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                                  INTRODUÇÃO



      A formação do professor é um fator fundamental nas instituições de ensino, e
quando os professores se promovem juntamente com as políticas existentes para os
cursos de formação faz-se necessária atenção especial nas questões ligadas às
práticas educativas, formação contínua, avaliação formativa, educação para a
cidadania, ciclos de aprendizagem. Procedimentos voltados a projetos e muito mais
como também na subjetividade e especificidade dos seres humanos. O professor,
por exemplo, tem sua personalidade orientada por valores e princípios de sua vida,
que podem ser traçados conscientemente e inconscientemente ou explicitamente ou
implicitamente, no entanto, o mesmo de alguma forma veicula esses valores em sala
de aula manifestando a seus alunos a visão de mundo que o cerca, diante disso
percebe-se que o estudo para uma boa formação é importante para o
enriquecimento da aprendizagem de ambos.


       Nesta perspectiva, buscou-se realizar uma pesquisa sobre a formação dos
professores de educação infantil do município de Caem.


      No capítulo I, apresenta-se a temática na qual refere-se à abordagem da
formação dos professores na área da educação infantil, como se deu o processo
desta formação, as políticas públicas referidas, um breve ressalto sobre a história de
formação dos professores no Brasil e a análise que se deve ter sobre a infância.


      No capítulo II, apresenta-se o estudo aprofundado das palavras-chave:
Formação docente, Educação Infantil e Prática Pedagógica. Com a inserção de
vários autores que abordam as temáticas referentes. Contribuindo através dos seus
conhecimentos para o esclarecimento dos conceitos citados acima.


      No capítulo III, refere-se à importância da abordagem qualitativa e o
surgimento da necessidade da pesquisa. A apresentação e a fundamentação dos
instrumentos de coleta de dados. Caracteriza-se o lócus e sujeito da pesquisa, e
explicita qual o tratamento dos dados obtidos por meio dos questionários.
12



       No capítulo IV, mostra os resultados da pesquisa realizada, a análise e a
interpretação através dos questionários propostos, o perfil dos sujeitos, a formação
profissional, o tempo de atuação, a renda familiar, a profissão e a formação
continuada, sempre intercalando e comparando com os conhecimentos teóricos dos
autores que contribuíram para o elucidamento das idéias.


       No capitulo V, traz algumas considerações finais, buscando responder a
questão em estudo, e revelando a vontade de contribuir com as discussões sobre a
formação dos professores de educação infantil do município de Caem e o desejo
que os mesmos possam possuir a capacidade de aprender a aprender, competência
para saber agir na sala de aula, habilidade comunicativa, domínio da linguagem
informacional, saber usar os meios de comunicação e articular as aulas com as
mídias e multimídias, como também, quando conhecedor de todas as suas
potencialidades, ser capaz de intervir seguramente em prol de uma educação de
qualidade que venha contribuir efetivamente para uma sociedade mais justa e
igualitária.
13



                                  CAPÍTULO I




1. UM OLHAR SOBRE A FORMAÇÃO DOS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO
INFANTIL DO MUNICÍPIO DE CAÉM




      Diante de mudanças tão intensas que a sociedade vem enfrentando, num
cenário de contradições políticas, econômicas e sociais, assim como a emergente
reestruturação do capitalismo, a crescente urbanização e reprodução da força do
trabalho temos a educação como bem de transformação social.


      Considerando que num país como o nosso, onde todos precisam e esperam
muito da educação e dos profissionais dessa área, percebemos que é através dos
processos educativos que a sociedade cria, modifica, expande e conhece, é
fundamental que a preocupação com valores, atitudes, habilidades e consciência
crítica tenham suas bases plantadas na criança e como agente desta transformação,
o professor, precisa e merece atenção especial na sua formação, pois ela é o
sustentáculo para que o mesmo seja apto à realização de um trabalho de qualidade.


      Interessa-nos saber que as instituições de educação infantil têm na sua
origem, um caráter assistencial em função da classe social a qual se destinavam,
isto é, às classes populares. ”Desde o descobrimento até 1874, pouco se fazia no
Brasil pela infância desditosa” (KRAMER, 1995 p. 48). Nos remete a um tempo em
que trabalhar com crianças era algo a ser feito de qualquer maneira, ou por qualquer
profissional, desde que fosse mulher e tivesse um “jeito” para lidar com criança.
Historicamente o atendimento às crianças se torna possível a partir do momento que
essa passa a ter existência e um papel social significativo, a ponto de provocar a
preocupação, o cuidado e a atenção dos adultos com elas.


      Não obstante as iniciativas particulares de atendimento foram mais
numerosas em relação àquelas oferecidas pelo governo, este também começa a se
responsabilizar pelo mesmo, em meados da década de 70 com políticas
14



governamentais para o seu aumento em especial das crianças de 4 a 6 anos. “Com
isso, a criança passa a ser vista como o “adulto de amanhã” e a educação a ela
oferecida assume, então, um caráter compensatório.” A critica a educação
compensatória         trouxe     à    tona     seu     caráter     assistencialista,       discriminatório”
(KHULMANN Jr, 1998, p. 182). A infância então passa de abandonada a centro das
atenções no que tange aos interesses governamentais, pois o investimento em seu
acolhimento significava benefícios políticos ao Estado. Khulmann (1998) acrescenta
também que: “Essa necessidade é resultado de muitas discussões e lutas travadas
por pessoas envolvidas com a Educação Infantil bem como os movimentos sociais
de mulheres trabalhadoras, mães, feministas, educadora que conquistaram alguns
espaços para atendimento às suas crianças.” (p.182).


        Faz-se necessário, nos lembrarmos que a história da formação de
professores, destacando que o Brasil, como outros países são marcadas pelo
processo de feminização do magistério.


        As propostas de formação de professores que tem sido elaborada nos últimos
cinco anos¹ visam um perfil profissional oposto aquele sem qualificação para atender
as funções indissociáveis de cuidado e educação no atendimento à criança. Tais
propostas apontam para “a necessidade de rever a já antiga visão identificada pela
falta, pela carência, para uma outra que reconhece a criança como cidadã, sujeito
histórico criador da cultura²”.(p. 72). Assim há que se levar em conta o duplo objetivo
de educar-cuidar, dois lados inerentes à ação dos seus profissionais. “Não se trata
de inverter prioridades, mas sim de conjugá-las forçando um novo conceito de
educação infantil como espaço de educação e cuidado ou atenção²”. (p.73).


        As políticas e tórias educativas no país são elaboradas e implantadas sem um
olhar verdadeiramente crítico para aqueles que a traduzem a uma linguagem
aplicável. A estes professores resta a missão de decodificar tais ações e trazê-las a


______________
1 Por uma Política de formação do Profissional da Educação Infantil (1994) / Referenciais para a
Formação de Professores (1998).
2 Relatório da Encontro Técnico sobre Política de Formação do Profissional de Educação Infantil escrito
por Sônia Kramer cujos resultados foram publicados em “Por uma Política de Formação do Profissional
de Educação Infantil” – MEC/COEDI, 1994.
15



sua prática, sem que lhes seja garantida a preparação necessária para tal. A este
respeito Marques (2000) contribui dizendo: “Acima da questão da formação dos
educadores coloca-se o problema dos métodos mais adequados ao ensino, numa
concepção ritualística, cujo receituário exigiria apenas dóceis e hábeis aplicadores
em práticas pré-definidas por outrem.” (p.15).


      Observando a nova LDB (Lei das Diretrizes e Bases da Educação), é evidente
a asseguração de alguns avanços propostos por ela no âmbito da formação e
valorização do profissional da educação, como o contido no artigo 63, inciso I, II e III
que garantem cursos formadores para os profissionais da educação básica,
incluindo o curso normal superior, e os programas de formação continuada em
diversos   níveis.   Porém se faz interessante             considerar a capacidade             de
operacionalização das propostas legais. Trazendo uma perspectiva questionadora.
Veiga cita alguns pensamentos de Kicheloe (1997, p.205):


                       A nova LDB não consegue sustentar uma proposta de formação, baseada
                       nas características do professor, orientada para a pesquisa, ou seja,
                       “investigadores que pensam problemas que eles têm colocado sobre suas
                       experiências da vida cotidiana, a sociedade maior e o conteúdo da escola”.
                       (apud VEIGA, 1998, p. 95).



            Vemos que a legalidade em ação, sabedora da realidade em que se
configura o quadro profissional, traduz em artigos, incisos, propostas, diretrizes, sua
ação e teoricamente pretende resolver a questão dizendo:


                      A implementação das diretrizes relativas à política de recursos humanos
                      engajados na Educação Infantil exigirá acordos, compromissos de co-
                      responsabilidade dos diversos órgãos que atuam na área (...). Faz-se
                      necessário intensificar ações voltada para a estruturação de processos de
                      formação inicial e continuada dos profissionais da Educação Infantil. (...) É
                      fundamental o envolvimento das universidades nesse processo,
                      especialmente por sua atuação na formação de formadores e na pesquisa e
                      no desenvolvimento na área (...) constitui prioridade o investimento, a curto
                      prazo, na criação de cursos emergenciais, sem prejuízo de qualidade,
                      destinados aos profissionais não habilitados que atuam nas creches e pré-
                      escolas. Ações nesse sentido serão apoiadas e incentivadas pelo Ministério
                      (MEC/SEF/DPE/COEDI, 1994, p.25).




        Percebe-se que essa disposição legal, que vem sendo discutida desde 1993,
se contradiz na LDB/96, que define a formação feita em curso médio e superior e
16



impõe um prazo para que ela aconteça. Com relação tanto à escolaridade como ao
prazo para a sua conclusão, não se efetivaram na prática. A própria legislação, nos
Referenciais Curriculares para a Educação Infantil (1998), indica um perfil
profissional associado à polivalência, aquele que dá conta de todas as ações
pertinentes ao atendimento. O profissional deverá ser alguém que saiba promover
tanto da articulação dos conteúdos para o desenvolvimento de projetos e que
também saiba associar as ações de cuidado (satisfação das necessidades básicas)
com a criança.


        Considera-se também que a legislação indica como deverá ser conduzida a
formação e incluindo apenas os profissionais que estejam habilitados em cursos de
magistério ou cursos superiores. No entanto, quando percebemos o cotidiano das
instituições, sabemos que um grande número delas especialmente as que atendem
crianças menores, tem nos seus quadros, professores sem formação específica. Os
cursos de formação precisam fundamentar as teorias à cerca do conhecimento que
são produzidos nos próprios cursos de formação e que não sejam apenas
“aplicados” nestes, ou seja, fazendo associações entre a teoria e a prática. Estes
conhecimentos no caso da educação infantil precisam trazer a criança, enquanto
sujeito histórico e social, para a cena dos processos de formação.


        Não se pode pensar em Educação Infantil de forma isolada, é preciso refletir
sobre questões relacionadas aos conceitos de infância, e o contexto em que está
inserida a criança, pois não esqueçamos que estes determinaram os critérios de
permanência      desta     nas    instituições,   como     também      direcionaram      práticas
pedagógicas para atendê-las.




              De acordo com Del Priori (2000) diferentes concepções de infância
marcaram a história brasileira:


                   •     No início da colonização a criança era concebida como “papel em branco”.

                   •    Os padres jesuítas encontraram nas crianças uma maneira de facilitar a
                       conversão.
17



                 •     No Brasil colônia prevaleceu à valorização das crianças como seres
                     inocentes, puros, angelicais, a imagem da criança-anjo.

                 •      No Império, porém, vemos o reizinho criança, o adulto em miniatura,
                     caracterizado tanto na vestimenta, na postura, como no meio que estava
                     inserido e nos eventos que participava.

                 •   A recém instaurada república apresenta um crescimento econômico
                     resultado da expansão urbano-industrial e consequentemente inúmeros
                     problemas sociais. A infância é então vista como a semente do futuro e
                     motivo de preocupação.




      Compreende-se que a preocupação com o conceito de infância foi se dando
paulatinamente devido às mudanças da sociedade. Com a imediata necessidade
cognitiva nos campos da educação infantil, é plausível uma reflexão sobre a
qualidade do atendimento, a formação dos professores, no qual a profissionalização
docente tem reivindicado melhores condições de trabalho e salário para então uma
educação de qualidade.


      Muitas discussões envolvem a formação docente já que muitos governantes
atribuem aos professores os fracassos ocorridos na educação, obtendo-se várias
propostas fundadas em projetos políticos que procuram situar a inadequação da
escola frente às atuais necessidades da sociedade. Demo (2002) ressalva que:
“Entre outras expectativas, a educação assume a função de um dos fatores positivos
em termos de conduzir o crescimento econômico no rumo da melhoria da qualidade
de vida e da consolidação da democracia”. (p.24).


      Alguns saberes são essenciais na profissão docente; atualmente implicam
reflexividade, consciência, sensibilidade, entusiasmo, trabalho em grupo, autonomia,
competência ou destrezas próprias da profissão entre outras, dentro desta
perspectiva o trabalhador possui conhecimentos culturais e sociais próprios e que
transparecem na sua ação. Os aspectos humanos sempre estão articulados com os
demais e reparamos que os programas de formação para professores não cuidam
destes aspectos, voltando às atenções só para o rendimento que o professor deve
dar e só para as técnicas de ensino que deve proceder. Sobre isso Nóvoa (1995,
p.07) afirma:
18


                     Hoje sabemos que não é possível separar o eu pessoal do eu profissional,
                     sobretudo numa profissão fortemente impregnada de valores e ideais e
                     muito exigente do ponto de vista do empenhamento e da relação humana.
                     Houve um tempo em que a possibilidade de estudar o ensino, para além da
                     subjetividade do professor, foi considerada um sucesso científico e um
                     passo essencial em direção a uma ciência de educação. Mas as utopias
                     racionalistas não conseguiram por entre parênteses a especificidade
                     irredutível da ação de cada professor, numa óbvia relação com as
                     características pessoais ecoam as suas vivências profissionais como
                     escreve Jennifer Nias: “O professor é a pessoa; e uma parte importante da
                     pessoa é o professor”. (apud FAZENDA, 2002, p.44).



       A subjetividade e a individualidade de cada ser humano respondem às suas
ações, não obstante o professor que trabalha com um conjunto de individualidades
precisa cuidar da sua também, resgatar os valores que são importantes para seu
ser, buscar caminhos para os desafios interiores. O processo de formação não pode
ser compreendido como conseqüência apenas de iniciativas institucionais, os
professores precisam assumir as suas escolhas, refletirem sobre elas, sobre o seu
desempenho profissional, a nossa complicada natureza humana também precisa ser
estudada, está posto o grande desafio dos cursos de formação dos professores.
Para tanto, há que se propor a melhoria da formação, não somente nos cursos de
graduação, mas em projetos de educação continuada e em serviço, que permitam
às pessoas que já atuam ter uma experiência contínua de capacitação.


       Nesse sentido, é importante que se faça algumas considerações a respeito
dos conhecimentos e das práticas de ensino que os professores de educação infantil
do município de Caém sabem e produzem na aprendizagem escolar, a sua
formação para a área que atua, e particularmente como objeto de estudo, se a
formação continuada é efetivada no município, o seu posicionamento a cerca desta
formação, quais as dificuldades que mais incomodam e uma análise mais
aprofundada da sua formação como um todo, afim de que se possa abrir espaço
para debates em torno dos saberes e rever metodologias que tratam da criança.


   Considerando o exposto acima, pergunta-se:


   •   O que os professores do Município de Caém pensam a respeito da prática na
       sala de Educação Infantil, a formação continuada e a sua formação docente
       como um todo?
19




Para tanto, o objetivo desta pesquisa é:


•   Identificar através da prática pedagógica dos professores juntamente com o
    seu posicionamento em volta da formação continuada na Educação Infantil
    na rede municipal de Caém, qual a formação dos mesmos.




                               CAPÍTULO II
20



2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA


      Diante do problema que objetiva identificar quais as reais necessidades
formativas dos educadores do Município de Caem na Educação Infantil,
procuraremos os seguintes aportes teóricos para fundamentar e nortear as
discussões. Surgem assim os seguintes conceitos-chaves: Formação docente,
Educação Infantil e Prática pedagógica.


2.1 Formação Docente



      Desde o início histórico dos processos educativos no país o professor teve a
sua formação depositada a um plano secundário. Recorda-se que com a chegada
dos jesuítas no quadro educacional brasileiro, não se tinha a necessidade de tal
preocupação, pois eles já vinham formados como padres para executarem seu
principal objetivo, que era a catequese. Infelizmente esse quadro manteve seus
reflexos até as eras modernas, mesmo com a criação das escolas normais e
institutos para a preparação do magistério, o sistema de formação ficou muito tempo
afastado dos fundamentos teóricos e entregue ao aprender fazendo. Este aspecto é
bem definido por Marques (2000) “A formação de professores para o ensino
secundário não contou até a década de 30 com instituições específicas, ficando
entregue “ao acaso da improvisação e da virtuosidade”. (p.17).


      Voltando a momentos mais recentes, que apresentam traços nítidos na
realidade atual, temos a década de 60 marcada pelo pensamento tecnicista gerido
pela ditadura militar. Mesmo com a promulgação da primeira LDB em 1961, a
década foi um tanto letárgica para o magistério, no sentido da formação docente,
pois visava de forma intensa o aligeiramento dos processos formativos. Já no final
dos anos 70 e toda década de 80 caracterizou-se por um momento de ruptura com
preceitos propostos, por grande produção científica na área pedagógica, bem como
pela preocupação com a valorização do profissional da educação. Mas é a luz das
fundamentações políticas propostas nos anos 90 que surgem diversas concepções a
respeito da formação continuada de professores. Cujo termo formação ou educação
continuada traz uma crítica a termos utilizados anteriormente tais como: treinamento,
21



capacitação, reciclagem, que não priorizava a construção da autonomia intelectual
dos professores.


      Sobre a formação de profissionais na área da educação infantil, Kramer (In:
MACHADO, 2005) afirma:


                    Diversos são os termos que circulam nas creches, pré-escolas: formação
                    permanente, nome mais antigo, formação continuada (consagrado pela lei)
                    ou formação em serviço, denominação que prefiro apenas por sua clareza:
                    trata-se de profissionais em formação no seu lugar de trabalho. Isso sem
                    falar em termos comumente usados ainda, tais como capacitação, que traz
                    a idéia para aqueles que, do contrário, seriam incapazes, ou reciclagem de
                    todos a meu ver o pior por sugerir que os profissionais, professores e
                    auxiliares, podem se descartar da história passada, da experiência vivida e
                    começar tudo de novo. (p.119).




      Neste aspecto, é pertinente, conhecermos a abordagem de Veiga (1998)
sobre formação continuada, quando diz que:


                      Qualquer formação que ignore a experiência e a realidade profissional do
                      professor apresenta-se desprovida de sentido, quase insultuosa, pelo
                      que, oportunidade de refletir sistematicamente sobre sua própria ação
                      profissional, de se auto conhecer nas suas potencialidades e nos seus
                      limites. (p.116).



            A formação vai além de conhecimentos acadêmicos adquiridos na
Universidade, nesse sentido, tem como ponto de partida uma reflexão a cerca da
prática, e das experiências adquiridas ao longo da profissão docente, para haver
então construção e reconstrução de sua formação. Faz-se necessário compreender
que a formação continuada vem enriquecer as experiências e os saberes que os
professores trazem consigo. Conceituando esta formação Marques (2000) aponta:


                    São os professores constantemente chamados a operar com pressupostos
                    teóricos outros, não suficientemente explícitos nos cursos de reciclagem ou
                    nos chamados treinamentos em serviço, que mais servem a simplesmente
                    desaprender o aprendido, o que é necessário desde que, em substituição,
                    se coloquem não remendos ou paliativos, mas sólidas referencias para a
                    continuidade e consistência do aprender fazendo. (p.206).
22



        Todas as instituições responsáveis pela educação devem ser envolvidas no
processo da formação continuada dos educadores como também levar em conta as
referências que cada um traz no lado intelectual, social e cultural Kramer (In:
MACHADO, 2005) acrescenta: “Toda proposta pedagógica tem uma história e, nela
a formação dos profissionais envolvidos está presente de maneira central, sobretudo
quando oferece possibilidades de lembrar a trajetória e de refletir sobre a prática.
(p.119).


