SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 1
Baixar para ler offline
A tradição da Árvore de Natal tem origens que remontam à antiguidade. Ainda que a forma como hoje
a conhecemos só recentemente se tenha tornado um hábito, há ecos de tradições semelhantes entre
os romanos, egípcios ou celtas.

A árvore de Natal é uma tradição cristã. No entanto algumas raízes mais profundas desta tradição parecem estar
ligadas ao solistício de Inverno em 22 de Dezembro, à promessa do fim do Inverno e das boas colheitas do ano
seguinte.

Há ecos de tradições semelhantes entre os romanos, que enfeitavam árvores em honra de Saturno, deus da
Agricultura, mais ou menos na mesma altura do ano em que hoje preparamos a nossa árvore de Natal. Entre os
Egípcios usou-se decorar as habitações com plantas, nas culturas célticas os druídas enfeitavam os ramos nús dos
carvalhos nesta mesma época.

No Século VII, S. Bonifácio pregava na Turíngia (uma região da Alemanha) e conta a tradição que usava o perfil
triangular dos abetos como símbolo da Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. Em resultado desta
pregação o carvalho, considerado pelos gentios como um símbolo divino, foi substituído pelo triangular abeto. Já
no século XII na Europa Central penduravam-se árvores com o ápice para baixo com a mesma simbologia
triangular da Santíssima Trindade.

No centro da Europa a árvore de Natal vulgarizou-se a partir do Século XVI com o sentido que ainda hoje lhe
damos, havendo notícia de árvores de Natal em 1510 na Lituânia.

Conta-se que terá sido Lutero que após um passeio na floresta com as estrelas brilhantes sobre um céu limpo de
Inverno trouxe à sua família essa imagem sob a forma de uma árvore com uma estrela brilhante no topo e
decorada com velas. Estava o costume enraizado. A partir daí as Árvores tal como as conhecemos passaram a
marcar o Natal. Eram originalmente muito ligadas ao mito de Adão e Eva e à simbologia da Árvore do Paraíso,
sendo decoradas com doces e flores de papel, flores vermelhas representando o conhecimento e brancas
representando a inocência.

Nasceu também a indústria das decorações de Natal nas quais a Turíngia se especializou.

No princípio do Século XVIII, com os monarcas de Hannover, a Grã-Bretanha começou a importar a tradição. Mas
foi uma imagem publicada pela Illustrated London News, mostando a Rainha Vitória e Alberto, com os filhos, junto
à árvore no castelo de Windsor no Natal de 1846, que consolidou a tradição nas Ilhas britânicas.

Na América a tradição remonta à guerra da independência, trazida, como não podia deixar de ser, por soldados
alemães. A tradição não se consolidou uniformemente dada a diversidade de povos e culturas. Contudo, no Natal
de 1856 a Casa Branca estava enfeitada com uma árvore de Natal e desde 1923 que esta tradição se mantém sem
interrupções.

E em Portugal ?
 A aceitação da árvore de Natal pelos Portugueses é recente quando comparada com outros países, o presépio foi
durante muito tempo a única decoração natalícia. Em Portugal se fizeram e fazem dos mais belos presépios do
mundo. Quem não conhece os famosos presépios de Machado de Castro?

Até aos anos cinquenta, a Árvore de Natal era até algo mal vista nas cidades, e nos campos era pura e
simplesmente ignorada. Mas o tempo tudo muda. Hoje é já uma tradição e todos gostamos de trazer um pinheiro
e sentir o cheiro amável com que invade a casa. É como se nesta altura um pouco dessa terra longínqua, pura e
bravia com que gostamos de sonhar desde crianças se materializasse mesmo ao pé de nós.

