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ÁREA1 - Faculdade de Ciência e Tecnologia
Cursos de Engenharia
Cálculo Diferencial e Integral I
Professor: Álvaro Fernandes Serafim



                                                              a 
                                                                  ax

                                                  ln  lim  1 +   = 25 .
                                                      x → +∞ 
                                                               x  
                                                    Qual o valor de a ?




    Apostila de limites e derivadas

 “Uma grande descoberta envolve a solução de um grande problema, mas
  há uma semente de descoberta na solução de qualquer problema. Seu
  problema pode ser modesto; porém, se ele desafiar a sua curiosidade e
  fizer funcionar a sua capacidade inventiva, e caso você o resolva sozinho,
  então você poderá experimentar a tensão e o prazer do triunfo da descoberta”

                                                                 George Polya


                           Última atualização: 26/10/2007
Índice

Limite e continuidade............................................................................................................. 3

Noção intuitiva de limite........................................................................................................... 3
Tabelas de aproximações........................................................................................................... 4
Cálculo de uma indeterminação do tipo 0/0.............................................................................. 6
Fórmulas de simplificações e propriedades dos limites............................................................ 8
Continuidade............................................................................................................................. 10
Limites infinitos........................................................................................................................ 12
Limites no infinito..................................................................................................................... 13
Expressões indeterminadas....................................................................................................... 15
Limite fundamental exponencial............................................................................................... 17
Limite fundamental trigonométrico.......................................................................................... 19
Funções limitadas..................................................................................................................... 21
Aplicação 1: Problema da área sob o arco de uma parábola..................................................... 23
Aplicação 2: Problema do circuito RL em série...................................................................... 24

Derivada................................................................................................................................... 25

A reta tangente.......................................................................................................................... 25
A reta normal............................................................................................................................ 28
A derivada de uma função num ponto...................................................................................... 28
Derivadas laterais..................................................................................................................... 29
Regras de derivação.................................................................................................................. 31
Derivada da função composta (Regra da cadeia)...................................................................... 33
Derivada da função inversa....................................................................................................... 35
Derivada das funções elementares............................................................................................ 36
Derivada da função exponencial............................................................................................... 36
Derivada da função logarítmica................................................................................................. 37
Derivada das funções trigonométricas...................................................................................... 37
Derivada das funções trigonométricas inversas........................................................................ 40
Tabela de derivadas.................................................................................................................. 42
Derivadas sucessivas................................................................................................................ 43
Derivada na forma implícita..................................................................................................... 45
Derivada de uma função na forma paramétrica........................................................................ 50
Diferencial................................................................................................................................ 54

Aplicações da derivada........................................................................................................... 56

A regra de L’Hospital...............................................................................................................      56
Interpretação cinemática da derivada.......................................................................................               58
Taxa de variação.......................................................................................................................   61
Análise gráfica das funções......................................................................................................         64
   Máximos e mínimos...........................................................................................................           64
   Funções crescentes e decrescentes.....................................................................................                 67
   Critérios para determinar os extremos de uma função........................................................                            68
   Concavidade e inflexão.......................................................................................................          70
   Assíntotas horizontais e verticais........................................................................................             72
   Esboço gráfico.....................................................................................................................    75
Problemas de otimização.........................................................................................................          80




Álvaro Fernandes                                                                                                                                 2
Limite e continuidade


Noção intuitiva de limite


           Considere a função f ( x ) = x 2 − 1. Esta função está definida para todo x ∈ℜ , isto é,
qualquer que seja o número real xo , o valor f ( xo ) está bem definido.

Exemplo 1. Se xo = 2 então f ( xo ) = f (2 ) = 2 2 − 1 = 3 . Dizemos que a imagem de xo = 2 é o valor
 f (2 ) = 3 .


Graficamente:




                                                           x2 − 1
             Considere agora uma outra função          g( x ) =   . Esta função está definida
                                                            x −1
∀x ∈ℜ − {1} . Isto significa que não podemos estabelecer uma imagem quando x assume o valor 1.


          12 − 1 0
g (1) =         = ???
          1−1 0


Quando dividimos a por b procuramos um número c tal que o produto bc resulte em a.

a                            6
  = c ⇔ bc = a . Por exemplo, = 2 ⇔ 3 ⋅ 2 = 6 .
b                            3

            0
Se fizermos   = x ⇔ 0 ⋅ x = 0 , para qualquer valor de x ∈ ℜ , isto é, infinitos valores de x . Daí a
            0
indeterminação no valor de x...

0
    simboliza uma indeterminação matemática. Outros tipos de indeterminações matemáticas
0
serão tratados mais adiante.




Álvaro Fernandes                                                                                   3
Como a variável x não pode assumir o valor 1 na função g, vamos estudar o comportamento desta
função quando x está muito próximo de 1, em outras palavras, queremos responder a seguinte
pergunta:

Qual o comportamento da função g quando x assume valores muito próximos (ou numa vizinhança)
de 1, porém diferentes de 1?


            A princípio o estudo do limite visa estabelecer o comportamento de uma função numa
vizinhança de um ponto (que pode ou não pertencer ao seu domínio). No caso da função f, qualquer
valor atribuído a x determina imagem única, sem problema algum. Mas na função g, existe o ponto
x = 1 que gera a indeterminação.

                                                      x2 − 1
           Estudemos os valores da função g( x ) =           quando x assume valores próximos de 1,
                                                      x −1
mas diferente de 1. Para isto vamos utilizar as tabelas de aproximações.

Observação: Podemos nos aproximar do ponto 1:

•    por valores de x pela direita:


•    por valores de x pela esquerda:



Tabelas de aproximações
            As tabelas de aproximações são utilizadas para aproximar o valor da imagem de uma
função (se existir) quando a variável x se aproxima de um determinado ponto.
Atribuindo a x valores próximos de 1, porém menores (pela esquerda) do que 1: (tabela A)
     x             0        0,5          0,75        0,9       0,99      0,999    0,9999
    g(x)           1        1,5          1,75        1,9       1,99      1,999    1,9999

Atribuindo a x valores próximos de 1, porém maiores (pela direita) do que 1: (tabela B)
     x             2        1,5          1,25        1,1       1,01      1,001    1,0001
    g(x)           3        2,5          2,25        2,1       2,01      2,001    2,0001

           Observe que podemos tornar g(x) tão próximo de 2 quanto desejarmos, bastando para
isso tomarmos x suficientemente próximo de 1. De outra forma, convencionaremos:

           “O limite da função g(x) quando x se aproxima de (tende a) 1 é igual a 2”.

                                                           x2 − 1
Simbolicamente escrevemos: lim g( x ) = 2       ou    lim         = 2.
                                  x →1                x →1 x −1




Álvaro Fernandes                                                                                 4
Observação:

Os dois tipos de aproximações que vemos nas tabelas A e B são chamados de limites laterais.

∗ Quando x tende a 1 por valores menores do que 1 (tabela A), dizemos que x tende a 1 pela
  esquerda, e denotamos simbolicamente por x → 1− . Temos então que:

                                                 x2 − 1                          Obs: O sinal negativo no expoente do
                      lim g( x ) = 2 ou   lim           =2                       no 1 simboliza apenas que x se
                         −
                      x →1                   −
                                          x →1   x −1                            aproxima do número 1 pela esquerda.

∗ Quando x tende a 1 por valores maiores do que 1 (tabela B), dizemos que x tende a 1 pela
  direita, e denotamos simbolicamente por x → 1+ . Temos então que:

                                                 x2 − 1                          Obs: O sinal positivo no expoente
                      lim g( x ) = 2 ou   lim           =2                       do no 1 simboliza apenas que x se
                         +
                      x →1                   +
                                          x →1   x −1                            aproxima do número 1 pela direita.



Definição intuitiva de limite (para um caso geral)

              Seja f uma função definida num intervalo I ⊂ ℜ contendo a, exceto possivelmente no
próprio a. Dizemos que o limite de f(x) quando x se aproxima de a é L ∈ℜ , e escrevemos
lim f ( x ) = L , se, e somente se, os limites laterais à esquerda e à direita de a são iguais
x→a

à L, isto é, lim− f ( x ) = lim+ f ( x ) = L . Caso contrário, dizemos que o limite não existe, em
                x→a            x →a

símbolo        lim f ( x ) .
                x→a



                                          x2 − 1
Ainda com relação à função g( x ) =              , podemos então concluir, pela definição, que:
                                          x −1

       x2 − 1                                        x2 − 1                x2 − 1
lim           = 2 , porque os limites lateriais lim+            e   lim−          são iguais a 2.
x →1   x −1                                     x →1 x − 1          x →1   x −1

De forma equivalente,

                               lim g( x ) = 2 porque   lim g( x ) = lim g( x ) = 2 .
                               x →1                    x → 1−          +
                                                                       x →1




Será necessário sempre construir tabelas de aproximações para determinar o limite de uma função,
caso ele exista?


Não! Há uma forma bem mais simples, como veremos a seguir.




Álvaro Fernandes                                                                                                  5
0
Cálculo de uma indeterminação do tipo
                                                   0

                                                            0
Sempre que nos depararmos com uma indeterminação do tipo      , deveremos simplificar* a
                                                            0
expressão da função envolvida. Logo após, calculamos o limite da função substituindo, na
expressão já simplificada, o valor de x.

* Para simplificar a expressão você deve utilizar fatoração, conjugado de radical, dispositivo prático
de Briot-Ruffini para dividir polinômios, etc...


Vejamos os exemplos seguintes.

                                                x2 − 1
Exemplo 2. Determine lim g( x ) , onde g( x ) =        .
                     x →1                       x −1

                                                              0
Observe que substituindo x por 1 na função g obtemos g (1) =     que é uma indeterminação
                                                              0
matemática! Quando a variável x está cada vez mais próxima de 1, a função g está cada vez mais
próxima de quanto? Devemos então simplificar a expressão da função g e depois fazer a
substituição direta.

           x 2 − 1 ( x − 1)( x + 1)
g (x ) =          =                 = ( x + 1), ∀x ≠ 1 Então:
            x −1       (x − 1)

lim g ( x ) = lim
                     x2 − 1
                            = lim
                                  (x − 1)(x + 1) = lim (x + 1) = 1 + 1 = 2 .   Logo, lim
                                                                                            x2 − 1
                                                                                                   = 2.
x →1          x →1   x − 1 x →1       x −1         x →1                              x →1   x −1

Chegamos à mesma conclusão da análise feita pelas tabelas de aproximações, porém de uma forma
mais rápida e sistemática.

Não mais utilizaremos as tabelas de aproximações para casos semelhantes a este!!

                                            x2 − 1                                     x2 − 1
          Vale lembrar que a expressão lim         = 2 significa que a função g( x ) =        está
                                       x →1 x −1                                       x −1
tão próxima de 2 assim como x está suficientemente próximo de 1, porém diferente de 1.
Graficamente podemos verificar isso:

                           x2 − 1
Gráfico da função g( x ) =        , ∀x ≠ 1.
                           x −1




Álvaro Fernandes                                                                                          6
x −1                                     0
Exemplo 3. Determine lim                          (observe a indeterminação matemática no ponto x = 1 ).
                                     x →1   x −12
                                                                                      0

          x −1       x −1 x +1
               = lim 2    ⋅      = lim
                                                                 (x − 1)              = lim
                                                                                                           1
                                                                                                                        =
                                                                                                                            1
                                                         (x − 1)(x + 1)(          )                (x + 1)(         )
lim                                                                                                                           .
x →1     x − 1 x →1 x − 1
          2
                            x + 1 x →1                                      x +1           x →1                x +1         4

                                                                               x −1
Se você construir as tabelas de aproximações, constatará que a função y =           está cada vez
                                                                             x −1                               2

mais próximo de 1/4 a medida que x se aproxima de 1 pela esquerda e pela direita.

                            x3 − 8                                       0
Exemplo 4. Determine lim             (observe a indeterminação matemática no ponto x = 2 ).
                     x →2 3 x 2 − 12                                     0

lim
           x3 − 8
                   = lim
                             (
                         x3 − 23
                                 = lim
                                            )        (x − 2 )(x 2 + 2 x + 4 ) = lim    (x    2
                                                                                              + 2 x + 4 12
                                                                                                        =
                                                                                                           ) =1
x →2                             (
         3 x 2 − 12 x→2 3 x 2 − 4 x→2       )           3( x − 2 )( x + 2 )     x →2         3( x + 2 )   12

                                                                                                        x3 − 8
Constate através das tabelas de aproximações que se x → 2 então y =                                              → 1.
                                                                                                      3 x 2 − 12

                          2x3 + 3x − 5                                      0
Exemplo 5. Determine lim 2              (observe a indeterminação matemática no ponto x = 1 ).
                     x →1 4 x − 3 x − 1                                     0
Vamos resolver este limite usando o dispositivo prático para dividir polinômios de Briot-Ruffini.

Precisaremos antes do...

Teorema de D’Alembert: Um polinômio f ( x ) é divisível por ( x − a ) , a ∈ ℜ , se, e somente se, a
é uma raiz de f ( x ) , isto é, f (a ) = 0 .

f (x )        (x − a )
                             ⇒ f ( x ) = ( x − a ) ⋅ q( x ) + r ( x ) . Assim, f (a ) = 0 ⇔ r (a ) = 0 .
r (x )        q(x )

Como o ponto x = 1 anula os polinômios do numerador e denominador, então ambos são divisíveis
por x − 1 . Assim,

                                     2 x3 + 3x − 5
                                        (x − 1)                      2 x 2 + 2 x + 5 2(1) + 2(1) + 5 9
                                                                                                  2
     2x3 + 3x − 5
lim 2              = lim                               = (* ) = lim                 =               = .
x →1 4 x − 3 x + 1   x →1            4 x − 3x − 1
                                        2                       x →1     4x + 1          4 (1) + 1   5
                                        (x − 1)
(* ) Usamos então o dispositivo de Briot- Ruffini para dividir estes polinômios...

          1     2        0   3        -5                                1     4       -3         -1
                2        2   5         0 = resto                              4        1          0 = resto


       ax 2 + bx + c = 2 x 2 + 2 x + 5                                    ax + b = 4 x + 1

Obs.: Faça uma revisão deste dispositivo num livro de matemática do ensino médio.


Álvaro Fernandes                                                                                                                  7
Algumas fórmulas que auxiliam as simplificações nos cálculos dos limites.

Produtos notáveis:

1º) Quadrado da soma: (a + b ) = a 2 + 2ab + b 2 .
                                          2


2º) Quadrado da diferença: (a − b ) = a 2 − 2ab + b 2 .
                                                    2


3º) Produto da soma pela diferença: (a + b )(a − b ) = a 2 − b 2 .
4º) Cubo da soma: (a + b ) = a 3 + 3a 2 b + 3ab 2 + b 3 .
                                      3


5º) Cubo da diferença: (a − b ) = a 3 − 3a 2 b + 3ab 2 − b 3 .
                                          3



Fatorações:

6º) Fator comum: ax ± ay = a ( x ± y ) .
7º) Diferença de quadrados: a 2 − b 2 = (a + b )(a − b ) .
8º) Trinômio do 2º grau: ax 2 + bx + c = a(x − x' )( x − x' ' ) , onde x' e x' ' são as raízes obtidas pela
                          −b± ∆                             
fórmula de Bháskara  x =
                                     , onde ∆ = b 2 − 4 ac  .
                                                             
                             2a                             
9º) Soma de cubos: a + b = (a + b ) a − ab + b .
                     3    3              2           2
                                                        (           )
                                                            (
10º) Diferença de cubos: a 3 − b 3 = (a − b ) a 2 + ab + b 2 .              )
Conjugado de radicais:

11º) Conjugado de              a− b é               a + b , pois   (     a− b ⋅ ) ( a + b )= a − b .
12º) Conjugado de          3
                               a −3 b é        3
                                                    a 2 + 3 ab + 3 b 2   , pois ( a − b )⋅ ( a + ab +
                                                                                3   3    3   2   3      3
                                                                                                              )
                                                                                                            b2 = a − b .


Proposição (unicidade do limite).

Se lim f ( x ) = L1 e lim f ( x ) = L2 , então L1 = L2 . Se o limite de uma função num ponto existe,
     x→a                       x→a
então ele é único.

Principais propriedades dos limites.

