SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 8
Baixar para ler offline
newsletter
                          Ano 6 - Setembro 2011 - N°29 - Publicação ABD - Associação Brasileira de Designers de Interiores




   Constante expansão de mercado
         atrai profissionais
Impulsionados pela estabilidade da economia, shopping centers se
 espalham pelas cidades do interior e se consolidam como frente
       de trabalho para Arquitetos e Designers de Interiores.
                                 ....................




                                                                                         ....................




| Entrevista |                                          | Varejo |                                       | Associados |
Fernando Jaeger revela                                  Confira como valorizar a emoção                      Como deixar seu projeto mais
como atuar na profissão sem                              dos consumidores nesses                             sustentável e destacar essa
prejudicar a natureza. | pág 3                          tipos de projetos. | pág 7                          importância para o cliente? | pág 8
| Agenda ABD |                                                                          | Conexão ABD |



                                                    Comemoração: Dia do Designer de Interiores
       Outubro                                      A ABD MG preparou algumas atividades para celebrar o dia do
                                                    Designer de Interiores. No dia 27 de outubro será feita uma visita
                                                    orientada a exposição “ROMA – A VIDA E OS IMPERADORES”, que
                                                    apresenta a história e vida dos imperadores e do povo de Roma,
           Palestra ABD: Como projetar              através da arte, arquitetura, conquistas e opulência do Império.
           clínicas odontológicas                   Após a visita, todos os associados podem participar da palestra
           04/10 – Curitiba                         “Arte e poder”. Ministrada por Paolo Liverani, da Universidade de
           18/10 – Belo Horizonte                   Florença, que abordará a arte romana e sua função política durante
.................................................   o período imperial.
           Encontro ABD:
           Coletivo MUDA e a transformação          Design no Brasil é visto pelo mundo
           de áreas antes abandonadas               A Espasso, galeria em Nova York de Carlos Junqueira, é especializada
           em espaços lúdicos e alegres             em design brasileiro e realiza até o final de outubro uma exposição
           04/10 – Rio de Janeiro                   dedicada à produção recente e aos modelos clássicos da marca Etel,
.................................................   pela celebração das várias gerações do design nacional. O evento con-
           Morar Mais Por Menos                     ta com a presença de Arthur Casas, Isay Weinfeld, Jorge Zalszupin,
                                                    Etel Carmona entre outros. Após a mostra, as peças mais importantes
           06/10 a 15/11 – Curitiba
                                                    serão movidas para a coleção permanente da galeria, que pretende
           26/10 a 04/12 – Brasília                 contar a história do design moderno brasileiro.
.................................................
           Palestra: Rocco, Vidal +
           Arquitetos: Arquitetando
           19/10 – São Paulo
.................................................
           Palestra: ABC Design Inspira
           com Javier Mariscal
           24/10 – Curitiba
           26/10 – São Paulo
           27/10 – Rio de Janeiro
.................................................
           Conferência Façades Brazil               A arte do design
           25 e 26/10 – São Paulo
.................................................   O Museu de Arte de Tel Aviv, em Israel, inaugura em novembro um
           1º Design Fórum Inovação                 novo espaço: a galeria Herta & Paul Amir Building. Dedicado ao
           A potencialização do seu negócio         modernismo e em formato espiral, o projeto foi idealizado pelo ar-
                                                    quiteto norte americano Preston Scott Conhen que soube utilizar
           26/10 – São Paulo
.................................................   ao máximo o espaço com cerca de 19.000 m², mesmo sendo irregu-
                                                    lar. Painéis triangulares de concreto formam de maneira geométrica
           Congresso Internacional de               seis andares pivotantes, encobertos por um alto telhado de vidro e
           Arquitetura e Design (CAD)               um átrio central. Para a sua abertura, a galeria receberá uma ex-
           27 e 28/10 – Porto Alegre                posição do pintor e escultor Anselm Kiefer.
.................................................
           Palestra: ABC Design na prática
           com Javier Mariscal
           28 e 29/10 – Rio de Janeiro




       www.abd.org.br                                                                                                 2
| Entrevista |


Aumento do consumo x Design sustentável
Fernando Jaeger revela como não agredir o meio ambiente

A utilização de matérias primas renováveis e o reuso de itens
descartados no processo de fabricação são algumas formas
de contribuir para a preservação de recursos naturais. Confira
uma entrevista exclusiva com o designer Fernando Jaeger, re-
conhecido pelos traços limpos e enxutos, aliados a um modelo
artesanal de produção que prioriza o uso de diversos tipos de
madeiras de reflorestamento e outras técnicas de sustentabi-
lidade. Jaeger é formado em Desenho Industrial pela UFRJ e
já recebeu premiações importantes da área, como o “Prêmio
Planeta Casa 2008”, com a Poltrona Theo, a “Menção Ibama
Profissional” (2006), do Salão Design Movelsul, com a Pol-
trona Trama, o prêmio “Brasil Faz Design“ (2002), “Movesp/
Ibama” (1992) e o “Movesp Design” (1991).


