1. O documento discute os conceitos de gêneros textuais e tipologias textuais segundo duas correntes principais e apresenta exemplos de cada tipologia textual. 2. As tipologias textuais incluem narração, descrição e dissertação, com exemplos e características de cada um. 3. Os gêneros textuais surgem de práticas sócio-históricas e novas tecnologias podem gerar novos gêneros híbridos.
2. Definindo
Existem duas correntes principais em se
tratando de textos: uma de Luiz Antônio
Marcuschi (UFPE) e outra de Luiz Carlos
Travaglia (UFUberlandia/MG).
Marcuschi – gêneros textuais (cartas, receitas,
crônicas, parágrafo argumentativo, etc.)
Travaglia – tipologia textual (narração,
descrição e dissertação)
3. Tipologia - Narração
O texto narrativo é um dos primeiros que a pessoa
aprende a produzir. A narração enuncia FATOS
e envolve os seguintes elementos: quem, onde,
quando, como.
A maioria dos verbos que compõem esse tipo de
texto são VERBOS DE AÇÃO (“Fizemos isso,
encontramos aquilo...”).
ENREDO
PERSONAGENS
ESPAÇO
TEMPO
4. QUEM RI DO QUÊ?
Depois do almoço, que foi mesmo uma grande festa, Ângelo
voltou ao trabalho e Eulália foi dormir sua sesta habitual da
tarde.
Vera, Sílvia e Emília saíram para passear pela chácara com
Irene.
— A senhora tem um jardim deslumbrante, dona Irene! —
coment Sílvia, maravilhada diante dos canteiros de rosas e
hortênsias.
— Para começar, deixe o “senhora” de lado e esqueça o
“dona” também — diz Irene, sorrindo. — Já é um custo
agüentar a Vera me chamando de “tia” o tempo todo. Meu
nome é Irene. “Dona” Irene ou, pior, “Professora Doutora”
Irene, eu cobro só de quem não gosto.
5. Todas sorriem. Irene prossegue:
— Agradeço os elogios para o jardim, só que
você vai ter de fazê-los para a Eulália, que é
quem cuida das flores. Eu sou um fracasso
na jardinagem. A Eulália, não, acho que tem
um “dedo verde”. Basta alisar uma planta
murchinha para ela ficar toda brejeira,
verdinha e viçosa. Uma coisa
impressionante.
BAGNO, Marcos. A língua de Eulália.
6. Tipologia - Descrição
2) DESCRIÇÃO
Descrever é enumerar as características das pessoas
ou dos lugares, particularizando-os em relação aos
demais elementos de mesma espécie.
Ao contrário da narração, em que os fatos são
apresentados sucessivamente, na descrição o relato
é estanque, podendo até promover uma interrupção
na narrativa para apresentar os detalhes físicos do
lugar e das pessoas.
7. Segundo Othon M. Garcia (1973), "Descrição é a
representação verbal de um objeto sensível (ser,
coisa, paisagem), através da indicação dos seus
aspectos mais característicos, dos pormenores que o
individualizam, que o distinguem.“
Diferentemente da narração, que faz uma história
progredir, a descrição faz interrupções na história,
para apresentar melhor um personagem, um lugar,
um objeto, enfim, o que o autor julgar necessário
para dar mais consistência ao texto.
8. Por todo o atelier pairava o aroma intenso das
rosas e quando a branda aragem estival corria
por entre as árvores do jardim, entrava pela
porta a fragrância carregada do lilás, ou ainda o
perfume delicado do espinheiro de floração
rósea. Estendido no divã de bolsas de seda
persas, a fumar, como era seu costume, cigarro
após cigarro, Lord Henry Wotton só conseguia
vislumbrar do seu canto as flores adocicadas e
cor de mel de um laburno, cujos ramos trémulos
pareciam mal poder suportar o peso de beleza
9. tão fulgurante. De vez em quando, através dos
cortinados de tussor de seda que cobriam a
enorme janela, via passarem velozes as
sombras fantásticas das aves, que produziam
como que um momentâneo efeito japonês, o
que o levava a pensar naqueles pintores de
Tóquio, de rostos cor de jade e pálidos, que,
servindo-se de uma arte que é necessariamente
imóvel, procuram transmitir a sensação de
rapidez e movimento. O zumbido lento das
abelhas, que abriam caminho por entre a relva
10. crescida, ou voavam com monótona insistência à volta
das hastes douradas e poeirentas de uma
madressilva desgarrada, parecia tornar o silêncio
mais opressivo. Ao longe, os vagos ruídos de Londres
soavam como o bordão de um órgão longínquo.
