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Técnicas de Reportagem I 2012
"O jornalismo é o exercício diário da inteligência e a prática cotidiana do caráter"
                                            Cláudio Abramo, jornalista brasileiro (1923-1987)

Jornalismo é...
Apuração, processamento e a transmissão periódica de informações da atualidade, para o
grande público ou para determinados segmentos desse público, por meio de veículos de
difusão coletiva (jornal, revista, rádio, televisão, cinema, internet etc.).
A informação jornalística difere da informação publicitária e de relações públicas por seu
conteúdo, pela finalidade de sua transmissão e pela exigência de periodicidade.

Para que serve um jornal?
“Antes de ser um negócio, jornal deve ser visto como um serviço público. E como servidor
público deverá proceder. Mais do que informações e conhecimentos, o jornal deve
transmitir entendimento.” (NOBLAT, 2001, p.22).

O que as pessoas querem ver em um jornal?
Notícias com informações corretas e de credibilidade, análises dos fenômenos sociais e
pluralidade de pontos de vista.

PRINCIPAIS GÊNEROS JORNALÍSTICOS
Jornalismo informativo
Dá ênfase à notícia objetiva, à informação pura, imparcial, impessoal e direta. Limita-se a
narrar os fatos. (Dicionário da Comunicação)

Jornalismo opinativo
Está representado principalmente nos editoriais e em alguns artigos e crônicas. Opinião é
o ponto de vista do autor ou do veículo de comunicação expresso, é o juízo que se faz do
assunto. (Dicionário da Comunicação)

Jornalismo interpretativo
Interpretação quer dizer mostrar o que está debaixo da superfície. A interpretação é
constituída de elementos adicionais que tornam a informação mais explícita e
contextualizada. (Dicionário da Comunicação, 2002, p.405)
O jornalismo analítico, interpretativo ou opinativo surge em 1923, com a fundação da
revista Time. No início da década de 30, esse tipo de jornalismo estava espalhado pelo
EUA. Os comentaristas de rádio surgem, também, nessa época. Com a Segunda Guerra
Mundial (1939-1945), esse jornalismo se consolidou. (ERBOLATO, 2001).
                     Em conferência no Instituto Internacional da Imprensa, do qual foi o primeiro
                     presidente, Lester Markel, editor dominical de The New York Times, mostrou que a
                     interpretação das notícias pode ser feita sem qualquer prejuízo e citou alguns
                     exemplos, que diferenciam as diversas modalidades de jornalismo: 1º) É notícia
                     informar que o Kremlim está lançando uma ofensiva para a paz. 2º) É
                     interpretação explicar porque o Kremlim tomou essa atitude. 3º) É opinião dizer
                     que qualquer proposta russa deve ser rechaçada sem maiores considerações. A
                     interpretação – acentuou Lester Markel – é parte essencial das colunas de
                     notícias. Porém a opinião deve ficar confinada, quase religiosamente, nas colunas
                     editoriais. Esse é um ponto importante (ERBOLATO, 2001, p.34-35).

Para Beltrão (1980), o jornalismo interpretativo almeja preencher os vazios da informação.
A interpretação jornalística é “um exercício da inteligência e de discernimento de um
agente qualificado, com excepcional aptidão para apreender toda a significação do fato
para a comunidade, dentro de “um critério especial, de um juízo jornalístico que se
Técnicas de Reportagem I 2012
resume em submeter o interesse particular e transitório para obter a universalidade e
considerar, nos fatos, o seu valor permanente.” (BELTRÃO, 1980, p.47).
A tendência ao jornalismo interpretativo não implica apenas inovações no conteúdo das
matérias: provoca também mudanças básicas no tratamento do texto (seria o fim do lide e
da pirâmide invertida?), na diagramação que fica mais arejada, dinâmica, mais próxima da
revista, no caso dos jornais. Implica, enfim, na criação de uma série de recursos gráficos
e editoriais que resultem num jornal extremamente fácil e atraente de ler. A reportagem
em profundidade exige antecedentes e humanização. (Dicionário da Comunicação)
“Qual a diferença entre interpretar a notícia e editorializá-la? [...].” (ERBOLATO, 2001,
p.41)

Edvaldo Pereira Lima (2004) indica os “ingredientes” para o jornalismo
interpretativo:
 O contexto do fato nuclear ou situação nuclear;
 Os antecedentes – resgatar as origens;
 O suporte especializado – por enquetes, pesquisas de opinião pública ou entrevistas
    com especialistas e testemunhas do assunto em questão;
 A projeção – desdobramentos e conseqüências;
 O perfil – a humanização do relato.

Segundo Alberto Dines, o jornalismo interpretativo deve mostrar:
 a dimensão comparada;
 a remissão ao passado;
 a interligação com outros fatos;
 a incorporação do fato a uma tendência;
 a projeção para o futuro.

-------------------------------------------------

AS QUATRO FASES DO JORNALISMO (MARCONDES FILHO, 2001)
Primeiro jornalismo - de 1789 até a metade do século 19
 Ideais da Revolução Francesa (1789)
 Antes da Revolução - controle da informação e do conhecimento para manter a
   autoridade e o poder
 A partir da Revolução, os valores mudam e “agora tudo deve ser exposto,
   superexposto, ostensivamente mostrado” (MARCONDES FILHO, 2002, p.11).
 Jornalismo político-literário
 Profissionalização dos jornais
 Redações departamentalizadas
 Artigo de fundo
 Autonomia redacional

Segundo jornalismo - a partir da segunda metade do século 19
 Inovação tecnológica nos processos de produção do jornal - se estabelece o
  jornalismo de informação, separando os fatos das opiniões.
 Período caracterizado pela implantação do jornal como empresa capitalista
 O espaço publicitário ganha valor em relação ao espaço de informação jornalística
Técnicas de Reportagem I 2012
“A tendência – como se verá até o final do século 20 – é a de fazer do jornal
progressivamente um amontoado de comunicações publicitárias permeado de notícias.”
(MARCONDES FILHO, 2002, p.14).

