O documento descreve a origem e evolução da tradição da árvore de Natal, desde tradições similares entre os romanos, egípcios e celtas até se tornar popular na Europa Central a partir do século XVI. A tradição foi levada para a Grã-Bretanha e América e só recentemente se tornou comum em Portugal, onde o presépio foi a principal decoração natalícia.
5.ª edição do concurso nacional de leitura 2010 2011
Origens da Árvore de Natal
1. A tradição da Árvore de Natal tem origens que remontam à antiguidade. Ainda que a forma como hoje
a conhecemos só recentemente se tenha tornado um hábito, há ecos de tradições semelhantes entre
os romanos, egípcios ou celtas.
A árvore de Natal é uma tradição cristã. No entanto algumas raízes mais profundas desta tradição parecem estar
ligadas ao solistício de Inverno em 22 de Dezembro, à promessa do fim do Inverno e das boas colheitas do ano
seguinte.
Há ecos de tradições semelhantes entre os romanos, que enfeitavam árvores em honra de Saturno, deus da
Agricultura, mais ou menos na mesma altura do ano em que hoje preparamos a nossa árvore de Natal. Entre os
Egípcios usou-se decorar as habitações com plantas, nas culturas célticas os druídas enfeitavam os ramos nús dos
carvalhos nesta mesma época.
No Século VII, S. Bonifácio pregava na Turíngia (uma região da Alemanha) e conta a tradição que usava o perfil
triangular dos abetos como símbolo da Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. Em resultado desta
pregação o carvalho, considerado pelos gentios como um símbolo divino, foi substituído pelo triangular abeto. Já
no século XII na Europa Central penduravam-se árvores com o ápice para baixo com a mesma simbologia
triangular da Santíssima Trindade.
No centro da Europa a árvore de Natal vulgarizou-se a partir do Século XVI com o sentido que ainda hoje lhe
damos, havendo notícia de árvores de Natal em 1510 na Lituânia.
Conta-se que terá sido Lutero que após um passeio na floresta com as estrelas brilhantes sobre um céu limpo de
Inverno trouxe à sua família essa imagem sob a forma de uma árvore com uma estrela brilhante no topo e
decorada com velas. Estava o costume enraizado. A partir daí as Árvores tal como as conhecemos passaram a
marcar o Natal. Eram originalmente muito ligadas ao mito de Adão e Eva e à simbologia da Árvore do Paraíso,
sendo decoradas com doces e flores de papel, flores vermelhas representando o conhecimento e brancas
representando a inocência.
Nasceu também a indústria das decorações de Natal nas quais a Turíngia se especializou.
No princípio do Século XVIII, com os monarcas de Hannover, a Grã-Bretanha começou a importar a tradição. Mas
foi uma imagem publicada pela Illustrated London News, mostando a Rainha Vitória e Alberto, com os filhos, junto
à árvore no castelo de Windsor no Natal de 1846, que consolidou a tradição nas Ilhas britânicas.
Na América a tradição remonta à guerra da independência, trazida, como não podia deixar de ser, por soldados
alemães. A tradição não se consolidou uniformemente dada a diversidade de povos e culturas. Contudo, no Natal
de 1856 a Casa Branca estava enfeitada com uma árvore de Natal e desde 1923 que esta tradição se mantém sem
interrupções.
E em Portugal ?
A aceitação da árvore de Natal pelos Portugueses é recente quando comparada com outros países, o presépio foi
durante muito tempo a única decoração natalícia. Em Portugal se fizeram e fazem dos mais belos presépios do
mundo. Quem não conhece os famosos presépios de Machado de Castro?
Até aos anos cinquenta, a Árvore de Natal era até algo mal vista nas cidades, e nos campos era pura e
simplesmente ignorada. Mas o tempo tudo muda. Hoje é já uma tradição e todos gostamos de trazer um pinheiro
e sentir o cheiro amável com que invade a casa. É como se nesta altura um pouco dessa terra longínqua, pura e
bravia com que gostamos de sonhar desde crianças se materializasse mesmo ao pé de nós.
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