1) O documento descreve um programa de capacitação para agentes comunitários e visitadores de saúde sobre identificação precoce do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).
2) O programa incluiu pré-teste, capacitação, pós-teste e avaliação de aplicabilidade e foi composto por 4 eixos programáticos cobrindo interação social, brincadeira, planejamento e sinais de alerta do TEA.
3) Os resultados da capacitação serão avaliados por meio de análise de conteúdo
2. Programa de capacitação em
identificação precoce do Transtorno do
Espectro do Autismo (TEA) para
agentes comunitários e visitadores em
saúde: Evidências de efetividade
Doutoranda Simone Steyer Lampert
Orientação: Profª Cleonice Alves Bosa
Instituto de Psicologia
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
3. Identificação precoce do TEA
A maioria das crianças apresenta os primeiros sinais entre os
12 e 24 meses
São denominados indicadores precoces ou sinais de alerta:
Ausência de comportamentos que denotam intenção
comunicativa clara
Dificuldades no desenvolvimento de comportamentos
sociocomunicativos (e.g. atenção compartilhada, linguagem
compreensiva e expressiva)
Perda de habilidades previamente adquiridas – Regressão
desenvolvimental (e.g. perda de palavras)
Comportamentos repetitivos e interesses restritos
Backes, Zanon & Bosa (2013)
Carpenter, Pennington & Rogers (2002)
Chawarska, Ozanoff et. al. (2008)
4. Implicações da identificação precoce do TEA
Promove oportunidade para a intervenção precoce, permitindo
o melhor desenvolvimento da criança e prevenindo a
severidade na expressão dos sintomas de TEA e de outros
sintomas secundários (e.g. agressividade e comportamentos
autolesivos);
Protege a família do estresse ocasionado pela busca longa por
um diagnóstico e apoio;
Requer conhecimento prévio dos profissionais da saúde sobre o
desenvolvimento social e comunicativo, ao longo dos 3
primeiros anos de vida;
Dawson (2008)
Helt, et. al. (2008)
Rogers & Vismara (2008)
5. Conhecimento dos profissionais de saúde
sobre o TEA
Conhecimentos e crenças equivocadas em relação a aspectos
sociais, emocionais e cognitivos do TEA. Ex: “Crianças autistas
não formam vínculo social, nem mesmo com seus pais”;
Pesquisa com 152 estudantes de medicina do primeiro e sexto
anos, demonstrou conhecimento muito limitado sobre TEA, não
havendo diferença no conhecimento sobre TEA entre alunos do
primeiro e último semestre do curso;
Insegurança dos profissionais em reconhecer sinais e sintomas
que permitem a identificação de TEA.
Heidgerken et. al. (2005)
Muller (2012)
Stone (1987)
6. Políticas de saúde voltadas ao TEA
“Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com
Transtornos do Espectro do Autismo” (BRASIL, 2013):
determina que as ações de assistência materno-infantil da
Atenção Básica são importantes na tarefa de identificação de
sinais de alerta às alterações no desenvolvimento da criança
(e.g. a qualificação das equipes profissionais);
A Atenção Básica é a porta de entrada no sistema de saúde,
portanto se configura como o contexto a partir do qual é
necessário implementar programas de capacitação em saúde
efetivos com relação à identificação de sinais de alerta do TEA.
7. Conceito de efetividade
Efetividade = Enfatiza a avaliação contínua do processo.
O efeito real sobre determinado sistema ou situação
Consiste no efeito de determinado serviço de saúde sobre um
grupo populacional, ou seja, grau em que as práticas cotidianas
de cuidado, alçam-se ao nível de melhoria da saúde
Tem sido vista, ainda, como um atributo composto pela
eficiência (ação de produzir um efeito) e pela eficácia ( a
capacidade de realizar objetivos)
Donabedian (1992)
Silva & Formigli (1994)
8. Avaliação de programas em saúde
Avaliação de
programas
em saúde
Estrutura:
Condições físicas,
equipamentos, materiais,
número de profissionais
Processo:
Conjunto de atividades
desenvolvidas –
diagnóstico ou
reabilitação
Resultado:
Mudanças verificadas na
condição de saúde do
paciente
9. Modelo de avaliação de programas de
capacitação
• Investiga o nível de satisfação e atitudes em
relação aos conteúdos, técnicas e habilidades
abordadas, a aplicabilidade e a utilidade do
treinamento.
Reação
• Verifica se houve a retenção dos conteúdos
trabalhados e se os objetivos instrucionais da
capacitação foram alcançados.
Aprendizagem
• Averigua se há transferência da aprendizagem
ao contexto do trabalho, avaliando o
desempenhos dos indivíduos.
Comportamento
no cargo
(Hamblin, 1978)
10. Objetivos
Objetivo principal
Avaliar a efetividade de um programa de capacitação para
trabalhadores dos serviços de Atenção Básica em Saúde da Criança
com vistas à identificação precoce dos sinais de alerta para o TEA.