Terceiro jornalismo - século 20
 Período caracterizado pelo monopólio das empresas jornalísticas
 A criação de novas formas de comunicação que competem com o jornalismo e o
   descaracterizam, como a indústria publicitária e de relações públicas, é o principal
   elemento de transformação da atividade jornalística

Quarto jornalismo - iniciado na década de 1970
 Jornalismo da era tecnológica
 As estratégias de comunicação e persuasão expandem a indústria da consciência no
    universo da informação
 Ação direta das assessorias de imprensa e da publicidade nos meios de comunicação
    influenciando o conteúdo informacional produzido pelo jornalismo
 Os sistemas de comunicação eletrônicos fornecem material informativo, que pode ser
    recolhido em várias fontes, todas eletrônicas
 Para Marcondes Filho (2002), a influência das novas tecnologias da informação no
    trabalho do jornalista é o fator principal na mudança da profissão e da ausência de
    reconhecimento do papel desse profissional
 A tecnologia ainda favorece a visibilidade técnica como modelo para a comunicação.
    Primeiro, a imagem, depois, o texto verbal.
------------------------------------------------------
BREVE HISTÓRIA DA REPORTAGEM
         Desde o surgimento dos primeiros jornais, no século 17, o modelo seguido pelo
texto informativo era o discurso retórico. A Revolução Industrial iniciada no século 19
provocou muitas mudanças na sociedade, que também influenciaram o jornalismo. O
discurso retórico e publicista utilizado a partir do surgimento dos primeiros jornais eram de
difícil compreensão para os novos leitores, que tinham uma cultura muito mais objetiva
(LAGE, 2001). Como o público leitor ampliou-se rapidamente, devido à reprodução e
distribuição em maior quantidade, foi necessário mudar progressivamente o estilo das
matérias que os jornais publicavam.
         Segundo Lage (2001), nesse período predominaram dois tipos de jornalismo: o
sensacionalista e o educador. De um lado, o jornal ensinava às pessoas sobre os
assuntos que as interessavam, porém, por outro lado, para envolver um maior número de
leitores era preciso dar um caráter mais sensacionalista para as matérias e garantir que
fossem lidas. Como afirma Lage (2001, p.15): “A realidade deveria ser tão fascinante
quanto a ficção e, se não fosse, era preciso fazê-lo ser”. E assim, segundo Lage (2001),
nasce a reportagem, que é um dos gêneros jornalísticos.
         Nessa época, o jornalismo descobre a importância dos títulos para chamar a
atenção do leitor e das notícias em primeira mão, que dão credibilidade ao meio de
comunicação e ao repórter. Segundo Lage (2001), a partir do surgimento da reportagem
nenhum fato passava sem que o repórter ou meio de comunicação fosse acionado para
cobri-lo, o que dificultava o encobrimento dos fatos contrários às leis da organização
social estabelecida.
         A reportagem colocou em primeiro plano novos problemas, como discernir o que é
privado, de interesse individual, do que é público, de interesse coletivo; o que o Estado
pode manter em sigilo e o que não pode; os limites éticos do comércio e os custos sociais
da expansão capitalista (LAGE, 2001, p.16-17).
Técnicas de Reportagem I 2012
        Foi no auge do jornalismo sensacionalista, entre os séculos 19 e 20 nos Estados
Unidos, que surgiram os primeiros cursos superiores em Jornalismo para pensarem os
princípios éticos e técnicos dessa profissão. A partir daí, ficou estabelecido que toda
informação jornalística teria que ser baseada em fontes de informação, que todos os
testemunhos e informações seriam confrontadas para garantir a verdade sobre o fato, que
os jornalistas deveriam relacionar-se com as fontes de informação como profissionais, isto
é, sem envolvimento emocional, e que todas as pessoas envolvidas em determinado
acontecimento seriam ouvidas para garantir que os interesses em jogo não prejudicassem
a verdade sobre o fato (LAGE, 2001).
        Assim, a notícia ganha a forma moderna, utilizada ainda nos dias de hoje, na qual o
jornalista conta um fato a partir da valorização do aspecto mais importante e com
objetividade. A notícia é a grande matéria-prima do jornalismo e é definida assim por Lima
(2004): “[...], a notícia deve corresponder ao acontecimento real que seja do interesse a
pelo menos um grupo importante entre os segmentos de receptores de uma dada
mensagem jornalística” (p.17).
        Segundo Ferrari e Sodré (1986), para transformar-se em notícia, um fato deve ser
anunciado, isto é, deve ser redigido e registrado em um meio de comunicação. Sem
anúncio, o fato não pode ser definido como notícia. Ferrari e Sodré (1986) referem-se a
uma das características da rotina produtiva do jornalismo que é a seleção dos fatos: entre
tantos acontecimentos, alguns deles serão selecionados por critérios de atualidade,
veracidade, interesse público, proximidade, ineditismo, intensidade e identificação, para
serem pesquisados pelo repórter e serem publicados no jornal. Toda notícia é
determinada por um “fato gerador de interesse”, segundo Lage (2001).
        A notícia tem como fórmula de construção textual a simplificação do relato por meio
das respostas as seguintes perguntas: o que, quem, quando, onde, como e por que, que
formam, geralmente, o primeiro parágrafo da notícia e é chamado de lead. A pirâmide
invertida, que prevê a valorização do aspecto mais importante no início do texto, é o
sistema de redação jornalístico mais usado para a notícia. O objetivo do uso das técnicas
do lead e da pirâmide invertida para contar um fato é que a notícia informe de maneira
rápida, clara, objetiva e precisa o seu leitor. Por essas características é considerada por
muitos estudiosos e jornalistas como superficial e incompleta (LIMA, 2004, p.17).
        Para combater a superficialidade da notícia, surge a reportagem em seu conceito
moderno. É a partir de 1923, com a criação da revista semanal de informação Time, que o
gênero reportagem consolida-se com o surgimento do jornalismo interpretativo. A
sociedade norte-americana é surpreendida em 1914 pela Primeira Guerra Mundial e
cobra uma resposta dos meios de comunicação, que deveriam informar com mais
profundidade e análise sobre os acontecimentos do mundo. Tanto a imprensa quando a
sociedade norte-americana percebeu que a imprensa estava muito presa aos fatos, ao
relato dos fatos, e não conseguia relacionar os fatos, estabelecer ligações entre eles,
analisá-los (ERBOLATO, 2001; LIMA, 2004). É nesse contexto que surge a revista Time,
em 1923, “voltada para o relato dos bastidores, para a busca de conexões entre os
acontecimentos, de modo a oferecer uma compreensão aprofundada da realidade
contemporânea” (LIMA, 2004, p.19).
        Segundo Sodré e Ferrari (1986) e Lage (2001), a reportagem é considerada uma
narrativa ampla, mais completa, com informações adicionais e detalhes, e tem como
objetivo principal despertar o interesse humano. Ela abre o debate sobre o acontecimento
ou assunto e desdobra-o em seus aspectos mais importantes. A notícia, de modo geral,
descreve o fato e, no máximo, suas conseqüências. A reportagem apura as origens do
fato, suas razões e efeitos. A notícia não esgota o fato; a reportagem pretende fazê-lo.
Técnicas de Reportagem I 2012
       A grande reportagem tem valor literário e grande interesse público. É uma narrativa
orientada segundo o enfoque do repórter, que trabalha o tema em profundidade. É
chamada também de reportagem especial.
       Em especial, esse patamar de maior amplitude é alcançado pela grande-
reportagem, aquela que possibilita um mergulho de fôlego nos fatos e em seu contexto,
oferecendo, a seu autor ou a seus autores, uma dose ponderável de liberdade para
escapar aos grilhões normalmente impostos pela fórmula convencional do tratamento da
notícia, com o lead e as pirâmides já mencionadas [pirâmide invertida, normal e mista]
(LIMA, 2004, p.18).
       A reportagem é o gênero de excelência do jornalismo interpretativo porque busca a
compreensão dos fenômenos sociais atuais, as causas e as origens dos fatos e suas
conseqüências. Para Beltrão (1980), o jornalismo interpretativo tem como principal
objetivo o preenchimento dos “vazios informativos” deixados no caminho pela
superficialidade imposta pela forma da notícia.
       A reportagem impressa tem como característica uma abordagem do tema
multiangular, pela qual o jornalista estabelece relações entre as causas e as
conseqüências de uma questão contemporânea. Lima (2004, p.21) aponta os ingredientes
necessários para se realizar uma reportagem a partir da visão do jornalismo interpretativo,
que seriam:
       1. a contextualização do fato ou situação nuclear proposto para a reportagem,
relacionando a “rede de forças” que o mantém;
       2. o resgate dos antecedentes do fato, onde ele se origina, a história desse fato ou
situação para chegar a situação atual;
       3. a imprescindível busca de especialistas, testemunhas, enquete e pesquisa de
opinião pública, que servirão de embasamento para toda informação veiculada;
       4. a projeção para medir o alcance das conseqüências do fato ou situação;
       5. o perfil, a busca da ação humana para aproximar a reportagem do leitor por meio
da emoção e da vivência humana.
       Elementos necessários para a produção da reportagem, segundo Dines:
       1. a dimensão comparada,
       2. a remissão ao passado,
       3. a interligação com outros fatos,
       4. a incorporação do fato a uma tendência,
       5. a projeção para o futuro.
       Segundo Lima (2004, p.24), “(...) ganha a classificação de grande-reportagem
quando o aprofundamento é extensivo e intensivo, na busca do entendimento mais amplo
possível da questão em exame”.