       Observa-se que com a chegada da Constituição de 1988, e instituição do piso
salarial e planos de carreira para magistério público, iniciam-se as discussões
pautadas na necessidade de formação profissional. A gestão educacional do
governo Collor, se fez marcadas por conflitos internos que mesmo ante os avanços
trazidos pela Constituição não conseguiu efetivar uma política concreta de formação
docente. Posteriormente sob gestão de Itamar Franco, a presença do Plano Decenal
de Educação para Todos, fomentou discussões em torno da formação profissional e
do piso salarial...


       Em 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA -, insere as crianças
no mundo dos direitos, mais especificamente no mundo dos Direitos Humanos,
reconhecendo-as como pessoas, cidadãs. Partindo para as políticas públicas
voltadas para a Educação Infantil o Ministério da Educação e do Desporto propõe o
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Uma nova ação
pedagógica em um contexto que contemple todas as dimensões do humano passa a
ser o desafio aos educadores. A instituição de educação Infantil é um espaço
diferente, assim como o professor deve ter um perfil próprio, composto por um amplo
conhecimento cultural e uma formação reflexiva e transformadora.


       A discussão sobre a eficácia e aplicabilidade das políticas, provoca de forma
explícita a necessidade de priorizar uma formação específica para o regimento de
tais processos, onde o professor seja envolvido em sua qualidade de indivíduo,
formador de outros indivíduos.


       Um outro exemplo dessa conjuntura são os Parâmetros Curriculares
Nacionais, estes foram publicados no ano de 2001 e vieram bem fundamentados
23



com metodologias inspiradas em Freire, Piaget, Freitag e tantos outros teóricos bem
conceituados no cenário educacional. Trazem em si um vasto leque de conteúdos,
objetivos e habilidades a serem desenvolvidas em sala de aula, porém se revelam
pobres no que diz respeito à aplicabilidade, não esperando que os professores
recebessem receitas prontas, mas é que não houve a preocupação concreta de um
estudo aprofundado destes instrumentos, uma análise da realidade do professor
dentro do seu contexto histórico, político e cultural de formação para receber tal
política. Nesse aspecto, bem se coloca Marques (2000), ao citar Romano (1987).
“Os educadores necessitam ser educados para passarem de funcionários da
máquina social a educador coletivo, que pense a educação e “revitaliza seus limites
não os aceitando com objetividade”. Tudo isso descurar os métodos e as técnicas da
docência.” (p.32).


      Medidas públicas voltadas para a formação e prática dos professores
precisam antever criteriosamente a sua proposta.              Os processos de formação
aligeirados também são exemplos claros da secundarização relegada aos processos
formativos, pois traz para o docente à esperança de uma formação concreta, quando
na verdade eles não suprem as reais necessidades, minimizando os conteúdos,
carga horária, tempo e aos pouco a sede de conhecimento. Estas propostas surgem
por parte do governo como políticas de cunho paliativo, sendo medidas superficiais
que não abrangem a legítima importância.


      Os cursos de formação precisam de uma reflexão sobre sua proposta
juntamente com uma boa fundamentação da suas teorias em volta do conhecimento
que são produzidos neles. Fávero (2001) destaca:


                     Não é só freqüentando um curso de graduação que o indivíduo se torna
                     profissional. É, sobretudo, comprometendo-se profundamente como
                     construtor de uma práxis que o profissional se forma. A partir de sua
                     prática, cabe a ele construir uma teoria, a qual, coincidindo e identificando-
                     se com elementos decisivos da própria prática, acelera o processo,
                     tornando a prática mais homogênea e coerente em todos os elementos.
                     Assim, a identificação teoria-prática deve apresentar-se como ato crítico,
                     no qual se demonstra que a prática é racional e necessária e a teoria,
                     realista e racional. (p.65)
24



         A formação do educador não se reduz ao puro ensino técnico e mecânico de
transmitir o conhecimento, esta requer uma postura étnico-democrática, partindo da
posição política, pedagógica e social do mesmo em sua competência (FREIRE,
1998).


         Esta proposta de formação, como nos é dado ver, depende da concepção que
se tem da educação e do seu papel na sociedade desejada. Quase todas as
propostas atuais contemplam o saber específico, o saber pedagógico e o saber
político-social, como partes integrantes da formação de professores. Entretanto, de
acordo com Cunha (1995) é importante salientar que os estudos que colocam o
professor histórica e socialmente contextualizado, afirmando que seu desempenho e
formação têm a ver com suas condições e experiência de vida, pressupõem uma
relação forte entre o saber e os pressupostos da elaboração deste saber.


         Percebe-se que o professor deve estar consciente da sua ação e do seu
papel enquanto autor e co-autor formador de opiniões. Ciente disso Fazenda (2002)
nos diz:


                        Admitimos que a formação docente não poderá se reduzir ao que
                        ensinar, vale dizer, aos conteúdos de ensino, ou de reduzir a técnica de
                        transmissão de tal conteúdo. Ao agente educativo, seja de educação
                        infantil, do ensino fundamental e médio, solicita-se a consideração ao
                        menos do por que ensinar, isto é, as motivações socioantropológicas da
                        ação docente; do a quem ensinar, isto é, quem é o sujeito de educar; do
                        o que ensinar, ou seja, que coisa relevância para essa cidadania em
                        construção; e de como ensinar. (p. 104).



         Na abordagem do processo de qualificação, essas sugestões podem ser
traduzidas como o objetivo de levar o professor a acreditar nas potencialidades dos
alunos. Deixando de idealizar o aluno concreto e passar a vê-lo como ele é.
Entretanto, o fato do professor dominar o conteúdo e saber organizar e transmitir
este conteúdo não são suficientes para uma ação que se quer efetivamente
transformadora.


         A formação do professor implica um conjunto de saberes que vão sendo
incorporado ao longo da própria vida, saberes estes que decorrem a sua imersão
25



num contexto societário, das relações que vão se estabelecendo com pessoas de
realidades diferentes. Tardif (2002) vem nos dizer que:


                      A socialização é um processo de formação do indivíduo que se estende por
                      toda a história de vida e comporta rupturas e continuidades (...). Em
                      sociologia, não existe consenso em relação à natureza dos saberes
                      adquirido através da socialização. (...) A idéia de base é que esses saberes
                      (esquemas, regras, hábitos, procedimentos, tipos, categorias, etc. não são
                      inatos, mas produzidos pela socialização, isto é, através do processo de
                      imersão dos indivíduos nos diversos mundos socializados, (...) nos quais
                      eles constroem, em interação com os outros, sua identidade pessoal e
                      social. (p.71).



      Na profissão, continuam a incorporar novos saberes que se vão agregando ao
processo formativo de construção da identidade profissional.


      Reconhece-se, que um dos desafios a ser cumpridos na formação dos
professores tem sido trabalhar a apropriação dos sujeitos – professores e
professoras – acerca do processo de construção de uma proposta coletiva de
trabalho que articule as vivências, experiências, realidade dos alunos com os
conhecimentos culturalmente construídos, uma vez que, quando retornam a prática
cotidiana não conseguem romper com concepções já estabelecidas tradicionalmente
como, por exemplo, o professor ainda encontra-se “preso” aos conteúdos, estes
ainda retirados da tradicional grade curricular ou mesmo o livro didático, que na
maioria das vezes, utilizam uma linguagem distante da realidade dos alunos.


      Para isso se faz necessário formar professores capazes não só de falar, mas
principalmente de escutar. Freire (1998) traduz a importância de o docente estar
preparando para realmente ser um educador, no sentido mais completo da palavra.
E Alves (2000) observa também esta importância, estabelecendo uma notória
diferença entre o professor e o educador, quando diz:


                       Educadores, onde estarão? Em que covas terão se escondido?
                       Professores há milhares. Mas o professor é profissão, não é algo que se
                       define por dentro, por amor. Educador, ao contrário, não é profissão; é
                       vocação. E toda vocação nasce de um grande amor, de uma grande
                       esperança. (p.16).
26



       Analisando esta reflexão de Rubens Alves percebe-se que pensar a formação
docente hoje, é urgente e necessário, visto que o processo de formação do
professor é muito mais do que prepará-lo competentemente, é antes de tudo, formar
a pessoa do profissional.


       Conforme Moraes (2000), o professor precisa despertar a consciência de que
se pode tornar, cada vez mais, autônomo em relação ao desenvolvimento de sua
formação e de sua prática. O processo de formação é construído também, e
principalmente, por ele, na medida em que o formar-se não é exterior à pessoa é um
processo interno que desenvolve a identidade da pessoa, do profissional. Nóvoa
(1992) enfatiza que o espaço de formação tem que passar por dentro de cada um e
do coletivo que aconteça no espaço escolar. Também neste sentido, Dominicé
(1988) afirma: “A formação assemelha-se a um processo de socialização, no
decurso do qual os contextos familiares, escolares e profissionais constituem lugares
de regulação de processos específicos que se enredam uns nos outros, dando uma
forma original a cada história de vida. “(p.60).


       Ir além no processo de formação no desenvolvimento profissional por meio da
preparação pedagógica não se realiza separado do processo de desenvolvimento
pessoal e institucional. No âmbito técnico Marques (2000), adverte para a seguinte
conclusão:


                       Não é com receitas acabadas que se enfrentam as questões do dia-a-dia
                       da educação. Mas com propostas alicerçadas na concretude das práticas
                       docentes, numa práxis que seja institucionalmente política-pedagógica,
                       auto-reflexão discursiva de um coletivo de educandos, educadores e se
                       proponha a organizar e conduzir os processos do ensino-aprendizagem no
                       interior dos cursos de formação do educador.(p.215)


       Dados os problemas que rodeiam a tarefa docente até o perfil profissional do
professor, percebe-se uma grande desarticulação das teorias às práticas, do técnico
ao humano, das condições favoráveis e desfavoráveis do sistema ao professor,
enfim entraves que dificultam a caminhada do docente, mas a profissão do mestre é
importante, sensível, delicada, pois em uma sala de aula encontra-se pessoas, não
máquinas. Arroyo (2007) traz uma reflexão sobre o árduo e envolvente ofício do
mestre.
27




                      Nesse processo de redefinir o saber escolar, as funções sociais, políticas e
                      culturais da escola em função de projetos da sociedade e de ser humano,
                      de cidade e de cidadania não perdemos a centralidade nem do
                      conhecimento, nem do nosso ofício de ensinar. Nos redescobrimos em
                      horizontes, intencionalidades e significados mais abertos. Reaprendemos
                      que nosso ofício se situa na dinâmica histórica da aprendizagem humana,
                      do ensinar e do aprender a sermos humanos. Por aí reencontramos o
                      sentido educativo do nosso ofício de mestre, docentes. Descobrimos que
                      nossa docência é uma humana docência. (p.53)



      Desse modo o professor precisa ter clareza desde o início de sua formação,
que ele é o seu próprio formador responsável pelo seu desenvolvimento como
pessoa e como profissional. Refletirá sobre a consciência de que “a educação é do
tamanho da vida”, como pontua Rodrigues (1986), e que a formação é um processo
que não termina com o fim de um curso, ele se dá na continuidade da vida e da
troca de experiências.


2.2 Educação Infantil


      A Educação Infantil caracterizou-se historicamente, pelo assistencialismo
reduzindo-se a um espaço essencialmente de cuidados com a criança. Com o
passar dos tempos, com algumas mudanças ocorridas nas tendências educacionais,
passou a ser considerada e entendida como um processo educativo. Hoje, ao
pensar-se em Educação Infantil, não é possível desassociar o cuidar e o educar,
eixos centrais que caracterizam e constituem o espaço e o ambiente escolar nesta
etapa da educação. Ao contrário do que muitos ainda pensam, o cuidar e o educar
não remetem respectivamente ao assistencialismo e ao processo de ensino-
aprendizagem, pois um complementa o outro e ambos precisam estar integrados
para melhor atender ao desenvolvimento da criança na construção de sua totalidade
e autonomia.


      A formação da criança já era encarada como objetivo de transformação para
o indivíduo responsável, no Brasil entre a Colônia e o Império. Humanistas europeus
como Erasmo e Vicente Vives já tinham dado as pistas desta “educação básica”:
desde cedo a criança devia ser valorizada por meio da aquisição dos rudimentos da
leitura, e da escrita (PRIORE, 2000).
28




        A trajetória institucional e legal no trato da Educação Infantil é longa em
termos de discussões e percebemos que a tentativa de transformar a criança em um
adulto responsável persiste até os dias atuais. Ghiraldelli (2000) contribui refletindo
que:


                              Assim, do ponto de vista da “sociedade do trabalho” e da “sociedade
                            científico-tecnológica”, a criança como indivíduo é considerada talvez agora
                            mais que antes, um “ser ativo”, justificando as pedagogias centradas no
                            interesse, na atividade, no trabalho. A “pedagogia do trabalho”, a
                            “pedagogia ativa”, “a pedagogia centrada o interesse do aluno” etc... Ora
                            mais ora menos vinculadas diretamente à profissionalização, inseridas no
                            campo das diretrizes postas pelo status quo 1vigente. (p.27).



        Constatamos também que a educação infantil foi aplicada realmente no Brasil
a partir dos anos 30, quando surge a necessidade de formar mão-de-obra
qualificada para o processo de industrialização do país, na qual as escolas
possuíam um caráter compensatório e não um caráter formal, não havia a
contratação de professores qualificados, o ensino muitas vezes era feito por
voluntários.


        A educação Infantil só foi amparada pelos governantes quando segmentos da
classe média foram procurar atendimento em creches para seus filhos, a partir daí
esta instituição recebeu força e pressão para aprofundar a discussão de uma
proposta pedagógica.


         A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96 nos artigos 29
a 31, incorpora a Educação Infantil no interior do sistema de ensino, ocupando nível
da educação básica, destinada às crianças de 0 a 6 anos, em estabelecimentos
como creches, pré-escolas ou similares, conforme artigo 208, inciso IV da
Constituição. Adquirindo assim legalmente especificidade ao proporcionar condições
para o desenvolvimento físico, psicológico e intelectual nesta faixa etária. A esse
respeito Angotti (In: OLIVEIRA, 2001) salienta:

1
 1- Emprega-se esta expressão, geralmente, para definir o estado de coisas ou situações. Na generalidade das
vezes em que é utilizada, a expressão aparece como “manter o status quo”, “ defender o status quo” ou, ao
contrário, “mudar o status quo”. Na realidade, a expressão não define necessariamente um mau estado, e sim o
estado atual das coisas. Em uma citação, por exemplo, “ Considerando o status quo..."
29




                      Pela primeira vez na história, uma constituição do Brasil faz referência a
                      direitos específicos das crianças, que não sejam aqueles circunscritos ao
                      âmbito do direito da família. Também pela primeira vez, um texto
                      constitucional define claramente como direito da criança de 0 a 6 anos de
                      idade e dever do Estado, o atendimento em creche ou pré-escola.(p.52).



      Muitas políticas educacionais foram criadas em prol da Educação Infantil: o
MEC (Ministério de Educação) desenvolveu o Referencial Curricular Nacional para a
Educação Infantil (1998) como elemento orientador de ações profissionais desta
área e o objetivo deste documento é:



                      (...) apontar metas de qualidade que contribuam para que as crianças
                      tenham um desenvolvimento integral de suas identidades, capazes de
                      crescerem como cidadãos cujos direitos à infância são reconhecidos. Visa,
                      também, contribuir para que possa realizar, nas instituições, o objetivo
                      socializador dessa etapa educacional, em ambientes que propiciem o
                      acesso e a ampliação, pelas crianças, dos conhecimentos da realidade
                      social e cultural. (p. 07),




      Houve    também     a   criação    do    FUNDEB        (Fundo     de   Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação,

elaboração da Emenda Constitucional n.º 53/06, tem por objetivo proporcionar a

elevação e uma nova distribuição dos investimentos em educação, substituindo o
FUNDEF (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de
Valorização do Magistério) que atendia apenas o ensino fundamental.


      Estes documentos convergem entre si nas discussões em que é notório o
evidenciamento da Educação Infantil, sendo o alicerce e a base para o
desenvolvimento integral da criança, e que, pautada em princípios de cooperação,
responsabilidade, respeito, autoconhecimento e autoconfiança, terá reflexos sobre
toda a sua vida escolar e social. É explicitado o direito da criança, desde o seu
nascimento, ao cuidado e educação. Ao definir tais finalidades, assume a creche e a
pré-escola, uma função de complementação e não como entendida por muitos como
de substituição à ação familiar.
30



         Os debates sobre a qualidade da educação para crianças de zero a seis anos
de idade oferecidas nas instituições de Educação Infantil tem adquirido maior
destaque a partir da década de 90, acompanhando as mudanças sociais, políticas e
econômicas ocorridas no país. Neste enfoque, afirma Guimarães (In Machado,
2005):


                       Cresce a consciência no mundo inteiro, sobre a importância da educação
                       das crianças de 0 a 6 anos, em estabelecimentos específicos como
                       orientações e práticas pedagógicas apropriadas, como decorrência das
                       transformações socioeconômicas verificadas nas últimas décadas, e
                       também apoiada em fortes argumentos consistentes advindos das ciências
                       que investigam o processo de desenvolvimento da criança. (p.44).




         A importância para com a educação infantil reacendeu alguns debates,
inclusive nas Universidades observamos alguns cursos que atendem para a área da
Educação Infantil e que geram algumas discussões e questionamentos sobre o teor
dos cursos. Segundo Kishimoto (1999):


                       O normal superior, análogo às licenciaturas curtas, dificulta o acesso a
                       outros patamares de escolaridade superior e, além disso, O tempo de
                       duração do curso, somado à pouca exigência na contratação do corpo
                       docente, geram conseqüências de várias naturezas: preconceitos, baixos
                       salários, baixa identidade do profissional, poucas expectativas de
                       profissionalização, entre outras.(p.72)



    A determinação legal dá continuidade à tendência verificada em relação aos
profissionais que trabalham com crianças. Esse fenômeno é assim sintetizado por
Campos (1999): “confirma-se por toda a parte a regra que estabelece que quanto
menor a criança a se educar, menor o salário e o prestígio profissional de seu
educador e menos exigente o padrão de sua formação prévia.” (p.131)


         Diante das reflexões esboçadas, fica evidente que a formação dos
professores de Educação Infantil nas Universidades não é muito relevante. Talvez
uma das formas de reagir a tais imposições seja aprofundar o conhecimento a
respeito dessa formação nos Cursos de Pedagogia.
31



      Investigar e refletir sobre os objetivos, conteúdos, práticas, enfim sobre as
possibilidades da formação em educação infantil nas universidades, é um dos
elementos necessários para concretizar uma educação infantil que possibilite às
crianças das creches e pré-escolas públicas, viver a infância nas suas múltiplas
possibilidades.


      As contribuições das discussões inspiradas na psicologia sócio-histórica
também podem ser percebidas nas mudanças que sofre a visão de professor
presente na formação no início da década de 90 que colaborou para que a ruptura
com o modelo do professor da escola começasse a se concretizar, embora a
orientação para o professor planejar o cotidiano a partir das áreas do conhecimento
continuasse vinculando seu papel ao do professor da escola aumentará a
responsabilidade nas situações vividas com as crianças, requerendo uma maior
reflexão.