Documentos Recomendados

Enciclopédia da Festas Populares e Religiosas de Portugal: Apresentação´
Les Religions de la Lusitanie

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Natal na Europa
Natal na EuropaNatal na Europa
Natal na Europageorui
 
Curiosidades dos reis magos
Curiosidades dos reis magosCuriosidades dos reis magos
Curiosidades dos reis magos10-09-61
 
Símbolos Natalinos
Símbolos NatalinosSímbolos Natalinos
Símbolos NatalinosSímbolos
 
Simbolos Do Natal
Simbolos Do NatalSimbolos Do Natal
Simbolos Do NatalJNR
 
Mariana e Filipa - 6º M
Mariana e Filipa - 6º MMariana e Filipa - 6º M
Mariana e Filipa - 6º Mevazmila
 
Tradições natalinas
Tradições natalinasTradições natalinas
Tradições natalinasSofia Pinho
 
TradiçõEs De Natal
TradiçõEs De NatalTradiçõEs De Natal
TradiçõEs De NatalAna Cunha
 
Tradições natalícias madeirenses
Tradições natalícias madeirenses  Tradições natalícias madeirenses
Tradições natalícias madeirenses edgar2006
 
A noite de natal lp
A noite de natal lpA noite de natal lp
A noite de natal lpTeresa Maia
 
Halloween para os cristaos (portugues)pptx
Halloween para os cristaos   (portugues)pptxHalloween para os cristaos   (portugues)pptx
Halloween para os cristaos (portugues)pptxMartin M Flynn
 
Silvia Cardoso
Silvia CardosoSilvia Cardoso
Silvia Cardosoclubinf
 

Mais procurados (20)

Natal
NatalNatal
Natal
 
Natal
NatalNatal
Natal
 
Natal na Europa
Natal na EuropaNatal na Europa
Natal na Europa
 
Natal- Uma festa Cristã
Natal- Uma festa CristãNatal- Uma festa Cristã
Natal- Uma festa Cristã
 
Curiosidades dos reis magos
Curiosidades dos reis magosCuriosidades dos reis magos
Curiosidades dos reis magos
 
Símbolos Natalinos
Símbolos NatalinosSímbolos Natalinos
Símbolos Natalinos
 
Espanha
EspanhaEspanha
Espanha
 
Natal10
Natal10Natal10
Natal10
 
Simbolos do natal
Simbolos do natal  Simbolos do natal
Simbolos do natal
 
Símbolos de natal
Símbolos de natalSímbolos de natal
Símbolos de natal
 
Simbolos de Natal
Simbolos de NatalSimbolos de Natal
Simbolos de Natal
 
Simbolos Do Natal
Simbolos Do NatalSimbolos Do Natal
Simbolos Do Natal
 
Mariana e Filipa - 6º M
Mariana e Filipa - 6º MMariana e Filipa - 6º M
Mariana e Filipa - 6º M
 
Tradições natalinas
Tradições natalinasTradições natalinas
Tradições natalinas
 
TradiçõEs De Natal
TradiçõEs De NatalTradiçõEs De Natal
TradiçõEs De Natal
 
Tradições natalícias madeirenses
Tradições natalícias madeirenses  Tradições natalícias madeirenses
Tradições natalícias madeirenses
 
A noite de natal lp
A noite de natal lpA noite de natal lp
A noite de natal lp
 
Natal
NatalNatal
Natal
 
Halloween para os cristaos (portugues)pptx
Halloween para os cristaos   (portugues)pptxHalloween para os cristaos   (portugues)pptx
Halloween para os cristaos (portugues)pptx
 
Silvia Cardoso
Silvia CardosoSilvia Cardoso
Silvia Cardoso
 

Semelhante a Origens da Árvore de Natal

Semelhante a Origens da Árvore de Natal (20)

História do natal
História do natalHistória do natal
História do natal
 
papai noel,natal
papai noel,natalpapai noel,natal
papai noel,natal
 
Simbolosdonatal 100103173913-phpapp01a
Simbolosdonatal 100103173913-phpapp01aSimbolosdonatal 100103173913-phpapp01a
Simbolosdonatal 100103173913-phpapp01a
 
Os feriados
Os feriadosOs feriados
Os feriados
 
Natal
NatalNatal
Natal
 
Feliz natal
Feliz natalFeliz natal
Feliz natal
 
411 an 26_dezembro_2012.ok
411 an 26_dezembro_2012.ok411 an 26_dezembro_2012.ok
411 an 26_dezembro_2012.ok
 
Será que o natal é bíblico
Será que o natal é bíblicoSerá que o natal é bíblico
Será que o natal é bíblico
 
Será que o natal é bíblico
Será que o natal é bíblicoSerá que o natal é bíblico
Será que o natal é bíblico
 
