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1MANIFESTO PARA REFLEXÃO: MARCA PRÓPRIA EM SUPERMERCADOS
2MANIFESTO PARA REFLEXÃO: MARCA PRÓPRIA EM SUPERMERCADOS
	
	 Um erro estratégico no lançamento das marcas própria no Brasil em su-
permercados foi decisivo para que a imagem delas fosse “queimada” frente ao
consumidor e, até hoje, sua participação no Brasil pode ser considerada pífia.
	 Marca própria, que neste caso se refere à marca de linha de produtos lan-
çada por varejistas que detém, portanto, sua propriedade; operar com ela (ou
elas, podem ser várias) traz vantagens para o consumidor:
	 •	 no custo;
	 •	 na simplificação da escolha no ponto de vendas.
E para o varejista:
	 •	 no aumento de vendas;
	 •	 em margens mais saudáveis que compõe positivamente o mix de 	
		 margens da empresa, contribuindo para melhor resultado financeiro;
	 •	 em aumento da fidelização de clientes, que normalmente encontrarão
		 aquelamarcaàvendaapenasnaslojasdovarejistaproprietárioda(s)marca(s).
	 Ainda como vantagem, para o setor de supermercados, marcas próprias
podem diminuir a força das marcas consagradas ou nacionais na participação
de vendas, que normalmente propiciam aos varejistas margens apertadas e ne-
cessidade de administrar imagem de preços. A introdução em linha de produtos
de marca própria acaba induzindo a estes fabricantes e fornecedores desses
produtos (de marcas consagradas) a uma melhor negociação; já para fabricantes
e fornecedores em geral, assumir a produção de marca própria de uma empresa
diminui seus custos totais de produção, e propicia melhor aproveitamento do seu
parque industrial e da sua mão de obra especializada1
.
	 Vantagem para todos. Se é assim tão bom para todos, porque então não
são tão utilizadas no setor de supermercados?
	 Para se ter uma ideia, a participação nas vendas no Brasil gira há algum
tempo em torno de 5%, enquanto que na Europa está em 38,7% em valor (ou
48,9% em unidades, maior neste caso, por conta do menor preço do que as
marcas consagradas das categorias de produtos)2
. O Reino Unido aparece com
	 1
Há uma pequena discussão neste ponto: alguns acreditam que as grandes empresas fornecedoras de produtos não são
simpáticas à introdução de marca própria pelos supermercados, justamente por perderem força de negociação e vendas, outros acreditam
que estas mesmas empresas devem entrar nesse mercado de fornecedores de marcas próprias, justamente para aproveitar estas vanta-
gens que os fornecedores e produtores tem, além de não dar espaço para o crescimento de outros fornecedores.
	 2
Fonte: Private Label in Western Economies: closing the price gap, losing share. IRI, dez de 2014. Esses números, de acordo
com a IRI, vieram das seguintes fontes: Hipermercados e supermercados da Espanha e Grécia, total de mercado incluindo Hard Discounts
da Itália, Holanda, Alemanha e França, e total de mercado do Reino Unido, da kantar Worldpanel de 2014; Estados unidos os chamados
multi outlet w/c-stores, englobando supermercados, farmácias, redes de varejo, entre outras. No brasil, o número engloba uma cesta de
categorias, supermercados, atacados e farmácias, sendo o estudo anual da Nielsen considerado referência no assunto.
3MANIFESTO PARA REFLEXÃO: MARCA PRÓPRIA EM SUPERMERCADOS
	3
Quando falamos em marcas próprias, por vezes é difícil fazer um comparativo entre números de diferentes países, pois a base
de coleta de dados pode ser em formatos e setores diferentes em cada país, já que a evolução ocorre de maneira diferente em cada um
deles; porem, são assim esses números são indicação de aceitação de marca própria em determinado país, devendo porém ser levada em
consideração esta ressalva.
	 4
Coelho, F.S. Formação estratégica de precificação, Ed. Atlas, 2009, p.144.
a maior participação em vendas (51,5%), na Europa a menor participação é da
Grécia (15,4%), e nos estados Unidos é de 16,4%. Como os números da Es-
panha, Holanda e Grécia envolvem apenas supermercados e hipermercados,
observamos que neste setor específico as participações da marca própria na
venda são respectivamente 42%, 27,3% e 15,4%, bem significativas3.
	 Com relação a diferença de preço do produto marca própria na Europa,
Reino Unido e Estados unidos, de acordo com o mesmo relatório, este se posi-
ciona em torno de 70% do preço das marcas consagradas, marcas nacionais.
	 Qual foi então este erro estratégico que afetou a participação no Brasil?
	 De início, o foco principal no Brasil na época do lançamento de marcas
próprias em supermercados foi oferecer opção de preço mais baixo para os con-
sumidores e recompor margem para os supermercadistas. Como resultado, foram
lançados os produtos genéricos e marcas próprias “combate”, aonde a qualidade
do produto era a mínima aceitável (ou permitida) e o preço era mais baixo que o
produto líder, porém alto o suficiente para proporcionar alta margem.