       Porém, as interrogações nesse momento são muitas e, simultaneamente à
redefinição da função da educação infantil, vai conduzindo a uma ruptura na
formação com a idéia de ensino. A idéia de cuidar e educar de modo indissociável,
como citamos anteriormente, partilhando essa educação com a família, passa a ser
discutida na formação como um direito das crianças e uma responsabilidade do
professor de educação infantil, que tem uma atuação diferenciada do professor do
ensino fundamental.


      As concepções de conhecimento como uma totalidade que engloba aspectos
sociais, individuais, cognitivos, afetivos, culturais devem sempre conferir valor e
sentido ao espaço institucional dirigido às crianças de 0 a 6 anos, priorizando uma
extrema importância a este espaço, e uma peça fundamental no processo de
Educação Infantil e que fará a diferença é o professor. Oliveira (2001) reflete sobre a
importância do seu papel:


                      O professor deve ter bastante claro que os princípios que regem seu fazer
                      estão diretamente relacionados como os princípios de cidadania que
                      estarão sendo construídos pelas crianças. Desta maneira, é fundamental
                      buscar a coerência entre o ideal de formação que se quer alcançar e os
                      procedimentos assumidos pelo docente enquanto ser individual, social,
                      profissional e político na efetivação de seus objetivos, seus valores e seus
32


                     ideais, para que possamos almejar uma sociedade mais humana,
                     igualitária e justa, preservando, enriquecendo, valorizando e realçando o
                     que esta sociedade tem de melhor, seu potencial humano. (p.67).



      Sendo as iniciativas particulares de atendimento mais numerosas em relação
àquelas oferecidas pelo governo, este também começou a se responsabilizar por
esse atendimento. No qual se observa interesses particulares por parte deste,
distorcendo as verdadeiras intenções da criação das políticas públicas para a
Educação Infantil. Conforme Carvalho (1999) é importante ressaltar que:



                     ...as categorias e quadros de referência disponíveis [aos sujeitos da
                     pesquisa] para legitimar as atividades de "cuidado" estavam articuladas a
                     uma percepção elitista, um julgamento moral dos alunos e suas famílias,
                     às necessidades de atendimento à pobreza, um quadro de referências
                     marcado pela tradição controladora e moralista de nossas escolas
                     primárias, mesclada com elementos das teorias da privação materna e da
                     educação compensatória. O "cuidado" só parecia ser legítimo, como
                     prática escolar, frente à crianças pobres, vindas de famílias que, por
                     pressuposto, não seriam capazes de atendê-las por si sós, devido a suas
                     carências materiais, morais e/ou culturais. (p.134)




      É nesse contexto que surge também os debates em torno da polarização
entre atividade assistencial e pedagógica, agora na forma de um binômio educar e
cuidar da criança pequena. Em documentos como as Diretrizes de política de
Educação Infantil, elaborado e difundido pela Coedi (Coordenação de Educação
Infantil) do MEC (Brasil, 1993), encontra-se, um documento oficial sobre a educação
da criança pequena que faz referência às dimensões de cuidado e educação,
quando se define o atendimento oferecido por creches e pré-escolas como uma
primeira etapa da educação para a cidadania.

      Dessa forma, partindo do princípio de que a Educação Infantil é um espaço
que propicia o processo de construção da relação ensino-aprendizagem, e de
acesso ao conhecimento culturalmente acumulado pela humanidade é preciso
pensar em alternativas para a formação dos professores, a organização física dos
espaços, as propostas pedagógicas, as análises culturais da realidade dos alunos
atentando também para a sua faixa etária.
33



       Kramer (1995), ao discutir o conceito de infância, alerta para os riscos de se
adotar uma perspectiva que se limite às diferenças etárias, biológicas, em que a
criança seria tão-somente caracterizada pela "falta de idade", de tal modo que se
poderia ter, em tese, uma criança universal, com características comuns
independentemente de qualquer outra variável.




                      E esses papéis e desempenhos (esperados ou reais) dependem
                      estreitamente da classe social em que está inserida a criança. Sua
                      participação no processo produtivo, o tempo de escolarização, o processo
                      de socialização no interior da família e da comunidade, as atividades
                      cotidianas (das brincadeiras às tarefas assumidas) se diferenciam segundo
                      a posição da criança e de sua família na estrutura sócio e econômica.
                      Sendo essa inserção social diversa, é impróprio ou inadequado supor a
                      existência de uma população infantil homogênea, ao invés de se perceber
                      diferentes populações infantis com processos desiguais de socialização
                      (p.15).




      Sabemos que as escolas de Educação Infantil são frequentemente chamadas
de “escolinhas” e até o nome de algumas delas são tão infantilizadas, a partir da
ótica do adulto, que só contribuem para confundir ainda mais o imaginário das
pessoas em relação o papel da educação durante a infância. E todos esses
aspectos refletem uma noção retrógrada do que deve ser a Educação Infantil no
século XXI e contribuem para mantê-la como a mais inferior e politicamente
desqualificada do sistema educativo. É importante o chamado de Kishimoto (2002) a
esse respeito:

                      Princípios como a maternagem, que acompanharam a história da
                      Educação Infantil, desde seus primórdios, segundo o qual bastava ser
                      mulher para assumir a educação da criança pequena e a socialização,
                      apenas no âmbito doméstico, impediram, a profissionalização da área.
                      (p.07).



      Desse modo, ao longo de sua existência a pré-escola tem apresentado
algumas tendências na pretensão de compensar as carências existentes nas
crianças e acabam prejudicando a qualidade do trabalho educativo por ser visto
apenas como assistência aos pobres e carentes. Por isso, torna-se imprescindível
um profissional qualificado e reflexivo, ciente de que agora a Educação Infantil não é
uma missão por vocação e sim um trabalho, em que o caráter assistencialista não
34



pode mais sobrepor a dimensão pedagógica que ela comporta e que essa dimensão
é constitutiva do trabalho docente.


       Durante toda a vida, mas na infância de forma muito especial, o ser humano passa por
grandes transformações em termos de atividades, gestos e postura. É preciso conhecer e
entender cada passo desta transformação para podermos compreender as necessidades da
criança, estimulá-la e, acima de tudo, contribuir para que se desenvolva harmonicamente,
guardando para a vida adulta uma imagem positiva de si mesmo.


       Faz-se necessário que na prática pedagógica de educação infantil os educadores
reflitam e conheçam a infância, conhecendo-a poderá falar, agir, pensar sobre o público que
está trabalhando com finalidades de fazer a criança aprender significativamente a cada dia,
introduz-se assim algumas percepções sobre a infância.


2.2.1 Algumas percepções sobre infância...


       Esse período da vida, no ser humano que vai desde o nascimento em geral
denominado, infância, e que, etimologicamente é identificado que infantia é a
dificuldade de falar; criança: indivíduo na infância, criação; o que é novo, novidade.
A infância é símbolo de simplicidade natural, de espontaneidade.


       O conceito de infância é dado de forma social, no qual cada período, desde
as primeiros tempos até atuais, é examinado e dado características diferenciadas,
recorda Ponce (1988), que nas comunidades primitivas elas acompanhavam sua
mãe em todas as atividades no período até os sete anos:


                       A convivência diária que mantinha com os adultos a introduzia nas crenças
                       e nas práticas que o seu grupo social tinha por melhores. Presa às costas
                       da sua mãe, metida dentro de um saco, a criança percebia a vida da
                       sociedade que a cercava e compartilhava dela, ajustando-se ao seu ritmo e
                       às suas normas e, como a sua mãe andava sem cessar de um lado para
                       outro, o aleitamento durava vários anos, a criança adquiria a sua primeira
                       educação sem que ninguém a dirigisse expressamente.(p.18).



       A idéia de infância, não existiu sempre, e nem da mesma maneira, segundo
Kramer (1995), ela aparece com a sociedade capitalista, urbana industrial, na
35



medida em que buscam a inserção e o papel social da criança na comunidade. Se
na sociedade feudal, a criança exercia um papel produtivo direto (de adulto) assim
que ultrapassava o período da alta mortalidade, na sociedade burguesa ela passa a
ser alguém que precisa ser cuidada, escolarizada e preparada para uma atuação
futura.


          No final do século XVII e inicio do XIX, a percepção que até então se tinha de
criança foi gradualmente se modificando e a concepção de infância como etapa
distinta da vida se consolidou na sociedade. Essa percepção, de acordo com Ariés
(1981) é coincidente com a constituição da família, do estado, da nova organização
do trabalho produtivo.


          Compreende-se então que esta idéia de infância é, pois, determinado
historicamente pela modificação das formas de organização da sociedade. Assim
Kramer (1995) revela que:


                         Deve-se partir do principio de que as crianças (nativas ou imigradas, ricas
                         ou pobres, brancas ou negras) tinham (e tem) modos de vida e de inserção
                         social completamente diferentes graus de valorização da infância pelo
                         adulto, a partir de suas condições econômicas, sociais e culturais, e do
                         papel efetivo que exerciam (e exercem) na sua comunidade.(p.20).



          Desta forma o conceito de infância é uma invenção própria da sociedade
industrial, ligado às leis trabalhistas e ao sistema educacional. Ainda Kramer (1996):


                         (...)a criança é concebida na sua condição de sujeito histórico que verte e
                         subverte a ordem e a vida social. (...), efetuando uma ruptura conceitual e
                         paradigmática, toma a infância na sua dimensão não-infantilizada,
                         desnaturalizando-a e destacando a centralidade da linguagem no interior
                         de uma concepção que encara as crianças como produzidas na e
                         produtoras de cultura (p.14).



          Não há como falar da infância fora do movimento da história, da cultura e das
relações sócias entre as crianças e adultos que definem e redefinem seus
significados. Como sabemos hoje, a criança tem ocupado diferentes posições frente
às expectativas dos pais e frente à sociedade. Esta idéia está imbuída de
significações ideológicos, não só da relação da criança para o adulto, mas também
36



das relações da criança com a sociedade. Ficando evidente na fala de Postman
(1999):


                         Ninguém contestou que as crianças são diferentes dos adultos. Ninguém
                         contestou que as crianças devem alcançar a idade adulta. Ninguém
                         contestou que responsabilidades pelo crescimento das crianças cabe aos
                         adultos. (...), pois devem lembrar que o moderno paradigma da infância é
                         também o moderno paradigma da vida adulta. Ao dizermos o que
                         queremos o que uma criança venha ser dizemos o que somos. (p.78)



      Sendo os adultos responsáveis pela formação das crianças nota-se que eles
imaginam e introduzem os seus desejos de realizações nas crianças, sucumbe-se a
sua identidade, a personalidade e a essência para injetar os seus anseios de ordem
emocional, profissional e cultural.


      O    trato   nas     crianças    como     seres    sociais    implicarão    um     melhor
reconhecimento nas suas diferenças, suas características, favorecendo um
tratamento mais adequado, nas políticas públicas recentes já é abordado essas
referencias como no Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil, vem
dizendo que: “A criança como todo ser humano é um sujeito social e histórico e faz
parte de uma organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma
determinada cultura, em um determinado momento histórico”. (BRASIL 1998, p. 21)


      A criança como sujeito social histórico, estabelece no seu presente, a
identidade portadora e produtora de cultura. Nesse sentido a criança passa a ser
considerada como um ser que tem direito, e faz desse período de sua vida um
momento em que ela é a protagonista do seu desenvolvimento como sujeito de sua
história. “É na interação social que a criança entra em contato e se utiliza de
instrumento mediador, desde a mais terna idade”. (Oliveira, 2001).


      No processo de educação infantil o papel do professor é de suma
importância, pois é ele que cria os espaços, disponibiliza materiais, participa das
brincadeiras, ou seja, faz a mediação da construção do conhecimento. Negrine
(1994), em estudos realizados sobre a aprendizagem e desenvolvimento infantil,
afirma que: “quando a criança chega à escola, traz consigo toda uma pré- história,
construída a partir de suas vivências grande parte delas através da atividade lúdica”
37



(p.20). E ele terá que intercalar essas vivências com as propostas pedagógicas
vigentes.


      Verifica-se que há momentos variados da atividade da criança na escola em
que o gozo e o prazer são elementos da atividade lúdica. Contrariamente as atitudes
dessas educadoras, observamos não só nas salas de aula (aspectos formal), como
também nas situações informais, normativas. A análise que nos parece mais
próxima do real é que a criança numa dimensão abstrata é essencialmente boa,
pura, espontânea, criativa. Mas por outro lado quando se refere à criança que está a
sua frente, ao seu aluno, é ressaltada a sua precária condição de vida, que não
querem nada. Mesmos confirmando que há uma essência ou natureza infantil em
todas as crianças. Assim Kramer (1995) afirma:


                     A visão da criança baseada em uma concepção de natureza infantil, e não
                     na analíse da condição infantil, mascara a significação social da infância
                     (...) Encarar a infância dentro da sociedade de classes significa que não
                     existe “a” criança, mas sim indivíduos de pouca idade que são afetados
                     diferentemente pela sua situação de classe social. (p.20,24)



      Ao contrário do que pode acreditar o censo comum, a idéia de infância como
um período peculiar de nossas vidas, não é um sentido natural ou inerente a
condição humana. Segundo Áries (1981), essa concepção, esse olhar diferenciado
sobre criança teria começado a se formar com o fim da Idade Média, sendo
inexistente na sociedade desse período.


      Hoje, com a chamada “Globalização”, encontramos uma definição política de
infância que deixa de existir para os países pobres, porque existe apenas o portador
de bens. Assim a sociedade acaba projetando na infância seus anseios, e
mantendo-se ambivalente em seus projetos educativos calcados, em alguns
momentos,    na   preservação     de   uma     infância    idealizada,    em     outros,    no
enquadramento em um mundo adulto. Rousseau (1995) enfatiza que:



                     Ao nascer, uma criança grita; sua primeira infância passa-se chorando. Ora
                     sacodem e a mimam para acalmá-la, ora a ameaçam e lhe batem para que
                     fique quieta. Ou lhe fazemos o que lhe agrada, ou exigimos dela o que nos
                     agrada, ou nos submetemos às suas fantasias, ou a submetemos às
38


                        nossas: não há meio-termo, ela deve dar ordens ou recebê-las. Assim suas
                        primeiras idéias são de domínio e servidão. Antes de saber falar ela dá
                        ordens, antes de poder agir ela obedece e, às vezes, castigam-na antes
                        que depois imputamos à natureza, e após nos termos esforçado para
                        torná-la má, queixamo-nos de vê-la assim. ( p.24)



         Pensar a criança e as infâncias implica analisar uma multiplicidade de
diferenças como as de classe social, etnia e gênero. Para conhecê-la melhor, é
necessário levar em conta suas condições reais de vida, sua origem social e sua
cultura. São seres dotados de direitos nos quais os adultos devem concebê-los sem
a indução de suas perspectivas, orientando-os sempre e cabe também aos
educadores e a escola tomarem consciência de questão tão importante como o
estudo    aprofundado     da    infância   e   redirecionarem      suas     práticas   com     o
reconhecimento da criança como sujeito atuante das práticas sociais.



2.3 A prática pedagógica na Educação Infantil




      Nos grupos de pessoas da atualidade, percebemos o engajamento pelos
conhecimentos e habilidades elaborados através dos processos formais de
escolarização. A escola, enquanto instituição moderna é co-responsável pela
formação dos sujeitos, atuando juntamente com outras instituições universais como
a família e a igreja, por exemplo. Conforme o pensamento de Tardif (2002):


                     Durante o exercício da docência os professores adquirem e mobilizam
                     diversos tipos de saberes docentes tais como: saberes de formação
                     profissional, saberes curriculares, saberes disciplinares e saberes
                     experienciais. Para ele, os saberes de formação profissional são aqueles
                     transmitidos pelas instituições de formação profissional e passam a ser
                     incorporados à prática docente (p.36).



Veiga (1994) define a prática pedagógica como:



                        Entendendo a prática pedagógica como uma prática social orientada por
                        objetivos, finalidades e conhecimentos, e inserida no contexto da prática
                        social. A prática pedagógica é uma dimensão da prática social que
                        pressupõe a relação teoria-prática, e é essencialmente nosso dever, como
                        educadores, a busca de condições necessárias à sua realização. (p.16).
39




      Compreende-se que esse conceito apresenta aspectos comuns na discussão
sobre o que dá a natureza “pedagógica”, igualmente detectada por Libâneo (2005),
quando “Em várias esferas da sociedade surge a necessidade de disseminação e
internalização de saberes e modo de ação (conhecimento, conceitos, habilidades,
hábitos, procedimentos, crenças atitudes), levando as práticas pedagógicas”,
caracterizando uma Pedagogia como “teoria e prática de educação”. (p.26).
Portanto, coincidem-se, na composição da idéia, os conceitos de educação,
pedagogia e prática sendo que Tardif (2002) acrescenta a reflexão sobre os saberes
da prática:


                     Estes saberes não se encontram sistematizados em doutrinas ou teorias.
                     São saberes práticos (e não da prática: eles não se superpõem à prática
                     para melhor conhecê-la, mas se integram a ela e dela são partes
                     constituintes enquanto prática docente) e formam um conjunto de
                     representações a partir das quais os professores interpretam,
                     compreendem e orientam sua profissão e sua prática cotidiana em todas as
                     suas dimensões. Eles constituem, por assim dizer, a cultura docente em
                     ação. ( p.49).



      Aparentemente compreende-se que a prática pedagógica, se constitui por
ações, conhecimentos e valores internos de um processo intencional e
sistematizado, com finalidades educativas e formativas, na medida em que os
professores constroem os saberes da experiência, de tal forma que são
reproduzidos por eles como um hábito, ou estilo pessoal de ensino.


       A prática pedagógica constitui-se num momento pelo qual os professores tem
a oportunidade de se aperfeiçoar a cada dia, por meio da seleção dos fatores que
contribuem para a solução dos problemas advindos da realidade escolar. E ainda se
tratando de considerar os saberes oriundos da experiência, e privilegiando uma
postura reflexiva Nóvoa (1992), destaca que:


                     A formação de professores não se constrói por acumulação (de cursos, de
                     conhecimentos ou de técnicas) mas, sim através de um trabalho de
                     reflexividade crítica sobre as práticas de re(construção) de uma identidade
                     pessoal e dar um estatuto ao saber da experiência (p.25).
40



      Freire (1998, p. 43) nos diz que ensinar exige uma reflexão crítica sobre a
prática, pois uma prática que intenciona ser crítica envolve um “movimento dinâmico,
dialético, entre o fazer e o pensar sobre o fazer”. Assim, o momento fundamental da
prática do professor de educação infantil deve ser o de pensar e repensar o seu
fazer pedagógico através de um contínuo exercício de análise acerca de seus
objetivos e intencionalidades educacionais, procurando evidenciar suas limitações e
possibilidades. O mesmo autor nos diz ainda que: “uma das tarefas mais
importantes da prática educativo-crítica é propiciar as condições em que os
educandos em suas relações uns com os outros e todos com o professor ou a
professora ensaiam a experiência profunda de assumir-se”. (p. 46).


      Entendemos que por meio dessa postura os professores se tornariam
capazes de geriram seu próprio desenvolvimento profissional. No que tange a
Educação Infantil, para que a função pedagógica seja capaz de favorecer o
desenvolvimento infantil e a aquisição de conhecimento, é necessário considerar
alguns elementos que de acordo com Kramer (2001):


                     A fim de que essa função se efetive na prática, o trabalho pedagógico
                     precisa se orientar por uma visão das crianças como seres sociais,
                     indivíduos que vivem em sociedade, cidadãs e cidadãos. Isso exige que
                     levemos em consideração suas diferentes características, não só em
                     termos de histórias de vida ou região geográfica, mas também de classe
                     social, etnia e sexo. (p.19).