Natal
NatalNatal
Natal
 
Jp pag 1 de 4
Jp pag 1 de 4Jp pag 1 de 4
Jp pag 1 de 4
 
Jp pag 1 de 4
Jp pag 1 de 4Jp pag 1 de 4
Jp pag 1 de 4
 
áRvore de natal história e significado
áRvore de natal história e significadoáRvore de natal história e significado
áRvore de natal história e significado
 
GRALHA AZUL No. 41 Dezembro 2013
GRALHA AZUL No. 41 Dezembro 2013GRALHA AZUL No. 41 Dezembro 2013
GRALHA AZUL No. 41 Dezembro 2013
 
Viver o Natal, por Sidónio e Tiago.
Viver o Natal, por Sidónio e Tiago.Viver o Natal, por Sidónio e Tiago.
Viver o Natal, por Sidónio e Tiago.
 
Halloween (Alexis Pinto)
Halloween (Alexis Pinto)Halloween (Alexis Pinto)
Halloween (Alexis Pinto)
 
Mariana e filipa
Mariana e filipaMariana e filipa
Mariana e filipa
 
O natal veio do paganismo
O natal veio do paganismoO natal veio do paganismo
O natal veio do paganismo
 
Tradições do Natal Português
Tradições do Natal PortuguêsTradições do Natal Português
Tradições do Natal Português
 
Natal
NatalNatal
Natal
 

Mais de bibdjosei

Historia " Os Nossos Amigos Animais"
Historia " Os Nossos Amigos Animais"Historia " Os Nossos Amigos Animais"
Historia " Os Nossos Amigos Animais"bibdjosei
 
Historia " Os nossos amigos animais"
Historia " Os nossos amigos animais"Historia " Os nossos amigos animais"
Historia " Os nossos amigos animais"bibdjosei
 
Cnl cartaz 2
Cnl cartaz 2Cnl cartaz 2
Cnl cartaz 2bibdjosei
 
Cnl regulamento 2012-2013_nv (6)
Cnl regulamento 2012-2013_nv (6)Cnl regulamento 2012-2013_nv (6)
Cnl regulamento 2012-2013_nv (6)bibdjosei
 
Cnl regulamento 2012-2013_nv (6)
Cnl regulamento 2012-2013_nv (6)Cnl regulamento 2012-2013_nv (6)
Cnl regulamento 2012-2013_nv (6)bibdjosei
 
Cnl regulamento 2012-2013_nv
Cnl regulamento 2012-2013_nvCnl regulamento 2012-2013_nv
Cnl regulamento 2012-2013_nvbibdjosei
 
Cartaz ativ. pre escolar setembro 2011-12
Cartaz ativ. pre  escolar setembro 2011-12Cartaz ativ. pre  escolar setembro 2011-12
Cartaz ativ. pre escolar setembro 2011-12bibdjosei
 
5.ª edição do concurso nacional de leitura 2010 2011
5.ª edição do concurso nacional de leitura 2010 20115.ª edição do concurso nacional de leitura 2010 2011
5.ª edição do concurso nacional de leitura 2010 2011bibdjosei
 

Mais de bibdjosei (10)

Historia " Os Nossos Amigos Animais"
Historia " Os Nossos Amigos Animais"Historia " Os Nossos Amigos Animais"
Historia " Os Nossos Amigos Animais"
 
Historia " Os nossos amigos animais"
Historia " Os nossos amigos animais"Historia " Os nossos amigos animais"
Historia " Os nossos amigos animais"
 
Letria
LetriaLetria
Letria
 
Cnl cartaz 2
Cnl cartaz 2Cnl cartaz 2
Cnl cartaz 2
 
Cnl regulamento 2012-2013_nv (6)
Cnl regulamento 2012-2013_nv (6)Cnl regulamento 2012-2013_nv (6)
Cnl regulamento 2012-2013_nv (6)
 
Cnl regulamento 2012-2013_nv (6)
Cnl regulamento 2012-2013_nv (6)Cnl regulamento 2012-2013_nv (6)
Cnl regulamento 2012-2013_nv (6)
 
Cnl regulamento 2012-2013_nv
Cnl regulamento 2012-2013_nvCnl regulamento 2012-2013_nv
Cnl regulamento 2012-2013_nv
 
