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                                   INTRODUÇÃO


Este trabalho tem como tema A Presença da Literatura Infantil e suas contribuições
na aprendizagem da criança, com a finalidade de investigar as compreensões que
os professores atuantes na Educação Infantil da Escola Municipal Carlos Santana e
a Escola Municipal Sérgio Carneiro – Ponto Novo – BA, têm sobre a Literatura
dentro da Educação Infantil, desejando compreender quais os significados que os
educadores atribuem à Literatura em seu fazer pedagógico. Sendo que esta
inquietação surgiu a partir do estágio nas séries iniciais, observando os benefícios
trazidos através da literatura para os educandos.


O primeiro capítulo vem relatar o histórico da Literatura dentro da Educação Infantil e
sua trajetória ao longo do tempo. Finalizando com a apresentação da nossa
inquietação de pesquisa e os objetivos propostos.


O segundo capítulo refere-se ao quadro teórico, tendo como respaldodiversos
autores para as discussões referentes àspalavras-chaves: compreensões dentro da
Educação Infantil; Professores atuantes na Educação Infantil; Educação Infantil: fase
inicial da vida e Literatura Infantil: um mundo de descobertas.


O terceiro capítulo vem traçar os caminhos percorridos através da metodologia
utilizada para a elaboração de toda a pesquisa, através da observação e os
questionários (fechado e aberto) para melhor análise dos sujeitos pesquisados, a fim
de adquirir as informações precisas sobre o questionamento acima proposto.


O quarto capítulo trata do resultado da pesquisa por meio da interpretação dos
dados coletados dos sujeitos, confrontando as respostas dos mesmos com a
observação.


Para finalizar apresentamos nossas considerações finais com o resultado da
pesquisa a partir de todos os dados observados e colhidos através dos
sujeitosanalisados. Tendo sido de grande valia e de extrema importância à
elaboração desse trabalho para a nossa formação acadêmica.
11



CAPÍTULO I


                                 1. PROBLEMÁTICA


1.1 HISTÓRICO DA LITERATURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL


É imprescindível relatar que a literatura foi e é de suma importância na formação do
ser humano, pois ela proporciona momentos prazerosos, com grandes significados
de aprendizagem, constituindo-se a partir de diferentes leituras de fantásticas obras
literárias. Como nos relata Borges (1994):


                     No processo de desenvolvimento pelo qual vem passando a humanidade ao
                     longo de sua história, e cada sujeito, em particular, pode-se perceber que a
                     literatura esteve e está presente em nossas vidas muito antes da leitura e
                     da escrita – nas cantigas de ninar, nos brinquedos de roda, no ouvir
                     histórias... (p. 25).


A Literatura Infantil é um conjunto de obras destinadas às crianças com uma
linguagem própria, onde as mesmas podem fazer diversas leituras de mundo, entre
e real e o imaginário. Porém, a valorização e os sentimentos atribuídos à presença
da literatura na infância nem sempre existiram da forma como hoje são concebidas e
difundidas, tendo sido modificadas a partir de mudanças econômicas e políticas da
estrutura social.


Desde a Comunidade Primitiva até a Idade Média, a criança era considerada um
pequeno adulto, que executava as mesmas atividades dos mais velhos, participando
também de sua literatura. A diferença é que no período medieval existiam dois tipos
de crianças, como menciona Cunha (1991):


                     Temos de distinguir dois tipos de crianças, com acesso a uma literatura
                     muito diferente. A criança da nobreza, orientada por preceptores, lia
                     geralmente os grandes clássicos, enquanto a criança das classes
                     desprivilegiadas lia ou ouvia as histórias de cavalaria, de aventuras. As
                     lendas e contos folclóricos formavam uma literatura de cordel de grande
                     interesse das classes populares. (p. 22).



Dessa maneira, cada criança aprendia a literatura de acordo com a classe social a
12



qual pertencia. Mas, aproximadamente nos séculos XV à XVII surgem os primeiros
livros considerados como Literatura Infantil. Como relata Salem (1970):


                     Da Idade Média e do Renascimento (séculos XV a XVII aproximadamente)
                     datam os primeiros livros considerados Literatura Infantil, são os
                     catecismos, criados pelos padres Jesuítas para pregar o cristianismo às
                     crianças: “[...] esta foi a primeira forma de literatura infantil, espontânea,
                     com a finalidade única de facilitar o ensino ás crianças, apenas intuitiva da
                     necessidade da infância” às crianças eram ensinadas nas escolas cristãs,
                     em 1684, a leitura, a escrita, a música sacra e a religião. (p. 23).



Somente no final do século XVII, é que surge uma literatura com uma linguagem
própria para as crianças, pois antes disso a criança não tinha infância porque era
considerado um ser adulto em “miniatura”, participando das ações e vida adulta, sem
uma educação diferenciada, sem exigir cuidados e atenção especial. Foi nesse
período e durante o século XVIII, que surgiram os primeiros livros destinados as
crianças. Como nos afirma Lajolo e Zilberman (2005):


                     As primeiras obras publicadas visando ao público infantil aparecem no
                     mercado livreiro na metade do século XVIII. Antes disso, apenas durante o
                     classicismo francês, no século XVII, foram escritas histórias que vieram a
                     ser englobadas como literatura também apropriada à infância: as Fábulas,
                     de Lan Fontainem editadas entre 1668 e 1694, as Aventuras de Telêmaco,
                     de Fénelon, lançadas postumamente, em 1717, e os Contos da Mamãe
                     Gansa, cujo título original era Histórias ou narrativas do tempo passado com
                     moralidades, que Charles Perrault publicou em 1697. (p. 15).


Na Idade Moderna, a Revolução Industrial, o Iluminismo e a Constituição de Estados
laicos trouxeram modificações sociais e intelectuais, modificando a visão que se
tinha da criança, com essas transformações é geradoum novo modelo familiar
burguês, havendo maior união entre seus membros, como aponta Kramer (1992) “...
a criança ... na sociedade burguesa ela passa a ser alguém que precisa ser cuidada,
escolarizada e preparada para uma atuação futura”. (p. 19). Como reforça Coelho
(2000, p. 27) ao dizer que“a criança é vista como um ser em formação...”. Um ser em
desenvolvimento com necessidades diferenciadas das dos adultos, sendo a infância
uma fase de grandes descobertas, onde o adulto deve contribuir significativamente
para que isso aconteça, estimulando as mesmas a buscar o conhecimento. Para
Cunha (1991), a literatura:
13



                      Começa a delinear-se no início do século XVIII, quando a criança passa a
                      ser considerada um ser diferente do adulto, com necessidades e
                      características próprias, pelo que deveria distanciar-se da vida dos mais
                      velhos e receber uma educação especial, que a prepara-se para a vida
                      adulta. (p. 22).


Apesar dessa mudança ocorrida no tratamento do ser criança e o seu novo papel na
sociedade, ela é vista como proporcionadora de lucros, através de produtos
industrializados destinados ao seu consumo. Sendo objetos como: “... (o brinquedo)
e culturais (o livro) ou novos ramos da ciência (a psicologia infantil, a pedagogia ou a
pediatria) de que ela é destinatária”. (LAJOLO E ZILBERMAN, 2005, p. 17). Dessa
maneira, é perceptível que o papel realmente que a criançaexercia era apenas
simbólico e que suas reais necessidades não estavam sendo supridas como
deveriam ser.


Para modificar e transformar essa realidade, a burguesia buscou um aliado: a
escola, apesar da mesma até o final do século XVIII ser facultativa e não obrigatória,
viu-se a necessidade de sua existência. Segundo Lajolo e Zilberman (2005)“... a
escolarização converte-se aos poucos na atividade compulsória das crianças, bem
como a freqüência as salas de aula, seu destino natural”. (p. 17). A partir desse
momento a educação passa a ser destinada a todas as crianças e não somente as
da burguesia como acontecia anteriormente, mas com um principal intuito, das
crianças aprenderem a leitura para fazer uso da literatura. Como menciona Lajolo e
Zilberman (2005) “... a literatura infantil trabalha sobre a língua escrita, ela depende
da capacidade de leitura das crianças, ou seja, supõe terem estas passado pelo
crivo da escola”. (p. 18).


Assim, é notável que a Literatura Infantil mais uma vez é usada no meio social como
uma maneira de obter lucros, as indústrias produzem livros, as crianças sabendo ler
adquirem o produto: “... a literatura infantil assume, desde o começo, a condição de
mercadoria”. (LAJOLO E ZILBERMAN, 2005, p. 18). Dessa forma, a autora vem
mencionar que:


                      Os laços entre a literatura e a escola começam desde este ponto: a
                      habilitação da criança para o consumo de obras impressas. Isto aciona um
                      circuito que coloca a literatura, de um lado, como intermediária entre a
                      criança e a sociedade de consumo que se impõe aos poucos; e, de outro,
14



                     como caudatária da ação da escola, a quem cabe promover e estimular
                     como condição de viabilizar sua própria circulação. (LAJOLO E
                     ZILBERMAN, 2005, p. 18).


Mas, a princípio a Literatura Infantil surgiu com características próprias, ligada a
função pedagógica, essa com interesses de promover informações. Para Zilberman
(1987):


                     Fica evidenciada a estreita ligação da literatura infantil com a pedagogia,
                     quando vemos, em toda a Europa, a importância que assumem os grandes
                     educadores da época, na criação de uma literatura para crianças e jovens.
                     Suas intenções eram fundamentalmente formativas e informativas, até
                     enciclopédicas. (p. 23).


Desse modo, a Literatura Infantil foi usada como uma forma educativa, uma maneira
de contribuir para o ato de educar, um objeto didático. Sendo preciso mais uma vez
a união de dois elementos indispensáveis, que segundo Zilberman (1987)“literatura
infantil e escola, inventada a primeira e reformada a segunda, são convocadas para
cumprir esta missão”. (p. 13), para mostrar a necessidade, a relevância e as
contribuições da literatura na formação e no desenvolvimento da criança.


Mesmo com a nova valorização atribuída à criança pela família e sociedade,
percebemos que as primeiras obras literárias destinadas a elas são adaptações da
literatura para adultos, como nos informa Cunha (1991):


                     ... observaram-se duas tendências próximas daquelas que já informavam a
                     leitura dos pequenos: dos clássicos fizeram-se adaptações; do folclore,
                     houve a apropriação dos contos de fadas – até então quase nunca voltados
                     especificadamente para as crianças. (p. 23).


Assim, são percebidas algumas mudanças ocorridas para o surgimento da literatura
proporcionada a infância. Como cita Coelho (2000):


                     Ligada desde a origem à diversão ou ao aprendizado das crianças,
                     obviamente sua matéria deveria ser adequada à compreensão e ao
                     interesse peculiar destinatário. E como a criança era vista como um “adulto
                     em miniatura”, os primeiros textos infantis resultaram da adaptação (ou da
                     minimização) de textos escritos para adultos. Expurgadas as dificuldades de
                     linguagem, as digressões ou reflexões que estariam acima da compreensão
                     infantil; retiradas as situações ou os conflitos não-exemplares e realçando
                     principalmente as ações ou peripécias de caráter aventuresco ou
15



                      exemplar... as obras literárias eram reduzidas em seu valor intrínseco... (p.
                      29).


Percebermos então, que a Literatura Infantil é vista como algo sem valor, sendo
desvalorizada, sem nenhum significado de desenvolvimento e aprendizagem para as
crianças, usada apenas como uma forma de manipular a infância, onde são
impostas regras para serem cumpridas e obedecidas, tornando-se mais uma vez um
instrumento de manipulação utilizado pelos adultos para impor ordem e moldar a
criança de acordo com quem os educa. Como menciona Zilberman (1987):


                      Concebida originalmente como objeto exclusivo das crianças, passou a
                      receber um status científico, no momento em que se percebeu que não
                      apenas era produzida pelos adultos, mais, como se viu, manipulada por
                      eles, tendo em vista a dominação da infância. (p. 26).


Dessa maneira, a literatura foi usada como um objeto de manipulação para controlar
a criança, e não como um instrumento eficaz na aprendizagem do ser humano.


1.2 A presença da Literatura Infantil no Brasil


No Brasil, a literatura só chegou apenas no século XIX, como cita Lajolo e Zilberman
(2005, p. 23)“... a literatura infantil só veio a surgir muito depois, quase no século XX,
muito embora ao longo do século XIX reponte,registrada aqui e ali, a notícia do
aparecimento de uma ou outra obra destinada a crianças”, antes disso, prevalecia a
oralidade das narrativas folclóricas, lendas e mitos. Sendo este método até mesmo
uma maneira de transmitir as culturas de cada época através de histórias. Para
Coelho (2000):


                      Ao estudarmos a história das culturas e o modo pelo qual elas foram sendo
                      transmitidas de geração para geração, verificamos que a literatura foi o seu
                      principal veículo. Literatura oral ou literatura escrita foram as principais
                      formas pelas quais recebemos a herança da Tradição que nos cabe
                      transformar, tal qual outros valores herdados e por sua vez renovados. (p.
                      16).


É importante ressaltar, que as primeiras obras literárias brasileiras tiveram início com
obras pedagógicas, sendo adaptadas das produções portuguesas. Segundo Palo e
Oliveira (2001) “desde os primórdios, a literatura infantil surge como uma forma
16



literária menor, atrelada àfunção utilitário-pedagógica que a faz ser mais pedagogia
do que literatura”. (p. 9).


Após a Proclamação da República e com a implantação da Imprensa Régia, em
1808, e com a aceleração do mercado industrial, começa a produção de livros para
crianças, no final do século XIX e início do século XX, onde o mercado consumidor
da sociedade se torna promissor para o aparecimento da Literatura Infantil através
da vasta produção de livros, abrindo-se assim, um espaço para o público infantil.
Vale ressaltar que, nesse período os livros deixam de ser tão raros no país.
Segundo Lajolo e Zilberman (2005):


                       Gestam-se aí as massas urbanas que, além de consumidoras de produtos
                       industrializados, vão constituindo os diferentes públicos, para os quais se
                       destinam os diversos tipos de publicações feitos por aqui; as sofisticadas
                       revistas femininas, os romances ligeiros, o material escolar, os livros para
                       crianças... é entre os séculos XIX e XX que se abre espaço, nas letras
                       brasileiras, para um tipo de produção didática e literária dirigida em
                       particular ao público infantil. (p. 25).


Apesar de toda essa mudança no meio social e a grande massa de consumo por
livros propostos à infância, a Literatura Infantil brasileira só veio a surgir realmente,
repercutindo e transformando o seu contexto, através de Monteiro Lobato. Como cita
Coelho (2000, p. 138) “foi Monteiro Lobato que, entre nós, abriu caminho para que
as inovações que começavam a se processar no âmbito da literatura adulta (com o
modernismo) atingissem também a infantil”. E Cunha (1991) vem reforçar dizendo
que:


                       Com Monteiro Lobato é que tem início a verdadeira literatura infantil
                       brasileira. Com uma obra diversificada quanto a gêneros e orientação, cria
                       esse autor uma literatura centralizada em algumas personagens, que
                       percorrem e unificam seu universo ficcional. (p. 24).


Na verdade, as obras de Monteiro Lobato são diferenciadas das produções
portuguesas, pois ele buscou retratar nas suas obras literárias as culturas e
realidades brasileiras, fazendo com que a criança viaje através da sua imaginação,
pense, reflita, se divirta, aprenda e se encante pela ficção, mas sem esquecer do
mundo real, do meio em que vive, da sua realidade. Como cita Coelho (1991) “antes
de Monteiro Lobato havia tão somente o conto com fundo folclórico”. (p. 223).
17



Porém, através das mudanças e modificações renovadas de se produzir Literatura
Infantil, Borges (1994) nos afirma que Monteiro Lobato:


                      Trazendo para as páginas do livro de histórias o cotidiano da criança,
                      abordado, porém, sob novos prismas, criam um elo entre o real e o
                      imaginário, levando a criança a viver com os personagens com os quais se
                      identifica os seus lances de criticidade e criatividade. (p. 128).


É perceptível notar as contribuições significativas queMonteiro Lobato trouxe para a
Literatura Infantil brasileira. Mas, é importante salientar que “... a valorização da
literatura infantil, como fenômeno significativo e de amplo alcance na formação das
mentes infantis e juvenis, bem como dentro da vida cultural das sociedades é
conquista recente”. (COELHO, 2000,p. 30), apesar da visibilidade que a Literatura
Infantil demonstrou ao estar presente em nossas vidas há muito tempo, de
diferentes gestos e maneiras, possuindo diversas funções para contribuir com o
aprendizado da criança. Para Costa (2008):


                      Hoje, as funções da Literatura Infantil no Brasil estendem-se para além da
                      educação formal. Informar e educar passam a ser pano de fundo do
                      interesse de autores e obras. Passam a primeiro plano o conhecimento do
                      próprio individuo-leitor, o entretenimento (chamado, por vezes, de prazer) o
                      experimentalismo na linguagem narrativa, o lúdico, a aventura do
                      conhecimento humano. (p. 68).


Assim, a literatura possui grande importância na formação de cada indivíduo, e
dentro da instituição escolar ela possui grande relevância. Como menciona Costa
(2008) “a escola possui um papel fundamental na valorização da literatura, porque
atribui valores positivos à inteligência e ao saber”. (p. 65). Por isso, torna-se
interessante a escola proporcionar esses momentos. Para Cunha (1991)“seria, pois,
muito importante que a escola procurasse desenvolver no aluno formas ativas de
lazer – aquelas que tornam o indivíduo crítico, mas consciente e produtivo. A
literatura teria papel relevante nesse aspecto”. (p. 47).


Porém, muitas vezes a literatura é usada pelo docente dentro do âmbito escolar
apenas como uma maneira de passar o tempo, ler histórias com o intuito de fazer
com que as crianças fiquem quietas, lendo até mesmo textos aleatórios, somente
como uma forma de entretenimento,                 sem nenhum significado             educativo.
Desconsiderando a importância da Literatura Infantil. Para Coelho (2000):
18



                        ... acreditamos que a literatura (para crianças ou para adultos) precisa
                        urgentemente ser descoberta, muito menos como mero entretenimento
                        (pois deste se encarregam com mais facilidade os meios de comunicação
                        de massa), e ritual que engaje o eu em uma experiência rica de vida,
                        inteligência e emoções. (p. 32).


No entanto, a literatura deve ser vista como uma proporcionadora de conhecimentos
amplo, capazes de promover diversas aprendizagens significativas à criança e o
professor deve ser o mediador desse processo. Nesse sentido Cunha (1991, p. 11)
enfatiza “...acreditamos que um ponto pode ser atingido: o educador. Pode-se
trabalhar com ele, melhorar seus conhecimentos e sua visão quanto à matéria
Literatura Infantil”.


No processo de construção do conhecimento pela criança a literatura tem um papel
significativo proporcionando a contribuição para a formação de sua personalidade,
seu caráter, possibilitando a compreensão entre o real e o imaginário, entre o meio
social em que se vive, desenvolvendo na mesma o gosto pela leitura através de
histórias, contos e textos literários, contribuindo assim, para a produção escrita.
Como nos afirmar Borges (1994):


                        Entretanto, para que a literatura possa ser “presença” na vida de uma
                        criança, acreditamos que, juntamente com os exemplos e estímulos
                        familiares, a maneira como a escola “vive”, e “convive” com os textos
                        literários, tem um papel fundamental, a partir da formação do professor de
                        educação infantil que, necessariamente, deve apresentar uma sensibilidade
                        a esta forma de expressão, que o leve não apenas a “passá-la” às
                        criançasmas, conforme dissemos, a “vivê-la” com as crianças. (p. 125).


A partir dessas reflexões buscamos neste estudo conhecer as compreensões que os
professores que atuam na Educação Infantil têm acerca daLiteratura e de que forma
eles a utilizam no seu fazer pedagógico.