                                                                 Fernando Jaeger
Muita coisa mudou no cenário do design
brasileiro. Há pouco tempo o que vinha de
fora era mais valorizado. Quais foram suas as
maiores dificuldades no início da carreira?                      suas moradias com frequência. Temos também inúmeros
                                                                blogs, sites e revistas de decoração fomentando esse mercado.
As maiores dificuldades ainda são as mesmas: desenvolver
design e produzir no Brasil. Embora o design brasileiro seja    Recentemente, você expôs algumas peças no
mais valorizado atualmente, não são todos os profissionais       Museu Belas Artes, com o tema “Cor, materi-
que conseguem produzir em escala. Muitas vezes a produção       alidade e sustentabilidade”. De que forma o
é artesanal, de poucas peças e a preços elevados. Em outros     projeto de Design de Interiores pode ser eco-
casos, os produtos são industrializados no exterior.            logicamente correto?
Qual o grau de importância em contextualizar                    Temos hoje que repensar vários conceitos, como por exem-
os profissionais de Design de Interiores em re-                  plo, não nos deixar levar por modismos. É muito comum se
lação às questões sociais e econômicas do Bra-                  eleger certos materiais e soluções que são usados em ex-
sil? Ao se deparar com questões como o cres-                    cesso e que cansam logo. O projeto logo fica “datado”, perde
cimento do poder aquisitivo da classe C, por                    valor rapidamente, e logo têm-se que reformar o ambiente,
exemplo, o que muda em um projeto de Design?                    gerando desperdício. Também é muito importante criarmos
                                                                ambientes agradáveis, com boa circulação, fazer uso de ven-
O crescimento da classe C já proporcionou reflexos no en-        tilação e iluminação natural, e escolher materiais duráveis e
foque de várias redes de lojas de decoração, sem dúvida.        não descartáveis.
Agora precisamos desenvolver um design de melhor quali-
dade para ela, o que não significa necessariamente produ-        O Brasil possui recursos naturais diversificados.
tos caros, mas sim produtos bonitos, de boa qualidade e que     Qual a melhor forma de utilizá-los em um pro-
cumpram bem sua função.                                         jeto de design, sem agredir o meio ambiente?
Em sua opinião, a que se deve a crescente                       Pensando em projetar produtos que sejam duráveis, fazen-
procura pelo curso de Design de Interiores?                     do uso racional das matérias primas e evitando desperdí-
                                                                cios. Além disso, é preciso procurar utilizar matérias primas
Temos um boom imobiliário e pessoas valorizando mais o          renováveis, como madeira de reflorestamento e de manejo
“morar bem”. Antigamente montava-se a casa uma vez, para        sustentável, e economizar nos processos, gerando economia
toda a vida, mas hoje em dia as pessoas gostam de renovar       de energia, água, combustível etc.

www.abd.org.br                                                                                                            3
| Mercado |


Um mercado em constante expansão
Shopping Centers se espalham pelo interior do Brasil




