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                                INTRODUÇÃO


               O presente trabalho procura, dentro de uma perspectiva de
sensibilização, responder uma necessidade que tem vindo a sentir-se campo
da Educação especial.
        As necessidades sociais, a opinião pública, a carência de estruturas, a
restrita produção legislativa e documental, vêm comprometendo mais
educação especial, apesar de verificarem já algumas realizações que requerem
a continuidade e aceitação desses seres humanos ditos “diferentes” com
necessidades especiais na sociedade, e no ensino regular.
           Na sociedade atual temos cada vez mais de aprofundar valores e
atitudes compatíveis com os Direitos Humanos e promover reflexões
entusiásticas sobre o transcender potencial humano das pessoas “diferentes”,
até porque em sentido lato, todos os seres humanos são portadores de
limitações e dificuldades, não esquecendo que poderíamos ter nascido
“diferentes” podemos ainda ser feitos “deficientes” ou tornarmo-nos
“diferentes”.
          Muitas condições tem sido criadoras de dificuldades, preconceitos e
barreiras em nossa sociedade. Dentre alas destacam-se o fato do ser
“diferente”. Essa pesquisa mostra a resistência de pais, educadores e a
sociedade frente ao “diferente”, o medo e o preconceito.3w

      Este trabalho está estruturado da seguinte forma:

      No primeiro capitulo faz-se um relato sobre o comportamento aprendido,
desde as civilizações antigas (primitivas) até hoje. Qual a reação dos familiares
ao saber da deficiência da criança e o papel da educação para combater o
preconceito. Com embasamento de alguns autores como: Bueno (1993), Cruz
(2003), Sassaki (1997), Correia (1999) e outros.

        No segundo capitulo fala-se da problemática da deficiência, justamente
com as leis da diversidade e as muitas faces da inclusão, onde, contamos a
historia da educação inclusiva e a entrada dos “deficientes” na escola, serviram
como referencias: Moreira (1997), Bueno (1993), Fonseca (1995), Kassar
(1998), Sanfelise (1989).

          No terceiro capitulo é explanada a metodologia, dando ênfase a
pesquisa qualitativa para a realização desse trabalho. Os dados foram
organizados com base em questionários e observações.

          No quarto capitulo fizemos a análise e interpretação dos dados
conseguidos fundamentados com autores citados.
9


        Nas considerações finais, verificamos se de fato os objetivos propostos
foram alcançados, contudo percebemos que esta pesquisa não encerra a
problemática aqui citada, salientamos que cada tópico aqui desenvolvido serve
de interesse pra deixar a certeza de que algo ainda pode ser feito para tornar a
inclusão dos alunos com necessidades educacionais Especiais nas escolas
regular de ensino uma prática efetiva.
10


                                     CAPITULO I




                         APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA




      Educação especial atende a todas as crianças ou jovens que, quer por
deficiência física, sensorial ou mental, ou por problemas cognitivos e de
aprendizagem não conseguem acompanhar o ensino regular e por isso tem
que ter uma “Educação Especial” sendo colocados em classes que atendam as
crianças com necessidades educacionais especiais.



       Segundo Bueno (1993) existe pais e educadores que pensam que as
crianças com deficiências físicas, sensorial, mental devem freqüentar
instituições especializadas, contudo tem sido comprovado que as crianças em
contexto escolar regular também desenvolvem capacidades para o seu
desenvolvimento social. No entanto, não podemos esquecer que a freqüência
da escola regular ou da instituição vai depender do grau da deficiência, dado a
escassez de meios físicos e de pessoal especializado na escola para lidar com
certas situações. Porém, é freqüente, mas errado pensar que os alunos com
necessidades educacionais especiais são apenas os que têm deficiências
sensoriais (visão, audição), motora ou mental. A necessidade Educacional
abrange todos os alunos que apresentam problemas educativos de caráter
prolongado e graves dificuldades a nível escolar (CRUZ, 2003 p. 3).



      È preciso salientar que, socialmente a forma de tratar as pessoas com
necessidades educacionais especiais tem apresentado mudanças. É preciso e
necessário aprender a conviver com o diferente respeitando e valorizando as
diferenças. E, para que haja alteração desse “olhar” é necessário que os
educadores trabalhem nas escolas, onde a informação deve ser constante,
uma vez que existe uma grande desinformação ou informação equivocada
sobre os direitos e potencialidades das pessoas ditas diferentes.
11




       Mesmo depois da promulgação da Declaração de Salamanca, 1994, que
prevê “Igualdade de condições para o acesso e a permanência na escola”,
alguns diretores e professores acreditam que estudantes com necessidades
não conseguem aprender e, em classe, devem apenas brincar e passar o
tempo. Há ainda, pais que não aceitam os filhos se relacionando com crianças
diferentes, Pois acham que isso baixa a qualidade de ensino. Outros acreditam
que a diferença é doença e que os “diferentes” devem ser evitados.



       Além de enfrentar a pressão da família dos alunos, muitos dos
educadores têm que aprender a lidar com o próprio preconceito. Isso deveria
ser trabalhado desde a formação inicial. Se a inclusão é garantida por lei, como
podem os educadores não preparados receberem essas crianças? A
dificuldade de aceitar aquilo que aparentemente foge do que é comum, é a
origem do preconceito. As pessoas temem o que não conhecem.



       Hoje, existem muitos brasileiros comprometidos com a conscientização e
o combate ao preconceito. São pessoas que, por exemplo, lutam por escolas
com rampas, que permitam o acesso aos alunos que usam cadeiras de rodas e
estacionam ao lado das bicicletas dos colegas; e ainda na ponta dos dedos, as
crianças cegas exploram o mundo da escrita; na aula para todos, não existem
só lápis e caneta. Mais do que isso, eles trabalham por escolas que
possibilitem as crianças com necessidades educacionais especiais o sonho de
ir mais além na vida. Os professores também são aliados na inclusão, quando
tem informação e respeitam o direito das crianças com qualquer deficiência
física, sensorial, motora ou intelectual.



       De acordo com Sassaki (1997), no Brasil, o movimento de integração
assumiu características especificas marcadas, essencialmente, pela ampliação
das classes especiais, onde as crianças com deficiências freqüentavam as
escolas, porém, em classes separadas.
12




      Assim, a possibilidade de integração se restringia á capacidade de as
pessoas com deficiência superar as barreiras físicas, arquitetônicas e as
atitudes da sociedade. Neste caso, a normalização é transferida do meio à
criança, ou seja, para que as crianças com necessidades educacionais
especiais (deficiências) pudessem conviver com os demais em meio “normal”,
elas deveriam se “normalizar” o máximo possível.



      Correia (1999), pesquisador português, esclarece que a integração teve
seu marco com a Public Law – Ato da educação para todas as crianças
portadoras de Deficiências promulgadas nos Estados Unidos em 1975. A lei
obrigava as instituições a melhorar o sistema educativo, criando estruturas que
pudessem oferecer às crianças com deficiência uma educação em ambiente
menos restritivo possível, isto é, uma educação em meio “normal”.



      Mas, quando falamos em inclusão, é importante lembrar que inclusão,
não é apenas o simples acesso de crianças com deficiências em classes
regulares, pois, muitas vezes, ainda que freqüentem classes “normais”, elas
podem se sentir excluídas. Inclusão é à inserção da pessoa com deficiência na
vida social e educativa. Todos os alunos devem ser incluídos nas escolas
regulares, em todos os seus níveis, da educação infantil ao ensino superior.
(MANTOAN, 1998; MRECH, 1999).



      Apesar da diferença entre indicadores pelos critérios usados por uma ou
por outra instituição dá para imaginar que ainda são muitos os excluídos das
salas de aula regulares, 179% foi o crescimento do numero de escolas
inclusivas, levantamento realizado pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisa Educacionais) no ano de 2007, Estes índices revelam avanços
visíveis, já eram muitas crianças matriculadas com necessidades educacionais
especiais em escolas regulares nos pais.
13


      No entanto, o preconceito e a falta de conhecimento nas leis deixam um
contingente deles fora da rede regular de ensino. O pouco preparo dos
educadores para atendê-los ou o pouco apoio dado a esses profissionais
fazem com que, em alguns casos o direito de estudar seja exercido pela
metade; muitos ainda acham que a escola para quem necessita de
atendimentos especiais é espaço só para recreação.



                     Se fosse assim, o que lá fariam crianças com deficiência múltipla
                     (como os surdos – cegos)? Nada? Errado. É pelo perfume, pelo calor
                     dos raios do sol e pelo toque dos colegas e das plantas que elas
                     conhecem o que o cercam e ocupam lugar de direito. Assim além de
                     conviver com os colegas, elas também aprendem. (MANTOAN, 2002
                     p.85).




      Cada necessidade requer estratégias e materiais específicos e
diversificados. Porem é preciso reconhecer que cada criança aprende de forma
e ritmo diferente. Respeitar a diversidade significa dar oportunidade para todos
aprenderem os mesmos conteúdos, fazendo as adaptações necessárias. “A
inteligência é uma característica da espécie humana e está sempre apta a se
atualizar”. (MANTOAN, 2002, p.86).



      Bem sabemos que a educação especial vem passando por várias
mudanças e essas mudanças se devem ao desempenho de profissionais
dedicados e comprometidos com a sociedade. As discussões a esse respeito
vêm crescendo dia-a-dia e tem despertado a atenção da sociedade e dos
educadores;   já   que   como    cidadãos     as   crianças     com    necessidades
Educacionais especiais merecem respeito. Mas, que para que isso aconteça se
faz necessário que a sociedade rompa com as barreiras do preconceito, do
desrespeito, dos equívocos e das injustiças.



      Vigotsky (1995) considera o meio como características que definem a
constituição humana. Segundo ele, organismo e meio exercem influências
recíprocas, portanto, o biológico e o social são indissociáveis. Nessa
14


perspectiva, pode-se dizer que é através das relações e interações sociais que
o homem pode ser transformado à medida que transforma o meio em que vive.



      Cabe então a sociedade proporcionar às crianças com necessidades
especiais o direito de aprender e reaprender novas atitudes e competições,
através da educação e da reabilitação. Para que isso aconteça não basta
apenas dar atenção aos que precisam de cuidados especiais, mas sim,
proporcionar-lhes a direito fundamental de aumentarem seu potencial e
habilidades. Não podemos esquecer que as crianças com necessidades
especiais não estão em uma condição fixa que seja irreversível ou que lhes
tornem incapazes de aumentar seus potenciais de interação com a sociedade.



      A nossa consciência social deve estar voltada para a desconstrução de
certos preconceitos, pois alguns pais acham que a presença de algo diferente
possa modificar o nosso olhar em relação ao outro e com isso favorecer o
preconceito e a discriminação. Essa desconstrução “autoritária” deve beneficiar
o respeito à dignidade e à valorização humana. As pessoas com necessidades
especiais, ao longo dos anos, foram atendidas de maneiras diferentes, bem
como, os conceitos de inteligência passaram por perspectivas diversas.



      Segundo Dorian (2002) “A discriminação surge da necessidade que
temos de qualificar as coisas e os indivíduos dentro do que é socialmente
considerado normal.” Esses pais não aceitavam a noticia de que seu filho (a)
seja portador (a) de necessidades especiais. Isto demonstra que “a resistência
as pessoas especiais (deficientes) é fruto da falta de informação.



      Portanto, não são apenas as escolas regulares que necessitam de
mudanças, a sociedade também pode e deve mudar (ajustar-se) aos novos
desafios da inclusão. O professor doutor Antonio S. Clemente Filho, um dos
fundadores da APAE de São Paulo, defende a necessidade da participação
ativa da comunidade para ampliação dos serviços prestada à população com
15


deficiência, pois segundo ele, no Brasil, uma imensa parcela dessas pessoas
continua sem acesso aos serviços técnicos especializados tanto na área da
saúde quanto da educação. Para ele, a paixão e o compromisso comunitário
pela causa da deficiência têm sido força mobilizadora do movimento em prol da
Inclusão Social. (RAIÇA, 2006)



       Argumenta Bueno (2004, p.19) que “a luta pela extensão e qualificação
da escola pública deve ser defendida por todos, pois beneficiará todas as
crianças que de alguma forma são tocadas pela exclusão.”



       A escola, portanto, é um local em que é necessário combater o
preconceito e a exclusão. A criança portadora de necessidades educacionais
especiais necessita de educadores que possam fortalecer sua confiança e
essa confiança representa conquista progressiva e que se manifesta passo a
passo. Alguns pais acham que “a escola inclusiva anda para trás, porque o
ensino piora com a presença de alunos com diferença.” (PALACIO, 2006. p.
36).



         Mas, como vivemos num mundo em que todos querem competir para
terem sucesso, talvez andar para trás, no sentido de diminuir um pouco esse
compasso frenético, seja positivo. Palacio, (2006) diz que normalmente,
quando o sinal na hora da saída toca, todos correm em direção a porta da sala
de aula. Se há um colega em cadeira de rodas, porém, eles aprendem a
esperar, à ajudá-lo e a acompanhá-lo.



       A inclusão ensina a tolerância para todos que estão diariamente na
escola e na comunidade. Doriam, (1998), diz que a chegada de crianças com
necessidades educacionais especiais está provocando uma grande reflexão.
Por isso, os especialistas afirmam que a inclusão é uma revolução silenciosa.
Para que ela aconteça, no entanto, toda equipe deve pensar em conjunto.
16


      A idéia precisa estar incluída na proposta pedagógica e levar a todos a
conhecer melhor o assunto. Quando não há informação, se torna angustiante
para o educador receber este aluno e lidar com ele. O trabalho em equipe leva
todos os educadores e funcionários a desempenhar de maneira eficiente seu
papel nessa área. Alguns pais de crianças portadores de necessidades
educacionais especiais, dizem que seus filhos já sofreram desrespeito nas
escolas ou na comunidade onde vivem. Por isso, os educadores e a
comunidade precisam adotar posturas conscientes e coerentes com seu papel
de formadores. “Quem pode dizer onde termina as possibilidades de
aprendizagem de quem tem deficiência? Só com as portas da escola abertas e
que podemos saber. Por isso ela é tão importante?” (DORIAN, 1998, p.38).



      Segundo Bueno, (1993), já algum tempo tem se ouvido falar de
educação Especial e de necessidades educativas especiais, mas, será que na
realidade se sabe do que está a falar? Durante muito tempo viveu-se a
exclusão escolar das crianças com necessidades educacionais especiais na
nossa sociedade. Quando se tratava de deficiências sérias, as crianças eram
inseridas em escolas especiais, como as instituições privadas do gênero,
quando haviam apoio por parte da segurança social ou boas condições
financeiras da famílias. Com o passar dos anos e a latente necessidade de
instruir todas as crianças em ambiente escolar inclusivo, surge a Educação
especial nas escolas regulares, baseada no tema “Escola para todos.”
(BUENO, 1993, p.03).



