SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 3
Baixar para ler offline
Bom Jesus Joana d’Arc
                                                             Prof. Edi Morales Pinheiro Junior - Química




       O derramamento de petróleo no Golfo do México é grave. Mas quão grave ele é?
Alguns especialistas foram rápidos ao prever o apocalipse, projetando imagens cruéis
com 1.600 quilômetros de águas irreparáveis e praias em risco, pesca prejudicada por
várias temporadas, espécies frágeis extintas e uma indústria economicamente arrasada
por anos.
       O presidente Barack Obama chamou o vazamento de "um possível desastre
ambiental sem precedentes”. E alguns cientistas previram que o petróleo poderá se
prender na correnteza do golfo, levando a destruição para a Costa Atlântica. Ainda sim a
explosão da plataforma de águas profundas não é sem precedentes, nem é o pior
acidente de petróleo da história. Seu impacto final dependerá de uma lista de variáveis,
que incluem o clima, correntes oceânicas, as propriedades do petróleo e o sucesso ou
fracasso dos esforços para estancar o fluxo.
Tragédias - Como disse um especialista, é primeira batalha desta guerra.
Ninguém sabe quem vai vencer no final. O poço, do qual vazam sem parar
cerca de 800.000 litros de petróleo por dia, poderia continuar aberto por anos
e mesmo assim não chegaria nem perto dos 136 bilhões de litros de petróleo
derramados pelas forças do Iraque quando deixaram o Kuwait em 1991. Não
chega nem perto da magnitude do Ixtoc I, que explodiu na baía de
Campeche, no México, em 1979, e espalhou por volta de 500 milhões de
litros de petróleo antes que o poço fosse controlado.
      Terá que ficar muito pior até alcançar o impacto do acidente do petroleiro Exxon
Valdez em 1989, que contaminou 2.000 quilômetros de um intocado litoral e matou
milhares de aves marinhas, lontras e focas, além de 250 águias e 22 orcas.
      Ninguém, nem mesmo os advogados das indústrias de petróleo, está defendendo o
acidente. A área contaminada do golfo continua aumentando e já foi encontrado petróleo
em algumas áreas pantanosas na ponta da Louisiana. As praias e os arrecifes das ilhas
de Flórida correm perigo se o óleo entrar na correnteza do golfo.
Esperança - Na segunda-feira, porém, o vento estava levando o petróleo
para a direção contrária, para longe da correnteza. Os piores efeitos do
vazamento ainda estão para acontecer. E se os esforços para conter o
petróleo tiverem pelo menos um pouco de sucesso e o clima cooperar, o pior
poderá ser evitado. "Até agora o que as pessoas estão temendo ainda não
se concretizou", disse Edward B. Overton, professor de ciência ambiental da
Faculdade do Estado de Louisiana e perito em vazamentos de petróleo.
"Acham que será como o Exxon Valdez. Eu não imagino essa gravidade aqui
a não ser que as coisas piorem muito.”
     Overton disse ter esperança que os esforços da British Petroleum para colocar
tampas de concreto na boca do poço danificado vai funcionar, embora tenha dito se tratar
de uma missão complicada e que poderia até piorar as coisas se danificar outros canos
submarinos.
       "O céu não está desabando", disse Quenton R. Dokken, biólogo marinho e diretor
executivo da Fundação Golfo do México, um grupo de conservação em Corpus Christi,
Texas. "Nós com certeza caímos em um buraco e teremos que lutar para sair dele, mas
isso não significa que é o fim do Golfo do México."
       Engenheiros falaram que o tipo de petróleo que sai do poço é mais leve que o
grosso espalhado pelo Exxon Valdez, evapora com mais rapidez pela superfície e é mais
fácil de queimar. Também aparenta responder melhor ao uso de dispersantes, que
ajudam a reduzi-lo. Ainda sim o petróleo continua capaz de causa danos significativos,
principalmente quando se funde com a água e forma uma espécie de mousse que flutua e
pode percorrer longas distâncias.
Estrago - Jacqueline Savitz, cientista sênior da Oceana, um grupo ambiental
sem fins lucrativos, disse que grande parte do estrago já está se espalhando
para longe do litoral e fora da vista da vigilância aeronáutica e dos navios de
pesquisa. "Algumas pessoas estão dizendo que, como ainda não atingiu a
costa, está tudo bem", ela diz. "Mas muitos animais vivem no oceano, e um
vazamento deste é prejudicial assim que atinge a água. Colocaram em risco
as tartarugas marinhas, camarões, caranguejos e as ostras. Muitas dessas
espécies já estão sendo atacadas há dez dias. Nós estamos esperando para
ver como é grave quando chegar ao litoral, mas nunca saberemos os
verdadeiros impactos no oceano.”
        O impacto econômico é tão incerto quanto os danos ambientais. Com milhões de
galões na água, alguns especialistas preveem um grande dano à economia. Especialistas
no Instituto de Pesquisa Harte para Estudos do Golfo do México em Corpus Christi, por
exemplo, estimam que 1,6 bilhão de dólares da economia anual - incluindo o turismo,
pesca e outros - estão em risco. "E essa é só a ponta do iceberg", diz David Yoskowitz, do
Instituto de Economia Social. "Ainda é cedo e existem muitas chances de ocorrerem
impactos negativos."
Até quando? - O golfo não é um ambiente primitivo e já sobreviveu a
problemas crônicos e agudos de poluição anteriormente. Refinarias e
indústrias químicas que cruzam a costa do México até o Mississipi derramam
incontáveis litros de poluentes na água.
       Após o derramamento do Ixtox a 31 anos atrás, o segundo maior da história, o
golfo ricocheteou. Em três dias houve um pequeno rastro do vazamento fora da costa
mexicana, agravado por um acidente com um petroleiro no golfo poucos meses depois,
que liberou quase 10 milhões de litros, segundo especialistas. "O golfo é tremendamente
vivo", disse Dokken. "Mas nós sempre temos que nos perguntar o quanto podemos
aguentar de desastres como esse e nos recuperarmos. Como cientista, preciso
reconhecer que simplesmente não sei."
Disponível em: <http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/qual-gravidade-vazamento-petroleo-golfo-mexico>. Acesso em: 15 de ago. 2010.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Problemas e soluções nas áreas costeiras
Problemas e soluções nas áreas costeirasProblemas e soluções nas áreas costeiras
Problemas e soluções nas áreas costeirasjpeuromat
 