No centro do atelier, afixado a um cavalete vertical,
estava o retrato em corpo inteiro de um jovem de
beleza invulgar. À sua frente, sentado a uma certa
distância, estava o autor, Basil Hallward, cujo
desaparecimento súbito, há alguns anos, havia
provocado, na altura, grande alvoroço e dera origem
às mais surpreendentes conjecturas.
WILDE, Oscar. O retrato de Dorian Gray.
11.
12.
13. Tipologia - Dissertação
3) DISSERTAÇÃO
Neste tipo de texto, o foco é a IDEIA. A função da
dissertação é discutir, debater, questionar,
apresentar pontos de vista ou teses do autor. Pode
ser dividido em categorias: argumentativo ou
expositivo.
A argumentação: apresentar ou defender uma tese.
A exposição: expõem-se conceitos.
14. Na elaboração de uma dissertação, o autor
deve ter em mente quatro aspectos:
OBJETIVIDADE
CLAREZA
COERÊNCIA
COESÃO
15. Exemplo de texto expositivo
O telefone celular
A história do celular é recente, mas remonta ao
passado –– e às telas de cinema. A mãe do telefone
móvel é a austríaca Hedwig Kiesler (mais conhecida
pelo nome artístico Hedy Lamaar), uma
atriz de Hollywood que estrelou o clássico Sansão
e Dalila (1949).
Hedy tinha tudo para virar celebridade, mas pela
inteligência. Ela foi casada com um austríaco nazista
fabricante de armas. O que sobrou de uma relação
desgastante foi o interesse pela tecnologia.
16. Já nos Estados Unidos, durante a Segunda Guerra
Mundial, ela soube que alguns torpedos teleguiados
da Marinha haviam sido interceptados por inimigos.
Ela ficou intrigada com isso, e teve a idéia: um
sistema no qual duas pessoas podiam se comunicar
mudando o canal, para que a conversa não fosse
interrompida. Era a base dos celulares, patenteada
em 1940.
17. Exemplo de texto argumentativo
Afinal, mais que torcedores, somos
cidadãos, embora sempre nos esqueçamos
disso. Essa “gente bronzeada”, como é
sabido, tem memória fraca. Tão fraca que se
esquece do hino, ou das poucas partes de
que dele tenha aprendido, e em quem votou
na última eleição.
E assim, cegos e
amestrados, vibramos com a seleção que
não escolhemos e criticamos o país que não
ajudamos a melhorar.
18. Porém, acredita-se que o brasileiro seja,
sobretudo, um guerreiro munido de fé.
Trabalha-se de sol a sol sem se questionar a
ordem pública, pois, afinal, seu governo lhe
dá o pão e a seleção o espetáculo. Todo o
país é um Coliseu em que a elite assiste de
camarote, a classe média ovaciona na platéia
enquanto o proletariado é atirado aos leões.
19. Tipologia – Texto injuntivo
É aquele no qual predomina a função conativa/
apelativa, e tenta convencer o receptor (quem ouve) a
tender a vontade do emissor (quem fala).
O "texto injuntivo" usa função da linguagem chamada
conativa ou apelativa. Visa a convencer o ouvinte a
obedecer a uma vontade do emissor (quem fala), seja
ordenando ou pedindo gentilmente.
Os verbos imperativos são amplamente utilizados no
texto injuntivo.
20. Exemplo de texto injuntivo
Instalando os cartuchos HP na
impressora.
Verifique o conteúdo da caixa.
Após conectar o cabo de instalação, ligue
a impressora.
Carregue papel branco comum.
21. Pressione o botão ligar.
Abra a porta dos cartuchos e verifique se
o carro de impressão está no centro.
Remova as fitas adesivas dos cartuchos.
Segure os cartuchos com o logotipo para
cima.
22. Insira-os nos slots, certificando-se de
empurrá-los até ouvir um “clic”.
