O documento discute diferentes perspectivas sobre o conceito de poder. Aborda poder como a capacidade de influenciar o comportamento de outros e como um processo social. Também explora como o poder é percebido por teóricos como Marx, Parsons e Foucault.
2. Em sentido genérico poder é a capacidade de
produzir ou contribuir para resultados, fazer com
que algo ocorra.
Na vida social, poder é a capacidade de fazer isso
através de relações sociais: é a capacidade de
produzir ou contribuir para resultados que
afetem significativamente um outro ou outros.
3. O exercício do poder é um processo social na
medida em que indivíduos ou grupos detêm
condições de influenciar ou alterar o
comportamento de outros indivíduos ou grupos.
4. O exercício do poder está diretamente vinculado
à cultura dos grupos sociais que estabelecem
aquilo que tem ou não valor naquela sociedade
em particular.
Caso a força física seja valorizada, então ela é
que se tornará o principal componente do poder.
5. Se for a capacidade dos indivíduos em se
relacionar com divindades, os sacerdotes terão
mais valor, e, desse modo, exercerão mais poder.
Em grupos menores, por exemplo, entre amigos,
terá mais poder aquele que detiver os elementos
mais valorizados por todos.
6. A maior parte dos cientistas sociais compartilha a
idéia de que poder é a capacidade para afetar o
comportamento dos outros. O poder pode ser
considerado como um meio que o grupo ou
indivíduo tem de fazer com que as coisas sejam
realizadas por outros.
7. Essas amplas definições gerais oferecem um
quadro de referência para caracterizar algumas
das principais diferenças no modo como o poder
tem sido visto em debates do século XX e XXI.
Focalizando o Poder Social, podemos formular
várias questões.
Quem ou o que possui poder?
Muitos viram o poder como uma capacidade de
agentes, individuais ou coletivos, embora haja
quem o considere uma propriedade impessoal:
8. É a capacidade dos sistemas
sociais de realizar objetivos
coletivamente vinculatórios
(Talcott Parsons). Para
Parsons, poder não é uma
questão de coerção ou
dominação social, mas, sim,
se origina do potencial dos
sistemas sociais de coordenar
atividades humanas e
recursos, a fim de atingir
objetivos.
9. Ou dos mecanismos
sociais de “disciplinar”
indivíduos, modelando
seu discurso, seus desejos,
a bem dizer, a sua própria
“subjetividade” (Michel
Foucault).
10. Em segundo lugar, que resultados contam como
efeitos do poder? Muitos concordam com
Bertrand Russel e Max Weber, que insistiram em
que os resultados sejam intencionais.
11. Para Russel, o poder é
“a produção de efeitos
pretendidos” (1938.
p.25).
12. Para Weber, é “a probabilidade
de que um ator em uma relação
social esteja em posição de levar
a efeito a sua vontade,
independentemente da base em
que essa probabilidade se
assenta” (1921, p.02)
13. Em terceiro lugar, que distingue as relações de
poder? De que maneiras podem os poderosos
afetar significativamente outros para produzir ou
contribuir para resultados?
Alguns como Weber, concentram-se na relações
de dominação – no poder sobre um outro ou
outros, na garantia de submissão por meios que
podem ir desde a VIOLÊNCIA e a força, passando
pela manipulação, até a AUTORIDADE e a
persuasão racional .
14. Outros, como Hannah Arendt,
vêem as relações de poder como
essencialmente cooperativas,
definindo poder como “a
capacidade humana de atuar em
harmonia”, em contraste com a
violência e a força, e com a
relação “comando-obediência”.
O poder nessa concepção
pertence a um grupo e continua
a existir somente enquanto o
grupo se mantiver coeso
15. Poder é um conceito sociológico fundamental,
com vários significados, em torno dos quais há
grande divergência. Vejamos como os clássicos
conceituam o ‘poder’ dentro da sua teoria.
16. Karl Marx utilizou o conceito de poder em
relação às classes sociais, e não a
indivíduos. Marx argumentava que o
poder tem origem em uma posição de
classe social na RELAÇÕES DE
PRODUÇÃO, como na posse e controle
dos meios de produção pela classe
capitalista. Dessa perspectiva, a
importância do poder reside não nas
relações individuais, mas na dominação e
subordinação de classes sociais, baseadas
nas relações de produção.
17. A posse dos meios de produção, segundo Marx,
conferem a classe dominante não somente o
controle da ESTRUTURA, mas também da
SUPERESTRUTURA, onde a manutenção do
poder é garantida.
O Poder para Marx se origina na posse dos meios
de produção mas se perpetua com a difusão da
IDEOLOGIA dominante. Em última instância, em
Marx, podemos conceber como poder o PODER
DA IDEOLOGIA.
18. Diferentemente da coerção direta, a dominação
ideológica é mais efetiva, e se mantêm com o
apoio do dominado.
Segundo Marx, a consciência está ligada às
condições materiais de vida, ao intercâmbio
entre os homens. Porém, a consciência que os
homens têm dessas relações, não condiz com as
relações materiais reais que de fato vivem.
Por exemplo, ao trabalhador, parece natural que
certas pessoas tenham que trabalhar em troca de
um salário para viver, como se isso sempre
houvesse existido e, mais ainda, como se tivesse
que continuar existindo pra sempre.
19. Marx mostra que o caráter de poder, de dominação,
não se manifesta igualmente por toda parte da
sociedade em geral sobre todos os homens
indistintamente, mas sim de uma parte da sociedade
sobre outra, ou melhor, de uma classe social que
assume o papel de dominante sobre as outras, que
se tornam dominadas.
O Poder que se estrutura na relação de classes, se
perpetua através da ideologia. A ideologia é aquele
sistema ordenado de idéias, de concepções, de
normas e de regras que obriga os homens a se
comportarem segundo a vontade do sistema, mas
como se estivessem se comportando segundo sua
própria vontade.
20. Durkheim vê a sociedade como
resultado direto da coerção
exercida pelos fatos sociais.
A liberdade é a liberdade
consentida, a liberdade dentro
dos limites possíveis, imposta
pela coerção.