Mediterranio ines ju dulce e carolina f. x d
Mediterranio ines ju dulce e carolina f. x dMediterranio ines ju dulce e carolina f. x d
Mediterranio ines ju dulce e carolina f. x dchave1999
 
Proteção dos Bens Comuns
Proteção dos Bens  ComunsProteção dos Bens  Comuns
Proteção dos Bens ComunsAlcina Barbosa
 
Recursos marítimos
Recursos marítimosRecursos marítimos
Recursos marítimosmanjosp
 
Zona EconóMica Exclusiva - Trabalho de grupo
Zona EconóMica Exclusiva - Trabalho de grupoZona EconóMica Exclusiva - Trabalho de grupo
Zona EconóMica Exclusiva - Trabalho de grupoJohny
 

Mais procurados (7)

Problemas e soluções nas áreas costeiras
Problemas e soluções nas áreas costeirasProblemas e soluções nas áreas costeiras
Problemas e soluções nas áreas costeiras
 
Mediterranio ines ju dulce e carolina f. x d
Mediterranio ines ju dulce e carolina f. x dMediterranio ines ju dulce e carolina f. x d
Mediterranio ines ju dulce e carolina f. x d
 
Riscos naturais 9ºano
Riscos naturais 9ºanoRiscos naturais 9ºano
Riscos naturais 9ºano
 
Proteção dos Bens Comuns
Proteção dos Bens  ComunsProteção dos Bens  Comuns
Proteção dos Bens Comuns
 
Recursos marítimos
Recursos marítimosRecursos marítimos
Recursos marítimos
 
Grupo2
Grupo2Grupo2
Grupo2
 
Zona EconóMica Exclusiva - Trabalho de grupo
Zona EconóMica Exclusiva - Trabalho de grupoZona EconóMica Exclusiva - Trabalho de grupo
Zona EconóMica Exclusiva - Trabalho de grupo
 

Destaque

Destaque (6)

navio exxon valdez
navio exxon valdeznavio exxon valdez
navio exxon valdez
 
O meio ambiente com bem público
O meio ambiente com bem públicoO meio ambiente com bem público
O meio ambiente com bem público
 
heroldes-bahr-neto-acidentes-ambientais
heroldes-bahr-neto-acidentes-ambientaisheroldes-bahr-neto-acidentes-ambientais
heroldes-bahr-neto-acidentes-ambientais
 
Agua
AguaAgua
Agua
 
Exxon valdez
Exxon valdezExxon valdez
Exxon valdez
 
Destruição da natureza, quem pagará por isso...
Destruição da natureza, quem pagará por isso...Destruição da natureza, quem pagará por isso...
Destruição da natureza, quem pagará por isso...
 