      Nessa direção a inclusão desafia o educador, que precisa educar alunos
fundamentalmente diferentes num mesmo espaço, qual seja a escola regular.
Isso vem exigindo que o docente seja capaz de atuar em ambientes diversos e
com uma população cuja característica maior é a heterogeneidade.



      Apesar dos avanços percebidos em relação ao processo inclusivo, este
ainda não representa um consenso, suscitando reações e posicionamentos
diversos e, por vezes, contraditórios, que evidenciam a dificuldade histórica, da
17


escola e dos professores em compreender e lidar com que é diferente,
estranhos padrões estabelecidos como “normais” (o que não é comum).



      A complexibilidade gerada pela realidade inclusiva confronta o docente
com situações, cuja formação inicial não lhe deu condição de antever. Por isso
vigora o discurso, entre uma parcela de educadores, de que não são capazes
de trabalhar com alunos com necessidades educacionais especiais, pois não
foram preparados.



      Diante desse cenário, passamos a nos indagar como os educadores que
atuam nas séries iniciais do Ensino Fundamental do município de Senhor do
Bonfim compreendem a inserção do aluno com necessidades especiais nas
classes comuns da escola regular?



      Neste sentido, o objetivo deste trabalho é identificar como os
educadores compreendem a inserção do aluno com necessidades especiais
nas classes comuns da escola regular.
18




                                    CAPITULO II



                           FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA



     2.1 - A história da educação inclusiva



       Há alguns anos raramente falava-se de inclusão. Somente depois de
promulgada a lei nº 9394 – que estabelece as diretrizes e Bases da Educação
nacional, é que esse assunto tomou destaque especial, definindo as formas e
estruturas de educação Especial na rede regular de ensino. Depois é que a
sociedade descobriu que alunos com necessidades especiais também eram
Educandos, e, por isso deveriam ser incluídas, na escola regular para serem
educados. Todavia, cabe destacar, que a idéia de inclusão não pode ser
apenas um capitulo da lei. Ela é muito mais do que isso, ela reflete um novo
paradigma educacional que busca mudar as formas de pensar a educação
brasileira.



       Desde os tempos primórdios, que se têm como verdadeiro valor social o
culto ao perfeito, à busca ao belo. Até o século XV, as crianças que nasciam
com alguma deficiência eram consideradas deformadas e jogadas nos esgotos
da Antiga Roma; não tinham direito à vida. Esses indivíduos eram tidos como
“castigos” (maldição), por isso eram banidos da sociedade. Na Idade Média as
pessoas com deficiência não eram mais sacrificadas ou mortas, porém,
continuavam banidas de qualquer convívio social. Por influencia da igreja, eram
consideradas produto do pecado e do demônio. Na Idade Moderna, foram
criadas instituições para cuidar e abrigar as pessoas com deficiências nas
quais elas eram trancafiadas. Eram os asilos, conventos ou albergues.
(MOREIRA, 1997, CASTRO, 1999)
19




      Segundo Bueno (1993) a história da educação especial considera o
século XVI como a época em que se iniciou a educação das pessoas com
necessidades especiais, através de educação da criança surda. Somente a
partir do século XIX, as pessoas com deficiência passam a, gradativamente,
serem vistas como cidadãs, mas ainda sob uma visão caritativa e
assistencialista. Nesta época de grandes descobertas no campo da medicina,
biologia e saúde, passou-se a estudar mais sobre as pessoas com deficiência
de modo a procurar respostas para seus problemas, tais como: classificação
das doenças e quadros clínicos (demências, loucura, síndromes). Nesse
período, Louis Braille criou o método da leitura e escrita para pessoas cegas.
Entre 1870 e 1880 veio a tona a psicanálise como os estudos de Freud no
sentido de contribuir para a compreensão das doenças e dos distúrbios
mentais. (CAUZ E IACONO, 2006).



       Em 1897 Maria Montessori iniciou um trabalho baseado no ensino e
treinamento dos músculos e dos sentidos que reverteu em conhecimento sobre
a educação da criança com deficiências. Com o decorrer do tempo foram
surgindo escolas especiais e centros de reabilitação. No Brasil, o Instituto
Benjamim Constant, em 1854, foi criado pelo Imperador D. Pedro II, sendo a
primeira Instituição de Educação Especial da America Latina. Segundo Mendes
(2001) “A Educação Especial no Brasil, que se tornou oficializada a partir da
década de 70, tem desde seu início, um discurso intensamente marcado pela
filosofia da normalização e integração”. (CAUZ E IACONO, 2006)



      Em 1942 já havia no país, quarenta escolas públicas regulares que
prestavam algum tipo de atendimento a alunos com deficiência mental e
quatorze que atendiam alunos com outras necessidades especiais. Pouco a
pouco, e graças à dedicação de instituições como a AACD (Associação de
Assistência à Criança Defeituosa, hoje Associação de Assistência à Criança
Deficiente) e a APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) que foi
criada em 1954 a questão das necessidades especiais saiu do ângulo da
20


saúde e passou a ser também do âmbito educacional. Em 1986, e expressão
“alunos excepcionais” foi substituída por “alunos portadores de necessidades
especiais” e então a prática da inclusão social se intensificou. (CAUZ E
IACONO, 2006).



      Mas, só agora durante o século XXI é que houve uma “aceitação” de
que os seres humanos são essencialmente diferentes e que essas diferenças
não devem servir de desculpas para a sociedade estabelecer hierarquias entre
melhores e piores, certos e errados. Um aluno com Necessidades Especiais é
certamente diferente do outro e possui ritmo diferente de aprendizagem,
circunstância, entretanto, que não o exclui de aprender.



     A meta essencial de educação inclusiva é conseguir que essas crianças
ditas diferentes consigam juntos com as outras uma socialização, de uma
aprendizagem que deve ser desenvolvida para a prática, possibilitando uma
convivência saudável e sem preconceitos pela sociedade. E para que essa
meta se concretize, é preciso que os educadores acreditem na educação
inclusiva, não apenas como um “trabalho”, mas como um novo desafio que a
vida lhes proporciona. O direito de igualdades de oportunidades educacionais é
o resultado de uma luta histórica dos “militantes” dos direitos humanos, luta
que implica a obrigatoriedade do Estado em garantir gratuitamente unidades de
ensino para todas as crianças, que sejam ou não deficientes.



    Fonseca (1995, p. 09) fala que o “Deficiente é uma pessoa com direitos.
Existe, sente , pensa e cria. Tem uma limitação corporal ou mental, mas nem
por isso deixa de ser uma pessoa com direitos e saberes tão válidos como os
de uma pessoa dita normal.” O deficiente pode não ver, mas não tem
dificuldade em orientar-se ou em fazer música, não ouve, mas escreve
poesias. Não aprende matérias escolares, mas pode ser bom em uma
atividade profissional. Não se pode privar uma criança com necessidades
educacionais especiais de uma experiência real, pois toda experiência é válida
21


para ela. Cabe aos educadores a estimulação adequada para o seu
ajustamento na sociedade e na escola. (FONSECA, 1995, p.09)




         2.2 - A entrada do “deficiente” na escola



         Uma das situações mais críticas da vida de uma criança com
necessidade educacional especial é a entrada na escola, isto é, o desligamento
entre o envolvimento familiar e o social. Daí a importância da criança entrar na
escola o mais cedo possível. Outro período crítico é a adolescência. Nesta fase
os valores sociais e as aspirações se chocam, pois o adolescente não esta
preparado para enfrentar situação onde a sociedade o olha com preconceito e
desprezo.



         Entre seus estudos sobre a personalidade Fonseca (1995) afirma que o
problema psicológico das crianças com necessidades educacionais especiais
que mais tem sido investigado envolve: alto conhecimento, ansiedade, fuga,
crises de identificação. São traços que variam de criança para criança
conforme o meio social. A sensação de “inadequado”, “inútil”, “fraco” é
inevitável; só deve ser minimizada por um envolvimento efetivo e sócio
educacional coerente e realista.



         As crenças que giram em volta de noção de normalidade têm de ser
debatidas, pois geram confusão e adiam a resolução dos problemas. Temos,
que reconhecer que o ”normal” em conduta social é o luxo biológico ou social.
O conceito de “normal’ não pode reduzir-se a um sentido biológico, ele tem que
incluir um conceito de realização no sentido social. “O normal” envolve valores
éticos que são inerentes a padrões culturais diversificados” (FONSECA, 1995,
p.10).
22




      2.3 - As leis sobre a diversidade.



      A inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais nas
escolas regulares, ainda não é uma regularidade vivida em muitas escolas do
município de Senhor do Bonfim. A legislação que fundamenta a educação
inclusiva é bastante completa no Brasil, mas na maioria das vezes sua
realização não é garantida. A constituição federal de 1998, em artigo 60,
descreve a educação como direito social a todo brasileiro e no artigo 206 I
garante a igualdade de condições para o acesso e permanência na escola e o
artigo 208 III garante o atendimento educacional especializado aos portadores
de necessidades educacionais especiais preferencialmente na rede regular de
ensino.



      A ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente, 1990), em seu artigo 5º,
garante os direitos constitucionais fundamentais da criança e do adolescente,
dentre os quais estão o de ser atendida em igualdade de direitos, sem
discriminação por demonstrar necessidades especiais. A LDB (Lei de Diretrizes
e bases da Educação, 9394/96) em seu capitulo V, que se refere à educação
especial afirma, em seu artigo 58, que por educação especial por efeito dessa
lei, a modalidade escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de
ensino, para educandos portadores de necessidades especiais no inciso I,
afirma que haverá, quando necessário serviço de apoio especializado, na
escola regular para atender as peculiaridades da clientela da educação
especial.



      A legislação Brasileira garante o direito da criança com necessidades
especial ser matriculada em uma escola regular, convivendo com outras
23


crianças para que haja uma socialização, prevê, alem disso, o atendimento
especializado a crianças com Necessidades educacionais especiais. Esse
atendimento deve ser oferecido preferencialmente, no ensino regular e tem o
nome de educação especial. A denominação é confundida com escolarização
especial. Esta ocorre quando a criança freqüenta apenas classe ou escola que
recebe só quem tem deficiência.



       Várias leis e documentos internacionais estabelecem os direitos das
pessoas com deficiências em nosso país. Eis um levantamento cronológico dos
principais instrumentos:

       1988 – Constituição da República Federativa do Brasil – prevê o pleno
desenvolvimento dos cidadãos sem preconceito de origem, raça, sexo, idade e
quaisquer outras formas de discriminação.



       1989 – lei nº 7.853/89 - define como crime recusar, suspender, adiar
matricula de estudantes com necessidades educacionais especiais.



       1990 – ECA – Garante o direito à igualdade de condições para o acesso
e permanência na escola, sendo o ensino fundamental obrigatório e gratuito.



       1994 – Declaração de Salamanca – diz que devem receber atendimento
especializado crianças excluídas da escola por motivos como trabalho infantil e
abuso sexual.



       2000 – Leis nº 10.048 e nº 10.098 garantem: - atendimento prioritário as
pessoas com necessidades especiais nos locais públicos, e;

       - normas sobre a acessibilidade e define como barreiras obstáculos nas
vias e no interior dos edifícios.
24


         2001 – Decreto nº 3.956 (Convenção de Guatemala) – deixa claro a
impossibilidade de tratamento desigual com base na deficiência.



         Quem é acometido por necessidades educacionais especiais é capaz de
muitas coisas, como ler, escrever, fazer contas, brincar e até ser independente.
Se a criança for estimulada a descobrir seu potencial, as dificuldades deixam
de persistir em tudo que ele faz. Essas crianças precisam de novos desafios
para aprender a viver cada vez com mais autonomia. E não há lugar melhor
como a escola para isso. A educação especial tem sido vista como
qualitativamente diferente da educação. Podemos mesmo dizer que parecem
existir dois tipos de educação: educação e a educação especial. Essa distinção
parece tão obvia que podemos percebê-la simplesmente observando alguns
aspectos como: a existências de cursos específicos para a formação de
professores, ou cursos de nível de pós-graduação que tratam especialmente
da questão educação especial. Geralmente, os trabalhos publicados, fazem
referencia a educação especial ou a educação de modo geral “ignorando-se
praticamente que a educação especial faz parte desta”.        (KASSAR, 1998,
p.15).



         Na intenção de propor uma questão, gostaríamos de comentar alguns
pontos de vista a respeito da aparente desligação entre o “especial” e o
comum. Primeiramente, vemos na existência do “especial” o resultado da
especificação e da especialização, característica do complexo desenvolvimento
social e escolar. No caso da escola coma expansão da rede pública nos
últimos anos, procuram solucionar os desafios enfrentados pela inclusão
dessas crianças na rede regular de ensino. Nessa perspectiva, precisamos
buscar novas propostas de diagnósticos e repensar a prática pedagógica com
os alunos com necessidades educacionais especiais.



         Dessa forma o “especial” acaba sendo analisado como uma questão que
encontra um fim em si mesmo, ou melhor: as questões “especiais” são
25


analisadas somente dentro do seu próprio contexto, como se estas se auto-
explicarem.



      A adaptação do pensamento crítico, no discurso dos educadores da
atualidade, faz com que se construam críticas ao reducionismo das análises,
abordando o problema da educação especial de forma abrangente. Alguns
trabalhos em educação especial, sem esquecer sua especificidade, têm
buscado seu lugar de discussão no contexto mais amplo da educação
brasileira, hoje temos um questionamento em torno do termo especial, pois
todas as crianças são especiais independentes de terem deficiência ou não,
como exemplo, temos Jannuzzi (1985), Ferreira (1993), Anache (1991), Bueno
(1992) entre outros.



      A discussão mais recente sobre educação especial permite-nos ver que
o processo de inclusão dos alunos com necessidades de educacionais
especiais na rede pública serve como um meio de assegurar a estabilidade
especial. Com a expansão da rede pública escolar “ocasionada por
necessidades de uns ou conquista de outras” (SANFELISE, 1989, p. 30),
presenciamos o ingresso de parte da população que anteriormente não tinha
acesso a ela.



