das alegorias materializadas nas indumentárias dos integrantes e na roupagem do palhaço descrita assim por Mello Moraes Filho: Dessa noite em diante, os cantadores de reis percorrem a cidade cantando versos de memória e de longa data. Esses ranchos compõem-se de moças e rapazes de distinção; de negros e pardos que se extremam, às vezes, e se confundem comumente. Os trajes são simples e iguais: calça, paletó e colete branco, chapéu de palha ornado de fitas estreitas e compridas, muitas flores em torno etc.; as moças, de vestidos bem feitos e alvos, de chapéus de pastoras; precedendo-os na excursão, habilíssimos tocadores de serenatas. (FILHO apud Noel, 2010). A formação da identidade religiosa no Brasil de alguma forma segue a própria proposta do Cristianismo no século XIV na Europa, que era o de “colocar-se ao alcance das massas [recebendo atitudes religiosas espontâneas do povo]” (JURKEVICS, 2006 p.197). Segundo Jurkevics (2006, p.197) “naquele momento, o clero teve que tomar de empréstimo certo número de temas e representações da cultura popular e misturá-los a um conjunto ideológico”. Se num primeiro momento, a Igreja Católica tomava empréstimo de usos da religiosidade popular, hoje o que transparece, são mecanismos para conviver com estas religiosidades populares de forma a não descaracterizar a própria Igreja. Entretanto é revelado aqui o caráter de impasse ao qual a instituição se encontra, pois é impossível aceitar tais práticas em sua plenitude, uma vez que na medida em que aceita, acaba por assumir implicitamente, uma irrelevância na vida dos fiéis, segundo Mendes (2007) que conclui:
  • 7. se a postura desta instituição for a de não aceitar as práticas oriundas do universo popular, sabe-se que perderá muitos fiéis em vários espaços, já que não se trata apenas das Folias de Reis num município específico, mas de inúmeras formas de religiosidade popular existentes ao longo da história e de todo o país (2007, p. 129) No entanto como relata a Jurkevics (2006): Portugueses, nativos e africanos podiam expressar livremente as suas tradições religiosas, praticamente sem nenhum controle, como por exemplo, as danças e os fogos nos festejos de São João, as imagens de santos domésticos e, até mesmo, evocar, no caso dos escravos, suas divindades africanas, ainda que sob nomes católicos. (JURKEVICS, 2006 p.201) Mais uma vez elabora-se um nexo entre o desenvolvimento do catolicismo e das Folias de Reis que chegaram sob o mesmo contexto e também se desenvolveram sob diversas identidades, o que, de alguma forma, caracteriza a sua miscigenação e seu sincretismo. Durante o processo de levantamento realizado no projeto de pesquisa “Identidade Cultural e Turismo: uma proposta para as Folias de Reis em Nova Friburgo/RJ” constatou-se esse sincretismo em dois dos seis Grupos de Folias cadastrados. Representado nas sedes das Folias que alocam um centro espírita, que serve igualmente como espaço de socialização entre os integrantes e outros grupos, ainda que não haja obrigatoriedade dos membros da Folia de frequentarem o terreiro. O espiritismo, em ambos os casos, está associado à Umbanda. Para que se possa compreender acerca da Umbanda, surgindo no final do XIX para o início do XX, como uma religião de “elementos multiculturais que contribuíram para sua construção. Isto é, a bricolagem de estruturas culturais distintas que permitiram o amalgamento religioso das etnias ameríndias, europeias e africana” (OLIVEIRA, 2007 p. 21) que mesclava catolicismo, candomblé e o espiritismo que trazia a “doutrina espírita ou espiritismo [...] por princípio as relações do mundo material com os espíritos ou seres do mundo invisível. Embora Kardec tenha admitido que o pensamento que inaugurara não representava uma ideia nova, podendo ser encontrado, em fragmentos, ‘na maioria dos filósofos da Índia, do Egito e da Grécia’” (STOLL, 2003 apud Oliveira, 2007, p.47). Esse sincretismo revela uma identidade híbrida e plural, não sendo “pura e exclusivamente católica” (MENDES, 2007, p. 107). Pode-se articular que esse “pluralismo de vivências [ora] se completam e ora, transparecem conflito e tensão” (JURKEVICS, 2006 p. 198) a partir do fato de que nas duas Folias de Reis friburguenses que possuem relação estreita com a Umbanda, os integrantes se declaram católicos. Sendo assim, o universo das Folias de Reis pode significar “uma identificação global com a fé católica” (HIGUET, 1984, p. 24 apud MENDES, 2007).