Se lim f (x ) e lim g ( x ) existem, e k é um número real qualquer, então:
    x→a              x→a


a) lim [ f ( x ) ± g ( x )] = lim f (x ) ± lim g ( x ) .
    x→a                         x→a             x→a


b) lim k . f ( x ) = k .lim f ( x ) .
    x→a                 x→a


c) lim [ f (x ) ⋅ g (x )] = lim f ( x ) ⋅ lim g (x ) .
    x→a                        x→a            x→a


           f ( x ) lim f ( x )
d) lim            = x→a        , lim g ( x ) ≠ 0 .
    x→a    g (x ) lim g ( x ) x →a
                    x→a


e) lim k = k .
    x→a




Álvaro Fernandes                                                                                                           8
x2 −7
Exemplo 6. Calcule lim                   usando as propriedades.
                           x →1   2x + 4

                                       x 2 − 7 1 lim x − 7 1 lim x +xlim − 7 1 (1) + (− 7 ) − 6
                                                       2           2              2
     x2 −7           x2 −7      1
lim          = lim             = ⋅ lim        = ⋅ x →1
                                                          = ⋅ x →1   →1
                                                                            = ⋅            =    = −1
x →1 2 x + 4   x →1 2( x + 2 )  2 x→1 x + 2 2 lim x + 2 2 lim x + lim 2      2    1+ 2       6
                                                         x →1              x →1    x →1




Ufa, quanto trabalho!!!           Bastaria substituir o ponto x = 1 diretamente na expressão, obtendo logo
−6
    = −1 .
 6


Atividades (grupo 1).

Calcule os limites abaixo:

                                                                                               x3 − 1
         4 − x2                                   x2 − 4x + 3                       c) lim
a) lim                                    b) lim 2                                        x →1 5 x − 5
   x →−2 2 + x                               x →3 x − x − 6


                                                                                                  x −1
         8 + x3                                      x 4 − 16                       f) lim
d) lim                                    e) lim                                          x →1   x −1
   x →−2 4 − x 2                              x→2    8 − x3

           1 − x2                                    2− x−3                                      3− 5+ x
g) lim                                    h) lim                                    i) lim
   x →−1 x + 2 + x                            x →7    x 2 − 49                            x →4   1− 5 − x


Atividades (grupo 2).
Calcule os limites indicados:

              x 2 − 1, x ≤ 0
a) f ( x ) =                 ,            calcule: lim f ( x ) , lim f ( x ) e lim f ( x ) .
              x + 1, x > 0                            x →−1        x →2          x →0




            x2 , x ≠ 2
b) g( x ) =            ,                  calcule: lim g( x ) .
            3 , x = 2                                 x →2




            4 − x 2 , x < 1
c) h( x ) =                 ,             calcule: lim h( x ) .
            5 − 2 x , x > 1                           x →1




             2 x , x < 0
             
d) l ( x ) = 1 − x 2 , 0 ≤ x < 2 ,        calcule: lim l ( x ), lim l ( x ), lim l ( x ) e         lim l ( x ) .
                                                      x →0        x→2        x → −∞               x → +∞
             2 x − 6 , x ≥ 2




Álvaro Fernandes                                                                                                    9
Continuidade
Definição: Seja x0 um ponto do domínio de uma função f. Dizemos que f é contínua no ponto
x0 se:

                                                 lim f ( x ) = f ( x0 ) .
                                                 x → x0

Exemplo 7. A função do exemplo 1 (pág. 3) é contínua no ponto x0 = 2 , pois lim f ( x ) = f (2 ) = 3 .
                                                                                              x →2
Na verdade esta função é contínua em ℜ , isto é, em todos os pontos da reta (do seu domínio).

Exemplo 8. Algumas funções que não são contínuas no ponto x0 :

a)                                     b)                                    c)




Pois...
a) não existe lim f ( x ) , apesar de f ( x0 ) existir, neste caso f ( x0 ) = L ;
                 x→ x0


b) existe       lim f ( x ) , isto é    lim f ( x ) = L1 . Existe     f ( x0 ) , neste caso         f ( x0 ) = L2 , mas
                x→ x0                   x → x0

lim f ( x ) ≠ f ( x0 ) ;
x → x0


c) não existe lim f ( x ) , apesar de f ( x0 ) existir, neste caso f ( x0 ) = L .
                 x→ x0


Exemplo 9. Verifique se as funções abaixo são contínuas nos pontos indicados:

                                                                            1 − x2
                                                                                    , x >1
                                                                              x −1
              x 2 − 16
                       , x≠4                                              
              8 − 2x                                                       2
                                                                          2x − 2
a) f ( x ) =                 ,    x0 = 4 .                   b) g ( x ) =           , x<1     ,     x0 = 1 .
             2 x − 4 , x = 4                                               1− x
                                                                          
             
                                                                          
                                                                           1 − 5 x , x = 1
                                                                           
                                                                           

Soluções: a)
                                                 x 2 − 16
                    Calculando o limite, temos: lim       = lim
                                                                (x − 4 )(x + 4 ) = lim − (x + 4 ) = −4 .
                                            x→4  8 − 2 x x →4      2(4 − x )       x→4      2
Calculando a imagem, temos: f (4 ) = 2(4 ) − 4 = 4 . Como lim f ( x ) ≠ f (4 ) , então a função não é
                                                                       x→4

contínua (ou descontínua) no ponto x0 = 4 .




Álvaro Fernandes                                                                                                    10
b) Calculando o limite, temos:


 lim+
            1 − x2
                     = lim+
                              (1 − x )(1 + x ) ⋅   x +1
                                                          = lim+
                                                                      (1 − x )(1 + x )(   x +1  ) = lim             (      )
                                                                                                            − (1 + x ) x + 1 = −4
x →1         x −1      x →1         x −1           x +1     x →1                x −1                x →1+




 lim−
        2x2 − 2
                = lim−
                       2 x2 − 1 (
                                = 2 lim−
                                         )           (x − 1)(x + 1) = 2 lim            − ( x + 1) = 2(− 2 ) = −4
 x →1    1− x     x →1   1− x       x →1                  1− x                x →1 −



Como os limites laterais são iguais, temos que lim g ( x ) = −4 .
                                                                   x →1



Calculando a imagem, temos: g (1) = 1 − 5(1) = −4 .

Como lim g ( x ) = g (1) , então a função é contínua no ponto x0 = 1 .
             x →1


Atividades (grupo 3).

Determine, se possível, a constante a ∈ ℜ de modo que as funções abaixo sejam contínuas no ponto
x o , sendo:

             3ax 2 + 2 , x < 1                                                  ax 2 + 2 , x ≠ 1
                                                                                 
a) f ( x ) =                   (xo = 1) .                          b) g ( x ) =  2               (x o = 1) .
             x − 2, x ≥ 1                                                       a , x = 1
                                                                                 

Atividades (grupo 4).

Determine, se possível, as constantes a e b ∈ ℜ de modo que as funções abaixo sejam contínuas no
ponto x o , sendo:
             3 x − 3, x > −3                                                    2a. cos(π + x ) + 1, x < 0
                                                                                
c) f ( x ) = ax , x = −3      ( x o = −3 ) .                       d) g ( x ) = 7 x − 3a , x = 0           (xo = 0 ) .
             bx 2 + 1, x < −3                                                   b − 2 x 2 , x > 0
                                                                                


Propriedades das funções contínuas.

Se as funções f e g são contínuas em um ponto x0 , então:

i) f ± g é contínua em x0 ;
        .
ii) f        g é contínua em x0 ;

iii) f / g é contínua em x0 desde que g ( x0 ) ≠ 0 .




Álvaro Fernandes                                                                                                               11
Limites infinitos


Quando resolvemos um limite e não encontramos como resposta valores numéricos, mas sim
infinito ( + ∞ ou − ∞ ), dizemos então que o limite é infinito.

                                   x2 − 1
Exemplo 10. Calcule lim                   .
                          x → −1   x −1

                                                                   x2 − 1               0
Neste caso, quando fazemos a substituição de x por − 1 na expressão       , encontramos    =0.
                                                                   x −1                 −2
                                                                            0
Esta não é uma situação especial. Sempre que na substituição de x ocorrer , k ≠ 0 , o resultado
                                                                            k
do limite será sempre zero, naturalmente.

                                                   k
E se na substituição do valor de x ocorrer           , k ≠0?
                                                   0

Vamos analisar esta situação num caso particular e depois formalizar uma regra.

                                                       1
Exemplo 11. Estude o seguinte limite: lim                .
                                                x →0   x

Devemos analisar os limites laterais. Vamos recorrer às tabelas de aproximações:

Aproximação do zero pela direita (notação x → 0 + )

      x              1                    0,1                 0,01         0,001     0,0001
  f(x)=1/x           1                    10                  100          1000      10.000

Cada vez que tomamos x suficientemente próximo de zero (pela direita), f ( x ) = 1 x cresce
indefinidamente. Simbolizamos esta situação assim:

                                                               1
                                                       lim+      = +∞
                                                       x →0    x

Aproximação do zero pela esquerda (notação x → 0 − )

      x              -1                  -0,1                 -0,01       -0,001     -0,0001
  f(x)=1/x           -1                  -10                  -100        -1000      -10.000

Cada vez que tomamos x suficientemente próximo de zero (pela esquerda), f ( x ) = 1 x decresce
indefinidamente. Simbolizamos esta situação assim:

                                                               1
                                                       lim−      = −∞
                                                       x →0    x

                                                                               1
Conclusão: Como os limites laterais são distintos, então                lim      .
                                                                        x →0   x

Veja ao lado o gráfico da função f ( x ) = 1 x .


Álvaro Fernandes                                                                               12
Regra (generalização)

                                                                       k
Se na substituição do valor de x no cálculo de um limite ocorrer         , k ≠ 0 , então diremos que a
                                                                       0
resposta do limite é:


                 k                                    k
+ ∞ , se ocorre 0 + , k > 0   e     − ∞ , se ocorre
                                                       0+
                                                          ,k < 0

                                                                  .
                 k                                    k
− ∞ , se ocorre − , k > 0     e     + ∞ , se ocorre      ,k < 0
                0                                     0−

                                     k
Desta regra podemos perceber que        → 0 . Se o denominador tende ao infinito com o numerador
                                   ±∞
constante, a razão se aproxima de zero. Como veremos agora.



Limites no infinito


Estamos interessados agora em estabelecer o comportamento de uma função quando a variável x
cresce indefinidamente ( x → +∞ ) ou quando ela decresce indefinidamente ( x → −∞ ). Em algumas
situações, a função se aproxima de um valor numérico (figura 1), noutros pode também crescer
indefinidamente (figura 2) ou decrecer indefinidamente (figura 3).




             Figura 1                              Figura 2                       Figura 3



Exemplo 12.

                   1 
Na figura 1: lim  + 1 = 0 + 1 = 1 .
             x → +∞ x
                     

Na figura 2: lim ( x + 1) = +∞ .
              x → +∞



Na figura 3: lim (4 − x 2 ) = −∞ .
              x → +∞




Álvaro Fernandes                                                                                   13
As tabelas abaixo apresentam situações de operações com infinito que usaremos com freqüencia.

Produto:                                            Soma:

(∞ ) ⋅ (∞ ) = ∞                                    (∞ ) + (∞ ) = ∞
(∞ ) ⋅ (− ∞ ) = −∞                                 
                                                   (− ∞ ) + (− ∞ ) = −∞

(− ∞ ) ⋅ (∞ ) = −∞
                                                    (∞ ) − (∞ ) = ? indeterminação!
                                                    
(− ∞ ) ⋅ (− ∞ ) = ∞


Produto por constante:                              Soma com constante:

k ⋅ (∞ ) = ∞ , k > 0                               (± ∞ ) + k = ±∞ , k ∈ ℜ
k ⋅ (− ∞ ) = −∞ , k > 0


k ⋅ (∞ ) = −∞ , k < 0
k ⋅ (− ∞ ) = ∞ , k < 0


Quociente:                                          Potências:

±∞                                                  Se n é um natural não nulo, então:
   = ? indeterminação!
±∞
                                                                                  ∞ , se n é par.
                                                    (∞ )n = ∞      e    (− ∞ )n = 
                                                                                  
                                                                                 − ∞ , se n é ímpar.


Atividades (grupo 5). Calcule os limites:

        x2
a) lim       .
   x→2 x − 2


            2x − 4
b) lim                 .
   x →3   ( x − 3 )2
            2x − 7
c) lim                 .
   x →3   ( x − 3 )2
             5
d) lim         2
                 − 2x3 + 6 .
   x → +∞   3x


Atividades (grupo 6). Calcule os limites:

            3− x                            3−x                   x 2 − 10                        x−2
a) lim+                        b) lim−               c) lim−                          d) lim+
   x →5     x−5                   x→2    x + x −6
                                          2
                                                         x → −5   2 x + 10               x →1   x +x−2
                                                                                                2




Álvaro Fernandes                                                                                         14
Expressões indeterminadas

                   0
Vimos que            é uma expressão de indeterminação matemática. Também são:
                   0

∞
  , ∞ − ∞ , 0 × ∞ , 1∞ , 0 0            e ∞0 .
∞

Vamos analisar os quatro primeiros casos. Os outros serão tratados em capítulos posteriores.

                                 ∞
A indeterminação do tipo           .
                                 ∞

Exemplo 13. Calcule os limites abaixo:

              x3 + 1                                  x2 + 1                               6 x2 + 1
a) lim                                    b) lim                               c) lim
     x → +∞   5x 2 + 3                       x → +∞   x4 + x                      x → +∞   3x 2 + x

                                                                   ∞
Podemos observar que estas expressões geram indeterminações do tipo  , pois quando x → +∞
                                                                   ∞
as expressões do numerador e denominador também tendem a + ∞ . Não podemos afirmar, a priori,
o valor delas. Vejamos:

a)
                                 1                1               1 
                         x 3 1 + 3         x 1 + 3      lim x 1 + 3 
        x +1
          3
                                x                                    x  + ∞(1 + 0 ) + ∞
                                      = lim 
                                                    x     x → +∞
                                                                   
 lim           = lim                                     =                 =           =   = +∞
x → +∞ 5 x + 3
          2      x → +∞
                           2      3  x →+∞       3                3    5(1 + 0 )   5
                        5x 1 + 2          5 1 + 2  lim 5 1 + 2 
                                5x              5 x  x →+∞       5x 

                                  1                      1                 1 
                         x2 1 +                   1 + 2           lim  1 + 2 
b) lim 4
          x +1 2
                = lim             x2    = lim            x 
                                                                 =
                                                                     x → +∞
                                                                               x 
                                                                                     =
                                                                                       (1 + 0 ) = 1 = 0 .
   x → +∞ x + x   x → +∞          1     x → +∞            1                 1  + ∞(1 + 0 ) + ∞
                         x4 1 +                  x 2  1 + 3  lim x 2  1 + 3 
                                  x3                      x    x → +∞
                                                                                x 

                                      1                1                   1 
                           6 x 2 1 + 2         61 + 2          lim  1 + 2 
                                                                              6 x  6 (1 + 0 )
                   2
          6x + 1                    6x               6x  6    x → +∞
c) lim            = lim                    = lim              = ⋅                   = ⋅        =2.
             2
   x → +∞ 3 x + x   x → +∞      2    1  x →+∞         1    3               1  3 (1 + 0 )
                            3x 1 +              3 1 +            lim  1 +    
                                     3x               3x        x → +∞    3x 

                                                                     ∞
Observamos que nas três situações analisadas as indeterminações do tipo produziram respostas
                                                                     ∞
distintas (como era esperado, por isso que é indeterminação!) Você deve ter notado que para
resolver indeterminações deste tipo a idéia é colocar o termo de maior grau em evidência no
numerador e no denominador.




Álvaro Fernandes                                                                                            15
Atividades (grupo 7).

1. Calcule os limites abaixo:

            2x3 − 1
a) lim                  .
   x → +∞ 5 x 3 + x + 1



            x 5 + 3x 2
b) lim                 .
   x → +∞     2x + 1

           x2 + 2x3
c) lim                  .
   x → −∞ 5 x + 3 − x 4



             x2
d) lim              .
   x → −∞ 1 − 5 x 2




A indeterminação do tipo ∞ - ∞

Exemplo 14. Calcule os limites abaixo:

a) lim x 2 − x 3 .                 b) lim 5 x 2 + x .
   x → +∞                              x → −∞



Podemos observar que estas expressões geram indeterminações do tipo ∞ - ∞, mas não podemos
afirmar, a priori, o valor delas. Vejamos:

Usando a mesma técnica da indeterminação anterior...
                              1    
a) lim x 2 − x 3 = lim − x 3  − + 1 = −∞(0 + 1) = −∞(1) = −∞ .
   x → +∞          x → +∞
                              x    

                                  1        7 
b) lim x + 5 x 2 + 7 = lim 5 x 2     + 1 + 2  = +∞(0 + 1 + 0 ) = +∞(1) = +∞ .
   x → −∞              x → −∞
                                  5x      5x 

Atividades (grupo 8).