Assim objetivamos:


Analisar as compreensões dos professores da Educação Infantil, da Escola
Municipal Carlos Santana e a Escola Sérgio Carneiro – Ponto Novo – BA, sobre a
Literatura Infantil.
19



Conhecer como os professores da Educação Infantil, da Escola Municipal Carlos
Santana e a Escola Sérgio Carneiro – Ponto Novo – BA, utilizam a Literatura Infantil
no seu fazer pedagógico.
20



CAPÍTULO II


                                      2. QUADRO TEÓRICO


Percebe-se que a Literatura Infantil sofreu consideráveis transformações ao longo do
tempo. No entanto, vale ressaltar que ela é de suma importância na construção do
ensino-aprendizagem das crianças, abrindo um leque de possibilidades na
construção do saber. Por isso, o nosso objetivo é saber quais as compreensões que
os professores que atuam na Educação Infantil têm sobre a Literatura Infantil em seu
fazer pedagógico. Sendo que para uma melhor compreensão da inquietação
imposta trazemos as palavras - chave: Compreensões. Professores. Educação
Infantil. Literatura Infantil.


2.1 Compreensões dentro da Educação Infantil


A compreensão é uma forma de entendimento do que está a nossa volta. Para Morin
(2003, p. 104) “a compreensão é ao mesmo tempo meio e fim da comunicação
humana”. Ela opera no interior de um conjunto relacional que se manifesta na forma
de transmissão da tradição por meio da linguagem. Assim expressa Camargo
(2004):

                         Quando falamos em compreensão, estamos falando na possibilidade de
                         pensar e atuar flexivelmente a partir do que se aprendeu. [...] Portanto, a
                         compreensão não é apenas um saber abstrato, e sim um saber em ação.
                         [...] Compreendemos um período histórico quando podemos examinar
                         pontos de vista alternativos sobre eles e relacioná-los a outros períodos e
                         ao momento atual. Aprender para a compreensão exige uma cadeia de
                         desempenhos de compreensão de complexidade crescente. (p. 26).



Com relação às compreensões que os professores que atuam na Educação Infantil
têm sobre a literatura é importante salientar que é preciso inovar para utilizá-lacomo
um recurso indispensável em sala de aula. Para Sacristán (1998):


                         Compreender a vida de sala de aula é um requisito necessário para evitar
                         arbitrariedade na intervenção. Mas, nesta atividade, como noutras práticas
                         sociais, como a medicina, a justiça, apolítica, a economia, etc., não se pode
                         evitar o compromisso com a ação, a dimensão projetiva e normativa deste
                         âmbito do conhecimento e atuação. (p. 81).
21



Pois, compreende-se que “a literatura nada mais é do que uma fonte saudável de
alimentação à imaginação infantil”, (COSTA, 2008, p. 62), onde as crianças usam e
abusam de sua criatividade. Por isso, é necessária uma maior compreensão por
parte dos professores sobre a Educação Infantil, ou seja, compreender a criança da
melhor maneira possível, ajudando-lhe desde cedo a estimular o gosto pela
literatura. Sendo essencial que os mesmos busquem conhecer quais são os direitos
das crianças e quais são os seus deveres enquanto educadores. Para Angotti
(2006):


                     Aceitar e entender a criança em seu estado de ser e de vir exige um
                     significado absolutamente novo para o conceito de infância, bem como em
                     relação às praticas didáticas, pedagógicas até então oferecidas,
                     redimensionando-as até mesmo enquanto condição de defesa e
                     preservação na natureza. (p. 19).



Para tanto, é essencial entender e compreender que a criança é um ser em um
processo de formação e a literatura deve estar presente nessa construção do
conhecimento. Como nos afirma Coelho (2000): “... a literatura infantil... se destina a
um leitor especial, a seres em formação, a seres que estão passando pelo processo
de aprendizagem inicial da vida”. (p. 164). Para tal, o professor se torna de extrema
importância para o aprendizado do aluno, pois contribui significativamente para que
isso aconteça. Segundo Angotti (2006):


                     Nossa compreensão é de que temos que assumir verdadeiramente um
                     compromisso com a formação das crianças e isso implica reconhecer que
                     há um tipo de relação epistemológica que é específica dos contextos
                     formais de educação, dos seus modos de organização e de efetiva
                     participação do professor que domina um conjunto de habilidades e
                     conhecimentos próprios de sua formação que se torna cada dia mais
                     imprescindível. (p. 58).


Diante disso, percebemos que a compreensão é fundamental quando se refere
àEducação Infantil, pois os profissionais atuantes nessa área necessitam e precisam
interagir com os alunos de diferentes formas. Para Morin (2003, p. 94),
“compreender significa intelectualmente apreender em conjunto”. Sendo que a
literatura contribui para essa interação. Segundo Borges (1994):


                     Se assim, compreendida, sentida e amada, a literatura passa a fazer parte
                     da vida das crianças, adolescentes e adultos, gerando uma sede insaciável
22



                     de ler, acompanhada da crença intuitiva de que, em cada novo texto
                     literário, há sempre a possibilidade de novas descobertas, de ampliação da
                     compreensão de si e do mundo, de desenvolvimento pessoal, no plano do
                     pensar e do sentir. (p. 125).


A literatura ajuda a criança a entender e compreender melhor as diversas leituras
realizadas pelas mesmas, pois são obras direcionadas ao público infantil. Como cita
Cademartori (2006, p. 19) “... o texto infantil responderia à necessidade de suprir as
grandes lacunas intelectuais de seu destinatário, pela presença, em alta proporção,
nos textos infantis, de elementos formativos e informativos”.Como Lajolo
(2002)também nos afirmar em sua fala:


                     ... compreender que a literatura ... ela não existiu desde sempre, que, ao
                     contrário, só se tornou possível e necessária (e teve, portanto, condições de
                     emergir como gênero) no momento em que a sociedade (através da escola)
                     necessitou dela para burilar e fazer cintilar, nas dobras da persuasão
                     retórica e no cristal das sonoridades poéticas, as lições de moral e bons
                     costumes que, pelas mãos de Perrault, as crianças do mundo moderno
                     começaram a aprender. (p. 22).


Portanto, compreender nada mais é que um processo educativo que entende as
relações existentes em uma sociedade, na qual cada indivíduo compreenda a
necessidade da educação para atuar como ser social, moral e cultural. Onde o
educador tem a função de contribuir na aprendizagem e construção do
conhecimento do ser humano.


2.2 Professores que atuam na Educação Infantil


O professor é um profissional que deve está qualificado e preparado para atuar no
espaço escolar, como docente ou membro do corpo daquela instituição. Para Tardif
(2007, p. 237) “... os professores são sujeitos do conhecimento e possuem
específicos ao seu ofício”. Ser professor é ter compromisso com o futuro da nação, é
renunciar um pouco de si a cada dia. Dessa forma, precisa-se reconhecer e dar
valor ao trabalho docente. Tardif (2007, p. 238) continua afirmando que “de fato, se o
professor é realmente um sujeito do conhecimento e um produtor de saberes, é
preciso reconhecê-lo como tal...”. Segundo Costa (2008):


                     Sabemos da dedicação e da persistência do professor e de seu papel
                     imprescindível no desenvolvimento das inteligências, na transmissão do
23



                    saber acumulado ao longo dos séculos pala Humanidade, na formação do
                    pensamento crítico, na experimentação de comportamentos de cidadania.
                    (p. 19).


Os professores atuantes na Educação Infantil precisam estar atentos às funções
educativas, compreendendo os valores que elas têm na formação das crianças,
fazendo com que as mesmas se desenvolvam plenamente em todos os seus
aspectos, pois segundo Tardif (2007)“... a partir deles, ou seja, seu trabalho
cotidiano, não é somente um lugar de aplicação de saberes produzidos por outros,
mas também um espaço de produção, de transmissão e de mobilização de saberes
que lhe são próprios”. (p. 237). Relacionado a isso Oliveira (2001) vem mencionar
que:


                    O professor deve ter bastante claro que os princípios que regem seu fazer
                    estão diretamente relacionados com os princípios da cidadania que estarão
                    sendo construídos pelas crianças. Desta maneira, é fundamental buscar a
                    coerência entre o ideal de formação que se quer alcançar e os
                    procedimentos assumidos pelo docente enquanto ser individual, social,
                    profissional e político na efetivação de seus objetivos, seus valores e seu
                    ideal, para que possamos almejar uma sociedade mais humana, igualitária
                    e justa, preservando enriquecendo, valorizando e realçando o que está
                    sociedade tem de melhor, seu potencial humano. (p. 67).


O professor é fundamental na aprendizagem do aluno, por isso o bom profissional
deve estar sempre se atualizando, sendo um profissional competente e responsável.
Para Fazenda (1991, p. 16) “... educar ou participar do processo educacional de
crianças pequenas requer além de um conhecimento técnico e metodológico, uma
compreensão teórica e profunda dos prejuízos irreversíveis que uma má educação
nessa idade produz”. Para Angotti (2006):


                    ... aprofissionalidade dos educadores infantis deverá estar fundamentada na
                    efetivação de um cuidar da criança, de atendê-la em suas necessidades e
                    exigências desde a sua mais tenra idade em atividades, espaços e tempos
                    de ludicidade. (p. 19).



Por isso, é necessário que o profissional atuante na Educação Infantil esteja se
renovando, se capacitando profissionalmente para atuar nessa área, não que ele
precise saber tudo, ter todas as respostas para qualquer pergunta, mas que ele
possa construir junto com seus educandos conhecimentos que contribuam
significativamente na vida desses alunos. Segundo Freire (1996) “... ensinar não é
24



transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua
construção”. (p. 22). Para Tardif (2007):


                      Os saberes de um professor são uma realidade social materializada através
                      de uma formação de programas, de prática coletivas, de disciplinas
                      escolares, de uma pedagogia institucionalizada, etc., e são também, ao
                      mesmo tempo os saberes dele. (p. 16).


Vale ressaltar, que é de suma importância que haja um entendimento entre aluno e
professor para que aconteça uma maior interação entre ambas as partes na sala de
aula e que o professor possa ter essa liberdade de intervir junto ao aluno, ajudando-
o da melhor maneira possível. Como nos relata Assis (1993, p. 23) “a intervenção
do/a professor/a é necessária tendo em vista que suas incitações visam fazer a
criança refletir sobre suas próprias ações e conseguir explicar os fatos que observa
e, conseqüentemente, caminhar em direção ao conhecimento”. Como menciona
Borges (1994):


                      Ser educador pré-escolar é, antes de tudo, conseguir manter uma profunda
                      relação empática com a criança, é viver com ela, intensamente, cada
                      momento desse processo, num envolvimento tal que possa promover o
                      desenvolvimento de ambos: professor e aluno. (p. 15).


No entanto, cabe ao educador reconhecer que o espaço das instituições infantis é
um lugar onde a criança deve soltar a sua imaginação, aproveitando o máximo
possível da infância e a literatura possui esse atrativo nas suas diversas obras
literárias. Como cita Costa (2008):


                      Essa literatura surge simultaneamente para instruir, divertir e educar,
                      trazendo a criança ao mundo em que ela se identifica e sente-se livre para
                      formar suas capacidades intelectuais e sociais, visto que, elas ainda estão
                      num processo de formação de experiências reais. (p. 62).


Cabe também ao professor contribuir de forma significativa na formação dos alunos,
preparando para ser um cidadão crítico reflexivo, construtor dos seus próprios
conhecimentos, atuante na sociedade em que está inserido e a literatura pode
contribuir na construção dessa formação. Segundo Zilberman (1987):


                      ...ao professor cabe o detonar das múltiplas visões que cada criação
                      literária sugere, enfatizando as variadas interpretações pessoais, porque
25



                     estas decorrem da compreensão que o leitor alcançou do objeto artístico,
                     em razão de sua percepção singular do universo representado. (p. 24).


O professor dentro do seu ambiente de trabalho, especificadamente em sua sala de
aula pode fazer uso da literatura de diferentes aspectos, utilizando livros, para os
alunos irem folheando, fazendo leituras de textos através de gravuras, textos com
rimas, poesias e contos. Para Abreu e Maseto (1990):


                     É o modo de agir do professor em sala de aula, mais do que suas
                     características de personalidade, que colabora para uma adequada
                     aprendizagem dos alunos; fundamenta-se numa determinada concepção do
                     papel do professor, que por sua vez reflete valores e padrões da sociedade.
                     (p. 29).


O docente pode e deve estimular, incentivar seus alunos no seu ambiente de
trabalho, proporcionando à criança o acesso a textos literários diversos, fazendo
com que as mesmas descubram seus interesses, gostos e aprendam a diferenciar
os mais variados textos, dessa maneira, estimulando no educando o desejo de
imaginar, criar de uma maneira divertida, prazerosa, estimulando naturalmente o
desejo e o fascínio na criança pela leitura, além de desenvolver seu potencial
cognitivo. Para Borges (1994):


                     Cabe ao educador, nessa proposta construtivista, ajudar a criança, criando
                     situações que possam gerar desafios e desequilíbrios cognitivos, fazendo
                     com que observe melhor, tome consciência de sua ação, cheque as suas
                     hipóteses. Jamais pretender substituir, simplesmente pelo princípio da
                     autoridade, a verdade da criança pela do adulto. (p. 17).


Assim, se torna imprescindível, ao educador compreender a criança em seu estado
de aprendizagem, nessa fase de descobertas e desenvolvimento. Portanto, o
professor é uniformemente fundamental. Ele é aquele que favorece a discussão de
coordenar diferentes pontos de vida e, principalmente, um orientador que ensina e
aprende sempre. Como afirma Freire (1996) “... ensinar não é transferir
conhecimentos... Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao
aprender”. (p. 23). Havendo uma reciprocidade entre ambas as partes professor e
aluno.


2.3 Educação Infantil: fase inicial da vida
26



A Educação Infantil passou por muitas mudanças e foi se transformando ao longo do
tempo, pois antes do surgimento da mesma a criança era considerada um ser
adulto, tendo suas responsabilidades como qualquer outra pessoa, sem possuir um
atendimento diferenciado. Segundo Áries (1981) “até o século VII, a arte medieval
desconhecia ou não retratava a infância, não existia nenhum sentimento
diferenciado do ser criança”.


Somente a partir do século XVI, é que começam a surgir as primeiras preocupações
com a infância, onde o homem passa a se preocupar com a preservação da vida da
criança, sendo que a partir de interesses socioeconômicos é que essa situação
começou a se modificar. Para Kramer (1992):


                     A educação pré-escolar começou a ser reconhecida como necessária tanto
                     na Europa quanto nos Estados Unidos durante a depressão dos anos 30.
                     Seu principal objetivo era o de garantir emprego a professores, enfermeiros
                     e outros profissionais e, simultaneamente, fornecer nutrição, proteção e um
                     ambiente saudável e emocionalmente estável para crianças carentes de
                     dois a cinco anos de idade. (p. 26).


No Brasil, as primeiras iniciativas voltadas à criança tiveram um caráter higienista e
assistencialista, cujo trabalho era realizado por médicos e damas beneficentes, e se
dirigiam contra o alto índice de mortalidade infantil. A Educação Infantil foi aplicada
realmente no Brasil a partir dos anos 30, quando surge a necessidade de formar
mão-de-obra qualificada para a industrialização do país, surgindo às creches
populares que serviam para atender não somente os filhos das mães que
trabalhavam na indústria, mas também os filhos das empregadas domésticas. As
creches populares atendiam somente o que se referia à alimentação, higiene e
segurança física. Nesse momento, a criança passa a ser valorizada como um adulto
em potencial, matriz do homem, não tendo vida social ativa. Como Kramer (2002)
nos afirma“é só a partir da década de 70 que a importância da educação da criança
pequena é reconhecida e as políticas governamentais começam a, incipientemente,
ampliar o atendimento, em especial das crianças de 4 a 6 anos”. (p. 18).


Nos anos 80, surgem muitos problemas referentes à educação pré-escolar, mas com
a Constituição de 1988, a educação pré-escolar é vista como necessária e de direito
27



de todos, além de ser dever do Estado e deverá ser integrada ao sistema de ensino
(tanto creches como escola), sendo ambas incluídas na política educacional.


Com a criação do Estatuto da Criança e do adolescente (ECA) em 13 de julho de
1990, pela lei nº. 8.069/1990 no art. 54: “É dever do Estado assegurar à criança e ao
adolescente ... Parágrafo Iv – atendimento em creches e pré-escola às crianças de
zero a seis anos de idade”.(p. 20).


A partir desse novo conceito de infância, a criança passou a ser vista como um ser
que requer cuidados, atenção e uma educação que contribua para sua
aprendizagem e seu desenvolvimento. Como afirma Kramer (1992) “as crianças são
cidadãs, ou seja, são indivíduos sociais que tem direitos a que o Estado deve
atender, dentre eles o direito à educação, saúde, seguridade. (p. 127). Nesse
aspecto a pré-escola vem cumprir um novo papel, não de assistencialista, mas o de
contribuir para educar. Como nos relata Fazenda (1991):


                     ... um novo papel para o ensino pré-escolar é oferecer condições propícias,
                     oportunidades e estímulos dos mais variados para a criança educar-
                     se,socializar-se, formar-se independente e autônoma para enfrentar
                     situações de conflito dos mais diversos,apropriando-se do processo de
                     aprendizagem como sujeitos de sua história. (p. 35).


A LDB, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Infantil, com a Lei nº. 9.394, de 20 de
dezembro de 1996 foi a primeira a incluir a Educação Infantil entre as diretrizes que
regem a educação. Segundo Brasil (2006, p. 42):


                     Art. 30. “A educação infantil será oferecida em:
                     I – creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de
                     idade;
                     II – pré-escolas, para as crianças de quatro a seis anos de idade.


A Educação Infantil é aquela que busca propiciar a construção de conhecimento
especialmente do desenvolvimento integral da criança, propiciando a mesma
capacidade de ordem física, afetiva, cognitiva, ética, estética de relação interpessoal
e inserção social. Por isso, Kramer (1992, p. 127) afirma que “sua função é a de
favorecer o desenvolvimento infantil e a aquisição/construção dos conhecimentos
relativos ao mundo físico e social...”. Sendo atualmente destinada as crianças de
28



0aos 5 anos de idade, devido a antecipação do ingresso no ensino Fundamental de
09 anos, mas como uma educação capaz de fornecer conhecimentos, esses por sua
vez adquiridos nas creches ou escolas de Educação Infantil. A LDB (2006), afirma
que:


                     Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como
                     finalidade o desenvolvimento integral da criança até os seis anos de idade,
                     em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, completando a
                     ação da família e da comunidade. (p. 41).


Dessa maneira, a pré-escola adquire um novo conceito, sendo capaz de formar as
crianças, atendendo suas singularidades em seus mais diversos aspectos, físicos,
cognitivos e potencias criativos. Como cita Kramer e Souza (1991):


                     Na concepção difundida pelo educadores modernos, a pré-escola se
                     constitui no lugar onde a criança tem oportunidade de desenvolver certas
                     operações mentais, expandir a sensibilidade e a criatividade, desenvolver
                     habilidades psicomotoras específicas, ampliar o vocabulário dos da família.
                     A aquisição desses conhecimentos acontece no desenvolvimento das mais
                     diversas atividades. (p. 16).


E a Literatura Infantil contribui para esse desenvolvimento do ser criança, pois a
mesma estimula a criatividade e a compreensão do mundo de fantasia e do real.
Justamente nesse período da infância onde a Educação Infantil está atuando se
torna mais propício utilizar-se deste recurso, sendo o mesmo rico em criação e de
uma abrangente área, que se torna indispensável às crianças, enquanto ser que
está construindo seu aprendizado. Fazenda (1991, p. 16) afirma que“a função da
Educação Infantil é caminhar com a criança, respeitando suas limitações e
explorando seu potencial”.Angotti (2006) nos relata que:


                     O papel da educação e do educador infantil concretiza-se no ideal de
                     recuperação da infância perdida nos tempos modernos para inserir a
                     criança no mundo do conhecimento, na condição de ser alfabetizada na
                     leitura de mundo, na leitura interpretativa de tudo o que está ao seu redor
                     sem perder a natureza, a magia, a fantasia, o mundo maravilhoso do ser
                     criança e propiciar-lhe desenvolvimento integral, seguro e significativo (p.
                     26).


