1) O documento discute os cenários críticos na implantação de empreendimentos industriais e os problemas que podem surgir quando não há o devido planejamento técnico.
2) É analisada a importância de se levar em conta fatores técnicos, sociais e ambientais ao se escolher uma localidade e implantar um empreendimento industrial.
3) Problemas como sobrecarga nos serviços públicos, aumento da criminalidade e problemas ambientais podem ocorrer quando a implantação não é bem planejada.
A demanda urbana de água corresponde à quantidade total de água necessária pa...
Cenários críticos na implantação de empreendimentos industriais
1. 1 de 14
Cenários Críticos na Implantação de
Empreendimentos Industriais
Engº Antonio Fernando Navarro1
OBJETIVO
Trazer à discussão um tema considerado por alguns como polêmico, como o da
implantação de empreendimentos industriais, empresas nacionais ou multinacionais instalando-se
em municípios sem que haja o necessário respaldo técnico, pode ser motivo de longas e ferrenhas
discussões. A implantação de um empreendimento pode significar geração de emprego e renda,
prestígio para o município, qualificação da mão de obra local, enfim, pode ser fator de múltiplas e
positivas agregações. Contudo, esse mesmo empreendimento pode vir a se transformar em um sério
e futuro transtorno ao município, pelos problemas gerados. O que iremos ver daqui para a frente é
uma análise mais aprofundada da questão, lançando mão de ferramentas simples, como a de
pesquisas através de questionários e a análise dos resultados, de modo que os atuais e ou futuros
governantes possam tomar ciência da situação, principalmente quando os cenários futuros não
forem tão otimistas assim.
Palavras Chave: Gestão do ambiente natural e antropomórfico, os contra sensos da gestão urbana,
erros cometidos na implantação de empreendimentos.
ABSTRACT
Bring to the discussion a subject considered by some as controversial, as the
deployment of industrial enterprises, national or multinational companies settling in municipalities
without the necessary technical support, can be cause of long and fierce discussions. The
deployment of a joint venture can mean generation of employment and income, prestige for the
municipality, local labor qualification, anyway, can be multiple and positive factor aggregations.
However, this same project could turn into a serious and the future of the municipality, by disorder
problems generated. What we will do from now on is a more in-depth analysis of the matter,
releasing hand of simple tools, such as surveys using questionnaires and the analysis of the results,
so that current and future leaders can make science or of the situation, especially when the future
scenarios are not so optimistic as well.
1
Antonio Fernando Navarro é Físico, Matemático, Engenheiro Civil, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Mestre em
Saúde e Meio Ambiente, professor da Universidade Federal Fluminense – UFF, tendo atuado como Gerente de Riscos
em atividades industriais por mais de 30 anos.
2. 2
KEYWORDS: Management of the natural environment and the anthropomorphic against senses of
urban management, mistakes made in setting up joint ventures.
DESCRIÇÃO DA QUESTÃO
Cenários críticos são situações que se apresentam diante de nós onde podemos observar
as características daquilo que veremos a seguir. O cenário pode ser o resumo de um quadro geral, da
mesma forma que também pode ser o horizonte que se pode avistar. Todos os empreendimentos
industriais trazem consigo a “fama” de que podem ser empreendimentos perigosos, já que o
histórico de grandes acidentes envolvendo centenas ou milhares de pessoas, quase sempre estão
associados às industriais.
As causas dos acidentes podem ser as mais variadas possíveis, desde a falha na
fabricação de um componente importante, a falha humana durante a operação, a falha de projeto,
enfim, quanto mais complexo for o empreendimento, maiores podem ser as quantidades de falhas
possíveis de ocorrência. Essa não necessariamente é uma correlação, mas sim uma associação, isso
porque as falhas podem se dar em decorrência de fatores como por exemplo, a quantidade de
operações de equipamentos. Não importam quais sejam as causas, essas devem ser sempre
apresentadas nos cenários, vez que esses auxiliam não só à elaboração dos projetos das instalações
das montagens como também à elaboração dos meios de controle dos “pontos” de risco.
Costuma-se associar os incidentes ou mesmo os acidentes a temas como baixo índice de
Confiabilidade dos Processos. Assim, nessa nossa visão sobre o tema, os cenários possibilitam não
só o entendimento das questões como também a definição das estratégias de prevenção ou de
proteção contra os riscos, ou seja, dos níveis de proteção. Este tema é relevante na medida em que
os empreendimentos industriais, por questões de logística, em primeiro lugar, não são posicionados
em ambientes ermos, mas sim nas proximidades de cidades ou vilas.