      Desta forma, compreendemos que o professor deve estar consciente de que
o reconhecimento das crianças como seres sociais, implica em não ignorar as
diferenças,   reconhecendo      suas      especificidades.     É     justamente      essa
heterogeneidade, que se apresenta como um desafio para o professor, que através
de sua práxis, buscará métodos e estratégias para a melhoria na sua qualidade de
ensino.


      Kramer (2001) avisa: “nenhuma prática é neutra: ao contrário, ela está
sempre referenciada em alguns princípios e se volta a certos objetivos, mesmo que
não formulados explicitamente” (p.23).
41



      É percebível que toda prática, está em volto a postura política, econômica e
social do sujeito. O professor, nesse sentido, necessita compreender que sua prática
está imersa num contexto social mais amplo e despertará para que alguns fatores
devam ser levados em conta, tais como conhecer seus interesses e necessidades.
Isto significa saber que são seus alunos. Visando as possibilidades de desenvolver
uma prática pedagógica dentro do contexto educacional e das circunstancias
diversas que existem na escola.




                                  CAPÍTULO III



3. METODOLOGIA: TRILHANDO OS CAMINHOS
42



      O presente trabalho traz inquietações em torno da formação dos professores
de educação infantil do município de Caém, o que eles sabem a respeito da
educação infantil, até aonde vai a sua formação para esta área e as suas falas em
espaço de observações, que se fazem dando frente à atuação na Educação Infantil.
Surgindo assim, a necessidade de uma pesquisa que objetiva a investigação e a
análise da prática pedagógica refletida pelos professores, o posicionamento sobre a
formação continuada e a formação docente dos professores de educação infantil.


3.1 Paradigma da pesquisa


      A pesquisa científica em ciências sociais é imprescindível no processo de
investigação do cotidiano para o entendimento das relações da sociedade Minayo
(1994) nota que:


                      Entendemos por pesquisa a atividade básica da ciência na sua indagação
                      e construção da atividade de ensino e a atualiza frente à realidade do
                      mundo. Portanto, embora seja uma prática teórica, a pesquisa vincula
                      pensamento e ação. Ou seja, nada pode ser intelectualmente um
                      problema, se não tiver sido, em primeiro lugar um problema na vida prática.
                      As questões de investigação estão, portanto relacionadas a interesses e
                      circunstancias socialmente condicionada. (p.18).


      Dessa forma, pesquisamos na tentativa de definir uma inquietação,
inquietação esta, que está socialmente e culturalmente inserido no nosso cotidiano,
buscando um aporte metodológico compreendemos por metodologia o processo
pelo qual, podemos alcançar um objetivo, como afirma Minayo (2004): “A
metodologia inclui as concepções teóricas de abordagem, o conjunto de técnicas
que possibilita a construção da realidade e o sopro divino do potencial criativo do
investigador. Podendo assim alcançar proprietariamente um fim determinado” (p.67).


      A pesquisa realizada possui uma natureza qualitativa, interpretativa e não-
experimental, Castro (2006) aborda:” Na pesquisa qualitativa, por sua natureza, o
processo é bem mais indutivo. Há uma exploração do tema de forma muito mais
livre e aberta.” (p.107). Deslandes (1994) acrescenta:


                      A pesquisa qualitativa responde as questões particulares, ela se preocupa,
                      nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser o
                      universo de significados, motivos às aspirações, crenças, valores e atitudes
43


                      que correspondem a um espaço mais profundo das relações dos
                      processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à
                      operacionalização de variáveis. (p.21).




      É uma investigação que procura pôr em detalhes a realidade dos sujeitos,
dentro do contexto que estão inseridos. O ato de observar, analisar e constatar a
fidelidade do que foi investigado e coletado junto aos sujeitos questionados
responde aos primórdios da informação. Todos os dados da pesquisa são de
extrema relevância, na qual o pesquisador deve ter uma atenção especial ao maior
número de elementos presentes na situação de estudo.


      Assim veremos se os professores se atualizam constantemente, ou somente
se formam, enfim quais as suas necessidades formativas e o que compreendem da
área que trabalham.


      Temos também em nossa pesquisa algumas citações autorais, para assim
compararmos o que os pensadores da educação dizem a respeito da formação
docente e a educação infantil. Esse trabalho se realiza com uma ampla pesquisa,
através de leituras especializadas centrada nas questões da profissionalização
docente.


3.2 Lócus


      O lócus escolhida foi o Município de Caem, situado ao norte da Bahia,
distante cerca de 350 Km de Salvador e com uma população de 10.377 habitantes,
o lugar foi escolhido por ser o ambiente de trabalho que eu leciono e observando as
discussões em jornadas pedagógica dos professores de educação infantil, inquietei-
me para saber quais as reais necessidades formativas destes professores, o que
sabiam a respeito do trabalho pedagógico e da área que atuam.


3.3 Sujeitos da pesquisa


      Foram escolhidos como sujeitos da nossa pesquisa onze (11) professores da
rede municipal de ensino, que trabalham na sede do município, e que estão atuando
44



na Educação Infantil. A escolha dos professores teve como critério serem
professores da rede pública e lecionarem na Educação Infantil.


3.4 Instrumentos de coleta de dados


      Foram utilizados para a realização da pesquisa instrumentos de abordagem
qualitativa destinados a obter informações sobre a formação dos professores de
educação infantil do município de Caem, o questionário fechado (perfil sócio-
economico) buscou-se traçar o perfil dos sujeitos entrevistados, o que contribuiu
para uma melhor análise dos dados obtidos e posteriormente, um questionário semi-
aberto com perguntas a respeito dos indicativos gerais que envolvem a formação
dos professores de educação infantil.


3.4.1 Questionário fechado


      O questionário fechado tem por finalidades traçar o perfil sócio-economico
dos sujeitos participantes da pesquisa e caracterizá-lo de uma forma mais segura,
desvendando assim as atividades rotineiras dos mesmos e o contexto social e
cultural em que estão inseridos Trivinos (1987) ressalta que:


                    É importante salientar para a pesquisa qualitativa em geral que entender a
                    etnografia como o “estudo da cultura” desenvolve para o enfoque etnográfico
                    dois conjuntos de pressupostos sobre o comportamento humano de
                    extraordinária relevância para a investigação em educação. Com efeito,
                    insere-se neste campo a idéia de “contexto”, de uso mais ou menos comum
                    entre os pesquisadores educacionais. (p.122).


      Nesta pesquisa destacamos a formação de cada professor e sua visão
perante a formação continuada, como também analisaremos o contexto do educador
através de questionários específicos para os devidos fins.


3.4.2 Questionário semi-aberto


      A utilidade do questionário justifica-se a fim de garantir melhor entendimento e
também para esclarecer mais precisamente o significado de uma resposta. Segundo
Marconi e Lakatos (1996), o questionário é “constituído por uma série ordenada de
45



perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem, a presença do
entrevistador.” (p.88). O questionário permite indicar e ordenar as respostas mais
adequadas, buscando a coleta dos dados gerais dos sujeitos e sobre questões
acerca do tema indicado.


3.5 Tratamento dos dados coletados


      De acordo com as informações obtidas pelos professores por meio dos
questionários fechados e abertos , procurou-se analisar esses dados.


      Goldemberg (2000) observa que: “é o ponto que exige muita sensibilidade
para que se aproveite o máximo possível dos dados coletados e da teoria estudada.”
(p.49). Precede-se assim a busca da interpretação e análise dos resultados,
recorrendo ao quadro teórico, observando e discutindo as concordâncias, as
desarmonias e ausências entre os efeitos ressaltados pelos entrevistados e as
abordagens teóricas da temática.




                                   CAPÍTULO IV



4. APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS.




      Nos últimos tempos surgiram muitos questionamentos sobre a educação, com
isso foi necessário rever a formação docente. Como diz Cury (2003): “A educação
46



moderna está em crise, porque não é humanizada, separa o pensador do
conhecimento, o professor da matéria, o aluno da escola, enfim, separa o sujeito do
objeto”. (p.139). Observamos que a atual formação preocupa-se somente em gerar
pessoas lógicas, que sabem lidar com números e máquinas, porém não são
capazes de refletir sobre sua própria prática educacional.


      O campo de estudo sobre Educação Infantil vem delineando seus objetivos
educacionais, ressignificando seu compromisso social, passando a assumir-se como
instituição educacional, buscando integrar o cuidar e o educar. Modificações que
estão asseguradas na forma de lei LDB, nº 9394/96, trazendo a necessidade de
rever o perfil profissional da educação infantil e a formação que deve ser oferecida a
ele. É dentro desta perspectiva que buscamos identificar também o processo de
formação continuada, se existe e se têm surtido os efeitos desejados.


       É necessário nesta fase que se encontra a educação, profissionais que saem
da mesmice e possam fazer grande diferença em sala de aula. Há algumas
décadas, acreditava-se que, quando terminada a graduação, o profissional estaria
apto para atuar na sua área o resto da sua vida, hoje a realidade é diferente,
principalmente para o professor. Coll et al (1999) argumenta que a educação é
verdadeiramente um fenômeno complexo e que, compreendendo o seu impacto no
desenvolvimento das pessoas, obriga a considerar a globalidade das práticas
educativas em que essa esteja imersa.


                      Aprendemos intensamente durante um longo e importante período da
                      nossa vida - de fato, dedicamo-nos basicamente a isso -, porém, a
                      necessidade de uma formação permanente formula-se hoje com muita
                      intensidade para áreas muito diferentes. (COLL et al, 1999, p. 144).



      Nesta nossa atualidade é necessário rever e adquirir um novo profissional da
educação. Mas, não se podem mostrar as mudanças da profissão docente sem ver
o que esteve presente ou está há muitos anos ao nosso redor sobre a
profissionalização, pois o trato que é dado na formação docente encontrou e vem
encontrando muitas dificuldades. Avancini (2007) ainda ressalta que o magistério na
educação básica e educação infantil não atraem mais. São baixos os salários,
péssimas condições de estrutura para o ensino e para a aprendizagem.
47




                      Quando o recém-formado chega à sala de aula, ele se depara com uma
                      realidade muito diferente de tudo o que aprendeu na faculdade. Ele tem de
                      se relacionar com os pais dos alunos, há problema da violência na escola,
                      além das questões relacionadas à diversidade socioeconômicas da
                      clientela. Nenhum curso prepara o aluno para enfrentar isso tudo”.
                      (AVANCINI, 2007, p.29 apud RUIZ)



        Alonso acrescenta que:



                      São tão grandes os desafios do mundo de hoje para a educação que se
                      precisa procurar saídas eficientes. Tem-se de agir; não se pode continuar
                      esperando que as soluções venham de cima para baixo, nem ficar alheio a
                      todas essas mudanças sociais e culturais que afetam a vida das pessoas
                      quanto à sua formação e qualificação para o trabalho. (apud RIBAS et.
                      al. 1999, p. 53).



        Nesse contexto, o professor é levado a buscar através de sua formação
continuada subsídios que favoreçam a sua interação com a realidade apresentada
na sociedade em transformação. Assim, percebe-se que sua “formação” é
inacabada, visto que a dinâmica de construção e produção do conhecimento é
infinita.


        Nesta pesquisa foram aplicados questionários semi-abertos a 11 professores
que lecionam na área da Educação Infantil onde foi possível identificar através das
respostas dos mesmos como estes se encontram diante das mudanças ocorridas no
campo educacional e sua formação.




4.1 Perfil dos sujeitos


4.1.1 Idade
48




                       FIGURA 01: FAIXA ETÁRIA DOS SUJEITOS




      O gráfico acima ressalta o perfil etário dos docentes entrevistados. Como
podemos observar no referido gráfico, apenas 0,09% dos professores possuem
idade inferior a 30 anos, sendo que 36,3% possuem idade entre 30 a 35 anos e
54,5% possuem idade de 40 a 46 anos. Conclui-se que estes professores trazem
consigo uma significativa experiência de vida decorrente da idade.


4.1.2 Gênero




                        100%




                      FIGURA 02: GÊNERO




      No que se refere ao gênero, percebemos que há uma predominância do sexo
feminino em relação à docência. A imagem do perfil profissional da educação infantil
49



são mulheres, impregnados com o mito da maternidade, da mulher do lar,
educadora    nata   cujo     papel    associa-se   ao    ambiente     doméstico,      sendo
particularmente importante nos primeiros anos da infância. E estas características
mostram que o profissional nesta área não consegue desvincular das imagens
simplificadas também à formação docente. Khulmann (1990) destaca “Da escolha da
educadora da creche, depende essencialmente o futuro da sociedade. A educadora
das creches representa o papel da mãe de milhares de crianças; tem como a mãe,
de formar milhões de coração. (p.91).


      Aranha (1989) acrescenta:


                     Os textos didáticos e a literatura adotada com freqüência reproduzem a
                     imagem bipolar das tarefas divididas segundo o sexo. A representação da
                     mãe a confina no lar, enquanto que o pai surge como provedor da família.
                     Se por acaso a mulher trabalha, é sempre nas clássicas atividades tidas
                     como femininas. (p.173).



      Observamos a descaracterização da ação docente como profissão através do
ligamento que se faz, referenciado ao cuidado da mãe para com a criança, e a
professora para com os alunos.


4.1.3 Formação Profissional




            54,5%                    45,5%




                           FIGURA 03: FORMAÇÃO PROFISSIONAL
50



      Dos sujeitos pesquisados 45,5% possuem o superior completo alguns são
formados no Normal Superior, um é em História estes pela FTC (Faculdade de
Tecnologia e Ciência) ead à distância e o outro em Letras pela Uneb, os 54,5% são
formadas no ensino médio. Percebemos a carência de profissionalização superior
destes professores nesta área. Há várias abordagens que eleva reflexões sobre a
formação profissional dos mesmos: falta de estímulo para dar continuidade aos
estudos, falta de recursos financeiros, falta de apoio dos órgãos governantes entre
outros aspectos, do descompromisso pessoal ao governamental.


      Implicando na importância da formação do professor, este deve ser formado
para constituir pessoas pensantes e críticas, sendo assim, o mesmo tende ser
reflexivo e crítico para elaborar e reelaborar seus pensamentos sobre sua própria
formação. O que preocupa muito na formação do professor são os baixos salários,
com isso acaba sendo complicado se atualizar e obter uma formação contínua, com
cursos especializados, pois com os salários inadequados o professorado acaba com
uma má formação e com a auto-estima baixa, afetando sua saúde emocional e
física. Perrenoud (2000) relata: “Seria importante que cada vez mais professores se
sentissem responsáveis pela política de formação contínua e intervissem individual
ou coletivamente nos processo de decisão.” (p.169).


      Observa-se também que não são pedagogos, nenhum possui uma formação
específica para a área que atua, os que se formaram em Normal Superior prevê-se
que alguns podem ter conhecido alguns conhecimentos à respeito.


4.1.4 Tempo de Atuação
51



                          0,09
                          %
              27,27
              %

                                 45,45%


            18,18
            %



                             FIGURA 04: TEMPO DE ATUAÇÃO


      Percebe-se também que 45,45% dos professores permanecem já de 10 a 20
anos em sala de Educação Infantil, 18,18% de 5 a 10 anos, 27,27% de 2 a 5 anos, e
0,09 está de 0 a 1 ano.


      Denotamos que a maioria já possui um tempo de experiência de vida na sala
de educação infantil. Marques (2000, p.56) realça:



                      Experiências quebram a rotina daquilo que é auto-vidente, constituindo
                      uma fonte de contingências. Elas atravessam expectativas, correm contra
                      os modos costumeiros de percepção, desencadeiam surpresas, trazem
                      consigo novas à consciência. Experiências são sempre novas experiências
                      e constituem um contrapeso à confiança. (apud HABERMAS 1990)
                      p.85).


      A continuidade da formação na experiência necessita dar-se no mesmo
princípio do embasamento profissional, o reencontro e o aprofundamento de suas
bases teóricas para uma melhor reflexão. Ou seja, a união da experiência com a
novidade.


4.1.5 Renda familiar e Profissão
52




               FIGURA 05: RENDA FAMILIAR E PROFISSÃO


       Todos os sujeitos questionado possuem uma renda de um salário mínimo e
meio e todos também exercem só esta profissão. Atentamos para os aspectos
sociais, que contribuem muito na ação pedagógica do professor. Libâneo (1999)
reflete que:


                       O professorado, diante das novas realidades e da complexidade de
                       saberes envolvidos presentemente na formação profissional, precisaria de
                       formação teórica mais aprofundada, capacidade operativa nas exigências
                       da profissão, propósitos técnicos para lidar com a diversidade cultural e a
                       diferença, além da indispensável correção de salários, das condições de
                       trabalho e exercício profissional. (p.77).



       As práticas profissionais que envolvem emoções como o ato de ensinar
suscita questionamentos e surpresa na pessoa, levando-a, muitas vezes de maneira
involuntária, a questionar suas intenções, seus valores e também realizar as suas
atividades voltadas às suas circunstancias: financeiras, culturais e sociais.


4.1.6 Formação Continuada
53




                            36,36%

         63,64%




                          FIGURA 06: FORMAÇÃO CONTINUADA


      O gráfico acima demonstra que 36,36% não participaram de cursos de
formação para atuar em Educação Infantil e 63,64% já participaram de cursos de
formação continuada com duração de dois anos, um ano e meio entre eles o Profa
(Programa de Professores Alfabetizadores). Percebemos que atualmente os
professores de Caem não estão tomando nenhum curso de formação continuada
para o ensino na educação infantil.


      A formação continuada é um processo que reelabora o conhecimento
adquirido na sua formação inicial. O nome continuado já indica que é um processo
que não se interrompe, sem a descontinuidade tão comum nos programas
governamentais. Marques (2000) ressalta que:” (...) a formação continuada, não
pode entender-se apenas como reparo a uma inadequada preparação anterior”.
(p.207). É indispensável à exigência desta formação para se manter viva e
atualizando as aprendizagens passadas. Marques(2000) ainda acrescenta: “Faz-se
mister, portanto, se dê a formação continuada como obra de um empenho coletivo
dos educadores situados no seio das instituições, organismos e movimentos sociais,
sob a forma de programas ao mesmo tempo participativo, orgânico-sistemáticos e
continuados.” (p.208).
54



        Remete-nos a reflexão de que a formação continuada assume-se em várias
formas como nos cursos de duração maior ou menor, encontros, seminários,
congressos, oficinas, trazendo sempre elementos que enriqueça o debate que dá
vida aos coletivos da sala de aula, da escola, das comunidades e do seu ser.


4.2 Discutindo os resultados dos questionários abertos


        Para podermos dar conta das demandas da sociedade atual, o professor
necessita muito mais do que um curso de formação inicial, precisará de uma
formação continuada que venha contemplar, mudar ou melhorar a formação
internamente como pessoas humanas e na sua prática na sala de aula.


4.2.1Formação continuada e a compreensão dos professores: direito ou
obrigação?


        A busca na construção da qualidade de ensino comprometida com a
formação para a cidadania exige necessariamente um repensar sobre a formação de
professores, tanto no que se refere à formação inicial quanto à formação continuada,
este deve ser um aspecto crítico e importante. Pires (1991) nos chama a atenção
para:
                     (...) a formação continuada de professores é a formação recebida por
                     formandos já profissionalizados e com uma vida ativa, tendo por base a
                     adaptação contínua a mudanças dos conhecimentos, das técnicas e das
                     convicções de trabalho, o melhoramento de suas qualificações profissionais
                     e, por conseguinte, a sua promoção profissional e social. (p.143).


        Percebe-se que a formação continuada é posterior a sua formação inicial,
uma deve completar a outra e poderá ser compreendida como um processo global
assegurando a formação integral da pessoa, do cidadão e do profissional.