1. Calcule os limites abaixo:

a) lim x 5 − x 3 + 2 x .              b) lim x 4 + 5 x − 6 .               c) lim x + 2 − x .
   x → +∞                                  x → −∞                             x →∞



A indeterminação do tipo 0 × ∞


Exemplo 15. Calcule os limites abaixo:

a) lim
            2 2
               (
               x +1 .   )          b) lim
                                                3
                                                    (x ) .
   x → +∞   x3                         x → +∞   x




Álvaro Fernandes                                                                                16
Podemos observar que estas expressões geram indeterminações do tipo 0 × ∞, mas não podemos
afirmar, a priori, o valor delas. Vejamos:

                               2x2 + 2
a) lim
   x → +∞
             2 2
             x3
                  (
                x + 1 = lim  )
                        x → +∞   x3
                                       = ... Transformamos a indeterminação 0 × ∞ em ∞ ⁄ ∞ . Daí você
já sabe!
             2x 2 + 2
... = lim             = ... = 0 .
      x → +∞    x3

              3                       3x
b) lim                (x ) = xlim             = ... Novamente transformamos a indeterminação para ∞ ⁄ ∞. Usando a
    x → +∞x             x      → +∞

técnica da racionalização:

              3x                   3x         x              3x x
... = lim              = lim              ⋅       = lim           = lim 3 x = 3(+ ∞ ) = +∞ .
     x → +∞       x       x → +∞      x       x       x → +∞   x    x → +∞



Atividades (grupo 9).

1. Calcule os limites abaixo:

a) lim
                  1
                    (x 2 + 3).                              b) lim        (
                                                                      2  2
                                                                                    )
                                                                            x − 25 .
   x → +∞         x                                            x→5 +  x-5 



Limite fundamental exponencial (a indeterminação do tipo 1∞)

             O número e tem grande importância em diversos ramos das ciências, pois está presente
em vários fenômenos naturais, por exemplo: Crescimento populacional, crescimento de populações
de bactérias, desintegração radioativa (datação por carbono), circuitos elétricos, etc. Na área de
economia, é aplicado no cálculo de juros.
             Foi o Matemático Inglês Jonh Napier (1550-1617) o responsável pelo desenvolvimento
da teoria logarítmica utilizando o número e como base. O número e é irracional, ou seja, não pode
ser escrito sob forma de fração, e vale aproximadamente:

                                                                    e ≅ 2,7182818

              Como o número e é encontrado em diversos fenômenos naturais, a função exponencial
 f ( x ) = e é considerada uma das funções mais importantes da matemática, merecendo atenção
              x


especial de cientistas de diferentes áreas do conhecimento humano.

                                                  x
                                             1
Proposição:                 lim  1 +           = e.
                           x → ±∞
                                             x


A prova desta proposição envolve noções de séries. Utilizaremos o recurso das tabelas de
aproximações e gráfico para visualizar este resultado.



Álvaro Fernandes                                                                                               17
Tabela
                                  x                                                                          1
                                                                                                                   x

                                                                                                f (x ) =  1 + 
                                                                                                             x
                           100                                                                      2,7048..
                          1000                                                                      2,7169..
                         100.000                                                                    2,7182..

                         x→ +∞                                                                     f(x) → e

Faça uma tabela para x → - ∞.

Gráfico:




Exemplo 16. Calcule os limites abaixo:
                   5x                                                     4x
              1                                         3
a) lim  1 +     .                            b) lim  1 −  .
   x → +∞
              x                                 x → −∞
                                                          x


Nestes dois casos percebemos indeterminações do tipo 1∞ . Vejamos as soluções...
                                                5                              5
           1
                   5x
                                  1 
                                      x
                                                    1 
                                                        x

a) lim  1 +           = lim  1 +   =  lim  1 +   = e 5 .
   x → +∞
           x            x → +∞
                                 
                                   x    x →+∞
                                                     x 

b) Neste caso, usaremos uma mudança de variável...

Faça x = −3t . Se x → −∞ então t → +∞ .

                                                       4 ( −3 t )                                                −12
              3
                             4x
                                              3                             1
                                                                                    −12 t
                                                                                                       1 
                                                                                                           t

Logo, lim  1 −                  = lim  1 −                      = lim  1 +            =  lim  1 +            = e −12 .
      x → −∞
              x                   t → +∞
                                             − 3t                   t → +∞
                                                                              t             t →+∞ 
                                                                                                        t 

Atividades (grupo 10).

1. Calcule os limites abaixo:

                        2x                                     5x                                      2x
         7                                           2                                   x + 1
a) lim  1 +                .         b) lim  1 −       .                       c) lim          .
                                                                                      x → +∞ x − 1
  x →+∞    x                            x → −∞
                                                       x                                        




Álvaro Fernandes                                                                                                                   18
Conseqüências importantes do limite fundamental exponencial:

                                                            ax −1
i) lim (1 + x )
              1x
                   = e.                          ii) lim          = ln(a ), a > 0 e a ≠ 1 .
    x →0                                             x →0     x
Atividades (grupo 11). Resolva os dois limites acima com as sugestões a seguir:
                                                 1
•    No item (i) faça a mudança de variável x =     e use o limite fundamental exponencial.
                                                 t
•    No item (ii) faça a mudança de variável a x − 1 = t e use o item (i).

Atividades (grupo 12).
1. Resolva os limites abaixo:

a) lim (1 + 2 x ) .
                  1x                             3x − 1                          ex − 1                           ex − 2x
    x →0
                                       b) lim           .              c) lim           .            d) lim               .
                                          x →0     x                      x →0    4x                       x →0      x

Limite fundamental trigonométrico
                                                                                            0
              O limite fundamental trigonométrico trata de um limite cuja indeterminação é do tipo
                                                                                            0
envolvendo a função trigonométrica y = sen( x ) . Este limite é muito importante, pois com ele
resolveremos outros problemas.

                             sen( x )
Proposição:            lim            = 1.
                       x→0     x

                       sen( x )
A função f ( x ) =              é par, isto é, f (− x ) = f ( x ) , ∀x ≠ 0 , pois
                         x
                                                     sen(− x ) − sen(x ) sen( x )
                                        f (− x ) =            =         =         = f (x ) .
                                                       −x         −x       x

Se x → 0 + ou x → 0 − , f ( x ) apresenta o mesmo valor numérico.

Vamos utilizar a tabela de aproximação para verificar este resultado.

                                                                 Tabela
                                   x                                                                     sen( x )
                                                                                              f (x ) =
                                                                                                           x

                                ±0,1                                                        0.9983341664683..
                               ±0,01                                                        0.9999833334167..
                               ±0,001                                                       0,9999998333333..
                              ±0,0001                                                       0,9999999983333..
                              ±0,00001                                                      0,9999999999833..
                               ±10-10                                                       0,9999999999999..

                                x→0                                                              f (x ) → 1


Álvaro Fernandes                                                                                                              19
sen( x )
Visualizando o gráfico da função f ( x ) =                             , podemos perceber também este resultado...
                                                                x




Exemplo 17. Calcule os limites abaixo:

          sen(2 x )                             sen(5 x )                        cos( x ) − 1                        tg ( x )
a) lim              .             b) lim                  .             c) lim                .          d) lim               .
   x →0      x                           x →0   sen(3 x )                   x →0      x                         x →0   x

Soluções:

          sen(2 x )           sen(2 x )            sen(2 x )
a) lim              = lim 2 ⋅           = 2 ⋅ lim            = ...
   x →0      x        x →0      2x            x →0   2x

Faça 2 x = t . Se x → 0 então t → 0 . Logo:

                  sen(t )
... = 2 ⋅ lim             = 2(1) = 2 .
           t →0     t

                                                        sen(kx )
De uma forma geral, ∀k ∈ ℜ* , lim                                = 1 . Vamos usar este resultado agora:
                                                x →0      kx

                         sen(5 x )               sen(5 x )
                                   ⋅ 5x     lim
        sen(5 x )                        5 x →0 5 x         5 1 5
b) lim            = lim 5 x             = ⋅                = ⋅ = .
   x →0 sen(3 x )   x →0 sen(3 x )       3       sen(3 x ) 3 1 3
                                   ⋅ 3x     lim
                           3x               x →0   3x

          cos ( x ) − 1        cos( x ) − 1 cos( x ) + 1       cos 2 ( x ) − 1       − sen 2 ( x )
c) lim                  = lim              ⋅             = lim                 = lim                 =
   x →0         x         x →0      x        cos( x ) + 1 x →0 x[cos( x ) + 1] x →0 x[cos ( x ) + 1]

          sen( x ) − sen(x )        0 
= lim             ⋅             = 1     =0.
   x →0     x       cos( x ) + 1  1 + 1 

          tg ( x )         sen( x )          sen(x )     1             sen( x )          1           1
d) lim             = lim              = lim          ⋅          = lim           ⋅ lim            = 1  = 1 .
            x        x →0 x cos ( x )          x       cos( x )          x        x →0 cos ( x )
   x →0                                 x →0                      x →0
                                                                                                     1

Atividades (grupo 13).

1. Resolva os limites abaixo usando o limite trigonométrico fundamental:

          sen(4 x )                      1 − cos( x )                     2e x + 6 sen( x ) − 2               6 x − sen( x )
a) lim              .        b) lim                       .       c) lim                        .   d) lim                     .
   x →0     3x                   x →0           x   2
                                                                     x →0         3x                   x →0   2 x + 3 sen( x )



Álvaro Fernandes                                                                                                                   20
Funções limitadas

Definição: Uma função y = f ( x ) é chamada limitada, se existe uma constante k ∈ ℜ* , tal que
 f ( x ) ≤ k , ∀x ∈ D( f ) , isto é , − k ≤ f ( x ) ≤ k , ∀x ∈ D( f ) . Em outras palavras, y = f ( x ) possui o
conjunto imagem contido num intervalo de extremos reais.

Obs.: D( f ) significa o domínio da função f.

Exemplo 14. Algumas funções limitadas e seus gráficos.

 f(x) = sen(x) e g(x) = cos(x)                     f(x) = k                        f(x) = sen(2x2+3x-1)




Proposição: Se lim f ( x ) = 0 e g ( x ) é uma função limitada, então lim f ( x ).g ( x ) = 0 .
                    x→a                                                       x→a
                    ou                                                        ou
                    x → ±∞                                                    x → ±∞


Exemplo 18.

                   sen( x )
a) Calcule lim              .
            x → +∞   x
Solução:

       sen( x )          1
lim             = lim ⋅ sen( x ) = * = 0
x → +∞   x        x → +∞ x


                                                    1
* Usando a proposição: Se x → +∞ então                → 0 . Como a função sen(x ) é limitada, então o
                                                    x
resultado é zero.
                                sen( x )
Gráfico da função f ( x ) =              :
                                  x




Observe que as oscilações vão reduzindo a sua amplitude quando x → +∞ . O resultado do limite
permanece o mesmo se x → −∞ .


Álvaro Fernandes                                                                                             21
cos( x )
b) Calcule lim                 .
             x → +∞     x
Solução: de forma análoga...
       cos( x )          1
lim             = lim ⋅ cos( x ) = 0 .
x → +∞   x        x → +∞ x


                                   cos( x )
Gráfico da função f ( x ) =                 :
                                     x




Observe que, da mesma forma que a função anterior, as oscilações vão reduzindo a sua amplitude
quando x → +∞ . O resultado do limite permanece o mesmo se x → −∞ .

                  x+1 
c) Calcule lim  2       ⋅ cos( x ) .
           x → +∞ x + 1
                       

       x+1                                                                 x+1 
 lim  2      = 0 (Por quê?) e cos( x ) é uma função limitada. Logo, lim  2       ⋅ cos(x ) = 0 .
x → +∞ x + 1                                                          x → +∞ x + 1
                                                                                


                             x+1 
Gráfico da função f ( x ) =  2     ⋅ cos( x ) :
                             x + 1




Atividades (grupo 14).
1. Resolva os limites abaixo usando o conceito de função limitada:

                                                           3 cos(x ) + 2 x
a) lim e x ⋅ sen( x ) .                         b) lim                     .
   x → −∞                                         x → +∞        2x


Álvaro Fernandes                                                                                       22
1. Problema da área sob o arco da parábola y = x 2 no intervalo [0 , 1] (Figura 1).
   Método dos retângulos.




                                                   Figura 1.

Dividindo o intervalo [0 , 1] em n subintervalos, cada subintervalo terá comprimento 1 n :


                 1                               1 2
1o subintervalo 0 ,  ,           2o subintervalo  ,  ,
                 n                               n n

                2 3                         n − 1 n                        n
3o subintervalo  ,  , ... , no subintervalo      , .               Obs.:     = 1.
                n n                          n    n                        n


Vamos construir retângulos (Figura 2) cujas bases são ao subintervalos e cujas alturas são as
imagens dos extremos direito* de cada subintervalo pela função y = x 2 :
*
 a altura pode ser calculada sobre qualquer ponto do subintervalo, neste caso foi tomado o extremo
direito.




        Figura 2.                                                       Figura 3.

Calculando as área desses retângulo ( A = b.h ), obtemos:

       1 12               1 22             1 32                   1 n2
A1 =    ⋅   ,      A2 =    ⋅   ,    A3 =    ⋅   , ... ,    An =    ⋅   .
       n n2               n n2             n n2                   n n2

A área total desses retângulos ( Atn ) nos dá uma aproximação da área (Figura 1) que queremos
calcular:
        n
            1  12 2 2 3 2               n2    1  12 + 2 2 + 3 2 +     + n2 
Atn = ∑ Ai =  2 + 2 + 2 +              + 2   =                             =
      i =1  nn
                  n   n                 n     n
                                                             n2             
                                                                              


Álvaro Fernandes                                                                               23
1  n(n + 1)(2n + 1)  n(n + 1)(2 n + 1)
=                       =                  .
    n        6n2               6n3

Obs.: A soma 1 2 + 2 2 + 3 2 + ... + n 2 é conhecida pela fórmula [n(n + 1)(2 n + 1)] 6 .

Vejamos alguns resultados para alguns valores crescentes de n:
 n              6 (Figura 3)             10           100          1.000           10.000     100.000
 Atn            0,421296                 0,385000     0,338350     0,333834        0,333383   0,333338


A área exata que estamos procurando (Figura 1) é calculada pelo limite:

                            n(n + 1)(2 n + 1) 1
       lim ATn = lim                         = = 0 ,3 . (Calcule este limite e mostre que é igual a 1/3)
       n → +∞      n → +∞         6n3         3


2. Problema do circuito RL em série.

            No circuito da figura 4, temos uma associação em série de um resistor (símbolo R) e um
indutor (símbolo L). Da segunda lei de Kirchhoff (lei das voltagens) e do estudo das equações
diferenciais, pode-se mostrar que a corrente i no circuito é dada por
                                                                             R
                                                                     E     −  t
                                                             i (t ) = + c.e  L  ,                      (1)
                                                                     R
onde E é uma bateria de voltagem fixa, c é uma constante real e t é o tempo.




                                                                  Unidade de resistência: ohm.
                                                                  Unidade de indutância: henry.



                              Figura 4.

Exercício 1: Se uma bateria de 12 volts é conectada a um circuito em série (como na fig. 4) no qual
o indutor é de 1/2 henry e o resistor é de 10 ohms, determine o valor da constante c e a corrente
i (t ) . Considere a corrente inicial e o tempo inicial iguais a zero.


Exercício 2: Determine lim i (t ) , sendo i (t ) da equação (1).
                                t → +∞

                                                     R
                                                    −  t
Obs.: Quando t → +∞ o termo c.e  L  da equação (1) se aproxima de zero. Tal termo é
usualmente denominado de corrente transitória. A razão E/R é chamada de corrente estacionária.
Após um longo período de tempo, a corrente no circuito é governada praticamente pela lei de Ohm
E = Ri .



Álvaro Fernandes                                                                                               24
Derivada

A reta tangente.

Suponha que a reta r da figura vá se aproximando da circunferência até tocá-la num único ponto.




Na situação da figura 4, dizemos que a reta r é tangente a circunferência no ponto P.

Exemplos de retas tangentes (no ponto P) a algumas curvas:




                   Fig. 5                      Fig. 6                         Fig. 7
Na figura 7, apesar da reta tocar a curva em dois pontos, ela tangencia a curva em P, como na figura 4.