CARACTERÍSTICAS DA REPORTAGEM (SODRÉ E FERRARI, 1986, p.15)
 Predominância da forma narrativa;
 Humanização do relato;
 Texto de natureza impressionista;
 Objetividade dos fatos narrados.

ELEMENTOS DA REPORTAGEM
 Amplia o entendimento da realidade;
 Maior número de fontes;
 Texto marcado pelo volume de informações objetivas;
 Vai fundo no tema, é um trabalho de fôlego abrangente;
 Requer pesquisa e investigação = consistência;
Técnicas de Reportagem I 2012
   Não é o espaço adequado para a opinião do jornalista;
   Admite liberdade de expressão literária = estilo pessoal;
   Tem que atrair o leitor, é perfeita para atrair o leitor a partir do interesse humano;
   O leitor quer se ver retratado;
   Proximidade e identificação = êxito no processo de comunicação;
   Explica os fatos que ainda não sejam notícia;
   Observação do jornalista, sensibilidade – bagagem cultural e visão de mundo;
   Agrega informações complementares e antecedentes;
   Investiga, orienta, analisa (compara fatos e opiniões) e humaniza (proximidade e
    identificação);
   O repórter não se limita transmitir fatos, ele observa a realidade e a reconstrói;
   Abordagem criativa;
   Quantidade de dados e detalhes;
   Precisão de informação;
   Aprofundamento abrangente;
   Texto conciso, ágil;
   Linguagem direta;
   Emoção;
   Denúncia – investigação;
   Contexto.

TÉCNICAS DE REPORTAGEM
1º passo – Tema
2º passo – Pauta
3º passo – Coleta de dados (arquivo, entrevistas, outros meios de informação)
4º passo – Organização – importância e retrancas
5º passo – Roteiro – direção dos dados
6º passo – Redação
7º passo – Revisão do repórter
8º passo – Redação final

REFERÊNCIAS
BELTRÃO, L. Jornalismo interpretativo. Porto Alegre: Sulina, 1980.
ERBOLATO, M. L. Técnicas de codificação em jornalismo: redação, captação e edição
no jornal diário. São Paulo: Ática, 2001.
LAGE, N. A reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística. Rio de
Janeiro: Record, 2001.
______. Linguagem jornalística. 7.ed. São Paulo: Ática, 2001.
LIMA, E. P. Páginas ampliadas: o livro-reportagem como extensão do jornalismo e da
literatura. Barueri,SP: Manole, 2004.
MARCONDES FILHO, C. A saga dos cães perdidos. 2.ed. São Paulo: Hacker Editores,
2002.
RABAÇA, C. A.; BARBOSA, G. G. Dicionário da comunicação. Rio de Janeiro: Campus,
2001.
SODRÉ, M.; FERRARI, M. H. Técnica de reportagem: notas sobre a narrativa
jornalística. São Paulo: Summus, 1986.
----------------------------------------------------
Técnicas de Reportagem I 2012
LINGUAGEM JORNALÍSTICA
O redator deve ter um bom conhecimento das regras gramaticais para que seus
textos não apresentem erros graves;
Narrar o fato simples e rapidamente para que o público fique bem informado;
Escrever de forma clara, concisa e simples;
É preciso evitar palavras raras, a linguagem rebuscada e de difícil entendimento;
A revisão do texto é muito importante;
Veta o uso de expressões que possam expressar posicionamento, como as
pessoais (1ª pessoa do singular e 1ª pessoa do plural) e o uso de possessivos
(meu, nosso, seu, sua);
Exige redação em ordem direta;
Evita-se inversões de períodos e ambigüidades;
Evitar a adjetivação do texto;
Dividir o texto em parágrafos curtos;
Intitular o texto;
Usar períodos breves;
Empregar palavras curtas;
Evitar o lugar-comum;
Usar palavras correntes;
Explicitar as palavras técnicas;
Utilizar voz ativa;
Exemplo: João escreveu a carta ao governador. [voz ativa]
Exemplo: A carta ao governador foi escrita por João. [voz passiva]
Escrever uma palavra no lugar de duas;
Evitar palavras abstratas e complexas.

