Este documento apresenta o projeto de tese de doutoramento sobre as tecnologias da informação e comunicação na educação. O estudo irá analisar como a formação de professores e o seu sentido de autoeficácia influenciam a integração curricular das TIC, através de questionários e entrevistas a 130 professores antes, durante e após a formação ao longo de vários anos. Os resultados esperados são confirmar se a formação altera a utilização das TIC e identificar fatores que permitam manter esses efeitos no longo prazo.
1. Universidade de
Lisboa
Instituto de Educação
Projeto de tese
Doutoramento
em
Educação
Tecnologias da Informação e Comunicação na Educação
7 Dezembro 2012
2.
3.
4. As TIC, os professores e a
Educação: pressupostos
As tecnologias digitais tornaram-se parte
integrante da nossa sociedade e o seu domínio
é hoje considerado vital para qualquer cidadão
no Século XXI.
É inquestionável o seu enorme potencial nos
mais diferentes sectores de atividade,
constituindo uma poderosa ferramenta para
resolver problemas e, em última instância para
proporcionar maior qualidade de vida aos
cidadãos.
Os jovens são os seus principais e naturais
utilizadores.
Está confirmado que as TIC são amplamente
utilizadas nas escolas Europeias, no entanto é
difícil assegurar que a sua utilização esteja a ser
feita com propósitos que signifiquem uma
5. Enquadramento teórico
Na atualidade verifica-se que os professores já utilizam mais as TIC no
desenvolvimento profissional e na integração curricular, no entanto o tipo de
tarefas usualmente desenvolvidas encontra se aquém das potencialidades
educativas que estes recursos facultam. Por esta razão, têm sido realizados
estudos que procuram identificar as causas subjacentes. Wild (1996) referiu
alguns constrangimentos, como:
a)Falta de oportunidades para usar os computadores regularmente;
b) Recursos informáticos escassos na escola;
c) Stress do professor;
d)Falta de segurança e confiança para usar as TIC;
e)Falta de conhecimento sobre o verdadeiro impacto do uso das TIC em
contexto educativo;
f) Poucas experiências com TIC na formação de professores, quer na formação
inicial quer na formação contínua. Está confirmado que o sentido de
Vários autores referem que autoeficácia e competência dos
para haver uma integração professores afeta os seus objetivos e
efetiva das TIC nas atividades aspirações (Muijs & Reynolds, 2002), o
de ensino e aprendizagem com seu envolvimento na planificação das
os alunos é necessário investir atividades de ensino, o seu entusiasmo
em dois domínios: a) na atitude na sala de aula (Schwazer & Schwitz,
e na b) formação dos 2004) e a sua atitude face à inovação
professores. (Smylie, 1998).
6. Propósito do estudo
Formação
de
professore
s
Sentido de
autoeficáci
a
Integração
curricular das
TIC
9. Confirmar se a formação desenvolvida e
a análise de perceção de autoeficácia
na interação com as tecnologias se faz
traduzir
numa alteração da utilização
das TIC nas práticas
profissionais docentes
10. Analisar
Sob uma abordagem
multidimensional
níveis de utilização
das TIC
11.
12.
13. Participantes
Este estudo abrange um total de 130 professores
do ensino básico e secundário, participantes
numa ação de formação realizada na modalidade
presencial conjugada com trabalho autónomo no
total de 50 horas.
103 feminino 27 masculino
130 professores
Desvio padrão de 8.07
Média etária de 43.02 anos
anos
14. Instrumentos e procedimentos
Os dados são recolhidos através de um
questionário online construído no Google Docs.
Este integra duas escalas diferentes:
15. Instrumentos e procedimentos
O outro instrumento utilizado é a entrevista
Esta será semiestruturada
Tem como objetivo compreender as perspetivas dos
professores e aprofundar o esclarecimento de questões
levantadas pelos resultados obtidos da recolha e análise de
dados obtidos por questionário.
Serão realizadas após a recolha e análise de dados obtidos
por questionário.
16. Preparação de atividades de ensino e aprendizagem
• Com que frequência utiliza o computador para construir materiais didáticos para suporte ao trabalho
dos alunos?
Utilização profissional de e-mail
• Com que frequência utiliza o computador para enviar emails para os órgãos de gestão da escola?
Desenvolvimento de atividades instrucionais
• Com que frequência utiliza o computador para dar suporte à realização das atividades de ensino em sala
de aula?