De um lado há empreendedores que buscam o crescimento das cidades e a oferta de
bens e serviços de qualidade e com menor custo. Do lado oposto há os conservadores que ainda
preferem suas cidades com as pessoas conversando nas calçadas nas frentes das casas, no final da
tarde. No centro do processo há aqueles que olham para os gráficos de crescimento populacional,
para as ações políticas, para a balança de pagamentos do país, para o intercâmbio comercial entre os
municípios ou estados. Razões, provavelmente todos a terão. Então, por que a escolha do tema?
Porque nem sempre os cenários traçados na implantação apresentam saldo positivo. Muitas vezes
veem-se obras paradas, municípios sobrecarregados com as demandas geradas pela atenção à saúde
e até mesmo para com a segurança dos cidadãos ou com "estrangulamentos" no planejamento
urbano.
3. 3
Corroborando o que apresentamos, em parte, tem-se o conhecimento de municípios, no
Estado do Rio de Janeiro, porque em uma parte do município original foi instalada uma grande
indústria internacional fabricante de automóveis. Esse município foi citado nos jornais televisivos
recentes como um dos que apresenta maior índice de qualidade de vida e de alfabetização. O
Município de origem é Resende, e o novo município Porto Real. As razões que levaram a esse
desmembramento não são objeto deste texto, mas bem que poderiam ser, já que podem existir,
dentre os quase 5.600 municípios brasileiros situações assemelhadas. O que cabe ser destacado é
que a economia do novo município está estruturada em uma indústria de porte, cuja venda dos
produtos depende de fatores político-econômicos, como taxa de juros, por exemplo.
Em resumo, neste caso, têm-se duas questões principais em pauta. A primeira a relativa
ao aspecto político, muitas vezes desconectado dos aspectos técnicos. Outra das questões é que as
escolhas de localidades quase nunca levam em consideração os aspectos técnicos que devem ser os
mais relevantes. Não se deve descartar o fato do aspecto social, esse observado não só desde que a
empresa chega ao local, mas também ao final das obras e início das operações industriais. Assim, os
cenários existentes na implantação de empreendimentos industriais passam a ser críticos na medida
em que os fatores contributários para o sucesso são muito variados. À semelhança de uma equação
matemática, há muitas incógnitas sobre as quais nem o próprio município e nem o empreendimento
as dominam plenamente.
Quando as instalações são bem sucedidas os resultados não são impactantes para a
sociedade, assim passam a ser um caso de sucesso e terminam se transformando em “cases”,
discutidos em reuniões com formadores de opinião. Contudo, quando o empreendimento não é bem
sucedido sobra para os munícipes a “conta a ser paga”, ou seja, as deteriorações causadas por essas
implantações no ambiente terminam sendo mais nefastas do que positivas, como por exemplo,
deterioração dos sistemas viários, sobrecarga dos atendimentos médicos e os demais serviços
públicos, entre outros, crescimento nos níveis de delinquência, ampliação na questão das drogas,
surgimento de novos tipos de comércio que terminam deteriorando o ambiente ao redor, inchaço
dos níveis populacionais com a migração de mão-de-obra pouco especializada e sem condições de
ser empregada de imediato, surgimento de habitações em locais críticos, como encostas de morros,
por exemplo, surgimento de problemas com o abastecimento de água e luz. Com o passar dos
tempos o assunto cai em esquecimento e novos “erros” voltam a ser cometidos, agora em outras
localidades. A população como um todo, parece perceber que não há eco às suas reclamações e que
essas não serão atendidas pelas Prefeituras e pelo próprio Poder Público. Assim, pretende-se neste
artigo apresentar-se uma série de questionamentos acerta do tema e propor-se, ao final, um modelo
que poderia ser considerado como uma das análises necessárias para que se tenha o aval
4. 4
governamental da adequação do local ao empreendimento, e vice versa, com as menores
possibilidades possíveis de fracassos.
INTRODUÇÃO
Cenários Críticos, como pretendido no título, são situações que se manifestam,
repentinamente ou não, com potencial de prejudicar a implantação e ou a implementação de
empreendimentos industriais. Essas implantações de empreendimentos industriais fazem-nos
repensar os conceitos de gestão do ambiente e recursos naturais e do ambiente antropomórfico, os
contra sensos nos processos de gestão urbana, muitas vezes suplantados por interesses político-
econômicos e, em uma visão de cunho mais simplicista, dos erros cometidos durante a implantação
desses mesmos empreendimentos. Quando se elimina a palavra: “industriais” do título, percebe-se
que os erros crescem exponencialmente. Fugindo um pouco ao contexto original do artigo, mas que
podem ser significativos para o entendimento do tema, cita-se: Rodovia Transamazônica e Usina
Hidrelétrica de Balbina, essa no município de Presidente Figueiredo, a nordeste do Estado do
Amazonas. Foram obras custosas, com níveis técnicos de dificuldade elevados, que não levaram em
consideração o processo de implantação de empreendimentos desse tipo como um todo, além de
uma série de outros fatores importantes, inclusive os ambientais. A rodovia nunca foi concluída e
em muitos dos trechos ditos concluídos não se consegue transitar normalmente em determinados
períodos do ano. A Usina de Balbina, que deveria suprir de energia elétrica a cidade de Manaus não
consegue movimentar suas cinco turbinas de 50MW. Assim, todo o investimento dispendido nos
projetos terminou não se mostrando adequado e necessário. É importante ressaltar-se que os dois
exemplos são de projetos de mais de 40 anos, quando muitas das preocupações atuais não eram
importantes.