Estas retas tocam suavemente as curvas nos pontos P indicados.

Exemplos de retas que não são tangentes (no ponto Q) a algumas curvas:




                                 Fig. 8                                 Fig. 9.

Estas retas não tocam suavemente as curvas nos pontos indicados como no exemplo da
circunferência (fig. 4). Elas “cortam” , “penetram” as curvas.


Álvaro Fernandes                                                                                      25
Vamos determinar a equação da reta tangente a uma função (uma curva) num ponto do seu
domínio.

Seja y = f ( x ) uma curva definida num intervalo aberto I. Considere P( xo , y o ) , sendo y o = f ( x o ) ,
um ponto fixo e Q( x , y ) um ponto móvel, ambos sobre o gráfico de f.

Seja s a reta que passa pelos pontos P e Q e considere β o ângulo de inclinação de s.
Seja t a reta tangente ao gráfico de f no ponto P e considere α o ângulo de inclinação de t.

                                y



                                                               t
                                                                         s

                            y                                                f
                                                               Q
                                                                                                       ∆y = y − yo
                                          P                    T                                       ∆x = x − xo
                           yo


                          β         α
                                                           x
                                                                                 x
                                           xo



Considerando o triângulo retângulo PTQ, obtemos o coeficiente angular da reta s como

            ∆y y − yo                                                                         Q
tg (β ) =     =       .
            ∆x x − xo                                                                         y − yo
                                                                                 β
                                                                          P          x − xo   T
Suponha que o ponto Q mova-se sobre o gráfico de f em direção ao ponto P. Desta forma, a reta
s se aproximará da reta t. O ângulo β se aproximará do ângulo α, e então, a tg (β ) se aproximará
da tg (α ) . Usando a notação de limites, é fácil perceber que

                                                          lim tg (β ) = tg (α ) .
                                                          Q→ P



Mas quando Q → P temos que x → xo . Desta forma, o limite acima fica

                                                                        y − yo       f ( x ) − f ( xo )
                           lim tg (β ) = tg (α )      ⇔        lim             = lim                    = tg (α ) .
                           Q→ P                                x → xo   x − xo x→ xo      x − xo

                     f ( x ) − f ( xo )
Assim lim                               = tg (α ) .
            x → xo        x − xo



Álvaro Fernandes                                                                                                      26
Definição: Seja y = f ( x ) uma curva e P( xo , y o ) um ponto sobre o seu gráfico. O coeficiente
angular m da reta tangente ao gráfico de f no ponto P é dado pelo limite
                                                    f (x ) − f (xo )
                                  m = lim                            , quando este existir.
                                           x → xo       x − xo


                                                                                              m = tg (α )

                                                                                              y o = f (xo )




Equação da reta tangente
Podemos agora determinar a equação da reta tangente t, pois já conhecemos o seu coeficiente
angular e um ponto do seu gráfico P( xo , y o ) .

A equação da reta tangente t é:

a) ( y − y o ) = m(x − xo ) , se o limite que determina m existir;

                                           f (x ) − f (xo )
b) A reta vertical x = xo se lim                            for infinito.
                                  x → xo       x − xo

Exemplo 19. Determine a equação tangente a parábola f ( x ) = x 2 no ponto de abscissa xo = 1 .

Solução: Temos que determinar dois termos y o e m.

y o = f ( xo ) ⇒ y o = f (1) = 12 = 1 .

           f (x ) − f (xo )        f ( x ) − f (1)        x2 − 1
m = lim                     = lim                  = lim         =         = 2.
    x → xo     x − xo         x →1      x −1         x →1 x − 1



Logo a equação da reta tangente é ( y − 1) = 2( x − 1)                ou     y = 2x − 1 .




Álvaro Fernandes                                                                                              27
Equação da reta normal

Definição: Seja y = f ( x ) uma curva e P( xo , y o ) um ponto sobre o seu gráfico. A reta normal (n)
ao gráfico de f no ponto P é a reta perpendicular a reta tangente (t).




                                                                                           ( ) ( )
    •   A equação da reta normal é ( y − y o ) =
                                                      −1
                                                          (x − xo ) , sendo que m = xlim f x − f xo ≠ 0 .
                                                      m                               → xo   x − xo
    •   Se m = 0 , então a equação da reta normal é a reta vertical x = xo .
                  f (x ) − f (xo )
    •   Se lim                     for infinito, então a reta normal é horizontal e tem equação y = y o .
           x → xo     x − xo

Atividades (grupo 15).

Determine a equação da reta tangente e da reta normal ao gráfico das funções abaixo nos pontos
indicados. Esboce os gráficos das funções com as retas.

a) f ( x ) = x 3 no ponto de abscissa xo = 1 .

b) f ( x ) = x no ponto de abscissa xo = 4 .


A derivada de uma função num ponto

                   f (x ) − f (xo )
O limite lim                        é muito importante, por isso receberá uma denominação especial.
          x → xo       x − xo

Definição: Seja y = f ( x ) uma função e xo um ponto do seu domínio. Chama-se derivada da
função f no ponto xo e denota-se f ' ( xo ) (lê-se f linha de xo ), o limite

                                                    f (x ) − f (xo )
                                f ' ( xo ) = lim                     , quando este existir.
                                           x → xo       x − xo

Forma alternativa para derivada:

Se fizermos ∆x = x − xo , obtemos a seguinte forma para f ' ( xo ) :

                                                              f ( xo + ∆x ) − f ( xo )
                                         f ' ( xo ) = lim                              .
                                                      ∆x →0            ∆x


Álvaro Fernandes                                                                                            28
Outras notações para a derivada da função y = f ( x ) num ponto x qualquer:

    •    y' ( x ) (lê-se: y linha de x ou derivada de y em relação a x);
    •    D x f (lê-se: derivada da função f em relação à x);
         dy
    •           (lê-se: derivada de y em relação à x).
         dx

Exemplo 20. Dada a função f ( x ) = x 2 − x + 1 , determine f ' (2 ) . Use as duas formas da definição.

                                     f (x ) − f (xo )
⇒ Usando f ' ( xo ) = lim                               :
                           x → xo        x − xo

                 f ( x ) − f (2 )       x2 − x + 1 − 3       x2 − x − 2       (x − 2 )(x + 1) = lim (x + 1) = 3 .
f ' (2 ) = lim                    = lim                = lim            = lim
          x→2         x−2           x→2     x−2          x→2   x−2        x→2     x−2           x→2




                                    f ( xo + ∆x ) − f ( xo )
⇒ Usando f ' ( xo ) = lim                                    :
                           ∆x →0             ∆x


                 f (2 + ∆x ) − f (2 )         (2 + ∆x ) − (2 + ∆x ) + 1 − 3 = lim 4 + 4 ∆x + ∆x 2 − 2 − ∆x − 2 =
                                                             2
f ' (2 ) = lim                        = lim
         ∆x →0          ∆x              ∆x →0             ∆x                  ∆x →0           ∆x

        3∆x + ∆x 2         ∆x(3 + ∆x )
= lim              = lim               = lim (3 + ∆x ) = 3 + 0 = 3 .
  ∆x →0    ∆x        ∆x →0    ∆x         ∆x →0




Teorema: Toda função derivável num ponto é contínua neste ponto.

Atividades (grupo 16).

1. Determine a equação da reta tangente à curva y = 5 − x 2 , que seja perpendicular à reta y = 3 + x .

2. Determine a equação da reta normal à curva y = x 3 , que seja paralela à reta 3 y + x = 0 .


Derivadas laterais

           Lembre-se que o limite de uma função num ponto somente existe se os limites laterais
existem e são iguais. Como a derivada de uma função num ponto é um limite, esta derivada
somente existirá em condições análogas.

Definição: Seja y = f ( x ) uma função e xo um ponto do seu domínio. A derivada à direita de f em
xo , denotada por f + ' (xo ) é definida por

                                                                          f (x ) − f (xo )
                                                  f + ' ( xo ) = lim+                      .
                                                                 x → xo       x − xo




Álvaro Fernandes                                                                                                    29
Definição: Seja y = f ( x ) uma função e xo um ponto do seu domínio. A derivada à esquerda de f
em xo , denotada por f − ' ( xo ) é definida por

                                                                      f (x ) − f (xo )
                                             f − ' ( xo ) = lim−                       .
                                                             x → xo       x − xo


Uma função é derivável num ponto quando as derivadas laterais (a direita e a esquerda)
existem e são iguais neste ponto.

Exemplo 21. Considere a função f ( x ) = x + 1 . Mostre que esta função é contínua no ponto
x = −1 mas não é derivável neste ponto.

f é contínua neste ponto pois lim f ( x ) = lim x + 1 = − 1 + 1 = 0 = 0 = f (− 1) .
                                    x → −1          x → −1



                               x + 1, x > −1
                              
Sabemos que f ( x ) = x + 1 = − x − 1, x < −1 . Vamos calcular f ' (− 1) :
                              0 , x = −1
                              

                     f ( x ) − f (− 1)          x +1−0          x+1
f + ' (− 1) = lim+                     = lim+          = lim+         = lim+ (1) = 1 .
            x → −1          x+1          x → −1   x+1    x → −1 x + 1   x → −1


                     f ( x ) − f (− 1)          − x −1−0          − ( x + 1)
f − ' (− 1) = lim−                     = lim−            = lim−              = lim− (− 1) = −1 .
            x → −1          x+1          x → −1    x+1     x → −1   x+1        x → −1


Como as derivadas laterais são distintas concluímos que não existe f ' (− 1) .

Veja o gráfico da função f ( x ) = x + 1 .

                                                                             Não existe reta tangente
                                                                            ao gráfico desta função no
                                                                                  ponto x0 = −1 .




Obs.: Quando as derivadas laterais existem e são diferentes num ponto, dizemos que este é um
ponto anguloso do gráfico da função. Neste caso, não existe reta tangente num ponto anguloso.

No exemplo acima a função f ( x ) = x + 1 tem um ponto anguloso em x = −1 .

Atividades (grupo 17). Verifique se a função abaixo tem derivada no ponto xo . Este ponto é
anguloso? Esboce o gráfico da função e constate.

             
             1 − x , x > 0
                   2
                                                                                    2
                                                                                    x + x + 1, x > 0
a) f ( x ) =  x            no ponto x o = 0 .                        b) g ( x ) =  x                no ponto x o = 0 .
             e , x ≤ 0
                                                                                  e , x ≤ 0
                                                                                   



Álvaro Fernandes                                                                                                       30
Regras de derivação

Vamos apresentar algumas regras que irão facilitar o cálculo das derivadas das funções sem recorrer
a definição.

1. Derivada de uma função constante.

Se f ( x ) = c , c é uma constante real, então f ' ( x ) = 0 .

                   f ( x + ∆x ) − f ( x )        c−c
 f ' ( x ) = lim                          = lim      = lim 0 = 0 .
           ∆x →0           ∆x               ∆x →0 ∆x   ∆x → 0



2. Derivada da função potência.

Se n é um inteiro positivo e f ( x ) = x n , então f ' ( x ) = nx n −1 .

                       f ( x + ∆x ) − f ( x )          (x + ∆x ) − x n
                                                                    n
Prova: f ( x ) = lim
             '
                                              = lim
                 ∆x →0         ∆x               ∆x → 0       ∆x

Usando o Binômio de Newton para expandir ( x + ∆x ) , obtemos
                                                                    n



                    n          n(n − 1) n − 2                     n
                    x + nx ∆x + 2! x (∆x ) + ... + nx(∆x ) + (∆x )  − x
                           n −1                  2         n −1           n


 f ' ( x ) = lim                                                          =
             ∆x →0                             ∆x

                     n(n − 1) n − 2                         n −1 
                              x (∆x ) + ... + nx(∆x ) + (∆x ) 
                                                     n−2
        ∆x nx n −1 +
                        2!                                       =
= lim
  ∆x →0                              ∆x

                n(n − 1) n − 2                         n −1 
                         x (∆x ) + ... + nx(∆x ) + (∆x )  = nx n −1 .
                                                n−2
= lim nx n −1 +
  ∆x →0
                   2!                                       

Exemplo 22. Calcule as derivadas das funções abaixo:

a) f ( x ) = x                               b) f ( x ) = x 2               c) f ( x ) = x 5

a) f ( x ) = x 1 ⇒ f ' (x ) = 1x 1−1 = 1 . Logo f ' ( x ) = 1 .
b) f ( x ) = x 2 ⇒ f ' ( x ) = 2 x 2 −1 = 2 x . Logo f ' ( x ) = 2 x .
c) f ( x ) = x 5 ⇒ f ' ( x ) = 5 x 5 −1 = 5 x 4 . Logo f ' (x ) = 5 x 4 .

Obs.: Se n for um número inteiro negativo ou racional o resultado contínua válido.

Atividades (grupo 18).

1. Mostre, usando a regra e a definição, que a derivada da função f ( x ) = x −1 é f ' ( x ) = − x −2 .

                                                                                                   1
2. Mostre, usando a regra e a definição, que a derivada da função f ( x ) = x é f ' ( x ) =            .
                                                                                                 2 x


Álvaro Fernandes                                                                                           31
3. Derivada do produto de uma constante por uma função.

Se f ( x ) é uma função derivável e c é uma constante real, então a função g ( x ) = cf ( x ) tem
derivada dada por g' ( x ) = cf ' ( x ) .


                                 g ( x + ∆x ) − g ( x )         cf ( x + ∆x ) − cf ( x )         c[ f ( x + ∆x ) − f ( x )]
Prova: g´ ( x ) = lim                                   = lim                            = lim                              =
                         ∆x →0           ∆x               ∆x →0          ∆x                ∆x →0            ∆x

               f ( x + ∆x ) − f ( x )
= c ⋅ lim                             = cf ´ ( x ) .
      ∆x →0            ∆x

Exemplo 23. Se f ( x ) = 5 x 3 então f ' ( x ) = 5 3 x 2 = 15 x 2 .( )

4. Derivada de uma soma de funções.

Se f ( x ) e g ( x ) são função deriváveis, então a função h( x ) = f ( x ) + g ( x ) tem derivada dada por
h' ( x ) = f ' ( x ) + g' ( x ) .

Pesquise a demonstração deste resultado num livro de cálculo.

Exemplo 24. Se f ( x ) = 4 x 3 + 3 x 2 − x + 5 então f ' ( x ) = 12 x 2 + 6 x − 1 .


5. Derivada de um produto de funções.

Se f (x ) e g ( x ) são função deriváveis, então a função h( x ) = f (x ) ⋅ g ( x ) tem derivada dada por
h' ( x ) = f ' (x ) ⋅ g ( x ) + f ( x ) ⋅ g' ( x ) .

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Exemplo 25.

                (          )                                (         )            (        )
Se f ( x ) = x 3 − x (2 − x ) então f ' ( x ) = 3 x 2 − 1 (2 − x ) + x 3 − x (0 − 1) = −4 x 3 + −6 x 2 + 2 x − 2 .


6. Derivada de um quociente de funções.

                                                                                                 f (x )
Se f (x ) e g ( x ) são função deriváveis, então a função h( x ) =                                      tem derivada dada por
                                                                                                 g (x )
             f ' ( x ) ⋅ g ( x ) − f ( x ) ⋅ g' ( x )
h' ( x ) =                                              .
                          [g (x )]2
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Exemplo 26. Se f (x ) =
                        5x2 − 8
                                então f ' ( x ) =
                                                                                        (          )
                                                  (10 x ) ⋅ (2 x ) − 5 x 2 − 8 ⋅ (2 ) = ... = 5 x 2 + 8 .
                          2x                                      4x2                           2x2


Álvaro Fernandes                                                                                                                32
Atividades (grupo 19).

1. Usando as regras de derivação, calcule as derivadas das funções abaixo:

a) f ( x ) = x −2 + 3 x + 1 .             b) f ( x ) = x 8( ) (x + 3) .                                    (              )
                                                                                           c) f ( x ) = 3 x 4 + x (6 − x ) .
                                                          5x − 3 3
               (         )
d) f ( x ) = x 2 − 3 2 x 3 .              e) f ( x ) =
                                                            2
                                                                + x.                       f) f ( x ) = x 1 4 (2 − x ) .

                                                          2x
g) f ( x ) =
                x
               x+1
                   + x −2 + 6 .           h) f ( x ) =
                                                          x −2
                                                               .                                                  (
                                                                                           i) f ( x ) = 4 x 3 1 − x 2 .       )
2. Determine os valores das constantes a e b na parábola f (x ) = ax 2 + b de modo que a reta de
equação y = 8 x + 4 seja tangente a parábola no ponto x = 2 .