      Vários autores como Ribeiro (1979) ou Ramanelli (1989) mostram-nos
que, a partir da década de 1930, com o desenvolvimento industrial no Brasil,
vão ocorrer mudanças na caracterização da distribuição demográfica. De uma
população rural, passamos ao crescimento dos grandes centros urbanos,
tornando assim, mais evidente, o problema do analfabetismo, o que pressiona
o aumento quantitativo das escolas públicas. Com a ampliação e a
diversificação surgiu o problema referente as dificuldades de aprendizagem por
parte, (...) principalmente daqueles (alunos) pertencentes a uma classe social
menos favorecidas. (ANACHE, 1991).
26


      Anache (1991) confirma que 76% das crianças freqüentadoras das
classes especiais são de famílias de nível socioeconômico baixo. Diante desse
quadro, podemos dizer que os problemas das desigualdades sociais acabam
sendo “camufladas” pela separação do “especial” (FERREIRA, 1993, p. 44).




      2.4 – O que é ser “especial” ou “diferente”?



           De acordo com Bueno (1989) especial significa peculiar, próprio,
excelente, exclusivo. Crianças “especiais! São aquelas que possuem ritmos
próprios e exclusivos.



     Segundo Ferreira (1993, p.69) a existência do “especial” dentro da escola
acaba por formalizar e fortalecer essas desigualdades, pois a “deficiência pode
ser um fenômeno que se cria na escola, mas a diferença que é social,
antecede a escolarização e a segue.”



      Conforme Vygotsky (1997), a criança com deficiência percorre caminhos
que surgem pela necessidade do enfrentamento de obstáculos. Estes são
desvios elaborados a partir de estímulos do ambiente e surgem quando não é
possível realizar algo pelo caminho direto. Por isso, o meio social tem papel
fundamental no desenvolvimento da criança com Necessidade Especial, como
dizia Vygotsky (1997) que o ser humano tem a tendência natural de buscar a
perfeição, mas que esse percurso pode tornar-se uma busca por superioridade,
como compensação por sentimentos de inferioridade.



       Ainda, afirma Vygotsky (1997) que, o universo da Educação Especial é
de tal forma abrangente que, é por essa razão que o tema se apresenta
extremamente complexo. Qualquer definição de educação especial ou de ser
27


uma criança especial terá sempre limitações impostas pelo ambiente cultural,
social e histórico.



      Por essas razões, dizer o que é ou o que não é “especial” ou “diferente”
não é fácil. É comum afirmar que ser “especial” ou “diferente” é todo aquele
que não se enquadra as normas sociais estabelecidas pela sociedade.
(BIANCHETTI, LUCIDIO, 1992.)



           Segundo a LDB (Lei de Direito e Bases da Educação Nacional)
percebemos que os alunos com Necessidade especial são alunos que
possuem exigência incomuns, diferentes de outros alunos. E em razões dessas
particularidades, eles precisam de recursos pedagógicos e metodológicos
próprios. Essa mesma lei determina que todos os alunos com necessidade
especial devem ter direito em atendimento educacional especializado e,
preferencialmente, sua aprendizagem em classe regular.



       Segundo Francois Jacob” A liberdade foi inventada porque os humanos
não são idênticos. Se fôssemos todos gêmeos, esta noção de igualdade, que
revela da moral e da política, não teria nenhum sentido. O que lhe dá seu valor
e importância é que os indivíduos são diferentes. E é a diferença que faz o sal
da vida e a riqueza da humanidade.” (Francois Jacob, 2003, p.35).



     2.5 – Uma escola sem barreiras.



        Quando a educação começou a se uniformizar no Brasil, na primeira
metade do século 20, crianças com deficiências ainda eram tratadas como
caso de saúde. Estavam fora da escola, que foram construídas para as
crianças ditas “normais” e não levavam em consideração as crianças com
Necessidades Educacionais Especiais. Atualmente houve uma transformação
no espaço físico das escolas, mas adequar apenas escolas, porem, não basta.
As mudanças necessárias são maiores do que as instalações de rampas.
28


Elevadores e banheiros adaptados. Elas precisam chegar á sala de aula, onde
muitas atitudes são mais bem-vindas do que grandes reformas.

     O objetivo de tal reforma é garantir o acesso e a participação de todas as
crianças em todas as possibilidades de oportunidades oferecidas pela escola e
impedir a segregação e o isolamento. Essa escola tem que ser planejada para
beneficiar a todos os alunos, incluindo aqueles pertencentes a minorias
lingüísticas e éticos, aqueles com deficiência ou dificuldades de aprendizagem,
aqueles que se ausentam constantemente das aulas e aqueles que estão sob
o risco de exclusão. (MITTLER, 2003, p.25)



     O modelo da Educação Inclusiva, nomeadamente pela inclusão de alunos
com condições de deficiências na escola regular, origina novos desafios para a
formação de professores. Já não se trata de formar professores. Para alunos
que são educados num modelo segredo (separado), mas, sim professores que
são capazes de trabalhar com turmas heterogenias. Para isso é necessária um
novo olhar sobre os sabores, as competências e as atitudes que são
necessárias para se trabalhar com classes inclusivas.



        “A importância da inovação e a valorização da diferença são partes
essenciais da formação de professores.” (ALONSO, 2008 p.16). A formação de
professores encontra-se, hoje, em profundas mudanças tanto do ponto de vista
de conceitos e valores como de praticas. Espera-se que professor (a) seja
completamente num largo aspecto de domínios que vão desde o conhecimento
científico do que ensina e suas aplicações psicopedagógica, bem como a
metodologia do ensino, animação de grupos atenção a diversidade etc.
(ALONSO, 2008)



        Para Peter Mittler (2003) uma coisa é clara: as escolas e o sistema
educacional não questionam de modo isolado. O que aconteceu nas escolas é
um reflexo da sociedade em que elas funcionam. Os valores, as crenças e as
prioridades da sociedade permearam a vida e o trabalho nas escolas e não
passarão nos seus portões.
29


     Uma escola sem barreiras é aquela em que todos que trabalham possuem
a mesma gama de crenças e atitudes, não possuem preconceitos e que
trabalham com qualquer grupo de pessoas normais e diferentes, também são
aqueles que administram o sistema educacional como um todo, incluindo
diretores, administradores e todo o corpo docente. (MITTLER, 1999, p. 24)



     2.6 – Educação especial rumo a inclusão



     De acordo com Mrech (1998 p.37), educação inclusiva é:



                     O   processo   de   inclusão   dos   portadores   de   necessidades
                     educacionais especiais ou de distúrbios de aprendizagem da rede
                     comum de ensino em todos os seus níveis, da pré-escola até ao
                     quarto grau. Na escola inclusiva o processo educativo é entendido
                     como um processo social. Ela se apresenta como a vanguarda do

                     processo educacional.




     Para Mills(1999), o principio que rege a educação inclusiva é de que todos
devem aprender juntos, sempre que possível, levando-se em consideração
suas dificuldades e diferenças, em classes heterogêneas. A escola inclusiva
educa todos os alunos na rede regular de ensino, proporciona programas
educacionais apropriados às necessidades dos alunos e prevê apoio para que
seu aluno tenha sucesso na integração.



      Então, falar de educação inclusiva é falar da inclusão na sociedade e
também falar do direito da cidadania de todas as crianças. Para que as escolas
aceitem essas crianças com necessidades educacionais especiais em classes
regulares, é preciso que os profissionais da educação acreditem que é possível
e aceite que essa possibilidade seja real.
30


     É preciso também que os educadores vejam a inclusão desses alunos na
escola regular, como um papel fundamental para se atingir a inclusão social.
Supõe-se que é o sistema educacional como um todo que assume a
responsabilidade de educação e não uma parte dele, a Educação Especial
(MOSQUERA, 2006).



           Porém, o papel da educação especial, a cada ano, assume maior
importância dentro da perspectiva de atender às exigência da sociedade em
desenvolvimento em busca da democracia, que só será alcançada quando
todas as pessoas, sem discriminação, preconceito, tiverem acesso à
informação de sua plena cidadania. Segundo Fortunado (1997), “A modificação
da realidade socialmente construída pelos homens só pode se efetivar a partir
de uma visão critica.”



           O processo da educação especial rumo a educação inclusiva pode
significar uma verdadeira revolução educacional e envolve o descortinar de
uma escola eficiente, diferente, aberta, comunitária, solidaria e democrática
onde a diversidade leva-nos a ultrapassar o limite da integração e alcançar a
inclusão. (MOSQUERA, 2006).



     2.7 – A educação inclusiva como um direito de todos.



          A partir das propostas de educação para todos passou-se a discutir o
modelo da inclusão que trás, no seu bojo, o desafio a universalização de uma
escola de qualidade que não separe e expulse os alunos “com problemas”,
uma escola que enfrente sem adiar os problemas do fracasso escolar e que
atenda a diversidade de características de seus alunos. (CARVALHO, 1996
p.108).
31


        Nesse ponto de vista, faz-se necessário que o processo de ensino
aprendizagem considerem e respeitem os interesses, as potencialidades e as
experiências acumuladas pelos alunos. (CARVALHO, 1996 p.108).



      Importante lembrar que não há aprendizagem sem o aprendiz, sujeitos
históricos e ativos, mas que tem enfrentado inúmeros obstáculos, estranhos à
sua vontade.



       Em substituição à palavra “necessidades especiais,” estão em debate
algumas propostas que nos falam em remover barreiras à aprendizagem
(AINSCOM E BOSTH, 1998), de quaisquer alunos, sem colocar-lhes rótulos ou
separá-los pedagogicamente.



      Acabar com as barreiras de aprendizagem é uma das preocupações de
gestores e educadores, dispensarem a classificação dos alunos segundo a
natureza de suas dificuldades. O educador precisa conhecer o aluno, para que
organize melhor suas atividades de sala-de-aula; sua prática pedagógica não
deve ser uma espécie de fôrma especifica a ser aplicada para os grupos que
se apresentam, aparentemente, da mesma forma.



      A proposta pedagógica é de que o currículo seja o mesmo para todos,
com toda flexibilidade necessária para promover o acesso indiscriminado às
experiências de aprendizagem. Importante lembrar que essa proposta, embora
apresentada pelas que estão atuando na educação especial, não é
exclusividade da mesma, devendo ser norteadora para todos os segmentos
educacionais escolares.



      O que se espera, na verdade é que, na elaboração do Projeto Político
Pedagógico da Escola, “todos os educadores se reúnem e por meio de
relações dialógicos e com atitudes dialéticos, possam ressignificar as
diferenças e rever os objetivos sociopolíticos, acadêmicos, lingüísticos e
32


culturais... Da nossa escola do próximo (e bem próximo) milênio.” (EDLÉR,
1996, P.109).



     2.8 – Não somos diferentes de ninguém.



        Um aluno nunca é igual ao outro. Perceber o potencial de cada um e
atingir a classe inteira é desafio continuo e muitas vezes parece mais difícil do
que encontrar a sala dos sonhos. A sociedade esta se tornando mais complexa
a cada dia, a diversidade aumenta de forma acelerada e com isso,
imperceptivelmente, muda também a forma de compreender o mundo e os
próprios semelhantes. É este novo paradigma que está nascendo, “viver a
igualdade na diferença” eis o apelo dos lideres do movimento em conflito. O
diferente fica cada vez mais comum. (FERREIRA, 2003, p.41).



      A partir dessa nova visão sobre “igualdades e diferenças”, é importante
refletir sobre as concepções de educação inclusiva. Debater sobre diferenças,
que se cumprimentam em vez de se excluírem é pensar a existência “de um
outro”. Um outro que se apresenta como uma realidade que se impõe,
gradativamente, no dia a dia; um outro concreto, com identidade, com história,
com uma constituição afetiva emocional própria. (FERREIRA, 2003, p.41).



                   Nesse contexto, a educação tem um papel importante e
imprescindível a desempenhar. Ela tanto pode ser serva do modelo que ai
está, realimentando – o a criticamente, como pode despertar uma reflexão
critica sobre tal modelo, buscando alternativas a partir de uma pratica social
concreta viável.     Essa pratica deveria buscar alguns valores, como
solidariedade, liberdade e “igualdade na diversidade”. E a escola, como uma
instituição voltada para informação e a formação, poderia e deveria ser um
espaço que se preocupasse em tornar os alunos mais humanos. Assim
entendida, ela representa um lugar favorável a que todos que a procuram
possam ser bem vindos para colaborar no trabalho realizado. Cada um deveria
33


fazer parte do seu contexto como um membro valorizado e, por sua vez, alunos
e profissionais deveria apoiar-se mutuamente, uns aos outros, como
aprendizes ativos, dinâmicos e recíprocos. Isto porque a educação processa-se
e acontece no contato entre seres humanos, de maneira que as
potencialidades, facilidades e dificuldades de cada um moldam a extensão e o
grau de desenvolvimento psicossocial.



       Isto nos faz lembrar de Vitor da Fonseca (1995): O ser humano pode
modificar-se por efeito da educação e, ao mudar a sua estrutura de informação,
formação    e    transformação   do     envolvimento   pode   adquirir   novas
potencialidades e novas capacidades. Portanto, seja no aspecto educacional,
político ou social, é preciso acreditar nas possibilidades de todas as pessoas
sem distinção.
34




                                 CAPITULO III



                           PROCESSO METODOLÓGICO



      A presente pesquisa é de caráter qualitativo, almejando uma
aproximação do modo como a experiência de ser professor (a) na escola
inclusiva foi “captada” pelos participantes da pesquisa, bem como suas
maneiras de sentir, pensar e re(agir) frente a essa realidade.



      A pesquisa qualitativa se preocupa em dar respostas a questões
particulares, com um nível de realidade que não se pode quantificar. Ela
trabalha com representatividade da intuição, da exploração e do subjetivismo.
Portanto, a realidade é o próprio dinamismo da vida individual e coletiva com
toda a riqueza de significados dela transbordantes. (MINAYO, 1994)



      Com o intuito de suprir qualquer tipo de curiosidade ou resolver qualquer
problema do cotidiano os seres humanos, que são seres pensantes, buscam
sempre respostas baseando-se no bom senso. O pesquisador torna o trabalho
muito mais instigante, mesmo que o objeto não seja tão interessante, pois o
seu olhar sobre tal estudo se direciona para aquisição do conhecimento. O
investigador deve buscar a criatividade na maneira de pensar sistematizando
com um olhar científico.



      A ação detalhada e desenvolvida no decorrer desse trabalho de
pesquisa está estruturada na descrição do local da pesquisa, o lócus, definição
35


do objeto de estudo e instrumento utilizado para a obtenção de respostas para
os questionamentos explicados anteriormente.