        O professor que está engajado no processo de formação poderá ser capaz de
comunicar, criar e transformar os espaços pedagógico que está inserido, dá
continuidade as práticas profissionais.
55



      O educador egresso na Universidade, por exemplo, deve voltar a ela, sempre
e de novo, provocá-la para ir até os seus locais de trabalho para então se
redescobrir e se interrogar. Portanto, há que se compreender a formação continuada
igual ao processo educativo onde cada uma das dimensões, do profissional ao
pessoal, tem a ver com todas as outras integrando-se. Vejamos:


      A compreensão ou conceito dos professores sobre Formação Continuada.


                    70% “Considero um direito do professor e uma obrigação da secretária de
                    educação.”

                    30% “Considero um direito.”

                    10% “É um direito e ao mesmo tempo uma obrigação, o profissional precisa
                    ter a consciência de que há uma necessidade constante de atualizar seus
                    conhecimentos para melhorar a sua prática.”



      Verifica-se que os professores, quase a totalidade se exima de buscar os
procedimentos    necessários     para    enriquecer      sua    prática,    atribuindo     a
responsabilidade aos órgãos municipais. Concebem como um direito deles,
distanciando com a sua própria identidade profissional. Contrariamente a esses
pensamentos Alarcão (1998) afirma:


                     Entendo que a formação continuada de professores deve visar ao
                     desenvolvimento das potencialidades profissionais de cada um, a que não
                     é alheio o desenvolvimento de si próprio como pessoa. Ocorrendo na
                     continuidade da formação inicial, deve desenrolar-se em estreita ligação
                     com o desempenho da prática educativa. (p.106).



      O professor deve também ser um participante que precisa construir e
reconstruir o seu próprio conhecimento. Merecendo destaque somente uma
professora, que possui consonância com o que Kramer (1992) diz: “o professor
precisa avivar em si mesmo o compromisso de uma constante busca do
conhecimento como alimento para o seu crescimento pessoal e profissional.” (p.64).
A formação continuada é importante, no sentido de promover a emancipação política
e intelectual dos professores e que estes estejam em constante processo de
capacitação, participem de cursos atualizados, informem-se cada vez mais, fazendo
sempre uma reflexão sobre sua prática docente.
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Formação de professores de educação infantil