Um empreendimento é dito como possuindo características industriais em função de seu
processo produtivo, onde insumos são manuseados e transformados em produtos finais. Trata-se de
um sistema onde há um fluxo produtivo. Em alguns momentos desse fluxo podem ocorrer a saída
ou entrada de produtos provenientes de outras instalações. Mas, de maneira geral, as matérias
primas ou produtos mais importantes são deslocados até o local. Uma mineradora é um
empreendimento industrial atípico, onde o produto fim é o minério tratado, que passa a ser
exportado para outra região. Outro empreendimento também atípico é um estaleiro. Todos os
insumos convergem para um mesmo local e dali sai o produto final. Algumas vezes os processos
apresentam tanta complexidade que são agregados outros empreendimentos ao redor do
empreendimento principal, como no caso de Refinarias de Petróleo que têm próximas de si Polos
Petroquímicos, pois que os principais insumos consumidos pelos Polos são originados pelas
Refinarias.
5. 5
Um empreendimento industrial é percebido ou identificado, principalmente, como uma
fonte atratora de mão de obra e como solução para muitos dos municípios que se ressentem com a
falta de oportunidades para a população local. Para esses municípios um novo empreendimento,
mesmo que não seja compatível com o perfil do município, poderá representar o ingresso de
recursos dos acionistas e dos Governos Estaduais e Federal. Novos ambientes conseguem alterar a
cultura ou vocação local dos municípios, possibilitando que os moradores possam se aperfeiçoar em
termos de conhecimentos técnicos, mas também geram uma migração de profissionais para
ocuparem as funções gerenciais, deixando para a população local as atividades ditas “menos
nobres”.
Os recursos financeiros trazem oportunidades de novas obras e negócios, com pequenas
e médias empresas vindo para a região. Destaca-se que nem sempre essas implantações industriais
sejam benéficas, pelas razões que serão discutidas adiante.
DISCUSSÃO DO PROBLEMA
Várias são as razões para a fixação de um empreendimento industrial em uma
localidade ou região, podendo ser enumeradas algumas como:
• Facilidades fiscais, regionais ou estaduais;
• Grande oferta de mão de obra com as características requeridas para a implantação dos
empreendimentos;
• Proximidade de modais de carga e descarga que podem reduzir os custos com transportes
dos insumos ou dos produtos acabados;
• Facilidade na obtenção de matérias primas e insumos básicos para a fabricação e ou
produção do bem;
• Proximidade de centros consumidores dos produtos produzidos, reduzindo assim os custos
agregados com o transporte e distribuição dos bens;
• Outros empreendimentos nas proximidades provocando o efeito sinérgico na cadeia de
produção. Sob determinadas circunstâncias esses empreendimentos “paralelos” terminam
por ser complementares ao processo de produção final da empresa;
• Condições topográficas favoráveis à implantação da indústria;
• Facilidade de obtenção de água e energia elétrica, ou a obtenção de benefícios para a
utilização desses recursos;
• Políticas públicas de financiamentos ou de parcerias estratégicas, entre outras, através de
bancos de fomento, a taxas reduzidas, e com prazos de carência elevados.
Após a implantação, ou seja, na fase de implementação do empreendimento, e passada a
euforia com a vinda de uma empresa para a região, começam a ser percebidos os problemas,
inicialmente não avaliados por aqueles que viam no projeto somente os benefícios imediatos.
Os primeiros se referem a o que fazer com aqueles funcionários ou com a mão de obra
menos qualificada, que veio de outras regiões distantes, em busca de um sonho de trabalho e com
6. 6
ganhos fáceis, e que, por não terem os níveis mínimos de qualificação exigidos não mais irão
trabalhar na empresa e não conseguem retornar a seus locais de origem?
Como a cidade irá lidar com o incremento do número de veículos circulando pelas ruas,
deteriorando todo o sistema viário e prejudicando a circulação ou mobilidade dos moradores?
Como os moradores mais antigos irão sobreviver com os custos de tudo subindo demais
em decorrência do consumo dos trabalhadores da indústria que ganham salários maiores?