      3.1 – Local da Pesquisa



      A pesquisa foi realizada com os professores de duas escolas de rede
regular de ensino fundamental do Município de Senhor do Bonfim – BA, estas
por sua vez, são instituições públicas municipais. Essa pesquisa foi
desenvolvida por acreditarmos ser melhor forma de contemplar o olhar dos
professores sobre o processo inclusivo na escola regular em que atuam,
evidenciando   maneiras    distintas   de   se   relacionar   com   o   fenômeno
deficiência/diferença   no cotidiano escolar,     bem    como o     vinculo   que
estabelecem com o seu trabalho, além de aprender a lidar com o preconceito
existente em sala de aula, ensinando os seus alunos que “ser diferente”
também é normal”.



      3.2 – Sujeitos da Pesquisa



      Participaram da pesquisa, (06) professores da rede regular do ensino
fundamental; por acreditarmos que esses sujeitos de pesquisa nos ajudará a
entender os sentidos que esses professores atribuem a presença desses
educandos portadores de Necessidades Educacionais Especiais em sala de
aula. Foi relevante questioná-las, pois assim pudemos obter respostas para as
questões lançadas resultados no aproveitamento positivo desse estudo.



      3.3 – Instrumentos de Pesquisa
36


      Com o intuito de coletarmos dados que sejam relevantes para a
pesquisa, utilizamos como instrumento de coleta de dados o questionário
aberto e a observação.



      Por meio do questionário aberto o pesquisador busca, através das
respostas dos sujeitos (pesquisados), obterem informações sobre uma
determinada realidade que está sendo focalizada. (MINAYO, 1994).



      O questionário possui 6 questões que foram direcionadas aos 06
professores da rede pública Municipal das escolas da rede regular do ensino
fundamental de Senhor do Bonfim (já mencionada). Abordamos questões
referentes à educação inclusiva e o relacionamento dos professores frente aos
alunos com Necessidades Educacionais Especiais.



      A observação aconteceu em vários momentos e em todos os espaços
mencionados anteriormente, com atenção especial para cada detalhe,
principalmente nas ações do professor (a) que trabalha com crianças com
Necessidades    Educacionais       Especiais   da   rede     regular.   Dessa   forma
compreendemos ser de grande significação para o desenvolvimento da
pesquisa, uma visão real de situações do ensino – aprendizagem dos alunos
com Necessidade Especial, para que através desta visão estabeleçam
suplementos que possam nos direcionar nesta pesquisa.



      Optou-se pela observação tendo em vista que, segundo Oliveira (2003)
observar é... “Buscar o principio, o desvendar e ter compreensão de tudo que
acontece na história da educação inclusiva é compreender em profundidade o
que   ela   contém”.   Após    a    observação      e   os    questionários,    deu-se
prosseguimento à análise das respostas dadas pelos professores da rede
regular de ensino.
37




                                   CAPITULO IV



                    ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS




      A análise dos dados de que trata este capitulo, considera tratamento
dado à questão da “deficiência”, por ser mais visível o processo de exclusão
desses alunos na classe regular de ensino. Por questão de ética, utilizamos
códigos para a diferenciação das respostas, os resultados serão expostos à
partir de categorias de acordo com suas análises e interpretações por meio das
quais identificamos informações expressas nas falas dos sujeitos desta
pesquisa.



      Foram sujeitos dessa pesquisa 06 professores da rede regular de
ensino, no qual 2 incluem em salas regulares alunos com deficiência, 1 com
problema de linguagem e outro de aprendizagem.



      Os professores tinham na época da pesquisa, respectivamente entre 28,
36, 40 e 45 anos, sendo todos do sexo feminino. Quanto a formação
profissional, uma é formada em pedagogia, duas são formadas em letras, e as
outras com habilitação em magistério de 1º e 2º grau.




      4.1 – A educação inclusiva na visão dos professores.
38


       Ao referir-se à educação inclusiva, analisou-se que dois professores
associam ao entendimento educacional voltado para a diversidade, enquanto
outros dois educadores responderam que é a inserção de alunos com
necessidades educacionais especiais na escola regular. Chega-se a conclusão
pelas respostas dos professores que ainda há equívocos em relação ao
entendimento do que venha a ser Educação Inclusiva, eles associam apenas à
inserção de alunos com necessidades educacionais especiais no contexto
escolar. Apenas um dos professores considera a inclusão um processo mais
amplo.

       Professor A respondeu: “é trabalhar com alunos com algum tipo de
deficiência,”

       Professor D afirma: “é inserir esse alunos na sala de aula regular.”



           “Educação Inclusiva é a inserção das pessoas com necessidades
educacionais especiais na vida social e educativa. Todos os alunos com
necessidades especiais devem ser matriculados nas escolas regulares, dede
da educação infantil ao ensino superior.” (MANTOAN, 1998; MRECH, 1999).
Percebemos que a questão da inclusão em nosso município requer dos
professores um conhecimento mais profundo, uma vez que educação inclusiva
não é apenas incluir alunos na sala regular. As atitudes de resistência são
respostas de insegurança diante da exigência de mudanças, da necessidade
de substituir o conhecimento pelo novo e desconhecido. Dessa forma para que
haja a inclusão é preciso mais que garantia de vagas impostas por lei, é
necessário que a escola reflita sobre suas concepções, reestruture sua prática
pedagógica.



       A inclusão, ainda, envolve basicamente “uma mudança de atitude face
ao outro: (...) o outro é alguém que é essencial para a nossa constituição como
pessoa e dessa alteridade é que subsistimos, e é dela que emana a Justiça, a
a garantia da vida compartilhada.” (MANTOAN, 2004, p.55).
39


      4.2. Educação inclusiva: o desafio de vencer o preconceito.



      Para Mantoan (2003, p.8), “As escolas inclusivas são instituições abertas
incondicionalmente a todos os alunos.” Elas atendem-se às diferenças sem
qualquer discriminação, trabalhando conjuntamente com todos. Ao analisarmos
se existe algum tipo de preconceito nas escolas e o que é feito para combater
esses preconceitos, notamos algumas oposições na fala de dois professores.
Para o professor A, o preconceito existe, mas é vencido com a participação da
escola:



                      “é muito difícil a aceitação no grupo, com o passar do tempo é que
                      os colegas começam a aceitar. A escola tenta através de palestras
                      amenizarem o problema.” (professor A).




      Para o professor B ha alguns alunos que não tem qualquer tipo de
preconceito, mas quando o preconceito existe, a escola não atua para
combatê-lo “Alguns aceitam normalmente, outros procuram ficar distantes. E a
escola nada faz”. (professor B)



De acordo com as respostas o preconceito existe em tudo que lhe é diferente,
“ser diferente” para algumas vezes causa estranhamento. Citando Hannah
Arendt (Apud, Ferreira, 2003, p.36): “As diferenças entre os homens fazem-se
presentes, mostrando e demonstrando que existem grupos humanos dotados
de especificidades.



      Uma vez analisados os preconceitos existentes para a efetivação
inclusiva, têm-se as principais medidas a serem adotadas para que os alunos
com necessidades educacionais especiais se tornem inclusivas: uma das
medidas principais é a conscientização de educadores, pais e alunos de que os
educandos com Necessidades Educacionais Especiais não vão atrapalhar o
40


processo de ensino-aprendizagem, mas, sim, ajudar construindo sentimentos
de solidariedade e respeito às diferenças.




      4.3 Educação Inclusiva e as questões curriculares



      Quando perguntamos que tipo de adaptação curricular os professores
fizeram para os alunos com necessidades educacionais especiais. Foi
respondido que: “Não se tem muitos recursos, porém tentamos facilitar a
transmissão do conhecimento o melhor possível.” (PROFESSOR B).



      O professor D relatou: “nenhuma adaptação, pois os professores não
disponibilizam de recursos para as necessidades.”.

      O professor E afirmou: “os currículos precisam já serem adaptados pelos
orientadores pedagógicas.

      O professor F diz: “mudanças são difíceis.”.



      Com os questionamentos feitos acerca da adaptação curricular,
silenciava-se a possibilidade de uma formação crítica dos professores em
relação aos recursos adotados pela escola, no qual diz respeito ao tratamento
dado aos alunos com necessidades educacionais especiais. De acordo Orlandi
(1995), o silenciamento significa “por um silêncio” caracterizando processos de
produção de sentidos que são silenciados: “O funcionamento do silêncio atesta
o movimento do discurso que se faz na contradição entre o “um e múltiplo”, o
mesmo e o diferente, entre a paráfrase e a polissemia” (p.17).
41


      Umas das justificativas para esse silenciamento, em direção a uma
discussão sobre adaptação curricular e a inclusão, pode ser o medo das
diferenças e o receio do desconhecido. Algumas respostas sobre a adaptação
curricular, nos mostram uma insatisfação que se refere às dificuldades em se
tratar o assunto por resistência dos professores, por não acharem, que é de
grande importância fazer adaptações necessárias para os alunos com
necessidades educacionais especiais. O silêncio dos professores em relação a
adaptação curricular fica “claro” que existe o medo de enfrentar o “desafio” que
é a inclusão.



      4.4 – A formação para a educação inclusiva: as queixas dos
professores



      O aspecto salientado nas respostas referentes aos desafios enfrentados
pela inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais, referente a
resistência dos professores em efetivarem a inclusão, lembra Carvalho (2004),
“Os professores se consideram despreparados, porque a formação habilitou-se
a trabalhar sob a hegemonia da normalidade.” Alem disso, “a resistência dos
professores está na dificuldade de aceitar,    a diversidade humana,”     como
salienta Oliveira (2003). Convém ressaltar que, para Mantoan (2004), “o
discurso do despreparo profissional”, na verdade mascara o medo de enfrentar
o novo, representado pela inclusão.

      Professor C: “Falta preparação, informação, metodologia, material.”.

      Professor D: “Reorganização        escolar,   formação continuada      dos
professores e a transformação da concepção do que é deficiência.



         É preciso ressaltar que os educadores municipais encontram vários
desafios para trabalharem com alunos com Necessidades Educacionais
Especiais, devido a falta de recursos metodológicos a falta de formação e
informação sobre alunos com Necessidades Educacionais Especiais.
42


Segundo Coll, Marchesi e Palacios (1995, p.105) o olhar do professor é que
guiará o desenvolvimento da criança incluída; acredita-se que a inclusão tem a
ver com a postura que o professor assume frente ao que lhe é estranho,
desconhecido, no caso das crianças com Necessidades Educacionais
Especiais, isso irá depender de como o educador percebe a diferença do outro.
De acordo com as respostas de todos os educadores e a analise feita,
sugerimos que a principal barreira à inclusão encontra-se na percepção dos
professores de que as crianças especiais são diferentes e de que a tarefa de
educá-los requer um conhecimento e uma experiência especial, um
treinamento especial. Contudo, a atitude e a percepção do professor
apresentam o maior, único e significativo obstáculo à inclusão.
43




                         CONSIDERAÇÕES FINAIS



           Ao término deste trabalho pôde-se considerar e refletir quanto às
propostas educacionais que garantem “educação para todos” nesse processo
chamado inclusão, e se realmente acontecem nas escolas de ensino regular de
nosso município. Compreende-se que educação é essencial para o
desenvolvimento de qualquer cidadão, e que incluir é fundamental para esses
alunos com necessidades especiais para garantir o seu crescimento, mas não
esquecendo que a inclusão só é possível quando há educadores envolvidos e
comprometidos com a educação, Sassaki (1997), diz que, “A construção de um
novo tipo de sociedade se dá através de transformações nos ambientes físicos
e na mentalidade de todas as pessoas assim como das pessoas “diferentes”.



        Com isso, a inclusão tornou-se alvo de discussões e inquietações de
educadores que procuram soluções às dificuldades e avaliam a contribuição da
inclusão, pois deixar o aluno em sala regular e não atender o que realmente ele
necessita, não é inclusão. As dificuldades existem e ficam bem claras quando
observadas de forma crítica. Entre estas dificuldades estão: a falta de infra-
estrutura das escolas, o despreparo e o desinteresse de alguns educadores
que não se sentem capazes frente a esse novo desafio, mas que também,
muitas vezes não buscam meios para que isso aconteça.
44


         As pessoas com necessidades educacionais especiais possuem uma
longa e árdua experiência de inclusão, traduzida em limitações na aceitação
social, dificuldades no convívio e usufruto de seus direitos. É impossível apagar
essa história de inclusão e lamentar que até pouco tempo nada se fazia.



          É bom acreditar que já existem educadores que anseiam por uma
educação efetivamente comprometida com a cidadania e com a formação de
mentalidade não excludente e que saiba conviver com a diversidade. Porque
alem de uma escola inclusiva precisamos de um mundo inclusivo. Um mundo
no qual todos devem ter acesso às oportunidades de ser e estar na sociedade
de forma participativa, onde a relação entre o acesso às oportunidades e as
características individuais não seja marcada por interesses econômicos.



         Este estudo nos trouxe contribuições especiais para nossa formação,
nos permitiu olhar a “diferença” de um modo “diferente”, compreendendo que o
aluno com necessidades educacionais especiais também é pessoa com
inteligência, capaz de aprender, entender e conviver com todos nós.