  • 8. A fala de Jurkevics parece complementar a de Mendes, pois se a primeira autora diz que as diversas tradições religiosas, independente do sincretismo existente, eram evocadas sob nomes católicos a segunda tenta justificar esse sentimento de pertencimento com a religião católica, pelos devotos de Santos Reis. Segundo Mendes (2007): Ser católico para estes devotos parece também se constituir de uma identidade embutida em nossos genes. Esta pertença é permitida, sobretudo pela repetição de ritos e liturgias e a apreensão dos códigos morais, como os “Dez Mandamentos”. São estas práticas que levam as pessoas a se identificar como católicas, como se de fato fossem desde sua origem uma marca com a qual o sujeito nasce. (MENDES, 2007 p.109) Logo, assim como Jurkevics que relata esse pluralismo de vivências na formação do “espaço” católico no Brasil, Mendes diz ser importante entender “a identidade dos devotos dos Reis Magos como heterogênea” que se apropriam “de ritos e dogmas de diferentes esferas religiosas para compor uma religiosidade que lhes seja mais acessível e lhes dê o sentimento de maior proteção” ( BRANDÃO, 1986 apud MENDES 2007 p.112). Inicialmente ao projeto de pesquisa imaginava-se que fosse encontrados Grupos de Folias de tradição estritamente católica denotando uma nova visão da mais ‘tradicionalista’ sobre a Folia de Reis, uma vez que o Brasil é um país basicamente constituído por católicos. Segundo o IBGE (2010), apesar de estar ocorrendo um declínio desses devotos, ainda hoje os católicos representam uma parcela significativa da população, ou seja, 64,6% de adeptos. Por sua vez, testemunhou-se o compartilhamento do altar na sede do Grupo de Folia Três Reis Magos em sua festa de arremate, realizada no espaço externo comum ao centro de Umbanda e residência do mestre, que se declara pai-de-santo, onde entre rezas e entoadas da Folia, se encontra não somente os santos católicos de devoção, mas algumas velas bicolores, pretas e vermelhas (Fotografia nº01).
  • 9. Fotografia 1 – Altar preparado para a ladainha na sede da Folia Três Reis Magos À direita a Bandeira ladeada por imagens que remetem ao Nascimento do Menino Jesus e de santos devotos. Sobre a mesa, deitada na parte inferior esquerda, uma vela bicolor que descansa entre duas velas brancas acesas. Fonte: Iconografia do Projeto Identidade Cultural e Turismo: uma proposta para as Folias de Reis de Nova Friburgo. Foto: Adriana Rocha No entanto, o que foi encontrado foram elementos religiosos “que não deveriam necessariamente fazer parte daquele contexto” (MENDES, 2007 p.113) como, por exemplo, um altar com imagens de exus, velas coloridas, alguidar, além de alimentos relacionados à realização de oferendas e rituais, como ovo e a pipoca (Fotografia nº02).