Com a indústria e varejo de shoppings em pleno cresci-          Histórico
mento, graças à estabilidade da economia e à preferência
de lojistas e empreendedores em investir neste mercado,         O primeiro shopping inaugurado no Brasil, em 1966, foi o
Arquitetos e Designers de Interiores têm novas frentes de       Iguatemi em São Paulo. Desde então, esse setor invadiu
trabalho a agregar em suas carreiras. Fachadas, vitrines,       capitais e cidades do interior e apresentou um crescimen-
quiosques, iluminação. São inúmeras as oportunidades de         to impressionante em termos de Área Bruta Locável (ABL),
                                                                faturamento e empregos gerados (720 mil funcionários). O
um mercado que não para de crescer.
                                                                número de shoppings existentes no Brasil é de 416, totali-
                                                                zando uma ABL de 9.733.304 m². A participação desse setor
Até 2012, 56 novos shoppings devem ser inaugurados no
                                                                representa aproximadamente 18% do volume de vendas do
país, segundo a Abrasce (Associação Brasileira de Shopping
                                                                mercado de varejo, indicador ainda baixo, se comparado aos
Centers). Desse número, 36 estarão em cidades com menos         percentuais de 70%, nos Estados Unidos, e 35% na Europa.
de 1 milhão de habitantes, que se tornam atrativas diante da
falta de terrenos amplos e baratos nos grandes centros, e do    Mais espaços, mais trabalho
crescimento de consumidores com o avanço da classe C. De
acordo com o censo realizado pelo Ibope a pedido da Alshop      Os grandes centros de compras atraem tantas pessoas pela
(Associação Brasileira de Lojistas de Shopping), até 2013 es-   possibilidade de reunir, em um só local, tudo que eles pre-
tão previstos 16 novos empreendimentos em Bauru, Jundiaí,       cisam. Lojas de roupas, jóias e calçados. Bancos, cinemas
São Bernardo do Campo, São José dos Campos, Sorocaba e          e restaurantes. O consumidor aproveita para fazer compras
                                                                enquanto passeia por corredores cada vez mais aconchegan-
Taubaté, contra nove unidades na capital paulista.
                                                                tes e arborizados.
De acordo com Virgínia Portugal (RJ) arquiteta com MBA em
                                                                Segundo Virgínia, para o sucesso do projeto é necessário que o
Gestão de Shopping Centers, é necessário ter experiência
                                                                cliente expresse muito bem o programa, as áreas necessárias
para atuar nesse setor. “Cada metro quadrado precisa ser        para cada tipo de operação comercial e as etapas em que
rentabilizado, ao mesmo tempo o cliente do produto final         pretende construir. “As diversas áreas: arquitetura, estrutu-
deve se sentir acolhido para retornar sempre. O projeto deve    ra, instalações, iluminação, paisagismo, impermeabilização,
ser de forma que seu custo operacional seja compatível com      tráfego, ambientação interna, precisam estar compatíveis
o valor de condomínio que os lojistas podem arcar”.             ente si. Desta forma os profissionais devem se reportar fiel-
                                                                mente ao coordenador da equipe, procurando o conjunto”.

www.abd.org.br                                                                                                            4
O arquiteto Renan Medau (SP) tem em seu portfólio proje-
tos para lojas de shoppings, como por exemplo: Timberland
do Shopping Unicenter (Buenos Aires) e da Timberland do
Shopping Alto Las Condes (Santiago), além dos projetos das
lojas da marca Pólo Ralph Lauren. Com essa experiência,
ele descreve as etapas de realização desse tipo de projeto:
“Conhecimento das necessidades do cliente, elaboração de
estudos preliminares, aprovação do projeto pelo cliente e
pelo shopping, encaminhamento do projeto de arquitetura
para os projetos complementares de elétrica, ar condicio-
nado etc. Após esta etapa de projetos, vem a execução da
obra e o acompanhamento pelo arquiteto”.

                                                                     Renan Medau - Loja Pólo Ralph Lauren do Shopping Jardim Sul
                                                                     O arquiteto desenvolveu todos os projetos dessa franquia no Brasil
                                                                     entre 1988 e 2001. O estilo adotado foi o inglês, com bastante uso
                                                                     de madeira, materiais nobres no piso, como mármore italiano e
                                                                     iluminação com luzes de tom quente, incandescentes e dicróicas.




                                                                     Conforme Alessandra Souza (RJ), arquiteta, a principal eta-
                                                                     pa é a concepção do projeto, quando se define o padrão do
                                                                     empreendimento. Para isso o profissional deve estar atento
                                                                     às inovações de mercado em vários aspectos, como ilumi-
                                                                     nação e design. “Podemos apontar como um erro fatal a
                                                                     concepção de uma loja sem o conhecimento profundo sobre
                                                                     a funcionalidade exigida pelo tipo de negócio, ou mesmo
                                                                     a idealização de um espaço sem respeitar os limites finan-
                                                                     ceiros do cliente – o que pode gerar a execução incompleta
                                                                     do projeto ou, até mesmo, torná-lo inviável”.


Alessandra Souza – Loja Versuz do Boulevard São Gonçalo Shopping
O arquiteto desenvolveu todos os projetos dessa franquia no Brasil
entre 1988 e 2001. O estilo adotado foi o inglês, com bastante uso
de madeira, materiais nobres no piso, como mármore italiano e
iluminação com luzes de tom quente, incandescentes e dicróicas.


