Este documento apresenta o escritor Simões Lopes Neto e suas obras mais importantes, com foco nos Contos Gauchescos. A narrativa introduz o personagem Blau Nunes, um vaqueano que serve como narrador e guia do leitor através de histórias que retratam valores, paisagens e personagens do Rio Grande do Sul do passado.
3. Obras
• Cancioneiro Guasca (1910)
• Contos Gauchescos (1912)
• Lendas do Sul (1913)
• Casos do Romualdo (escrito em 1914, mas
publicado pela primeira vez em 1952)
5. Patrício, apresento-te Blau, o vaqueano.
Eu tenho cruzado o nosso Estado em
caprichoso ziguezigue. Já senti a ardentia das areias
desoladas do litoral; já me recreei nas encantadoras
ilhas da lagoa Mirim; fatiguei-me na extensão da
coxilha de Santana; molhei as mãos no soberbo
Uruguai; tive o estremecimento do medo nas
ásperas penedias do Caverá...
6. Genuíno tipo — crioulo — rio-grandense (hoje tão
modificado), era Blau o guasca sadio, a um tempo leal e
ingênuo, impulsivo na alegria e na temeridade, precavido,
perspicaz, sóbrio e infatigável; e dotado de uma memória de
rara nitidez brilhando através de imaginosa e encantadora
loquacidade servida e floreada pelo vivo e pitoresco dialeto
gauchesco.
(...) entre o Blau — moço, militar — e o Blau — velho,
paisano —, ficou estendida uma longa estrada semeada de
recordações — casos, dizia —, que de vez em quando o
vaqueano recontava, como quem estende, ao sol, para
arejar, roupas guardadas ao fundo de uma arca.
10. “DUELO DE FARRAPOS”
Já um ror de vezes tenho dito — e provo — que fui ordenança
do meu general Bento Gonçalves.
(...)
Tenho que contar pelo miúdo, pra se entender bem. Em agosto
de 42, o general, que era o presidente da República Rio-Grandense —
vancê desculpe… estou velho, mas inté hoje, quando falo na República
dos Farrapos, tiro o meu chapéu!... — o general fez um papel, que
chamavam-lhe — decreto — mandando ordens pr’uma eleição grande,
para deputados; estes tais é que iam combinar as leis novas e cuidar de
outras cousas que andavam meio à matroca, por causa da guerra.
11. • 1ª pessoa (Exceção: Batendo orelha)
• Fluxo narrativo – memória e fala
• Parcialidade narrativa
13. “O ANJO DA VITÓRIA”
Foi depois da batalha de Ituzaingo, no passo do
Rosário, pra lá de São Gabriel, do outro lado do
banhado de Inhatium. Vancê não sabe o que inhatium?
É mosquito: bem posto nome!
Banhado de Inhatium... Virge,, Nossa Senhora!...
Mosquito, aí, fumaceia, no ar!
Eu era gurizote: teria, o muito, uns dez anos; e
andava na companha do meu padrinho, que era capitão,
para carregar os peçuelos e os avios do chimarrão.
14. • Trata-se de um diálogo porque a
narração de Blau é dirigida a um
ou mais interlocutores.
18. “NO MANANTIAL”
Descrição de paisagem
Está vendo aquele umbu, lá embaixo, à direita do
coxilhão?
(...)
Mais pra baixo, como umas três quadras, há uns olhos-
d’água, minando das pedras, e logo adiante uns coqueiros;
depois pega um cordão de araçazeiros.
19. “O NEGRO BONIFÁCIO”
Descrição de personagem
Face cor de pêssego maduro; os dentes
brancos e lustrosos como dente de cachorro novo;
e os lábios da morocha deviam ser macios como
treval, doces como mirim, frescos como polpa de
guabiju...
21. Valores
• Ótica do homem do povo
• Coragem e honra
• “Jerivá torto não dá ripa”
• Homem do campo superior ao homem da cidade
• Gaúcho superior ao estrangeiro
• Machismo