DISCURSO DIRETO
No discurso direto a própria personagem expressa seus pensamentos. O jornalista
reproduz textualmente, literalmente a fala das personagens ou das pessoas envolvidas no
fato. Esse tipo de discurso transmite maior credibilidade ao texto jornalístico.
As representações das falas das personagens não devem ser longas, devem ter
relevância para o texto informativo, devem ter valor argumentativo e é preciso ter muito
cuidado na transcrição da declaração ou fala da personagem para não perder a
credibilidade e a confiança da fonte.

Verbos discendi
afirmar,
dizer,
declarar,
indagar,
interrogar,
retrucar,
replicar,
negar,
gritar,
bradar,
aconselhar,
animar,
mandar,
Técnicas de Reportagem I 2012
determinar,
acrescentar,
comentar,
convidar,
continuar,
concordar,
contrapor,
concluir,
cumprimentar,
desculpar,
esclarecer,
explicar,
insistir,
justificar,
lembrar,
propor,
prosseguir,
protestar,
repetir,
respirar,
sussurrar,
segredar,
sugeriu,
vociferar,
berrar,
cochichar,
solicitar,
soluçar,
intervir.

DISCURSO INDIRETO
É o enunciado que reproduz apenas o sentido do pensamento da personagem ou de uma
pessoa envolvida em um fato. Não há a preocupação de repetir as palavras utilizadas no
discurso. O jornalista incorpora em sua linguagem a fala das personagens e se propõe a
transmitir o sentido da fala sem o compromisso da transcrição literal.
É muito usado em textos jornalísticos e merece atenção especial por se tratar de uma
técnica que pode induzir ao erro. O jornalista não pode, em hipótese alguma, dar outro
sentido ao discurso de sua fonte.

Exemplo
1. Para a professora, o evento atingiu seu objetivo. “A palestra foi muito interessante e
trouxe aos alunos informações importantes sobre a literatura regional”, avalia.
2. De acordo com a delegada, os laudos técnicos devem ficar prontos até o fim da
semana. “Já temos algumas informações confirmadas, mas precisamos esperar todos os
resultados dos laudos para podermos continuar as investigações e pedir a prisão
preventiva dos acusados”, afirma.
Técnicas de Reportagem I 2012
REFERÊNCIAS
ANDRADE, M. M. de; MEDEIROS, J. B. Comunicação em língua portuguesa: para
os cursos de jornalismo, propaganda e letras. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2000. p. 153-157
LAGE, N. Linguagem jornalística. 7.ed. São Paulo: Ática, 2001.
-------------------------------------------------

ESTRUTURA DE UMA REDAÇÃO

Delimitação da reportagem: objetivo

Gancho - Início de matéria jornalística, escrito de maneira a prender a atenção do leitor e
a interessá-lo pelo restante do texto. O lide é a técnica de gancho mais usada na redação
de notícias.
REFERÊNCIA: RABAÇA, C. A.; BARBOSA, G. G. Dicionário de comunicação. 2.ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Campus, 2001.


Linha editorial
1. Direção seguida por uma empresa de comunicação na programação de seus produtos
(livros, revistas, jornais, programas de TV e rádio, vídeos, discos, sites etc.), na
elaboração de matérias e no próprio tratamento de seus conteúdos. Implica diretamente
decisão sobre os produtos a serem publicados e baseia-se numa política editorial.
2. Estilo e postura de um determinado veículo ou de um produto editorial. Característica
de apresentação de jornal, revista, newsletter, programa televisivo, CD-ROM, site da
internet etc.
REFERÊNCIA: RABAÇA, C. A.; BARBOSA, G. G. Dicionário de comunicação. 2.ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Campus, 2001.


Política Editorial - Conjunto de diretrizes (formuladas por escrito ou não) que norteiam a
definição de linhas editoriais em uma empresa de comunicação, caracterizando sua
posição no contexto cultural e político.
REFERÊNCIA: RABAÇA, C. A.; BARBOSA, G. G. Dicionário de comunicação. 2.ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Campus, 2001.


Missão Corporativa – Ideia genérica que define a empresa em função da satisfação de
necessidades gerais detectadas no ambiente externo. Qual é o nosso negócio? Quem é o
cliente? O que tem valor para o cliente? A missão deve ainda ser definida em termos de
necessidades e não de produtos.
REFERÊNCIA: RABAÇA, C. A.; BARBOSA, G. G. Dicionário de comunicação. 2.ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Campus, 2001.


Projeto Gráfico - Planejamento das características gráfico-visuais de uma publicação,
conforme sua programação visual, envolvendo detalhamento das características de
produção gráfica, como estilos e processos de composição, impressão e acabamento,
papel, formato etc. V. Design gráfico, edição visual e linguagem visual.
REFERÊNCIA: RABAÇA, C. A.; BARBOSA, G. G. Dicionário de comunicação. 2.ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Campus, 2001.


Design Gráfico - Projeto de representação visual de uma idéia ou mensagem, incluindo
todos os aspectos de imagem final em relação ao produto desejado, tais como
ilustrações, escolha da família e do corpo, do tipo, arranjo dos elementos na página,
cores, papel, processo de impressão etc. Em produções gráficas ligadas ao marketing,
por exemplo, o design deve incorporar os objetivos e a estratégia, a capacidade de
produção e as limitações de orçamento. [...]
REFERÊNCIA: RABAÇA, C. A.; BARBOSA, G. G. Dicionário de comunicação. 2.ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Campus, 2001.