O marketing das vitrines
Se os shopping centers são lugares de compras, as lojas
devem atrair consumidores para essa finalidade. De acordo
com o arquiteto Américo Parlato (SP), para elaborar o projeto
de uma loja é fundamental um conhecimento básico de mar-
keting e merchandising. “O projeto ajuda a expor e vender
um produto e a arquitetura tem um papel importante na fixa-
ção e valorização da marca. Uma questão fundamental é a
exposição dos produtos, portanto o design dos expositores
e a iluminação devem ser tratados de maneira muito cui-
dadosa, alinhados com a dinâmica de vendas. A exposição
da marca também deve ser tratada com o mesmo cuidado
com letreiros e luminosos atraentes e bem distribuídos”, diz.

                                                                     Américo Parlato - Loja Éden do Shopping Anália Franco
                                                                     A área de vendas conta com 100 m² e um mezanino de 33 m²,
                                                                     que acomoda o estoque e uma área de atendimento para aplica-
                                                                     ção de maquiagem. O design é clean para que as embalagens e
                                                                     as imagens promocionais compusessem o visual com uma tex-
                                                                     tura de cores impactante.


www.abd.org.br                                                                                                                      5
Um caso de sucesso
Há 16 anos, Virgínia Portugal e seu escritório Viável Arquite-
tura, com sede no Rio de Janeiro, desenvolvem o projeto do
Shopping Center Uberaba. Quando o primeiro empreendedor
a procurou, ainda não tinha fechado as parcerias que viabi-
lizariam financeiramente a empreitada. Então, foi elaborado
o primeiro estudo para que ele convencesse os sócios a in-
vestirem. Com o grupo de investidores formado, em 1999 foi
inaugurada a primeira etapa com 19.000 m². Em 2005 foi
implantada a segunda etapa, com mais 7.000 m² e no final de
2011 será inaugurada a terceira etapa, que totalizará 37.000         Virgínia Portugal
m², com mais 14.000 m² de subsolo para estacionamento.

Segundo ela, os empreendedores consideram o projeto tão bem sucedido que não querem mexer em nada, contudo a ambienta-
ção deve ser renovada a cada cinco anos para que os clientes percebam as novidades e se sintam mais atraídos.

“Trabalhamos com o estilo contemporâneo que se adapte bem à localidade. Cada região tem sua cultura e influência arquitetônica
e, por isso, devemos analisá-la para que os futuros clientes se sintam confortáveis e familiarizados dentro do prédio”, completa.




                                                           1997




                                                            2005




                                                            2011
www.abd.org.br                                                                                                                6
| Varejo |


Arquitetura de Interiores no varejo:
valorizar a emoção dos consumidores




Sentar-se em um sofá para descobrir se é confortável ou não.              que podem ser classificados como: iniciantes, experimenta-
Experimentar o toque de um tecido. Sentir o efeito de uma ilu-            dores ou que buscam a convivência.
minação. Nada substitui o contato direto do consumidor com o
produto quando o assunto é decoração.                                     Ambiente
                                                                          Visitar uma loja é um programa. Nela, a exposição de produ-
A Internet será mais uma mídia para informação e seleção de               tos e a interatividade com imagens permitem que os clientes
marcas. Mas, para decidir a compra, o consumidor vai querer
                                                                          troquem experiências e recebam orientações.
ver, ouvir e sentir tudo sobre o produto desejado.

Quando um Arquiteto ou Designer de Interiores projeta uma loja,           O vendedor agora é um consultor, um animador, um estimulador.
deve buscar proporcionar uma experiência estimuladora para
os consumidores. Uma loja com arquitetura ambiental adequa-               A organização das lojas obedece a um perfil associado aos
da apresenta características bem definidas:                                comportamentos de compras dos clientes. As lojas de deco-
                                                                          ração, por exemplo, podem ser divididas em três grandes gru-
a) Seus ambientes devem ser criativos e sugestivos.                       pos: tradicional, fashion e vanguarda. Esse posicionamento
                                                                          determina muitos aspectos do projeto.
b) O projeto precisa facilitar a troca constante dos produtos expostos.