A criança deve viver o momento de infância, sem ter preocupações, “aprender
brincando” e até mesmo no seu cotidiano elas vão adquirindo conhecimentos. Sendo
29



que, as instituições escolares onde se oferece a Educação Infantil podem
proporcionar no seu dia a dia o contato com obras literárias, possibilitando as
criançasum mundo de descobertas, emoções, aprendizados que se aprende através
de um momento lúdico e as leituras realizadas também contribui para esse momento
de livre aprendizagem.     Justamente por isso, é uma realidade entendermos de
diversas maneiras o “mundo infantil”. Angotti (2006) continua afirmando que:


                     Olhar a Educação Infantil, enxergá-la em sua complexidade e sua
                     singularidade significa buscar entende-la em sua característica de formação
                     de crianças entre o 0 e 6 anos de idade, constituindo espaços tempos,
                     procedimentos e instrumentos, atividades e jogos, experiências, vivencias...
                     que o cuidar possa prover condições de cuidado, respeitando a criança em
                     suas inúmeras linguagens e noseu vínculo estreito com á ludicidade. (p. 25).


Hoje, é imprescindível, que a Educação Infantil proporcione a criança uma formação
com capacidade e um desenvolvimento de construção do saber, tendo o papel social
de valorizar os conhecimentos que as crianças já trazem, assumindo assim,
características que vão além da função da escola, devendo respeitar a diversidade,
a imaginação fértil de cada aluno, presente neste ambiente e também considerar as
possibilidades de aprendizagem. Para Angotti (2006, p. 25):


                     ... a Educação Infantil fundamenta-se na necessidade de se entender a
                     criança de corpo inteiro, de não fragmentá-la em suas perspectivas e,
                     sobretudo, no que se concerne à insustentável dissociação entre a razão e
                     emoção, de compreendê-la e trabalhá-la na sua inteireza, integrando
                     práticas educativas      baseadas em ideário pedagógico que possa
                     desenvolver seu potencial de elaboração e expressão comunicativa.


A presença da Literatura Infantil enriquece ainda mais este ambiente, trazendo
significados de extrema importância para o mundo infantil. Portanto, cabe ressaltar,
que no processo educacional a Educação Infantil deve ser considerada a mais
importante, pois ela é a base para aprendizagens subseqüentes. Angotti (2006),
mais uma vez vem nos afirmar que:


                     ... a Educação Infantil significa a convicção de que novos tempos podem ser
                     pensados para a sociedade, desenvolvendo e realizando pessoas mais
                     completas, seres mais íntegros que saibam exercer seus papéis enquanto
                     ser pessoa, ser social, ser histórico, ser cultural, novos tempos em que o ser
                     humano possa viver a plenitude de todas as etapas da vida, realizando-se e
                     tendo uma atividade intensa, uma vivência clara do que seja ser criança e
                     viver a infância. (...) significa reconhecer a criança, sua condição de
                     cidadania conforme proclama a Carta Constitucional do Brasil: bem como o
30



                      necessário investimento nas condições em que se possa prover o
                      desenvolvimento infantil. (p. 28).


Portanto, é inegável, que a Educação Infantil tem um papel a cumprir, capacitando
as mesmas a se tornarem seres críticos nas suas atitudes e no meio social no qual
estão inseridas, possibilitando o seu pleno desenvolvimento e contribuindo em suas
habilidades, e a presença da literatura infantil só vem a enriquecer nesse processo
de construção do saber.


2.4 Literatura Infantil: um mundo de descobertas


A Literatura Infantil é uma expressão utilizada para classificar as obras literárias
destinada ao público infantil. Para Cademartori (2006, p. 14) “... a literatura infantil
apresenta o fato de destinar-se a um leitor mirim”. Com características próprias a
essa fase inicial da vida do ser humano, sendo estas capazes de proporcionar um
novo mundo de conhecimentos e descobertas. Segundo Coelho (2000):


                      A literatura infantil é, antes de tudo, literatura; ou melhor, é arte: fenômeno
                      de criatividade que representa o mundo, o homem, a vida, através da
                      palavra. Funde os sonhos e a vida prática, o imaginário e o real, os ideais e
                      sua possível/impossível realização... (p. 27).


A ela cabe a função de contribuir para o aprendizado da criança, enriquecendo os
seus conhecimentos e colaborando para uma formação mais completa. Como cita
Jesualdo (1993, p. 23) “... a função que a literatura infantil tende a realizar na alma e
no cérebro da criança é configurar, de certo modo, todo o problema partindo de suas
necessidades”.Para Coelho (2000) “a literatura, e em especial a infantil, tem uma
tarefa fundamental a cumprir nesta sociedade em transformação, seja no
espontâneo convívio leitor/livro, seja no diálogo leitor (texto estimulado pela escola)”.
(p. 15).


A Literatura Infantil é importante para a formação do individuo e para o desempenho
da criança, possibilitando a mesma a formação de personalidade, como Coelho
(2000, p. 47) continua afirmandoque “o rótulo “literatura infantil” abarca, assim,
modalidades distintas de textos: desde os contos de fada, fábulas, contos
maravilhosos, lendas, histórias do cotidiano... até biografias romanceadas, romances
31



históricos, literatura documental ou informativa”, propondo uma vasta área de
conhecimentos aos educandos, por isso ela não se restringiu a apenas uma única
função. Jesualdo (1993) vem nos afirmar que:


                     ... à função da literatura, é ela quem, por si mesma, estimula, nas crianças,
                     interesses adormecidos que esperam que essa espécie de varinha mágica
                     os desperte para aspectos do mundo que as rodeia; age sobre as forças do
                     intelecto, como a imaginação ou o senso estético, que precisam do impulso
                     de correntes exteriores para adquirir pleno desenvolvimento na evolução
                     psíquica da criança... Junte-se a todas essas funções mais uma: a da
                     identificação, pelo prazer que toda leitura com pretensões a ser de algum
                     proveito deve provocar na alma da criança... (p. 30).


A Literatura Infantil contribui para a construção de uma formação cognitiva,
emocional e social da criança. As diversas leituras de contos e histórias literárias
também transmitem bons ensinamentos, boas maneiras e boas atitudes, pois uma
das formas das crianças aprenderem é através de bons exemplos. Para Abramovich
(1997, p. 16)“ah, como é importante para a formação de qualquer criança ouvir
muitas, muitas histórias... Escutá-las é o inicio da aprendizagem para ser um
leitor...”. Segundo Coelho (2000):


                     ... Nesse espaço, privilegiamos os estudos literários, pois, de maneira mais
                     abrangente do que quaisquer outros, eles estimulam o exercício da mente;
                     a percepção do real em suas múltiplas significações; a consciência do eu
                     em relação ao outro; a leitura do mundo em seus vários níveis e,
                     principalmente, dinamizam o estudo e conhecimento da língua, da
                     expressão verbal significativa e consciente – condição simequa non para a
                     plena realidade do ser. (p. 16).


As obras literárias ao mesmo tempo em que proporcionam momentos de
entretenimento trazem consigo ensinamentos indispensáveis e necessários ao
ensino e aprendizagem da criança. Segundo Maia (2007) “resumidamente, pode-se
afirmar que no texto literário há um trabalho estético com a linguagem, que suscita o
imaginário, desperta emoções, possibilita a fruição de sentidos múltiplos...” (p. 53).
Aguça na criança o incentivo a leitura, mesmo que o educando ainda não saiba ler,
mas o simples fato de folhear livros e ter contato com os mesmos estimula-os
naturalmente levando-os ao hábito da leitura, dessa maneira contribuindo com o
aprendizado a leitura, o aprendizado da escrita ou o melhoramento da mesma,
enriquecendo o seu vocabulário. Para Zilberman (1990):
32




                     ... A literatura infantil provoca no leitor um efeito duplo: aciona sua fantasia,
                     colocando frente a frente dois imaginários e dois tipos de vivência interior;
                     mas suscita um posicionamento intelectual, uma vez que o mundo
                     representado no texto, mesmo afastado no tempo ou diferenciado enquanto
                     invenção,produz uma modalidade de reconhecimento em quem lê. Nesse
                     sentido, o texto literário introduz um universo que, por mais distanciado do
                     cotidiano, leva o leitor a refletir sobre sua rotina e a incorporar novas
                     experiências. (p. 19).


Tornando o leitor literário uma pessoa mais crítica, consciente e reflexiva de seus
atos na sociedade, pois vivenciar situações imaginárias através das obras literárias
abre novos caminhos para a recreação da realidade, possibilitando a criança a
enfrentar diversas situações no seu dia a dia. Dessa maneira, a literatura é mais do
que um instrumento de educação, ela é uma fonte rica de conhecimentos que tem
como ideal enriquecer a cultura, aprimorar e ampliar o intelecto do ser humano. Para
Costa (2008):


                     O ideal da Literatura Infantil é fazer com que as crianças unam o
                     entretenimento e a instrução ao prazer da leitura. Portanto, a literatura,
                     reunindo a beleza das palavras e das imagens. A criança pode desenvolver
                     as suas capacidades de emoção, admiração, compreensão do ser humano
                     e do mundo, entendimento dos problemas alheios e dos seus próprios;
                     enriquecendo, principalmente, as suas experiências escolares, citadas e
                     pessoais. (p. 61).


Compreender a importância da Literatura Infantil como uma fonte de saber e utilizá-
la como recurso de contribuição na construção do conhecimento infantil se torna
imprescindível dentro da Educação Infantil, pois possibilita a criança uma formação
mais rica e completa, havendo um equilíbrio entre a imaginação, fantasia e a
realidade no processo de ensino e aprendizagem dos educandos.




CAPITULO III
33



                3. METODOLOGIA: CAMINHOS TRILHADOS


Compreendemos a metodologia como um processo utilizado para a obtenção de
objetivos a serem alcançados. Segundo Andrade (2007, p. 119) “metodologia é o
conjunto de métodos ou caminhos que são percorridos na busca do conhecimento”.
Utilizando técnicas para conduzir e analisar os métodos utilizados no decorrer da
pesquisa. Para Michaliszyn (2005):


                     Metodologia é o ramo da lógica que se ocupa dos métodos utilizados para
                     diferentes ciências. Pode-se conceituá-la ainda como parte de uma ciência
                     que estuda os métodos aos quais ela própria recorre. Tais métodos
                     caracterizam-se como o corpo de regras e diligências estabelecidas para
                     realizar uma pesquisa. (p. 29).


A metodologia é de suma importância, pois norteia os procedimentos essenciais à
consecução de qualquer pesquisa, pois através dela e dos métodos oferecidos,
podemos trilhar caminhos que ajudam significativamente a entender os sujeitos
observados e alcançar os objetivos definidos. Segundo Bianchi (2003) a
metodologia“é um conjunto de instrumentos que deverá ser utilizado na investigação
e tem por finalidade encontrar o caminho mais racional para atingir os objetivos
propostos, de maneira mais rápida e melhor”. (p. 27).


Portanto, é através da metodologia que se revela todo o caminho percorrido para
alcançar todos os objetivos que se pretende conquistar em uma pesquisa, nesse
caso envolvendo a Literatura Infantil e os professores que atuam na Educação
Infantil.


3.1 Tipo de pesquisa


A pesquisa é qualitativa, pois apresenta traços importantes que auxiliam o
pesquisador a traçar um perfil de objeto em estudo. Para Barros e Lehfeld (1990, p.
88) “análise qualitativa: são os estudos nos quais os dados são apresentados de
forma verbal ou oral em forma de discurso”. Para Bianchi (2003):
                     ... na análise qualitativa, a abordagem será feita por fatores intrínsecos
                     apresentados nos fenômenos, que devem ser capacitados pelo pesquisador
                     e classificados, o que exige suas opiniões, não deixando que estas
34



                     interfiram no processo. Por isso, depende de um olhar cuidadoso sobre o
                     sujeito. (p. 33).


Investigar os significados que os envolvidos dão ao assunto é uma das
características da pesquisa qualitativa que segundo Ludke e André (1986) “...
envolve a obtenção de dados descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador
com situações estudadas, enfatiza mais o processo do que o produto e se preocupa
em retratar a perspectiva dos participantes”. (p. 13). Segundo Gil (1991) a pesquisa
é um:


                     Procedimento racional e satisfatório que tem como objetivo proporcionar
                     aos problemas que são propostos. A pesquisa é desenvolvida mediante o
                     concurso dos conhecimentos disponíveis e a utilização cuidadosa de
                     métodos, técnicas e outros procedimentos científicos. Na realidade a
                     pesquisa desenvolve-se ao longo de um processo que envolve inúmeras
                     fases, desde a adequada formulação do problema até a satisfatória
                     apresentação dos resultados. (p. 19).


É uma pesquisa que permite a análise numa visão diferenciada que considera a
situação contextual do sujeito pesquisado. Por isso, Bianchi (2003, p. 33) vem citar
que“para a análise qualitativa, é necessário verificar a relevância das respostas e
sua constância”. Referente a esse posicionamento, Deslandes (1994) nos relata
que:

                     A pesquisa qualitativa responde as questões particulares, ela se preocupa,
                     nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser o
                     universo de significados, motivos ás aspirações, crenças, valores e atitudes
                     que correspondem a um espaço mais profundo das reações dos processos
                     e dos fenômenos que não podem ser reduzidos á operacionalização de
                     variáveis. (p. 21).


Esse tipo de pesquisa se enquadra no objeto de estudo, os professores atuantes na
Educação Infantil, possibilitando o recolhimento de alguns dados indispensáveis ao
estudo proposto, com o intuito de identificar quais as compreensões que os
pesquisados têm sobre a Literatura Infantil e de que maneira a utilizam em seu fazer
pedagógico.


3.2 Lócus da pesquisa
O lócus da pesquisa nos permitiu uma maior proximidade com os sujeitospara assim
identificarmos quais as compreensões que os professores atuantes na Educação
35



Infantil têm sobre a literatura. Para a realização da pesquisa foram escolhidasduas
escolas municipais: Escola Sergio Carneiro, situada na Avenida do Contorno S/N e
Carlos Santana na Rua João Durval Carneiro S/N, ambas localizadas no município
de Ponto Novo-BA.


A Escola Municipal Carlos Santana,possui seis salas de aulas, uma diretoria, uma
cantina, quatro banheiros (dois femininos e dois masculinos), um pátio, um
almoxarifado, uma sala de professores, uma sala de informática, um parque móvel,
funciona os três turnos (matutino, vespertino e noturno), nos dois primeiros turnos
atendendo da Educação Infantil até o 2º ano, possuindo 288 alunos, no noturno
atende ao EJA – Educação de Jovens e Adultos. Sendo composta por 22
funcionários (diretora, vice diretora, porteiro, secretarias, cozinheira, auxiliar de
serviços gerais e professores).


A Escola Municipal Sérgio Carneiro, possuindo quatro salas de aula, uma diretoria,
uma cantina, dois banheiros (um feminino e um masculino), um pátio externo, um
almoxarifado, uma sala de informática, funciona dois turnos (matutino e
vespertino),sendo composta por 21 funcionários (diretora, vicediretora, porteiro,
secretarias, cozinheira, auxiliar de serviços gerais e professores), atendendo 106
alunos, desde a Educação Infantil ao 3º ano do Ensino Fundamental I.


Ressaltamos, que o motivo da escolha de dois lócus para a realização da pesquisa é
que a quantidade de professores em apenas uma instituição escolar seria
insuficiente.


3.3 Sujeitos da pesquisa


Os sujeitos da pesquisa são fundamentais e essenciais, pois é através destes que
iremos obter as informações para conseguirmos realizar a análise de dados.
desenvolvidos na pesquisa são os 12 professores que lecionam nas instituições
escolares: Escola Municipal Carlos Santana eEscola Sérgio Carneiro que lecionam
na Educação Infantil.
36



3.4 Instrumentos da coleta de dados


Para a realização de qualquer pesquisa, torna-se necessário a utilização de
instrumentos que devem ser considerados no sentido de alcançar os objetivos
propostos.São técnicas, que segundo Michaliszyn (2005, p. 32) “consiste na
habilidade em usar um conjunto de normas para o levantamento de dados”.


Os instrumentos de coleta de dados que serão utilizados na nossa pesquisa serão: a
observação, o questionário fechado e o questionário aberto.


3.4.1 A observação


A   observação    é   de    fundamental      importância      em     uma     pesquisa.     Para
Michaliszyn(2005, p. 32) a observação é a “técnica de coleta de dados em que o
pesquisador se vale dos sentidos para a obtenção dos dados”. Segundo Barros e
Lehfeld (1990) “a observação é uma das técnicas de coleta de dados imprescindível
em toda pesquisa científica. Observar significa aplicar atentamente os sentidos a um
objetivo para dele adquirirum conhecimento claro e preciso”. (p. 76).


O método de observação é essencial. Segundo Ludké e André (1986, p. 26) “a
observação ocupa um lugar privilegiado nas novas abordagens de pesquisa
educacional, a observação possibilitam um contexto pessoal e estreito do
pesquisador com o fenômeno pesquisador”. Como Ludké e André (1986, p. 27)
continua afirmando:


                      ... a observação é o método mais adequado para investigar um determinado
                      problema, o pesquisadose depara ainda com uma série de decisões quanto
                      ao seu grau de participação no trabalho, quanto á explicitação do seu papel
                      e dos propósitos da pesquisa junto aos sujeitos e quanto á forma da sua
                      inserção na realidade...


Portanto, o pesquisador ao observar levantará questionamentos onde poderá
através das respostas obtidas, elaborarem os conteúdos da pesquisa.


3.4.2 Questionário fechado
37




O questionário se constitui de perguntas objetivas desenvolvidas pelo pesquisador
para o levantamento de dados estruturais e procedimentais, a fim de obter
informações sobre o perfil do profissional que atua na proposta, bem como a sua
relação com a mesma. Segundo Lakatos e Marconi (1991) “o questionário é um
instrumento de coleta de dados constituídos por uma série ordenada de perguntas
que devem se respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador”. (p. 201).
Para Triviños (1987):


                        Sem dúvida alguma, o questionário, de emprego usual              no trabalho
                        positivista, também o pode utilizar na pesquisa qualitativa.    Ás vezes, o
                        pesquisador desta última linha de estudo precisa caracterizar   um grupo de
                        acordo com seus traços gerais (atividades ocupacionais          exercem na
                        comunidade, nível de escolaridade, estado civil, função que     desempenha
                        nas associações de mães e vilas etc.). (p. 67).


Assim, percebe-se que o questionário é prático e um meio mais fácil de adquirir
certas informações. Como afirma Gressler (1989, p. 73) “o questionário é
normalmente o instrumento mais rápido para coletar dados” e ainda acrescenta “as
questões fechadas também elucidam a dimensão das respostas, visto que se
estabelece de antemão a sua resposta”. (p. 76).


Por isso, em muitos tipos de pesquisa é utilizado o questionário fechado como um
instrumento essencial, devido a sua praticidade de obter informações. Como cita
Andrade (2007, p. 136) “perguntas fechadas são aquelas que indicam três ou quatro
opções de resposta ou se limitam á resposta afirmativa ou negativa, e já trazem
espaços destinados á marcação da escola”. Contribuindo para uma ágil captura de
dados.


3.4.3 Questionário aberto


É um instrumento utilizado na pesquisa para a obtenção de informações sobre o
tema pesquisado. Para Alves (2007, p. 67) “questionários: constituídos de um rol de
perguntas que devem ser respondidas sem a presença do pesquisador”. Pois os
sujeitos pesquisados podem fazer uma análise sobre as perguntas, refletindo
tranquilamente cada uma delas, e o mais importante os sujeitos ficam mais a
38



vontade, livres para responder o questionário de acordo com seus conhecimentos.
Como nos revela Andrade (2007):


                     As perguntas abertas dão mais liberdade de resposta, proporcionam
                     maiores informações, mas têm a desvantagem de dificultar muito a
                     apuração dos fatos. Dificilmente perguntas abertas podem ser tabuladas e
                     precisam ser agrupadas, por semelhança, para serem analisadas. (p. 137).


Por isso, ao mesmo tempo em que o questionário aberto se torna prático, também é
complexo, pois dependendo das respostas dos sujeitos a analise se torna difícil.
Porque cada um expressa sua opinião de uma maneira. Como cita Marconi e
Lakatos (1990, p. 89) ao se referirem ao questionário“chamamos de livre ou não
ilimitados, são os que permitem ao informante responder livremente, usando a
linguagem própria, e emitir opiniões”. Possibilita investigações mais profundas e
precisas.


Portanto, para a pesquisa proposta esse tipo de análise se tornou imprescindível,
porque “as perguntas abertas são aquelas em que a liberdade de resposta é total”
(BARROS ELEHFELD, 2009, p. 75). Dessa maneira, facilitando os sujeitos a se
expressarem livremente e ao pesquisador analisar cuidadosamente cada informação
adquirida.


