A Revolução Francesa ocorreu entre 1789 e 1799, alterando a estrutura política e social da França. Aboliu privilégios feudais e proclamou os princípios de liberdade, igualdade e fraternidade. Após períodos de assembleias, terror jacobino e diretório, Napoleão Bonaparte estabeleceu o consulado em 1799, marcando o fim da revolução.
2. REVOLUÇÃO FRANCESA
Revolução Francesa é o nome dado ao conjunto de
acontecimentos que, entre 5 de maio de 1789 e 9 de
novembro de 1799, alteraram o quadro político e social
da França. Ela começa com a convocação dos Estados
Gerais e a Queda da Bastilha e se encerra com o golpe de
estado do 18 de brumário de Napoleão Bonaparte.
A Revolução é considerada como o acontecimento que
deu início à Idade Contemporânea. Aboliu a servidão e
os direitos feudais e proclamou os princípios universais
de "Liberdade, Igualdade e Fraternidade" frase de autoria
de Jean-Jacques Rousseau. Para a França, abriu-se em
1789 o longo período de convulsões políticas do século
XIX, fazendo-a passar por várias repúblicas, uma
ditadura, uma monarquia constitucional e dois impérios.
3. ANTECEDENTES
A França tomada pelo Antigo Regime era um grande edifício
construído por cinqüenta gerações, por mais de quinhentos anos. As
suas fundações mais antigas e mais profundas eram obras da Igreja,
estabelecidas durante mil e trezentos anos.
Com a exceção da nobreza rural, a riqueza das restantes classes
sociais na França tinha crescido imensamente nas últimas décadas.
O crescimento da indústria era notável. No Norte e no Centro, havia
uma metalurgia moderna em Lyon havia sedas; em Rouen e em
Mulhouse havia algodão; na Lorraine havia o ferro e o sal; havia
lanifícios em Castres, Sedan, Abbeville e Elbeuf; em Marselha havia
sabão; em Paris havia mobiliário, tanoaria e as indústrias de luxo,
etc..
Desde a morte do rei Luís XIV, o comércio com o exterior tinha
mais do que quadruplicado. Em 1788, eram 1,061 milhões de livres,
um valor que só se voltará a verificar depois de 1848. Os grandes
portos, como Marselha, Bordéus, Nantes, floresciam como grandes
centros cosmopolitas. O comércio interior seguia uma ascensão
paralela.
4. CAUSAS
As causas da revolução francesa são remotas e imediatas.
Entre as do primeiro grupo, há de considerar que
a França passava por um período de crise financeira. A
participação francesa na Guerra da Independência dos Estados
Unidos da América, a participação (e derrota) na Guerra dos
Sete Anos, os elevados custos da Corte de Luís XVI, tinham
deixado as finanças do país em mau estado.
Os chamados Privilegiados estavam isentos de impostos, e
apenas uma ordem sustentava o país, deixando obviamente a
balança comercial negativa ante os elevados custos das
sucessivas guerras, altos encargos públicos e os supérfluos
gastos da corte do rei Luís XVI.
O rei Luís XVI acaba por convidar o Conde Turgot para gerir
os destinos do país como ministro e implementar profundas
reformas sociais e econômicas.
5. A REVOLUÇÃO
O período da Assembléia Constituinte decorre de 9 de
julho de 1789 a 30 de setembro de 1791. As primeiras ações dos
revolucionários deram-se quando, em 17 de junho, a reunião do
Terceiro Estado se proclamou "Assembléia Nacional" e, pouco
depois, "Assembléia Nacional Constituinte".
O período da Assembléia Legislativa decorre de 8 de
outubro de 1791, quando se dá a primeira reunião da Assembléia
Legislativa, até aos massacres de 2 a 7 de setembro do ano
seguinte. Sucedem-se os motins de Paris provocados pela fome; a
França declara guerra à Áustria; dá-se o ataque ao Palácio das
Tulherias; a família real é presa, e começam as revoltas
monárquicas na Bretanha, Vendeia e Delfinado.
A Revolução Francesa semeou uma nova ideologia na Europa,
conduziu a guerras, acabando por ser derrotada pela instalação do
Império e, depois da derrota de Napoleão Bonaparte, pelo retorno
a uma Monarquia na qual o rei Luís XVIII vai outorgar uma Carta
Constitucional.
6. A ASSEMBLÉIA CONSTITUINTE
Os deputados dos três estados eram unânimes em um ponto:
desejavam limitar o poder real, à semelhança do que se
passava na vizinha Inglaterra e que igualmente tinha sido
assegurado pelos norte-americanos nas suas constituições.
O clero e a nobreza tentaram diversas manobras para conter o
ímpeto reformista do Terceiro Estado, cujos representantes
comparecem à Assembléia apresentando as reclamações do
povo.
A partir de então, a revolução estendeu-se ao campo, com
maior violência: os camponeses saquearam as propriedades
feudais, invadiram e queimaram os castelos e cartórios, para
destruir os títulos de propriedade das terras. Temendo o
radicalismo, na noite de 4 de agosto, a Assembléia Nacional
Constituinte aprovou a abolição dos direitos feudais,
gradualmente e mediante amortização, além de as terras da
Igreja haverem sido confiscadas. Daí por diante, a igualdade
jurídica seria a regra.
7. A ELABORAÇÃO DE UMA CONSTITUIÇÃO
A Assembléia Nacional Constituinte aprovou a legislação, pela
qual era abolido o regime feudal e senhorial e suprimido
o dízimo. Outras leis proibiram a venda de cargos públicos e a
isenção tributária das camadas privilegiadas. E, para dar
continuidade ao trabalho, decidiu pela elaboração de
uma Constituição.