  • 1. 11 INTRODUÇÃO A formação do professor é um fator fundamental nas instituições de ensino, e quando os professores se promovem juntamente com as políticas existentes para os cursos de formação faz-se necessária atenção especial nas questões ligadas às práticas educativas, formação contínua, avaliação formativa, educação para a cidadania, ciclos de aprendizagem. Procedimentos voltados a projetos e muito mais como também na subjetividade e especificidade dos seres humanos. O professor, por exemplo, tem sua personalidade orientada por valores e princípios de sua vida, que podem ser traçados conscientemente e inconscientemente ou explicitamente ou implicitamente, no entanto, o mesmo de alguma forma veicula esses valores em sala de aula manifestando a seus alunos a visão de mundo que o cerca, diante disso percebe-se que o estudo para uma boa formação é importante para o enriquecimento da aprendizagem de ambos. Nesta perspectiva, buscou-se realizar uma pesquisa sobre a formação dos professores de educação infantil do município de Caem. No capítulo I, apresenta-se a temática na qual refere-se à abordagem da formação dos professores na área da educação infantil, como se deu o processo desta formação, as políticas públicas referidas, um breve ressalto sobre a história de formação dos professores no Brasil e a análise que se deve ter sobre a infância. No capítulo II, apresenta-se o estudo aprofundado das palavras-chave: Formação docente, Educação Infantil e Prática Pedagógica. Com a inserção de vários autores que abordam as temáticas referentes. Contribuindo através dos seus conhecimentos para o esclarecimento dos conceitos citados acima. No capítulo III, refere-se à importância da abordagem qualitativa e o surgimento da necessidade da pesquisa. A apresentação e a fundamentação dos instrumentos de coleta de dados. Caracteriza-se o lócus e sujeito da pesquisa, e explicita qual o tratamento dos dados obtidos por meio dos questionários.
  • 2. 12 No capítulo IV, mostra os resultados da pesquisa realizada, a análise e a interpretação através dos questionários propostos, o perfil dos sujeitos, a formação profissional, o tempo de atuação, a renda familiar, a profissão e a formação continuada, sempre intercalando e comparando com os conhecimentos teóricos dos autores que contribuíram para o elucidamento das idéias. No capitulo V, traz algumas considerações finais, buscando responder a questão em estudo, e revelando a vontade de contribuir com as discussões sobre a formação dos professores de educação infantil do município de Caem e o desejo que os mesmos possam possuir a capacidade de aprender a aprender, competência para saber agir na sala de aula, habilidade comunicativa, domínio da linguagem informacional, saber usar os meios de comunicação e articular as aulas com as mídias e multimídias, como também, quando conhecedor de todas as suas potencialidades, ser capaz de intervir seguramente em prol de uma educação de qualidade que venha contribuir efetivamente para uma sociedade mais justa e igualitária.
  • 3. 13 CAPÍTULO I 1. UM OLHAR SOBRE A FORMAÇÃO DOS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO INFANTIL DO MUNICÍPIO DE CAÉM Diante de mudanças tão intensas que a sociedade vem enfrentando, num cenário de contradições políticas, econômicas e sociais, assim como a emergente reestruturação do capitalismo, a crescente urbanização e reprodução da força do trabalho temos a educação como bem de transformação social. Considerando que num país como o nosso, onde todos precisam e esperam muito da educação e dos profissionais dessa área, percebemos que é através dos processos educativos que a sociedade cria, modifica, expande e conhece, é fundamental que a preocupação com valores, atitudes, habilidades e consciência crítica tenham suas bases plantadas na criança e como agente desta transformação, o professor, precisa e merece atenção especial na sua formação, pois ela é o sustentáculo para que o mesmo seja apto à realização de um trabalho de qualidade. Interessa-nos saber que as instituições de educação infantil têm na sua origem, um caráter assistencial em função da classe social a qual se destinavam, isto é, às classes populares. ”Desde o descobrimento até 1874, pouco se fazia no Brasil pela infância desditosa” (KRAMER, 1995 p. 48). Nos remete a um tempo em que trabalhar com crianças era algo a ser feito de qualquer maneira, ou por qualquer profissional, desde que fosse mulher e tivesse um “jeito” para lidar com criança. Historicamente o atendimento às crianças se torna possível a partir do momento que essa passa a ter existência e um papel social significativo, a ponto de provocar a preocupação, o cuidado e a atenção dos adultos com elas. Não obstante as iniciativas particulares de atendimento foram mais numerosas em relação àquelas oferecidas pelo governo, este também começa a se responsabilizar pelo mesmo, em meados da década de 70 com políticas
  • 4. 14 governamentais para o seu aumento em especial das crianças de 4 a 6 anos. “Com isso, a criança passa a ser vista como o “adulto de amanhã” e a educação a ela oferecida assume, então, um caráter compensatório.” A critica a educação compensatória trouxe à tona seu caráter assistencialista, discriminatório” (KHULMANN Jr, 1998, p. 182). A infância então passa de abandonada a centro das atenções no que tange aos interesses governamentais, pois o investimento em seu acolhimento significava benefícios políticos ao Estado. Khulmann (1998) acrescenta também que: “Essa necessidade é resultado de muitas discussões e lutas travadas por pessoas envolvidas com a Educação Infantil bem como os movimentos sociais de mulheres trabalhadoras, mães, feministas, educadora que conquistaram alguns espaços para atendimento às suas crianças.” (p.182). Faz-se necessário, nos lembrarmos que a história da formação de professores, destacando que o Brasil, como outros países são marcadas pelo processo de feminização do magistério. As propostas de formação de professores que tem sido elaborada nos últimos cinco anos¹ visam um perfil profissional oposto aquele sem qualificação para atender as funções indissociáveis de cuidado e educação no atendimento à criança. Tais propostas apontam para “a necessidade de rever a já antiga visão identificada pela falta, pela carência, para uma outra que reconhece a criança como cidadã, sujeito histórico criador da cultura²”.(p. 72). Assim há que se levar em conta o duplo objetivo de educar-cuidar, dois lados inerentes à ação dos seus profissionais. “Não se trata de inverter prioridades, mas sim de conjugá-las forçando um novo conceito de educação infantil como espaço de educação e cuidado ou atenção²”. (p.73). As políticas e tórias educativas no país são elaboradas e implantadas sem um olhar verdadeiramente crítico para aqueles que a traduzem a uma linguagem aplicável. A estes professores resta a missão de decodificar tais ações e trazê-las a ______________ 1 Por uma Política de formação do Profissional da Educação Infantil (1994) / Referenciais para a Formação de Professores (1998). 2 Relatório da Encontro Técnico sobre Política de Formação do Profissional de Educação Infantil escrito por Sônia Kramer cujos resultados foram publicados em “Por uma Política de Formação do Profissional de Educação Infantil” – MEC/COEDI, 1994.
  • 5. 15 sua prática, sem que lhes seja garantida a preparação necessária para tal. A este respeito Marques (2000) contribui dizendo: “Acima da questão da formação dos educadores coloca-se o problema dos métodos mais adequados ao ensino, numa concepção ritualística, cujo receituário exigiria apenas dóceis e hábeis aplicadores em práticas pré-definidas por outrem.” (p.15). Observando a nova LDB (Lei das Diretrizes e Bases da Educação), é evidente a asseguração de alguns avanços propostos por ela no âmbito da formação e valorização do profissional da educação, como o contido no artigo 63, inciso I, II e III que garantem cursos formadores para os profissionais da educação básica, incluindo o curso normal superior, e os programas de formação continuada em diversos níveis. Porém se faz interessante considerar a capacidade de operacionalização das propostas legais. Trazendo uma perspectiva questionadora. Veiga cita alguns pensamentos de Kicheloe (1997, p.205): A nova LDB não consegue sustentar uma proposta de formação, baseada nas características do professor, orientada para a pesquisa, ou seja, “investigadores que pensam problemas que eles têm colocado sobre suas experiências da vida cotidiana, a sociedade maior e o conteúdo da escola”. (apud VEIGA, 1998, p. 95). Vemos que a legalidade em ação, sabedora da realidade em que se configura o quadro profissional, traduz em artigos, incisos, propostas, diretrizes, sua ação e teoricamente pretende resolver a questão dizendo: A implementação das diretrizes relativas à política de recursos humanos engajados na Educação Infantil exigirá acordos, compromissos de co- responsabilidade dos diversos órgãos que atuam na área (...). Faz-se necessário intensificar ações voltada para a estruturação de processos de formação inicial e continuada dos profissionais da Educação Infantil. (...) É fundamental o envolvimento das universidades nesse processo, especialmente por sua atuação na formação de formadores e na pesquisa e no desenvolvimento na área (...) constitui prioridade o investimento, a curto prazo, na criação de cursos emergenciais, sem prejuízo de qualidade, destinados aos profissionais não habilitados que atuam nas creches e pré- escolas. Ações nesse sentido serão apoiadas e incentivadas pelo Ministério (MEC/SEF/DPE/COEDI, 1994, p.25). Percebe-se que essa disposição legal, que vem sendo discutida desde 1993, se contradiz na LDB/96, que define a formação feita em curso médio e superior e
  • 6. 16 impõe um prazo para que ela aconteça. Com relação tanto à escolaridade como ao prazo para a sua conclusão, não se efetivaram na prática. A própria legislação, nos Referenciais Curriculares para a Educação Infantil (1998), indica um perfil profissional associado à polivalência, aquele que dá conta de todas as ações pertinentes ao atendimento. O profissional deverá ser alguém que saiba promover tanto da articulação dos conteúdos para o desenvolvimento de projetos e que também saiba associar as ações de cuidado (satisfação das necessidades básicas) com a criança. Considera-se também que a legislação indica como deverá ser conduzida a formação e incluindo apenas os profissionais que estejam habilitados em cursos de magistério ou cursos superiores. No entanto, quando percebemos o cotidiano das instituições, sabemos que um grande número delas especialmente as que atendem crianças menores, tem nos seus quadros, professores sem formação específica. Os cursos de formação precisam fundamentar as teorias à cerca do conhecimento que são produzidos nos próprios cursos de formação e que não sejam apenas “aplicados” nestes, ou seja, fazendo associações entre a teoria e a prática. Estes conhecimentos no caso da educação infantil precisam trazer a criança, enquanto sujeito histórico e social, para a cena dos processos de formação. Não se pode pensar em Educação Infantil de forma isolada, é preciso refletir sobre questões relacionadas aos conceitos de infância, e o contexto em que está inserida a criança, pois não esqueçamos que estes determinaram os critérios de permanência desta nas instituições, como também direcionaram práticas pedagógicas para atendê-las. De acordo com Del Priori (2000) diferentes concepções de infância marcaram a história brasileira: • No início da colonização a criança era concebida como “papel em branco”. • Os padres jesuítas encontraram nas crianças uma maneira de facilitar a conversão.
  • 7. 17 • No Brasil colônia prevaleceu à valorização das crianças como seres inocentes, puros, angelicais, a imagem da criança-anjo. • No Império, porém, vemos o reizinho criança, o adulto em miniatura, caracterizado tanto na vestimenta, na postura, como no meio que estava inserido e nos eventos que participava. • A recém instaurada república apresenta um crescimento econômico resultado da expansão urbano-industrial e consequentemente inúmeros problemas sociais. A infância é então vista como a semente do futuro e motivo de preocupação. Compreende-se que a preocupação com o conceito de infância foi se dando paulatinamente devido às mudanças da sociedade. Com a imediata necessidade cognitiva nos campos da educação infantil, é plausível uma reflexão sobre a qualidade do atendimento, a formação dos professores, no qual a profissionalização docente tem reivindicado melhores condições de trabalho e salário para então uma educação de qualidade. Muitas discussões envolvem a formação docente já que muitos governantes atribuem aos professores os fracassos ocorridos na educação, obtendo-se várias propostas fundadas em projetos políticos que procuram situar a inadequação da escola frente às atuais necessidades da sociedade. Demo (2002) ressalva que: “Entre outras expectativas, a educação assume a função de um dos fatores positivos em termos de conduzir o crescimento econômico no rumo da melhoria da qualidade de vida e da consolidação da democracia”. (p.24). Alguns saberes são essenciais na profissão docente; atualmente implicam reflexividade, consciência, sensibilidade, entusiasmo, trabalho em grupo, autonomia, competência ou destrezas próprias da profissão entre outras, dentro desta perspectiva o trabalhador possui conhecimentos culturais e sociais próprios e que transparecem na sua ação. Os aspectos humanos sempre estão articulados com os demais e reparamos que os programas de formação para professores não cuidam destes aspectos, voltando às atenções só para o rendimento que o professor deve dar e só para as técnicas de ensino que deve proceder. Sobre isso Nóvoa (1995, p.07) afirma:
  • 8. 18 Hoje sabemos que não é possível separar o eu pessoal do eu profissional, sobretudo numa profissão fortemente impregnada de valores e ideais e muito exigente do ponto de vista do empenhamento e da relação humana. Houve um tempo em que a possibilidade de estudar o ensino, para além da subjetividade do professor, foi considerada um sucesso científico e um passo essencial em direção a uma ciência de educação. Mas as utopias racionalistas não conseguiram por entre parênteses a especificidade irredutível da ação de cada professor, numa óbvia relação com as características pessoais ecoam as suas vivências profissionais como escreve Jennifer Nias: “O professor é a pessoa; e uma parte importante da pessoa é o professor”. (apud FAZENDA, 2002, p.44). A subjetividade e a individualidade de cada ser humano respondem às suas ações, não obstante o professor que trabalha com um conjunto de individualidades precisa cuidar da sua também, resgatar os valores que são importantes para seu ser, buscar caminhos para os desafios interiores. O processo de formação não pode ser compreendido como conseqüência apenas de iniciativas institucionais, os professores precisam assumir as suas escolhas, refletirem sobre elas, sobre o seu desempenho profissional, a nossa complicada natureza humana também precisa ser estudada, está posto o grande desafio dos cursos de formação dos professores. Para tanto, há que se propor a melhoria da formação, não somente nos cursos de graduação, mas em projetos de educação continuada e em serviço, que permitam às pessoas que já atuam ter uma experiência contínua de capacitação. Nesse sentido, é importante que se faça algumas considerações a respeito dos conhecimentos e das práticas de ensino que os professores de educação infantil do município de Caém sabem e produzem na aprendizagem escolar, a sua formação para a área que atua, e particularmente como objeto de estudo, se a formação continuada é efetivada no município, o seu posicionamento a cerca desta formação, quais as dificuldades que mais incomodam e uma análise mais aprofundada da sua formação como um todo, afim de que se possa abrir espaço para debates em torno dos saberes e rever metodologias que tratam da criança. Considerando o exposto acima, pergunta-se: • O que os professores do Município de Caém pensam a respeito da prática na sala de Educação Infantil, a formação continuada e a sua formação docente como um todo?
  • 9. 19 Para tanto, o objetivo desta pesquisa é: • Identificar através da prática pedagógica dos professores juntamente com o seu posicionamento em volta da formação continuada na Educação Infantil na rede municipal de Caém, qual a formação dos mesmos. CAPÍTULO II
  • 10. 20 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Diante do problema que objetiva identificar quais as reais necessidades formativas dos educadores do Município de Caem na Educação Infantil, procuraremos os seguintes aportes teóricos para fundamentar e nortear as discussões. Surgem assim os seguintes conceitos-chaves: Formação docente, Educação Infantil e Prática pedagógica. 2.1 Formação Docente Desde o início histórico dos processos educativos no país o professor teve a sua formação depositada a um plano secundário. Recorda-se que com a chegada dos jesuítas no quadro educacional brasileiro, não se tinha a necessidade de tal preocupação, pois eles já vinham formados como padres para executarem seu principal objetivo, que era a catequese. Infelizmente esse quadro manteve seus reflexos até as eras modernas, mesmo com a criação das escolas normais e institutos para a preparação do magistério, o sistema de formação ficou muito tempo afastado dos fundamentos teóricos e entregue ao aprender fazendo. Este aspecto é bem definido por Marques (2000) “A formação de professores para o ensino secundário não contou até a década de 30 com instituições específicas, ficando entregue “ao acaso da improvisação e da virtuosidade”. (p.17). Voltando a momentos mais recentes, que apresentam traços nítidos na realidade atual, temos a década de 60 marcada pelo pensamento tecnicista gerido pela ditadura militar. Mesmo com a promulgação da primeira LDB em 1961, a década foi um tanto letárgica para o magistério, no sentido da formação docente, pois visava de forma intensa o aligeiramento dos processos formativos. Já no final dos anos 70 e toda década de 80 caracterizou-se por um momento de ruptura com preceitos propostos, por grande produção científica na área pedagógica, bem como pela preocupação com a valorização do profissional da educação. Mas é a luz das fundamentações políticas propostas nos anos 90 que surgem diversas concepções a respeito da formação continuada de professores. Cujo termo formação ou educação continuada traz uma crítica a termos utilizados anteriormente tais como: treinamento,
  • 11. 21 capacitação, reciclagem, que não priorizava a construção da autonomia intelectual dos professores. Sobre a formação de profissionais na área da educação infantil, Kramer (In: MACHADO, 2005) afirma: Diversos são os termos que circulam nas creches, pré-escolas: formação permanente, nome mais antigo, formação continuada (consagrado pela lei) ou formação em serviço, denominação que prefiro apenas por sua clareza: trata-se de profissionais em formação no seu lugar de trabalho. Isso sem falar em termos comumente usados ainda, tais como capacitação, que traz a idéia para aqueles que, do contrário, seriam incapazes, ou reciclagem de todos a meu ver o pior por sugerir que os profissionais, professores e auxiliares, podem se descartar da história passada, da experiência vivida e começar tudo de novo. (p.119). Neste aspecto, é pertinente, conhecermos a abordagem de Veiga (1998) sobre formação continuada, quando diz que: Qualquer formação que ignore a experiência e a realidade profissional do professor apresenta-se desprovida de sentido, quase insultuosa, pelo que, oportunidade de refletir sistematicamente sobre sua própria ação profissional, de se auto conhecer nas suas potencialidades e nos seus limites. (p.116). A formação vai além de conhecimentos acadêmicos adquiridos na Universidade, nesse sentido, tem como ponto de partida uma reflexão a cerca da prática, e das experiências adquiridas ao longo da profissão docente, para haver então construção e reconstrução de sua formação. Faz-se necessário compreender que a formação continuada vem enriquecer as experiências e os saberes que os professores trazem consigo. Conceituando esta formação Marques (2000) aponta: São os professores constantemente chamados a operar com pressupostos teóricos outros, não suficientemente explícitos nos cursos de reciclagem ou nos chamados treinamentos em serviço, que mais servem a simplesmente desaprender o aprendido, o que é necessário desde que, em substituição, se coloquem não remendos ou paliativos, mas sólidas referencias para a continuidade e consistência do aprender fazendo. (p.206).
  • 12. 22 Todas as instituições responsáveis pela educação devem ser envolvidas no processo da formação continuada dos educadores como também levar em conta as referências que cada um traz no lado intelectual, social e cultural Kramer (In: MACHADO, 2005) acrescenta: “Toda proposta pedagógica tem uma história e, nela a formação dos profissionais envolvidos está presente de maneira central, sobretudo quando oferece possibilidades de lembrar a trajetória e de refletir sobre a prática. (p.119). Observa-se que com a chegada da Constituição de 1988, e instituição do piso salarial e planos de carreira para magistério público, iniciam-se as discussões pautadas na necessidade de formação profissional. A gestão educacional do governo Collor, se fez marcadas por conflitos internos que mesmo ante os avanços trazidos pela Constituição não conseguiu efetivar uma política concreta de formação docente. Posteriormente sob gestão de Itamar Franco, a presença do Plano Decenal de Educação para Todos, fomentou discussões em torno da formação profissional e do piso salarial... Em 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA -, insere as crianças no mundo dos direitos, mais especificamente no mundo dos Direitos Humanos, reconhecendo-as como pessoas, cidadãs. Partindo para as políticas públicas voltadas para a Educação Infantil o Ministério da Educação e do Desporto propõe o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Uma nova ação pedagógica em um contexto que contemple todas as dimensões do humano passa a ser o desafio aos educadores. A instituição de educação Infantil é um espaço diferente, assim como o professor deve ter um perfil próprio, composto por um amplo conhecimento cultural e uma formação reflexiva e transformadora. A discussão sobre a eficácia e aplicabilidade das políticas, provoca de forma explícita a necessidade de priorizar uma formação específica para o regimento de tais processos, onde o professor seja envolvido em sua qualidade de indivíduo, formador de outros indivíduos. Um outro exemplo dessa conjuntura são os Parâmetros Curriculares Nacionais, estes foram publicados no ano de 2001 e vieram bem fundamentados
  • 13. 23 com metodologias inspiradas em Freire, Piaget, Freitag e tantos outros teóricos bem conceituados no cenário educacional. Trazem em si um vasto leque de conteúdos, objetivos e habilidades a serem desenvolvidas em sala de aula, porém se revelam pobres no que diz respeito à aplicabilidade, não esperando que os professores recebessem receitas prontas, mas é que não houve a preocupação concreta de um estudo aprofundado destes instrumentos, uma análise da realidade do professor dentro do seu contexto histórico, político e cultural de formação para receber tal política. Nesse aspecto, bem se coloca Marques (2000), ao citar Romano (1987). “Os educadores necessitam ser educados para passarem de funcionários da máquina social a educador coletivo, que pense a educação e “revitaliza seus limites não os aceitando com objetividade”. Tudo isso descurar os métodos e as técnicas da docência.” (p.32). Medidas públicas voltadas para a formação e prática dos professores precisam antever criteriosamente a sua proposta. Os processos de formação aligeirados também são exemplos claros da secundarização relegada aos processos formativos, pois traz para o docente à esperança de uma formação concreta, quando na verdade eles não suprem as reais necessidades, minimizando os conteúdos, carga horária, tempo e aos pouco a sede de conhecimento. Estas propostas surgem por parte do governo como políticas de cunho paliativo, sendo medidas superficiais que não abrangem a legítima importância. Os cursos de formação precisam de uma reflexão sobre sua proposta juntamente com uma boa fundamentação da suas teorias em volta do conhecimento que são produzidos neles. Fávero (2001) destaca: Não é só freqüentando um curso de graduação que o indivíduo se torna profissional. É, sobretudo, comprometendo-se profundamente como construtor de uma práxis que o profissional se forma. A partir de sua prática, cabe a ele construir uma teoria, a qual, coincidindo e identificando- se com elementos decisivos da própria prática, acelera o processo, tornando a prática mais homogênea e coerente em todos os elementos. Assim, a identificação teoria-prática deve apresentar-se como ato crítico, no qual se demonstra que a prática é racional e necessária e a teoria, realista e racional. (p.65)
  • 14. 24 A formação do educador não se reduz ao puro ensino técnico e mecânico de transmitir o conhecimento, esta requer uma postura étnico-democrática, partindo da posição política, pedagógica e social do mesmo em sua competência (FREIRE, 1998). Esta proposta de formação, como nos é dado ver, depende da concepção que se tem da educação e do seu papel na sociedade desejada. Quase todas as propostas atuais contemplam o saber específico, o saber pedagógico e o saber político-social, como partes integrantes da formação de professores. Entretanto, de acordo com Cunha (1995) é importante salientar que os estudos que colocam o professor histórica e socialmente contextualizado, afirmando que seu desempenho e formação têm a ver com suas condições e experiência de vida, pressupõem uma relação forte entre o saber e os pressupostos da elaboração deste saber. Percebe-se que o professor deve estar consciente da sua ação e do seu papel enquanto autor e co-autor formador de opiniões. Ciente disso Fazenda (2002) nos diz: Admitimos que a formação docente não poderá se reduzir ao que ensinar, vale dizer, aos conteúdos de ensino, ou de reduzir a técnica de transmissão de tal conteúdo. Ao agente educativo, seja de educação infantil, do ensino fundamental e médio, solicita-se a consideração ao menos do por que ensinar, isto é, as motivações socioantropológicas da ação docente; do a quem ensinar, isto é, quem é o sujeito de educar; do o que ensinar, ou seja, que coisa relevância para essa cidadania em construção; e de como ensinar. (p. 104). Na abordagem do processo de qualificação, essas sugestões podem ser traduzidas como o objetivo de levar o professor a acreditar nas potencialidades dos alunos. Deixando de idealizar o aluno concreto e passar a vê-lo como ele é. Entretanto, o fato do professor dominar o conteúdo e saber organizar e transmitir este conteúdo não são suficientes para uma ação que se quer efetivamente transformadora. A formação do professor implica um conjunto de saberes que vão sendo incorporado ao longo da própria vida, saberes estes que decorrem a sua imersão