3.4.4 Dados coletados


A pesquisa desenvolvida foi elaborada a partir de dados da observação e do
questionário(fechado e aberto), sendoestes dois últimos analisados através das
respostas obtidas dos sujeitos (os professores) durante a pesquisa. Os instrumentos
escolhidos para a realização da mesma foi devido à praticidade e rapidez para
conseguir os dados dos sujeitos.


Sendo importante salientar que através desses objetos de pesquisa fizemos a
análise de dados, capítulo de maior importância, como cita Barros e Lehfeld (2009,
p. 87) “a fase de análise de dados constitui-se um momento muito importante de
todas as pesquisas, pois é nela que buscamos as respostas pretendidas, através da
utilização dos raciocínios indutivos, dedutivos, comparativos etc.”. Por isso, devemos
39



analisar cuidadosamente e detalhadamente cada resposta, pois é através deste que
iremos ter respaldo para responder o nosso questionamento de pesquisa.




CAPITULO IV


                   4. ANALISANDO OS DADOS COLETADOS
40



Neste capítulo apresentamos a análise dos dados coletados a partir da aplicação
dosinstrumentos de coleta de dados. A partir do questionário fechado foi possível
colherinformações precisas sobre o perfil de cada sujeito, como nível de
escolaridade, tempo de atuação profissional, entre outros. O questionário aberto nos
permitiu aprofundar as questões norteadoras desse estudo, a partir da visão dos
pesquisados, possibilitando confrontá-las com os aportes teóricos balizadores da
pesquisa e, enfim, apresentar respostas as nossas inquietações iniciais.


4.1 Apresentando o Perfil dos Pesquisados: Análise do Questionário Fechado


4.1.1 Gênero dos Sujeitos


Os sujeitos da pesquisa apresentaram um percentual de 100% feminino. Assim,
podemos constatar que a presença das mulheres atuantes na Educação Infantil é
grande em relação ao sexo oposto. “A concepção do cuidar das professoras está
presa a um modelo assistencial de cuidado arraigado de preconceitos”. (ASSIS,
2006, p. 96). Tradicionalmente isso se deve a concepção imposta pela sociedade,
Magistério uma profissão para as “mulheres”, onde as mesmas eram vistas
comodona do lar,tendo uma vocação maternal, possuindo assim, uma maior
afinidade com crianças.




                                                                           Feminino




                                      100%

                     Fonte:Dados obtidos através do questionário fechado



4.1.2 Faixa etária
41



De acordo com os dados fornecidos percebe-se que os sujeitos possuem idades
variadas. E a maior porcentagem refere-se aos 42% de professoras que possuem a
menor idade, demonstrando que estão buscando o profissionalismo mais cedo.
Houve uma coincidência entre ambas as idades (35-40 e mais de 40 anos)
equivalendo a 17% dos sujeitos, sendo estes considerados os que têm maior
experiência na área educacional devido a sua faixa etária.




                       25%
                                               42%
                                                                    27-31 anos
                                                                    32-35 anos
                 17%
                                                                    35-40 anos
                                 17%                                Mais de 40 anos




                  Fonte: Dados obtidos através do questionário fechado



4.1.3 Nível de escolaridade


De acordo com a análiseos 33% dos sujeitos possuem o Nível Superior Completo,
quer dizer que eles estão buscando se aprimorar, melhorando os seus
conhecimentos,eestão      se    capacitando      profissionalmente,      buscando     se
profissionalizar através do nível superior e pós-graduação, sendo importante relatar
que atualmente é uma exigência da lei a capacitação através do nível superior aos
profissionais da educação, os professores. Pois, “... um professor entusiasmado,
competente e comprometido como pessoa, como cidadão e como profissional... há
de se compreender a formação continuada, assim como o próprio processo
educativo, como um processo multidimensional”. (NASCIMENTO, 1997, p. 73).
Assim, se qualificando, enriquecendo e reciclando todos os seus conhecimentos
adquiridos ao longo de sua jornada profissional. Sendo que, somente 25% dos
sujeitos analisados ainda não possuem o Ensino Superior.
42




                            8%
                                              25%
                                                                   Ensino Médio Completo
             25%
                                                                   Pedagogia incompleta
                                                    8%
                                                                   Pedagogia completa
                                                                   Pós-graduação incompleta
                                 33%
                                                                   Pós-graduação completa




                    Fonte: Dados obtidos através do questionário fechado.


4.1.4 Tempo de atuação lecionando na Educação


Dos sujeitos analisados 50% já possuem uma carreira sólida, possuindo uma vasta
experiência na educação, enquanto apenas 8% atuamhá pouco tempo, como nos
mostra o gráfico:




                                  8%         8%
                     17%                            17%                     2-3 anos
                                                                            4-5 anos
                                                                            5-10 anos
                                                                            Mais de 15 anos
                                       50%
                                                                            Mais de 16 anos




                    Fonte:Dados obtidos através do questionário fechado.


4.1.5 Tempo de atuação lecionando na Educação Infantil


Os sujeitos apesar de possuírem uma carreira profissional de muitos anos, seu
tempo de atuação na Educação Infantil não é tão extensa, 50% deles atuam há
pouco tempo, enquanto apenas 8% possuem uma atuação mais antiga.
43




                                    8%
                        17%
                                                       50%                             1-2 anos
                                                                                       3-5 anos

                         25%                                                           5-10 anos
                                                                                       10-15 anos




                 Fonte: Dados obtidos através do questionário fechado.


4.2   ANÁLISE    DO     QUESTIONÁRIO             ABERTO         E    CONFRONTO             COM      A
OBSERVAÇÃO.


A partir dos dados obtidos com o questionário aberto, a triangulação destes com o
perfil dos sujeitos traçado com o questionário fechado e as nossas observações nos
permitiram elaborar as categorias abaixo, a fim de responder a nossa questão de
pesquisa:


4.2.1 A Literatura Infantil e o fazer pedagógico


Nesta categoriaquestionamos aos nossos pesquisados como estes utilizam a
Literatura Infantil e qual a importância e o espaço que dão a esta em seu fazer
pedagógico. Assim,100% dos entrevistados responderam que é importante utilizá-la
como instrumento necessário em sala de aula.


Como citam:


                      É de suma importância, pois as crianças demonstram mais interesse na
                      aula quando estou trabalhando com Literatura Infantil. (P 1)

                      Grande importância é uma ferramenta a mais nas mãos dos professores.
                      (P3)

                      Levar o aluno a ter gosto pela leitura infantil ao decorrer do tempo. (P 4)

                      Ampliação do vocabulário, aquisição de informação, capacidade de
                      compreensão, o prazer de ouvir e desenvolver a imaginação através da
                      leitura. (P6)
44



                     Contribui para um momento de entrosamento entre o texto e a vida pessoal
                     de cada educando, e as comparações do que é real ou não é, provocando a
                     curiosidade e a imaginação. (P12)


Nessas falas, é notória a sua importância enquanto instrumento utilizado para o
ensino-aprendizagem, enriquecendo ainda mais os conhecimentos das crianças.
Como nos aponta Borges (1994, p. 130) “assim, conhecendo e convivendo com
estilos literários variados, o sujeito terá oportunidades de descobrir os seus
interesses, de diversificá-los aproveitando a riqueza que cada um pode lhe
oferecer...”.


Pois, quanto mais cedo e com freqüênciaa criança tiver acesso à literatura maior
será seu interesse por obras literárias, e o âmbito escolar juntamente com os
professores atuantes pode contribuir incentivando e promovendo nesses espaços
materiais de livre acesso aos alunos, como nos afirma Cunha (1991, p. 5) “mas
importante do que aulas teóricas sobre o assunto é o contato do aluno com os livros
para crianças e com as questões relativas a eles”. Isso irá enriquecer e aprimorar as
informações adquiridas pelos educandos, fazendo com que os mesmos aprendam a
distinguir o imaginário e a realidade que está à sua volta. Segundo Coelho (2000):


                     ...literatura para estimular a consciência crítica do leitor; levá-lo a
                     desenvolver sua própria expressividade verbal ou sua criatividade latente;
                     dinamizar sua capacidade de observação e reflexão em face do mundo que
                     o rodeia; e torná-lo consciente da complexa realidade em transformação
                     que é a sociedade, em que ele deve atuar quando chegar a sua vez de
                     participar ativamente do processo em curso. (p. 151).


Ainda analisando as respostas anteriores, percebemos que para os nossos
pesquisados a literatura éimportante e significativa aos educandos, trazendo-lhes
inúmeros benefícios enquanto seres em formação.


Porém, ao cruzarmos as falas dos sujeitos com os dados da nossa observação,
percebemos uma contradição, porque ao mesmo tempo em que todos relatam a
importância da literatura emseu fazer pedagógico, as suas práticas demonstram o
contrário; não é perceptível nas aulas realizadas pelos sujeitos a constante presença
da literatura nas atividades propostas, como é mencionado em suas falas.
45



Confirmamos o caráter contraditório ao analisarmos as respostas sobre a rotina do
trabalho com a Literatura Infantil na sala de aula.


Observe as respostas:


                      Não. Fica a critério dos alunos. (P2)

                      Sim. Este hábito cria uma expectativa. É trabalhada todos os dias durante
                      15 minutos. (P3)

                      Sim. Existe dia e momento. Dias sempre segunda e sexta sempre depois do
                      recreio. (P4)

                      Tem um dia que vão ao cantinho de leitura, em que as crianças escolhem
                      seu próprio livro, para ler ou folhear. (P8)

                      Não. Sempre que tenho oportunidades. (P10)

                      Não. Essa proposta poderá e deverá ser um trabalho sistematizado e
                      permanente. (P11)


Ao responderesse questionamento, percebemos que a literatura é utilizada pelos
professores, mas a visão de sua aplicabilidade difere entre esses.


Alguns acreditam que se deve trabalhar a literatura diariamente e outros com dia
específico, porém, a maioria escolhe o dia para esse momento. Este posicionamento
indica umadivisão entre o pensamento dos sujeitos analisados, pois cada um exerce
seu trabalho de uma maneira diferenciada, sendo importante não esquecer que “... a
sala de aula é um espaço privilegiado... , assim como um importante setor para o
intercâmbio da cultura literária, não podendo ser ignorada, muito menos desmentida
sua utilidade”. (ZILBERMAN, 1987, p. 14).


Somente o P3 e P11mencionam o contrário, afirmando que se deve trabalhar
constantemente com a literatura em sala de aula, porque além da criança gostar
desse momento, se torna envolvente e participativo o envolvimento de todos os
alunos. Isto nos aponta para refletir como é importante através de um instrumento de
trabalho fazer da aula um momento prazeroso e mágico para os alunos, havendo
uma reciprocidade para ambas as partes educador ao ensinar e educando ao
aprender. Por isso, para Costa (2008):
46



                     Essa literatura surge simultaneamente para instruir, divertir e educar,
                     trazendo a criança ao mundo em que ela se identificar e sente-se livre para
                     formar suas capacidades intelectuais e sociais, visto que, elas ainda estão
                     num processo de formação de experiências reais. (p. 62).


Na verdade, o ideal é que essa proposta seja trabalhada diariamente com as
crianças, pois, “a literatura tem o poder de constituir-se, para a criança, em “elo
lúdico” entre o mundo do imaginário, dos símbolos subjetivos, e o mundo da escrita,
dos signos convergentes e impostos pela cultura”. (BORGES, 1994, p. 125).


Assim, se essa atividade é exercida todos os dias, irá despertar maior interesse e
compreensão por parte dos alunos, como é notório ao se observar dentro da sala de
aula, a curiosidade, o interesse e a participação dos mesmos, havendo uma
interação entre aluno, professor e os colegas de sala.


4.2.2 ALiteratura Infantil como ferramenta metodológica na Educação Infantil.


Sabemos que inúmeros são os métodos utilizados pelo professor na sala de aula
para realizar seu trabalho pedagógico. Mas ao questionarmos ospesquisados sobre
os materiais utilizados e de que maneira era utilizado, percebemos que as respostas
possuem muito em comum, pois, todos os sujeitos, ou seja, os 100%utilizam livros
como o único material didático para o momento de utilizar a Literatura Infantil.


Observe as respostas abaixo:


                     Sim, fazendo a leitura para eles, depois faço perguntas orais, em seguida
                     eles recontam a história, trabalho com leitura de imagem. (P1)

                     Livros infantis, faço a leitura da história e peço que eles façam o reconto. As
                     vezes ilustradas. (P2)

                     Sim, de maneira lúdica, prazerosa, no qual os alunos manuzeiam os livros
                     aleatoriamente no final é escolhido um livro e discutido sobre ele. (P 6)

                     Sim. Primeiro mostro a capa, depois leio o titulo da história (para aguçar a
                     curiosidade e a imaginação) onde eles as vezes já começam contar como
                     irá ser o texto e por último vou lendo e dando pausa para eles opinarem nos
                     acontecimentos lidos. Eles ficam felizes quando se pergunta: O que será
                     que aconteceu? Eles gostam de prever e mudar o fim das histórias. (P 12)


A maioria dos sujeitos se refere à contação de histórias para se trabalhar a Literatura
47



Infantil dentro da sala de aula como uma maneira de conseguir a atenção e
participação   das   crianças,      além      dos     benefícios        trazidos   através      da
mesma.ParaAbramovich(1997):


                     É ouvindo histórias que se pode sentir (também) emoções importantes,
                     como a tristeza, a raiva, a irritação, o bem-estar, o medo, a alegria, o pavor,
                     a insegurança, a tranqüilidade, e tantas outras mais, e viver profundamente
                     tudo o que as narrativas provocam em quem as ouve – com toda a
                     amplitude, significância e verdade que cada uma delas fez (ou não) brotar...
                     Pois é ouvir, sentir e enxergar com os olhos do imaginário! (p. 17).


Realmente, as histórias têm um poder de transmitir ensinamentos e bons costumes
a quem escuta, como cita Costa (2008, p. 62) “as histórias infantis podem, assim,
trabalhar na formação moral, social e literária, estabelecendo uma íntima relação
entre o “segundo mundo”, o qual todas as crianças apresentam em seus momentos
particulares, e a transposição de real”. Mas vale ressaltar que essa relação depende
muito da maneira como a mesma é contada. Borges (1994, p. 130) vem afirmar que
“... o primeiro passo para que a narrativa de uma história seja bem sucedida é a
sensibilidade do narrador, a sua capacidade de captar e transmitir as emoções do
enredo”. Dessa maneira, para contar uma história ou conto é preciso criar todo um
clima, pois não se pode proporcionar esse momento de qualquer jeito. Para Cunha
(1991):

                     E definido que a literatura deve ser “aprendida” pelo aluno, um silêncio total
                     preenche o tempo entre a apresentação do título da obra a ser lida e a
                     prova que comprove sua leitura, prova que vai medir o que é mensurável na
                     literatura, o que o aluno sabe da história, das personagens (nome,
                     características, parentesco etc.) – dados esses da área cognitiva. É a busca
                     do pensamento convergente. (p. 52).


Ainda esclarecendo a visão dos sujeitos sobre as técnicas e recursos utilizados para
se trabalhar em sala de aula, com a Literatura Infantil, obtivemos 92%de respostas
semelhantes, comprovando que sempre existe um tipo de metodologia mais utilizada
pelos professores na sua prática, neste caso foi visível tanto na observação quanto
nas respostas fornecidas que os professores utilizam mais as histórias e contos,
porque os alunos demonstram maior interesse.


                     História. É a mais solicitada pelos alunos. (P2)
48



                     Não existe a mais utilizada, pois uso de cada uma um pouquinho, pois tem
                     as outras salas que usam também. (P4)

                     Bíblica. (P5)

                     Leitura mediada; fazemos leituras na sala de um livro dando ênfase na
                     interpretação e na construção de sentido, ampliando a análise da realidade
                     do leitor. (P6)

                     Contos de fada, histórias que possua fotos, desenhos chamativos e
                     interessantes: João e Maria, O jardim secreto etc. (P7)

                     Conto de fadas. Por meio de histórias a criança pode aprender a
                     representar em desenhos, lugares conhecidos como a casa e escola.
                     Assim, as crianças ampliam e buscam o conhecimento de se e do mundo.
                     (P11)

                     Fabulas; geralmente são cômicas e dão exemplo de boas maneiras e
                     ações. Contos; transmitem o passado e presente de forma mágica. (P 12)


Diante do exposto, notamos nas falas dos sujeitos que as histórias e os contos de
fada se destacaram enquanto atividade praticada em sala de aula, pois, colabora
para que os alunos interajam, participem e fantasiem. Abramovich (1997, p. 17) vem
nos retratar que “é através duma história que se podem descobrir outros lugares,
outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, outra ética, outra ótica...”. Em relação
aos contos de fada Bettelheim (1980, p. 32) nos relata que “os contos de fadas, á
diferença de qualquer outra forma de literatura, dirigem a criança para a descoberta
de sua identidade e comunicação, e também sugerem as experiências que são
necessárias para desenvolver ainda mais o seu caráter”.Para reforçar todas as
citações acima, Abramovich (1997, p. 17) vem nos afirmar que:


                     Ler histórias para crianças, sempre, sempre... É poder sorrir, rir, gargalhar
                     com as situações vividas pelas personagens, com a idéia do conto ou com o
                     jeito de escrever dum autor e, então, poder ser um pouco cúmplice desse
                     momento de humor, de brincadeira, de divertimento... É também suscitar o
                     imaginário, é ter a curiosidade respondida em relação a tantas perguntas, é
                     encontrar outras idéias para solucionar questões (como as personagens
                     fizeram...) ... É a cada vez ir se identificando com outra personagem (cada
                     qual no momento que corresponde àquele que está sendo vivido pela
                     criança)... e assim, esclarecer melhor as próprias dificuldades ou encontrar
                     um caminho para a resolução delas...


Embora, a maior parte dos sujeitos tenha respondido na mesma linha de
pensamento o questionamento proposto sobre a modalidade de Literatura Infantil
mais utilizada em sala de aula, vale ressaltar que somente8% dos sujeitos avaliados
tiveram uma resposta diferente dos demais, sendo este correspondente a resposta
49



do P4ao citar que “não existe a mais utilizada, pois uso de cada uma um pouquinho,
pois tem as outras salas que usam também”. Desse ponto de vista o sujeito está se
referindo as outras turmas, pois como a escola não possui um acervo de livros em
grande quantidade, pode ocorrer o fato de alguns livros não estarem disponibilizados
por motivo de outros professores já estarem utilizando o mesmo.Segundo Cunha
(1991) isso acontece por que:


                     O investimento das escolas com livros é muito pequeno. Na escola pública,
                     devido às diminutas verbas que lhe são destinadas, as obras não podem
                     ser adquiridas em número suficiente. (E quase sempre o aluno também não
                     pode comprá-las.). Nas escolas particulares, mesmo as mais ricas, investe-
                     se menos em livro do que em outros “materiais didáticos”. (E os alunos,
                     mesmo ricos, não são incentivados na própria família à compra do livro.) As
                     bibliotecas são, por isso mesmo,muito pobres, em geral. (p. 10).


Quando nos referimos ainda aos sujeitos sobre a reação dos alunos quando se
trabalha a Literatura Infantil na prática pedagógica, os professores afirmaramque os
alunos gostam e reagem muito bem, principalmente quando se fala em contar
histórias e contos, como também foi notável através das observações nas aulas
realizadas pelos professores a empolgação das crianças no momento da presença
da literatura.