Semelhante a O derramamento de petróleo no Golfo do México: quão grave é

Trabalho prático #3 gom (henrique santana 74278)
Trabalho prático #3   gom (henrique santana 74278)Trabalho prático #3   gom (henrique santana 74278)
Trabalho prático #3 gom (henrique santana 74278)Sydney Dias
 
A morte Dos Oceanos - Apresentação Cap 9 e os Impactos Ambientais para a SST
A morte Dos Oceanos - Apresentação Cap 9 e os Impactos Ambientais para a SSTA morte Dos Oceanos - Apresentação Cap 9 e os Impactos Ambientais para a SST
A morte Dos Oceanos - Apresentação Cap 9 e os Impactos Ambientais para a SSTPaulo Frank
 
Mares e oceanos
Mares e oceanosMares e oceanos
Mares e oceanosMayjö .
 
Oceanos andreia 9º2
Oceanos andreia 9º2Oceanos andreia 9º2
Oceanos andreia 9º2Mayjö .
 
Acidentes ambientais marítimos - Plataforma P-36
Acidentes ambientais marítimos - Plataforma P-36Acidentes ambientais marítimos - Plataforma P-36
Acidentes ambientais marítimos - Plataforma P-36João Filho
 
Poluição aquática
Poluição aquáticaPoluição aquática
Poluição aquáticaTânia Reis
 
Eng. petroleo petrobras 2001
Eng. petroleo petrobras 2001Eng. petroleo petrobras 2001
Eng. petroleo petrobras 2001dudubranco
 
Zonas costeiras – ocupação antrópica da faixa litoral
Zonas costeiras – ocupação antrópica da faixa litoralZonas costeiras – ocupação antrópica da faixa litoral
Zonas costeiras – ocupação antrópica da faixa litoralJoão Palmeiro
 
Estudando a Baixada Santista - Santos
Estudando a Baixada Santista - SantosEstudando a Baixada Santista - Santos
Estudando a Baixada Santista - Santosdialogosedebates
 
Slide sobre as geleiras!
Slide sobre as geleiras!Slide sobre as geleiras!
Slide sobre as geleiras!guest40fbc90
 
2° ano - Gêneros jornalísticos - Reportagem
2° ano - Gêneros jornalísticos - Reportagem2° ano - Gêneros jornalísticos - Reportagem
2° ano - Gêneros jornalísticos - ReportagemProfFernandaBraga
 
IECJ - Cap. 13 - Oceanos e mares
IECJ - Cap. 13 - Oceanos e maresIECJ - Cap. 13 - Oceanos e mares
IECJ - Cap. 13 - Oceanos e maresprofrodrigoribeiro
 
Poluição e Extinção da Vida Marinha
Poluição e Extinção da Vida MarinhaPoluição e Extinção da Vida Marinha
Poluição e Extinção da Vida MarinhaNathal1aGh1lard1
 
Destruição das Áreas Costeiras
Destruição das Áreas CosteirasDestruição das Áreas Costeiras
Destruição das Áreas Costeiraskatheerine
 

Semelhante a O derramamento de petróleo no Golfo do México: quão grave é (20)

Trabalho prático #3 gom (henrique santana 74278)
Trabalho prático #3   gom (henrique santana 74278)Trabalho prático #3   gom (henrique santana 74278)
Trabalho prático #3 gom (henrique santana 74278)
 
A morte Dos Oceanos - Apresentação Cap 9 e os Impactos Ambientais para a SST
A morte Dos Oceanos - Apresentação Cap 9 e os Impactos Ambientais para a SSTA morte Dos Oceanos - Apresentação Cap 9 e os Impactos Ambientais para a SST
A morte Dos Oceanos - Apresentação Cap 9 e os Impactos Ambientais para a SST
 
Tema gerador: Residuos
Tema gerador: Residuos Tema gerador: Residuos
Tema gerador: Residuos
 
Mares e oceanos
Mares e oceanosMares e oceanos
Mares e oceanos
 
Oceanos andreia 9º2
Oceanos andreia 9º2Oceanos andreia 9º2
Oceanos andreia 9º2
 
Acidentes ambientais marítimos - Plataforma P-36
Acidentes ambientais marítimos - Plataforma P-36Acidentes ambientais marítimos - Plataforma P-36
Acidentes ambientais marítimos - Plataforma P-36
 
Poluição aquática
Poluição aquáticaPoluição aquática
Poluição aquática
 
Eng. petroleo petrobras 2001
Eng. petroleo petrobras 2001Eng. petroleo petrobras 2001
Eng. petroleo petrobras 2001
 