  • 15. 25 num contexto societário, das relações que vão se estabelecendo com pessoas de realidades diferentes. Tardif (2002) vem nos dizer que: A socialização é um processo de formação do indivíduo que se estende por toda a história de vida e comporta rupturas e continuidades (...). Em sociologia, não existe consenso em relação à natureza dos saberes adquirido através da socialização. (...) A idéia de base é que esses saberes (esquemas, regras, hábitos, procedimentos, tipos, categorias, etc. não são inatos, mas produzidos pela socialização, isto é, através do processo de imersão dos indivíduos nos diversos mundos socializados, (...) nos quais eles constroem, em interação com os outros, sua identidade pessoal e social. (p.71). Na profissão, continuam a incorporar novos saberes que se vão agregando ao processo formativo de construção da identidade profissional. Reconhece-se, que um dos desafios a ser cumpridos na formação dos professores tem sido trabalhar a apropriação dos sujeitos – professores e professoras – acerca do processo de construção de uma proposta coletiva de trabalho que articule as vivências, experiências, realidade dos alunos com os conhecimentos culturalmente construídos, uma vez que, quando retornam a prática cotidiana não conseguem romper com concepções já estabelecidas tradicionalmente como, por exemplo, o professor ainda encontra-se “preso” aos conteúdos, estes ainda retirados da tradicional grade curricular ou mesmo o livro didático, que na maioria das vezes, utilizam uma linguagem distante da realidade dos alunos. Para isso se faz necessário formar professores capazes não só de falar, mas principalmente de escutar. Freire (1998) traduz a importância de o docente estar preparando para realmente ser um educador, no sentido mais completo da palavra. E Alves (2000) observa também esta importância, estabelecendo uma notória diferença entre o professor e o educador, quando diz: Educadores, onde estarão? Em que covas terão se escondido? Professores há milhares. Mas o professor é profissão, não é algo que se define por dentro, por amor. Educador, ao contrário, não é profissão; é vocação. E toda vocação nasce de um grande amor, de uma grande esperança. (p.16).
  • 16. 26 Analisando esta reflexão de Rubens Alves percebe-se que pensar a formação docente hoje, é urgente e necessário, visto que o processo de formação do professor é muito mais do que prepará-lo competentemente, é antes de tudo, formar a pessoa do profissional. Conforme Moraes (2000), o professor precisa despertar a consciência de que se pode tornar, cada vez mais, autônomo em relação ao desenvolvimento de sua formação e de sua prática. O processo de formação é construído também, e principalmente, por ele, na medida em que o formar-se não é exterior à pessoa é um processo interno que desenvolve a identidade da pessoa, do profissional. Nóvoa (1992) enfatiza que o espaço de formação tem que passar por dentro de cada um e do coletivo que aconteça no espaço escolar. Também neste sentido, Dominicé (1988) afirma: “A formação assemelha-se a um processo de socialização, no decurso do qual os contextos familiares, escolares e profissionais constituem lugares de regulação de processos específicos que se enredam uns nos outros, dando uma forma original a cada história de vida. “(p.60). Ir além no processo de formação no desenvolvimento profissional por meio da preparação pedagógica não se realiza separado do processo de desenvolvimento pessoal e institucional. No âmbito técnico Marques (2000), adverte para a seguinte conclusão: Não é com receitas acabadas que se enfrentam as questões do dia-a-dia da educação. Mas com propostas alicerçadas na concretude das práticas docentes, numa práxis que seja institucionalmente política-pedagógica, auto-reflexão discursiva de um coletivo de educandos, educadores e se proponha a organizar e conduzir os processos do ensino-aprendizagem no interior dos cursos de formação do educador.(p.215) Dados os problemas que rodeiam a tarefa docente até o perfil profissional do professor, percebe-se uma grande desarticulação das teorias às práticas, do técnico ao humano, das condições favoráveis e desfavoráveis do sistema ao professor, enfim entraves que dificultam a caminhada do docente, mas a profissão do mestre é importante, sensível, delicada, pois em uma sala de aula encontra-se pessoas, não máquinas. Arroyo (2007) traz uma reflexão sobre o árduo e envolvente ofício do mestre.
  • 17. 27 Nesse processo de redefinir o saber escolar, as funções sociais, políticas e culturais da escola em função de projetos da sociedade e de ser humano, de cidade e de cidadania não perdemos a centralidade nem do conhecimento, nem do nosso ofício de ensinar. Nos redescobrimos em horizontes, intencionalidades e significados mais abertos. Reaprendemos que nosso ofício se situa na dinâmica histórica da aprendizagem humana, do ensinar e do aprender a sermos humanos. Por aí reencontramos o sentido educativo do nosso ofício de mestre, docentes. Descobrimos que nossa docência é uma humana docência. (p.53) Desse modo o professor precisa ter clareza desde o início de sua formação, que ele é o seu próprio formador responsável pelo seu desenvolvimento como pessoa e como profissional. Refletirá sobre a consciência de que “a educação é do tamanho da vida”, como pontua Rodrigues (1986), e que a formação é um processo que não termina com o fim de um curso, ele se dá na continuidade da vida e da troca de experiências. 2.2 Educação Infantil A Educação Infantil caracterizou-se historicamente, pelo assistencialismo reduzindo-se a um espaço essencialmente de cuidados com a criança. Com o passar dos tempos, com algumas mudanças ocorridas nas tendências educacionais, passou a ser considerada e entendida como um processo educativo. Hoje, ao pensar-se em Educação Infantil, não é possível desassociar o cuidar e o educar, eixos centrais que caracterizam e constituem o espaço e o ambiente escolar nesta etapa da educação. Ao contrário do que muitos ainda pensam, o cuidar e o educar não remetem respectivamente ao assistencialismo e ao processo de ensino- aprendizagem, pois um complementa o outro e ambos precisam estar integrados para melhor atender ao desenvolvimento da criança na construção de sua totalidade e autonomia. A formação da criança já era encarada como objetivo de transformação para o indivíduo responsável, no Brasil entre a Colônia e o Império. Humanistas europeus como Erasmo e Vicente Vives já tinham dado as pistas desta “educação básica”: desde cedo a criança devia ser valorizada por meio da aquisição dos rudimentos da leitura, e da escrita (PRIORE, 2000).
  • 18. 28 A trajetória institucional e legal no trato da Educação Infantil é longa em termos de discussões e percebemos que a tentativa de transformar a criança em um adulto responsável persiste até os dias atuais. Ghiraldelli (2000) contribui refletindo que: Assim, do ponto de vista da “sociedade do trabalho” e da “sociedade científico-tecnológica”, a criança como indivíduo é considerada talvez agora mais que antes, um “ser ativo”, justificando as pedagogias centradas no interesse, na atividade, no trabalho. A “pedagogia do trabalho”, a “pedagogia ativa”, “a pedagogia centrada o interesse do aluno” etc... Ora mais ora menos vinculadas diretamente à profissionalização, inseridas no campo das diretrizes postas pelo status quo 1vigente. (p.27). Constatamos também que a educação infantil foi aplicada realmente no Brasil a partir dos anos 30, quando surge a necessidade de formar mão-de-obra qualificada para o processo de industrialização do país, na qual as escolas possuíam um caráter compensatório e não um caráter formal, não havia a contratação de professores qualificados, o ensino muitas vezes era feito por voluntários. A educação Infantil só foi amparada pelos governantes quando segmentos da classe média foram procurar atendimento em creches para seus filhos, a partir daí esta instituição recebeu força e pressão para aprofundar a discussão de uma proposta pedagógica. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96 nos artigos 29 a 31, incorpora a Educação Infantil no interior do sistema de ensino, ocupando nível da educação básica, destinada às crianças de 0 a 6 anos, em estabelecimentos como creches, pré-escolas ou similares, conforme artigo 208, inciso IV da Constituição. Adquirindo assim legalmente especificidade ao proporcionar condições para o desenvolvimento físico, psicológico e intelectual nesta faixa etária. A esse respeito Angotti (In: OLIVEIRA, 2001) salienta: 1 1- Emprega-se esta expressão, geralmente, para definir o estado de coisas ou situações. Na generalidade das vezes em que é utilizada, a expressão aparece como “manter o status quo”, “ defender o status quo” ou, ao contrário, “mudar o status quo”. Na realidade, a expressão não define necessariamente um mau estado, e sim o estado atual das coisas. Em uma citação, por exemplo, “ Considerando o status quo..."
  • 19. 29 Pela primeira vez na história, uma constituição do Brasil faz referência a direitos específicos das crianças, que não sejam aqueles circunscritos ao âmbito do direito da família. Também pela primeira vez, um texto constitucional define claramente como direito da criança de 0 a 6 anos de idade e dever do Estado, o atendimento em creche ou pré-escola.(p.52). Muitas políticas educacionais foram criadas em prol da Educação Infantil: o MEC (Ministério de Educação) desenvolveu o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998) como elemento orientador de ações profissionais desta área e o objetivo deste documento é: (...) apontar metas de qualidade que contribuam para que as crianças tenham um desenvolvimento integral de suas identidades, capazes de crescerem como cidadãos cujos direitos à infância são reconhecidos. Visa, também, contribuir para que possa realizar, nas instituições, o objetivo socializador dessa etapa educacional, em ambientes que propiciem o acesso e a ampliação, pelas crianças, dos conhecimentos da realidade social e cultural. (p. 07), Houve também a criação do FUNDEB (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação, elaboração da Emenda Constitucional n.º 53/06, tem por objetivo proporcionar a elevação e uma nova distribuição dos investimentos em educação, substituindo o FUNDEF (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério) que atendia apenas o ensino fundamental. Estes documentos convergem entre si nas discussões em que é notório o evidenciamento da Educação Infantil, sendo o alicerce e a base para o desenvolvimento integral da criança, e que, pautada em princípios de cooperação, responsabilidade, respeito, autoconhecimento e autoconfiança, terá reflexos sobre toda a sua vida escolar e social. É explicitado o direito da criança, desde o seu nascimento, ao cuidado e educação. Ao definir tais finalidades, assume a creche e a pré-escola, uma função de complementação e não como entendida por muitos como de substituição à ação familiar.
  • 20. 30 Os debates sobre a qualidade da educação para crianças de zero a seis anos de idade oferecidas nas instituições de Educação Infantil tem adquirido maior destaque a partir da década de 90, acompanhando as mudanças sociais, políticas e econômicas ocorridas no país. Neste enfoque, afirma Guimarães (In Machado, 2005): Cresce a consciência no mundo inteiro, sobre a importância da educação das crianças de 0 a 6 anos, em estabelecimentos específicos como orientações e práticas pedagógicas apropriadas, como decorrência das transformações socioeconômicas verificadas nas últimas décadas, e também apoiada em fortes argumentos consistentes advindos das ciências que investigam o processo de desenvolvimento da criança. (p.44). A importância para com a educação infantil reacendeu alguns debates, inclusive nas Universidades observamos alguns cursos que atendem para a área da Educação Infantil e que geram algumas discussões e questionamentos sobre o teor dos cursos. Segundo Kishimoto (1999): O normal superior, análogo às licenciaturas curtas, dificulta o acesso a outros patamares de escolaridade superior e, além disso, O tempo de duração do curso, somado à pouca exigência na contratação do corpo docente, geram conseqüências de várias naturezas: preconceitos, baixos salários, baixa identidade do profissional, poucas expectativas de profissionalização, entre outras.(p.72) A determinação legal dá continuidade à tendência verificada em relação aos profissionais que trabalham com crianças. Esse fenômeno é assim sintetizado por Campos (1999): “confirma-se por toda a parte a regra que estabelece que quanto menor a criança a se educar, menor o salário e o prestígio profissional de seu educador e menos exigente o padrão de sua formação prévia.” (p.131) Diante das reflexões esboçadas, fica evidente que a formação dos professores de Educação Infantil nas Universidades não é muito relevante. Talvez uma das formas de reagir a tais imposições seja aprofundar o conhecimento a respeito dessa formação nos Cursos de Pedagogia.
  • 21. 31 Investigar e refletir sobre os objetivos, conteúdos, práticas, enfim sobre as possibilidades da formação em educação infantil nas universidades, é um dos elementos necessários para concretizar uma educação infantil que possibilite às crianças das creches e pré-escolas públicas, viver a infância nas suas múltiplas possibilidades. As contribuições das discussões inspiradas na psicologia sócio-histórica também podem ser percebidas nas mudanças que sofre a visão de professor presente na formação no início da década de 90 que colaborou para que a ruptura com o modelo do professor da escola começasse a se concretizar, embora a orientação para o professor planejar o cotidiano a partir das áreas do conhecimento continuasse vinculando seu papel ao do professor da escola aumentará a responsabilidade nas situações vividas com as crianças, requerendo uma maior reflexão. Porém, as interrogações nesse momento são muitas e, simultaneamente à redefinição da função da educação infantil, vai conduzindo a uma ruptura na formação com a idéia de ensino. A idéia de cuidar e educar de modo indissociável, como citamos anteriormente, partilhando essa educação com a família, passa a ser discutida na formação como um direito das crianças e uma responsabilidade do professor de educação infantil, que tem uma atuação diferenciada do professor do ensino fundamental. As concepções de conhecimento como uma totalidade que engloba aspectos sociais, individuais, cognitivos, afetivos, culturais devem sempre conferir valor e sentido ao espaço institucional dirigido às crianças de 0 a 6 anos, priorizando uma extrema importância a este espaço, e uma peça fundamental no processo de Educação Infantil e que fará a diferença é o professor. Oliveira (2001) reflete sobre a importância do seu papel: O professor deve ter bastante claro que os princípios que regem seu fazer estão diretamente relacionados como os princípios de cidadania que estarão sendo construídos pelas crianças. Desta maneira, é fundamental buscar a coerência entre o ideal de formação que se quer alcançar e os procedimentos assumidos pelo docente enquanto ser individual, social, profissional e político na efetivação de seus objetivos, seus valores e seus
  • 22. 32 ideais, para que possamos almejar uma sociedade mais humana, igualitária e justa, preservando, enriquecendo, valorizando e realçando o que esta sociedade tem de melhor, seu potencial humano. (p.67). Sendo as iniciativas particulares de atendimento mais numerosas em relação àquelas oferecidas pelo governo, este também começou a se responsabilizar por esse atendimento. No qual se observa interesses particulares por parte deste, distorcendo as verdadeiras intenções da criação das políticas públicas para a Educação Infantil. Conforme Carvalho (1999) é importante ressaltar que: ...as categorias e quadros de referência disponíveis [aos sujeitos da pesquisa] para legitimar as atividades de "cuidado" estavam articuladas a uma percepção elitista, um julgamento moral dos alunos e suas famílias, às necessidades de atendimento à pobreza, um quadro de referências marcado pela tradição controladora e moralista de nossas escolas primárias, mesclada com elementos das teorias da privação materna e da educação compensatória. O "cuidado" só parecia ser legítimo, como prática escolar, frente à crianças pobres, vindas de famílias que, por pressuposto, não seriam capazes de atendê-las por si sós, devido a suas carências materiais, morais e/ou culturais. (p.134) É nesse contexto que surge também os debates em torno da polarização entre atividade assistencial e pedagógica, agora na forma de um binômio educar e cuidar da criança pequena. Em documentos como as Diretrizes de política de Educação Infantil, elaborado e difundido pela Coedi (Coordenação de Educação Infantil) do MEC (Brasil, 1993), encontra-se, um documento oficial sobre a educação da criança pequena que faz referência às dimensões de cuidado e educação, quando se define o atendimento oferecido por creches e pré-escolas como uma primeira etapa da educação para a cidadania. Dessa forma, partindo do princípio de que a Educação Infantil é um espaço que propicia o processo de construção da relação ensino-aprendizagem, e de acesso ao conhecimento culturalmente acumulado pela humanidade é preciso pensar em alternativas para a formação dos professores, a organização física dos espaços, as propostas pedagógicas, as análises culturais da realidade dos alunos atentando também para a sua faixa etária.
  • 23. 33 Kramer (1995), ao discutir o conceito de infância, alerta para os riscos de se adotar uma perspectiva que se limite às diferenças etárias, biológicas, em que a criança seria tão-somente caracterizada pela "falta de idade", de tal modo que se poderia ter, em tese, uma criança universal, com características comuns independentemente de qualquer outra variável. E esses papéis e desempenhos (esperados ou reais) dependem estreitamente da classe social em que está inserida a criança. Sua participação no processo produtivo, o tempo de escolarização, o processo de socialização no interior da família e da comunidade, as atividades cotidianas (das brincadeiras às tarefas assumidas) se diferenciam segundo a posição da criança e de sua família na estrutura sócio e econômica. Sendo essa inserção social diversa, é impróprio ou inadequado supor a existência de uma população infantil homogênea, ao invés de se perceber diferentes populações infantis com processos desiguais de socialização (p.15). Sabemos que as escolas de Educação Infantil são frequentemente chamadas de “escolinhas” e até o nome de algumas delas são tão infantilizadas, a partir da ótica do adulto, que só contribuem para confundir ainda mais o imaginário das pessoas em relação o papel da educação durante a infância. E todos esses aspectos refletem uma noção retrógrada do que deve ser a Educação Infantil no século XXI e contribuem para mantê-la como a mais inferior e politicamente desqualificada do sistema educativo. É importante o chamado de Kishimoto (2002) a esse respeito: Princípios como a maternagem, que acompanharam a história da Educação Infantil, desde seus primórdios, segundo o qual bastava ser mulher para assumir a educação da criança pequena e a socialização, apenas no âmbito doméstico, impediram, a profissionalização da área. (p.07). Desse modo, ao longo de sua existência a pré-escola tem apresentado algumas tendências na pretensão de compensar as carências existentes nas crianças e acabam prejudicando a qualidade do trabalho educativo por ser visto apenas como assistência aos pobres e carentes. Por isso, torna-se imprescindível um profissional qualificado e reflexivo, ciente de que agora a Educação Infantil não é uma missão por vocação e sim um trabalho, em que o caráter assistencialista não
  • 24. 34 pode mais sobrepor a dimensão pedagógica que ela comporta e que essa dimensão é constitutiva do trabalho docente. Durante toda a vida, mas na infância de forma muito especial, o ser humano passa por grandes transformações em termos de atividades, gestos e postura. É preciso conhecer e entender cada passo desta transformação para podermos compreender as necessidades da criança, estimulá-la e, acima de tudo, contribuir para que se desenvolva harmonicamente, guardando para a vida adulta uma imagem positiva de si mesmo. Faz-se necessário que na prática pedagógica de educação infantil os educadores reflitam e conheçam a infância, conhecendo-a poderá falar, agir, pensar sobre o público que está trabalhando com finalidades de fazer a criança aprender significativamente a cada dia, introduz-se assim algumas percepções sobre a infância. 2.2.1 Algumas percepções sobre infância... Esse período da vida, no ser humano que vai desde o nascimento em geral denominado, infância, e que, etimologicamente é identificado que infantia é a dificuldade de falar; criança: indivíduo na infância, criação; o que é novo, novidade. A infância é símbolo de simplicidade natural, de espontaneidade. O conceito de infância é dado de forma social, no qual cada período, desde as primeiros tempos até atuais, é examinado e dado características diferenciadas, recorda Ponce (1988), que nas comunidades primitivas elas acompanhavam sua mãe em todas as atividades no período até os sete anos: A convivência diária que mantinha com os adultos a introduzia nas crenças e nas práticas que o seu grupo social tinha por melhores. Presa às costas da sua mãe, metida dentro de um saco, a criança percebia a vida da sociedade que a cercava e compartilhava dela, ajustando-se ao seu ritmo e às suas normas e, como a sua mãe andava sem cessar de um lado para outro, o aleitamento durava vários anos, a criança adquiria a sua primeira educação sem que ninguém a dirigisse expressamente.(p.18). A idéia de infância, não existiu sempre, e nem da mesma maneira, segundo Kramer (1995), ela aparece com a sociedade capitalista, urbana industrial, na
  • 25. 35 medida em que buscam a inserção e o papel social da criança na comunidade. Se na sociedade feudal, a criança exercia um papel produtivo direto (de adulto) assim que ultrapassava o período da alta mortalidade, na sociedade burguesa ela passa a ser alguém que precisa ser cuidada, escolarizada e preparada para uma atuação futura. No final do século XVII e inicio do XIX, a percepção que até então se tinha de criança foi gradualmente se modificando e a concepção de infância como etapa distinta da vida se consolidou na sociedade. Essa percepção, de acordo com Ariés (1981) é coincidente com a constituição da família, do estado, da nova organização do trabalho produtivo. Compreende-se então que esta idéia de infância é, pois, determinado historicamente pela modificação das formas de organização da sociedade. Assim Kramer (1995) revela que: Deve-se partir do principio de que as crianças (nativas ou imigradas, ricas ou pobres, brancas ou negras) tinham (e tem) modos de vida e de inserção social completamente diferentes graus de valorização da infância pelo adulto, a partir de suas condições econômicas, sociais e culturais, e do papel efetivo que exerciam (e exercem) na sua comunidade.(p.20). Desta forma o conceito de infância é uma invenção própria da sociedade industrial, ligado às leis trabalhistas e ao sistema educacional. Ainda Kramer (1996): (...)a criança é concebida na sua condição de sujeito histórico que verte e subverte a ordem e a vida social. (...), efetuando uma ruptura conceitual e paradigmática, toma a infância na sua dimensão não-infantilizada, desnaturalizando-a e destacando a centralidade da linguagem no interior de uma concepção que encara as crianças como produzidas na e produtoras de cultura (p.14). Não há como falar da infância fora do movimento da história, da cultura e das relações sócias entre as crianças e adultos que definem e redefinem seus significados. Como sabemos hoje, a criança tem ocupado diferentes posições frente às expectativas dos pais e frente à sociedade. Esta idéia está imbuída de significações ideológicos, não só da relação da criança para o adulto, mas também
  • 26. 36 das relações da criança com a sociedade. Ficando evidente na fala de Postman (1999): Ninguém contestou que as crianças são diferentes dos adultos. Ninguém contestou que as crianças devem alcançar a idade adulta. Ninguém contestou que responsabilidades pelo crescimento das crianças cabe aos adultos. (...), pois devem lembrar que o moderno paradigma da infância é também o moderno paradigma da vida adulta. Ao dizermos o que queremos o que uma criança venha ser dizemos o que somos. (p.78) Sendo os adultos responsáveis pela formação das crianças nota-se que eles imaginam e introduzem os seus desejos de realizações nas crianças, sucumbe-se a sua identidade, a personalidade e a essência para injetar os seus anseios de ordem emocional, profissional e cultural. O trato nas crianças como seres sociais implicarão um melhor reconhecimento nas suas diferenças, suas características, favorecendo um tratamento mais adequado, nas políticas públicas recentes já é abordado essas referencias como no Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil, vem dizendo que: “A criança como todo ser humano é um sujeito social e histórico e faz parte de uma organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma determinada cultura, em um determinado momento histórico”. (BRASIL 1998, p. 21) A criança como sujeito social histórico, estabelece no seu presente, a identidade portadora e produtora de cultura. Nesse sentido a criança passa a ser considerada como um ser que tem direito, e faz desse período de sua vida um momento em que ela é a protagonista do seu desenvolvimento como sujeito de sua história. “É na interação social que a criança entra em contato e se utiliza de instrumento mediador, desde a mais terna idade”. (Oliveira, 2001). No processo de educação infantil o papel do professor é de suma importância, pois é ele que cria os espaços, disponibiliza materiais, participa das brincadeiras, ou seja, faz a mediação da construção do conhecimento. Negrine (1994), em estudos realizados sobre a aprendizagem e desenvolvimento infantil, afirma que: “quando a criança chega à escola, traz consigo toda uma pré- história, construída a partir de suas vivências grande parte delas através da atividade lúdica”
  • 27. 37 (p.20). E ele terá que intercalar essas vivências com as propostas pedagógicas vigentes. Verifica-se que há momentos variados da atividade da criança na escola em que o gozo e o prazer são elementos da atividade lúdica. Contrariamente as atitudes dessas educadoras, observamos não só nas salas de aula (aspectos formal), como também nas situações informais, normativas. A análise que nos parece mais próxima do real é que a criança numa dimensão abstrata é essencialmente boa, pura, espontânea, criativa. Mas por outro lado quando se refere à criança que está a sua frente, ao seu aluno, é ressaltada a sua precária condição de vida, que não querem nada. Mesmos confirmando que há uma essência ou natureza infantil em todas as crianças. Assim Kramer (1995) afirma: A visão da criança baseada em uma concepção de natureza infantil, e não na analíse da condição infantil, mascara a significação social da infância (...) Encarar a infância dentro da sociedade de classes significa que não existe “a” criança, mas sim indivíduos de pouca idade que são afetados diferentemente pela sua situação de classe social. (p.20,24) Ao contrário do que pode acreditar o censo comum, a idéia de infância como um período peculiar de nossas vidas, não é um sentido natural ou inerente a condição humana. Segundo Áries (1981), essa concepção, esse olhar diferenciado sobre criança teria começado a se formar com o fim da Idade Média, sendo inexistente na sociedade desse período. Hoje, com a chamada “Globalização”, encontramos uma definição política de infância que deixa de existir para os países pobres, porque existe apenas o portador de bens. Assim a sociedade acaba projetando na infância seus anseios, e mantendo-se ambivalente em seus projetos educativos calcados, em alguns momentos, na preservação de uma infância idealizada, em outros, no enquadramento em um mundo adulto. Rousseau (1995) enfatiza que: Ao nascer, uma criança grita; sua primeira infância passa-se chorando. Ora sacodem e a mimam para acalmá-la, ora a ameaçam e lhe batem para que fique quieta. Ou lhe fazemos o que lhe agrada, ou exigimos dela o que nos agrada, ou nos submetemos às suas fantasias, ou a submetemos às