Veja algumas respostas interessantes dos sujeitos quando se questiona a reação
dos alunos:

                     Muito bem, pois eles gostam de trabalhar com leitura em sala de aula. (P 4)

                     Maravilhados, e costuma contar às histórias que eles conhecem. (P 5)

                     Reagem de maneira satisfatória, eles adoram ficar viajando nas histórias,
                     nos desenhos dos livros e ficam fascinados quando ouvem. (P 6)

                     Eles amam, ficam atentos, participam, criam e fantasiam. É muito bom! (P 7)

                     Sempre fazem comparações nos acontecimentos e nos personagens (se
                     fazem ou não as mesmas coisas, se são iguais aos personagens ou não).
                     (P12)


Já que os alunos possuem essa reação positiva, deve-se aproveitar esse momento
da melhor maneira possível, afinal, “a literatura amplia e enriquece a nossa visão da
realidade de um modo específico. Permite ao leitor a vivência intensa e ao mesmo
tempo a contemplação crítica das condições e possibilidades da existência humana”.
50



(CUNHA, 1991, p. 57). Assim, se torna imprescindível mais do que nunca fazer o
uso constante desse tipo de trabalho para gerar momentos de ampliação do
conhecimento nessa fase de construção do saber. Zilberman (1987) contribui
afirmando que a literatura:


                      ... sintetiza, por meio dos recursos da ficção, uma realidade, que tem
                      amplos pontos de contato com o que o leitor vive cotidianamente. Assim,
                      por mais exacerbada que seja a fantasia do escritor ou mais distanciadas e
                      diferentes as circunstâncias de espaço e tempo dentro das quais uma obra
                      é concebida, o sintoma de sua sobrevivência é o fato de que ela fala de seu
                      mundo, com suas dificuldades e soluções, ajudando-o, pois, a conhecê-lo
                      melhor. (p. 22).


E isso é fundamental para o processo de aprendizagem das crianças, para elas
aprenderem desde cedo as dificuldades existentes ao seu redor e começar a
entender o mundo que as cerca. Portanto:


                      O exercício da leitura do texto literário em sala de aula pode preencher
                      esses objetivos; e confere á literatura outro sentido educativo, talvez não o
                      que responde a intenções de alguns grupos, mas o que auxilia o estudante
                      a ter mais segurança relativamente a suas próprias experiências.
                      (ZILBERMAN, 1990, p, 20).


Ao possibilitar o educando a abertura de uma nova mentalidade, capaz de
compreender a si mesmo enquanto um ser que está em um processo de busca e
aprimoramento do conhecimento.


4.2.3 Acesso àLiteratura Infantil e suas respectivas dificuldades.


Em relação ao questionamento como ter acesso a Literatura Infantil e as dificuldades
existentes para se trabalhar com a mesma em sala de aula, notamos que não existe
dentro da instituição escolar tantos materiais disponíveis aos docentes, dificultando o
trabalho do profissional.


                      Na escola tem algumas literaturas, porém na maioria das vezes trago de
                      casa, porque os que tem na escola são histórias longas e que não chamam
                      atenção das crianças. (P1)

                      Através dos livros que tenho em casa, na escola ou internet. (P2)

                      Através do cantinho da leitura da própria escola. (P4)
A importância da literatura infantil na aprendizagem das crianças
A importância da literatura infantil na aprendizagem das crianças
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A importância da literatura infantil na aprendizagem das crianças