O nascimento, a tradição e o sangue já não podiam continuar a
ser os únicos critérios utilizados para distinguir socialmente os
homens. Na prática, tais critérios foram substituídos
pelo dinheiro e pela propriedade, que, a partir daí, passam a
garantir a seus detentores prestígio social.
No palácio real, conspirava-se abertamente. O rei, a rainha, seus
conselheiros, os embaixadores da Áustria e da Prússia eram os
principais nomes de tal conspiração. A Áustria e a Prússia,
países absolutistas, invadiram a França, que foi derrotada porque
oficiais ligados à nobreza permitiram o malogro do exército
francês. Denunciou-se a traição na Assembléia.
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9. A QUEDA DA MONARQUIA
Os emigrados buscavam apoio externo para restaurar o Estado
absoluto. As vizinhas potências absolutistas apoiavam esses
movimentos, pois temiam a irradiação das idéias
revolucionárias francesas para seus países.
Diante da aproximação dos exércitos coligados estrangeiros,
formaram-se por toda a França batalhões de voluntários.
O povo, entre o pânico e o rancor, responsabiliza os inimigos
internos pela situação. Entre 2 e 6 de setembro de 1792, são
massacrados os padres refratários, os suspeitos de atividades
contra-revolucionárias e os presos de delito comum das
prisões de Paris.
Em 20 de setembro aconteceu aquilo que parecia impossível:
as tropas revolucionárias, famintas, mal vestidas, mas
alimentadas por seus ideais, derrotaram, ao som
da Marselhesa a coligação anti-francesa na Batalha de Valmy.
10. REPÚBLICA JACOBINA
Os jacobinos, com apoio dos sans-culottes e da Comuna de
Paris , assumiram o poder no momento crítico da Revolução.
A Convenção reconheceu a existência do Ser Supremo e da
imortalidade da alma. A virtudeseria o elemento essencial da
República.
No departamento de Vendéia, no oeste da França, camponeses
contra-revolucionários, instigados pela Igreja, pela nobreza e
pelos ingleses, tomaram o poder.
A Contra-Revolução Camponesa da Vendéia e a ameaça
externa colocavam a revolução à beira do abismo. Para
combater essa situação, os jacobinos organizaram os comitês,
cujos objetivos eram controlar o governo, combater os contra-
revolucionários e mobilizar a França para uma guerra total em
defesa da revolução.
11. Os jornais populares utilizavam-se de linguagem grosseira
para caracterizar os aristocratas e inimigos da revolução. Ao
mesmo tempo em que pediam que fossem punidos, pregavam
as virtudes revolucionárias, o patriotismo e a defesa
intransigente da revolução. O mais importante desses jornais
era O amigo do povo, dirigido pelo jacobino Marat.
Tinha início o Grande Terror, Terror Jacobino ou,
simplesmente, Terror. Milhares de pessoas — a ex-rainha
Maria Antonieta, o químico Antoine Lavoisier (considerado o
criador da Química moderna), aristocratas, clérigos,
girondinos, especuladores, inimigos reais ou presumidos da
revolução — foram detidas, julgadas sumariamente e
guilhotinadas. Os direitos individuais foram suspensos e,
diariamente, realizavam-se, sob aplausos populares, execuções
públicas e em massa. O líder jacobino Robespierre,
sancionando as execuções sumárias, anunciara que a França
não necessitava de juízes, mas de mais guilhotinas. O
resultado foi a condenação à morte de 35 mil a 40 mil pessoas.
A Insurreição camponesa da Vendéia foi esmagada. O exército
francês começou a ganhar terreno nos campos de batalha
em 1794 e a coalizão antifrancesa foi derrotada.
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13. REAÇÃO TERMIDORIANA
Muitos girondinos que sobreviveram ao Terror, aliados
aos deputados da planície, articularam um golpe.
Era o golpe de 9 Termidor, que marcou a queda da
pequena burguesia jacobina e a volta da grande burguesia
girondina ao poder. O movimento popular entrou em
franca decadência.
A Convenção Termidoriana (1794-1795) foi curta, mas
permitiu a reativação do projeto político burguês com a
anulação de várias decisões montanhesas, como a Lei do
Preço Máximo (congelamento da economia) e o
encerramento da supremacia da Junta de Salvação
Pública.
14. NAPOLEÃO BONAPARTE NO PODER
O governo não era respeitado pelas outras camadas sociais. Os
burgueses mais lúcidos e influentes perceberam que com o
Diretório não teriam condição de resistir aos inimigos
externos e internos e manter o poder. Eles acreditavam na
necessidade de uma ditadura militar, uma espada salvadora,
para manter a ordem, a paz, o poder e os lucros.
A figura que sobressai no fim do período é a de Napoleão
Bonaparte.
Após um breve período de entusiasmo pelos jacobinos,
chegando até mesmo a ser amigo dos familiares de
Robespierre, afastou-se deles quando estavam sendo depostos.
Lutou na Revolução contra os países absolutistas que
invadiram a França e foi responsável pelo sufocamento do
golpe de 1795.
15. Enviado ao Egito para tentar interferir nos negócios do
império inglês, o exército de Napoleão foi cercado pela
marinha britânica nesse país, então sobre tutela inglesa.
Napoleão abandonou seus soldados e, com alguns
generais fiéis, retornou à França, onde, com apoio de
dois diretores e de toda a grande burguesia, suprimiu o
Diretório e instaurou o Consulado, dando início ao
período napoleônico em 18 de brumário (10 de
novembro de 1799).
O Consulado era representado por três elementos:
Napoleão, o abade Sieyès e Roger Ducos. Na realidade o
poder concentrou-se nas mãos de Napoleão, que ajudou a
consolidar as conquistas burguesas da Revolução.