Zonas costeiras – ocupação antrópica da faixa litoral
Zonas costeiras – ocupação antrópica da faixa litoralZonas costeiras – ocupação antrópica da faixa litoral
Zonas costeiras – ocupação antrópica da faixa litoral
 
Estudando a Baixada Santista - Santos
Estudando a Baixada Santista - SantosEstudando a Baixada Santista - Santos
Estudando a Baixada Santista - Santos
 
Efeito da-poluição-nos-corais-1°B
Efeito da-poluição-nos-corais-1°BEfeito da-poluição-nos-corais-1°B
Efeito da-poluição-nos-corais-1°B
 
Slide sobre as geleiras!
Slide sobre as geleiras!Slide sobre as geleiras!
Slide sobre as geleiras!
 
2° ano - Gêneros jornalísticos - Reportagem
2° ano - Gêneros jornalísticos - Reportagem2° ano - Gêneros jornalísticos - Reportagem
2° ano - Gêneros jornalísticos - Reportagem
 
2º trabalho elias
2º trabalho elias2º trabalho elias
2º trabalho elias
 
2º trabalho elias
2º trabalho elias2º trabalho elias
2º trabalho elias
 
IECJ - Cap. 13 - Oceanos e mares
IECJ - Cap. 13 - Oceanos e maresIECJ - Cap. 13 - Oceanos e mares
IECJ - Cap. 13 - Oceanos e mares
 
Poluição e Extinção da Vida Marinha
Poluição e Extinção da Vida MarinhaPoluição e Extinção da Vida Marinha
Poluição e Extinção da Vida Marinha
 
Costa portuguesa
Costa portuguesaCosta portuguesa
Costa portuguesa
 
Destruição das Áreas Costeiras
Destruição das Áreas CosteirasDestruição das Áreas Costeiras
Destruição das Áreas Costeiras
 
Zonas costeiras
Zonas costeirasZonas costeiras
Zonas costeiras
 

Mais de bjsjd

Química texto 2
Química   texto 2Química   texto 2
Química texto 2bjsjd
 
Química que conteúdos estudar
Química   que conteúdos estudarQuímica   que conteúdos estudar
Química que conteúdos estudarbjsjd
 
Matemática
MatemáticaMatemática
Matemáticabjsjd
 
História
HistóriaHistória
Históriabjsjd
 
Biologia
BiologiaBiologia
Biologiabjsjd
 
Biologia
BiologiaBiologia
Biologiabjsjd
 
Biologia
BiologiaBiologia
Biologiabjsjd
 
postgres servlab
postgres servlabpostgres servlab
postgres servlabbjsjd
 

Mais de bjsjd (8)

Química texto 2
Química   texto 2Química   texto 2
Química texto 2
 
Química que conteúdos estudar
Química   que conteúdos estudarQuímica   que conteúdos estudar
Química que conteúdos estudar
 