          A inclusão pode beneficiar não só o incluído, mas a todos, por isso
acreditamos que este estudo não se encerra aqui, ele traz subsídios muito
importantes para os educadores e toda a sociedade, pois nesse tema existem
vertentes que podem ser pesquisadores, visto que, o processo da inclusão de
crianças com Necessidades Educacionais Especiais é algo contínuo.
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                    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS




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  • 1. 8 INTRODUÇÃO O presente trabalho procura, dentro de uma perspectiva de sensibilização, responder uma necessidade que tem vindo a sentir-se campo da Educação especial. As necessidades sociais, a opinião pública, a carência de estruturas, a restrita produção legislativa e documental, vêm comprometendo mais educação especial, apesar de verificarem já algumas realizações que requerem a continuidade e aceitação desses seres humanos ditos “diferentes” com necessidades especiais na sociedade, e no ensino regular. Na sociedade atual temos cada vez mais de aprofundar valores e atitudes compatíveis com os Direitos Humanos e promover reflexões entusiásticas sobre o transcender potencial humano das pessoas “diferentes”, até porque em sentido lato, todos os seres humanos são portadores de limitações e dificuldades, não esquecendo que poderíamos ter nascido “diferentes” podemos ainda ser feitos “deficientes” ou tornarmo-nos “diferentes”. Muitas condições tem sido criadoras de dificuldades, preconceitos e barreiras em nossa sociedade. Dentre alas destacam-se o fato do ser “diferente”. Essa pesquisa mostra a resistência de pais, educadores e a sociedade frente ao “diferente”, o medo e o preconceito.3w Este trabalho está estruturado da seguinte forma: No primeiro capitulo faz-se um relato sobre o comportamento aprendido, desde as civilizações antigas (primitivas) até hoje. Qual a reação dos familiares ao saber da deficiência da criança e o papel da educação para combater o preconceito. Com embasamento de alguns autores como: Bueno (1993), Cruz (2003), Sassaki (1997), Correia (1999) e outros. No segundo capitulo fala-se da problemática da deficiência, justamente com as leis da diversidade e as muitas faces da inclusão, onde, contamos a historia da educação inclusiva e a entrada dos “deficientes” na escola, serviram como referencias: Moreira (1997), Bueno (1993), Fonseca (1995), Kassar (1998), Sanfelise (1989). No terceiro capitulo é explanada a metodologia, dando ênfase a pesquisa qualitativa para a realização desse trabalho. Os dados foram organizados com base em questionários e observações. No quarto capitulo fizemos a análise e interpretação dos dados conseguidos fundamentados com autores citados.
  • 2. 9 Nas considerações finais, verificamos se de fato os objetivos propostos foram alcançados, contudo percebemos que esta pesquisa não encerra a problemática aqui citada, salientamos que cada tópico aqui desenvolvido serve de interesse pra deixar a certeza de que algo ainda pode ser feito para tornar a inclusão dos alunos com necessidades educacionais Especiais nas escolas regular de ensino uma prática efetiva.
  • 3. 10 CAPITULO I APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA Educação especial atende a todas as crianças ou jovens que, quer por deficiência física, sensorial ou mental, ou por problemas cognitivos e de aprendizagem não conseguem acompanhar o ensino regular e por isso tem que ter uma “Educação Especial” sendo colocados em classes que atendam as crianças com necessidades educacionais especiais. Segundo Bueno (1993) existe pais e educadores que pensam que as crianças com deficiências físicas, sensorial, mental devem freqüentar instituições especializadas, contudo tem sido comprovado que as crianças em contexto escolar regular também desenvolvem capacidades para o seu desenvolvimento social. No entanto, não podemos esquecer que a freqüência da escola regular ou da instituição vai depender do grau da deficiência, dado a escassez de meios físicos e de pessoal especializado na escola para lidar com certas situações. Porém, é freqüente, mas errado pensar que os alunos com necessidades educacionais especiais são apenas os que têm deficiências sensoriais (visão, audição), motora ou mental. A necessidade Educacional abrange todos os alunos que apresentam problemas educativos de caráter prolongado e graves dificuldades a nível escolar (CRUZ, 2003 p. 3). È preciso salientar que, socialmente a forma de tratar as pessoas com necessidades educacionais especiais tem apresentado mudanças. É preciso e necessário aprender a conviver com o diferente respeitando e valorizando as diferenças. E, para que haja alteração desse “olhar” é necessário que os educadores trabalhem nas escolas, onde a informação deve ser constante, uma vez que existe uma grande desinformação ou informação equivocada sobre os direitos e potencialidades das pessoas ditas diferentes.
  • 4. 11 Mesmo depois da promulgação da Declaração de Salamanca, 1994, que prevê “Igualdade de condições para o acesso e a permanência na escola”, alguns diretores e professores acreditam que estudantes com necessidades não conseguem aprender e, em classe, devem apenas brincar e passar o tempo. Há ainda, pais que não aceitam os filhos se relacionando com crianças diferentes, Pois acham que isso baixa a qualidade de ensino. Outros acreditam que a diferença é doença e que os “diferentes” devem ser evitados. Além de enfrentar a pressão da família dos alunos, muitos dos educadores têm que aprender a lidar com o próprio preconceito. Isso deveria ser trabalhado desde a formação inicial. Se a inclusão é garantida por lei, como podem os educadores não preparados receberem essas crianças? A dificuldade de aceitar aquilo que aparentemente foge do que é comum, é a origem do preconceito. As pessoas temem o que não conhecem. Hoje, existem muitos brasileiros comprometidos com a conscientização e o combate ao preconceito. São pessoas que, por exemplo, lutam por escolas com rampas, que permitam o acesso aos alunos que usam cadeiras de rodas e estacionam ao lado das bicicletas dos colegas; e ainda na ponta dos dedos, as crianças cegas exploram o mundo da escrita; na aula para todos, não existem só lápis e caneta. Mais do que isso, eles trabalham por escolas que possibilitem as crianças com necessidades educacionais especiais o sonho de ir mais além na vida. Os professores também são aliados na inclusão, quando tem informação e respeitam o direito das crianças com qualquer deficiência física, sensorial, motora ou intelectual. De acordo com Sassaki (1997), no Brasil, o movimento de integração assumiu características especificas marcadas, essencialmente, pela ampliação das classes especiais, onde as crianças com deficiências freqüentavam as escolas, porém, em classes separadas.
  • 5. 12 Assim, a possibilidade de integração se restringia á capacidade de as pessoas com deficiência superar as barreiras físicas, arquitetônicas e as atitudes da sociedade. Neste caso, a normalização é transferida do meio à criança, ou seja, para que as crianças com necessidades educacionais especiais (deficiências) pudessem conviver com os demais em meio “normal”, elas deveriam se “normalizar” o máximo possível. Correia (1999), pesquisador português, esclarece que a integração teve seu marco com a Public Law – Ato da educação para todas as crianças portadoras de Deficiências promulgadas nos Estados Unidos em 1975. A lei obrigava as instituições a melhorar o sistema educativo, criando estruturas que pudessem oferecer às crianças com deficiência uma educação em ambiente menos restritivo possível, isto é, uma educação em meio “normal”. Mas, quando falamos em inclusão, é importante lembrar que inclusão, não é apenas o simples acesso de crianças com deficiências em classes regulares, pois, muitas vezes, ainda que freqüentem classes “normais”, elas podem se sentir excluídas. Inclusão é à inserção da pessoa com deficiência na vida social e educativa. Todos os alunos devem ser incluídos nas escolas regulares, em todos os seus níveis, da educação infantil ao ensino superior. (MANTOAN, 1998; MRECH, 1999). Apesar da diferença entre indicadores pelos critérios usados por uma ou por outra instituição dá para imaginar que ainda são muitos os excluídos das salas de aula regulares, 179% foi o crescimento do numero de escolas inclusivas, levantamento realizado pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Educacionais) no ano de 2007, Estes índices revelam avanços visíveis, já eram muitas crianças matriculadas com necessidades educacionais especiais em escolas regulares nos pais.
  • 6. 13 No entanto, o preconceito e a falta de conhecimento nas leis deixam um contingente deles fora da rede regular de ensino. O pouco preparo dos educadores para atendê-los ou o pouco apoio dado a esses profissionais fazem com que, em alguns casos o direito de estudar seja exercido pela metade; muitos ainda acham que a escola para quem necessita de atendimentos especiais é espaço só para recreação. Se fosse assim, o que lá fariam crianças com deficiência múltipla (como os surdos – cegos)? Nada? Errado. É pelo perfume, pelo calor dos raios do sol e pelo toque dos colegas e das plantas que elas conhecem o que o cercam e ocupam lugar de direito. Assim além de conviver com os colegas, elas também aprendem. (MANTOAN, 2002 p.85). Cada necessidade requer estratégias e materiais específicos e diversificados. Porem é preciso reconhecer que cada criança aprende de forma e ritmo diferente. Respeitar a diversidade significa dar oportunidade para todos aprenderem os mesmos conteúdos, fazendo as adaptações necessárias. “A inteligência é uma característica da espécie humana e está sempre apta a se atualizar”. (MANTOAN, 2002, p.86). Bem sabemos que a educação especial vem passando por várias mudanças e essas mudanças se devem ao desempenho de profissionais dedicados e comprometidos com a sociedade. As discussões a esse respeito vêm crescendo dia-a-dia e tem despertado a atenção da sociedade e dos educadores; já que como cidadãos as crianças com necessidades Educacionais especiais merecem respeito. Mas, que para que isso aconteça se faz necessário que a sociedade rompa com as barreiras do preconceito, do desrespeito, dos equívocos e das injustiças. Vigotsky (1995) considera o meio como características que definem a constituição humana. Segundo ele, organismo e meio exercem influências recíprocas, portanto, o biológico e o social são indissociáveis. Nessa
  • 7. 14 perspectiva, pode-se dizer que é através das relações e interações sociais que o homem pode ser transformado à medida que transforma o meio em que vive. Cabe então a sociedade proporcionar às crianças com necessidades especiais o direito de aprender e reaprender novas atitudes e competições, através da educação e da reabilitação. Para que isso aconteça não basta apenas dar atenção aos que precisam de cuidados especiais, mas sim, proporcionar-lhes a direito fundamental de aumentarem seu potencial e habilidades. Não podemos esquecer que as crianças com necessidades especiais não estão em uma condição fixa que seja irreversível ou que lhes tornem incapazes de aumentar seus potenciais de interação com a sociedade. A nossa consciência social deve estar voltada para a desconstrução de certos preconceitos, pois alguns pais acham que a presença de algo diferente possa modificar o nosso olhar em relação ao outro e com isso favorecer o preconceito e a discriminação. Essa desconstrução “autoritária” deve beneficiar o respeito à dignidade e à valorização humana. As pessoas com necessidades especiais, ao longo dos anos, foram atendidas de maneiras diferentes, bem como, os conceitos de inteligência passaram por perspectivas diversas. Segundo Dorian (2002) “A discriminação surge da necessidade que temos de qualificar as coisas e os indivíduos dentro do que é socialmente considerado normal.” Esses pais não aceitavam a noticia de que seu filho (a) seja portador (a) de necessidades especiais. Isto demonstra que “a resistência as pessoas especiais (deficientes) é fruto da falta de informação. Portanto, não são apenas as escolas regulares que necessitam de mudanças, a sociedade também pode e deve mudar (ajustar-se) aos novos desafios da inclusão. O professor doutor Antonio S. Clemente Filho, um dos fundadores da APAE de São Paulo, defende a necessidade da participação ativa da comunidade para ampliação dos serviços prestada à população com
  • 8. 15 deficiência, pois segundo ele, no Brasil, uma imensa parcela dessas pessoas continua sem acesso aos serviços técnicos especializados tanto na área da saúde quanto da educação. Para ele, a paixão e o compromisso comunitário pela causa da deficiência têm sido força mobilizadora do movimento em prol da Inclusão Social. (RAIÇA, 2006) Argumenta Bueno (2004, p.19) que “a luta pela extensão e qualificação da escola pública deve ser defendida por todos, pois beneficiará todas as crianças que de alguma forma são tocadas pela exclusão.” A escola, portanto, é um local em que é necessário combater o preconceito e a exclusão. A criança portadora de necessidades educacionais especiais necessita de educadores que possam fortalecer sua confiança e essa confiança representa conquista progressiva e que se manifesta passo a passo. Alguns pais acham que “a escola inclusiva anda para trás, porque o ensino piora com a presença de alunos com diferença.” (PALACIO, 2006. p. 36). Mas, como vivemos num mundo em que todos querem competir para terem sucesso, talvez andar para trás, no sentido de diminuir um pouco esse compasso frenético, seja positivo. Palacio, (2006) diz que normalmente, quando o sinal na hora da saída toca, todos correm em direção a porta da sala de aula. Se há um colega em cadeira de rodas, porém, eles aprendem a esperar, à ajudá-lo e a acompanhá-lo. A inclusão ensina a tolerância para todos que estão diariamente na escola e na comunidade. Doriam, (1998), diz que a chegada de crianças com necessidades educacionais especiais está provocando uma grande reflexão. Por isso, os especialistas afirmam que a inclusão é uma revolução silenciosa. Para que ela aconteça, no entanto, toda equipe deve pensar em conjunto.
  • 9. 16 A idéia precisa estar incluída na proposta pedagógica e levar a todos a conhecer melhor o assunto. Quando não há informação, se torna angustiante para o educador receber este aluno e lidar com ele. O trabalho em equipe leva todos os educadores e funcionários a desempenhar de maneira eficiente seu papel nessa área. Alguns pais de crianças portadores de necessidades educacionais especiais, dizem que seus filhos já sofreram desrespeito nas escolas ou na comunidade onde vivem. Por isso, os educadores e a comunidade precisam adotar posturas conscientes e coerentes com seu papel de formadores. “Quem pode dizer onde termina as possibilidades de aprendizagem de quem tem deficiência? Só com as portas da escola abertas e que podemos saber. Por isso ela é tão importante?” (DORIAN, 1998, p.38). Segundo Bueno, (1993), já algum tempo tem se ouvido falar de educação Especial e de necessidades educativas especiais, mas, será que na realidade se sabe do que está a falar? Durante muito tempo viveu-se a exclusão escolar das crianças com necessidades educacionais especiais na nossa sociedade. Quando se tratava de deficiências sérias, as crianças eram inseridas em escolas especiais, como as instituições privadas do gênero, quando haviam apoio por parte da segurança social ou boas condições financeiras da famílias. Com o passar dos anos e a latente necessidade de instruir todas as crianças em ambiente escolar inclusivo, surge a Educação especial nas escolas regulares, baseada no tema “Escola para todos.” (BUENO, 1993, p.03). Nessa direção a inclusão desafia o educador, que precisa educar alunos fundamentalmente diferentes num mesmo espaço, qual seja a escola regular. Isso vem exigindo que o docente seja capaz de atuar em ambientes diversos e com uma população cuja característica maior é a heterogeneidade. Apesar dos avanços percebidos em relação ao processo inclusivo, este ainda não representa um consenso, suscitando reações e posicionamentos diversos e, por vezes, contraditórios, que evidenciam a dificuldade histórica, da