Derivada da função composta (Regra da cadeia)

                   Até o momento sabemos derivar a função g ( x ) = x 3 e também a função f ( x ) = 2 x + 1 .
Considere agora a função composta gof ( x ) = g ( f ( x )) = (2 x + 1) . Como poderemos obter a derivada
                                                                                  3


da função composta gof ( x ) sem desenvolver o Binômio? A regra que veremos agora estabelece uma
forma de obter a derivada da função composta em termos das funções elementares f e g.


Regra da cadeia
                                                          dy               du
Se y = g (u ) , u = f ( x ) e as derivadas                          e         existem, então a função composta
                                                          du               dx
y = gof ( x ) = g ( f ( x )) tem derivada dada por

                   dy dy du
                     =  ⋅           ou     y´ ( x ) = y´ (u ) ⋅ u´ ( x )   ou   gof ´ ( x ) = g´ ( f ( x )) ⋅ f ´ ( x ) .
                   dx du dx

As três formas acima são equivalentes, mudam apenas as notações.

Exemplo 27. Calcule a derivada das funções abaixo:
                                                                                                                      5
                                                                                                   x 
a) y = (2 x + 1)
                     3
                                          b) y = 5 x + 3                                   c) y =         
                                                                                                   1 − 3x 
Para calcular a derivada dessas funções, precisamos identificar as funções elementares y = g (u ) e
u = f ( x ) (cujas derivadas conhecemos) que formam a função composta e aplicar a regra.

a) y = (2 x + 1)
                     3



y = u3

u = 2 x + 1

Então y´ (x ) = y´ (u ) ⋅ u´ (x ) ⇒ y´ ( x ) = 3u 2 ⋅ 2 = 3(2 x + 1) ⋅ 2 = 6 (2 x + 1) .
                                                                           2                    2




Logo y´ ( x ) = 6 (2 x + 1) .
                                2




Álvaro Fernandes                                                                                                                  33
b) y = 5 x + 3

y = u

u = 5 x + 3

                                                               1                   5                                        5
Então y´ ( x ) = y´ (u ) ⋅ u´ ( x ) ⇒ y´ ( x ) =                    ⋅ (5 ) =               . Logo y´ ( x ) =                        .
                                                             2 u               2 5x + 3                                  2 5x + 3

                        5
        x 
c) y =         
        1 − 3x 

y = u5

       x
u =
    1 − 3x

                                                         (1)(1 − 3 x ) − ( x )(− 3 ) 
Então y´ ( x ) = y´ (u ) ⋅ u´ ( x ) ⇒ y´ ( x ) = 5u 4 ⋅                              =
                                                               (1 − 3 x )2           

    x   (1)(1 − 3 x ) − ( x )(− 3) 
              4
                                             5x4
= 5           ⋅                     =             .
    1 − 3x      (1 − 3 x )2           (1 − 3 x )6

                         5x4
Logo y´ ( x ) =                     .
                      (1 − 3 x )6
Proposição: Se f ( x ) é uma função derivável e n é um número inteiro não nulo, então

                                                        d
                                                           [ f (x )]n = n[ f (x )]n−1 . f ´ (x )
                                                        dx

Prova: Fazendo y = u n , onde u = f ( x ) e aplicando a regra da cadeia, temos

y´ ( x ) = y´ (u ) ⋅ u´ ( x ) ⇒ y´ ( x ) = nu n −1 ⋅ f ´ ( x ) ⇒ y´ ( x ) = n[ f ( x )]                   ⋅ f ´ (x ) .
                                                                                                   n −1




A proposição continua válida se n for um número racional não nulo.

Exemplo 28. Calcule a derivada da função y = 4 ⋅ 3 1 + x − x 3 .

Podemos escrever y = 4 1 + x − x 3      (           )13
                                                            e calcular a derivada usando a proposição acima:

y´ ( x ) = 4 ⋅
                 1
                 3
                  (1 + x − x3       )
                                    −2 3
                                             (
                                            ⋅ 1 − 3x 2 .)
Obs: Com a regra da proposição acima poderíamos calcular todos os exercícios do exemplo 27.
Mas a regra da cadeia é mais completa, ela possibilitará a resolução de outros problemas mais
complicados...



Álvaro Fernandes                                                                                                                        34
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Limite e derivada de funções