  • 1. 10 INTRODUÇÃO Este trabalho tem como tema A Presença da Literatura Infantil e suas contribuições na aprendizagem da criança, com a finalidade de investigar as compreensões que os professores atuantes na Educação Infantil da Escola Municipal Carlos Santana e a Escola Municipal Sérgio Carneiro – Ponto Novo – BA, têm sobre a Literatura dentro da Educação Infantil, desejando compreender quais os significados que os educadores atribuem à Literatura em seu fazer pedagógico. Sendo que esta inquietação surgiu a partir do estágio nas séries iniciais, observando os benefícios trazidos através da literatura para os educandos. O primeiro capítulo vem relatar o histórico da Literatura dentro da Educação Infantil e sua trajetória ao longo do tempo. Finalizando com a apresentação da nossa inquietação de pesquisa e os objetivos propostos. O segundo capítulo refere-se ao quadro teórico, tendo como respaldodiversos autores para as discussões referentes àspalavras-chaves: compreensões dentro da Educação Infantil; Professores atuantes na Educação Infantil; Educação Infantil: fase inicial da vida e Literatura Infantil: um mundo de descobertas. O terceiro capítulo vem traçar os caminhos percorridos através da metodologia utilizada para a elaboração de toda a pesquisa, através da observação e os questionários (fechado e aberto) para melhor análise dos sujeitos pesquisados, a fim de adquirir as informações precisas sobre o questionamento acima proposto. O quarto capítulo trata do resultado da pesquisa por meio da interpretação dos dados coletados dos sujeitos, confrontando as respostas dos mesmos com a observação. Para finalizar apresentamos nossas considerações finais com o resultado da pesquisa a partir de todos os dados observados e colhidos através dos sujeitosanalisados. Tendo sido de grande valia e de extrema importância à elaboração desse trabalho para a nossa formação acadêmica.
  • 2. 11 CAPÍTULO I 1. PROBLEMÁTICA 1.1 HISTÓRICO DA LITERATURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL É imprescindível relatar que a literatura foi e é de suma importância na formação do ser humano, pois ela proporciona momentos prazerosos, com grandes significados de aprendizagem, constituindo-se a partir de diferentes leituras de fantásticas obras literárias. Como nos relata Borges (1994): No processo de desenvolvimento pelo qual vem passando a humanidade ao longo de sua história, e cada sujeito, em particular, pode-se perceber que a literatura esteve e está presente em nossas vidas muito antes da leitura e da escrita – nas cantigas de ninar, nos brinquedos de roda, no ouvir histórias... (p. 25). A Literatura Infantil é um conjunto de obras destinadas às crianças com uma linguagem própria, onde as mesmas podem fazer diversas leituras de mundo, entre e real e o imaginário. Porém, a valorização e os sentimentos atribuídos à presença da literatura na infância nem sempre existiram da forma como hoje são concebidas e difundidas, tendo sido modificadas a partir de mudanças econômicas e políticas da estrutura social. Desde a Comunidade Primitiva até a Idade Média, a criança era considerada um pequeno adulto, que executava as mesmas atividades dos mais velhos, participando também de sua literatura. A diferença é que no período medieval existiam dois tipos de crianças, como menciona Cunha (1991): Temos de distinguir dois tipos de crianças, com acesso a uma literatura muito diferente. A criança da nobreza, orientada por preceptores, lia geralmente os grandes clássicos, enquanto a criança das classes desprivilegiadas lia ou ouvia as histórias de cavalaria, de aventuras. As lendas e contos folclóricos formavam uma literatura de cordel de grande interesse das classes populares. (p. 22). Dessa maneira, cada criança aprendia a literatura de acordo com a classe social a
  • 3. 12 qual pertencia. Mas, aproximadamente nos séculos XV à XVII surgem os primeiros livros considerados como Literatura Infantil. Como relata Salem (1970): Da Idade Média e do Renascimento (séculos XV a XVII aproximadamente) datam os primeiros livros considerados Literatura Infantil, são os catecismos, criados pelos padres Jesuítas para pregar o cristianismo às crianças: “[...] esta foi a primeira forma de literatura infantil, espontânea, com a finalidade única de facilitar o ensino ás crianças, apenas intuitiva da necessidade da infância” às crianças eram ensinadas nas escolas cristãs, em 1684, a leitura, a escrita, a música sacra e a religião. (p. 23). Somente no final do século XVII, é que surge uma literatura com uma linguagem própria para as crianças, pois antes disso a criança não tinha infância porque era considerado um ser adulto em “miniatura”, participando das ações e vida adulta, sem uma educação diferenciada, sem exigir cuidados e atenção especial. Foi nesse período e durante o século XVIII, que surgiram os primeiros livros destinados as crianças. Como nos afirma Lajolo e Zilberman (2005): As primeiras obras publicadas visando ao público infantil aparecem no mercado livreiro na metade do século XVIII. Antes disso, apenas durante o classicismo francês, no século XVII, foram escritas histórias que vieram a ser englobadas como literatura também apropriada à infância: as Fábulas, de Lan Fontainem editadas entre 1668 e 1694, as Aventuras de Telêmaco, de Fénelon, lançadas postumamente, em 1717, e os Contos da Mamãe Gansa, cujo título original era Histórias ou narrativas do tempo passado com moralidades, que Charles Perrault publicou em 1697. (p. 15). Na Idade Moderna, a Revolução Industrial, o Iluminismo e a Constituição de Estados laicos trouxeram modificações sociais e intelectuais, modificando a visão que se tinha da criança, com essas transformações é geradoum novo modelo familiar burguês, havendo maior união entre seus membros, como aponta Kramer (1992) “... a criança ... na sociedade burguesa ela passa a ser alguém que precisa ser cuidada, escolarizada e preparada para uma atuação futura”. (p. 19). Como reforça Coelho (2000, p. 27) ao dizer que“a criança é vista como um ser em formação...”. Um ser em desenvolvimento com necessidades diferenciadas das dos adultos, sendo a infância uma fase de grandes descobertas, onde o adulto deve contribuir significativamente para que isso aconteça, estimulando as mesmas a buscar o conhecimento. Para Cunha (1991), a literatura:
  • 4. 13 Começa a delinear-se no início do século XVIII, quando a criança passa a ser considerada um ser diferente do adulto, com necessidades e características próprias, pelo que deveria distanciar-se da vida dos mais velhos e receber uma educação especial, que a prepara-se para a vida adulta. (p. 22). Apesar dessa mudança ocorrida no tratamento do ser criança e o seu novo papel na sociedade, ela é vista como proporcionadora de lucros, através de produtos industrializados destinados ao seu consumo. Sendo objetos como: “... (o brinquedo) e culturais (o livro) ou novos ramos da ciência (a psicologia infantil, a pedagogia ou a pediatria) de que ela é destinatária”. (LAJOLO E ZILBERMAN, 2005, p. 17). Dessa maneira, é perceptível que o papel realmente que a criançaexercia era apenas simbólico e que suas reais necessidades não estavam sendo supridas como deveriam ser. Para modificar e transformar essa realidade, a burguesia buscou um aliado: a escola, apesar da mesma até o final do século XVIII ser facultativa e não obrigatória, viu-se a necessidade de sua existência. Segundo Lajolo e Zilberman (2005)“... a escolarização converte-se aos poucos na atividade compulsória das crianças, bem como a freqüência as salas de aula, seu destino natural”. (p. 17). A partir desse momento a educação passa a ser destinada a todas as crianças e não somente as da burguesia como acontecia anteriormente, mas com um principal intuito, das crianças aprenderem a leitura para fazer uso da literatura. Como menciona Lajolo e Zilberman (2005) “... a literatura infantil trabalha sobre a língua escrita, ela depende da capacidade de leitura das crianças, ou seja, supõe terem estas passado pelo crivo da escola”. (p. 18). Assim, é notável que a Literatura Infantil mais uma vez é usada no meio social como uma maneira de obter lucros, as indústrias produzem livros, as crianças sabendo ler adquirem o produto: “... a literatura infantil assume, desde o começo, a condição de mercadoria”. (LAJOLO E ZILBERMAN, 2005, p. 18). Dessa forma, a autora vem mencionar que: Os laços entre a literatura e a escola começam desde este ponto: a habilitação da criança para o consumo de obras impressas. Isto aciona um circuito que coloca a literatura, de um lado, como intermediária entre a criança e a sociedade de consumo que se impõe aos poucos; e, de outro,
  • 5. 14 como caudatária da ação da escola, a quem cabe promover e estimular como condição de viabilizar sua própria circulação. (LAJOLO E ZILBERMAN, 2005, p. 18). Mas, a princípio a Literatura Infantil surgiu com características próprias, ligada a função pedagógica, essa com interesses de promover informações. Para Zilberman (1987): Fica evidenciada a estreita ligação da literatura infantil com a pedagogia, quando vemos, em toda a Europa, a importância que assumem os grandes educadores da época, na criação de uma literatura para crianças e jovens. Suas intenções eram fundamentalmente formativas e informativas, até enciclopédicas. (p. 23). Desse modo, a Literatura Infantil foi usada como uma forma educativa, uma maneira de contribuir para o ato de educar, um objeto didático. Sendo preciso mais uma vez a união de dois elementos indispensáveis, que segundo Zilberman (1987)“literatura infantil e escola, inventada a primeira e reformada a segunda, são convocadas para cumprir esta missão”. (p. 13), para mostrar a necessidade, a relevância e as contribuições da literatura na formação e no desenvolvimento da criança. Mesmo com a nova valorização atribuída à criança pela família e sociedade, percebemos que as primeiras obras literárias destinadas a elas são adaptações da literatura para adultos, como nos informa Cunha (1991): ... observaram-se duas tendências próximas daquelas que já informavam a leitura dos pequenos: dos clássicos fizeram-se adaptações; do folclore, houve a apropriação dos contos de fadas – até então quase nunca voltados especificadamente para as crianças. (p. 23). Assim, são percebidas algumas mudanças ocorridas para o surgimento da literatura proporcionada a infância. Como cita Coelho (2000): Ligada desde a origem à diversão ou ao aprendizado das crianças, obviamente sua matéria deveria ser adequada à compreensão e ao interesse peculiar destinatário. E como a criança era vista como um “adulto em miniatura”, os primeiros textos infantis resultaram da adaptação (ou da minimização) de textos escritos para adultos. Expurgadas as dificuldades de linguagem, as digressões ou reflexões que estariam acima da compreensão infantil; retiradas as situações ou os conflitos não-exemplares e realçando principalmente as ações ou peripécias de caráter aventuresco ou
  • 6. 15 exemplar... as obras literárias eram reduzidas em seu valor intrínseco... (p. 29). Percebermos então, que a Literatura Infantil é vista como algo sem valor, sendo desvalorizada, sem nenhum significado de desenvolvimento e aprendizagem para as crianças, usada apenas como uma forma de manipular a infância, onde são impostas regras para serem cumpridas e obedecidas, tornando-se mais uma vez um instrumento de manipulação utilizado pelos adultos para impor ordem e moldar a criança de acordo com quem os educa. Como menciona Zilberman (1987): Concebida originalmente como objeto exclusivo das crianças, passou a receber um status científico, no momento em que se percebeu que não apenas era produzida pelos adultos, mais, como se viu, manipulada por eles, tendo em vista a dominação da infância. (p. 26). Dessa maneira, a literatura foi usada como um objeto de manipulação para controlar a criança, e não como um instrumento eficaz na aprendizagem do ser humano. 1.2 A presença da Literatura Infantil no Brasil No Brasil, a literatura só chegou apenas no século XIX, como cita Lajolo e Zilberman (2005, p. 23)“... a literatura infantil só veio a surgir muito depois, quase no século XX, muito embora ao longo do século XIX reponte,registrada aqui e ali, a notícia do aparecimento de uma ou outra obra destinada a crianças”, antes disso, prevalecia a oralidade das narrativas folclóricas, lendas e mitos. Sendo este método até mesmo uma maneira de transmitir as culturas de cada época através de histórias. Para Coelho (2000): Ao estudarmos a história das culturas e o modo pelo qual elas foram sendo transmitidas de geração para geração, verificamos que a literatura foi o seu principal veículo. Literatura oral ou literatura escrita foram as principais formas pelas quais recebemos a herança da Tradição que nos cabe transformar, tal qual outros valores herdados e por sua vez renovados. (p. 16). É importante ressaltar, que as primeiras obras literárias brasileiras tiveram início com obras pedagógicas, sendo adaptadas das produções portuguesas. Segundo Palo e Oliveira (2001) “desde os primórdios, a literatura infantil surge como uma forma
  • 7. 16 literária menor, atrelada àfunção utilitário-pedagógica que a faz ser mais pedagogia do que literatura”. (p. 9). Após a Proclamação da República e com a implantação da Imprensa Régia, em 1808, e com a aceleração do mercado industrial, começa a produção de livros para crianças, no final do século XIX e início do século XX, onde o mercado consumidor da sociedade se torna promissor para o aparecimento da Literatura Infantil através da vasta produção de livros, abrindo-se assim, um espaço para o público infantil. Vale ressaltar que, nesse período os livros deixam de ser tão raros no país. Segundo Lajolo e Zilberman (2005): Gestam-se aí as massas urbanas que, além de consumidoras de produtos industrializados, vão constituindo os diferentes públicos, para os quais se destinam os diversos tipos de publicações feitos por aqui; as sofisticadas revistas femininas, os romances ligeiros, o material escolar, os livros para crianças... é entre os séculos XIX e XX que se abre espaço, nas letras brasileiras, para um tipo de produção didática e literária dirigida em particular ao público infantil. (p. 25). Apesar de toda essa mudança no meio social e a grande massa de consumo por livros propostos à infância, a Literatura Infantil brasileira só veio a surgir realmente, repercutindo e transformando o seu contexto, através de Monteiro Lobato. Como cita Coelho (2000, p. 138) “foi Monteiro Lobato que, entre nós, abriu caminho para que as inovações que começavam a se processar no âmbito da literatura adulta (com o modernismo) atingissem também a infantil”. E Cunha (1991) vem reforçar dizendo que: Com Monteiro Lobato é que tem início a verdadeira literatura infantil brasileira. Com uma obra diversificada quanto a gêneros e orientação, cria esse autor uma literatura centralizada em algumas personagens, que percorrem e unificam seu universo ficcional. (p. 24). Na verdade, as obras de Monteiro Lobato são diferenciadas das produções portuguesas, pois ele buscou retratar nas suas obras literárias as culturas e realidades brasileiras, fazendo com que a criança viaje através da sua imaginação, pense, reflita, se divirta, aprenda e se encante pela ficção, mas sem esquecer do mundo real, do meio em que vive, da sua realidade. Como cita Coelho (1991) “antes de Monteiro Lobato havia tão somente o conto com fundo folclórico”. (p. 223).
  • 8. 17 Porém, através das mudanças e modificações renovadas de se produzir Literatura Infantil, Borges (1994) nos afirma que Monteiro Lobato: Trazendo para as páginas do livro de histórias o cotidiano da criança, abordado, porém, sob novos prismas, criam um elo entre o real e o imaginário, levando a criança a viver com os personagens com os quais se identifica os seus lances de criticidade e criatividade. (p. 128). É perceptível notar as contribuições significativas queMonteiro Lobato trouxe para a Literatura Infantil brasileira. Mas, é importante salientar que “... a valorização da literatura infantil, como fenômeno significativo e de amplo alcance na formação das mentes infantis e juvenis, bem como dentro da vida cultural das sociedades é conquista recente”. (COELHO, 2000,p. 30), apesar da visibilidade que a Literatura Infantil demonstrou ao estar presente em nossas vidas há muito tempo, de diferentes gestos e maneiras, possuindo diversas funções para contribuir com o aprendizado da criança. Para Costa (2008): Hoje, as funções da Literatura Infantil no Brasil estendem-se para além da educação formal. Informar e educar passam a ser pano de fundo do interesse de autores e obras. Passam a primeiro plano o conhecimento do próprio individuo-leitor, o entretenimento (chamado, por vezes, de prazer) o experimentalismo na linguagem narrativa, o lúdico, a aventura do conhecimento humano. (p. 68). Assim, a literatura possui grande importância na formação de cada indivíduo, e dentro da instituição escolar ela possui grande relevância. Como menciona Costa (2008) “a escola possui um papel fundamental na valorização da literatura, porque atribui valores positivos à inteligência e ao saber”. (p. 65). Por isso, torna-se interessante a escola proporcionar esses momentos. Para Cunha (1991)“seria, pois, muito importante que a escola procurasse desenvolver no aluno formas ativas de lazer – aquelas que tornam o indivíduo crítico, mas consciente e produtivo. A literatura teria papel relevante nesse aspecto”. (p. 47). Porém, muitas vezes a literatura é usada pelo docente dentro do âmbito escolar apenas como uma maneira de passar o tempo, ler histórias com o intuito de fazer com que as crianças fiquem quietas, lendo até mesmo textos aleatórios, somente como uma forma de entretenimento, sem nenhum significado educativo. Desconsiderando a importância da Literatura Infantil. Para Coelho (2000):
  • 9. 18 ... acreditamos que a literatura (para crianças ou para adultos) precisa urgentemente ser descoberta, muito menos como mero entretenimento (pois deste se encarregam com mais facilidade os meios de comunicação de massa), e ritual que engaje o eu em uma experiência rica de vida, inteligência e emoções. (p. 32). No entanto, a literatura deve ser vista como uma proporcionadora de conhecimentos amplo, capazes de promover diversas aprendizagens significativas à criança e o professor deve ser o mediador desse processo. Nesse sentido Cunha (1991, p. 11) enfatiza “...acreditamos que um ponto pode ser atingido: o educador. Pode-se trabalhar com ele, melhorar seus conhecimentos e sua visão quanto à matéria Literatura Infantil”. No processo de construção do conhecimento pela criança a literatura tem um papel significativo proporcionando a contribuição para a formação de sua personalidade, seu caráter, possibilitando a compreensão entre o real e o imaginário, entre o meio social em que se vive, desenvolvendo na mesma o gosto pela leitura através de histórias, contos e textos literários, contribuindo assim, para a produção escrita. Como nos afirmar Borges (1994): Entretanto, para que a literatura possa ser “presença” na vida de uma criança, acreditamos que, juntamente com os exemplos e estímulos familiares, a maneira como a escola “vive”, e “convive” com os textos literários, tem um papel fundamental, a partir da formação do professor de educação infantil que, necessariamente, deve apresentar uma sensibilidade a esta forma de expressão, que o leve não apenas a “passá-la” às criançasmas, conforme dissemos, a “vivê-la” com as crianças. (p. 125). A partir dessas reflexões buscamos neste estudo conhecer as compreensões que os professores que atuam na Educação Infantil têm acerca daLiteratura e de que forma eles a utilizam no seu fazer pedagógico. Assim objetivamos: Analisar as compreensões dos professores da Educação Infantil, da Escola Municipal Carlos Santana e a Escola Sérgio Carneiro – Ponto Novo – BA, sobre a Literatura Infantil.
  • 10. 19 Conhecer como os professores da Educação Infantil, da Escola Municipal Carlos Santana e a Escola Sérgio Carneiro – Ponto Novo – BA, utilizam a Literatura Infantil no seu fazer pedagógico.
  • 11. 20 CAPÍTULO II 2. QUADRO TEÓRICO Percebe-se que a Literatura Infantil sofreu consideráveis transformações ao longo do tempo. No entanto, vale ressaltar que ela é de suma importância na construção do ensino-aprendizagem das crianças, abrindo um leque de possibilidades na construção do saber. Por isso, o nosso objetivo é saber quais as compreensões que os professores que atuam na Educação Infantil têm sobre a Literatura Infantil em seu fazer pedagógico. Sendo que para uma melhor compreensão da inquietação imposta trazemos as palavras - chave: Compreensões. Professores. Educação Infantil. Literatura Infantil. 2.1 Compreensões dentro da Educação Infantil A compreensão é uma forma de entendimento do que está a nossa volta. Para Morin (2003, p. 104) “a compreensão é ao mesmo tempo meio e fim da comunicação humana”. Ela opera no interior de um conjunto relacional que se manifesta na forma de transmissão da tradição por meio da linguagem. Assim expressa Camargo (2004): Quando falamos em compreensão, estamos falando na possibilidade de pensar e atuar flexivelmente a partir do que se aprendeu. [...] Portanto, a compreensão não é apenas um saber abstrato, e sim um saber em ação. [...] Compreendemos um período histórico quando podemos examinar pontos de vista alternativos sobre eles e relacioná-los a outros períodos e ao momento atual. Aprender para a compreensão exige uma cadeia de desempenhos de compreensão de complexidade crescente. (p. 26). Com relação às compreensões que os professores que atuam na Educação Infantil têm sobre a literatura é importante salientar que é preciso inovar para utilizá-lacomo um recurso indispensável em sala de aula. Para Sacristán (1998): Compreender a vida de sala de aula é um requisito necessário para evitar arbitrariedade na intervenção. Mas, nesta atividade, como noutras práticas sociais, como a medicina, a justiça, apolítica, a economia, etc., não se pode evitar o compromisso com a ação, a dimensão projetiva e normativa deste âmbito do conhecimento e atuação. (p. 81).
  • 12. 21 Pois, compreende-se que “a literatura nada mais é do que uma fonte saudável de alimentação à imaginação infantil”, (COSTA, 2008, p. 62), onde as crianças usam e abusam de sua criatividade. Por isso, é necessária uma maior compreensão por parte dos professores sobre a Educação Infantil, ou seja, compreender a criança da melhor maneira possível, ajudando-lhe desde cedo a estimular o gosto pela literatura. Sendo essencial que os mesmos busquem conhecer quais são os direitos das crianças e quais são os seus deveres enquanto educadores. Para Angotti (2006): Aceitar e entender a criança em seu estado de ser e de vir exige um significado absolutamente novo para o conceito de infância, bem como em relação às praticas didáticas, pedagógicas até então oferecidas, redimensionando-as até mesmo enquanto condição de defesa e preservação na natureza. (p. 19). Para tanto, é essencial entender e compreender que a criança é um ser em um processo de formação e a literatura deve estar presente nessa construção do conhecimento. Como nos afirma Coelho (2000): “... a literatura infantil... se destina a um leitor especial, a seres em formação, a seres que estão passando pelo processo de aprendizagem inicial da vida”. (p. 164). Para tal, o professor se torna de extrema importância para o aprendizado do aluno, pois contribui significativamente para que isso aconteça. Segundo Angotti (2006): Nossa compreensão é de que temos que assumir verdadeiramente um compromisso com a formação das crianças e isso implica reconhecer que há um tipo de relação epistemológica que é específica dos contextos formais de educação, dos seus modos de organização e de efetiva participação do professor que domina um conjunto de habilidades e conhecimentos próprios de sua formação que se torna cada dia mais imprescindível. (p. 58). Diante disso, percebemos que a compreensão é fundamental quando se refere àEducação Infantil, pois os profissionais atuantes nessa área necessitam e precisam interagir com os alunos de diferentes formas. Para Morin (2003, p. 94), “compreender significa intelectualmente apreender em conjunto”. Sendo que a literatura contribui para essa interação. Segundo Borges (1994): Se assim, compreendida, sentida e amada, a literatura passa a fazer parte da vida das crianças, adolescentes e adultos, gerando uma sede insaciável
  • 13. 22 de ler, acompanhada da crença intuitiva de que, em cada novo texto literário, há sempre a possibilidade de novas descobertas, de ampliação da compreensão de si e do mundo, de desenvolvimento pessoal, no plano do pensar e do sentir. (p. 125). A literatura ajuda a criança a entender e compreender melhor as diversas leituras realizadas pelas mesmas, pois são obras direcionadas ao público infantil. Como cita Cademartori (2006, p. 19) “... o texto infantil responderia à necessidade de suprir as grandes lacunas intelectuais de seu destinatário, pela presença, em alta proporção, nos textos infantis, de elementos formativos e informativos”.Como Lajolo (2002)também nos afirmar em sua fala: ... compreender que a literatura ... ela não existiu desde sempre, que, ao contrário, só se tornou possível e necessária (e teve, portanto, condições de emergir como gênero) no momento em que a sociedade (através da escola) necessitou dela para burilar e fazer cintilar, nas dobras da persuasão retórica e no cristal das sonoridades poéticas, as lições de moral e bons costumes que, pelas mãos de Perrault, as crianças do mundo moderno começaram a aprender. (p. 22). Portanto, compreender nada mais é que um processo educativo que entende as relações existentes em uma sociedade, na qual cada indivíduo compreenda a necessidade da educação para atuar como ser social, moral e cultural. Onde o educador tem a função de contribuir na aprendizagem e construção do conhecimento do ser humano. 2.2 Professores que atuam na Educação Infantil O professor é um profissional que deve está qualificado e preparado para atuar no espaço escolar, como docente ou membro do corpo daquela instituição. Para Tardif (2007, p. 237) “... os professores são sujeitos do conhecimento e possuem específicos ao seu ofício”. Ser professor é ter compromisso com o futuro da nação, é renunciar um pouco de si a cada dia. Dessa forma, precisa-se reconhecer e dar valor ao trabalho docente. Tardif (2007, p. 238) continua afirmando que “de fato, se o professor é realmente um sujeito do conhecimento e um produtor de saberes, é preciso reconhecê-lo como tal...”. Segundo Costa (2008): Sabemos da dedicação e da persistência do professor e de seu papel imprescindível no desenvolvimento das inteligências, na transmissão do