Feche a porta dos cartuchos de
impressão.
Aguarde alguns instantes até que a página
de alinhamento seja impressa.
23. Coloque-a voltada para baixo no vidro da
impressora e feche a tampa.
Pressione o botão “digitalizar”.
Aguarde até que a luz verde pare de
piscar. A impressora está pronta para o
uso!
24. 1. Gêneros textuais como práticas
sócio-históricas
Contribuem para ordenar e estabilizar as
atividades comunicativas do dia-a-dia;
São entidades sócio-discursivas e formas
de ação social
incontornáveis em
qualquer situação comunicativa;
Os gêneros textuais surgem situam-se e
integram-se funcionalmente nas culturas
em que se desenvolvem e caracterizamse muito mais por suas funções
comunicativas, cognitivas e institucionais
do que por suas peculiaridades
lingüísticas e estruturais
25. 2. Novos gêneros e velhas bases
As
novas tecnologias, ou seja, a
intensidade do uso das tecnologias e suas
interferências
nas
atividades
comunicativas diárias propiciaram o
surgimento de novos gêneros textuais,
formas inovadoras. Fato já notado por
Bakhtin(1997)
quando
falava
na
transmutação
dos
gêneros
e
na
assimilação de um gênero por outro
gerando novos.
Exemplos:
a) conversa -> telefonema
b) bilhete -> carta -> e-mail
26. Os limites entre a oralidade e a escrita
tornam-se menos visíveis, a isto chama-se
hibridismo que desafia as relações entre
oralidade e escrita e inviabiliza de forma
definitiva a visão dicotômica.
Os gêneros híbridos permitem observar
melhor a integração entre os vários tipos
de semioses: signos verbais, sons,
imagens e formas em movimento.
27. Definição de tipo e gênero textual
É impossível se comunicar verbalmente a não ser por
algum gênero, assim como é impossível se comunicar
verbalmente a não ser por algum texto.
Esta visão segue a noção de língua como atividade
social, histórica e cognitiva, privilegia a natureza
funcional e interativa. A língua é tida como uma forma de
ação social e histórica e que, ao dizer, também constitui
a realidade sem contudo cair num subjetivismo ou
idealismo ingênuo. Neste contexto os gêneros textuais se
constituem como ações sócio-discursivas para agir sobre
o mundo e dizer o mundo, constituindo-o de algum
modo.
28. Texto
é uma entidade
concreta realizada
materialmente e corporificada
em algum gênero textual.
Discurso é aquilo que um
texto produz ao se manifestar
em alguma instância
discursiva. O discurso se
realiza nos textos.
29. Domínio Discursivo
Uma esfera ou instância de produção
discursiva ou de atividade humana. Não são
textos nem discursos, mas propiciam o
surgimento de discursos bastante
específicos. Discurso jurídico, discurso
jornalístico, discurso religioso, discurso
político, etc.
30. TIPOS TEXTUAIS
constituem
definição
Espécie
Seqüências
d
teoricam e seqüência
abrangem
são
lingüísticas
ente de
finida
ou de
pela na
t
s
lingüíst ureza
enunciados
Constructo
i
r
compos ca de sua
• narraç
no interior
teóricos po
ição(as
ão
s dos gêneros
pectos • ar
lexicais
gumentação propriedade
, sintáti
cos, • exp
tempos
e não são
lingüísticas
osição
v
relaçõe erbais,
• descrição
textos
intrínsecas
s lógica
s)
• injunção
empíricos
31. Gêneros textuais
Textos
e
empiricament
Realizaçõe realizados
s
lingüísticas cumprindo
concretas funções em
s
definidas
por situaçõe
propriedad
comunicativas
es
sóciocomunicati
vas
.
Exemplos de gêneros:
telefonema, sermão, carta
comercial, carta pessoal,
romance, bilhete, aula
expositiva, reunião de
condomínio, horóscopo,
receita culinária, lista de
compras, cardápio,
instruções de uso, outdoor,
resenha, inquérito policial,
conferência, bate-papo
virtual, etc
Abrange um conjunto aberto e
praticamente ilimitado de
designações concretas determinadas
pelo canal, estilo, conteúdo,
composição e função.