11. Participantes
50 agentes comunitários de saúde – ESF
Visitadores “Primeira Infância Melhor – PIM” (
http://www.pim.saude.rs.gov.br
12. Capacitação em identificação precoce do
autismo na atenção básica em saúde
FASE 1
PRÉ-TESTE
FASE 2
INTERVENÇÃO
FASE 3
PÓS-TESTE
FASE 4
FOLLOW-UP
Questionário de
avaliação dos
conhecimentos
sobre parâmetros de
desenvolvimento e
sinais de alerta do
TEA
Protocolo de
observação de
vídeos – Baseado no
PROTEA (Bosa,
1998; Bosa, Zanon,
& Backes, 2013;
Marques & Bosa, In
press)
Programa de
capacitação
30 horas/aula
4 Eixos
programáticos
(Lampert & Bosa
,2013)
Questionário de
avaliação dos
conhecimentos sobre
parâmetros de
desenvolvimento e
sinais de alerta do
TEA
Protocolo de
observação de vídeos
– Baseado no
PROTEA
3 meses:
Aplicação do roteiro de
entrevista para avaliação
da satisfação quanto ao
programa de capacitação
4 meses:
Avaliação das crianças
pelo Social Attention and
Communication
Surveillance - SACS será
realizada por equipe
multidisciplinar
Objetivo:
Avaliar
conhecimentos
Prévios
Objetivo:
Capacitar quanto
à identificação de
sinais de alerta do
TEA
Objetivo:
Avaliar
conhecimentos
adquiridos
Objetivo:
Avaliar aplicabilidade dos
conhecimentos
adquiridos
13. Eixos programáticos
Eixo I
Interação
social e
comunicação
Conceitos principais:
Interação face-a-face; imitação de símbolos linguísticos,
atenção compartilhada (inciativa e resposta), aspectos
pragmáticos da linguagem
Objetivo geral:
Definir as bases da aquisição da linguagem e seus preditores:
símbolos linguísticos, intenção comunicativa,
interação/comunicação.
Objetivos específicos:
Oportunizar a identificação de comportamentos interativos
que são esperados nos primeiros anos de vida da criança, de
acordo com a faixa etária.
Demonstrar como a criança aprende a usar o olhar, as
expressões faciais, a orientação do corpo e os gestos para se
comunicar e as funções destes sinais comunicativos.
14. Eixos programáticos
Eixo II
Brincadeira
Conceitos principais:
Imitação motora; brincadeira exploratória, funcional e
simbólica (teoria sociopragmática)
Objetivo geral:
Definir como ocorre o desenvolvimento da brincadeira e qual
a sua função durante o desenvolvimento infantil.
Objetivos específicos:
Oportunizar a identificação de diferentes tipos de exploração
de brinquedos e brincadeira.
15. Eixos programáticos
Eixo III
Planejamento
Meta
Percepção
Conceitos principais:
Funções executivas, coerência central e integração da
estimulação sensorial
Objetivo geral:
Definir como a criança percebe e integra os diferentes
estímulos e desenvolve um comportamento flexível, interesse
pelo novo, e a exploração de várias modalidades sensoriais.
Objetivos específicos:
Oportunizar a identificação de comportamentos orientados à
metas, de automonitoramento, e resposta aos feedbacks de
outra pessoa.
16. Eixos programáticos
Eixo IV
Sinais de
alerta para o
TEA:
Quais são e
como
reconhecer
Conceitos principais:
Indicadores precoces do TEA; Treinamento para o uso do
Social Attention and Communication Surveillance - SACS
(Barbaro & Dissanayake, 2012)
Objetivo geral:
Definir comportamentos de risco para o desenvolvimento de
TEA (interação social e comunicação social; comportamentos
repetitivos e estereotipados), considerando a faixa etária da
criança e de acordo com o DSM-5.
Objetivos específicos:
Exemplificar comportamentos de risco para o
desenvolvimento do TEA;
Treinar para uso do SACS (Barbaro & Dissanayake, 2012);
O treinamento para uso do SACS será realizado pela autora
do instrumento com tradução simultânea.
17. Metodologia e materiais didáticos
Aulas dialogadas;
Relato de casos;
Exercícios práticos em grupo;
Exibição de vídeos contendo cenas de crianças
interagindo/brincando (parceria com os alunos da Faculdade de
comunicação da PUC-RS e da Educação da UFRGS e serão
realizados tendo como referência o próprio contexto de trabalho
dos participantes, utilizando a metodologia desenvolvida por
Bosa, Nuernberg, Sanini, Monte & Passerino ,2013);
Técnica de “role play”;
Construção de cartilha e folders sobre sinais de alerta para o
TEA destinado ao uso na saúde pública.
18. Análise de dados
Análise de conteúdo (Bardin, 2009);
Estatística descritiva e de testes de comparação de médias de
porcentagens de acertos ( teste T de Student ) nas medidas de
pré (fase 1) e pós-teste (fase 3);
Quanto ao SACS, os escores obtidos na análise dos vídeos
serão comparados ao gabarito para verificação do número de
acertos. Estes dados serão descritos em porcentagem, e
espera-se que os participantes alcancem um percentual de
acertos de no mínimo 70%.