  • 1. ÁREA1 - Faculdade de Ciência e Tecnologia Cursos de Engenharia Cálculo Diferencial e Integral I Professor: Álvaro Fernandes Serafim   a  ax ln  lim  1 +   = 25 .  x → +∞   x   Qual o valor de a ? Apostila de limites e derivadas “Uma grande descoberta envolve a solução de um grande problema, mas há uma semente de descoberta na solução de qualquer problema. Seu problema pode ser modesto; porém, se ele desafiar a sua curiosidade e fizer funcionar a sua capacidade inventiva, e caso você o resolva sozinho, então você poderá experimentar a tensão e o prazer do triunfo da descoberta” George Polya Última atualização: 26/10/2007
  • 2. Índice Limite e continuidade............................................................................................................. 3 Noção intuitiva de limite........................................................................................................... 3 Tabelas de aproximações........................................................................................................... 4 Cálculo de uma indeterminação do tipo 0/0.............................................................................. 6 Fórmulas de simplificações e propriedades dos limites............................................................ 8 Continuidade............................................................................................................................. 10 Limites infinitos........................................................................................................................ 12 Limites no infinito..................................................................................................................... 13 Expressões indeterminadas....................................................................................................... 15 Limite fundamental exponencial............................................................................................... 17 Limite fundamental trigonométrico.......................................................................................... 19 Funções limitadas..................................................................................................................... 21 Aplicação 1: Problema da área sob o arco de uma parábola..................................................... 23 Aplicação 2: Problema do circuito RL em série...................................................................... 24 Derivada................................................................................................................................... 25 A reta tangente.......................................................................................................................... 25 A reta normal............................................................................................................................ 28 A derivada de uma função num ponto...................................................................................... 28 Derivadas laterais..................................................................................................................... 29 Regras de derivação.................................................................................................................. 31 Derivada da função composta (Regra da cadeia)...................................................................... 33 Derivada da função inversa....................................................................................................... 35 Derivada das funções elementares............................................................................................ 36 Derivada da função exponencial............................................................................................... 36 Derivada da função logarítmica................................................................................................. 37 Derivada das funções trigonométricas...................................................................................... 37 Derivada das funções trigonométricas inversas........................................................................ 40 Tabela de derivadas.................................................................................................................. 42 Derivadas sucessivas................................................................................................................ 43 Derivada na forma implícita..................................................................................................... 45 Derivada de uma função na forma paramétrica........................................................................ 50 Diferencial................................................................................................................................ 54 Aplicações da derivada........................................................................................................... 56 A regra de L’Hospital............................................................................................................... 56 Interpretação cinemática da derivada....................................................................................... 58 Taxa de variação....................................................................................................................... 61 Análise gráfica das funções...................................................................................................... 64 Máximos e mínimos........................................................................................................... 64 Funções crescentes e decrescentes..................................................................................... 67 Critérios para determinar os extremos de uma função........................................................ 68 Concavidade e inflexão....................................................................................................... 70 Assíntotas horizontais e verticais........................................................................................ 72 Esboço gráfico..................................................................................................................... 75 Problemas de otimização......................................................................................................... 80 Álvaro Fernandes 2
  • 3. Limite e continuidade Noção intuitiva de limite Considere a função f ( x ) = x 2 − 1. Esta função está definida para todo x ∈ℜ , isto é, qualquer que seja o número real xo , o valor f ( xo ) está bem definido. Exemplo 1. Se xo = 2 então f ( xo ) = f (2 ) = 2 2 − 1 = 3 . Dizemos que a imagem de xo = 2 é o valor f (2 ) = 3 . Graficamente: x2 − 1 Considere agora uma outra função g( x ) = . Esta função está definida x −1 ∀x ∈ℜ − {1} . Isto significa que não podemos estabelecer uma imagem quando x assume o valor 1. 12 − 1 0 g (1) = = ??? 1−1 0 Quando dividimos a por b procuramos um número c tal que o produto bc resulte em a. a 6 = c ⇔ bc = a . Por exemplo, = 2 ⇔ 3 ⋅ 2 = 6 . b 3 0 Se fizermos = x ⇔ 0 ⋅ x = 0 , para qualquer valor de x ∈ ℜ , isto é, infinitos valores de x . Daí a 0 indeterminação no valor de x... 0 simboliza uma indeterminação matemática. Outros tipos de indeterminações matemáticas 0 serão tratados mais adiante. Álvaro Fernandes 3
  • 4. Como a variável x não pode assumir o valor 1 na função g, vamos estudar o comportamento desta função quando x está muito próximo de 1, em outras palavras, queremos responder a seguinte pergunta: Qual o comportamento da função g quando x assume valores muito próximos (ou numa vizinhança) de 1, porém diferentes de 1? A princípio o estudo do limite visa estabelecer o comportamento de uma função numa vizinhança de um ponto (que pode ou não pertencer ao seu domínio). No caso da função f, qualquer valor atribuído a x determina imagem única, sem problema algum. Mas na função g, existe o ponto x = 1 que gera a indeterminação. x2 − 1 Estudemos os valores da função g( x ) = quando x assume valores próximos de 1, x −1 mas diferente de 1. Para isto vamos utilizar as tabelas de aproximações. Observação: Podemos nos aproximar do ponto 1: • por valores de x pela direita: • por valores de x pela esquerda: Tabelas de aproximações As tabelas de aproximações são utilizadas para aproximar o valor da imagem de uma função (se existir) quando a variável x se aproxima de um determinado ponto. Atribuindo a x valores próximos de 1, porém menores (pela esquerda) do que 1: (tabela A) x 0 0,5 0,75 0,9 0,99 0,999 0,9999 g(x) 1 1,5 1,75 1,9 1,99 1,999 1,9999 Atribuindo a x valores próximos de 1, porém maiores (pela direita) do que 1: (tabela B) x 2 1,5 1,25 1,1 1,01 1,001 1,0001 g(x) 3 2,5 2,25 2,1 2,01 2,001 2,0001 Observe que podemos tornar g(x) tão próximo de 2 quanto desejarmos, bastando para isso tomarmos x suficientemente próximo de 1. De outra forma, convencionaremos: “O limite da função g(x) quando x se aproxima de (tende a) 1 é igual a 2”. x2 − 1 Simbolicamente escrevemos: lim g( x ) = 2 ou lim = 2. x →1 x →1 x −1 Álvaro Fernandes 4
  • 5. Observação: Os dois tipos de aproximações que vemos nas tabelas A e B são chamados de limites laterais. ∗ Quando x tende a 1 por valores menores do que 1 (tabela A), dizemos que x tende a 1 pela esquerda, e denotamos simbolicamente por x → 1− . Temos então que: x2 − 1 Obs: O sinal negativo no expoente do lim g( x ) = 2 ou lim =2 no 1 simboliza apenas que x se − x →1 − x →1 x −1 aproxima do número 1 pela esquerda. ∗ Quando x tende a 1 por valores maiores do que 1 (tabela B), dizemos que x tende a 1 pela direita, e denotamos simbolicamente por x → 1+ . Temos então que: x2 − 1 Obs: O sinal positivo no expoente lim g( x ) = 2 ou lim =2 do no 1 simboliza apenas que x se + x →1 + x →1 x −1 aproxima do número 1 pela direita. Definição intuitiva de limite (para um caso geral) Seja f uma função definida num intervalo I ⊂ ℜ contendo a, exceto possivelmente no próprio a. Dizemos que o limite de f(x) quando x se aproxima de a é L ∈ℜ , e escrevemos lim f ( x ) = L , se, e somente se, os limites laterais à esquerda e à direita de a são iguais x→a à L, isto é, lim− f ( x ) = lim+ f ( x ) = L . Caso contrário, dizemos que o limite não existe, em x→a x →a símbolo lim f ( x ) . x→a x2 − 1 Ainda com relação à função g( x ) = , podemos então concluir, pela definição, que: x −1 x2 − 1 x2 − 1 x2 − 1 lim = 2 , porque os limites lateriais lim+ e lim− são iguais a 2. x →1 x −1 x →1 x − 1 x →1 x −1 De forma equivalente, lim g( x ) = 2 porque lim g( x ) = lim g( x ) = 2 . x →1 x → 1− + x →1 Será necessário sempre construir tabelas de aproximações para determinar o limite de uma função, caso ele exista? Não! Há uma forma bem mais simples, como veremos a seguir. Álvaro Fernandes 5
  • 6. 0 Cálculo de uma indeterminação do tipo 0 0 Sempre que nos depararmos com uma indeterminação do tipo , deveremos simplificar* a 0 expressão da função envolvida. Logo após, calculamos o limite da função substituindo, na expressão já simplificada, o valor de x. * Para simplificar a expressão você deve utilizar fatoração, conjugado de radical, dispositivo prático de Briot-Ruffini para dividir polinômios, etc... Vejamos os exemplos seguintes. x2 − 1 Exemplo 2. Determine lim g( x ) , onde g( x ) = . x →1 x −1 0 Observe que substituindo x por 1 na função g obtemos g (1) = que é uma indeterminação 0 matemática! Quando a variável x está cada vez mais próxima de 1, a função g está cada vez mais próxima de quanto? Devemos então simplificar a expressão da função g e depois fazer a substituição direta. x 2 − 1 ( x − 1)( x + 1) g (x ) = = = ( x + 1), ∀x ≠ 1 Então: x −1 (x − 1) lim g ( x ) = lim x2 − 1 = lim (x − 1)(x + 1) = lim (x + 1) = 1 + 1 = 2 . Logo, lim x2 − 1 = 2. x →1 x →1 x − 1 x →1 x −1 x →1 x →1 x −1 Chegamos à mesma conclusão da análise feita pelas tabelas de aproximações, porém de uma forma mais rápida e sistemática. Não mais utilizaremos as tabelas de aproximações para casos semelhantes a este!! x2 − 1 x2 − 1 Vale lembrar que a expressão lim = 2 significa que a função g( x ) = está x →1 x −1 x −1 tão próxima de 2 assim como x está suficientemente próximo de 1, porém diferente de 1. Graficamente podemos verificar isso: x2 − 1 Gráfico da função g( x ) = , ∀x ≠ 1. x −1 Álvaro Fernandes 6
  • 7. x −1 0 Exemplo 3. Determine lim (observe a indeterminação matemática no ponto x = 1 ). x →1 x −12 0 x −1 x −1 x +1 = lim 2 ⋅ = lim (x − 1) = lim 1 = 1 (x − 1)(x + 1)( ) (x + 1)( ) lim . x →1 x − 1 x →1 x − 1 2 x + 1 x →1 x +1 x →1 x +1 4 x −1 Se você construir as tabelas de aproximações, constatará que a função y = está cada vez x −1 2 mais próximo de 1/4 a medida que x se aproxima de 1 pela esquerda e pela direita. x3 − 8 0 Exemplo 4. Determine lim (observe a indeterminação matemática no ponto x = 2 ). x →2 3 x 2 − 12 0 lim x3 − 8 = lim ( x3 − 23 = lim ) (x − 2 )(x 2 + 2 x + 4 ) = lim (x 2 + 2 x + 4 12 = ) =1 x →2 ( 3 x 2 − 12 x→2 3 x 2 − 4 x→2 ) 3( x − 2 )( x + 2 ) x →2 3( x + 2 ) 12 x3 − 8 Constate através das tabelas de aproximações que se x → 2 então y = → 1. 3 x 2 − 12 2x3 + 3x − 5 0 Exemplo 5. Determine lim 2 (observe a indeterminação matemática no ponto x = 1 ). x →1 4 x − 3 x − 1 0 Vamos resolver este limite usando o dispositivo prático para dividir polinômios de Briot-Ruffini. Precisaremos antes do... Teorema de D’Alembert: Um polinômio f ( x ) é divisível por ( x − a ) , a ∈ ℜ , se, e somente se, a é uma raiz de f ( x ) , isto é, f (a ) = 0 . f (x ) (x − a ) ⇒ f ( x ) = ( x − a ) ⋅ q( x ) + r ( x ) . Assim, f (a ) = 0 ⇔ r (a ) = 0 . r (x ) q(x ) Como o ponto x = 1 anula os polinômios do numerador e denominador, então ambos são divisíveis por x − 1 . Assim, 2 x3 + 3x − 5 (x − 1) 2 x 2 + 2 x + 5 2(1) + 2(1) + 5 9 2 2x3 + 3x − 5 lim 2 = lim = (* ) = lim = = . x →1 4 x − 3 x + 1 x →1 4 x − 3x − 1 2 x →1 4x + 1 4 (1) + 1 5 (x − 1) (* ) Usamos então o dispositivo de Briot- Ruffini para dividir estes polinômios... 1 2 0 3 -5 1 4 -3 -1 2 2 5 0 = resto 4 1 0 = resto ax 2 + bx + c = 2 x 2 + 2 x + 5 ax + b = 4 x + 1 Obs.: Faça uma revisão deste dispositivo num livro de matemática do ensino médio. Álvaro Fernandes 7
  • 8. Algumas fórmulas que auxiliam as simplificações nos cálculos dos limites. Produtos notáveis: 1º) Quadrado da soma: (a + b ) = a 2 + 2ab + b 2 . 2 2º) Quadrado da diferença: (a − b ) = a 2 − 2ab + b 2 . 2 3º) Produto da soma pela diferença: (a + b )(a − b ) = a 2 − b 2 . 4º) Cubo da soma: (a + b ) = a 3 + 3a 2 b + 3ab 2 + b 3 . 3 5º) Cubo da diferença: (a − b ) = a 3 − 3a 2 b + 3ab 2 − b 3 . 3 Fatorações: 6º) Fator comum: ax ± ay = a ( x ± y ) . 7º) Diferença de quadrados: a 2 − b 2 = (a + b )(a − b ) . 8º) Trinômio do 2º grau: ax 2 + bx + c = a(x − x' )( x − x' ' ) , onde x' e x' ' são as raízes obtidas pela  −b± ∆  fórmula de Bháskara  x =  , onde ∆ = b 2 − 4 ac  .   2a  9º) Soma de cubos: a + b = (a + b ) a − ab + b . 3 3 2 2 ( ) ( 10º) Diferença de cubos: a 3 − b 3 = (a − b ) a 2 + ab + b 2 . ) Conjugado de radicais: 11º) Conjugado de a− b é a + b , pois ( a− b ⋅ ) ( a + b )= a − b . 12º) Conjugado de 3 a −3 b é 3 a 2 + 3 ab + 3 b 2 , pois ( a − b )⋅ ( a + ab + 3 3 3 2 3 3 ) b2 = a − b . Proposição (unicidade do limite). Se lim f ( x ) = L1 e lim f ( x ) = L2 , então L1 = L2 . Se o limite de uma função num ponto existe, x→a x→a então ele é único. Principais propriedades dos limites. Se lim f (x ) e lim g ( x ) existem, e k é um número real qualquer, então: x→a x→a a) lim [ f ( x ) ± g ( x )] = lim f (x ) ± lim g ( x ) . x→a x→a x→a b) lim k . f ( x ) = k .lim f ( x ) . x→a x→a c) lim [ f (x ) ⋅ g (x )] = lim f ( x ) ⋅ lim g (x ) . x→a x→a x→a f ( x ) lim f ( x ) d) lim = x→a , lim g ( x ) ≠ 0 . x→a g (x ) lim g ( x ) x →a x→a e) lim k = k . x→a Álvaro Fernandes 8