  • 10. Fotografia 2 – Ensaio da Folia Império de Olaria realizado na sede do grupo Foliões a paisana durante ensaio que antecede as saídas em jornada durante o Ciclo Natalino. Ao fundo, imagens e artefatos que compõem a Umbanda. Ao centro, caracterização de ritual com o uso de alguidar, ovos espada, dentre outros elementos, onde usufruir do espaço físico do Centro não implica por parte dos foliões em participar das atividades da Umbanda. Fonte: Iconografia do Projeto Identidade Cultural e Turismo: uma proposta para as Folias de Reis de Nova Friburgo. Foto: Adriana Rocha Esses elementos não se associam ao imaginário que muitos possuem da manifestação popular vinculada ao catolicismo, no entanto, isso acaba por revelar as relações interétnicas ao qual a manifestação esta embutida, bem como sua complexidade em suas fronteiras espaciais. Paralelamente, na sede da Império de Olaria, que também abriga um centro de Umbanda, observou-se na Festa de Arremate realizada para o encerramento do ciclo festivo da Grupo, que as comemorações igualmente se limitam as fronteiras da área externa do centro. Toda a comemoração foi liderada pelo dono e ex-mestre da Folia. Bastante significativo, o momento foi registrado nas dependências da Folia quando toda a parte litúrgica é realizada por um dos donos do grupo de Folia, Sr. Carlos Luis Gonçalves, que apesar de se declarar católico é pai-de-santo e profere toda a ladainha em latim seguindo um livreto que há décadas faz parte das celebrações religiosas do grupo (Fotografia nº 03).
  • 11. Fotografia 3 – Ladainha realizada durante a Festa de Arremate da Império de Olaria Na parte superior à esquerda um quadro de recados informando os procedimentos para a consulta com Pai Carlos do Omolú3, que é o mesmo que profere a liturgia durante a ladainha na Festa da Arremate da Império de Olaria. É a caracterização do sincretismo. Fonte: Iconografia do Projeto Identidade Cultural e Turismo: uma proposta para as Folias de Reis de Nova Friburgo. Foto: Adriana Rocha Todavia, não se constatou, no decorrer das festividades, da interação entre os participantes com a prática da Umbanda, ainda que em alguns casos, tais representações permaneçam ao alcance dos olhos de todos. Desta forma, ressalta Mendes que: 3 O orixá Omulú guarda para Olorum todos os espíritos que fraquejaram durante sua jornada carnal e entregaram-se à vivenciação de seus vícios emocionais. [...]O culto a Tatá Omulú surgiu entre os negros levados como escravos ao antigo Egito, que o identificaram como um orixá e o adaptaram às suas culturas e religiões. Com o tempo, ele foi, a partir desse sincretismo, assumindo sua forma definitiva, até que alcançou o grau de divindade ligada à morte, à medicina e às doenças. Divindades: Omulú; Linha: Aquática; Pedra: Ônix preto; Irradiação: Geração; Vela/Cor: Roxa, Branca, Preta e Vermelha; Sincretismo: São Roque; Saudação: Atotô!; Ponto de Força: Campo santo. Disponível em: <http://www.luzdourada.org.br/wordpress/index.php/orixas/omulu/>. Acessado em 18 de jul 2013.
  • 12. Contudo, o trânsito religioso dos devotos dos Reis Magos de Três Lagoas não chega a descaracterizar sua identificação com o catolicismo. O que notamos é que estes percursos deixam os devotos em espécie de entre-lugar, “esses entre-lugares fornecem o terreno para a elaboração de estratégias de subjetivação- singular ou coletiva- que dão inicio a novos signos de identidades e postos inovadores de colaboração e contestação” (BHABHA, 1998, p. 20). Isso nos leva a entender que nesses trânsitos religiosos, os devotos deixam um pouco de si e recebem também em troca diversos aspectos que lhes ajudam a (re)inventar seu universo religioso. São esses aspectos que remetem as afirmativas de que a cultura popular não é fossilizada, pois está em constante re-elaboração a partir de seu contato com o mundo. (MENDES, 2007, p. 116) Além das