Matemática
MatemáticaMatemática
Matemática
 
História
HistóriaHistória
História
 
Biologia
BiologiaBiologia
Biologia
 
Biologia
BiologiaBiologia
Biologia
 
Biologia
BiologiaBiologia
Biologia
 
postgres servlab
postgres servlabpostgres servlab
postgres servlab
 

O derramamento de petróleo no Golfo do México: quão grave é

  • 1. Bom Jesus Joana d’Arc Prof. Edi Morales Pinheiro Junior - Química O derramamento de petróleo no Golfo do México é grave. Mas quão grave ele é? Alguns especialistas foram rápidos ao prever o apocalipse, projetando imagens cruéis com 1.600 quilômetros de águas irreparáveis e praias em risco, pesca prejudicada por várias temporadas, espécies frágeis extintas e uma indústria economicamente arrasada por anos. O presidente Barack Obama chamou o vazamento de "um possível desastre ambiental sem precedentes”. E alguns cientistas previram que o petróleo poderá se prender na correnteza do golfo, levando a destruição para a Costa Atlântica. Ainda sim a explosão da plataforma de águas profundas não é sem precedentes, nem é o pior acidente de petróleo da história. Seu impacto final dependerá de uma lista de variáveis, que incluem o clima, correntes oceânicas, as propriedades do petróleo e o sucesso ou fracasso dos esforços para estancar o fluxo. Tragédias - Como disse um especialista, é primeira batalha desta guerra. Ninguém sabe quem vai vencer no final. O poço, do qual vazam sem parar cerca de 800.000 litros de petróleo por dia, poderia continuar aberto por anos e mesmo assim não chegaria nem perto dos 136 bilhões de litros de petróleo derramados pelas forças do Iraque quando deixaram o Kuwait em 1991. Não chega nem perto da magnitude do Ixtoc I, que explodiu na baía de Campeche, no México, em 1979, e espalhou por volta de 500 milhões de litros de petróleo antes que o poço fosse controlado. Terá que ficar muito pior até alcançar o impacto do acidente do petroleiro Exxon Valdez em 1989, que contaminou 2.000 quilômetros de um intocado litoral e matou milhares de aves marinhas, lontras e focas, além de 250 águias e 22 orcas. Ninguém, nem mesmo os advogados das indústrias de petróleo, está defendendo o acidente. A área contaminada do golfo continua aumentando e já foi encontrado petróleo em algumas áreas pantanosas na ponta da Louisiana. As praias e os arrecifes das ilhas de Flórida correm perigo se o óleo entrar na correnteza do golfo. Esperança - Na segunda-feira, porém, o vento estava levando o petróleo para a direção contrária, para longe da correnteza. Os piores efeitos do vazamento ainda estão para acontecer. E se os esforços para conter o petróleo tiverem pelo menos um pouco de sucesso e o clima cooperar, o pior poderá ser evitado. "Até agora o que as pessoas estão temendo ainda não se concretizou", disse Edward B. Overton, professor de ciência ambiental da Faculdade do Estado de Louisiana e perito em vazamentos de petróleo. "Acham que será como o Exxon Valdez. Eu não imagino essa gravidade aqui a não ser que as coisas piorem muito.” Overton disse ter esperança que os esforços da British Petroleum para colocar tampas de concreto na boca do poço danificado vai funcionar, embora tenha dito se tratar
  • 2. de uma missão complicada e que poderia até piorar as coisas se danificar outros canos submarinos. "O céu não está desabando", disse Quenton R. Dokken, biólogo marinho e diretor executivo da Fundação Golfo do México, um grupo de conservação em Corpus Christi, Texas. "Nós com certeza caímos em um buraco e teremos que lutar para sair dele, mas isso não significa que é o fim do Golfo do México." Engenheiros falaram que o tipo de petróleo que sai do poço é mais leve que o grosso espalhado pelo Exxon Valdez, evapora com mais rapidez pela superfície e é mais fácil de queimar. Também aparenta responder melhor ao uso de dispersantes, que ajudam a reduzi-lo. Ainda sim o petróleo continua capaz de causa danos significativos, principalmente quando se funde com a água e forma uma espécie de mousse que flutua e pode percorrer longas distâncias. Estrago - Jacqueline Savitz, cientista sênior da Oceana, um grupo ambiental sem fins lucrativos, disse que grande parte do estrago já está se espalhando para longe do litoral e fora da vista da vigilância aeronáutica e dos navios de pesquisa. "Algumas pessoas estão dizendo que, como ainda não atingiu a costa, está tudo bem", ela diz. "Mas muitos animais vivem no oceano, e um vazamento deste é prejudicial assim que atinge a água. Colocaram em risco as tartarugas marinhas, camarões, caranguejos e as ostras. Muitas dessas espécies já estão sendo atacadas há dez dias. Nós estamos esperando para ver como é grave quando chegar ao litoral, mas nunca saberemos os verdadeiros impactos no oceano.” O impacto econômico é tão incerto quanto os danos ambientais. Com milhões de galões na água, alguns especialistas preveem um grande dano à economia. Especialistas no Instituto de Pesquisa Harte para Estudos do Golfo do México em Corpus Christi, por exemplo, estimam que 1,6 bilhão de dólares da economia anual - incluindo o turismo, pesca e outros - estão em risco. "E essa é só a ponta do iceberg", diz David Yoskowitz, do Instituto de Economia Social. "Ainda é cedo e existem muitas chances de ocorrerem impactos negativos." Até quando? - O golfo não é um ambiente primitivo e já sobreviveu a problemas crônicos e agudos de poluição anteriormente. Refinarias e indústrias químicas que cruzam a costa do México até o Mississipi derramam incontáveis litros de poluentes na água. Após o derramamento do Ixtox a 31 anos atrás, o segundo maior da história, o golfo ricocheteou. Em três dias houve um pequeno rastro do vazamento fora da costa mexicana, agravado por um acidente com um petroleiro no golfo poucos meses depois, que liberou quase 10 milhões de litros, segundo especialistas. "O golfo é tremendamente vivo", disse Dokken. "Mas nós sempre temos que nos perguntar o quanto podemos aguentar de desastres como esse e nos recuperarmos. Como cientista, preciso reconhecer que simplesmente não sei."