Situações como essas passam a ser complexas e de difícil solução. Soluções existem,
mas começam muito antes de a indústria iniciar sua construção. A região deve estar preparada, da
mesma maneira que a população. No momento, no Brasil têm-se situações bem semelhantes a que
estamos aqui comentando, como a construção do Porto do Açu, e as construções das Refinarias do
Nordeste (RENEST) e o COMPERJ. Só nesse último empreendimento há toda a preocupação de 11
municípios que poderão vir a se beneficiar após a conclusão do empreendimento.
Em qualquer situação fica mais fácil para todos pensar inicialmente nos benefícios. Em
um segundo momento os benefícios são comparados aos “malefícios”, mas mesmo assim, a
intenção de todos é que os benefícios sejam maiores. Em terceiro lugar vem à realidade. Essa pode
ser duradoura e de sucesso, como também pode ocorrer o contrário.
Para que se tenha uma ideia dos problemas com os quais as cidades irão se deparar
desenvolvemos um mapa contendo os cenários mais otimistas que serão observados durante a
implantação e já com o funcionamento da empresa.
Existem municípios que são criados somente porque uma empresa de grande porte
resolveu se instalar na região, com a promessa de gerar muitos empregos e pagar elevados
impostos. Se a política nacional é alterada por conjunturas nacionais ou internacionais e a empresa
alí instalada sofre restrições de produção toda a região passa a ser afetada pelo problema.
PRIORIZAÇÃO DOS CENÁRIOS
Alguns dos aspectos que entendemos serem os mais relevantes encontram-se listados a
seguir, com a indicação dos impactos, que serão comentados. Para a facilidade da interpretação
dividimos os eventos em quatro cenários.
O primeiro cenário abrange unicamente o ambiente interno da empresa, ou seja, forma-
se o cenário, mas esse é contido no interior da própria empresa, sem reflexos exteriores.
No segundo cenário tem-se o evento interno gerando impactos externos.
No terceiro cenário os eventos são externos e podem causar impactos internos e, por
fim, o quarto cenário é representado por um evento externo que se manifesta única e
exclusivamente no ambiente externo. Lógico é que os cenários interagem entre si de alguma
maneira ou forma. Mas para nossos estudos observaremos sempre os maiores impactos e não as
7. 7
consequências daí advindas em um segundo, terceiro ou quarto níveis. Para melhor compreensão
apresentamos o quadro a seguir com a indicação colorimétrica dos cenários e seus impactos.
Categ
oria
Cor Características dos eventos passíveis de ocorrência ao longo do tempo do empreendimento*
A Conceitualmente possível, extremamente improvável que ocorra
B Não esperado que ocorra
C Pouco provável que ocorra
D Esperado que ocorra durante a vida útil da instalação
E Esperado que ocorra várias vezes durante a vida útil da instalação (até o descomissionamento)
No
Cenários / Riscos
Impactos prováveis nos ambientes
(Interno e Externo)
In/In In/Ex Ex/In Ex/Ex
I. Acidentes envolvendo veículos:
1. Contra objetos fixos.
2. Contra outros veículos.
3. Com tombamento de cargas perigosas e ou outras.
4. Envolvendo atropelamentos múltiplos.
5. Por queda de cargas transportadas sobre pessoas.
6. Por queda de cargas transportadas sobre veículos.
7. Com queda de cargas transportadas sobre bens.
8.
Por excesso de cargas com danos à pista de rolamento, instalações
subterrâneas (água, luz, esgoto, dados, sinalização, e outras).
II. Acidentes Múltiplos que possam ser devidos a:
1. Queda de materiais movimentados.
2. Durante a execução das obras.
3. Durante o transporte dos trabalhadores.
4. Por intoxicação alimentar.
III. Acidentes ocorridos durante a construção por:
1. Falha de material ou de projeto, afetando equipamentos críticos,
2. Falhas de montagem de equipamentos críticos.
IV. Atos de Sabotagem envolvendo:
1. Equipamentos críticos, dutos e fornecimento externo de insumos.
2. Sistemas de lógica ou de controle de equipamentos críticos.
V. Acidentes diversos que possam ter como causa:
1.
Aumento de queda de raios em função das estruturas metálicas do
empreendimento.
2.
Restrições geotécnicas que não foram adequadamente previstas e
possam causar danos a equipamentos críticos durante a fase de
operação.
VI. Acidentes Operacionais que podem ter como causa básica:
1. Fadiga de materiais envolvendo equipamentos críticos.
2. Explosões durante a operação das instalações.
3. Vazamentos de produtos químicos.
4.
Danos ambientais ou pessoais com equipamentos ou instalações, em
operação, testes, comissionamento.
5.
Por explosões de vasos de pressão que possam afetar equipamentos ou
terceiros por ondas de choque.