Público destinatário – características dos meios de comunicação [jornal, revista, TV,
rádio, internet]
Técnicas de Reportagem I 2012
Estrutura da redação




REFERÊNCIA: SEABRA, R. Produção de notícia: a redação e o jornalista. In: DUARTE, J. (org.). Assessoria de imprensa e
relacionamento com a mídia: teoria e técnica. São Paulo: Atlas, 2002. p.105-120.

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  • 1. Técnicas de Reportagem I 2012 "O jornalismo é o exercício diário da inteligência e a prática cotidiana do caráter" Cláudio Abramo, jornalista brasileiro (1923-1987) Jornalismo é... Apuração, processamento e a transmissão periódica de informações da atualidade, para o grande público ou para determinados segmentos desse público, por meio de veículos de difusão coletiva (jornal, revista, rádio, televisão, cinema, internet etc.). A informação jornalística difere da informação publicitária e de relações públicas por seu conteúdo, pela finalidade de sua transmissão e pela exigência de periodicidade. Para que serve um jornal? “Antes de ser um negócio, jornal deve ser visto como um serviço público. E como servidor público deverá proceder. Mais do que informações e conhecimentos, o jornal deve transmitir entendimento.” (NOBLAT, 2001, p.22). O que as pessoas querem ver em um jornal? Notícias com informações corretas e de credibilidade, análises dos fenômenos sociais e pluralidade de pontos de vista. PRINCIPAIS GÊNEROS JORNALÍSTICOS Jornalismo informativo Dá ênfase à notícia objetiva, à informação pura, imparcial, impessoal e direta. Limita-se a narrar os fatos. (Dicionário da Comunicação) Jornalismo opinativo Está representado principalmente nos editoriais e em alguns artigos e crônicas. Opinião é o ponto de vista do autor ou do veículo de comunicação expresso, é o juízo que se faz do assunto. (Dicionário da Comunicação) Jornalismo interpretativo Interpretação quer dizer mostrar o que está debaixo da superfície. A interpretação é constituída de elementos adicionais que tornam a informação mais explícita e contextualizada. (Dicionário da Comunicação, 2002, p.405) O jornalismo analítico, interpretativo ou opinativo surge em 1923, com a fundação da revista Time. No início da década de 30, esse tipo de jornalismo estava espalhado pelo EUA. Os comentaristas de rádio surgem, também, nessa época. Com a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), esse jornalismo se consolidou. (ERBOLATO, 2001). Em conferência no Instituto Internacional da Imprensa, do qual foi o primeiro presidente, Lester Markel, editor dominical de The New York Times, mostrou que a interpretação das notícias pode ser feita sem qualquer prejuízo e citou alguns exemplos, que diferenciam as diversas modalidades de jornalismo: 1º) É notícia informar que o Kremlim está lançando uma ofensiva para a paz. 2º) É interpretação explicar porque o Kremlim tomou essa atitude. 3º) É opinião dizer que qualquer proposta russa deve ser rechaçada sem maiores considerações. A interpretação – acentuou Lester Markel – é parte essencial das colunas de notícias. Porém a opinião deve ficar confinada, quase religiosamente, nas colunas editoriais. Esse é um ponto importante (ERBOLATO, 2001, p.34-35). Para Beltrão (1980), o jornalismo interpretativo almeja preencher os vazios da informação. A interpretação jornalística é “um exercício da inteligência e de discernimento de um agente qualificado, com excepcional aptidão para apreender toda a significação do fato para a comunidade, dentro de “um critério especial, de um juízo jornalístico que se
  • 2. Técnicas de Reportagem I 2012 resume em submeter o interesse particular e transitório para obter a universalidade e considerar, nos fatos, o seu valor permanente.” (BELTRÃO, 1980, p.47). A tendência ao jornalismo interpretativo não implica apenas inovações no conteúdo das matérias: provoca também mudanças básicas no tratamento do texto (seria o fim do lide e da pirâmide invertida?), na diagramação que fica mais arejada, dinâmica, mais próxima da revista, no caso dos jornais. Implica, enfim, na criação de uma série de recursos gráficos e editoriais que resultem num jornal extremamente fácil e atraente de ler. A reportagem em profundidade exige antecedentes e humanização. (Dicionário da Comunicação) “Qual a diferença entre interpretar a notícia e editorializá-la? [...].” (ERBOLATO, 2001, p.41) Edvaldo Pereira Lima (2004) indica os “ingredientes” para o jornalismo interpretativo:  O contexto do fato nuclear ou situação nuclear;  Os antecedentes – resgatar as origens;  O suporte especializado – por enquetes, pesquisas de opinião pública ou entrevistas com especialistas e testemunhas do assunto em questão;  A projeção – desdobramentos e conseqüências;  O perfil – a humanização do relato. Segundo Alberto Dines, o jornalismo interpretativo deve mostrar:  a dimensão comparada;  a remissão ao passado;  a interligação com outros fatos;  a incorporação do fato a uma tendência;  a projeção para o futuro. ------------------------------------------------- AS QUATRO FASES DO JORNALISMO (MARCONDES FILHO, 2001) Primeiro jornalismo - de 1789 até a metade do século 19  Ideais da Revolução Francesa (1789)  Antes da Revolução - controle da informação e do conhecimento para manter a autoridade e o poder  A partir da Revolução, os valores mudam e “agora tudo deve ser exposto, superexposto, ostensivamente mostrado” (MARCONDES FILHO, 2002, p.11).  Jornalismo político-literário  Profissionalização dos jornais  Redações departamentalizadas  Artigo de fundo  Autonomia redacional Segundo jornalismo - a partir da segunda metade do século 19  Inovação tecnológica nos processos de produção do jornal - se estabelece o jornalismo de informação, separando os fatos das opiniões.  Período caracterizado pela implantação do jornal como empresa capitalista  O espaço publicitário ganha valor em relação ao espaço de informação jornalística