relações interétnicas, outros fatores são muito importantes para o entendimento do grupo de pesquisadores acerca da complexidade da manifestação. Pode-se destacar a sua história, a sua miscigenação composta pelas diversas matrizes étnicas que compõem o Brasil e o próprio município de Nova Friburgo, bem como, do próprio entendimento dos integrantes acerca da manifestação, que não raro, é vista por alguns integrantes como folclore. Segundo Goltara (2010, p.12) essa compreensão dos foliões sobre a manifestação gera “uma dicotomia entre devoção e apresentação”, onde a devoção está ligada ao alto grau de religiosidade que se mantém no período do ciclo de Reis, sendo intrinsicamente relacionado a força, e a apresentação parte do entendimento dos turistas acerca da manifestação “apenas como folclore” (GOLTARA, 2010 p. 12), ainda assim, “as mesmas características diferencias podem mudar de significação no decorrer da história do grupo; e diversas características podem suceder-se adquirindo a mesma significação” (BARTH, 1998, p.11). TURISMO ÉTNICO-CULTURAL UMA OPORTUNIDADE PARA AS FOLIAS DE REIS Mediante a interpretação da dicotomia devoção-apresentação, a compreensão sobre o conceito de Cultura delineou o modo como a Folia de Reis é pensada pelos pesquisadores: não como folclore – ainda que forjado na simplicidade e na prática cotidiana, num continuo processo de (re)construção que avança barreiras e se furta da oralidade como ferramenta de transmissão de signos - ou cultura popular - um organismo holístico - mas como uma manifestação cultural complexa, ou seja, um trânsito entre os dois conceitos que possibilita novos desdobramentos, cujo centro focal é a (re)criação e a interrelação entre os indivíduos, de modo que tal sinergia não anula um ao outro e sim, os complementam, por meio de “circularidade cultural” (MENDES, 2007) numa “rede sem limites” (Vianna, 1999, p.7) onde: A garotada quer ser palhaço de folia porque os grupos de palhaços se ligaram às galeras dos bailes, e nas suas "fardas" de palhaço acabaram entrando
  • 13. símbolos da Nike, Adidas, fotos retiradas da capa do último Iron Maiden e até uma folha estilizada de maconha, bem ao estilo da família Hemp. Sacrilégio? Traição? Acho difícil que, a essa altura do campeonato, pela "identidade brasileira", alguém ainda coloque as coisas nesses termos. (VIANNA, 1999) A cultura, portanto, deve ser compreendida não como um ‘bem’ a ser “embalsamado e mumificado”, mas sim como algo vivo e dinâmico que se propõe como um “recurso econômico”, tal como preconizado nas Normas de Quito: “Trata-se de incorporar a um potencial econômico um valor atual, de por em produtividade uma riqueza inexplorada, mediante um processo de revalorização que, longe de diminuir sua significação, puramente, histórica ou artística, a enriquece [...]”. (OEA, 2000, p.111). Compreende-se que a cultura é arcabouço da atividade turística. Sendo assim, a via que se acredita ser mais frutífera para este propósito é a do Turismo Étnico-Cultural. No entanto, ilutra-se com a fala de Goltara (2007) uma barreira a ser reconduzida, onde o mesmo considera que há um esforço por parte dos encontros de Folia e apresentações públicas em “ocultar o vínculo das folias de reis a espiritualidade da Umbanda” (GOLTARA, 2007 p. 97), ou seja, o não reconhecimento da existência das relações interétnicas. Todavia, se bem pensado,o Turismo Étnico-Cultural pode ser um modo privilegiado de promover a valorização das “cerimônias e preservar seu conteúdo religioso” (JURKEVICS, 2007 p.78), ou seja, investir nas manifestações sem ser “desligado da espiritualidade” (GOLTARA, 2007 p. 12) Por conseguinte, o Ministério do Turismo – Mtur salienta que: Vale lembrar que as políticas públicas de turismo, incluindo a segmentação do turismo, têm com a função primordial a redução da pobreza e a inclusão social. Para tanto, é necessário