6. Por causas diversas.
VII. Danos Ambientais causados pelo Empreendimento em decorrência de:
1. Poeiras, fumaças, materiais particulados lançados durante a fase de
8. 8
construção.
2.
Poeiras, fumaças, materiais particulados lançados durante a operação do
empreendimento.
3.
Tombamento de cargas perigosas nas proximidades de leitos de rios ou
canais.
4.
Fogo no mato, em lixo, material armazenado, espontâneo, acidental ou
proposital.
5. Contaminação a cursos d`água ou manguezais.
6. Manifestação de pragas infestativas naturais ou alienígenas.
7. Contaminação de lençóis freáticos por vazamento de produtos.
8. Produtos acidentalmente lançados no ar, em cursos d`água, ruas.
9.
Alagamento ou inundação, assoreamento ou obstruções nos cursos
d`água ou estuários por responsabilidade atribuída ao empreendimento.
10.
Alterações climáticas provocados pela implantação do empreendimento,
mudança da temperatura, regime de ventos, pluviosidade e umidade.
VIII. Danos Sociais ou causados à sociedade local por:
1. Perdas patrimoniais ou pessoais causados a torres de transmissão.
2.
Perdas patrimoniais ou pessoais causados a dutos ou dispositivos de
controle.
IX. Danos à Imagem do Novo Empreendimento causados por:
1.
Atrasos no cronograma devido a falha de fornecimento de insumos por
questões econômico financeiras que independam do Empreendimento.
2.
Poeira gerada e barulho que afetem os moradores na vizinhança do
empreendimento.
3.
Por prejuízos aos pescadores decorrentes de vazamentos que atinjam
áreas de rios e manguezais.
4.
Por acidentes que ocorram em faixas de dutos ou em linhas de
transmissão e que possam ser atribuídos à responsabilidade do
Empreendimento.
5.
Acidentes ambientais por vazamentos de oleodutos e polidutos durante
a operação dos mesmos, ou sabotagens ou movimentações de terreno.
6.
Por acidentes pessoais ou materiais envolvendo terceiros que tenham
invadido faixas de dutos ou de linhas de transmissão do
Empreendimento.
X. Danos pessoais causados por:
1. Manifestações de doenças infectocontagiosas.
2. Ocorridos durante greves, piquetes ou lockouts.
3.
Causados a terceiros que tenham, intencionalmente ou não, tido acesso
às instalações do empreendimento.
4.
Surgimento de doenças respiratórias crônicas ou não, por produtos
químicos liberados na atmosfera no entorno do empreendimento.
5.
Causados a terceiros por animais, insetos que possam ser atribuídos à
responsabilidade do empreendimento.
6.
Causados a terceiros devido a desavenças entre a população local e
prestadores de serviços do empreendimento.
7. Por brigas em alojamentos ou repúblicas de prestadores de serviços.
XI. Impactos Sociais e ou Alterações nos Ambientes Sociais causados por:
1. Atraso na programação da obra.
2.
Ações de empregados do empreendimento ou de terceiros afetando
pessoas da comunidade.
3.
Perdas ou danos causados às comunidades por pânico causado por
acidentes no interior do empreendimento.
4. Aumento da mendicância ou prostituição.
5.
Aumento do consumo de álcool em bares e botequins abertos na
implantação do empreendimento.
6.
Emissão de cheques sem fundo ou calotes no comércio local por
prestadores de serviços do empreendimento.
9. 9
7.
Disseminação de doenças sexualmente transmissíveis, por contato entre
os prestadores de serviços.
8. Aumento do desemprego com o fim das obras.
9. Desníveis financeiros e sociais.
10. Aumento dos níveis de criminalidade, tráfico de drogas.
11.
Desestruturação urbana nas cidades próximas (construções irregulares,
favelas, aumento fluxo de veículos, congestionamentos).
12.
Sobrecarga de atendimentos em postos de saúde ou hospitais da rede
municipal.
13.
Paralisação ou diminuição dos investimentos por razões políticas ou
econômicas da Instituição.
14. Redução do escopo do projeto por razões políticas ou econômicas.
15.
Atrasos no andamento das obras por atrasos de fornecimento de
equipamentos críticos ao processo.
16. Atrasos ou não pagamento de salários pelos fornecedores.
17.
Autuações ou fiscalizações de higiene de trabalho em repúblicas ou
alojamentos de trabalhadores contratados.
18.
Atrasos nas obras por má gestão financeira das contratadas ou pelo
atraso dos pagamentos pelo Empreendimento por causas diversas.
19.
Permanência de empregados de prestadoras de serviços ou de
contratadas após as obras, em licença ou auxílio doença ou acidente.