  • 9. x2 −7 Exemplo 6. Calcule lim usando as propriedades. x →1 2x + 4 x 2 − 7 1 lim x − 7 1 lim x +xlim − 7 1 (1) + (− 7 ) − 6 2 2 2 x2 −7 x2 −7 1 lim = lim = ⋅ lim = ⋅ x →1 = ⋅ x →1 →1 = ⋅ = = −1 x →1 2 x + 4 x →1 2( x + 2 ) 2 x→1 x + 2 2 lim x + 2 2 lim x + lim 2 2 1+ 2 6 x →1 x →1 x →1 Ufa, quanto trabalho!!! Bastaria substituir o ponto x = 1 diretamente na expressão, obtendo logo −6 = −1 . 6 Atividades (grupo 1). Calcule os limites abaixo: x3 − 1 4 − x2 x2 − 4x + 3 c) lim a) lim b) lim 2 x →1 5 x − 5 x →−2 2 + x x →3 x − x − 6 x −1 8 + x3 x 4 − 16 f) lim d) lim e) lim x →1 x −1 x →−2 4 − x 2 x→2 8 − x3 1 − x2 2− x−3 3− 5+ x g) lim h) lim i) lim x →−1 x + 2 + x x →7 x 2 − 49 x →4 1− 5 − x Atividades (grupo 2). Calcule os limites indicados:  x 2 − 1, x ≤ 0 a) f ( x ) =  , calcule: lim f ( x ) , lim f ( x ) e lim f ( x ) .  x + 1, x > 0 x →−1 x →2 x →0 x2 , x ≠ 2 b) g( x ) =  , calcule: lim g( x ) . 3 , x = 2 x →2 4 − x 2 , x < 1 c) h( x ) =  , calcule: lim h( x ) . 5 − 2 x , x > 1 x →1 2 x , x < 0  d) l ( x ) = 1 − x 2 , 0 ≤ x < 2 , calcule: lim l ( x ), lim l ( x ), lim l ( x ) e lim l ( x ) .  x →0 x→2 x → −∞ x → +∞ 2 x − 6 , x ≥ 2 Álvaro Fernandes 9
  • 10. Continuidade Definição: Seja x0 um ponto do domínio de uma função f. Dizemos que f é contínua no ponto x0 se: lim f ( x ) = f ( x0 ) . x → x0 Exemplo 7. A função do exemplo 1 (pág. 3) é contínua no ponto x0 = 2 , pois lim f ( x ) = f (2 ) = 3 . x →2 Na verdade esta função é contínua em ℜ , isto é, em todos os pontos da reta (do seu domínio). Exemplo 8. Algumas funções que não são contínuas no ponto x0 : a) b) c) Pois... a) não existe lim f ( x ) , apesar de f ( x0 ) existir, neste caso f ( x0 ) = L ; x→ x0 b) existe lim f ( x ) , isto é lim f ( x ) = L1 . Existe f ( x0 ) , neste caso f ( x0 ) = L2 , mas x→ x0 x → x0 lim f ( x ) ≠ f ( x0 ) ; x → x0 c) não existe lim f ( x ) , apesar de f ( x0 ) existir, neste caso f ( x0 ) = L . x→ x0 Exemplo 9. Verifique se as funções abaixo são contínuas nos pontos indicados:  1 − x2  , x >1  x −1  x 2 − 16  , x≠4   8 − 2x  2  2x − 2 a) f ( x ) =  , x0 = 4 . b) g ( x ) =  , x<1 , x0 = 1 . 2 x − 4 , x = 4  1− x      1 − 5 x , x = 1   Soluções: a) x 2 − 16 Calculando o limite, temos: lim = lim (x − 4 )(x + 4 ) = lim − (x + 4 ) = −4 . x→4 8 − 2 x x →4 2(4 − x ) x→4 2 Calculando a imagem, temos: f (4 ) = 2(4 ) − 4 = 4 . Como lim f ( x ) ≠ f (4 ) , então a função não é x→4 contínua (ou descontínua) no ponto x0 = 4 . Álvaro Fernandes 10
  • 11. b) Calculando o limite, temos: lim+ 1 − x2 = lim+ (1 − x )(1 + x ) ⋅ x +1 = lim+ (1 − x )(1 + x )( x +1 ) = lim ( ) − (1 + x ) x + 1 = −4 x →1 x −1 x →1 x −1 x +1 x →1 x −1 x →1+ lim− 2x2 − 2 = lim− 2 x2 − 1 ( = 2 lim− ) (x − 1)(x + 1) = 2 lim − ( x + 1) = 2(− 2 ) = −4 x →1 1− x x →1 1− x x →1 1− x x →1 − Como os limites laterais são iguais, temos que lim g ( x ) = −4 . x →1 Calculando a imagem, temos: g (1) = 1 − 5(1) = −4 . Como lim g ( x ) = g (1) , então a função é contínua no ponto x0 = 1 . x →1 Atividades (grupo 3). Determine, se possível, a constante a ∈ ℜ de modo que as funções abaixo sejam contínuas no ponto x o , sendo: 3ax 2 + 2 , x < 1 ax 2 + 2 , x ≠ 1  a) f ( x ) =  (xo = 1) . b) g ( x ) =  2 (x o = 1) . x − 2, x ≥ 1 a , x = 1  Atividades (grupo 4). Determine, se possível, as constantes a e b ∈ ℜ de modo que as funções abaixo sejam contínuas no ponto x o , sendo: 3 x − 3, x > −3 2a. cos(π + x ) + 1, x < 0   c) f ( x ) = ax , x = −3 ( x o = −3 ) . d) g ( x ) = 7 x − 3a , x = 0 (xo = 0 ) . bx 2 + 1, x < −3 b − 2 x 2 , x > 0   Propriedades das funções contínuas. Se as funções f e g são contínuas em um ponto x0 , então: i) f ± g é contínua em x0 ; . ii) f g é contínua em x0 ; iii) f / g é contínua em x0 desde que g ( x0 ) ≠ 0 . Álvaro Fernandes 11
  • 12. Limites infinitos Quando resolvemos um limite e não encontramos como resposta valores numéricos, mas sim infinito ( + ∞ ou − ∞ ), dizemos então que o limite é infinito. x2 − 1 Exemplo 10. Calcule lim . x → −1 x −1 x2 − 1 0 Neste caso, quando fazemos a substituição de x por − 1 na expressão , encontramos =0. x −1 −2 0 Esta não é uma situação especial. Sempre que na substituição de x ocorrer , k ≠ 0 , o resultado k do limite será sempre zero, naturalmente. k E se na substituição do valor de x ocorrer , k ≠0? 0 Vamos analisar esta situação num caso particular e depois formalizar uma regra. 1 Exemplo 11. Estude o seguinte limite: lim . x →0 x Devemos analisar os limites laterais. Vamos recorrer às tabelas de aproximações: Aproximação do zero pela direita (notação x → 0 + ) x 1 0,1 0,01 0,001 0,0001 f(x)=1/x 1 10 100 1000 10.000 Cada vez que tomamos x suficientemente próximo de zero (pela direita), f ( x ) = 1 x cresce indefinidamente. Simbolizamos esta situação assim: 1 lim+ = +∞ x →0 x Aproximação do zero pela esquerda (notação x → 0 − ) x -1 -0,1 -0,01 -0,001 -0,0001 f(x)=1/x -1 -10 -100 -1000 -10.000 Cada vez que tomamos x suficientemente próximo de zero (pela esquerda), f ( x ) = 1 x decresce indefinidamente. Simbolizamos esta situação assim: 1 lim− = −∞ x →0 x 1 Conclusão: Como os limites laterais são distintos, então lim . x →0 x Veja ao lado o gráfico da função f ( x ) = 1 x . Álvaro Fernandes 12
  • 13. Regra (generalização) k Se na substituição do valor de x no cálculo de um limite ocorrer , k ≠ 0 , então diremos que a 0 resposta do limite é:  k k + ∞ , se ocorre 0 + , k > 0 e − ∞ , se ocorre 0+ ,k < 0   .  k k − ∞ , se ocorre − , k > 0 e + ∞ , se ocorre ,k < 0  0 0− k Desta regra podemos perceber que → 0 . Se o denominador tende ao infinito com o numerador ±∞ constante, a razão se aproxima de zero. Como veremos agora. Limites no infinito Estamos interessados agora em estabelecer o comportamento de uma função quando a variável x cresce indefinidamente ( x → +∞ ) ou quando ela decresce indefinidamente ( x → −∞ ). Em algumas situações, a função se aproxima de um valor numérico (figura 1), noutros pode também crescer indefinidamente (figura 2) ou decrecer indefinidamente (figura 3). Figura 1 Figura 2 Figura 3 Exemplo 12. 1  Na figura 1: lim  + 1 = 0 + 1 = 1 . x → +∞ x   Na figura 2: lim ( x + 1) = +∞ . x → +∞ Na figura 3: lim (4 − x 2 ) = −∞ . x → +∞ Álvaro Fernandes 13
  • 14. As tabelas abaixo apresentam situações de operações com infinito que usaremos com freqüencia. Produto: Soma: (∞ ) ⋅ (∞ ) = ∞ (∞ ) + (∞ ) = ∞ (∞ ) ⋅ (− ∞ ) = −∞   (− ∞ ) + (− ∞ ) = −∞  (− ∞ ) ⋅ (∞ ) = −∞ (∞ ) − (∞ ) = ? indeterminação!  (− ∞ ) ⋅ (− ∞ ) = ∞  Produto por constante: Soma com constante: k ⋅ (∞ ) = ∞ , k > 0 (± ∞ ) + k = ±∞ , k ∈ ℜ k ⋅ (− ∞ ) = −∞ , k > 0   k ⋅ (∞ ) = −∞ , k < 0 k ⋅ (− ∞ ) = ∞ , k < 0  Quociente: Potências: ±∞ Se n é um natural não nulo, então: = ? indeterminação! ±∞ ∞ , se n é par. (∞ )n = ∞ e (− ∞ )n =   − ∞ , se n é ímpar. Atividades (grupo 5). Calcule os limites: x2 a) lim . x→2 x − 2 2x − 4 b) lim . x →3 ( x − 3 )2 2x − 7 c) lim . x →3 ( x − 3 )2 5 d) lim 2 − 2x3 + 6 . x → +∞ 3x Atividades (grupo 6). Calcule os limites: 3− x 3−x x 2 − 10 x−2 a) lim+ b) lim− c) lim− d) lim+ x →5 x−5 x→2 x + x −6 2 x → −5 2 x + 10 x →1 x +x−2 2 Álvaro Fernandes 14
  • 15. Expressões indeterminadas 0 Vimos que é uma expressão de indeterminação matemática. Também são: 0 ∞ , ∞ − ∞ , 0 × ∞ , 1∞ , 0 0 e ∞0 . ∞ Vamos analisar os quatro primeiros casos. Os outros serão tratados em capítulos posteriores. ∞ A indeterminação do tipo . ∞ Exemplo 13. Calcule os limites abaixo: x3 + 1 x2 + 1 6 x2 + 1 a) lim b) lim c) lim x → +∞ 5x 2 + 3 x → +∞ x4 + x x → +∞ 3x 2 + x ∞ Podemos observar que estas expressões geram indeterminações do tipo , pois quando x → +∞ ∞ as expressões do numerador e denominador também tendem a + ∞ . Não podemos afirmar, a priori, o valor delas. Vejamos: a)  1   1   1  x 3 1 + 3  x 1 + 3  lim x 1 + 3  x +1 3  x  x  + ∞(1 + 0 ) + ∞ = lim  x  x → +∞  lim = lim = = = = +∞ x → +∞ 5 x + 3 2 x → +∞ 2 3  x →+∞  3   3  5(1 + 0 ) 5 5x 1 + 2  5 1 + 2  lim 5 1 + 2   5x   5 x  x →+∞  5x   1   1   1  x2 1 +  1 + 2  lim  1 + 2  b) lim 4 x +1 2 = lim  x2  = lim  x  = x → +∞  x  = (1 + 0 ) = 1 = 0 . x → +∞ x + x x → +∞  1  x → +∞  1   1  + ∞(1 + 0 ) + ∞ x4 1 +  x 2  1 + 3  lim x 2  1 + 3   x3   x  x → +∞  x   1   1   1  6 x 2 1 + 2  61 + 2  lim  1 + 2  6 x  6 (1 + 0 ) 2 6x + 1  6x   6x  6 x → +∞ c) lim = lim = lim = ⋅ = ⋅ =2. 2 x → +∞ 3 x + x x → +∞ 2 1  x →+∞  1  3  1  3 (1 + 0 ) 3x 1 +  3 1 +  lim  1 +   3x   3x  x → +∞ 3x  ∞ Observamos que nas três situações analisadas as indeterminações do tipo produziram respostas ∞ distintas (como era esperado, por isso que é indeterminação!) Você deve ter notado que para resolver indeterminações deste tipo a idéia é colocar o termo de maior grau em evidência no numerador e no denominador. Álvaro Fernandes 15
  • 16. Atividades (grupo 7). 1. Calcule os limites abaixo: 2x3 − 1 a) lim . x → +∞ 5 x 3 + x + 1 x 5 + 3x 2 b) lim . x → +∞ 2x + 1 x2 + 2x3 c) lim . x → −∞ 5 x + 3 − x 4 x2 d) lim . x → −∞ 1 − 5 x 2 A indeterminação do tipo ∞ - ∞ Exemplo 14. Calcule os limites abaixo: a) lim x 2 − x 3 . b) lim 5 x 2 + x . x → +∞ x → −∞ Podemos observar que estas expressões geram indeterminações do tipo ∞ - ∞, mas não podemos afirmar, a priori, o valor delas. Vejamos: Usando a mesma técnica da indeterminação anterior...  1  a) lim x 2 − x 3 = lim − x 3  − + 1 = −∞(0 + 1) = −∞(1) = −∞ . x → +∞ x → +∞  x   1 7  b) lim x + 5 x 2 + 7 = lim 5 x 2  + 1 + 2  = +∞(0 + 1 + 0 ) = +∞(1) = +∞ . x → −∞ x → −∞  5x 5x  Atividades (grupo 8). 1. Calcule os limites abaixo: a) lim x 5 − x 3 + 2 x . b) lim x 4 + 5 x − 6 . c) lim x + 2 − x . x → +∞ x → −∞ x →∞ A indeterminação do tipo 0 × ∞ Exemplo 15. Calcule os limites abaixo: a) lim 2 2 ( x +1 . ) b) lim 3 (x ) . x → +∞ x3 x → +∞ x Álvaro Fernandes 16
  • 17. Podemos observar que estas expressões geram indeterminações do tipo 0 × ∞, mas não podemos afirmar, a priori, o valor delas. Vejamos: 2x2 + 2 a) lim x → +∞ 2 2 x3 ( x + 1 = lim ) x → +∞ x3 = ... Transformamos a indeterminação 0 × ∞ em ∞ ⁄ ∞ . Daí você já sabe! 2x 2 + 2 ... = lim = ... = 0 . x → +∞ x3 3 3x b) lim (x ) = xlim = ... Novamente transformamos a indeterminação para ∞ ⁄ ∞. Usando a x → +∞x x → +∞ técnica da racionalização: 3x 3x x 3x x ... = lim = lim ⋅ = lim = lim 3 x = 3(+ ∞ ) = +∞ . x → +∞ x x → +∞ x x x → +∞ x x → +∞ Atividades (grupo 9). 1. Calcule os limites abaixo: a) lim 1 (x 2 + 3). b) lim  (  2  2 )  x − 25 . x → +∞ x x→5 +  x-5  Limite fundamental exponencial (a indeterminação do tipo 1∞) O número e tem grande importância em diversos ramos das ciências, pois está presente em vários fenômenos naturais, por exemplo: Crescimento populacional, crescimento de populações de bactérias, desintegração radioativa (datação por carbono), circuitos elétricos, etc. Na área de economia, é aplicado no cálculo de juros. Foi o Matemático Inglês Jonh Napier (1550-1617) o responsável pelo desenvolvimento da teoria logarítmica utilizando o número e como base. O número e é irracional, ou seja, não pode ser escrito sob forma de fração, e vale aproximadamente: e ≅ 2,7182818 Como o número e é encontrado em diversos fenômenos naturais, a função exponencial f ( x ) = e é considerada uma das funções mais importantes da matemática, merecendo atenção x especial de cientistas de diferentes áreas do conhecimento humano. x  1 Proposição: lim  1 +  = e. x → ±∞  x A prova desta proposição envolve noções de séries. Utilizaremos o recurso das tabelas de aproximações e gráfico para visualizar este resultado. Álvaro Fernandes 17
  • 18. Tabela x  1 x f (x ) =  1 +   x 100 2,7048.. 1000 2,7169.. 100.000 2,7182.. x→ +∞ f(x) → e Faça uma tabela para x → - ∞. Gráfico: Exemplo 16. Calcule os limites abaixo: 5x 4x  1  3 a) lim  1 +  . b) lim  1 −  . x → +∞  x x → −∞  x Nestes dois casos percebemos indeterminações do tipo 1∞ . Vejamos as soluções... 5 5  1 5x  1  x   1  x a) lim  1 +  = lim  1 +   =  lim  1 +   = e 5 . x → +∞  x x → +∞   x   x →+∞  x  b) Neste caso, usaremos uma mudança de variável... Faça x = −3t . Se x → −∞ então t → +∞ . 4 ( −3 t ) −12  3 4x  3   1 −12 t   1  t Logo, lim  1 −  = lim  1 −  = lim  1 +  =  lim  1 +   = e −12 . x → −∞  x t → +∞  − 3t  t → +∞  t t →+∞   t  Atividades (grupo 10). 1. Calcule os limites abaixo: 2x 5x 2x  7  2  x + 1 a) lim  1 +  . b) lim  1 −  . c) lim   . x → +∞ x − 1 x →+∞  x x → −∞  x   Álvaro Fernandes 18
  • 19. Conseqüências importantes do limite fundamental exponencial: ax −1 i) lim (1 + x ) 1x = e. ii) lim = ln(a ), a > 0 e a ≠ 1 . x →0 x →0 x Atividades (grupo 11). Resolva os dois limites acima com as sugestões a seguir: 1 • No item (i) faça a mudança de variável x = e use o limite fundamental exponencial. t • No item (ii) faça a mudança de variável a x − 1 = t e use o item (i). Atividades (grupo 12). 1. Resolva os limites abaixo: a) lim (1 + 2 x ) . 1x 3x − 1 ex − 1 ex − 2x x →0 b) lim . c) lim . d) lim . x →0 x x →0 4x x →0 x Limite fundamental trigonométrico 0 O limite fundamental trigonométrico trata de um limite cuja indeterminação é do tipo 0 envolvendo a função trigonométrica y = sen( x ) . Este limite é muito importante, pois com ele resolveremos outros problemas. sen( x ) Proposição: lim = 1. x→0 x sen( x ) A função f ( x ) = é par, isto é, f (− x ) = f ( x ) , ∀x ≠ 0 , pois x sen(− x ) − sen(x ) sen( x ) f (− x ) = = = = f (x ) . −x −x x Se x → 0 + ou x → 0 − , f ( x ) apresenta o mesmo valor numérico. Vamos utilizar a tabela de aproximação para verificar este resultado. Tabela x sen( x ) f (x ) = x ±0,1 0.9983341664683.. ±0,01 0.9999833334167.. ±0,001 0,9999998333333.. ±0,0001 0,9999999983333.. ±0,00001 0,9999999999833.. ±10-10 0,9999999999999.. x→0 f (x ) → 1 Álvaro Fernandes 19
  • 20. sen( x ) Visualizando o gráfico da função f ( x ) = , podemos perceber também este resultado... x Exemplo 17. Calcule os limites abaixo: sen(2 x ) sen(5 x ) cos( x ) − 1 tg ( x ) a) lim . b) lim . c) lim . d) lim . x →0 x x →0 sen(3 x ) x →0 x x →0 x Soluções: sen(2 x ) sen(2 x ) sen(2 x ) a) lim = lim 2 ⋅ = 2 ⋅ lim = ... x →0 x x →0 2x x →0 2x Faça 2 x = t . Se x → 0 então t → 0 . Logo: sen(t ) ... = 2 ⋅ lim = 2(1) = 2 . t →0 t sen(kx ) De uma forma geral, ∀k ∈ ℜ* , lim = 1 . Vamos usar este resultado agora: x →0 kx sen(5 x ) sen(5 x ) ⋅ 5x lim sen(5 x ) 5 x →0 5 x 5 1 5 b) lim = lim 5 x = ⋅ = ⋅ = . x →0 sen(3 x ) x →0 sen(3 x ) 3 sen(3 x ) 3 1 3 ⋅ 3x lim 3x x →0 3x cos ( x ) − 1 cos( x ) − 1 cos( x ) + 1 cos 2 ( x ) − 1 − sen 2 ( x ) c) lim = lim ⋅ = lim = lim = x →0 x x →0 x cos( x ) + 1 x →0 x[cos( x ) + 1] x →0 x[cos ( x ) + 1] sen( x ) − sen(x )  0  = lim ⋅ = 1 =0. x →0 x cos( x ) + 1  1 + 1  tg ( x ) sen( x ) sen(x ) 1 sen( x ) 1  1 d) lim = lim = lim ⋅ = lim ⋅ lim = 1  = 1 . x x →0 x cos ( x ) x cos( x ) x x →0 cos ( x ) x →0 x →0 x →0  1 Atividades (grupo 13). 1. Resolva os limites abaixo usando o limite trigonométrico fundamental: sen(4 x ) 1 − cos( x ) 2e x + 6 sen( x ) − 2 6 x − sen( x ) a) lim . b) lim . c) lim . d) lim . x →0 3x x →0 x 2 x →0 3x x →0 2 x + 3 sen( x ) Álvaro Fernandes 20
  • 21. Funções limitadas Definição: Uma função y = f ( x ) é chamada limitada, se existe uma constante k ∈ ℜ* , tal que f ( x ) ≤ k , ∀x ∈ D( f ) , isto é , − k ≤ f ( x ) ≤ k , ∀x ∈ D( f ) . Em outras palavras, y = f ( x ) possui o conjunto imagem contido num intervalo de extremos reais. Obs.: D( f ) significa o domínio da função f. Exemplo 14. Algumas funções limitadas e seus gráficos. f(x) = sen(x) e g(x) = cos(x) f(x) = k f(x) = sen(2x2+3x-1) Proposição: Se lim f ( x ) = 0 e g ( x ) é uma função limitada, então lim f ( x ).g ( x ) = 0 . x→a x→a ou ou x → ±∞ x → ±∞ Exemplo 18. sen( x ) a) Calcule lim . x → +∞ x Solução: sen( x ) 1 lim = lim ⋅ sen( x ) = * = 0 x → +∞ x x → +∞ x 1 * Usando a proposição: Se x → +∞ então → 0 . Como a função sen(x ) é limitada, então o x resultado é zero. sen( x ) Gráfico da função f ( x ) = : x Observe que as oscilações vão reduzindo a sua amplitude quando x → +∞ . O resultado do limite permanece o mesmo se x → −∞ . Álvaro Fernandes 21
  • 22. cos( x ) b) Calcule lim . x → +∞ x Solução: de forma análoga... cos( x ) 1 lim = lim ⋅ cos( x ) = 0 . x → +∞ x x → +∞ x cos( x ) Gráfico da função f ( x ) = : x Observe que, da mesma forma que a função anterior, as oscilações vão reduzindo a sua amplitude quando x → +∞ . O resultado do limite permanece o mesmo se x → −∞ .  x+1  c) Calcule lim  2  ⋅ cos( x ) . x → +∞ x + 1    x+1   x+1  lim  2  = 0 (Por quê?) e cos( x ) é uma função limitada. Logo, lim  2  ⋅ cos(x ) = 0 . x → +∞ x + 1 x → +∞ x + 1      x+1  Gráfico da função f ( x ) =  2  ⋅ cos( x ) :  x + 1 Atividades (grupo 14). 1. Resolva os limites abaixo usando o conceito de função limitada: 3 cos(x ) + 2 x a) lim e x ⋅ sen( x ) . b) lim . x → −∞ x → +∞ 2x Álvaro Fernandes 22