c) A tecnologia da informática está cada vez mais presente aju-              Tradicional
dando a dar vida aos espaços imaginados pelos clientes. Uma                  • Produtos mais seriados
imagem do ambiente a ser decorado, muita imaginação e a                      • Variação mínima
ajuda de um consultor são elementos fundamentais. A infor-                   • Bom acabamento
mática permite visualizar as soluções.                                       • Produtos com muito conforto
                                                                             • Design clássico ou contemporâneo
Essa necessidade de experimentar transforma o processo de
decisão de compra que será ainda mais lento. Mas as pessoas
                                                                             Fashion
querem investir tempo em pesquisar alternativas.
                                                                             • Baixos volumes
O perfil da Loja de sucesso                                                   • Muita diferenciação
                                                                             • Design atual e jovem
Objetivo                                                                     • Forte apelo para o natural e o tecnológico
Proporcionar uma experiência agradável para seus visitantes,

www.abd.org.br                                                                                                                      7
ABD Newsletter é uma publicação mensal da Associação Brasileira de Designers de Interiores para seus
                 associados. Al. Casa Branca, 652 - cjs 71 e 72 - São Paulo - SP - Cep 01408-000 - Tel/Fax: (11) 3064-6990.
                 Editado pela Ricardo Botelho Marketing S/C Ltda. Jornalista Responsável: Ricardo J. Botelho (Mtb 12.525).
                 Redação: Andressa Luz e Joyce Cristina. Direção de Arte: Felipe L.M. Lenzi.


 | Associados |


Sustentabilidade: um desafio contemporâneo
Qual a importância de especificar produtos ecologicamente corretos
e conscientizar clientes para que isso se torne uma prática constante?
Um tema atual e bastante discutido. A sustentabilidade é o
conjunto de práticas que diminuem os impactos das atividades
prejudiciais ao meio ambiente. Segundo Marília Chamoun
(ABD-ES), essa tendência é irreversível. “Cada vez mais os
consumidores conscientes forçam as empresas a fabricarem
produtos adequados, em alguns países os consumidores até
mesmo boicotam produtos que degradam o meio ambiente”.

                                                                   Algumas atitudes podem mudar um projeto de design e ade-
                                                                   quá-lo a essas necessidades. De acordo com Priscila Iglesias
                                                                   (ABD-SP), a preocupação com o meio ambiente é uma das
                                                                   responsabilidades do Designer de Interiores. “O acesso que
                                                                   temos às informações técnicas dos produtos, através dos for-
                                                                   necedores e prestadores de serviços, nos permite especificar
                                                                   materiais e acabamentos ecologicamente corretos”.


“É melhor mexer no projeto do que na obra”
Com essa declaração, Gabriella Saback e Ana Paula Munhoz
(ABD-GO) destacam a importância de pensar “verde” antes de o
projeto sair do papel, para evitar desperdícios no presente e no
futuro. “Buscamos fugir de modismos, de materiais que possam
fazer o cliente enjoar rápido do ambiente. Nossos projetos são
atemporais e sempre de fácil manutenção, para que não sejam
casas descartáveis e sim para a família durante toda vida”.


Aplicando o conceito
O profissional tem à disposição algumas formas de harmonizar o projeto com a natureza, tais como: uso de materiais re-
ciclados, de alta durabilidade e de empresas certificadas, energia solar, irrigação, aproveitamento da água da chuva e da
iluminação natural, lâmpadas de led, válvulas de descarga com fluxo duplo e tintas à base d’água – que deixam o ambiente
naturalmente mais claro. Mas, também é preciso especificar produtos de fácil manutenção e limpeza, para deixar o dia a dia
da casa sustentável. “De nada adianta ter essa atitude, se na hora da limpeza for preciso utilizar materiais agressivos em
dosagens absurdas”, dizem Gabriella e Ana Paula.

O conjunto de ações em prol do meio ambiente é vital para o
equilíbrio do planeta e “representa um verdadeiro dever cívi-
co e um real exercício de cidadania. A conscientização dos
nossos clientes é uma consequência necessária e natural
desta postura”, revela Alberto Sauro (ABD-SP).

www.abd.org.br                                                                                                              8

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Design historia
Design historiaDesign historia
Design historiaEtna
 
Teoria da criatividade oficina e palestra
Teoria da criatividade  oficina e palestraTeoria da criatividade  oficina e palestra
Teoria da criatividade oficina e palestraPaulo Cardoso II
 
DE OLHO NO FUTURO: novidades e tendências 2013
DE OLHO NO FUTURO: novidades e tendências 2013DE OLHO NO FUTURO: novidades e tendências 2013
DE OLHO NO FUTURO: novidades e tendências 2013Camila Márcia Contato
 