  • 10. 17 escola e dos professores em compreender e lidar com que é diferente, estranhos padrões estabelecidos como “normais” (o que não é comum). A complexibilidade gerada pela realidade inclusiva confronta o docente com situações, cuja formação inicial não lhe deu condição de antever. Por isso vigora o discurso, entre uma parcela de educadores, de que não são capazes de trabalhar com alunos com necessidades educacionais especiais, pois não foram preparados. Diante desse cenário, passamos a nos indagar como os educadores que atuam nas séries iniciais do Ensino Fundamental do município de Senhor do Bonfim compreendem a inserção do aluno com necessidades especiais nas classes comuns da escola regular? Neste sentido, o objetivo deste trabalho é identificar como os educadores compreendem a inserção do aluno com necessidades especiais nas classes comuns da escola regular.
  • 11. 18 CAPITULO II FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 - A história da educação inclusiva Há alguns anos raramente falava-se de inclusão. Somente depois de promulgada a lei nº 9394 – que estabelece as diretrizes e Bases da Educação nacional, é que esse assunto tomou destaque especial, definindo as formas e estruturas de educação Especial na rede regular de ensino. Depois é que a sociedade descobriu que alunos com necessidades especiais também eram Educandos, e, por isso deveriam ser incluídas, na escola regular para serem educados. Todavia, cabe destacar, que a idéia de inclusão não pode ser apenas um capitulo da lei. Ela é muito mais do que isso, ela reflete um novo paradigma educacional que busca mudar as formas de pensar a educação brasileira. Desde os tempos primórdios, que se têm como verdadeiro valor social o culto ao perfeito, à busca ao belo. Até o século XV, as crianças que nasciam com alguma deficiência eram consideradas deformadas e jogadas nos esgotos da Antiga Roma; não tinham direito à vida. Esses indivíduos eram tidos como “castigos” (maldição), por isso eram banidos da sociedade. Na Idade Média as pessoas com deficiência não eram mais sacrificadas ou mortas, porém, continuavam banidas de qualquer convívio social. Por influencia da igreja, eram consideradas produto do pecado e do demônio. Na Idade Moderna, foram criadas instituições para cuidar e abrigar as pessoas com deficiências nas quais elas eram trancafiadas. Eram os asilos, conventos ou albergues. (MOREIRA, 1997, CASTRO, 1999)
  • 12. 19 Segundo Bueno (1993) a história da educação especial considera o século XVI como a época em que se iniciou a educação das pessoas com necessidades especiais, através de educação da criança surda. Somente a partir do século XIX, as pessoas com deficiência passam a, gradativamente, serem vistas como cidadãs, mas ainda sob uma visão caritativa e assistencialista. Nesta época de grandes descobertas no campo da medicina, biologia e saúde, passou-se a estudar mais sobre as pessoas com deficiência de modo a procurar respostas para seus problemas, tais como: classificação das doenças e quadros clínicos (demências, loucura, síndromes). Nesse período, Louis Braille criou o método da leitura e escrita para pessoas cegas. Entre 1870 e 1880 veio a tona a psicanálise como os estudos de Freud no sentido de contribuir para a compreensão das doenças e dos distúrbios mentais. (CAUZ E IACONO, 2006). Em 1897 Maria Montessori iniciou um trabalho baseado no ensino e treinamento dos músculos e dos sentidos que reverteu em conhecimento sobre a educação da criança com deficiências. Com o decorrer do tempo foram surgindo escolas especiais e centros de reabilitação. No Brasil, o Instituto Benjamim Constant, em 1854, foi criado pelo Imperador D. Pedro II, sendo a primeira Instituição de Educação Especial da America Latina. Segundo Mendes (2001) “A Educação Especial no Brasil, que se tornou oficializada a partir da década de 70, tem desde seu início, um discurso intensamente marcado pela filosofia da normalização e integração”. (CAUZ E IACONO, 2006) Em 1942 já havia no país, quarenta escolas públicas regulares que prestavam algum tipo de atendimento a alunos com deficiência mental e quatorze que atendiam alunos com outras necessidades especiais. Pouco a pouco, e graças à dedicação de instituições como a AACD (Associação de Assistência à Criança Defeituosa, hoje Associação de Assistência à Criança Deficiente) e a APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) que foi criada em 1954 a questão das necessidades especiais saiu do ângulo da
  • 13. 20 saúde e passou a ser também do âmbito educacional. Em 1986, e expressão “alunos excepcionais” foi substituída por “alunos portadores de necessidades especiais” e então a prática da inclusão social se intensificou. (CAUZ E IACONO, 2006). Mas, só agora durante o século XXI é que houve uma “aceitação” de que os seres humanos são essencialmente diferentes e que essas diferenças não devem servir de desculpas para a sociedade estabelecer hierarquias entre melhores e piores, certos e errados. Um aluno com Necessidades Especiais é certamente diferente do outro e possui ritmo diferente de aprendizagem, circunstância, entretanto, que não o exclui de aprender. A meta essencial de educação inclusiva é conseguir que essas crianças ditas diferentes consigam juntos com as outras uma socialização, de uma aprendizagem que deve ser desenvolvida para a prática, possibilitando uma convivência saudável e sem preconceitos pela sociedade. E para que essa meta se concretize, é preciso que os educadores acreditem na educação inclusiva, não apenas como um “trabalho”, mas como um novo desafio que a vida lhes proporciona. O direito de igualdades de oportunidades educacionais é o resultado de uma luta histórica dos “militantes” dos direitos humanos, luta que implica a obrigatoriedade do Estado em garantir gratuitamente unidades de ensino para todas as crianças, que sejam ou não deficientes. Fonseca (1995, p. 09) fala que o “Deficiente é uma pessoa com direitos. Existe, sente , pensa e cria. Tem uma limitação corporal ou mental, mas nem por isso deixa de ser uma pessoa com direitos e saberes tão válidos como os de uma pessoa dita normal.” O deficiente pode não ver, mas não tem dificuldade em orientar-se ou em fazer música, não ouve, mas escreve poesias. Não aprende matérias escolares, mas pode ser bom em uma atividade profissional. Não se pode privar uma criança com necessidades educacionais especiais de uma experiência real, pois toda experiência é válida
  • 14. 21 para ela. Cabe aos educadores a estimulação adequada para o seu ajustamento na sociedade e na escola. (FONSECA, 1995, p.09) 2.2 - A entrada do “deficiente” na escola Uma das situações mais críticas da vida de uma criança com necessidade educacional especial é a entrada na escola, isto é, o desligamento entre o envolvimento familiar e o social. Daí a importância da criança entrar na escola o mais cedo possível. Outro período crítico é a adolescência. Nesta fase os valores sociais e as aspirações se chocam, pois o adolescente não esta preparado para enfrentar situação onde a sociedade o olha com preconceito e desprezo. Entre seus estudos sobre a personalidade Fonseca (1995) afirma que o problema psicológico das crianças com necessidades educacionais especiais que mais tem sido investigado envolve: alto conhecimento, ansiedade, fuga, crises de identificação. São traços que variam de criança para criança conforme o meio social. A sensação de “inadequado”, “inútil”, “fraco” é inevitável; só deve ser minimizada por um envolvimento efetivo e sócio educacional coerente e realista. As crenças que giram em volta de noção de normalidade têm de ser debatidas, pois geram confusão e adiam a resolução dos problemas. Temos, que reconhecer que o ”normal” em conduta social é o luxo biológico ou social. O conceito de “normal’ não pode reduzir-se a um sentido biológico, ele tem que incluir um conceito de realização no sentido social. “O normal” envolve valores éticos que são inerentes a padrões culturais diversificados” (FONSECA, 1995, p.10).
  • 15. 22 2.3 - As leis sobre a diversidade. A inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais nas escolas regulares, ainda não é uma regularidade vivida em muitas escolas do município de Senhor do Bonfim. A legislação que fundamenta a educação inclusiva é bastante completa no Brasil, mas na maioria das vezes sua realização não é garantida. A constituição federal de 1998, em artigo 60, descreve a educação como direito social a todo brasileiro e no artigo 206 I garante a igualdade de condições para o acesso e permanência na escola e o artigo 208 III garante o atendimento educacional especializado aos portadores de necessidades educacionais especiais preferencialmente na rede regular de ensino. A ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente, 1990), em seu artigo 5º, garante os direitos constitucionais fundamentais da criança e do adolescente, dentre os quais estão o de ser atendida em igualdade de direitos, sem discriminação por demonstrar necessidades especiais. A LDB (Lei de Diretrizes e bases da Educação, 9394/96) em seu capitulo V, que se refere à educação especial afirma, em seu artigo 58, que por educação especial por efeito dessa lei, a modalidade escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais no inciso I, afirma que haverá, quando necessário serviço de apoio especializado, na escola regular para atender as peculiaridades da clientela da educação especial. A legislação Brasileira garante o direito da criança com necessidades especial ser matriculada em uma escola regular, convivendo com outras
  • 16. 23 crianças para que haja uma socialização, prevê, alem disso, o atendimento especializado a crianças com Necessidades educacionais especiais. Esse atendimento deve ser oferecido preferencialmente, no ensino regular e tem o nome de educação especial. A denominação é confundida com escolarização especial. Esta ocorre quando a criança freqüenta apenas classe ou escola que recebe só quem tem deficiência. Várias leis e documentos internacionais estabelecem os direitos das pessoas com deficiências em nosso país. Eis um levantamento cronológico dos principais instrumentos: 1988 – Constituição da República Federativa do Brasil – prevê o pleno desenvolvimento dos cidadãos sem preconceito de origem, raça, sexo, idade e quaisquer outras formas de discriminação. 1989 – lei nº 7.853/89 - define como crime recusar, suspender, adiar matricula de estudantes com necessidades educacionais especiais. 1990 – ECA – Garante o direito à igualdade de condições para o acesso e permanência na escola, sendo o ensino fundamental obrigatório e gratuito. 1994 – Declaração de Salamanca – diz que devem receber atendimento especializado crianças excluídas da escola por motivos como trabalho infantil e abuso sexual. 2000 – Leis nº 10.048 e nº 10.098 garantem: - atendimento prioritário as pessoas com necessidades especiais nos locais públicos, e; - normas sobre a acessibilidade e define como barreiras obstáculos nas vias e no interior dos edifícios.
  • 17. 24 2001 – Decreto nº 3.956 (Convenção de Guatemala) – deixa claro a impossibilidade de tratamento desigual com base na deficiência. Quem é acometido por necessidades educacionais especiais é capaz de muitas coisas, como ler, escrever, fazer contas, brincar e até ser independente. Se a criança for estimulada a descobrir seu potencial, as dificuldades deixam de persistir em tudo que ele faz. Essas crianças precisam de novos desafios para aprender a viver cada vez com mais autonomia. E não há lugar melhor como a escola para isso. A educação especial tem sido vista como qualitativamente diferente da educação. Podemos mesmo dizer que parecem existir dois tipos de educação: educação e a educação especial. Essa distinção parece tão obvia que podemos percebê-la simplesmente observando alguns aspectos como: a existências de cursos específicos para a formação de professores, ou cursos de nível de pós-graduação que tratam especialmente da questão educação especial. Geralmente, os trabalhos publicados, fazem referencia a educação especial ou a educação de modo geral “ignorando-se praticamente que a educação especial faz parte desta”. (KASSAR, 1998, p.15). Na intenção de propor uma questão, gostaríamos de comentar alguns pontos de vista a respeito da aparente desligação entre o “especial” e o comum. Primeiramente, vemos na existência do “especial” o resultado da especificação e da especialização, característica do complexo desenvolvimento social e escolar. No caso da escola coma expansão da rede pública nos últimos anos, procuram solucionar os desafios enfrentados pela inclusão dessas crianças na rede regular de ensino. Nessa perspectiva, precisamos buscar novas propostas de diagnósticos e repensar a prática pedagógica com os alunos com necessidades educacionais especiais. Dessa forma o “especial” acaba sendo analisado como uma questão que encontra um fim em si mesmo, ou melhor: as questões “especiais” são
  • 18. 25 analisadas somente dentro do seu próprio contexto, como se estas se auto- explicarem. A adaptação do pensamento crítico, no discurso dos educadores da atualidade, faz com que se construam críticas ao reducionismo das análises, abordando o problema da educação especial de forma abrangente. Alguns trabalhos em educação especial, sem esquecer sua especificidade, têm buscado seu lugar de discussão no contexto mais amplo da educação brasileira, hoje temos um questionamento em torno do termo especial, pois todas as crianças são especiais independentes de terem deficiência ou não, como exemplo, temos Jannuzzi (1985), Ferreira (1993), Anache (1991), Bueno (1992) entre outros. A discussão mais recente sobre educação especial permite-nos ver que o processo de inclusão dos alunos com necessidades de educacionais especiais na rede pública serve como um meio de assegurar a estabilidade especial. Com a expansão da rede pública escolar “ocasionada por necessidades de uns ou conquista de outras” (SANFELISE, 1989, p. 30), presenciamos o ingresso de parte da população que anteriormente não tinha acesso a ela. Vários autores como Ribeiro (1979) ou Ramanelli (1989) mostram-nos que, a partir da década de 1930, com o desenvolvimento industrial no Brasil, vão ocorrer mudanças na caracterização da distribuição demográfica. De uma população rural, passamos ao crescimento dos grandes centros urbanos, tornando assim, mais evidente, o problema do analfabetismo, o que pressiona o aumento quantitativo das escolas públicas. Com a ampliação e a diversificação surgiu o problema referente as dificuldades de aprendizagem por parte, (...) principalmente daqueles (alunos) pertencentes a uma classe social menos favorecidas. (ANACHE, 1991).