o esforço coletivo para diversificar e interiorizar o turismo no Brasil, com o objetivo de promover o aumento do consumo dos produtos turísticos no mercado nacional e inseri-los no mercado internacional, contribuindo, efetivamente, para melhorar as condições de vida no País. (MTUR, 2010, p. 7) Mesmo que ainda muito incipiente no município, acredita-se nas oportunidades que esse “braço” do Turismo Cultural possa favorecer a região. Quando guardadas as devidas proporções, considera-se que: O Turismo Cultural [irá] implicar em experiências positivas do visitante com o patrimônio histórico e cultural e determinados eventos culturais, de modo a favorecer a percepção de seus sentidos e contribuir para sua preservação. Vivenciar significa sentir, captar a essência, e isso se concretiza em duas formas de relação do turista com a cultura ou algum aspecto cultural: a primeira refere-se às formas de interação para conhecer, interpretar, compreender e valorizar aquilo que é o objeto da visita; a segunda corresponde às atividades que propiciam experiências participativas, contemplativas e de entretenimento, que ocorrem em função do atrativo motivador da visita. (MTUR, 2010 p.16)
  • 14. Entende-se o Turismo Étnico-Cultural como um desdobramento do Turismo Cultural uma vez que o MTur o define como uma “atividade turística destinada a favorecer a criação de correntes turísticas específicas para conhecer, conviver e integrar-se com as diferentes etnias formadoras da ‘raça’ 4 brasileira”, (MTUR, 2010 p. 33) (grifo nosso), onde se pode constatar em publicação do MTur: Quadro 1 – Exemplos de atividades que podem ser realizadas no âmbito do Turismo Cultural: Atividade: Visitas a comunidades tradicionais e/ou étnicas; Descrição: Visitas a comunidades tradicionais ou grupos étnicos (comunidades representativas dos processos imigratórios europeus e asiáticos, comunidades indígenas, quilombolas e outros grupos sociais que preservam seus legados étnicos como valores norteadores de seu modo de vida, saberes e fazeres), que permite a interação ou acompanhamento de atividades cotidianas ou eventos tradicionais de comunidades locais. [...] (MTUR, 2010, p. 33) Multifacetada, as etnicidades sinalizadas na gastronomia, nos rituais, nos artefatos, ofícios, danças, ritmos e cantos, encontros, entre outros se materializam por meio do sincretismo religioso e corroboram para um vasto campo a ser explorado mediante o viés do Turismo Étnico-Cultural. Essa multiculturalidade pode representar uma forma de contribuição para a salvaguarda desse patrimônio cultural imaterial desde que ações adequadas e sustentáveis sejam implementadas. CONCLUSÃO O sincretismo que permeia a religiosidade popular na Folia de Reis estreita os laços de fé em uma linha tênue entre espaço privado e o público, ultrapassando a barreira espaço-temporal. Em busca da perpetuação desta cultura movida pela fé através de símbolos e linguagem universal protegidos pela doutrina da Bandeira que a conduz em um caminho de “promessa” e “bênçãos” lê-se signos que permeiam as diferenças culturais marcadas por interação estáveis e simbióticas determinado critérios e sinais de identificação que se desdobram em interação e permissiva “persistência das diferenças culturais” (BARTH, 1998, p. 196) Portanto, os traços percebidos da Umbanda em meio aos Grupos de Folia de Reis de Nova Friburgo denotam uma vasta diversidade cultural no município que é formada sob a égide de diversas etnias, onde os Grupos de Folia tornam-se uma referência importante não 4 Em tempo, os autores corroboram com os apontamentos de Franz Boas que vem complementar as questões debatidas acerca da raça social “concluiu que a diferença fundamental entre os grupos humanos era de ordem cultural e não racial ou determinada pelo ambiente físico. Sendo assim, defendia que, ao estudar os costumes particulares de uma determinada comunidade, o pesquisador deveria buscar explicações no contexto cultural e na reconstrução da origem e da história daquela comunidade. Decorre dessa constatação o reconhecimento da existência de culturas, no plural, e não de uma cultura universal”, ou seja, da diversidade em si. (BOAS apud CANEDO, 2009, p.4)