Adaptação de recursos
• Com que frequência utiliza o computador para adaptar atividades às necessidades individuais dos
alunos?
Utilização em sala de aula pelos alunos
• Durante as suas aulas, com que frequência os alunos utilizaram os computadores para realizar trabalhos
ou tarefas em grupo ?
Suporte às produções dos alunos
• Com que frequência propõe aos alunos que elaborem e desenvolvam projetos multimédia utilizando o
computador?
Avaliação
• Com que frequência utiliza o computador para atribuir e divulgar as notas aos alunos?
17. Participantes
6 turmas
130 professores
(questionários)
X professores
(entrevistas) Formação creditada e realizada
através do Projeto Agir por si
mesmo do CFAE
18. • Após o fim da formação comparativamente
A curto com os dados obtidos antes da formação [M1-M2]
prazo
• Dois meses depois do fim da formação
comparativamente aos dados obtidos (antes e) no fim da
A médio
prazo formação [M2-M3]
• Pelo menos um ano depois do fim da formação
comparativamente com os dados obtidos (antes,
A longo imediatamente após e) 2 meses após o términus da
prazo formação [M3-M4]
19. Cronograma
(2009/2010) – Estudo prévio
• Descrição da problemática; pesquisa bibliográfica; aplicação de instrumentos e recolha de dados;
organização e tratamento de dados.
2011 (Maio a Dezembro)
• Descrição da problemática; pesquisa bibliográfica; construção dos instrumentos de recolha de dados
(guião); aplicação de instrumentos e recolha de dados; descrição da metodologia de investigação;
organização e tratamento dos dados; análise dos resultados encontrados; construção e estruturação do
corpo da tese
2012 e 2013 (Janeiro a Dezembro)
• Pesquisa bibliográfica; aplicação de instrumentos e recolha de dados; descrição da metodologia de
investigação; organização e tratamento dos dados; análise dos resultados encontrados; construção e
estruturação do corpo da tese
2014 ( Janeiro a Dezembro)
• Pesquisa bibliográfica; aplicação de instrumentos e recolha de dados; organização e tratamento dos
dados; análise dos resultados encontrados; discussão dos resultados encontrados; organização das
conclusões e identificação de estudos e projetos futuros; construção e estruturação do corpo da tese
20. GRUPO A GRUPO B GRUPO C GRUPO D GRUPO E GRUPO F
Mai
Out Mar Jul Fev Out Dez Mar Mar Jan Abril Abril Mar Jun Jun Abr Jul Jul
o
200 201 201 201 201 201 201 201 201 201 201 201 201 201 201 201 201
201
9 0 1 0 1 1 2 3 2 2 3 2 2 3 2 2 3
0
M1 M1 M1 M1 M1 M3 M4 M1 M3 M4
e M3 M4 e M3 M4 e M3 M4 e M3 M4 e e
M2 M2 M2 M2 M2 M2
M1 - Momento 1 de aplicação do questionário, previamente ao início da ação de formação
M2 - Momento 2 de aplicação do questionário, imediatamente após a finalização da ação de formação
M3 - Momento 3 de aplicação do questionário, dois meses após o terminus da ação de formação (médio prazo)
M4 - Momento 4 de aplicação do questionário, pelo menos12 meses após o fim da ação de formação (longo
prazo)
21. Momentos de realização das entrevistas
Grupo A Grupo B Grupo C Grupo D Grupo E Grupo F
Janeiro Fevereiro Setembro
Maio 2013 Junho 2013 Julho 2013
2012 2012 2013
22. Guiões de entrevista • Podemos dizer que após o
primeiro impacto da
formação passou a utilizar
menos as TIC na sua
prática profissional.
• Desde a ação de formação Concorda com estes
realizada em Outubro de resultados?
2009 frequentou outras • Que fatores considera que
• Que fatores considera que ações de formação na contribuíram para a
ajudaram a manter a sua área das TIC? diminuição que ocorreu na
estabilidade na utilização
das TIC? • Se sim quantas e quais? utilização das TIC na sua
• Já tinha experiência na prática profissional?
• Sentiu-se mais motivado a • Em que tipo de atividades
utilizar as TIC após a área antes desta ação de
formação ou nem por profissionais considera
formação ou nem por isso? que poderá ser
isso?
interessante a utilização
das TIC? Ou não concorda
com a sua utilização? E
Mantiveram Aumentaram porquê?