	 Na abordagem de Kotler para precificação, se a qualidade percebida pelo
cliente do produto for baixa, se o preço deste produto for baixo, ele (cliente) terá
uma economia, se o preço for médio, terá então uma “falsa” economia, e, se o
preço for alto, o cliente terá a impressão de estar sendo assaltado! 4
	 A marca própria foi lançada posicionando sua qualidade e preço entre a
falsa economia e o assalto. Como resultado, estamos colhendo hoje o que foi
plantado ontem, a desconfiança do consumidor em relação à qualidade do produ-
to marca própria, do seu preço, do seu custo-benefício.
	 Mas, nem tudo está perdido. Há uma tendência de mudança. E ela ocorre
por conta da globalização e da atuação de multinacionais do varejo, não só do
setor de supermercados. No setor têxtil, podemos citar várias empresas que se
utilizam de marcas próprias (no formato de marcas dos produtos com a mesma
4MANIFESTO PARA REFLEXÃO: MARCA PRÓPRIA EM SUPERMERCADOS
marca fantasia da empresa), que transmitem uma percepção de certa qualidade
nos produtos, como Zara, Forever 21, Hering..., ou, como por exemplo a em-
presa que comercializa artigos esportivos Decatlhon, neste caso com o uso de
marcas múltiplas (em torno de 20 marcas próprias).
	 No setor de supermercados, o mesmo está ocorrendo, como por exemplo
as marcas do GPA-Casino: Casino, TAEQ, Qualitá, Club des Sommeliers...
	 Portanto, existe uma tendência de, na convivência com produtos de marca
própria que induzam percepção de maior qualidade, que a confiança dos consu-
midores para com as marcas próprias no setor de supermercados seja reconquis-
tada pouco a pouco, podendo em certo momento ter sua venda e participação
crescendo muito acima dos demais produtos, con-quistando maior participação5
.
	 Não estaria então na hora de reverter estes números, pelo menos no que
tange a linha de produtos oferecida pelos supermercadistas, aprendendo com
o passado, agora acertando na estratégia, e se preparar para esta nova e forte
tendência?
	5
A participação das marcas próprias no Brasil em torno de 5% persiste desde 2007.
5MANIFESTO PARA REFLEXÃO: MARCA PRÓPRIA EM SUPERMERCADOS
Expediente
Autor do “Manifesto para Reflexão: Marca Própria em Supermercados”:
Alain Winandy
Capa e Diagramação:
Mayra Winandy
Ano:
2015
6MANIFESTO PARA REFLEXÃO: MARCA PRÓPRIA EM SUPERMERCADOS
www.cienciadovarejo.com.br

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  • 1. 1MANIFESTO PARA REFLEXÃO: MARCA PRÓPRIA EM SUPERMERCADOS
  • 2. 2MANIFESTO PARA REFLEXÃO: MARCA PRÓPRIA EM SUPERMERCADOS Um erro estratégico no lançamento das marcas própria no Brasil em su- permercados foi decisivo para que a imagem delas fosse “queimada” frente ao consumidor e, até hoje, sua participação no Brasil pode ser considerada pífia. Marca própria, que neste caso se refere à marca de linha de produtos lan- çada por varejistas que detém, portanto, sua propriedade; operar com ela (ou elas, podem ser várias) traz vantagens para o consumidor: • no custo; • na simplificação da escolha no ponto de vendas. E para o varejista: • no aumento de vendas; • em margens mais saudáveis que compõe positivamente o mix de margens da empresa, contribuindo para melhor resultado financeiro; • em aumento da fidelização de clientes, que normalmente encontrarão aquelamarcaàvendaapenasnaslojasdovarejistaproprietárioda(s)marca(s). Ainda como vantagem, para o setor de supermercados, marcas próprias podem diminuir a força das marcas consagradas ou nacionais na participação de vendas, que normalmente propiciam aos varejistas margens apertadas e ne- cessidade de administrar imagem de preços. A introdução em linha de produtos de marca própria acaba induzindo a estes fabricantes e fornecedores desses produtos (de marcas consagradas) a uma melhor negociação; já para fabricantes e fornecedores em geral, assumir a produção de marca própria de uma empresa diminui seus custos totais de produção, e propicia melhor aproveitamento do seu parque industrial e da sua mão de obra especializada1 . Vantagem para todos. Se é assim tão bom para todos, porque então não são tão utilizadas no setor de supermercados? Para se ter uma ideia, a participação nas vendas no Brasil gira há algum tempo em torno de 5%, enquanto que na Europa está em 38,7% em valor (ou 48,9% em unidades, maior neste caso, por conta do menor preço do que as marcas consagradas das categorias de produtos)2 . O Reino Unido aparece com 1 Há uma pequena discussão neste ponto: alguns acreditam que as grandes empresas fornecedoras de produtos não são simpáticas à introdução de marca própria pelos supermercados, justamente por perderem força de negociação e vendas, outros acreditam que estas mesmas empresas devem entrar nesse mercado de fornecedores de marcas próprias, justamente para aproveitar estas vanta- gens que os fornecedores e produtores tem, além de não dar espaço para o crescimento de outros fornecedores. 2 Fonte: Private Label in Western Economies: closing the price gap, losing share. IRI, dez de 2014. Esses números, de acordo com a IRI, vieram das seguintes fontes: Hipermercados e supermercados da Espanha e Grécia, total de mercado incluindo Hard Discounts da Itália, Holanda, Alemanha e França, e total de mercado do Reino Unido, da kantar Worldpanel de 2014; Estados unidos os chamados multi outlet w/c-stores, englobando supermercados, farmácias, redes de varejo, entre outras. No brasil, o número engloba uma cesta de categorias, supermercados, atacados e farmácias, sendo o estudo anual da Nielsen considerado referência no assunto.