  • 15. só como um dos elementos formadores da identidade local, bem como um atrativo turístico, desde que se implemente ações adequadas e sustentáveis mediante a prática do Turismo Étinco-Cultural, que se vislumbra como mais um gerador de renda e inclusão social dos Grupos e das comunidades. Espera-se com o projeto contribuir e despertar interesses sob a ótica do Turismo Étnico-Cultural da manifestação e suas inter-relações no município, abrindo portas para novas investigações e questionamentos. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA Aguiar, G. 2012. Registro audiovisual da Festa de Arremate do Grupo de Folia de Reis Três Reis Magos – Ritual do Palhaço [Online]. Disponível em: http://youtu.be/YovtcWMSDyA. [Acesso em: 05 de jul. de 2013]. Bhabha, Z. 1998. O local da cultura. Belo Horizonte. Ed. da UFMG. In: Mendes, L. A. S. 2007. As folias de Reis em Três Lagoas: a circularidade cultural na religiosidade popular dourado. UFGD. Dourados, MS. Dissertação, 141 p. Barth, F. 1998. Grupos étnicos e suas Fronteiras In: Poutgnat, P. Teorias da Etnicidade. São Paulo; Fundação Editora da UNESP. Belei, R. A. et al. 2008. O uso de entrevista, observação e videogravação em pesquisa qualitativa. Cadernos de Educação, FaE/PPGE/UFPel Pelotas, 30, 187 – 199. Botelho, J. 2012. Escravidão em Nova Friburgo: uma história que merece ser recontada. [online]. Disponível em: http://www.avozdaserra.com.br/colunas/34/8540/escravidao-em-nova -friburgo-uma- historia-que-merece-ser-recontada [Acesso em: 01 jul. de 2013]. Brandão, C. R. 1986. Os deuses do povo: um estudo sobre a religião popular. São Paulo: Brasilense, 2a Ed. In: Mendes, L. A. S. 2007. As folias de Reis em Três Lagoas: a circularidade cultural na religiosidade popular dourado. UFGD. Dourados, MS. Dissertação, 141 p. Canedo, D. 2009. Cultura é o quê? Reflexões sobre o conceito de cultura e a atuação dos poderes públicos [Online]. Disponível em: www.cult.ufba.br/enecult2009/19353.pdf. [Acesso em: 07 abr. de 2013]. Doutrina Umbandista. 2009. Templo da Luz Dourada. Pai Omulu. [Online]. Disponível em: <http://www.luzdourada.org.br/wordpress/index.php/orixas/omulu/>. [Acessado em 18 de jul 2013]. Dutra, A. R., Sanches, D. B., Emerich, L. M. S. 2012. Identidade cultural e turismo – uma proposta para as Folias de Reis de Nova Friburgo/RJ [Online]. Disponível em: http://eventos.uepg.br/ojs2/index.php/conexao/article/view/4556. [Acessado em 04 de mar. de 2013]. Goltara, D. B. 2007. Santos Guerreiros: As jornadas das Folias de Reis encantadas do sul do Espírito Santo [Online]. Disponível em: http://musicaecultura.abetmusica.org.br/artigos-04/MeC04-Goltara-santos-guerreiros.pdf. [Acessado em: 14 de mar. de 2013].
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  • 17. Turismo, Ministério do, 2010. Turismo Cultural: orientações básicas. Ministério do Turismo, Secretaria Nacional de Políticas de Turismo, Departamento de Estruturação, Articulação e Ordenamento Turístico, Coordenação-Geral de Segmentação. – 3. Ed, 96 p. Turismo, M. Dados e Fatos: Espaço Acadêmico, turismo nacional [Online]. Disponível em: http://www.dadosefatos.turismo.gov.br/dadosefatos/espaco_academico/ glossario/detalhe /T.html. [Acessado em: 20 mar de 2013]. Vianna, H. 1999. A circulação da brincadeira. Caderno Mais!, Folha de São Paulo, p. 7. Vilar, D. 2004. Uma abordagem crítica do conceito de “etnicidade” na obra de Fredrik Barth [Online]. Tradução: Sérgio Paulo Benevides. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/mana/v10n1/a06v10n1.pdf [Acessado em: 18 de jun. de 2013].