Diminuíram
23. Contributos esperados com a realização do estudo
Pelo facto de se realizar um estudo longitudinal poder-se-á atestar se a formação
desenvolvida e a análise de perceção de proficiência/autoeficácia na interação com as
tecnologias fomenta alterações nas práticas profissionais do professor ao integrar as
TIC na sua prática profissional e se essas alterações se mantêm.
Pretende-se também a existência de associação entre a autoeficácia e os índices de
utilização das TIC bem como evidenciar a estabilidade e intensificação de tal relação
ao longo do período de tempo em causa.
Testar a influência do fator tempo na estabilidade/atenuação/intensificação dos
efeitos do envolvimento em ações de formação nas práticas profissionais docentes.
Com base nas entrevistas procurar-se-á identificar mecanismos que permitam fazer
perdurar no tempo os efeitos favoráveis no envolvimento em ações de formação.
Pretende-se também analisar os níveis de utilização das TIC, sob uma abordagem
geral ou multidimensional, na medida em que em diferentes tarefas profissionais os
professores recorrem às TIC de forma diferenciada e como essa diferença se mantém
estável ou mutável ao longo do tempo.
24. Limitações
Pelo facto deste estudo integrar dados de natureza quantitativa e qualitativa assume-se o risco de dificuldade em cruzar dados de natureza distinta.
Maxwell e Loomis (2003) apesar de aceitarem a validade desta metodologia, referem que se corre o risco de não se captar
totalmente a diversidade de cada um dos designs de investigação utilizados. No entanto, outros investigadores referem que há uma
grande quantidade de benefícios quando são reunidas abordagens associadas com os dois paradigmas de pesquisa quantitativa e
qualitativa (Arthur et al., 2012; Robson, 2011).
Pelo facto de ser um estudo longitudinal, os dados serão extremamente difíceis de recolher pois ter-se-á de seguir os mesmos indivíduos durante
um longo período de tempo. Deste modo pode acontecer os participantes não se lembrarem de alguns eventos. Também pode acontecer o abandono
do estudo pelos participantes e deste modo registar-se uma marcada diminuição da amostra. Apesar destas limitações, os dados dos inquéritos
longitudinais continuam a ser uma poderosa ferramenta de pesquisa (Arthur et al., 2012).
A metodologia de recolha e análise de dados assenta na aplicação de questionários de self-report que não acedem a mais do que à representação
pessoal que o professor cria para si e deixa transparecer nas suas atitudes, competências e práticas quotidianas.
Ainda referente à natureza dos dados que se irá recolher é ainda de assinalar, o facto de o questionário selecionado ter sido
definido em 2009 e poder-se-á referir que as dimensões de utilização das TIC poderão não estar de acordo com o presente, pois este
foi elaborado com base em duas escalas de 2003, e já houve alterações ao nível das práticas (por exemplo as redes sociais não são
consideradas). No entanto, como o questionário em questão é aplicado a uma população com hábitos de utilização das TIC que se
entendem pouco sedimentados, os professores, que são entendidos como uma classe profissional que mesmo na atualidade tem
mantido as tecnologias pouco presentes no seu dia-a-dia profissional (como evidenciam autores dos estudos apresentados neste
trabalho), considera-se que o instrumento em causa corre menor risco de se encontrar desatualizado.
Pelo facto do estudo assumir um design pré-experimental não nos é possível garantir que de facto, os efeitos encontrados se
devem na totalidade, e só causa ou fator manipulado, isto é, à frequência da ação de formação, mesmo sendo este longitudinal.
Permite-nos sim, estabelecer a existência de associação entre os fatores em análise (autoeficácia e índices de utilização) bem como
evidenciar a estabilidade e intensificação de tal relação ao longo do período de tempo em causa.
Também se pode apresentar como efeito limitativo ao estudo o enviesamento que pode decorrer da habituação/aprendizagem
associado à aplicação dos mesmos instrumentos aos professores num relativo curto espaço de tempo bem como o facto dos
professores participantes e do investigador estarem envolvidos em ações de formação creditada e portanto imposta a um regime de
avaliação quantitativa em que o investigador exerce assim papel de formador-avaliador dos participantes na investigação. Ainda que
essa assimetria de estatutos possa exercer algum enviesamento nas respostas entende-se que será um fator favorável para