20. Demissão dos trabalhadores após a conclusão dos serviços.
* Deve ser levado em consideração o tempo decorrido entre a maturação de um projeto e o
descomissionamento e desmontagem final dos equipamentos
CENÁRIOS PROPOSTOS
Com base em uma avaliação preliminar do Empreendimento e suas circunvizinhanças, levantou-se
os cenários mais prováveis, conforme indicado na tabela I e a quantidade de eventos com a
categoria “D” e “E” esperadas para cada situação específica, conforme indicado na tabela II
(especificamente neste caso somam-se as freqüências das classes “D” e “E” e divide-se o resultado
pela quantidade de impactos versus cenários propostos).
AÇÕES NECESSÁRIAS
Tendo como parâmetro os cenários propostos, o passo seguinte será o da validação dos mesmos,
com eventuais acréscimos e supressões, e a seguir, definir as estratégias melhor indicadas para cada
caso.
Cenários Propostos
0
5
10
15
20
25
Acidentes
comveículos
Acidentes
múltiplos
Acidentesde
construção
Atosde
sabotagem
Acidentes
Acidentes
operacionais
Danos
ambientais
Danos
sociais
Danosà
imagem
Danos
pessoais
Impactos
sociais
Itens
Tabela I – Quantidade de itens observados por cenários prováveis propostos AFANP)
10. 10
Percentuaus de ocorrências D e E
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
Acidentes
comveículos
Acidentes
múltiplos
Acidentesde
construção
Atosde
sabotagem
Acidentes
Acidentes
operacionais
Danos
ambientais
Danos
sociais
Danosà
imagem
Danos
pessoais
Impactos
sociais
%
Série1
Série2
Tabela II – Percentuais de acidentes “D” e “E” avaliados para cada categoria de eventos sugerida
(AFANP)
FERRAMENTAS DE ANÁLISE DE CENÉRIOS E OU DE RISCOS
Em um primeiro momento é interessante que se diga que existem dezenas de metodologias de
análise de riscos/cenários e de modelagem dos resultados. Uma simples apresentação dessas
ferramentas apresentadas em classificação por ordem alfabética é a seguinte, não se entrando no
mérito dos propósitos de cada uma dessas:
1º. AAE (Análise de Árvore de Eventos);
2º. AAF (Análise de Árvore de Falhas);
3º. AHP (Analytic Hierarchy Process);
4º. AIR (Análise de Impacto Regulatório - deve ser entendida como um processo de mudança cultural,
visando à: População, em geral);
5º. Grupos de interesses e Autoridades governamentais (políticos);
6º. Alpha de Cronbach (validação das medições realizadas através do emprego de escalas Likert,
metodologia largamente utilizada para avaliação dos níveis de confiabilidade de processos);
7º. AMD (Auxílio Multicritério à Decisão);
8º. AMR – Advanced Manufacturing Research;
9º. Análise Bayesiana (Abordagem bayesiana em inferência estatística propõe-se a combinar dados obtidos
de observações com avaliações ou julgamentos subjetivos);
10º. Análise de Clusters (um cluster é uma coleção de objetos que são similares uns aos outros (de acordo
com algum critério de similaridade pré-fixado) e dissimilares a objetos pertencentes a outros clusters);
11º. Análise de Processos e Projetos (análise que leva em consideração as eventuais associações e os
resultados dessas em processos e projetos, objetivando a eliminação das falhas);
12º. Análise Integrada de Cenários (cenários são ambientes ou horizontes que têm elevada probabilidade de
ocorrência e que podem, ao serem associados a outros, aleatoriamente ou não, alterar os resultados
esperados);
13º. 6 Sigma (medida da performance do processo);
14º. Análise Multi-Cenários (as análises multi-cenários levam em consideração que há inferências entre esses
e que essas podem ser avaliadas, com vistas a redução dos impactos das ocorrências);
15º. Análise Multivariada (métodos estatísticos que analisam simultaneamente múltiplas medidas em cada
indivíduo ou objeto sob investigação);
16º. Análise Pré-Tarefa (análises de risco desenvolvidas anteriormente ao início das tarefas);
17º. Análises Cognitivas (A concepção cognitivista propõe uma explicação de funcionamento da mente em
três níveis: - o nível físico, neurobiológico; o nível simbólico distinto e irredutível ao físico; e o nível
semântico ou representacional propriamente dito.);
18º. ANOVA (análise de variância);
11. 11
19º. AHP (Analytic Hierarchy Process);
20º. AIR (Análise de Impacto Regulatório - ferramenta para melhorar a qualidade da tomada de decisão);
21º. Análise Bayesiana (descreve incertezas sobre quantidades invisíveis de forma probabilística. Incertezas
são modificadas periodicamente após observações de novos dados ou resultados. A operação que calibra
a medida das incertezas é conhecida como operação bayesiana empregando Bayes);