  • 3. Técnicas de Reportagem I 2012 “A tendência – como se verá até o final do século 20 – é a de fazer do jornal progressivamente um amontoado de comunicações publicitárias permeado de notícias.” (MARCONDES FILHO, 2002, p.14). Terceiro jornalismo - século 20  Período caracterizado pelo monopólio das empresas jornalísticas  A criação de novas formas de comunicação que competem com o jornalismo e o descaracterizam, como a indústria publicitária e de relações públicas, é o principal elemento de transformação da atividade jornalística Quarto jornalismo - iniciado na década de 1970  Jornalismo da era tecnológica  As estratégias de comunicação e persuasão expandem a indústria da consciência no universo da informação  Ação direta das assessorias de imprensa e da publicidade nos meios de comunicação influenciando o conteúdo informacional produzido pelo jornalismo  Os sistemas de comunicação eletrônicos fornecem material informativo, que pode ser recolhido em várias fontes, todas eletrônicas  Para Marcondes Filho (2002), a influência das novas tecnologias da informação no trabalho do jornalista é o fator principal na mudança da profissão e da ausência de reconhecimento do papel desse profissional  A tecnologia ainda favorece a visibilidade técnica como modelo para a comunicação. Primeiro, a imagem, depois, o texto verbal. ------------------------------------------------------ BREVE HISTÓRIA DA REPORTAGEM Desde o surgimento dos primeiros jornais, no século 17, o modelo seguido pelo texto informativo era o discurso retórico. A Revolução Industrial iniciada no século 19 provocou muitas mudanças na sociedade, que também influenciaram o jornalismo. O discurso retórico e publicista utilizado a partir do surgimento dos primeiros jornais eram de difícil compreensão para os novos leitores, que tinham uma cultura muito mais objetiva (LAGE, 2001). Como o público leitor ampliou-se rapidamente, devido à reprodução e distribuição em maior quantidade, foi necessário mudar progressivamente o estilo das matérias que os jornais publicavam. Segundo Lage (2001), nesse período predominaram dois tipos de jornalismo: o sensacionalista e o educador. De um lado, o jornal ensinava às pessoas sobre os assuntos que as interessavam, porém, por outro lado, para envolver um maior número de leitores era preciso dar um caráter mais sensacionalista para as matérias e garantir que fossem lidas. Como afirma Lage (2001, p.15): “A realidade deveria ser tão fascinante quanto a ficção e, se não fosse, era preciso fazê-lo ser”. E assim, segundo Lage (2001), nasce a reportagem, que é um dos gêneros jornalísticos. Nessa época, o jornalismo descobre a importância dos títulos para chamar a atenção do leitor e das notícias em primeira mão, que dão credibilidade ao meio de comunicação e ao repórter. Segundo Lage (2001), a partir do surgimento da reportagem nenhum fato passava sem que o repórter ou meio de comunicação fosse acionado para cobri-lo, o que dificultava o encobrimento dos fatos contrários às leis da organização social estabelecida. A reportagem colocou em primeiro plano novos problemas, como discernir o que é privado, de interesse individual, do que é público, de interesse coletivo; o que o Estado pode manter em sigilo e o que não pode; os limites éticos do comércio e os custos sociais da expansão capitalista (LAGE, 2001, p.16-17).
  • 4. Técnicas de Reportagem I 2012 Foi no auge do jornalismo sensacionalista, entre os séculos 19 e 20 nos Estados Unidos, que surgiram os primeiros cursos superiores em Jornalismo para pensarem os princípios éticos e técnicos dessa profissão. A partir daí, ficou estabelecido que toda informação jornalística teria que ser baseada em fontes de informação, que todos os testemunhos e informações seriam confrontadas para garantir a verdade sobre o fato, que os jornalistas deveriam relacionar-se com as fontes de informação como profissionais, isto é, sem envolvimento emocional, e que todas as pessoas envolvidas em determinado acontecimento seriam ouvidas para garantir que os interesses em jogo não prejudicassem a verdade sobre o fato (LAGE, 2001). Assim, a notícia ganha a forma moderna, utilizada ainda nos dias de hoje, na qual o jornalista conta um fato a partir da valorização do aspecto mais importante e com objetividade. A notícia é a grande matéria-prima do jornalismo e é definida assim por Lima (2004): “[...], a notícia deve corresponder ao acontecimento real que seja do interesse a pelo menos um grupo importante entre os segmentos de receptores de uma dada mensagem jornalística” (p.17). Segundo Ferrari e Sodré (1986), para transformar-se em notícia, um fato deve ser anunciado, isto é, deve ser redigido e registrado em um meio de comunicação. Sem anúncio, o fato não pode ser definido como notícia. Ferrari e Sodré (1986) referem-se a uma das características da rotina produtiva do jornalismo que é a seleção dos fatos: entre tantos acontecimentos, alguns deles serão selecionados por critérios de atualidade, veracidade, interesse público, proximidade, ineditismo, intensidade e identificação, para serem pesquisados pelo repórter e serem publicados no jornal. Toda notícia é determinada por um “fato gerador de interesse”, segundo Lage (2001). A notícia tem como fórmula de construção textual a simplificação do relato por meio das respostas as seguintes perguntas: o que, quem, quando, onde, como e por que, que formam, geralmente, o primeiro parágrafo da notícia e é chamado de lead. A pirâmide invertida, que prevê a valorização do aspecto mais importante no início do texto, é o sistema de redação jornalístico mais usado para a notícia. O objetivo do uso das técnicas do lead e da pirâmide invertida para contar um fato é que a notícia informe de maneira rápida, clara, objetiva e precisa o seu leitor. Por essas características é considerada por muitos estudiosos e jornalistas como superficial e incompleta (LIMA, 2004, p.17). Para combater a superficialidade da notícia, surge a reportagem em seu conceito moderno. É a partir de 1923, com a criação da revista semanal de informação Time, que o gênero reportagem consolida-se com o surgimento do jornalismo interpretativo. A sociedade norte-americana é surpreendida em 1914 pela Primeira Guerra Mundial e cobra uma resposta dos meios de comunicação, que deveriam informar com mais profundidade e análise sobre os acontecimentos do mundo. Tanto a imprensa quando a sociedade norte-americana percebeu que a imprensa estava muito presa aos fatos, ao relato dos fatos, e não conseguia relacionar os fatos, estabelecer ligações entre eles, analisá-los (ERBOLATO, 2001; LIMA, 2004). É nesse contexto que surge a revista Time, em 1923, “voltada para o relato dos bastidores, para a busca de conexões entre os acontecimentos, de modo a oferecer uma compreensão aprofundada da realidade contemporânea” (LIMA, 2004, p.19). Segundo Sodré e Ferrari (1986) e Lage (2001), a reportagem é considerada uma narrativa ampla, mais completa, com informações adicionais e detalhes, e tem como objetivo principal despertar o interesse humano. Ela abre o debate sobre o acontecimento ou assunto e desdobra-o em seus aspectos mais importantes. A notícia, de modo geral, descreve o fato e, no máximo, suas conseqüências. A reportagem apura as origens do fato, suas razões e efeitos. A notícia não esgota o fato; a reportagem pretende fazê-lo.