  • 19. 26 Anache (1991) confirma que 76% das crianças freqüentadoras das classes especiais são de famílias de nível socioeconômico baixo. Diante desse quadro, podemos dizer que os problemas das desigualdades sociais acabam sendo “camufladas” pela separação do “especial” (FERREIRA, 1993, p. 44). 2.4 – O que é ser “especial” ou “diferente”? De acordo com Bueno (1989) especial significa peculiar, próprio, excelente, exclusivo. Crianças “especiais! São aquelas que possuem ritmos próprios e exclusivos. Segundo Ferreira (1993, p.69) a existência do “especial” dentro da escola acaba por formalizar e fortalecer essas desigualdades, pois a “deficiência pode ser um fenômeno que se cria na escola, mas a diferença que é social, antecede a escolarização e a segue.” Conforme Vygotsky (1997), a criança com deficiência percorre caminhos que surgem pela necessidade do enfrentamento de obstáculos. Estes são desvios elaborados a partir de estímulos do ambiente e surgem quando não é possível realizar algo pelo caminho direto. Por isso, o meio social tem papel fundamental no desenvolvimento da criança com Necessidade Especial, como dizia Vygotsky (1997) que o ser humano tem a tendência natural de buscar a perfeição, mas que esse percurso pode tornar-se uma busca por superioridade, como compensação por sentimentos de inferioridade. Ainda, afirma Vygotsky (1997) que, o universo da Educação Especial é de tal forma abrangente que, é por essa razão que o tema se apresenta extremamente complexo. Qualquer definição de educação especial ou de ser
  • 20. 27 uma criança especial terá sempre limitações impostas pelo ambiente cultural, social e histórico. Por essas razões, dizer o que é ou o que não é “especial” ou “diferente” não é fácil. É comum afirmar que ser “especial” ou “diferente” é todo aquele que não se enquadra as normas sociais estabelecidas pela sociedade. (BIANCHETTI, LUCIDIO, 1992.) Segundo a LDB (Lei de Direito e Bases da Educação Nacional) percebemos que os alunos com Necessidade especial são alunos que possuem exigência incomuns, diferentes de outros alunos. E em razões dessas particularidades, eles precisam de recursos pedagógicos e metodológicos próprios. Essa mesma lei determina que todos os alunos com necessidade especial devem ter direito em atendimento educacional especializado e, preferencialmente, sua aprendizagem em classe regular. Segundo Francois Jacob” A liberdade foi inventada porque os humanos não são idênticos. Se fôssemos todos gêmeos, esta noção de igualdade, que revela da moral e da política, não teria nenhum sentido. O que lhe dá seu valor e importância é que os indivíduos são diferentes. E é a diferença que faz o sal da vida e a riqueza da humanidade.” (Francois Jacob, 2003, p.35). 2.5 – Uma escola sem barreiras. Quando a educação começou a se uniformizar no Brasil, na primeira metade do século 20, crianças com deficiências ainda eram tratadas como caso de saúde. Estavam fora da escola, que foram construídas para as crianças ditas “normais” e não levavam em consideração as crianças com Necessidades Educacionais Especiais. Atualmente houve uma transformação no espaço físico das escolas, mas adequar apenas escolas, porem, não basta. As mudanças necessárias são maiores do que as instalações de rampas.
  • 21. 28 Elevadores e banheiros adaptados. Elas precisam chegar á sala de aula, onde muitas atitudes são mais bem-vindas do que grandes reformas. O objetivo de tal reforma é garantir o acesso e a participação de todas as crianças em todas as possibilidades de oportunidades oferecidas pela escola e impedir a segregação e o isolamento. Essa escola tem que ser planejada para beneficiar a todos os alunos, incluindo aqueles pertencentes a minorias lingüísticas e éticos, aqueles com deficiência ou dificuldades de aprendizagem, aqueles que se ausentam constantemente das aulas e aqueles que estão sob o risco de exclusão. (MITTLER, 2003, p.25) O modelo da Educação Inclusiva, nomeadamente pela inclusão de alunos com condições de deficiências na escola regular, origina novos desafios para a formação de professores. Já não se trata de formar professores. Para alunos que são educados num modelo segredo (separado), mas, sim professores que são capazes de trabalhar com turmas heterogenias. Para isso é necessária um novo olhar sobre os sabores, as competências e as atitudes que são necessárias para se trabalhar com classes inclusivas. “A importância da inovação e a valorização da diferença são partes essenciais da formação de professores.” (ALONSO, 2008 p.16). A formação de professores encontra-se, hoje, em profundas mudanças tanto do ponto de vista de conceitos e valores como de praticas. Espera-se que professor (a) seja completamente num largo aspecto de domínios que vão desde o conhecimento científico do que ensina e suas aplicações psicopedagógica, bem como a metodologia do ensino, animação de grupos atenção a diversidade etc. (ALONSO, 2008) Para Peter Mittler (2003) uma coisa é clara: as escolas e o sistema educacional não questionam de modo isolado. O que aconteceu nas escolas é um reflexo da sociedade em que elas funcionam. Os valores, as crenças e as prioridades da sociedade permearam a vida e o trabalho nas escolas e não passarão nos seus portões.
  • 22. 29 Uma escola sem barreiras é aquela em que todos que trabalham possuem a mesma gama de crenças e atitudes, não possuem preconceitos e que trabalham com qualquer grupo de pessoas normais e diferentes, também são aqueles que administram o sistema educacional como um todo, incluindo diretores, administradores e todo o corpo docente. (MITTLER, 1999, p. 24) 2.6 – Educação especial rumo a inclusão De acordo com Mrech (1998 p.37), educação inclusiva é: O processo de inclusão dos portadores de necessidades educacionais especiais ou de distúrbios de aprendizagem da rede comum de ensino em todos os seus níveis, da pré-escola até ao quarto grau. Na escola inclusiva o processo educativo é entendido como um processo social. Ela se apresenta como a vanguarda do processo educacional. Para Mills(1999), o principio que rege a educação inclusiva é de que todos devem aprender juntos, sempre que possível, levando-se em consideração suas dificuldades e diferenças, em classes heterogêneas. A escola inclusiva educa todos os alunos na rede regular de ensino, proporciona programas educacionais apropriados às necessidades dos alunos e prevê apoio para que seu aluno tenha sucesso na integração. Então, falar de educação inclusiva é falar da inclusão na sociedade e também falar do direito da cidadania de todas as crianças. Para que as escolas aceitem essas crianças com necessidades educacionais especiais em classes regulares, é preciso que os profissionais da educação acreditem que é possível e aceite que essa possibilidade seja real.
  • 23. 30 É preciso também que os educadores vejam a inclusão desses alunos na escola regular, como um papel fundamental para se atingir a inclusão social. Supõe-se que é o sistema educacional como um todo que assume a responsabilidade de educação e não uma parte dele, a Educação Especial (MOSQUERA, 2006). Porém, o papel da educação especial, a cada ano, assume maior importância dentro da perspectiva de atender às exigência da sociedade em desenvolvimento em busca da democracia, que só será alcançada quando todas as pessoas, sem discriminação, preconceito, tiverem acesso à informação de sua plena cidadania. Segundo Fortunado (1997), “A modificação da realidade socialmente construída pelos homens só pode se efetivar a partir de uma visão critica.” O processo da educação especial rumo a educação inclusiva pode significar uma verdadeira revolução educacional e envolve o descortinar de uma escola eficiente, diferente, aberta, comunitária, solidaria e democrática onde a diversidade leva-nos a ultrapassar o limite da integração e alcançar a inclusão. (MOSQUERA, 2006). 2.7 – A educação inclusiva como um direito de todos. A partir das propostas de educação para todos passou-se a discutir o modelo da inclusão que trás, no seu bojo, o desafio a universalização de uma escola de qualidade que não separe e expulse os alunos “com problemas”, uma escola que enfrente sem adiar os problemas do fracasso escolar e que atenda a diversidade de características de seus alunos. (CARVALHO, 1996 p.108).
  • 24. 31 Nesse ponto de vista, faz-se necessário que o processo de ensino aprendizagem considerem e respeitem os interesses, as potencialidades e as experiências acumuladas pelos alunos. (CARVALHO, 1996 p.108). Importante lembrar que não há aprendizagem sem o aprendiz, sujeitos históricos e ativos, mas que tem enfrentado inúmeros obstáculos, estranhos à sua vontade. Em substituição à palavra “necessidades especiais,” estão em debate algumas propostas que nos falam em remover barreiras à aprendizagem (AINSCOM E BOSTH, 1998), de quaisquer alunos, sem colocar-lhes rótulos ou separá-los pedagogicamente. Acabar com as barreiras de aprendizagem é uma das preocupações de gestores e educadores, dispensarem a classificação dos alunos segundo a natureza de suas dificuldades. O educador precisa conhecer o aluno, para que organize melhor suas atividades de sala-de-aula; sua prática pedagógica não deve ser uma espécie de fôrma especifica a ser aplicada para os grupos que se apresentam, aparentemente, da mesma forma. A proposta pedagógica é de que o currículo seja o mesmo para todos, com toda flexibilidade necessária para promover o acesso indiscriminado às experiências de aprendizagem. Importante lembrar que essa proposta, embora apresentada pelas que estão atuando na educação especial, não é exclusividade da mesma, devendo ser norteadora para todos os segmentos educacionais escolares. O que se espera, na verdade é que, na elaboração do Projeto Político Pedagógico da Escola, “todos os educadores se reúnem e por meio de relações dialógicos e com atitudes dialéticos, possam ressignificar as diferenças e rever os objetivos sociopolíticos, acadêmicos, lingüísticos e
  • 25. 32 culturais... Da nossa escola do próximo (e bem próximo) milênio.” (EDLÉR, 1996, P.109). 2.8 – Não somos diferentes de ninguém. Um aluno nunca é igual ao outro. Perceber o potencial de cada um e atingir a classe inteira é desafio continuo e muitas vezes parece mais difícil do que encontrar a sala dos sonhos. A sociedade esta se tornando mais complexa a cada dia, a diversidade aumenta de forma acelerada e com isso, imperceptivelmente, muda também a forma de compreender o mundo e os próprios semelhantes. É este novo paradigma que está nascendo, “viver a igualdade na diferença” eis o apelo dos lideres do movimento em conflito. O diferente fica cada vez mais comum. (FERREIRA, 2003, p.41). A partir dessa nova visão sobre “igualdades e diferenças”, é importante refletir sobre as concepções de educação inclusiva. Debater sobre diferenças, que se cumprimentam em vez de se excluírem é pensar a existência “de um outro”. Um outro que se apresenta como uma realidade que se impõe, gradativamente, no dia a dia; um outro concreto, com identidade, com história, com uma constituição afetiva emocional própria. (FERREIRA, 2003, p.41). Nesse contexto, a educação tem um papel importante e imprescindível a desempenhar. Ela tanto pode ser serva do modelo que ai está, realimentando – o a criticamente, como pode despertar uma reflexão critica sobre tal modelo, buscando alternativas a partir de uma pratica social concreta viável. Essa pratica deveria buscar alguns valores, como solidariedade, liberdade e “igualdade na diversidade”. E a escola, como uma instituição voltada para informação e a formação, poderia e deveria ser um espaço que se preocupasse em tornar os alunos mais humanos. Assim entendida, ela representa um lugar favorável a que todos que a procuram possam ser bem vindos para colaborar no trabalho realizado. Cada um deveria
  • 26. 33 fazer parte do seu contexto como um membro valorizado e, por sua vez, alunos e profissionais deveria apoiar-se mutuamente, uns aos outros, como aprendizes ativos, dinâmicos e recíprocos. Isto porque a educação processa-se e acontece no contato entre seres humanos, de maneira que as potencialidades, facilidades e dificuldades de cada um moldam a extensão e o grau de desenvolvimento psicossocial. Isto nos faz lembrar de Vitor da Fonseca (1995): O ser humano pode modificar-se por efeito da educação e, ao mudar a sua estrutura de informação, formação e transformação do envolvimento pode adquirir novas potencialidades e novas capacidades. Portanto, seja no aspecto educacional, político ou social, é preciso acreditar nas possibilidades de todas as pessoas sem distinção.
  • 27. 34 CAPITULO III PROCESSO METODOLÓGICO A presente pesquisa é de caráter qualitativo, almejando uma aproximação do modo como a experiência de ser professor (a) na escola inclusiva foi “captada” pelos participantes da pesquisa, bem como suas maneiras de sentir, pensar e re(agir) frente a essa realidade. A pesquisa qualitativa se preocupa em dar respostas a questões particulares, com um nível de realidade que não se pode quantificar. Ela trabalha com representatividade da intuição, da exploração e do subjetivismo. Portanto, a realidade é o próprio dinamismo da vida individual e coletiva com toda a riqueza de significados dela transbordantes. (MINAYO, 1994) Com o intuito de suprir qualquer tipo de curiosidade ou resolver qualquer problema do cotidiano os seres humanos, que são seres pensantes, buscam sempre respostas baseando-se no bom senso. O pesquisador torna o trabalho muito mais instigante, mesmo que o objeto não seja tão interessante, pois o seu olhar sobre tal estudo se direciona para aquisição do conhecimento. O investigador deve buscar a criatividade na maneira de pensar sistematizando com um olhar científico. A ação detalhada e desenvolvida no decorrer desse trabalho de pesquisa está estruturada na descrição do local da pesquisa, o lócus, definição
  • 28. 35 do objeto de estudo e instrumento utilizado para a obtenção de respostas para os questionamentos explicados anteriormente. 3.1 – Local da Pesquisa A pesquisa foi realizada com os professores de duas escolas de rede regular de ensino fundamental do Município de Senhor do Bonfim – BA, estas por sua vez, são instituições públicas municipais. Essa pesquisa foi desenvolvida por acreditarmos ser melhor forma de contemplar o olhar dos professores sobre o processo inclusivo na escola regular em que atuam, evidenciando maneiras distintas de se relacionar com o fenômeno deficiência/diferença no cotidiano escolar, bem como o vinculo que estabelecem com o seu trabalho, além de aprender a lidar com o preconceito existente em sala de aula, ensinando os seus alunos que “ser diferente” também é normal”. 3.2 – Sujeitos da Pesquisa Participaram da pesquisa, (06) professores da rede regular do ensino fundamental; por acreditarmos que esses sujeitos de pesquisa nos ajudará a entender os sentidos que esses professores atribuem a presença desses educandos portadores de Necessidades Educacionais Especiais em sala de aula. Foi relevante questioná-las, pois assim pudemos obter respostas para as questões lançadas resultados no aproveitamento positivo desse estudo. 3.3 – Instrumentos de Pesquisa
  • 29. 36 Com o intuito de coletarmos dados que sejam relevantes para a pesquisa, utilizamos como instrumento de coleta de dados o questionário aberto e a observação. Por meio do questionário aberto o pesquisador busca, através das respostas dos sujeitos (pesquisados), obterem informações sobre uma determinada realidade que está sendo focalizada. (MINAYO, 1994). O questionário possui 6 questões que foram direcionadas aos 06 professores da rede pública Municipal das escolas da rede regular do ensino fundamental de Senhor do Bonfim (já mencionada). Abordamos questões referentes à educação inclusiva e o relacionamento dos professores frente aos alunos com Necessidades Educacionais Especiais. A observação aconteceu em vários momentos e em todos os espaços mencionados anteriormente, com atenção especial para cada detalhe, principalmente nas ações do professor (a) que trabalha com crianças com Necessidades Educacionais Especiais da rede regular. Dessa forma compreendemos ser de grande significação para o desenvolvimento da pesquisa, uma visão real de situações do ensino – aprendizagem dos alunos com Necessidade Especial, para que através desta visão estabeleçam suplementos que possam nos direcionar nesta pesquisa. Optou-se pela observação tendo em vista que, segundo Oliveira (2003) observar é... “Buscar o principio, o desvendar e ter compreensão de tudo que acontece na história da educação inclusiva é compreender em profundidade o que ela contém”. Após a observação e os questionários, deu-se prosseguimento à análise das respostas dadas pelos professores da rede regular de ensino.