22º. Análise da Incerteza ou Normalidade dos Processos;
23º. Análise de Processos e Projetos;
24º. Análise Integrada do Trabalho;
25º. Análise Pré-Tarefa;
26º. Análises Técnicas de Riscos;
27º. API (Application Programming Interface);
28º. APR – Análise Preliminar de Riscos;
29º. Árvore de Falhas;
30º. Árvore de Eventos;
31º. Auditoria Comportamental;
32º. Barreira de Acidentes;
33º. BBS (Behaviour Based Safety; Berliner);
34º. BOM (Bill of Material - agrupa, em apenas um local, todos os dados estáticos que descrevem os atributos
dos itens utilizados na empresa - número de identificação, nome, número do desenho de engenharia,
lead time, estoque de segurança, entre outros);
35º. BPM (Business Proccess Management);
36º. BPMS (Business Process Management Systems);
37º. Bowtie (O método de gravata borboleta é um método de avaliação de risco que pode ser usado para
analisar e demonstrar relações causais em cenários de alto risco);
38º. BSC (Balanced scorecard);
39º. COBIT (Control Objectives for Information and Related Technology);
40º. Cultura de Segurança;
41º. Cultura Organizacional;
42º. DELPHI (linguagem utilizada para a programação);
43º. DMAIC (Define Measure Analyze Improve Control);
44º. EAP (Estrutura Analítica de Projeto);
45º. EASE - Estimation and Assessment of Substance Exposure;
46º. ECM (Engineering Change Management);
47º. Electre Tri (Resolução de problemas de classificação ordenada);
48º. ERP (Enterprise Resource Planning - sistemas compostos por uma base de dados única e por módulos
que suportam diversas atividades dos processos de negócio das empresas);
49º. Fatores Comportamentais;
50º. Fatores Humanos;
51º. FDD (Feature Driven Development);
52º. FINE (Mathematical Evaluations for Controlling Hazards);
53º. Fuzzy (lógica baseada na teoria dos conjuntos fuzzy, diferindo dos sistemas lógicos tradicionais em suas
características e seus detalhes);
54º. GQT (Gerenciamento da Qualidade Total);
55º. GUT (Matriz de Gravidade, Urgência e Tendência);
56º. HAZARD (O mesmo que risco);
57º. HAZID (Hazard Identification);
58º. HAZOP (Hazard and Operability Studies);
59º. HFACS (Human Factors Analysis and Classification System);
60º. HP (Health Promotion);
61º. ISRS (Sistema Internacional de Avaliação de Segurança);
62º. ITIL (Information Technology Infrastructure Library);
12. 12
63º. LCCA (Life Cicle Cost Analysis);
64º. Likert (tipo de escala de resposta psicométrica usada habitualmente em questionários, e é a escala mais
usada em pesquisas de opinião. Ao responderem a um questionário baseado nesta escala, os
perguntados especificam seu nível de concordância com uma afirmação);
65º. MAGIC (Multi-Attribute Global Inference);
66º. MAIM (The Merseyside Accident Information Model);
67º. Mapas de Riscos;
68º. MASP (Método de Análise e Solução de Problemas);
69º. MCDA (Multicriteria Decision Aid);
70º. MCDM (Multi-criteria decision making);
71º. MCR (Matriz de Classificação de Riscos);
72º. MDA (Model Driven Architecture);
73º. Metodologia SOFT;
74º. MOC (Management of Change;
75º. Modelos e técnicas de modelagem em IHC);
76º. Monte Carlo (qualquer método de uma classe de métodos estatísticos que se baseiam em amostragens
aleatórias massivas para obter resultados numéricos, isto é, repetindo sucessivas simulações um elevado
numero de vezes, para calcular probabilidades heuristicamente, tal como se, de fato, se registassem os
resultados reais);
77º. MORT (The management oversight and risk tree);
78º. MRP (Material Resource Planning);
79º. NORSOK (Norma que classifica métodos estatísticos em amostragens aleatórias massivas para obtenção
de resultados numéricos, repetindo sucessivas simulações um elevado numero de vezes, para calcular
probabilidades heuristicamente);
80º. Oito Sensos (Seiri, Seiton, Seiso, Seiketsu, Shitsuke, Shiakari Yaro, Shido, Sestuyaku);
81º. OLAP (On Line Analytical Processing);
82º. PDCA (Plan-Do-Check-Action);
83º. PDM (Product Data Management - Sistemas de gerenciamento de dados do produto);
84º. PERIL (Possibilidade e Impacto Classificados);
85º. PORTER;
86º. PSP (Programa de Segurança de Processos);
87º. QFD (Quality Function Deployment);
88º. QRAM (qualitative risk assessment method);
89º. Queijo Suiço;
90º. RAM (Reliability, Availability and Maintainability);
91º. Rede de Petry (representação matemática para sistemas distribuídos discretos);
92º. SE – Série de Eventos;
93º. SIAR – Sistema Integrado de Análise de Riscos;
94º. SIL (Nivel de Integridade de Sistemas);
95º. Sistemas BPMS;
96º. SQL (Structured Query Language);