  • 14. 23 saber acumulado ao longo dos séculos pala Humanidade, na formação do pensamento crítico, na experimentação de comportamentos de cidadania. (p. 19). Os professores atuantes na Educação Infantil precisam estar atentos às funções educativas, compreendendo os valores que elas têm na formação das crianças, fazendo com que as mesmas se desenvolvam plenamente em todos os seus aspectos, pois segundo Tardif (2007)“... a partir deles, ou seja, seu trabalho cotidiano, não é somente um lugar de aplicação de saberes produzidos por outros, mas também um espaço de produção, de transmissão e de mobilização de saberes que lhe são próprios”. (p. 237). Relacionado a isso Oliveira (2001) vem mencionar que: O professor deve ter bastante claro que os princípios que regem seu fazer estão diretamente relacionados com os princípios da cidadania que estarão sendo construídos pelas crianças. Desta maneira, é fundamental buscar a coerência entre o ideal de formação que se quer alcançar e os procedimentos assumidos pelo docente enquanto ser individual, social, profissional e político na efetivação de seus objetivos, seus valores e seu ideal, para que possamos almejar uma sociedade mais humana, igualitária e justa, preservando enriquecendo, valorizando e realçando o que está sociedade tem de melhor, seu potencial humano. (p. 67). O professor é fundamental na aprendizagem do aluno, por isso o bom profissional deve estar sempre se atualizando, sendo um profissional competente e responsável. Para Fazenda (1991, p. 16) “... educar ou participar do processo educacional de crianças pequenas requer além de um conhecimento técnico e metodológico, uma compreensão teórica e profunda dos prejuízos irreversíveis que uma má educação nessa idade produz”. Para Angotti (2006): ... aprofissionalidade dos educadores infantis deverá estar fundamentada na efetivação de um cuidar da criança, de atendê-la em suas necessidades e exigências desde a sua mais tenra idade em atividades, espaços e tempos de ludicidade. (p. 19). Por isso, é necessário que o profissional atuante na Educação Infantil esteja se renovando, se capacitando profissionalmente para atuar nessa área, não que ele precise saber tudo, ter todas as respostas para qualquer pergunta, mas que ele possa construir junto com seus educandos conhecimentos que contribuam significativamente na vida desses alunos. Segundo Freire (1996) “... ensinar não é
  • 15. 24 transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção”. (p. 22). Para Tardif (2007): Os saberes de um professor são uma realidade social materializada através de uma formação de programas, de prática coletivas, de disciplinas escolares, de uma pedagogia institucionalizada, etc., e são também, ao mesmo tempo os saberes dele. (p. 16). Vale ressaltar, que é de suma importância que haja um entendimento entre aluno e professor para que aconteça uma maior interação entre ambas as partes na sala de aula e que o professor possa ter essa liberdade de intervir junto ao aluno, ajudando- o da melhor maneira possível. Como nos relata Assis (1993, p. 23) “a intervenção do/a professor/a é necessária tendo em vista que suas incitações visam fazer a criança refletir sobre suas próprias ações e conseguir explicar os fatos que observa e, conseqüentemente, caminhar em direção ao conhecimento”. Como menciona Borges (1994): Ser educador pré-escolar é, antes de tudo, conseguir manter uma profunda relação empática com a criança, é viver com ela, intensamente, cada momento desse processo, num envolvimento tal que possa promover o desenvolvimento de ambos: professor e aluno. (p. 15). No entanto, cabe ao educador reconhecer que o espaço das instituições infantis é um lugar onde a criança deve soltar a sua imaginação, aproveitando o máximo possível da infância e a literatura possui esse atrativo nas suas diversas obras literárias. Como cita Costa (2008): Essa literatura surge simultaneamente para instruir, divertir e educar, trazendo a criança ao mundo em que ela se identifica e sente-se livre para formar suas capacidades intelectuais e sociais, visto que, elas ainda estão num processo de formação de experiências reais. (p. 62). Cabe também ao professor contribuir de forma significativa na formação dos alunos, preparando para ser um cidadão crítico reflexivo, construtor dos seus próprios conhecimentos, atuante na sociedade em que está inserido e a literatura pode contribuir na construção dessa formação. Segundo Zilberman (1987): ...ao professor cabe o detonar das múltiplas visões que cada criação literária sugere, enfatizando as variadas interpretações pessoais, porque
  • 16. 25 estas decorrem da compreensão que o leitor alcançou do objeto artístico, em razão de sua percepção singular do universo representado. (p. 24). O professor dentro do seu ambiente de trabalho, especificadamente em sua sala de aula pode fazer uso da literatura de diferentes aspectos, utilizando livros, para os alunos irem folheando, fazendo leituras de textos através de gravuras, textos com rimas, poesias e contos. Para Abreu e Maseto (1990): É o modo de agir do professor em sala de aula, mais do que suas características de personalidade, que colabora para uma adequada aprendizagem dos alunos; fundamenta-se numa determinada concepção do papel do professor, que por sua vez reflete valores e padrões da sociedade. (p. 29). O docente pode e deve estimular, incentivar seus alunos no seu ambiente de trabalho, proporcionando à criança o acesso a textos literários diversos, fazendo com que as mesmas descubram seus interesses, gostos e aprendam a diferenciar os mais variados textos, dessa maneira, estimulando no educando o desejo de imaginar, criar de uma maneira divertida, prazerosa, estimulando naturalmente o desejo e o fascínio na criança pela leitura, além de desenvolver seu potencial cognitivo. Para Borges (1994): Cabe ao educador, nessa proposta construtivista, ajudar a criança, criando situações que possam gerar desafios e desequilíbrios cognitivos, fazendo com que observe melhor, tome consciência de sua ação, cheque as suas hipóteses. Jamais pretender substituir, simplesmente pelo princípio da autoridade, a verdade da criança pela do adulto. (p. 17). Assim, se torna imprescindível, ao educador compreender a criança em seu estado de aprendizagem, nessa fase de descobertas e desenvolvimento. Portanto, o professor é uniformemente fundamental. Ele é aquele que favorece a discussão de coordenar diferentes pontos de vida e, principalmente, um orientador que ensina e aprende sempre. Como afirma Freire (1996) “... ensinar não é transferir conhecimentos... Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender”. (p. 23). Havendo uma reciprocidade entre ambas as partes professor e aluno. 2.3 Educação Infantil: fase inicial da vida
  • 17. 26 A Educação Infantil passou por muitas mudanças e foi se transformando ao longo do tempo, pois antes do surgimento da mesma a criança era considerada um ser adulto, tendo suas responsabilidades como qualquer outra pessoa, sem possuir um atendimento diferenciado. Segundo Áries (1981) “até o século VII, a arte medieval desconhecia ou não retratava a infância, não existia nenhum sentimento diferenciado do ser criança”. Somente a partir do século XVI, é que começam a surgir as primeiras preocupações com a infância, onde o homem passa a se preocupar com a preservação da vida da criança, sendo que a partir de interesses socioeconômicos é que essa situação começou a se modificar. Para Kramer (1992): A educação pré-escolar começou a ser reconhecida como necessária tanto na Europa quanto nos Estados Unidos durante a depressão dos anos 30. Seu principal objetivo era o de garantir emprego a professores, enfermeiros e outros profissionais e, simultaneamente, fornecer nutrição, proteção e um ambiente saudável e emocionalmente estável para crianças carentes de dois a cinco anos de idade. (p. 26). No Brasil, as primeiras iniciativas voltadas à criança tiveram um caráter higienista e assistencialista, cujo trabalho era realizado por médicos e damas beneficentes, e se dirigiam contra o alto índice de mortalidade infantil. A Educação Infantil foi aplicada realmente no Brasil a partir dos anos 30, quando surge a necessidade de formar mão-de-obra qualificada para a industrialização do país, surgindo às creches populares que serviam para atender não somente os filhos das mães que trabalhavam na indústria, mas também os filhos das empregadas domésticas. As creches populares atendiam somente o que se referia à alimentação, higiene e segurança física. Nesse momento, a criança passa a ser valorizada como um adulto em potencial, matriz do homem, não tendo vida social ativa. Como Kramer (2002) nos afirma“é só a partir da década de 70 que a importância da educação da criança pequena é reconhecida e as políticas governamentais começam a, incipientemente, ampliar o atendimento, em especial das crianças de 4 a 6 anos”. (p. 18). Nos anos 80, surgem muitos problemas referentes à educação pré-escolar, mas com a Constituição de 1988, a educação pré-escolar é vista como necessária e de direito
  • 18. 27 de todos, além de ser dever do Estado e deverá ser integrada ao sistema de ensino (tanto creches como escola), sendo ambas incluídas na política educacional. Com a criação do Estatuto da Criança e do adolescente (ECA) em 13 de julho de 1990, pela lei nº. 8.069/1990 no art. 54: “É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente ... Parágrafo Iv – atendimento em creches e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade”.(p. 20). A partir desse novo conceito de infância, a criança passou a ser vista como um ser que requer cuidados, atenção e uma educação que contribua para sua aprendizagem e seu desenvolvimento. Como afirma Kramer (1992) “as crianças são cidadãs, ou seja, são indivíduos sociais que tem direitos a que o Estado deve atender, dentre eles o direito à educação, saúde, seguridade. (p. 127). Nesse aspecto a pré-escola vem cumprir um novo papel, não de assistencialista, mas o de contribuir para educar. Como nos relata Fazenda (1991): ... um novo papel para o ensino pré-escolar é oferecer condições propícias, oportunidades e estímulos dos mais variados para a criança educar- se,socializar-se, formar-se independente e autônoma para enfrentar situações de conflito dos mais diversos,apropriando-se do processo de aprendizagem como sujeitos de sua história. (p. 35). A LDB, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Infantil, com a Lei nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996 foi a primeira a incluir a Educação Infantil entre as diretrizes que regem a educação. Segundo Brasil (2006, p. 42): Art. 30. “A educação infantil será oferecida em: I – creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade; II – pré-escolas, para as crianças de quatro a seis anos de idade. A Educação Infantil é aquela que busca propiciar a construção de conhecimento especialmente do desenvolvimento integral da criança, propiciando a mesma capacidade de ordem física, afetiva, cognitiva, ética, estética de relação interpessoal e inserção social. Por isso, Kramer (1992, p. 127) afirma que “sua função é a de favorecer o desenvolvimento infantil e a aquisição/construção dos conhecimentos relativos ao mundo físico e social...”. Sendo atualmente destinada as crianças de
  • 19. 28 0aos 5 anos de idade, devido a antecipação do ingresso no ensino Fundamental de 09 anos, mas como uma educação capaz de fornecer conhecimentos, esses por sua vez adquiridos nas creches ou escolas de Educação Infantil. A LDB (2006), afirma que: Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até os seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, completando a ação da família e da comunidade. (p. 41). Dessa maneira, a pré-escola adquire um novo conceito, sendo capaz de formar as crianças, atendendo suas singularidades em seus mais diversos aspectos, físicos, cognitivos e potencias criativos. Como cita Kramer e Souza (1991): Na concepção difundida pelo educadores modernos, a pré-escola se constitui no lugar onde a criança tem oportunidade de desenvolver certas operações mentais, expandir a sensibilidade e a criatividade, desenvolver habilidades psicomotoras específicas, ampliar o vocabulário dos da família. A aquisição desses conhecimentos acontece no desenvolvimento das mais diversas atividades. (p. 16). E a Literatura Infantil contribui para esse desenvolvimento do ser criança, pois a mesma estimula a criatividade e a compreensão do mundo de fantasia e do real. Justamente nesse período da infância onde a Educação Infantil está atuando se torna mais propício utilizar-se deste recurso, sendo o mesmo rico em criação e de uma abrangente área, que se torna indispensável às crianças, enquanto ser que está construindo seu aprendizado. Fazenda (1991, p. 16) afirma que“a função da Educação Infantil é caminhar com a criança, respeitando suas limitações e explorando seu potencial”.Angotti (2006) nos relata que: O papel da educação e do educador infantil concretiza-se no ideal de recuperação da infância perdida nos tempos modernos para inserir a criança no mundo do conhecimento, na condição de ser alfabetizada na leitura de mundo, na leitura interpretativa de tudo o que está ao seu redor sem perder a natureza, a magia, a fantasia, o mundo maravilhoso do ser criança e propiciar-lhe desenvolvimento integral, seguro e significativo (p. 26). A criança deve viver o momento de infância, sem ter preocupações, “aprender brincando” e até mesmo no seu cotidiano elas vão adquirindo conhecimentos. Sendo
  • 20. 29 que, as instituições escolares onde se oferece a Educação Infantil podem proporcionar no seu dia a dia o contato com obras literárias, possibilitando as criançasum mundo de descobertas, emoções, aprendizados que se aprende através de um momento lúdico e as leituras realizadas também contribui para esse momento de livre aprendizagem. Justamente por isso, é uma realidade entendermos de diversas maneiras o “mundo infantil”. Angotti (2006) continua afirmando que: Olhar a Educação Infantil, enxergá-la em sua complexidade e sua singularidade significa buscar entende-la em sua característica de formação de crianças entre o 0 e 6 anos de idade, constituindo espaços tempos, procedimentos e instrumentos, atividades e jogos, experiências, vivencias... que o cuidar possa prover condições de cuidado, respeitando a criança em suas inúmeras linguagens e noseu vínculo estreito com á ludicidade. (p. 25). Hoje, é imprescindível, que a Educação Infantil proporcione a criança uma formação com capacidade e um desenvolvimento de construção do saber, tendo o papel social de valorizar os conhecimentos que as crianças já trazem, assumindo assim, características que vão além da função da escola, devendo respeitar a diversidade, a imaginação fértil de cada aluno, presente neste ambiente e também considerar as possibilidades de aprendizagem. Para Angotti (2006, p. 25): ... a Educação Infantil fundamenta-se na necessidade de se entender a criança de corpo inteiro, de não fragmentá-la em suas perspectivas e, sobretudo, no que se concerne à insustentável dissociação entre a razão e emoção, de compreendê-la e trabalhá-la na sua inteireza, integrando práticas educativas baseadas em ideário pedagógico que possa desenvolver seu potencial de elaboração e expressão comunicativa. A presença da Literatura Infantil enriquece ainda mais este ambiente, trazendo significados de extrema importância para o mundo infantil. Portanto, cabe ressaltar, que no processo educacional a Educação Infantil deve ser considerada a mais importante, pois ela é a base para aprendizagens subseqüentes. Angotti (2006), mais uma vez vem nos afirmar que: ... a Educação Infantil significa a convicção de que novos tempos podem ser pensados para a sociedade, desenvolvendo e realizando pessoas mais completas, seres mais íntegros que saibam exercer seus papéis enquanto ser pessoa, ser social, ser histórico, ser cultural, novos tempos em que o ser humano possa viver a plenitude de todas as etapas da vida, realizando-se e tendo uma atividade intensa, uma vivência clara do que seja ser criança e viver a infância. (...) significa reconhecer a criança, sua condição de cidadania conforme proclama a Carta Constitucional do Brasil: bem como o
  • 21. 30 necessário investimento nas condições em que se possa prover o desenvolvimento infantil. (p. 28). Portanto, é inegável, que a Educação Infantil tem um papel a cumprir, capacitando as mesmas a se tornarem seres críticos nas suas atitudes e no meio social no qual estão inseridas, possibilitando o seu pleno desenvolvimento e contribuindo em suas habilidades, e a presença da literatura infantil só vem a enriquecer nesse processo de construção do saber. 2.4 Literatura Infantil: um mundo de descobertas A Literatura Infantil é uma expressão utilizada para classificar as obras literárias destinada ao público infantil. Para Cademartori (2006, p. 14) “... a literatura infantil apresenta o fato de destinar-se a um leitor mirim”. Com características próprias a essa fase inicial da vida do ser humano, sendo estas capazes de proporcionar um novo mundo de conhecimentos e descobertas. Segundo Coelho (2000): A literatura infantil é, antes de tudo, literatura; ou melhor, é arte: fenômeno de criatividade que representa o mundo, o homem, a vida, através da palavra. Funde os sonhos e a vida prática, o imaginário e o real, os ideais e sua possível/impossível realização... (p. 27). A ela cabe a função de contribuir para o aprendizado da criança, enriquecendo os seus conhecimentos e colaborando para uma formação mais completa. Como cita Jesualdo (1993, p. 23) “... a função que a literatura infantil tende a realizar na alma e no cérebro da criança é configurar, de certo modo, todo o problema partindo de suas necessidades”.Para Coelho (2000) “a literatura, e em especial a infantil, tem uma tarefa fundamental a cumprir nesta sociedade em transformação, seja no espontâneo convívio leitor/livro, seja no diálogo leitor (texto estimulado pela escola)”. (p. 15). A Literatura Infantil é importante para a formação do individuo e para o desempenho da criança, possibilitando a mesma a formação de personalidade, como Coelho (2000, p. 47) continua afirmandoque “o rótulo “literatura infantil” abarca, assim, modalidades distintas de textos: desde os contos de fada, fábulas, contos maravilhosos, lendas, histórias do cotidiano... até biografias romanceadas, romances
  • 22. 31 históricos, literatura documental ou informativa”, propondo uma vasta área de conhecimentos aos educandos, por isso ela não se restringiu a apenas uma única função. Jesualdo (1993) vem nos afirmar que: ... à função da literatura, é ela quem, por si mesma, estimula, nas crianças, interesses adormecidos que esperam que essa espécie de varinha mágica os desperte para aspectos do mundo que as rodeia; age sobre as forças do intelecto, como a imaginação ou o senso estético, que precisam do impulso de correntes exteriores para adquirir pleno desenvolvimento na evolução psíquica da criança... Junte-se a todas essas funções mais uma: a da identificação, pelo prazer que toda leitura com pretensões a ser de algum proveito deve provocar na alma da criança... (p. 30). A Literatura Infantil contribui para a construção de uma formação cognitiva, emocional e social da criança. As diversas leituras de contos e histórias literárias também transmitem bons ensinamentos, boas maneiras e boas atitudes, pois uma das formas das crianças aprenderem é através de bons exemplos. Para Abramovich (1997, p. 16)“ah, como é importante para a formação de qualquer criança ouvir muitas, muitas histórias... Escutá-las é o inicio da aprendizagem para ser um leitor...”. Segundo Coelho (2000): ... Nesse espaço, privilegiamos os estudos literários, pois, de maneira mais abrangente do que quaisquer outros, eles estimulam o exercício da mente; a percepção do real em suas múltiplas significações; a consciência do eu em relação ao outro; a leitura do mundo em seus vários níveis e, principalmente, dinamizam o estudo e conhecimento da língua, da expressão verbal significativa e consciente – condição simequa non para a plena realidade do ser. (p. 16). As obras literárias ao mesmo tempo em que proporcionam momentos de entretenimento trazem consigo ensinamentos indispensáveis e necessários ao ensino e aprendizagem da criança. Segundo Maia (2007) “resumidamente, pode-se afirmar que no texto literário há um trabalho estético com a linguagem, que suscita o imaginário, desperta emoções, possibilita a fruição de sentidos múltiplos...” (p. 53). Aguça na criança o incentivo a leitura, mesmo que o educando ainda não saiba ler, mas o simples fato de folhear livros e ter contato com os mesmos estimula-os naturalmente levando-os ao hábito da leitura, dessa maneira contribuindo com o aprendizado a leitura, o aprendizado da escrita ou o melhoramento da mesma, enriquecendo o seu vocabulário. Para Zilberman (1990):
  • 23. 32 ... A literatura infantil provoca no leitor um efeito duplo: aciona sua fantasia, colocando frente a frente dois imaginários e dois tipos de vivência interior; mas suscita um posicionamento intelectual, uma vez que o mundo representado no texto, mesmo afastado no tempo ou diferenciado enquanto invenção,produz uma modalidade de reconhecimento em quem lê. Nesse sentido, o texto literário introduz um universo que, por mais distanciado do cotidiano, leva o leitor a refletir sobre sua rotina e a incorporar novas experiências. (p. 19). Tornando o leitor literário uma pessoa mais crítica, consciente e reflexiva de seus atos na sociedade, pois vivenciar situações imaginárias através das obras literárias abre novos caminhos para a recreação da realidade, possibilitando a criança a enfrentar diversas situações no seu dia a dia. Dessa maneira, a literatura é mais do que um instrumento de educação, ela é uma fonte rica de conhecimentos que tem como ideal enriquecer a cultura, aprimorar e ampliar o intelecto do ser humano. Para Costa (2008): O ideal da Literatura Infantil é fazer com que as crianças unam o entretenimento e a instrução ao prazer da leitura. Portanto, a literatura, reunindo a beleza das palavras e das imagens. A criança pode desenvolver as suas capacidades de emoção, admiração, compreensão do ser humano e do mundo, entendimento dos problemas alheios e dos seus próprios; enriquecendo, principalmente, as suas experiências escolares, citadas e pessoais. (p. 61). Compreender a importância da Literatura Infantil como uma fonte de saber e utilizá- la como recurso de contribuição na construção do conhecimento infantil se torna imprescindível dentro da Educação Infantil, pois possibilita a criança uma formação mais rica e completa, havendo um equilíbrio entre a imaginação, fantasia e a realidade no processo de ensino e aprendizagem dos educandos. CAPITULO III
  • 24. 33 3. METODOLOGIA: CAMINHOS TRILHADOS Compreendemos a metodologia como um processo utilizado para a obtenção de objetivos a serem alcançados. Segundo Andrade (2007, p. 119) “metodologia é o conjunto de métodos ou caminhos que são percorridos na busca do conhecimento”. Utilizando técnicas para conduzir e analisar os métodos utilizados no decorrer da pesquisa. Para Michaliszyn (2005): Metodologia é o ramo da lógica que se ocupa dos métodos utilizados para diferentes ciências. Pode-se conceituá-la ainda como parte de uma ciência que estuda os métodos aos quais ela própria recorre. Tais métodos caracterizam-se como o corpo de regras e diligências estabelecidas para realizar uma pesquisa. (p. 29). A metodologia é de suma importância, pois norteia os procedimentos essenciais à consecução de qualquer pesquisa, pois através dela e dos métodos oferecidos, podemos trilhar caminhos que ajudam significativamente a entender os sujeitos observados e alcançar os objetivos definidos. Segundo Bianchi (2003) a metodologia“é um conjunto de instrumentos que deverá ser utilizado na investigação e tem por finalidade encontrar o caminho mais racional para atingir os objetivos propostos, de maneira mais rápida e melhor”. (p. 27). Portanto, é através da metodologia que se revela todo o caminho percorrido para alcançar todos os objetivos que se pretende conquistar em uma pesquisa, nesse caso envolvendo a Literatura Infantil e os professores que atuam na Educação Infantil. 3.1 Tipo de pesquisa A pesquisa é qualitativa, pois apresenta traços importantes que auxiliam o pesquisador a traçar um perfil de objeto em estudo. Para Barros e Lehfeld (1990, p. 88) “análise qualitativa: são os estudos nos quais os dados são apresentados de forma verbal ou oral em forma de discurso”. Para Bianchi (2003): ... na análise qualitativa, a abordagem será feita por fatores intrínsecos apresentados nos fenômenos, que devem ser capacitados pelo pesquisador e classificados, o que exige suas opiniões, não deixando que estas
  • 25. 34 interfiram no processo. Por isso, depende de um olhar cuidadoso sobre o sujeito. (p. 33). Investigar os significados que os envolvidos dão ao assunto é uma das características da pesquisa qualitativa que segundo Ludke e André (1986) “... envolve a obtenção de dados descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com situações estudadas, enfatiza mais o processo do que o produto e se preocupa em retratar a perspectiva dos participantes”. (p. 13). Segundo Gil (1991) a pesquisa é um: Procedimento racional e satisfatório que tem como objetivo proporcionar aos problemas que são propostos. A pesquisa é desenvolvida mediante o concurso dos conhecimentos disponíveis e a utilização cuidadosa de métodos, técnicas e outros procedimentos científicos. Na realidade a pesquisa desenvolve-se ao longo de um processo que envolve inúmeras fases, desde a adequada formulação do problema até a satisfatória apresentação dos resultados. (p. 19). É uma pesquisa que permite a análise numa visão diferenciada que considera a situação contextual do sujeito pesquisado. Por isso, Bianchi (2003, p. 33) vem citar que“para a análise qualitativa, é necessário verificar a relevância das respostas e sua constância”. Referente a esse posicionamento, Deslandes (1994) nos relata que: A pesquisa qualitativa responde as questões particulares, ela se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser o universo de significados, motivos ás aspirações, crenças, valores e atitudes que correspondem a um espaço mais profundo das reações dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos á operacionalização de variáveis. (p. 21). Esse tipo de pesquisa se enquadra no objeto de estudo, os professores atuantes na Educação Infantil, possibilitando o recolhimento de alguns dados indispensáveis ao estudo proposto, com o intuito de identificar quais as compreensões que os pesquisados têm sobre a Literatura Infantil e de que maneira a utilizam em seu fazer pedagógico. 3.2 Lócus da pesquisa O lócus da pesquisa nos permitiu uma maior proximidade com os sujeitospara assim identificarmos quais as compreensões que os professores atuantes na Educação