Cnl inf1
Cnl  inf1Cnl  inf1
Cnl inf1
 
Cartaz ativ. pre escolar setembro 2011-12
Cartaz ativ. pre  escolar setembro 2011-12Cartaz ativ. pre  escolar setembro 2011-12
Cartaz ativ. pre escolar setembro 2011-12
 
5.ª edição do concurso nacional de leitura 2010 2011
5.ª edição do concurso nacional de leitura 2010 20115.ª edição do concurso nacional de leitura 2010 2011
5.ª edição do concurso nacional de leitura 2010 2011
 

Origens da Árvore de Natal

  • 1. A tradição da Árvore de Natal tem origens que remontam à antiguidade. Ainda que a forma como hoje a conhecemos só recentemente se tenha tornado um hábito, há ecos de tradições semelhantes entre os romanos, egípcios ou celtas. A árvore de Natal é uma tradição cristã. No entanto algumas raízes mais profundas desta tradição parecem estar ligadas ao solistício de Inverno em 22 de Dezembro, à promessa do fim do Inverno e das boas colheitas do ano seguinte. Há ecos de tradições semelhantes entre os romanos, que enfeitavam árvores em honra de Saturno, deus da Agricultura, mais ou menos na mesma altura do ano em que hoje preparamos a nossa árvore de Natal. Entre os Egípcios usou-se decorar as habitações com plantas, nas culturas célticas os druídas enfeitavam os ramos nús dos carvalhos nesta mesma época. No Século VII, S. Bonifácio pregava na Turíngia (uma região da Alemanha) e conta a tradição que usava o perfil triangular dos abetos como símbolo da Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. Em resultado desta pregação o carvalho, considerado pelos gentios como um símbolo divino, foi substituído pelo triangular abeto. Já no século XII na Europa Central penduravam-se árvores com o ápice para baixo com a mesma simbologia triangular da Santíssima Trindade. No centro da Europa a árvore de Natal vulgarizou-se a partir do Século XVI com o sentido que ainda hoje lhe damos, havendo notícia de árvores de Natal em 1510 na Lituânia. Conta-se que terá sido Lutero que após um passeio na floresta com as estrelas brilhantes sobre um céu limpo de Inverno trouxe à sua família essa imagem sob a forma de uma árvore com uma estrela brilhante no topo e decorada com velas. Estava o costume enraizado. A partir daí as Árvores tal como as conhecemos passaram a marcar o Natal. Eram originalmente muito ligadas ao mito de Adão e Eva e à simbologia da Árvore do Paraíso, sendo decoradas com doces e flores de papel, flores vermelhas representando o conhecimento e brancas representando a inocência. Nasceu também a indústria das decorações de Natal nas quais a Turíngia se especializou. No princípio do Século XVIII, com os monarcas de Hannover, a Grã-Bretanha começou a importar a tradição. Mas foi uma imagem publicada pela Illustrated London News, mostando a Rainha Vitória e Alberto, com os filhos, junto à árvore no castelo de Windsor no Natal de 1846, que consolidou a tradição nas Ilhas britânicas. Na América a tradição remonta à guerra da independência, trazida, como não podia deixar de ser, por soldados alemães. A tradição não se consolidou uniformemente dada a diversidade de povos e culturas. Contudo, no Natal de 1856 a Casa Branca estava enfeitada com uma árvore de Natal e desde 1923 que esta tradição se mantém sem interrupções. E em Portugal ? A aceitação da árvore de Natal pelos Portugueses é recente quando comparada com outros países, o presépio foi durante muito tempo a única decoração natalícia. Em Portugal se fizeram e fazem dos mais belos presépios do mundo. Quem não conhece os famosos presépios de Machado de Castro? Até aos anos cinquenta, a Árvore de Natal era até algo mal vista nas cidades, e nos campos era pura e simplesmente ignorada. Mas o tempo tudo muda. Hoje é já uma tradição e todos gostamos de trazer um pinheiro e sentir o cheiro amável com que invade a casa. É como se nesta altura um pouco dessa terra longínqua, pura e bravia com que gostamos de sonhar desde crianças se materializasse mesmo ao pé de nós. Documentos Recomendados Enciclopédia da Festas Populares e Religiosas de Portugal: Apresentação´ Les Religions de la Lusitanie