97º. SR – Série de Riscos;
98º. SSPS (software para elaboração de análises estatísticas de matrizes);
99º. Survey;
100º. SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats);
101º. Técnicas de Modularização;
102º. Técnicas Randômicas;
103º. Teoria das Filas;
104º. Teoria do Caos;
105º. Teoria dos Dominós;
106º. Teoria dos Grafos;
13. 13
107º. TIC – Técnica de Incidentes Críticos;
108º. TODA (tomada de decisão multicritério);
109º. Triple Bottom Line (People, Planet, Profit corresponde aos resultados de uma organização medidos em
termos sociais, ambientais e econômicos);
110º. TRIPOD (metodologia onde do relatório preliminar de investigação, possível que os modelos Tripod Beta
de incidente sejam produzidos para que levem mais longe uma investigação e buscando fatos que por
sua vez levam para a validação e refinamento do modelo. Isto continua até que todos os fatos relevantes
tenham sido identificados e a árvore Tripod Beta reflita exatamente o incidente);
111º. TTBS (Trinidad and Tobago Bureau of Standards);
112º. VAR – Value at risk;
113º. Variáveis Combinadas;
114º. VIABIL – Estudo de Viabilidade Econômica de Empreendimentos;
115º. Weibull (distribuição de probabilidade contínua);
116º. XFMEA (Software para Análise de FMEA (failure, mode, effects and analysis) e
117º. FMECA (Failure Mode, Effects and Criticality Analysis).
CONCLUSÕES
Iniciamos as conclusões levantando uma primeira questão: Será que podemos vislumbrar um
"cenário crítico", que na verdade é fruto da associação de inúmeros cenários que podem ir se
descortinando ao longo de um futuro não muito distante? Será que os múltiplos cenários
necessariamente devem ocorrer simultaneamente? Será que existem hoje ferramentas de análise de
riscos que preveem essas interações ou interligações entre os cenários, ou entre as piores
consequências de cada um dos cenários? Como respostas a cada um desses três questionamentos,
dos mais simples, dizemos:
A visualização de um cenário crítico único é relativamente simples. Mas quando esse é fruto da
associação de vários cenários somente com ferramentas de apoio nas análises poder-se á identificar
aquele cenário que terá maior impacto sobre o ambiente, pessoas organizações ou processos.
Nem sempre os múltiplos cenários se descortinam ao mesmo tempo. Por exemplo, quando há fortes
chuvas em uma região pode se esperar o surgimento de um raio. Nem sempre essas fortes chuvas se
seguiram a ocorrências de vendavais ou tornados. Também nem sempre cairá geada. Um incêndio
em uma área industrial não representará, necessariamente, que surgirá uma explosão. Mas um
incêndio em um local com armazenagem de gases em cilindros certamente redundará em explosões.
Em função dos resultados a que se pretende inúmeras são as ferramentas de análise dos riscos. Em
alguns filmes policiais sobre assassinos que cometem inúmeros crimes e em ambientes distintos
aparecem delegados ou investigadores que posicional em um quadro cada cenário descoberto. A
seguir, buscam associar os cenários a um possível assassino, através do modus operandi,
características das vítimas, enfim, de vários fatores que seguem uma linha "policialesta", como o
tipo de arma, os momentos em que se deram os crimes, as características comuns das vítimas, entre
outras. Após isso vão descartando as hipóteses menos prováveis. Isso também ocorre com o
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emprego de sistemas computacionais. Uma boa inspeção de riscos, realizada por um profissional
competente certamente conduzirá a resultados próximos daqueles obtidos através do emprego de
metodologias distintas.
Os conceitos de múltiplos cenários foram desenvolvidos há pelo menos quatro décadas. Mais
notadamente esses conceitos foram aplicados logo após a segunda guerra mundial e se
intensificaram durante a "guerra fria". O princípio sempre foi o de se estudar a multiplicidade de
causas que podem redundar em consequência ou consequências. A Teoria dos Dominós, que foi
estruturada por Heinrich na década de 30 já prenunciava que ações convergentes terminavam
gerando consequências. Os estudos na época não possibilitavam criarem-se as inter-relações ou as
"teias" que compunham as associações entre cenários. Muitas empresas produziram programas
computacionais para elaborar soluções para suas questões internas, que poderiam variar desde os
impactos estruturais de mudanças, a preocupação com os cenários sociais que poderiam vir a
impactar no lançamento de novos produtos, até mesmo, em 1972, nos estudos do impacto causado
pelo aquecimento global.