  • 3. 3MANIFESTO PARA REFLEXÃO: MARCA PRÓPRIA EM SUPERMERCADOS 3 Quando falamos em marcas próprias, por vezes é difícil fazer um comparativo entre números de diferentes países, pois a base de coleta de dados pode ser em formatos e setores diferentes em cada país, já que a evolução ocorre de maneira diferente em cada um deles; porem, são assim esses números são indicação de aceitação de marca própria em determinado país, devendo porém ser levada em consideração esta ressalva. 4 Coelho, F.S. Formação estratégica de precificação, Ed. Atlas, 2009, p.144. a maior participação em vendas (51,5%), na Europa a menor participação é da Grécia (15,4%), e nos estados Unidos é de 16,4%. Como os números da Es- panha, Holanda e Grécia envolvem apenas supermercados e hipermercados, observamos que neste setor específico as participações da marca própria na venda são respectivamente 42%, 27,3% e 15,4%, bem significativas3. Com relação a diferença de preço do produto marca própria na Europa, Reino Unido e Estados unidos, de acordo com o mesmo relatório, este se posi- ciona em torno de 70% do preço das marcas consagradas, marcas nacionais. Qual foi então este erro estratégico que afetou a participação no Brasil? De início, o foco principal no Brasil na época do lançamento de marcas próprias em supermercados foi oferecer opção de preço mais baixo para os con- sumidores e recompor margem para os supermercadistas. Como resultado, foram lançados os produtos genéricos e marcas próprias “combate”, aonde a qualidade do produto era a mínima aceitável (ou permitida) e o preço era mais baixo que o produto líder, porém alto o suficiente para proporcionar alta margem. Na abordagem de Kotler para precificação, se a qualidade percebida pelo cliente do produto for baixa, se o preço deste produto for baixo, ele (cliente) terá uma economia, se o preço for médio, terá então uma “falsa” economia, e, se o preço for alto, o cliente terá a impressão de estar sendo assaltado! 4 A marca própria foi lançada posicionando sua qualidade e preço entre a falsa economia e o assalto. Como resultado, estamos colhendo hoje o que foi plantado ontem, a desconfiança do consumidor em relação à qualidade do produ- to marca própria, do seu preço, do seu custo-benefício. Mas, nem tudo está perdido. Há uma tendência de mudança. E ela ocorre por conta da globalização e da atuação de multinacionais do varejo, não só do setor de supermercados. No setor têxtil, podemos citar várias empresas que se utilizam de marcas próprias (no formato de marcas dos produtos com a mesma
  • 4. 4MANIFESTO PARA REFLEXÃO: MARCA PRÓPRIA EM SUPERMERCADOS marca fantasia da empresa), que transmitem uma percepção de certa qualidade nos produtos, como Zara, Forever 21, Hering..., ou, como por exemplo a em- presa que comercializa artigos esportivos Decatlhon, neste caso com o uso de marcas múltiplas (em torno de 20 marcas próprias). No setor de supermercados, o mesmo está ocorrendo, como por exemplo as marcas do GPA-Casino: Casino, TAEQ, Qualitá, Club des Sommeliers... Portanto, existe uma tendência de, na convivência com produtos de marca própria que induzam percepção de maior qualidade, que a confiança dos consu- midores para com as marcas próprias no setor de supermercados seja reconquis- tada pouco a pouco, podendo em certo momento ter sua venda e participação crescendo muito acima dos demais produtos, con-quistando maior participação5 . Não estaria então na hora de reverter estes números, pelo menos no que tange a linha de produtos oferecida pelos supermercadistas, aprendendo com o passado, agora acertando na estratégia, e se preparar para esta nova e forte tendência? 5 A participação das marcas próprias no Brasil em torno de 5% persiste desde 2007.
  • 5. 5MANIFESTO PARA REFLEXÃO: MARCA PRÓPRIA EM SUPERMERCADOS Expediente Autor do “Manifesto para Reflexão: Marca Própria em Supermercados”: Alain Winandy Capa e Diagramação: Mayra Winandy Ano: 2015
  • 6. 6MANIFESTO PARA REFLEXÃO: MARCA PRÓPRIA EM SUPERMERCADOS www.cienciadovarejo.com.br