  • 5. Técnicas de Reportagem I 2012 A grande reportagem tem valor literário e grande interesse público. É uma narrativa orientada segundo o enfoque do repórter, que trabalha o tema em profundidade. É chamada também de reportagem especial. Em especial, esse patamar de maior amplitude é alcançado pela grande- reportagem, aquela que possibilita um mergulho de fôlego nos fatos e em seu contexto, oferecendo, a seu autor ou a seus autores, uma dose ponderável de liberdade para escapar aos grilhões normalmente impostos pela fórmula convencional do tratamento da notícia, com o lead e as pirâmides já mencionadas [pirâmide invertida, normal e mista] (LIMA, 2004, p.18). A reportagem é o gênero de excelência do jornalismo interpretativo porque busca a compreensão dos fenômenos sociais atuais, as causas e as origens dos fatos e suas conseqüências. Para Beltrão (1980), o jornalismo interpretativo tem como principal objetivo o preenchimento dos “vazios informativos” deixados no caminho pela superficialidade imposta pela forma da notícia. A reportagem impressa tem como característica uma abordagem do tema multiangular, pela qual o jornalista estabelece relações entre as causas e as conseqüências de uma questão contemporânea. Lima (2004, p.21) aponta os ingredientes necessários para se realizar uma reportagem a partir da visão do jornalismo interpretativo, que seriam: 1. a contextualização do fato ou situação nuclear proposto para a reportagem, relacionando a “rede de forças” que o mantém; 2. o resgate dos antecedentes do fato, onde ele se origina, a história desse fato ou situação para chegar a situação atual; 3. a imprescindível busca de especialistas, testemunhas, enquete e pesquisa de opinião pública, que servirão de embasamento para toda informação veiculada; 4. a projeção para medir o alcance das conseqüências do fato ou situação; 5. o perfil, a busca da ação humana para aproximar a reportagem do leitor por meio da emoção e da vivência humana. Elementos necessários para a produção da reportagem, segundo Dines: 1. a dimensão comparada, 2. a remissão ao passado, 3. a interligação com outros fatos, 4. a incorporação do fato a uma tendência, 5. a projeção para o futuro. Segundo Lima (2004, p.24), “(...) ganha a classificação de grande-reportagem quando o aprofundamento é extensivo e intensivo, na busca do entendimento mais amplo possível da questão em exame”. CARACTERÍSTICAS DA REPORTAGEM (SODRÉ E FERRARI, 1986, p.15)  Predominância da forma narrativa;  Humanização do relato;  Texto de natureza impressionista;  Objetividade dos fatos narrados. ELEMENTOS DA REPORTAGEM  Amplia o entendimento da realidade;  Maior número de fontes;  Texto marcado pelo volume de informações objetivas;  Vai fundo no tema, é um trabalho de fôlego abrangente;  Requer pesquisa e investigação = consistência;
  • 6. Técnicas de Reportagem I 2012  Não é o espaço adequado para a opinião do jornalista;  Admite liberdade de expressão literária = estilo pessoal;  Tem que atrair o leitor, é perfeita para atrair o leitor a partir do interesse humano;  O leitor quer se ver retratado;  Proximidade e identificação = êxito no processo de comunicação;  Explica os fatos que ainda não sejam notícia;  Observação do jornalista, sensibilidade – bagagem cultural e visão de mundo;  Agrega informações complementares e antecedentes;  Investiga, orienta, analisa (compara fatos e opiniões) e humaniza (proximidade e identificação);  O repórter não se limita transmitir fatos, ele observa a realidade e a reconstrói;  Abordagem criativa;  Quantidade de dados e detalhes;  Precisão de informação;  Aprofundamento abrangente;  Texto conciso, ágil;  Linguagem direta;  Emoção;  Denúncia – investigação;  Contexto. TÉCNICAS DE REPORTAGEM 1º passo – Tema 2º passo – Pauta 3º passo – Coleta de dados (arquivo, entrevistas, outros meios de informação) 4º passo – Organização – importância e retrancas 5º passo – Roteiro – direção dos dados 6º passo – Redação 7º passo – Revisão do repórter 8º passo – Redação final REFERÊNCIAS BELTRÃO, L. Jornalismo interpretativo. Porto Alegre: Sulina, 1980. ERBOLATO, M. L. Técnicas de codificação em jornalismo: redação, captação e edição no jornal diário. São Paulo: Ática, 2001. LAGE, N. A reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística. Rio de Janeiro: Record, 2001. ______. Linguagem jornalística. 7.ed. São Paulo: Ática, 2001. LIMA, E. P. Páginas ampliadas: o livro-reportagem como extensão do jornalismo e da literatura. Barueri,SP: Manole, 2004. MARCONDES FILHO, C. A saga dos cães perdidos. 2.ed. São Paulo: Hacker Editores, 2002. RABAÇA, C. A.; BARBOSA, G. G. Dicionário da comunicação. Rio de Janeiro: Campus, 2001. SODRÉ, M.; FERRARI, M. H. Técnica de reportagem: notas sobre a narrativa jornalística. São Paulo: Summus, 1986. ----------------------------------------------------