  • 28. 38 nossas: não há meio-termo, ela deve dar ordens ou recebê-las. Assim suas primeiras idéias são de domínio e servidão. Antes de saber falar ela dá ordens, antes de poder agir ela obedece e, às vezes, castigam-na antes que depois imputamos à natureza, e após nos termos esforçado para torná-la má, queixamo-nos de vê-la assim. ( p.24) Pensar a criança e as infâncias implica analisar uma multiplicidade de diferenças como as de classe social, etnia e gênero. Para conhecê-la melhor, é necessário levar em conta suas condições reais de vida, sua origem social e sua cultura. São seres dotados de direitos nos quais os adultos devem concebê-los sem a indução de suas perspectivas, orientando-os sempre e cabe também aos educadores e a escola tomarem consciência de questão tão importante como o estudo aprofundado da infância e redirecionarem suas práticas com o reconhecimento da criança como sujeito atuante das práticas sociais. 2.3 A prática pedagógica na Educação Infantil Nos grupos de pessoas da atualidade, percebemos o engajamento pelos conhecimentos e habilidades elaborados através dos processos formais de escolarização. A escola, enquanto instituição moderna é co-responsável pela formação dos sujeitos, atuando juntamente com outras instituições universais como a família e a igreja, por exemplo. Conforme o pensamento de Tardif (2002): Durante o exercício da docência os professores adquirem e mobilizam diversos tipos de saberes docentes tais como: saberes de formação profissional, saberes curriculares, saberes disciplinares e saberes experienciais. Para ele, os saberes de formação profissional são aqueles transmitidos pelas instituições de formação profissional e passam a ser incorporados à prática docente (p.36). Veiga (1994) define a prática pedagógica como: Entendendo a prática pedagógica como uma prática social orientada por objetivos, finalidades e conhecimentos, e inserida no contexto da prática social. A prática pedagógica é uma dimensão da prática social que pressupõe a relação teoria-prática, e é essencialmente nosso dever, como educadores, a busca de condições necessárias à sua realização. (p.16).
  • 29. 39 Compreende-se que esse conceito apresenta aspectos comuns na discussão sobre o que dá a natureza “pedagógica”, igualmente detectada por Libâneo (2005), quando “Em várias esferas da sociedade surge a necessidade de disseminação e internalização de saberes e modo de ação (conhecimento, conceitos, habilidades, hábitos, procedimentos, crenças atitudes), levando as práticas pedagógicas”, caracterizando uma Pedagogia como “teoria e prática de educação”. (p.26). Portanto, coincidem-se, na composição da idéia, os conceitos de educação, pedagogia e prática sendo que Tardif (2002) acrescenta a reflexão sobre os saberes da prática: Estes saberes não se encontram sistematizados em doutrinas ou teorias. São saberes práticos (e não da prática: eles não se superpõem à prática para melhor conhecê-la, mas se integram a ela e dela são partes constituintes enquanto prática docente) e formam um conjunto de representações a partir das quais os professores interpretam, compreendem e orientam sua profissão e sua prática cotidiana em todas as suas dimensões. Eles constituem, por assim dizer, a cultura docente em ação. ( p.49). Aparentemente compreende-se que a prática pedagógica, se constitui por ações, conhecimentos e valores internos de um processo intencional e sistematizado, com finalidades educativas e formativas, na medida em que os professores constroem os saberes da experiência, de tal forma que são reproduzidos por eles como um hábito, ou estilo pessoal de ensino. A prática pedagógica constitui-se num momento pelo qual os professores tem a oportunidade de se aperfeiçoar a cada dia, por meio da seleção dos fatores que contribuem para a solução dos problemas advindos da realidade escolar. E ainda se tratando de considerar os saberes oriundos da experiência, e privilegiando uma postura reflexiva Nóvoa (1992), destaca que: A formação de professores não se constrói por acumulação (de cursos, de conhecimentos ou de técnicas) mas, sim através de um trabalho de reflexividade crítica sobre as práticas de re(construção) de uma identidade pessoal e dar um estatuto ao saber da experiência (p.25).
  • 30. 40 Freire (1998, p. 43) nos diz que ensinar exige uma reflexão crítica sobre a prática, pois uma prática que intenciona ser crítica envolve um “movimento dinâmico, dialético, entre o fazer e o pensar sobre o fazer”. Assim, o momento fundamental da prática do professor de educação infantil deve ser o de pensar e repensar o seu fazer pedagógico através de um contínuo exercício de análise acerca de seus objetivos e intencionalidades educacionais, procurando evidenciar suas limitações e possibilidades. O mesmo autor nos diz ainda que: “uma das tarefas mais importantes da prática educativo-crítica é propiciar as condições em que os educandos em suas relações uns com os outros e todos com o professor ou a professora ensaiam a experiência profunda de assumir-se”. (p. 46). Entendemos que por meio dessa postura os professores se tornariam capazes de geriram seu próprio desenvolvimento profissional. No que tange a Educação Infantil, para que a função pedagógica seja capaz de favorecer o desenvolvimento infantil e a aquisição de conhecimento, é necessário considerar alguns elementos que de acordo com Kramer (2001): A fim de que essa função se efetive na prática, o trabalho pedagógico precisa se orientar por uma visão das crianças como seres sociais, indivíduos que vivem em sociedade, cidadãs e cidadãos. Isso exige que levemos em consideração suas diferentes características, não só em termos de histórias de vida ou região geográfica, mas também de classe social, etnia e sexo. (p.19). Desta forma, compreendemos que o professor deve estar consciente de que o reconhecimento das crianças como seres sociais, implica em não ignorar as diferenças, reconhecendo suas especificidades. É justamente essa heterogeneidade, que se apresenta como um desafio para o professor, que através de sua práxis, buscará métodos e estratégias para a melhoria na sua qualidade de ensino. Kramer (2001) avisa: “nenhuma prática é neutra: ao contrário, ela está sempre referenciada em alguns princípios e se volta a certos objetivos, mesmo que não formulados explicitamente” (p.23).
  • 31. 41 É percebível que toda prática, está em volto a postura política, econômica e social do sujeito. O professor, nesse sentido, necessita compreender que sua prática está imersa num contexto social mais amplo e despertará para que alguns fatores devam ser levados em conta, tais como conhecer seus interesses e necessidades. Isto significa saber que são seus alunos. Visando as possibilidades de desenvolver uma prática pedagógica dentro do contexto educacional e das circunstancias diversas que existem na escola. CAPÍTULO III 3. METODOLOGIA: TRILHANDO OS CAMINHOS
  • 32. 42 O presente trabalho traz inquietações em torno da formação dos professores de educação infantil do município de Caém, o que eles sabem a respeito da educação infantil, até aonde vai a sua formação para esta área e as suas falas em espaço de observações, que se fazem dando frente à atuação na Educação Infantil. Surgindo assim, a necessidade de uma pesquisa que objetiva a investigação e a análise da prática pedagógica refletida pelos professores, o posicionamento sobre a formação continuada e a formação docente dos professores de educação infantil. 3.1 Paradigma da pesquisa A pesquisa científica em ciências sociais é imprescindível no processo de investigação do cotidiano para o entendimento das relações da sociedade Minayo (1994) nota que: Entendemos por pesquisa a atividade básica da ciência na sua indagação e construção da atividade de ensino e a atualiza frente à realidade do mundo. Portanto, embora seja uma prática teórica, a pesquisa vincula pensamento e ação. Ou seja, nada pode ser intelectualmente um problema, se não tiver sido, em primeiro lugar um problema na vida prática. As questões de investigação estão, portanto relacionadas a interesses e circunstancias socialmente condicionada. (p.18). Dessa forma, pesquisamos na tentativa de definir uma inquietação, inquietação esta, que está socialmente e culturalmente inserido no nosso cotidiano, buscando um aporte metodológico compreendemos por metodologia o processo pelo qual, podemos alcançar um objetivo, como afirma Minayo (2004): “A metodologia inclui as concepções teóricas de abordagem, o conjunto de técnicas que possibilita a construção da realidade e o sopro divino do potencial criativo do investigador. Podendo assim alcançar proprietariamente um fim determinado” (p.67). A pesquisa realizada possui uma natureza qualitativa, interpretativa e não- experimental, Castro (2006) aborda:” Na pesquisa qualitativa, por sua natureza, o processo é bem mais indutivo. Há uma exploração do tema de forma muito mais livre e aberta.” (p.107). Deslandes (1994) acrescenta: A pesquisa qualitativa responde as questões particulares, ela se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser o universo de significados, motivos às aspirações, crenças, valores e atitudes
  • 33. 43 que correspondem a um espaço mais profundo das relações dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis. (p.21). É uma investigação que procura pôr em detalhes a realidade dos sujeitos, dentro do contexto que estão inseridos. O ato de observar, analisar e constatar a fidelidade do que foi investigado e coletado junto aos sujeitos questionados responde aos primórdios da informação. Todos os dados da pesquisa são de extrema relevância, na qual o pesquisador deve ter uma atenção especial ao maior número de elementos presentes na situação de estudo. Assim veremos se os professores se atualizam constantemente, ou somente se formam, enfim quais as suas necessidades formativas e o que compreendem da área que trabalham. Temos também em nossa pesquisa algumas citações autorais, para assim compararmos o que os pensadores da educação dizem a respeito da formação docente e a educação infantil. Esse trabalho se realiza com uma ampla pesquisa, através de leituras especializadas centrada nas questões da profissionalização docente. 3.2 Lócus O lócus escolhida foi o Município de Caem, situado ao norte da Bahia, distante cerca de 350 Km de Salvador e com uma população de 10.377 habitantes, o lugar foi escolhido por ser o ambiente de trabalho que eu leciono e observando as discussões em jornadas pedagógica dos professores de educação infantil, inquietei- me para saber quais as reais necessidades formativas destes professores, o que sabiam a respeito do trabalho pedagógico e da área que atuam. 3.3 Sujeitos da pesquisa Foram escolhidos como sujeitos da nossa pesquisa onze (11) professores da rede municipal de ensino, que trabalham na sede do município, e que estão atuando
  • 34. 44 na Educação Infantil. A escolha dos professores teve como critério serem professores da rede pública e lecionarem na Educação Infantil. 3.4 Instrumentos de coleta de dados Foram utilizados para a realização da pesquisa instrumentos de abordagem qualitativa destinados a obter informações sobre a formação dos professores de educação infantil do município de Caem, o questionário fechado (perfil sócio- economico) buscou-se traçar o perfil dos sujeitos entrevistados, o que contribuiu para uma melhor análise dos dados obtidos e posteriormente, um questionário semi- aberto com perguntas a respeito dos indicativos gerais que envolvem a formação dos professores de educação infantil. 3.4.1 Questionário fechado O questionário fechado tem por finalidades traçar o perfil sócio-economico dos sujeitos participantes da pesquisa e caracterizá-lo de uma forma mais segura, desvendando assim as atividades rotineiras dos mesmos e o contexto social e cultural em que estão inseridos Trivinos (1987) ressalta que: É importante salientar para a pesquisa qualitativa em geral que entender a etnografia como o “estudo da cultura” desenvolve para o enfoque etnográfico dois conjuntos de pressupostos sobre o comportamento humano de extraordinária relevância para a investigação em educação. Com efeito, insere-se neste campo a idéia de “contexto”, de uso mais ou menos comum entre os pesquisadores educacionais. (p.122). Nesta pesquisa destacamos a formação de cada professor e sua visão perante a formação continuada, como também analisaremos o contexto do educador através de questionários específicos para os devidos fins. 3.4.2 Questionário semi-aberto A utilidade do questionário justifica-se a fim de garantir melhor entendimento e também para esclarecer mais precisamente o significado de uma resposta. Segundo Marconi e Lakatos (1996), o questionário é “constituído por uma série ordenada de
  • 35. 45 perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem, a presença do entrevistador.” (p.88). O questionário permite indicar e ordenar as respostas mais adequadas, buscando a coleta dos dados gerais dos sujeitos e sobre questões acerca do tema indicado. 3.5 Tratamento dos dados coletados De acordo com as informações obtidas pelos professores por meio dos questionários fechados e abertos , procurou-se analisar esses dados. Goldemberg (2000) observa que: “é o ponto que exige muita sensibilidade para que se aproveite o máximo possível dos dados coletados e da teoria estudada.” (p.49). Precede-se assim a busca da interpretação e análise dos resultados, recorrendo ao quadro teórico, observando e discutindo as concordâncias, as desarmonias e ausências entre os efeitos ressaltados pelos entrevistados e as abordagens teóricas da temática. CAPÍTULO IV 4. APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS. Nos últimos tempos surgiram muitos questionamentos sobre a educação, com isso foi necessário rever a formação docente. Como diz Cury (2003): “A educação
  • 36. 46 moderna está em crise, porque não é humanizada, separa o pensador do conhecimento, o professor da matéria, o aluno da escola, enfim, separa o sujeito do objeto”. (p.139). Observamos que a atual formação preocupa-se somente em gerar pessoas lógicas, que sabem lidar com números e máquinas, porém não são capazes de refletir sobre sua própria prática educacional. O campo de estudo sobre Educação Infantil vem delineando seus objetivos educacionais, ressignificando seu compromisso social, passando a assumir-se como instituição educacional, buscando integrar o cuidar e o educar. Modificações que estão asseguradas na forma de lei LDB, nº 9394/96, trazendo a necessidade de rever o perfil profissional da educação infantil e a formação que deve ser oferecida a ele. É dentro desta perspectiva que buscamos identificar também o processo de formação continuada, se existe e se têm surtido os efeitos desejados. É necessário nesta fase que se encontra a educação, profissionais que saem da mesmice e possam fazer grande diferença em sala de aula. Há algumas décadas, acreditava-se que, quando terminada a graduação, o profissional estaria apto para atuar na sua área o resto da sua vida, hoje a realidade é diferente, principalmente para o professor. Coll et al (1999) argumenta que a educação é verdadeiramente um fenômeno complexo e que, compreendendo o seu impacto no desenvolvimento das pessoas, obriga a considerar a globalidade das práticas educativas em que essa esteja imersa. Aprendemos intensamente durante um longo e importante período da nossa vida - de fato, dedicamo-nos basicamente a isso -, porém, a necessidade de uma formação permanente formula-se hoje com muita intensidade para áreas muito diferentes. (COLL et al, 1999, p. 144). Nesta nossa atualidade é necessário rever e adquirir um novo profissional da educação. Mas, não se podem mostrar as mudanças da profissão docente sem ver o que esteve presente ou está há muitos anos ao nosso redor sobre a profissionalização, pois o trato que é dado na formação docente encontrou e vem encontrando muitas dificuldades. Avancini (2007) ainda ressalta que o magistério na educação básica e educação infantil não atraem mais. São baixos os salários, péssimas condições de estrutura para o ensino e para a aprendizagem.
  • 37. 47 Quando o recém-formado chega à sala de aula, ele se depara com uma realidade muito diferente de tudo o que aprendeu na faculdade. Ele tem de se relacionar com os pais dos alunos, há problema da violência na escola, além das questões relacionadas à diversidade socioeconômicas da clientela. Nenhum curso prepara o aluno para enfrentar isso tudo”. (AVANCINI, 2007, p.29 apud RUIZ) Alonso acrescenta que: São tão grandes os desafios do mundo de hoje para a educação que se precisa procurar saídas eficientes. Tem-se de agir; não se pode continuar esperando que as soluções venham de cima para baixo, nem ficar alheio a todas essas mudanças sociais e culturais que afetam a vida das pessoas quanto à sua formação e qualificação para o trabalho. (apud RIBAS et. al. 1999, p. 53). Nesse contexto, o professor é levado a buscar através de sua formação continuada subsídios que favoreçam a sua interação com a realidade apresentada na sociedade em transformação. Assim, percebe-se que sua “formação” é inacabada, visto que a dinâmica de construção e produção do conhecimento é infinita. Nesta pesquisa foram aplicados questionários semi-abertos a 11 professores que lecionam na área da Educação Infantil onde foi possível identificar através das respostas dos mesmos como estes se encontram diante das mudanças ocorridas no campo educacional e sua formação. 4.1 Perfil dos sujeitos 4.1.1 Idade
  • 38. 48 FIGURA 01: FAIXA ETÁRIA DOS SUJEITOS O gráfico acima ressalta o perfil etário dos docentes entrevistados. Como podemos observar no referido gráfico, apenas 0,09% dos professores possuem idade inferior a 30 anos, sendo que 36,3% possuem idade entre 30 a 35 anos e 54,5% possuem idade de 40 a 46 anos. Conclui-se que estes professores trazem consigo uma significativa experiência de vida decorrente da idade. 4.1.2 Gênero 100% FIGURA 02: GÊNERO No que se refere ao gênero, percebemos que há uma predominância do sexo feminino em relação à docência. A imagem do perfil profissional da educação infantil
  • 39. 49 são mulheres, impregnados com o mito da maternidade, da mulher do lar, educadora nata cujo papel associa-se ao ambiente doméstico, sendo particularmente importante nos primeiros anos da infância. E estas características mostram que o profissional nesta área não consegue desvincular das imagens simplificadas também à formação docente. Khulmann (1990) destaca “Da escolha da educadora da creche, depende essencialmente o futuro da sociedade. A educadora das creches representa o papel da mãe de milhares de crianças; tem como a mãe, de formar milhões de coração. (p.91). Aranha (1989) acrescenta: Os textos didáticos e a literatura adotada com freqüência reproduzem a imagem bipolar das tarefas divididas segundo o sexo. A representação da mãe a confina no lar, enquanto que o pai surge como provedor da família. Se por acaso a mulher trabalha, é sempre nas clássicas atividades tidas como femininas. (p.173). Observamos a descaracterização da ação docente como profissão através do ligamento que se faz, referenciado ao cuidado da mãe para com a criança, e a professora para com os alunos. 4.1.3 Formação Profissional 54,5% 45,5% FIGURA 03: FORMAÇÃO PROFISSIONAL
  • 40. 50 Dos sujeitos pesquisados 45,5% possuem o superior completo alguns são formados no Normal Superior, um é em História estes pela FTC (Faculdade de Tecnologia e Ciência) ead à distância e o outro em Letras pela Uneb, os 54,5% são formadas no ensino médio. Percebemos a carência de profissionalização superior destes professores nesta área. Há várias abordagens que eleva reflexões sobre a formação profissional dos mesmos: falta de estímulo para dar continuidade aos estudos, falta de recursos financeiros, falta de apoio dos órgãos governantes entre outros aspectos, do descompromisso pessoal ao governamental. Implicando na importância da formação do professor, este deve ser formado para constituir pessoas pensantes e críticas, sendo assim, o mesmo tende ser reflexivo e crítico para elaborar e reelaborar seus pensamentos sobre sua própria formação. O que preocupa muito na formação do professor são os baixos salários, com isso acaba sendo complicado se atualizar e obter uma formação contínua, com cursos especializados, pois com os salários inadequados o professorado acaba com uma má formação e com a auto-estima baixa, afetando sua saúde emocional e física. Perrenoud (2000) relata: “Seria importante que cada vez mais professores se sentissem responsáveis pela política de formação contínua e intervissem individual ou coletivamente nos processo de decisão.” (p.169). Observa-se também que não são pedagogos, nenhum possui uma formação específica para a área que atua, os que se formaram em Normal Superior prevê-se que alguns podem ter conhecido alguns conhecimentos à respeito. 4.1.4 Tempo de Atuação
  • 41. 51 0,09 % 27,27 % 45,45% 18,18 % FIGURA 04: TEMPO DE ATUAÇÃO Percebe-se também que 45,45% dos professores permanecem já de 10 a 20 anos em sala de Educação Infantil, 18,18% de 5 a 10 anos, 27,27% de 2 a 5 anos, e 0,09 está de 0 a 1 ano. Denotamos que a maioria já possui um tempo de experiência de vida na sala de educação infantil. Marques (2000, p.56) realça: Experiências quebram a rotina daquilo que é auto-vidente, constituindo uma fonte de contingências. Elas atravessam expectativas, correm contra os modos costumeiros de percepção, desencadeiam surpresas, trazem consigo novas à consciência. Experiências são sempre novas experiências e constituem um contrapeso à confiança. (apud HABERMAS 1990) p.85). A continuidade da formação na experiência necessita dar-se no mesmo princípio do embasamento profissional, o reencontro e o aprofundamento de suas bases teóricas para uma melhor reflexão. Ou seja, a união da experiência com a novidade. 4.1.5 Renda familiar e Profissão
  • 42. 52 FIGURA 05: RENDA FAMILIAR E PROFISSÃO Todos os sujeitos questionado possuem uma renda de um salário mínimo e meio e todos também exercem só esta profissão. Atentamos para os aspectos sociais, que contribuem muito na ação pedagógica do professor. Libâneo (1999) reflete que: O professorado, diante das novas realidades e da complexidade de saberes envolvidos presentemente na formação profissional, precisaria de formação teórica mais aprofundada, capacidade operativa nas exigências da profissão, propósitos técnicos para lidar com a diversidade cultural e a diferença, além da indispensável correção de salários, das condições de trabalho e exercício profissional. (p.77). As práticas profissionais que envolvem emoções como o ato de ensinar suscita questionamentos e surpresa na pessoa, levando-a, muitas vezes de maneira involuntária, a questionar suas intenções, seus valores e também realizar as suas atividades voltadas às suas circunstancias: financeiras, culturais e sociais. 4.1.6 Formação Continuada
  • 43. 53 36,36% 63,64% FIGURA 06: FORMAÇÃO CONTINUADA O gráfico acima demonstra que 36,36% não participaram de cursos de formação para atuar em Educação Infantil e 63,64% já participaram de cursos de formação continuada com duração de dois anos, um ano e meio entre eles o Profa (Programa de Professores Alfabetizadores). Percebemos que atualmente os professores de Caem não estão tomando nenhum curso de formação continuada para o ensino na educação infantil. A formação continuada é um processo que reelabora o conhecimento adquirido na sua formação inicial. O nome continuado já indica que é um processo que não se interrompe, sem a descontinuidade tão comum nos programas governamentais. Marques (2000) ressalta que:” (...) a formação continuada, não pode entender-se apenas como reparo a uma inadequada preparação anterior”. (p.207). É indispensável à exigência desta formação para se manter viva e atualizando as aprendizagens passadas. Marques(2000) ainda acrescenta: “Faz-se mister, portanto, se dê a formação continuada como obra de um empenho coletivo dos educadores situados no seio das instituições, organismos e movimentos sociais, sob a forma de programas ao mesmo tempo participativo, orgânico-sistemáticos e continuados.” (p.208).
  • 44. 54 Remete-nos a reflexão de que a formação continuada assume-se em várias formas como nos cursos de duração maior ou menor, encontros, seminários, congressos, oficinas, trazendo sempre elementos que enriqueça o debate que dá vida aos coletivos da sala de aula, da escola, das comunidades e do seu ser. 4.2 Discutindo os resultados dos questionários abertos Para podermos dar conta das demandas da sociedade atual, o professor necessita muito mais do que um curso de formação inicial, precisará de uma formação continuada que venha contemplar, mudar ou melhorar a formação internamente como pessoas humanas e na sua prática na sala de aula. 4.2.1Formação continuada e a compreensão dos professores: direito ou obrigação? A busca na construção da qualidade de ensino comprometida com a formação para a cidadania exige necessariamente um repensar sobre a formação de professores, tanto no que se refere à formação inicial quanto à formação continuada, este deve ser um aspecto crítico e importante. Pires (1991) nos chama a atenção para: (...) a formação continuada de professores é a formação recebida por formandos já profissionalizados e com uma vida ativa, tendo por base a adaptação contínua a mudanças dos conhecimentos, das técnicas e das convicções de trabalho, o melhoramento de suas qualificações profissionais e, por conseguinte, a sua promoção profissional e social. (p.143). Percebe-se que a formação continuada é posterior a sua formação inicial, uma deve completar a outra e poderá ser compreendida como um processo global assegurando a formação integral da pessoa, do cidadão e do profissional. O professor que está engajado no processo de formação poderá ser capaz de comunicar, criar e transformar os espaços pedagógico que está inserido, dá continuidade as práticas profissionais.
  • 45. 55 O educador egresso na Universidade, por exemplo, deve voltar a ela, sempre e de novo, provocá-la para ir até os seus locais de trabalho para então se redescobrir e se interrogar. Portanto, há que se compreender a formação continuada igual ao processo educativo onde cada uma das dimensões, do profissional ao pessoal, tem a ver com todas as outras integrando-se. Vejamos: A compreensão ou conceito dos professores sobre Formação Continuada. 70% “Considero um direito do professor e uma obrigação da secretária de educação.” 30% “Considero um direito.” 10% “É um direito e ao mesmo tempo uma obrigação, o profissional precisa ter a consciência de que há uma necessidade constante de atualizar seus conhecimentos para melhorar a sua prática.” Verifica-se que os professores, quase a totalidade se exima de buscar os procedimentos necessários para enriquecer sua prática, atribuindo a responsabilidade aos órgãos municipais. Concebem como um direito deles, distanciando com a sua própria identidade profissional. Contrariamente a esses pensamentos Alarcão (1998) afirma: Entendo que a formação continuada de professores deve visar ao desenvolvimento das potencialidades profissionais de cada um, a que não é alheio o desenvolvimento de si próprio como pessoa. Ocorrendo na continuidade da formação inicial, deve desenrolar-se em estreita ligação com o desempenho da prática educativa. (p.106). O professor deve também ser um participante que precisa construir e reconstruir o seu próprio conhecimento. Merecendo destaque somente uma professora, que possui consonância com o que Kramer (1992) diz: “o professor precisa avivar em si mesmo o compromisso de uma constante busca do conhecimento como alimento para o seu crescimento pessoal e profissional.” (p.64). A formação continuada é importante, no sentido de promover a emancipação política e intelectual dos professores e que estes estejam em constante processo de capacitação, participem de cursos atualizados, informem-se cada vez mais, fazendo sempre uma reflexão sobre sua prática docente.