  • 26. 35 Infantil têm sobre a literatura. Para a realização da pesquisa foram escolhidasduas escolas municipais: Escola Sergio Carneiro, situada na Avenida do Contorno S/N e Carlos Santana na Rua João Durval Carneiro S/N, ambas localizadas no município de Ponto Novo-BA. A Escola Municipal Carlos Santana,possui seis salas de aulas, uma diretoria, uma cantina, quatro banheiros (dois femininos e dois masculinos), um pátio, um almoxarifado, uma sala de professores, uma sala de informática, um parque móvel, funciona os três turnos (matutino, vespertino e noturno), nos dois primeiros turnos atendendo da Educação Infantil até o 2º ano, possuindo 288 alunos, no noturno atende ao EJA – Educação de Jovens e Adultos. Sendo composta por 22 funcionários (diretora, vice diretora, porteiro, secretarias, cozinheira, auxiliar de serviços gerais e professores). A Escola Municipal Sérgio Carneiro, possuindo quatro salas de aula, uma diretoria, uma cantina, dois banheiros (um feminino e um masculino), um pátio externo, um almoxarifado, uma sala de informática, funciona dois turnos (matutino e vespertino),sendo composta por 21 funcionários (diretora, vicediretora, porteiro, secretarias, cozinheira, auxiliar de serviços gerais e professores), atendendo 106 alunos, desde a Educação Infantil ao 3º ano do Ensino Fundamental I. Ressaltamos, que o motivo da escolha de dois lócus para a realização da pesquisa é que a quantidade de professores em apenas uma instituição escolar seria insuficiente. 3.3 Sujeitos da pesquisa Os sujeitos da pesquisa são fundamentais e essenciais, pois é através destes que iremos obter as informações para conseguirmos realizar a análise de dados. desenvolvidos na pesquisa são os 12 professores que lecionam nas instituições escolares: Escola Municipal Carlos Santana eEscola Sérgio Carneiro que lecionam na Educação Infantil.
  • 27. 36 3.4 Instrumentos da coleta de dados Para a realização de qualquer pesquisa, torna-se necessário a utilização de instrumentos que devem ser considerados no sentido de alcançar os objetivos propostos.São técnicas, que segundo Michaliszyn (2005, p. 32) “consiste na habilidade em usar um conjunto de normas para o levantamento de dados”. Os instrumentos de coleta de dados que serão utilizados na nossa pesquisa serão: a observação, o questionário fechado e o questionário aberto. 3.4.1 A observação A observação é de fundamental importância em uma pesquisa. Para Michaliszyn(2005, p. 32) a observação é a “técnica de coleta de dados em que o pesquisador se vale dos sentidos para a obtenção dos dados”. Segundo Barros e Lehfeld (1990) “a observação é uma das técnicas de coleta de dados imprescindível em toda pesquisa científica. Observar significa aplicar atentamente os sentidos a um objetivo para dele adquirirum conhecimento claro e preciso”. (p. 76). O método de observação é essencial. Segundo Ludké e André (1986, p. 26) “a observação ocupa um lugar privilegiado nas novas abordagens de pesquisa educacional, a observação possibilitam um contexto pessoal e estreito do pesquisador com o fenômeno pesquisador”. Como Ludké e André (1986, p. 27) continua afirmando: ... a observação é o método mais adequado para investigar um determinado problema, o pesquisadose depara ainda com uma série de decisões quanto ao seu grau de participação no trabalho, quanto á explicitação do seu papel e dos propósitos da pesquisa junto aos sujeitos e quanto á forma da sua inserção na realidade... Portanto, o pesquisador ao observar levantará questionamentos onde poderá através das respostas obtidas, elaborarem os conteúdos da pesquisa. 3.4.2 Questionário fechado
  • 28. 37 O questionário se constitui de perguntas objetivas desenvolvidas pelo pesquisador para o levantamento de dados estruturais e procedimentais, a fim de obter informações sobre o perfil do profissional que atua na proposta, bem como a sua relação com a mesma. Segundo Lakatos e Marconi (1991) “o questionário é um instrumento de coleta de dados constituídos por uma série ordenada de perguntas que devem se respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador”. (p. 201). Para Triviños (1987): Sem dúvida alguma, o questionário, de emprego usual no trabalho positivista, também o pode utilizar na pesquisa qualitativa. Ás vezes, o pesquisador desta última linha de estudo precisa caracterizar um grupo de acordo com seus traços gerais (atividades ocupacionais exercem na comunidade, nível de escolaridade, estado civil, função que desempenha nas associações de mães e vilas etc.). (p. 67). Assim, percebe-se que o questionário é prático e um meio mais fácil de adquirir certas informações. Como afirma Gressler (1989, p. 73) “o questionário é normalmente o instrumento mais rápido para coletar dados” e ainda acrescenta “as questões fechadas também elucidam a dimensão das respostas, visto que se estabelece de antemão a sua resposta”. (p. 76). Por isso, em muitos tipos de pesquisa é utilizado o questionário fechado como um instrumento essencial, devido a sua praticidade de obter informações. Como cita Andrade (2007, p. 136) “perguntas fechadas são aquelas que indicam três ou quatro opções de resposta ou se limitam á resposta afirmativa ou negativa, e já trazem espaços destinados á marcação da escola”. Contribuindo para uma ágil captura de dados. 3.4.3 Questionário aberto É um instrumento utilizado na pesquisa para a obtenção de informações sobre o tema pesquisado. Para Alves (2007, p. 67) “questionários: constituídos de um rol de perguntas que devem ser respondidas sem a presença do pesquisador”. Pois os sujeitos pesquisados podem fazer uma análise sobre as perguntas, refletindo tranquilamente cada uma delas, e o mais importante os sujeitos ficam mais a
  • 29. 38 vontade, livres para responder o questionário de acordo com seus conhecimentos. Como nos revela Andrade (2007): As perguntas abertas dão mais liberdade de resposta, proporcionam maiores informações, mas têm a desvantagem de dificultar muito a apuração dos fatos. Dificilmente perguntas abertas podem ser tabuladas e precisam ser agrupadas, por semelhança, para serem analisadas. (p. 137). Por isso, ao mesmo tempo em que o questionário aberto se torna prático, também é complexo, pois dependendo das respostas dos sujeitos a analise se torna difícil. Porque cada um expressa sua opinião de uma maneira. Como cita Marconi e Lakatos (1990, p. 89) ao se referirem ao questionário“chamamos de livre ou não ilimitados, são os que permitem ao informante responder livremente, usando a linguagem própria, e emitir opiniões”. Possibilita investigações mais profundas e precisas. Portanto, para a pesquisa proposta esse tipo de análise se tornou imprescindível, porque “as perguntas abertas são aquelas em que a liberdade de resposta é total” (BARROS ELEHFELD, 2009, p. 75). Dessa maneira, facilitando os sujeitos a se expressarem livremente e ao pesquisador analisar cuidadosamente cada informação adquirida. 3.4.4 Dados coletados A pesquisa desenvolvida foi elaborada a partir de dados da observação e do questionário(fechado e aberto), sendoestes dois últimos analisados através das respostas obtidas dos sujeitos (os professores) durante a pesquisa. Os instrumentos escolhidos para a realização da mesma foi devido à praticidade e rapidez para conseguir os dados dos sujeitos. Sendo importante salientar que através desses objetos de pesquisa fizemos a análise de dados, capítulo de maior importância, como cita Barros e Lehfeld (2009, p. 87) “a fase de análise de dados constitui-se um momento muito importante de todas as pesquisas, pois é nela que buscamos as respostas pretendidas, através da utilização dos raciocínios indutivos, dedutivos, comparativos etc.”. Por isso, devemos
  • 30. 39 analisar cuidadosamente e detalhadamente cada resposta, pois é através deste que iremos ter respaldo para responder o nosso questionamento de pesquisa. CAPITULO IV 4. ANALISANDO OS DADOS COLETADOS
  • 31. 40 Neste capítulo apresentamos a análise dos dados coletados a partir da aplicação dosinstrumentos de coleta de dados. A partir do questionário fechado foi possível colherinformações precisas sobre o perfil de cada sujeito, como nível de escolaridade, tempo de atuação profissional, entre outros. O questionário aberto nos permitiu aprofundar as questões norteadoras desse estudo, a partir da visão dos pesquisados, possibilitando confrontá-las com os aportes teóricos balizadores da pesquisa e, enfim, apresentar respostas as nossas inquietações iniciais. 4.1 Apresentando o Perfil dos Pesquisados: Análise do Questionário Fechado 4.1.1 Gênero dos Sujeitos Os sujeitos da pesquisa apresentaram um percentual de 100% feminino. Assim, podemos constatar que a presença das mulheres atuantes na Educação Infantil é grande em relação ao sexo oposto. “A concepção do cuidar das professoras está presa a um modelo assistencial de cuidado arraigado de preconceitos”. (ASSIS, 2006, p. 96). Tradicionalmente isso se deve a concepção imposta pela sociedade, Magistério uma profissão para as “mulheres”, onde as mesmas eram vistas comodona do lar,tendo uma vocação maternal, possuindo assim, uma maior afinidade com crianças. Feminino 100% Fonte:Dados obtidos através do questionário fechado 4.1.2 Faixa etária
  • 32. 41 De acordo com os dados fornecidos percebe-se que os sujeitos possuem idades variadas. E a maior porcentagem refere-se aos 42% de professoras que possuem a menor idade, demonstrando que estão buscando o profissionalismo mais cedo. Houve uma coincidência entre ambas as idades (35-40 e mais de 40 anos) equivalendo a 17% dos sujeitos, sendo estes considerados os que têm maior experiência na área educacional devido a sua faixa etária. 25% 42% 27-31 anos 32-35 anos 17% 35-40 anos 17% Mais de 40 anos Fonte: Dados obtidos através do questionário fechado 4.1.3 Nível de escolaridade De acordo com a análiseos 33% dos sujeitos possuem o Nível Superior Completo, quer dizer que eles estão buscando se aprimorar, melhorando os seus conhecimentos,eestão se capacitando profissionalmente, buscando se profissionalizar através do nível superior e pós-graduação, sendo importante relatar que atualmente é uma exigência da lei a capacitação através do nível superior aos profissionais da educação, os professores. Pois, “... um professor entusiasmado, competente e comprometido como pessoa, como cidadão e como profissional... há de se compreender a formação continuada, assim como o próprio processo educativo, como um processo multidimensional”. (NASCIMENTO, 1997, p. 73). Assim, se qualificando, enriquecendo e reciclando todos os seus conhecimentos adquiridos ao longo de sua jornada profissional. Sendo que, somente 25% dos sujeitos analisados ainda não possuem o Ensino Superior.
  • 33. 42 8% 25% Ensino Médio Completo 25% Pedagogia incompleta 8% Pedagogia completa Pós-graduação incompleta 33% Pós-graduação completa Fonte: Dados obtidos através do questionário fechado. 4.1.4 Tempo de atuação lecionando na Educação Dos sujeitos analisados 50% já possuem uma carreira sólida, possuindo uma vasta experiência na educação, enquanto apenas 8% atuamhá pouco tempo, como nos mostra o gráfico: 8% 8% 17% 17% 2-3 anos 4-5 anos 5-10 anos Mais de 15 anos 50% Mais de 16 anos Fonte:Dados obtidos através do questionário fechado. 4.1.5 Tempo de atuação lecionando na Educação Infantil Os sujeitos apesar de possuírem uma carreira profissional de muitos anos, seu tempo de atuação na Educação Infantil não é tão extensa, 50% deles atuam há pouco tempo, enquanto apenas 8% possuem uma atuação mais antiga.
  • 34. 43 8% 17% 50% 1-2 anos 3-5 anos 25% 5-10 anos 10-15 anos Fonte: Dados obtidos através do questionário fechado. 4.2 ANÁLISE DO QUESTIONÁRIO ABERTO E CONFRONTO COM A OBSERVAÇÃO. A partir dos dados obtidos com o questionário aberto, a triangulação destes com o perfil dos sujeitos traçado com o questionário fechado e as nossas observações nos permitiram elaborar as categorias abaixo, a fim de responder a nossa questão de pesquisa: 4.2.1 A Literatura Infantil e o fazer pedagógico Nesta categoriaquestionamos aos nossos pesquisados como estes utilizam a Literatura Infantil e qual a importância e o espaço que dão a esta em seu fazer pedagógico. Assim,100% dos entrevistados responderam que é importante utilizá-la como instrumento necessário em sala de aula. Como citam: É de suma importância, pois as crianças demonstram mais interesse na aula quando estou trabalhando com Literatura Infantil. (P 1) Grande importância é uma ferramenta a mais nas mãos dos professores. (P3) Levar o aluno a ter gosto pela leitura infantil ao decorrer do tempo. (P 4) Ampliação do vocabulário, aquisição de informação, capacidade de compreensão, o prazer de ouvir e desenvolver a imaginação através da leitura. (P6)
  • 35. 44 Contribui para um momento de entrosamento entre o texto e a vida pessoal de cada educando, e as comparações do que é real ou não é, provocando a curiosidade e a imaginação. (P12) Nessas falas, é notória a sua importância enquanto instrumento utilizado para o ensino-aprendizagem, enriquecendo ainda mais os conhecimentos das crianças. Como nos aponta Borges (1994, p. 130) “assim, conhecendo e convivendo com estilos literários variados, o sujeito terá oportunidades de descobrir os seus interesses, de diversificá-los aproveitando a riqueza que cada um pode lhe oferecer...”. Pois, quanto mais cedo e com freqüênciaa criança tiver acesso à literatura maior será seu interesse por obras literárias, e o âmbito escolar juntamente com os professores atuantes pode contribuir incentivando e promovendo nesses espaços materiais de livre acesso aos alunos, como nos afirma Cunha (1991, p. 5) “mas importante do que aulas teóricas sobre o assunto é o contato do aluno com os livros para crianças e com as questões relativas a eles”. Isso irá enriquecer e aprimorar as informações adquiridas pelos educandos, fazendo com que os mesmos aprendam a distinguir o imaginário e a realidade que está à sua volta. Segundo Coelho (2000): ...literatura para estimular a consciência crítica do leitor; levá-lo a desenvolver sua própria expressividade verbal ou sua criatividade latente; dinamizar sua capacidade de observação e reflexão em face do mundo que o rodeia; e torná-lo consciente da complexa realidade em transformação que é a sociedade, em que ele deve atuar quando chegar a sua vez de participar ativamente do processo em curso. (p. 151). Ainda analisando as respostas anteriores, percebemos que para os nossos pesquisados a literatura éimportante e significativa aos educandos, trazendo-lhes inúmeros benefícios enquanto seres em formação. Porém, ao cruzarmos as falas dos sujeitos com os dados da nossa observação, percebemos uma contradição, porque ao mesmo tempo em que todos relatam a importância da literatura emseu fazer pedagógico, as suas práticas demonstram o contrário; não é perceptível nas aulas realizadas pelos sujeitos a constante presença da literatura nas atividades propostas, como é mencionado em suas falas.
  • 36. 45 Confirmamos o caráter contraditório ao analisarmos as respostas sobre a rotina do trabalho com a Literatura Infantil na sala de aula. Observe as respostas: Não. Fica a critério dos alunos. (P2) Sim. Este hábito cria uma expectativa. É trabalhada todos os dias durante 15 minutos. (P3) Sim. Existe dia e momento. Dias sempre segunda e sexta sempre depois do recreio. (P4) Tem um dia que vão ao cantinho de leitura, em que as crianças escolhem seu próprio livro, para ler ou folhear. (P8) Não. Sempre que tenho oportunidades. (P10) Não. Essa proposta poderá e deverá ser um trabalho sistematizado e permanente. (P11) Ao responderesse questionamento, percebemos que a literatura é utilizada pelos professores, mas a visão de sua aplicabilidade difere entre esses. Alguns acreditam que se deve trabalhar a literatura diariamente e outros com dia específico, porém, a maioria escolhe o dia para esse momento. Este posicionamento indica umadivisão entre o pensamento dos sujeitos analisados, pois cada um exerce seu trabalho de uma maneira diferenciada, sendo importante não esquecer que “... a sala de aula é um espaço privilegiado... , assim como um importante setor para o intercâmbio da cultura literária, não podendo ser ignorada, muito menos desmentida sua utilidade”. (ZILBERMAN, 1987, p. 14). Somente o P3 e P11mencionam o contrário, afirmando que se deve trabalhar constantemente com a literatura em sala de aula, porque além da criança gostar desse momento, se torna envolvente e participativo o envolvimento de todos os alunos. Isto nos aponta para refletir como é importante através de um instrumento de trabalho fazer da aula um momento prazeroso e mágico para os alunos, havendo uma reciprocidade para ambas as partes educador ao ensinar e educando ao aprender. Por isso, para Costa (2008):
  • 37. 46 Essa literatura surge simultaneamente para instruir, divertir e educar, trazendo a criança ao mundo em que ela se identificar e sente-se livre para formar suas capacidades intelectuais e sociais, visto que, elas ainda estão num processo de formação de experiências reais. (p. 62). Na verdade, o ideal é que essa proposta seja trabalhada diariamente com as crianças, pois, “a literatura tem o poder de constituir-se, para a criança, em “elo lúdico” entre o mundo do imaginário, dos símbolos subjetivos, e o mundo da escrita, dos signos convergentes e impostos pela cultura”. (BORGES, 1994, p. 125). Assim, se essa atividade é exercida todos os dias, irá despertar maior interesse e compreensão por parte dos alunos, como é notório ao se observar dentro da sala de aula, a curiosidade, o interesse e a participação dos mesmos, havendo uma interação entre aluno, professor e os colegas de sala. 4.2.2 ALiteratura Infantil como ferramenta metodológica na Educação Infantil. Sabemos que inúmeros são os métodos utilizados pelo professor na sala de aula para realizar seu trabalho pedagógico. Mas ao questionarmos ospesquisados sobre os materiais utilizados e de que maneira era utilizado, percebemos que as respostas possuem muito em comum, pois, todos os sujeitos, ou seja, os 100%utilizam livros como o único material didático para o momento de utilizar a Literatura Infantil. Observe as respostas abaixo: Sim, fazendo a leitura para eles, depois faço perguntas orais, em seguida eles recontam a história, trabalho com leitura de imagem. (P1) Livros infantis, faço a leitura da história e peço que eles façam o reconto. As vezes ilustradas. (P2) Sim, de maneira lúdica, prazerosa, no qual os alunos manuzeiam os livros aleatoriamente no final é escolhido um livro e discutido sobre ele. (P 6) Sim. Primeiro mostro a capa, depois leio o titulo da história (para aguçar a curiosidade e a imaginação) onde eles as vezes já começam contar como irá ser o texto e por último vou lendo e dando pausa para eles opinarem nos acontecimentos lidos. Eles ficam felizes quando se pergunta: O que será que aconteceu? Eles gostam de prever e mudar o fim das histórias. (P 12) A maioria dos sujeitos se refere à contação de histórias para se trabalhar a Literatura
  • 38. 47 Infantil dentro da sala de aula como uma maneira de conseguir a atenção e participação das crianças, além dos benefícios trazidos através da mesma.ParaAbramovich(1997): É ouvindo histórias que se pode sentir (também) emoções importantes, como a tristeza, a raiva, a irritação, o bem-estar, o medo, a alegria, o pavor, a insegurança, a tranqüilidade, e tantas outras mais, e viver profundamente tudo o que as narrativas provocam em quem as ouve – com toda a amplitude, significância e verdade que cada uma delas fez (ou não) brotar... Pois é ouvir, sentir e enxergar com os olhos do imaginário! (p. 17). Realmente, as histórias têm um poder de transmitir ensinamentos e bons costumes a quem escuta, como cita Costa (2008, p. 62) “as histórias infantis podem, assim, trabalhar na formação moral, social e literária, estabelecendo uma íntima relação entre o “segundo mundo”, o qual todas as crianças apresentam em seus momentos particulares, e a transposição de real”. Mas vale ressaltar que essa relação depende muito da maneira como a mesma é contada. Borges (1994, p. 130) vem afirmar que “... o primeiro passo para que a narrativa de uma história seja bem sucedida é a sensibilidade do narrador, a sua capacidade de captar e transmitir as emoções do enredo”. Dessa maneira, para contar uma história ou conto é preciso criar todo um clima, pois não se pode proporcionar esse momento de qualquer jeito. Para Cunha (1991): E definido que a literatura deve ser “aprendida” pelo aluno, um silêncio total preenche o tempo entre a apresentação do título da obra a ser lida e a prova que comprove sua leitura, prova que vai medir o que é mensurável na literatura, o que o aluno sabe da história, das personagens (nome, características, parentesco etc.) – dados esses da área cognitiva. É a busca do pensamento convergente. (p. 52). Ainda esclarecendo a visão dos sujeitos sobre as técnicas e recursos utilizados para se trabalhar em sala de aula, com a Literatura Infantil, obtivemos 92%de respostas semelhantes, comprovando que sempre existe um tipo de metodologia mais utilizada pelos professores na sua prática, neste caso foi visível tanto na observação quanto nas respostas fornecidas que os professores utilizam mais as histórias e contos, porque os alunos demonstram maior interesse. História. É a mais solicitada pelos alunos. (P2)
  • 39. 48 Não existe a mais utilizada, pois uso de cada uma um pouquinho, pois tem as outras salas que usam também. (P4) Bíblica. (P5) Leitura mediada; fazemos leituras na sala de um livro dando ênfase na interpretação e na construção de sentido, ampliando a análise da realidade do leitor. (P6) Contos de fada, histórias que possua fotos, desenhos chamativos e interessantes: João e Maria, O jardim secreto etc. (P7) Conto de fadas. Por meio de histórias a criança pode aprender a representar em desenhos, lugares conhecidos como a casa e escola. Assim, as crianças ampliam e buscam o conhecimento de se e do mundo. (P11) Fabulas; geralmente são cômicas e dão exemplo de boas maneiras e ações. Contos; transmitem o passado e presente de forma mágica. (P 12) Diante do exposto, notamos nas falas dos sujeitos que as histórias e os contos de fada se destacaram enquanto atividade praticada em sala de aula, pois, colabora para que os alunos interajam, participem e fantasiem. Abramovich (1997, p. 17) vem nos retratar que “é através duma história que se podem descobrir outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, outra ética, outra ótica...”. Em relação aos contos de fada Bettelheim (1980, p. 32) nos relata que “os contos de fadas, á diferença de qualquer outra forma de literatura, dirigem a criança para a descoberta de sua identidade e comunicação, e também sugerem as experiências que são necessárias para desenvolver ainda mais o seu caráter”.Para reforçar todas as citações acima, Abramovich (1997, p. 17) vem nos afirmar que: Ler histórias para crianças, sempre, sempre... É poder sorrir, rir, gargalhar com as situações vividas pelas personagens, com a idéia do conto ou com o jeito de escrever dum autor e, então, poder ser um pouco cúmplice desse momento de humor, de brincadeira, de divertimento... É também suscitar o imaginário, é ter a curiosidade respondida em relação a tantas perguntas, é encontrar outras idéias para solucionar questões (como as personagens fizeram...) ... É a cada vez ir se identificando com outra personagem (cada qual no momento que corresponde àquele que está sendo vivido pela criança)... e assim, esclarecer melhor as próprias dificuldades ou encontrar um caminho para a resolução delas... Embora, a maior parte dos sujeitos tenha respondido na mesma linha de pensamento o questionamento proposto sobre a modalidade de Literatura Infantil mais utilizada em sala de aula, vale ressaltar que somente8% dos sujeitos avaliados tiveram uma resposta diferente dos demais, sendo este correspondente a resposta
  • 40. 49 do P4ao citar que “não existe a mais utilizada, pois uso de cada uma um pouquinho, pois tem as outras salas que usam também”. Desse ponto de vista o sujeito está se referindo as outras turmas, pois como a escola não possui um acervo de livros em grande quantidade, pode ocorrer o fato de alguns livros não estarem disponibilizados por motivo de outros professores já estarem utilizando o mesmo.Segundo Cunha (1991) isso acontece por que: O investimento das escolas com livros é muito pequeno. Na escola pública, devido às diminutas verbas que lhe são destinadas, as obras não podem ser adquiridas em número suficiente. (E quase sempre o aluno também não pode comprá-las.). Nas escolas particulares, mesmo as mais ricas, investe- se menos em livro do que em outros “materiais didáticos”. (E os alunos, mesmo ricos, não são incentivados na própria família à compra do livro.) As bibliotecas são, por isso mesmo,muito pobres, em geral. (p. 10). Quando nos referimos ainda aos sujeitos sobre a reação dos alunos quando se trabalha a Literatura Infantil na prática pedagógica, os professores afirmaramque os alunos gostam e reagem muito bem, principalmente quando se fala em contar histórias e contos, como também foi notável através das observações nas aulas realizadas pelos professores a empolgação das crianças no momento da presença da literatura. Veja algumas respostas interessantes dos sujeitos quando se questiona a reação dos alunos: Muito bem, pois eles gostam de trabalhar com leitura em sala de aula. (P 4) Maravilhados, e costuma contar às histórias que eles conhecem. (P 5) Reagem de maneira satisfatória, eles adoram ficar viajando nas histórias, nos desenhos dos livros e ficam fascinados quando ouvem. (P 6) Eles amam, ficam atentos, participam, criam e fantasiam. É muito bom! (P 7) Sempre fazem comparações nos acontecimentos e nos personagens (se fazem ou não as mesmas coisas, se são iguais aos personagens ou não). (P12) Já que os alunos possuem essa reação positiva, deve-se aproveitar esse momento da melhor maneira possível, afinal, “a literatura amplia e enriquece a nossa visão da realidade de um modo específico. Permite ao leitor a vivência intensa e ao mesmo tempo a contemplação crítica das condições e possibilidades da existência humana”.
  • 41. 50 (CUNHA, 1991, p. 57). Assim, se torna imprescindível mais do que nunca fazer o uso constante desse tipo de trabalho para gerar momentos de ampliação do conhecimento nessa fase de construção do saber. Zilberman (1987) contribui afirmando que a literatura: ... sintetiza, por meio dos recursos da ficção, uma realidade, que tem amplos pontos de contato com o que o leitor vive cotidianamente. Assim, por mais exacerbada que seja a fantasia do escritor ou mais distanciadas e diferentes as circunstâncias de espaço e tempo dentro das quais uma obra é concebida, o sintoma de sua sobrevivência é o fato de que ela fala de seu mundo, com suas dificuldades e soluções, ajudando-o, pois, a conhecê-lo melhor. (p. 22). E isso é fundamental para o processo de aprendizagem das crianças, para elas aprenderem desde cedo as dificuldades existentes ao seu redor e começar a entender o mundo que as cerca. Portanto: O exercício da leitura do texto literário em sala de aula pode preencher esses objetivos; e confere á literatura outro sentido educativo, talvez não o que responde a intenções de alguns grupos, mas o que auxilia o estudante a ter mais segurança relativamente a suas próprias experiências. (ZILBERMAN, 1990, p, 20). Ao possibilitar o educando a abertura de uma nova mentalidade, capaz de compreender a si mesmo enquanto um ser que está em um processo de busca e aprimoramento do conhecimento. 4.2.3 Acesso àLiteratura Infantil e suas respectivas dificuldades. Em relação ao questionamento como ter acesso a Literatura Infantil e as dificuldades existentes para se trabalhar com a mesma em sala de aula, notamos que não existe dentro da instituição escolar tantos materiais disponíveis aos docentes, dificultando o trabalho do profissional. Na escola tem algumas literaturas, porém na maioria das vezes trago de casa, porque os que tem na escola são histórias longas e que não chamam atenção das crianças. (P1) Através dos livros que tenho em casa, na escola ou internet. (P2) Através do cantinho da leitura da própria escola. (P4)