  • 23. 1. Problema da área sob o arco da parábola y = x 2 no intervalo [0 , 1] (Figura 1). Método dos retângulos. Figura 1. Dividindo o intervalo [0 , 1] em n subintervalos, cada subintervalo terá comprimento 1 n :  1 1 2 1o subintervalo 0 ,  , 2o subintervalo  ,  ,  n n n 2 3 n − 1 n n 3o subintervalo  ,  , ... , no subintervalo  , . Obs.: = 1. n n  n n n Vamos construir retângulos (Figura 2) cujas bases são ao subintervalos e cujas alturas são as imagens dos extremos direito* de cada subintervalo pela função y = x 2 : * a altura pode ser calculada sobre qualquer ponto do subintervalo, neste caso foi tomado o extremo direito. Figura 2. Figura 3. Calculando as área desses retângulo ( A = b.h ), obtemos: 1 12 1 22 1 32 1 n2 A1 = ⋅ , A2 = ⋅ , A3 = ⋅ , ... , An = ⋅ . n n2 n n2 n n2 n n2 A área total desses retângulos ( Atn ) nos dá uma aproximação da área (Figura 1) que queremos calcular: n 1  12 2 2 3 2 n2  1  12 + 2 2 + 3 2 + + n2  Atn = ∑ Ai =  2 + 2 + 2 + + 2 =  = i =1 nn  n n n  n   n2   Álvaro Fernandes 23
  • 24. 1  n(n + 1)(2n + 1)  n(n + 1)(2 n + 1) =  = . n 6n2  6n3 Obs.: A soma 1 2 + 2 2 + 3 2 + ... + n 2 é conhecida pela fórmula [n(n + 1)(2 n + 1)] 6 . Vejamos alguns resultados para alguns valores crescentes de n: n 6 (Figura 3) 10 100 1.000 10.000 100.000 Atn 0,421296 0,385000 0,338350 0,333834 0,333383 0,333338 A área exata que estamos procurando (Figura 1) é calculada pelo limite: n(n + 1)(2 n + 1) 1 lim ATn = lim = = 0 ,3 . (Calcule este limite e mostre que é igual a 1/3) n → +∞ n → +∞ 6n3 3 2. Problema do circuito RL em série. No circuito da figura 4, temos uma associação em série de um resistor (símbolo R) e um indutor (símbolo L). Da segunda lei de Kirchhoff (lei das voltagens) e do estudo das equações diferenciais, pode-se mostrar que a corrente i no circuito é dada por R E −  t i (t ) = + c.e  L  , (1) R onde E é uma bateria de voltagem fixa, c é uma constante real e t é o tempo. Unidade de resistência: ohm. Unidade de indutância: henry. Figura 4. Exercício 1: Se uma bateria de 12 volts é conectada a um circuito em série (como na fig. 4) no qual o indutor é de 1/2 henry e o resistor é de 10 ohms, determine o valor da constante c e a corrente i (t ) . Considere a corrente inicial e o tempo inicial iguais a zero. Exercício 2: Determine lim i (t ) , sendo i (t ) da equação (1). t → +∞ R −  t Obs.: Quando t → +∞ o termo c.e  L  da equação (1) se aproxima de zero. Tal termo é usualmente denominado de corrente transitória. A razão E/R é chamada de corrente estacionária. Após um longo período de tempo, a corrente no circuito é governada praticamente pela lei de Ohm E = Ri . Álvaro Fernandes 24
  • 25. Derivada A reta tangente. Suponha que a reta r da figura vá se aproximando da circunferência até tocá-la num único ponto. Na situação da figura 4, dizemos que a reta r é tangente a circunferência no ponto P. Exemplos de retas tangentes (no ponto P) a algumas curvas: Fig. 5 Fig. 6 Fig. 7 Na figura 7, apesar da reta tocar a curva em dois pontos, ela tangencia a curva em P, como na figura 4. Estas retas tocam suavemente as curvas nos pontos P indicados. Exemplos de retas que não são tangentes (no ponto Q) a algumas curvas: Fig. 8 Fig. 9. Estas retas não tocam suavemente as curvas nos pontos indicados como no exemplo da circunferência (fig. 4). Elas “cortam” , “penetram” as curvas. Álvaro Fernandes 25
  • 26. Vamos determinar a equação da reta tangente a uma função (uma curva) num ponto do seu domínio. Seja y = f ( x ) uma curva definida num intervalo aberto I. Considere P( xo , y o ) , sendo y o = f ( x o ) , um ponto fixo e Q( x , y ) um ponto móvel, ambos sobre o gráfico de f. Seja s a reta que passa pelos pontos P e Q e considere β o ângulo de inclinação de s. Seja t a reta tangente ao gráfico de f no ponto P e considere α o ângulo de inclinação de t. y t s y f Q ∆y = y − yo P T ∆x = x − xo yo β α x x xo Considerando o triângulo retângulo PTQ, obtemos o coeficiente angular da reta s como ∆y y − yo Q tg (β ) = = . ∆x x − xo y − yo β P x − xo T Suponha que o ponto Q mova-se sobre o gráfico de f em direção ao ponto P. Desta forma, a reta s se aproximará da reta t. O ângulo β se aproximará do ângulo α, e então, a tg (β ) se aproximará da tg (α ) . Usando a notação de limites, é fácil perceber que lim tg (β ) = tg (α ) . Q→ P Mas quando Q → P temos que x → xo . Desta forma, o limite acima fica y − yo f ( x ) − f ( xo ) lim tg (β ) = tg (α ) ⇔ lim = lim = tg (α ) . Q→ P x → xo x − xo x→ xo x − xo f ( x ) − f ( xo ) Assim lim = tg (α ) . x → xo x − xo Álvaro Fernandes 26
  • 27. Definição: Seja y = f ( x ) uma curva e P( xo , y o ) um ponto sobre o seu gráfico. O coeficiente angular m da reta tangente ao gráfico de f no ponto P é dado pelo limite f (x ) − f (xo ) m = lim , quando este existir. x → xo x − xo m = tg (α ) y o = f (xo ) Equação da reta tangente Podemos agora determinar a equação da reta tangente t, pois já conhecemos o seu coeficiente angular e um ponto do seu gráfico P( xo , y o ) . A equação da reta tangente t é: a) ( y − y o ) = m(x − xo ) , se o limite que determina m existir; f (x ) − f (xo ) b) A reta vertical x = xo se lim for infinito. x → xo x − xo Exemplo 19. Determine a equação tangente a parábola f ( x ) = x 2 no ponto de abscissa xo = 1 . Solução: Temos que determinar dois termos y o e m. y o = f ( xo ) ⇒ y o = f (1) = 12 = 1 . f (x ) − f (xo ) f ( x ) − f (1) x2 − 1 m = lim = lim = lim = = 2. x → xo x − xo x →1 x −1 x →1 x − 1 Logo a equação da reta tangente é ( y − 1) = 2( x − 1) ou y = 2x − 1 . Álvaro Fernandes 27
  • 28. Equação da reta normal Definição: Seja y = f ( x ) uma curva e P( xo , y o ) um ponto sobre o seu gráfico. A reta normal (n) ao gráfico de f no ponto P é a reta perpendicular a reta tangente (t). ( ) ( ) • A equação da reta normal é ( y − y o ) = −1 (x − xo ) , sendo que m = xlim f x − f xo ≠ 0 . m → xo x − xo • Se m = 0 , então a equação da reta normal é a reta vertical x = xo . f (x ) − f (xo ) • Se lim for infinito, então a reta normal é horizontal e tem equação y = y o . x → xo x − xo Atividades (grupo 15). Determine a equação da reta tangente e da reta normal ao gráfico das funções abaixo nos pontos indicados. Esboce os gráficos das funções com as retas. a) f ( x ) = x 3 no ponto de abscissa xo = 1 . b) f ( x ) = x no ponto de abscissa xo = 4 . A derivada de uma função num ponto f (x ) − f (xo ) O limite lim é muito importante, por isso receberá uma denominação especial. x → xo x − xo Definição: Seja y = f ( x ) uma função e xo um ponto do seu domínio. Chama-se derivada da função f no ponto xo e denota-se f ' ( xo ) (lê-se f linha de xo ), o limite f (x ) − f (xo ) f ' ( xo ) = lim , quando este existir. x → xo x − xo Forma alternativa para derivada: Se fizermos ∆x = x − xo , obtemos a seguinte forma para f ' ( xo ) : f ( xo + ∆x ) − f ( xo ) f ' ( xo ) = lim . ∆x →0 ∆x Álvaro Fernandes 28
  • 29. Outras notações para a derivada da função y = f ( x ) num ponto x qualquer: • y' ( x ) (lê-se: y linha de x ou derivada de y em relação a x); • D x f (lê-se: derivada da função f em relação à x); dy • (lê-se: derivada de y em relação à x). dx Exemplo 20. Dada a função f ( x ) = x 2 − x + 1 , determine f ' (2 ) . Use as duas formas da definição. f (x ) − f (xo ) ⇒ Usando f ' ( xo ) = lim : x → xo x − xo f ( x ) − f (2 ) x2 − x + 1 − 3 x2 − x − 2 (x − 2 )(x + 1) = lim (x + 1) = 3 . f ' (2 ) = lim = lim = lim = lim x→2 x−2 x→2 x−2 x→2 x−2 x→2 x−2 x→2 f ( xo + ∆x ) − f ( xo ) ⇒ Usando f ' ( xo ) = lim : ∆x →0 ∆x f (2 + ∆x ) − f (2 ) (2 + ∆x ) − (2 + ∆x ) + 1 − 3 = lim 4 + 4 ∆x + ∆x 2 − 2 − ∆x − 2 = 2 f ' (2 ) = lim = lim ∆x →0 ∆x ∆x →0 ∆x ∆x →0 ∆x 3∆x + ∆x 2 ∆x(3 + ∆x ) = lim = lim = lim (3 + ∆x ) = 3 + 0 = 3 . ∆x →0 ∆x ∆x →0 ∆x ∆x →0 Teorema: Toda função derivável num ponto é contínua neste ponto. Atividades (grupo 16). 1. Determine a equação da reta tangente à curva y = 5 − x 2 , que seja perpendicular à reta y = 3 + x . 2. Determine a equação da reta normal à curva y = x 3 , que seja paralela à reta 3 y + x = 0 . Derivadas laterais Lembre-se que o limite de uma função num ponto somente existe se os limites laterais existem e são iguais. Como a derivada de uma função num ponto é um limite, esta derivada somente existirá em condições análogas. Definição: Seja y = f ( x ) uma função e xo um ponto do seu domínio. A derivada à direita de f em xo , denotada por f + ' (xo ) é definida por f (x ) − f (xo ) f + ' ( xo ) = lim+ . x → xo x − xo Álvaro Fernandes 29
  • 30. Definição: Seja y = f ( x ) uma função e xo um ponto do seu domínio. A derivada à esquerda de f em xo , denotada por f − ' ( xo ) é definida por f (x ) − f (xo ) f − ' ( xo ) = lim− . x → xo x − xo Uma função é derivável num ponto quando as derivadas laterais (a direita e a esquerda) existem e são iguais neste ponto. Exemplo 21. Considere a função f ( x ) = x + 1 . Mostre que esta função é contínua no ponto x = −1 mas não é derivável neste ponto. f é contínua neste ponto pois lim f ( x ) = lim x + 1 = − 1 + 1 = 0 = 0 = f (− 1) . x → −1 x → −1  x + 1, x > −1  Sabemos que f ( x ) = x + 1 = − x − 1, x < −1 . Vamos calcular f ' (− 1) : 0 , x = −1  f ( x ) − f (− 1) x +1−0 x+1 f + ' (− 1) = lim+ = lim+ = lim+ = lim+ (1) = 1 . x → −1 x+1 x → −1 x+1 x → −1 x + 1 x → −1 f ( x ) − f (− 1) − x −1−0 − ( x + 1) f − ' (− 1) = lim− = lim− = lim− = lim− (− 1) = −1 . x → −1 x+1 x → −1 x+1 x → −1 x+1 x → −1 Como as derivadas laterais são distintas concluímos que não existe f ' (− 1) . Veja o gráfico da função f ( x ) = x + 1 . Não existe reta tangente ao gráfico desta função no ponto x0 = −1 . Obs.: Quando as derivadas laterais existem e são diferentes num ponto, dizemos que este é um ponto anguloso do gráfico da função. Neste caso, não existe reta tangente num ponto anguloso. No exemplo acima a função f ( x ) = x + 1 tem um ponto anguloso em x = −1 . Atividades (grupo 17). Verifique se a função abaixo tem derivada no ponto xo . Este ponto é anguloso? Esboce o gráfico da função e constate.  1 − x , x > 0 2  2  x + x + 1, x > 0 a) f ( x ) =  x no ponto x o = 0 . b) g ( x ) =  x no ponto x o = 0 . e , x ≤ 0  e , x ≤ 0  Álvaro Fernandes 30
  • 31. Regras de derivação Vamos apresentar algumas regras que irão facilitar o cálculo das derivadas das funções sem recorrer a definição. 1. Derivada de uma função constante. Se f ( x ) = c , c é uma constante real, então f ' ( x ) = 0 . f ( x + ∆x ) − f ( x ) c−c f ' ( x ) = lim = lim = lim 0 = 0 . ∆x →0 ∆x ∆x →0 ∆x ∆x → 0 2. Derivada da função potência. Se n é um inteiro positivo e f ( x ) = x n , então f ' ( x ) = nx n −1 . f ( x + ∆x ) − f ( x ) (x + ∆x ) − x n n Prova: f ( x ) = lim ' = lim ∆x →0 ∆x ∆x → 0 ∆x Usando o Binômio de Newton para expandir ( x + ∆x ) , obtemos n  n n(n − 1) n − 2 n  x + nx ∆x + 2! x (∆x ) + ... + nx(∆x ) + (∆x )  − x n −1 2 n −1 n f ' ( x ) = lim   = ∆x →0 ∆x  n(n − 1) n − 2 n −1  x (∆x ) + ... + nx(∆x ) + (∆x )  n−2 ∆x nx n −1 +  2! = = lim ∆x →0 ∆x  n(n − 1) n − 2 n −1  x (∆x ) + ... + nx(∆x ) + (∆x )  = nx n −1 . n−2 = lim nx n −1 + ∆x →0  2!  Exemplo 22. Calcule as derivadas das funções abaixo: a) f ( x ) = x b) f ( x ) = x 2 c) f ( x ) = x 5 a) f ( x ) = x 1 ⇒ f ' (x ) = 1x 1−1 = 1 . Logo f ' ( x ) = 1 . b) f ( x ) = x 2 ⇒ f ' ( x ) = 2 x 2 −1 = 2 x . Logo f ' ( x ) = 2 x . c) f ( x ) = x 5 ⇒ f ' ( x ) = 5 x 5 −1 = 5 x 4 . Logo f ' (x ) = 5 x 4 . Obs.: Se n for um número inteiro negativo ou racional o resultado contínua válido. Atividades (grupo 18). 1. Mostre, usando a regra e a definição, que a derivada da função f ( x ) = x −1 é f ' ( x ) = − x −2 . 1 2. Mostre, usando a regra e a definição, que a derivada da função f ( x ) = x é f ' ( x ) = . 2 x Álvaro Fernandes 31
  • 32. 3. Derivada do produto de uma constante por uma função. Se f ( x ) é uma função derivável e c é uma constante real, então a função g ( x ) = cf ( x ) tem derivada dada por g' ( x ) = cf ' ( x ) . g ( x + ∆x ) − g ( x ) cf ( x + ∆x ) − cf ( x ) c[ f ( x + ∆x ) − f ( x )] Prova: g´ ( x ) = lim = lim = lim = ∆x →0 ∆x ∆x →0 ∆x ∆x →0 ∆x f ( x + ∆x ) − f ( x ) = c ⋅ lim = cf ´ ( x ) . ∆x →0 ∆x Exemplo 23. Se f ( x ) = 5 x 3 então f ' ( x ) = 5 3 x 2 = 15 x 2 .( ) 4. Derivada de uma soma de funções. Se f ( x ) e g ( x ) são função deriváveis, então a função h( x ) = f ( x ) + g ( x ) tem derivada dada por h' ( x ) = f ' ( x ) + g' ( x ) . Pesquise a demonstração deste resultado num livro de cálculo. Exemplo 24. Se f ( x ) = 4 x 3 + 3 x 2 − x + 5 então f ' ( x ) = 12 x 2 + 6 x − 1 . 5. Derivada de um produto de funções. Se f (x ) e g ( x ) são função deriváveis, então a função h( x ) = f (x ) ⋅ g ( x ) tem derivada dada por h' ( x ) = f ' (x ) ⋅ g ( x ) + f ( x ) ⋅ g' ( x ) . Pesquise a demonstração deste resultado num livro de cálculo. Exemplo 25. ( ) ( ) ( ) Se f ( x ) = x 3 − x (2 − x ) então f ' ( x ) = 3 x 2 − 1 (2 − x ) + x 3 − x (0 − 1) = −4 x 3 + −6 x 2 + 2 x − 2 . 6. Derivada de um quociente de funções. f (x ) Se f (x ) e g ( x ) são função deriváveis, então a função h( x ) = tem derivada dada por g (x ) f ' ( x ) ⋅ g ( x ) − f ( x ) ⋅ g' ( x ) h' ( x ) = . [g (x )]2 Pesquise a demonstração deste resultado num livro de cálculo. Exemplo 26. Se f (x ) = 5x2 − 8 então f ' ( x ) = ( ) (10 x ) ⋅ (2 x ) − 5 x 2 − 8 ⋅ (2 ) = ... = 5 x 2 + 8 . 2x 4x2 2x2 Álvaro Fernandes 32
  • 33. Atividades (grupo 19). 1. Usando as regras de derivação, calcule as derivadas das funções abaixo: a) f ( x ) = x −2 + 3 x + 1 . b) f ( x ) = x 8( ) (x + 3) . ( ) c) f ( x ) = 3 x 4 + x (6 − x ) . 5x − 3 3 ( ) d) f ( x ) = x 2 − 3 2 x 3 . e) f ( x ) = 2 + x. f) f ( x ) = x 1 4 (2 − x ) . 2x g) f ( x ) = x x+1 + x −2 + 6 . h) f ( x ) = x −2 . ( i) f ( x ) = 4 x 3 1 − x 2 . ) 2. Determine os valores das constantes a e b na parábola f (x ) = ax 2 + b de modo que a reta de equação y = 8 x + 4 seja tangente a parábola no ponto x = 2 . Derivada da função composta (Regra da cadeia) Até o momento sabemos derivar a função g ( x ) = x 3 e também a função f ( x ) = 2 x + 1 . Considere agora a função composta gof ( x ) = g ( f ( x )) = (2 x + 1) . Como poderemos obter a derivada 3 da função composta gof ( x ) sem desenvolver o Binômio? A regra que veremos agora estabelece uma forma de obter a derivada da função composta em termos das funções elementares f e g. Regra da cadeia dy du Se y = g (u ) , u = f ( x ) e as derivadas e existem, então a função composta du dx y = gof ( x ) = g ( f ( x )) tem derivada dada por dy dy du = ⋅ ou y´ ( x ) = y´ (u ) ⋅ u´ ( x ) ou gof ´ ( x ) = g´ ( f ( x )) ⋅ f ´ ( x ) . dx du dx As três formas acima são equivalentes, mudam apenas as notações. Exemplo 27. Calcule a derivada das funções abaixo: 5  x  a) y = (2 x + 1) 3 b) y = 5 x + 3 c) y =    1 − 3x  Para calcular a derivada dessas funções, precisamos identificar as funções elementares y = g (u ) e u = f ( x ) (cujas derivadas conhecemos) que formam a função composta e aplicar a regra. a) y = (2 x + 1) 3 y = u3  u = 2 x + 1 Então y´ (x ) = y´ (u ) ⋅ u´ (x ) ⇒ y´ ( x ) = 3u 2 ⋅ 2 = 3(2 x + 1) ⋅ 2 = 6 (2 x + 1) . 2 2 Logo y´ ( x ) = 6 (2 x + 1) . 2 Álvaro Fernandes 33
  • 34. b) y = 5 x + 3 y = u  u = 5 x + 3 1 5 5 Então y´ ( x ) = y´ (u ) ⋅ u´ ( x ) ⇒ y´ ( x ) = ⋅ (5 ) = . Logo y´ ( x ) = . 2 u 2 5x + 3 2 5x + 3 5  x  c) y =    1 − 3x  y = u5   x u =  1 − 3x  (1)(1 − 3 x ) − ( x )(− 3 )  Então y´ ( x ) = y´ (u ) ⋅ u´ ( x ) ⇒ y´ ( x ) = 5u 4 ⋅  =  (1 − 3 x )2   x   (1)(1 − 3 x ) − ( x )(− 3)  4 5x4 = 5  ⋅  = .  1 − 3x   (1 − 3 x )2  (1 − 3 x )6 5x4 Logo y´ ( x ) = . (1 − 3 x )6 Proposição: Se f ( x ) é uma função derivável e n é um número inteiro não nulo, então d [ f (x )]n = n[ f (x )]n−1 . f ´ (x ) dx Prova: Fazendo y = u n , onde u = f ( x ) e aplicando a regra da cadeia, temos y´ ( x ) = y´ (u ) ⋅ u´ ( x ) ⇒ y´ ( x ) = nu n −1 ⋅ f ´ ( x ) ⇒ y´ ( x ) = n[ f ( x )] ⋅ f ´ (x ) . n −1 A proposição continua válida se n for um número racional não nulo. Exemplo 28. Calcule a derivada da função y = 4 ⋅ 3 1 + x − x 3 . Podemos escrever y = 4 1 + x − x 3 ( )13 e calcular a derivada usando a proposição acima: y´ ( x ) = 4 ⋅ 1 3 (1 + x − x3 ) −2 3 ( ⋅ 1 − 3x 2 .) Obs: Com a regra da proposição acima poderíamos calcular todos os exercícios do exemplo 27. Mas a regra da cadeia é mais completa, ela possibilitará a resolução de outros problemas mais complicados... Álvaro Fernandes 34