  • 30. 37 CAPITULO IV ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS A análise dos dados de que trata este capitulo, considera tratamento dado à questão da “deficiência”, por ser mais visível o processo de exclusão desses alunos na classe regular de ensino. Por questão de ética, utilizamos códigos para a diferenciação das respostas, os resultados serão expostos à partir de categorias de acordo com suas análises e interpretações por meio das quais identificamos informações expressas nas falas dos sujeitos desta pesquisa. Foram sujeitos dessa pesquisa 06 professores da rede regular de ensino, no qual 2 incluem em salas regulares alunos com deficiência, 1 com problema de linguagem e outro de aprendizagem. Os professores tinham na época da pesquisa, respectivamente entre 28, 36, 40 e 45 anos, sendo todos do sexo feminino. Quanto a formação profissional, uma é formada em pedagogia, duas são formadas em letras, e as outras com habilitação em magistério de 1º e 2º grau. 4.1 – A educação inclusiva na visão dos professores.
  • 31. 38 Ao referir-se à educação inclusiva, analisou-se que dois professores associam ao entendimento educacional voltado para a diversidade, enquanto outros dois educadores responderam que é a inserção de alunos com necessidades educacionais especiais na escola regular. Chega-se a conclusão pelas respostas dos professores que ainda há equívocos em relação ao entendimento do que venha a ser Educação Inclusiva, eles associam apenas à inserção de alunos com necessidades educacionais especiais no contexto escolar. Apenas um dos professores considera a inclusão um processo mais amplo. Professor A respondeu: “é trabalhar com alunos com algum tipo de deficiência,” Professor D afirma: “é inserir esse alunos na sala de aula regular.” “Educação Inclusiva é a inserção das pessoas com necessidades educacionais especiais na vida social e educativa. Todos os alunos com necessidades especiais devem ser matriculados nas escolas regulares, dede da educação infantil ao ensino superior.” (MANTOAN, 1998; MRECH, 1999). Percebemos que a questão da inclusão em nosso município requer dos professores um conhecimento mais profundo, uma vez que educação inclusiva não é apenas incluir alunos na sala regular. As atitudes de resistência são respostas de insegurança diante da exigência de mudanças, da necessidade de substituir o conhecimento pelo novo e desconhecido. Dessa forma para que haja a inclusão é preciso mais que garantia de vagas impostas por lei, é necessário que a escola reflita sobre suas concepções, reestruture sua prática pedagógica. A inclusão, ainda, envolve basicamente “uma mudança de atitude face ao outro: (...) o outro é alguém que é essencial para a nossa constituição como pessoa e dessa alteridade é que subsistimos, e é dela que emana a Justiça, a a garantia da vida compartilhada.” (MANTOAN, 2004, p.55).
  • 32. 39 4.2. Educação inclusiva: o desafio de vencer o preconceito. Para Mantoan (2003, p.8), “As escolas inclusivas são instituições abertas incondicionalmente a todos os alunos.” Elas atendem-se às diferenças sem qualquer discriminação, trabalhando conjuntamente com todos. Ao analisarmos se existe algum tipo de preconceito nas escolas e o que é feito para combater esses preconceitos, notamos algumas oposições na fala de dois professores. Para o professor A, o preconceito existe, mas é vencido com a participação da escola: “é muito difícil a aceitação no grupo, com o passar do tempo é que os colegas começam a aceitar. A escola tenta através de palestras amenizarem o problema.” (professor A). Para o professor B ha alguns alunos que não tem qualquer tipo de preconceito, mas quando o preconceito existe, a escola não atua para combatê-lo “Alguns aceitam normalmente, outros procuram ficar distantes. E a escola nada faz”. (professor B) De acordo com as respostas o preconceito existe em tudo que lhe é diferente, “ser diferente” para algumas vezes causa estranhamento. Citando Hannah Arendt (Apud, Ferreira, 2003, p.36): “As diferenças entre os homens fazem-se presentes, mostrando e demonstrando que existem grupos humanos dotados de especificidades. Uma vez analisados os preconceitos existentes para a efetivação inclusiva, têm-se as principais medidas a serem adotadas para que os alunos com necessidades educacionais especiais se tornem inclusivas: uma das medidas principais é a conscientização de educadores, pais e alunos de que os educandos com Necessidades Educacionais Especiais não vão atrapalhar o
  • 33. 40 processo de ensino-aprendizagem, mas, sim, ajudar construindo sentimentos de solidariedade e respeito às diferenças. 4.3 Educação Inclusiva e as questões curriculares Quando perguntamos que tipo de adaptação curricular os professores fizeram para os alunos com necessidades educacionais especiais. Foi respondido que: “Não se tem muitos recursos, porém tentamos facilitar a transmissão do conhecimento o melhor possível.” (PROFESSOR B). O professor D relatou: “nenhuma adaptação, pois os professores não disponibilizam de recursos para as necessidades.”. O professor E afirmou: “os currículos precisam já serem adaptados pelos orientadores pedagógicas. O professor F diz: “mudanças são difíceis.”. Com os questionamentos feitos acerca da adaptação curricular, silenciava-se a possibilidade de uma formação crítica dos professores em relação aos recursos adotados pela escola, no qual diz respeito ao tratamento dado aos alunos com necessidades educacionais especiais. De acordo Orlandi (1995), o silenciamento significa “por um silêncio” caracterizando processos de produção de sentidos que são silenciados: “O funcionamento do silêncio atesta o movimento do discurso que se faz na contradição entre o “um e múltiplo”, o mesmo e o diferente, entre a paráfrase e a polissemia” (p.17).
  • 34. 41 Umas das justificativas para esse silenciamento, em direção a uma discussão sobre adaptação curricular e a inclusão, pode ser o medo das diferenças e o receio do desconhecido. Algumas respostas sobre a adaptação curricular, nos mostram uma insatisfação que se refere às dificuldades em se tratar o assunto por resistência dos professores, por não acharem, que é de grande importância fazer adaptações necessárias para os alunos com necessidades educacionais especiais. O silêncio dos professores em relação a adaptação curricular fica “claro” que existe o medo de enfrentar o “desafio” que é a inclusão. 4.4 – A formação para a educação inclusiva: as queixas dos professores O aspecto salientado nas respostas referentes aos desafios enfrentados pela inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais, referente a resistência dos professores em efetivarem a inclusão, lembra Carvalho (2004), “Os professores se consideram despreparados, porque a formação habilitou-se a trabalhar sob a hegemonia da normalidade.” Alem disso, “a resistência dos professores está na dificuldade de aceitar, a diversidade humana,” como salienta Oliveira (2003). Convém ressaltar que, para Mantoan (2004), “o discurso do despreparo profissional”, na verdade mascara o medo de enfrentar o novo, representado pela inclusão. Professor C: “Falta preparação, informação, metodologia, material.”. Professor D: “Reorganização escolar, formação continuada dos professores e a transformação da concepção do que é deficiência. É preciso ressaltar que os educadores municipais encontram vários desafios para trabalharem com alunos com Necessidades Educacionais Especiais, devido a falta de recursos metodológicos a falta de formação e informação sobre alunos com Necessidades Educacionais Especiais.
  • 35. 42 Segundo Coll, Marchesi e Palacios (1995, p.105) o olhar do professor é que guiará o desenvolvimento da criança incluída; acredita-se que a inclusão tem a ver com a postura que o professor assume frente ao que lhe é estranho, desconhecido, no caso das crianças com Necessidades Educacionais Especiais, isso irá depender de como o educador percebe a diferença do outro. De acordo com as respostas de todos os educadores e a analise feita, sugerimos que a principal barreira à inclusão encontra-se na percepção dos professores de que as crianças especiais são diferentes e de que a tarefa de educá-los requer um conhecimento e uma experiência especial, um treinamento especial. Contudo, a atitude e a percepção do professor apresentam o maior, único e significativo obstáculo à inclusão.
  • 36. 43 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao término deste trabalho pôde-se considerar e refletir quanto às propostas educacionais que garantem “educação para todos” nesse processo chamado inclusão, e se realmente acontecem nas escolas de ensino regular de nosso município. Compreende-se que educação é essencial para o desenvolvimento de qualquer cidadão, e que incluir é fundamental para esses alunos com necessidades especiais para garantir o seu crescimento, mas não esquecendo que a inclusão só é possível quando há educadores envolvidos e comprometidos com a educação, Sassaki (1997), diz que, “A construção de um novo tipo de sociedade se dá através de transformações nos ambientes físicos e na mentalidade de todas as pessoas assim como das pessoas “diferentes”. Com isso, a inclusão tornou-se alvo de discussões e inquietações de educadores que procuram soluções às dificuldades e avaliam a contribuição da inclusão, pois deixar o aluno em sala regular e não atender o que realmente ele necessita, não é inclusão. As dificuldades existem e ficam bem claras quando observadas de forma crítica. Entre estas dificuldades estão: a falta de infra- estrutura das escolas, o despreparo e o desinteresse de alguns educadores que não se sentem capazes frente a esse novo desafio, mas que também, muitas vezes não buscam meios para que isso aconteça.
  • 37. 44 As pessoas com necessidades educacionais especiais possuem uma longa e árdua experiência de inclusão, traduzida em limitações na aceitação social, dificuldades no convívio e usufruto de seus direitos. É impossível apagar essa história de inclusão e lamentar que até pouco tempo nada se fazia. É bom acreditar que já existem educadores que anseiam por uma educação efetivamente comprometida com a cidadania e com a formação de mentalidade não excludente e que saiba conviver com a diversidade. Porque alem de uma escola inclusiva precisamos de um mundo inclusivo. Um mundo no qual todos devem ter acesso às oportunidades de ser e estar na sociedade de forma participativa, onde a relação entre o acesso às oportunidades e as características individuais não seja marcada por interesses econômicos. Este estudo nos trouxe contribuições especiais para nossa formação, nos permitiu olhar a “diferença” de um modo “diferente”, compreendendo que o aluno com necessidades educacionais especiais também é pessoa com inteligência, capaz de aprender, entender e conviver com todos nós. A inclusão pode beneficiar não só o incluído, mas a todos, por isso acreditamos que este estudo não se encerra aqui, ele traz subsídios muito importantes para os educadores e toda a sociedade, pois nesse tema existem vertentes que podem ser pesquisadores, visto que, o processo da inclusão de crianças com Necessidades Educacionais Especiais é algo contínuo.
  • 38. 45 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANACHE, A.A. Discurso e prática. “A educação de “Deficiente” visual em Mato Grasso do Sul. Dissertação Mestrado, UFMS 1991 AINSCOW, N.P.; GORDON, M. Caminhos para escola inclusiva, Lisboa, Instituto de inovação Educacional, 1997. ALONSO, D. Inclusão Revista Educação Especial, Brasília, V.4 2008. BUENO, J. G.S. A educação especial nas universidades brasileiras. Brasília, DF, MEC, 2002. ______ Educação brasileira: Integração/Segregação do aluno diferente, São Paulo. BIANCHETTI, L. Um olhar sobre a diferença. Integração trabalho e cidadania, São Paulo, 1998. CARVALHO, R.E. Educação Inclusiva com os pingos nos is. Porto Alegre: Mediação, 2004. ________ Atendimento Especializado, temas em Educação Especial, Editora. WVA 2. ed. 1996. ________ Família, escola e comunidade: Alicerce da Educação Especial. Revista mensagem da APAE, nº 60, Brasília, DF. 1993. CARDOSO, M.S. Aspectos históricos da educação especial: Da exclusão a inclusão. Ed. 2º Porto Alegre. Ediquers. 2003.
  • 39. 46 CAUZ, K.P.L; IACONO, J.P; A Inclusão Escolar de crianças com necessidades educacionais especiais no município de cascavel –PR. (documento preliminar) agosto, 2002. CRUZ, N.R. Estudo sobre a citologia da deficiência mental. Revista ABP – APAL 1991. CORREIA, L.L. Alunos com necessidades educativas especiais nas classes regulares. Portugal: Porto Ed. 1999. Coll, C. PALACIO, J. MARCHESI, A. (ORG) Desenvolvimento psicológico e educação: necessidades educativas especiais e aprendizagem escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. DORIAM. M.A. Violência e Exclusão. Ed. EDUC. Revista Educação Especial, Marilian, V.8, 2002. FERREIRA, M.E. CAPUTO. Educação Inclusiva. Rio de janeiro ED>DP, 2003. FERREIRA. J.A. Exclusão da Diferença. Piracicaba, UNIMEP, 1993. FONSECA, V. Educação Especial: programa de estimulação precoce uma introdução ás idéias de Feirstein – 2. ed. Astmed: Porto Alegre 1995. JANUZZI. G. A luta pela educação do deficiente mental no Brasil. São Paulo: Autores Associados, 1985. KASSAR, M.C. M. Ciência e senso comum no cotidiano das classes especiais. Campinas. São Paulo, 1985. MANTOAN, M.T.E. Caminhos pedagógicos da educação inclusiva. IN: Gaio, Roberta, 2004. _______________ Ser ou estar, eis a questão. Explicando o Déficit intelectual. Rio de janeiro: WVA, 1997. _______________ Ensino inclusivo/educação (qualidade) para todos. Integração. 1998. MRECH, I.M. O que é educação inclusiva. HYPERLING HTTP:/WWW.regra.nit/educação, 1999. MINAYO, M.C.S. Pesquisa social. Teoria, métodos, criatividade. 24.ed, Petrópolis. Rio de janeiro, Vazes, 1994. MOREIRA, L.M.A; CASTRO, J.; Diversidade na escola: aspectos genéticos e considerações psicopedagógicos – Ilhéus, BA: EDITUA. 2001. MOSQUERA, J.J. & STOBAUS, C.D. Educação especial: em direção a educação inclusiva. 3. ed. Porto Alegre EDIPUCRS, 2006.
  • 40. 47 MITTLER, P. Educação inclusiva: contextos sociais. Tradução de windiz. Brasão Ferreira. Porto Alegre: Artemed, 2003. OLIVEIRA, A.S. Educação inclusiva e concepções teóricas e relato de experiência. IN: MARQUEZINE, M.C. et al (org). Inclusão. Londrina: EDUEL, ORLANDI, E.P. Discursos e leitura. 2. ed. São Paulo, Cortez. 1995. ___________ As formas de silêncio. 3. ed. Campinas. UNICAMP, 1993. RAMANELLI, O. História da educação do Brasil. Petrópolis. Vozes, 1989. RAIÇA, D; PRIOSTE, C.; MACHADO, M.L. Gomes. Dez questões sobre educação inclusiva da pessoa com deficiência mental. São Paulo: AVERCAMP, 2006. RIBEIRO, M.L. História da educação brasileira. São Paulo, Cortez & Morais, 1979. SANFELICE, S. Como a mente funciona. Companhia de letras, 1998. SASSAKI, R.R. Inclusão: Construindo uma sociedade para todos. Rio de janeiro: WVA, 1997. VYGOSTKI, L. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984. ___________ Obras escogidas: Tomo v. Fundamentos de defectologia. Madri. Portugal, 1997.