  • 7. Técnicas de Reportagem I 2012 LINGUAGEM JORNALÍSTICA O redator deve ter um bom conhecimento das regras gramaticais para que seus textos não apresentem erros graves; Narrar o fato simples e rapidamente para que o público fique bem informado; Escrever de forma clara, concisa e simples; É preciso evitar palavras raras, a linguagem rebuscada e de difícil entendimento; A revisão do texto é muito importante; Veta o uso de expressões que possam expressar posicionamento, como as pessoais (1ª pessoa do singular e 1ª pessoa do plural) e o uso de possessivos (meu, nosso, seu, sua); Exige redação em ordem direta; Evita-se inversões de períodos e ambigüidades; Evitar a adjetivação do texto; Dividir o texto em parágrafos curtos; Intitular o texto; Usar períodos breves; Empregar palavras curtas; Evitar o lugar-comum; Usar palavras correntes; Explicitar as palavras técnicas; Utilizar voz ativa; Exemplo: João escreveu a carta ao governador. [voz ativa] Exemplo: A carta ao governador foi escrita por João. [voz passiva] Escrever uma palavra no lugar de duas; Evitar palavras abstratas e complexas. DISCURSO DIRETO No discurso direto a própria personagem expressa seus pensamentos. O jornalista reproduz textualmente, literalmente a fala das personagens ou das pessoas envolvidas no fato. Esse tipo de discurso transmite maior credibilidade ao texto jornalístico. As representações das falas das personagens não devem ser longas, devem ter relevância para o texto informativo, devem ter valor argumentativo e é preciso ter muito cuidado na transcrição da declaração ou fala da personagem para não perder a credibilidade e a confiança da fonte. Verbos discendi afirmar, dizer, declarar, indagar, interrogar, retrucar, replicar, negar, gritar, bradar, aconselhar, animar, mandar,
  • 8. Técnicas de Reportagem I 2012 determinar, acrescentar, comentar, convidar, continuar, concordar, contrapor, concluir, cumprimentar, desculpar, esclarecer, explicar, insistir, justificar, lembrar, propor, prosseguir, protestar, repetir, respirar, sussurrar, segredar, sugeriu, vociferar, berrar, cochichar, solicitar, soluçar, intervir. DISCURSO INDIRETO É o enunciado que reproduz apenas o sentido do pensamento da personagem ou de uma pessoa envolvida em um fato. Não há a preocupação de repetir as palavras utilizadas no discurso. O jornalista incorpora em sua linguagem a fala das personagens e se propõe a transmitir o sentido da fala sem o compromisso da transcrição literal. É muito usado em textos jornalísticos e merece atenção especial por se tratar de uma técnica que pode induzir ao erro. O jornalista não pode, em hipótese alguma, dar outro sentido ao discurso de sua fonte. Exemplo 1. Para a professora, o evento atingiu seu objetivo. “A palestra foi muito interessante e trouxe aos alunos informações importantes sobre a literatura regional”, avalia. 2. De acordo com a delegada, os laudos técnicos devem ficar prontos até o fim da semana. “Já temos algumas informações confirmadas, mas precisamos esperar todos os resultados dos laudos para podermos continuar as investigações e pedir a prisão preventiva dos acusados”, afirma.
  • 9. Técnicas de Reportagem I 2012 REFERÊNCIAS ANDRADE, M. M. de; MEDEIROS, J. B. Comunicação em língua portuguesa: para os cursos de jornalismo, propaganda e letras. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2000. p. 153-157 LAGE, N. Linguagem jornalística. 7.ed. São Paulo: Ática, 2001. ------------------------------------------------- ESTRUTURA DE UMA REDAÇÃO Delimitação da reportagem: objetivo Gancho - Início de matéria jornalística, escrito de maneira a prender a atenção do leitor e a interessá-lo pelo restante do texto. O lide é a técnica de gancho mais usada na redação de notícias. REFERÊNCIA: RABAÇA, C. A.; BARBOSA, G. G. Dicionário de comunicação. 2.ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Campus, 2001. Linha editorial 1. Direção seguida por uma empresa de comunicação na programação de seus produtos (livros, revistas, jornais, programas de TV e rádio, vídeos, discos, sites etc.), na elaboração de matérias e no próprio tratamento de seus conteúdos. Implica diretamente decisão sobre os produtos a serem publicados e baseia-se numa política editorial. 2. Estilo e postura de um determinado veículo ou de um produto editorial. Característica de apresentação de jornal, revista, newsletter, programa televisivo, CD-ROM, site da internet etc. REFERÊNCIA: RABAÇA, C. A.; BARBOSA, G. G. Dicionário de comunicação. 2.ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Campus, 2001. Política Editorial - Conjunto de diretrizes (formuladas por escrito ou não) que norteiam a definição de linhas editoriais em uma empresa de comunicação, caracterizando sua posição no contexto cultural e político. REFERÊNCIA: RABAÇA, C. A.; BARBOSA, G. G. Dicionário de comunicação. 2.ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Campus, 2001. Missão Corporativa – Ideia genérica que define a empresa em função da satisfação de necessidades gerais detectadas no ambiente externo. Qual é o nosso negócio? Quem é o cliente? O que tem valor para o cliente? A missão deve ainda ser definida em termos de necessidades e não de produtos. REFERÊNCIA: RABAÇA, C. A.; BARBOSA, G. G. Dicionário de comunicação. 2.ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Campus, 2001. Projeto Gráfico - Planejamento das características gráfico-visuais de uma publicação, conforme sua programação visual, envolvendo detalhamento das características de produção gráfica, como estilos e processos de composição, impressão e acabamento, papel, formato etc. V. Design gráfico, edição visual e linguagem visual. REFERÊNCIA: RABAÇA, C. A.; BARBOSA, G. G. Dicionário de comunicação. 2.ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Campus, 2001. Design Gráfico - Projeto de representação visual de uma idéia ou mensagem, incluindo todos os aspectos de imagem final em relação ao produto desejado, tais como ilustrações, escolha da família e do corpo, do tipo, arranjo dos elementos na página, cores, papel, processo de impressão etc. Em produções gráficas ligadas ao marketing, por exemplo, o design deve incorporar os objetivos e a estratégia, a capacidade de produção e as limitações de orçamento. [...] REFERÊNCIA: RABAÇA, C. A.; BARBOSA, G. G. Dicionário de comunicação. 2.ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Campus, 2001. Público destinatário – características dos meios de comunicação [jornal, revista, TV, rádio, internet]
  • 10. Técnicas de Reportagem I 2012 Estrutura da redação REFERÊNCIA: SEABRA, R. Produção de notícia: a redação e o jornalista. In: DUARTE, J. (org.). Assessoria de imprensa e relacionamento com a mídia: teoria e técnica. São Paulo: Atlas, 2002. p.105-120.