História do Design - Apresentação - Hd00
História do Design - Apresentação - Hd00História do Design - Apresentação - Hd00
História do Design - Apresentação - Hd00Valdir Soares
 
Projeto 21. Aula 01: 1. Design, A Palavra; 2. O Conceito; 3. A Historia; 4. D...
Projeto 21. Aula 01: 1. Design, A Palavra; 2. O Conceito; 3. A Historia; 4. D...Projeto 21. Aula 01: 1. Design, A Palavra; 2. O Conceito; 3. A Historia; 4. D...
Projeto 21. Aula 01: 1. Design, A Palavra; 2. O Conceito; 3. A Historia; 4. D...Francisco Gómez Castro
 
Casa design 2014
Casa design 2014Casa design 2014
Casa design 2014casadesign
 
DESIGN DE INTERIORES - UNID I INTRODUÇÃO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA
DESIGN DE INTERIORES - UNID I INTRODUÇÃO E EVOLUÇÃO HISTÓRICADESIGN DE INTERIORES - UNID I INTRODUÇÃO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA
DESIGN DE INTERIORES - UNID I INTRODUÇÃO E EVOLUÇÃO HISTÓRICALuciana Santos
 
Definições contemporâneas de design
Definições contemporâneas de designDefinições contemporâneas de design
Definições contemporâneas de designangelicaferraz
 
Curriculo 2017 pacard limpo
Curriculo 2017 pacard limpoCurriculo 2017 pacard limpo
Curriculo 2017 pacard limpoPaulo Cardoso II
 
O design surgiu no século xix
O design surgiu no século xixO design surgiu no século xix
O design surgiu no século xixFrancisco_98
 
Apresentação_Identidade cultural gaúcha aplicada no desenvolvimento de uma li...
Apresentação_Identidade cultural gaúcha aplicada no desenvolvimento de uma li...Apresentação_Identidade cultural gaúcha aplicada no desenvolvimento de uma li...
Apresentação_Identidade cultural gaúcha aplicada no desenvolvimento de uma li...Rosimeri Pichler
 
Curriculo j.redig 2011 (descritivo 2págs)
Curriculo j.redig 2011 (descritivo  2págs)Curriculo j.redig 2011 (descritivo  2págs)
Curriculo j.redig 2011 (descritivo 2págs)+ Aloisio Magalhães
 
Curriculo j redig 2011 (listado 2págs)
Curriculo j redig 2011 (listado  2págs)Curriculo j redig 2011 (listado  2págs)
Curriculo j redig 2011 (listado 2págs)+ Aloisio Magalhães
 

Mais procurados (18)

Design historia
Design historiaDesign historia
Design historia
 
Teoria da criatividade oficina e palestra
Teoria da criatividade  oficina e palestraTeoria da criatividade  oficina e palestra
Teoria da criatividade oficina e palestra
 
DE OLHO NO FUTURO: novidades e tendências 2013
DE OLHO NO FUTURO: novidades e tendências 2013DE OLHO NO FUTURO: novidades e tendências 2013
DE OLHO NO FUTURO: novidades e tendências 2013
 
Design
Design Design
Design
 
História do Design - Apresentação - Hd00
História do Design - Apresentação - Hd00História do Design - Apresentação - Hd00
História do Design - Apresentação - Hd00
 
Projeto 21. Aula 01: 1. Design, A Palavra; 2. O Conceito; 3. A Historia; 4. D...
Projeto 21. Aula 01: 1. Design, A Palavra; 2. O Conceito; 3. A Historia; 4. D...Projeto 21. Aula 01: 1. Design, A Palavra; 2. O Conceito; 3. A Historia; 4. D...
Projeto 21. Aula 01: 1. Design, A Palavra; 2. O Conceito; 3. A Historia; 4. D...
 
Casa design 2014
Casa design 2014Casa design 2014
Casa design 2014
 
DESIGN DE INTERIORES - UNID I INTRODUÇÃO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA
DESIGN DE INTERIORES - UNID I INTRODUÇÃO E EVOLUÇÃO HISTÓRICADESIGN DE INTERIORES - UNID I INTRODUÇÃO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA
DESIGN DE INTERIORES - UNID I INTRODUÇÃO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA
 
Design Made in Brasil
Design Made in BrasilDesign Made in Brasil
Design Made in Brasil
 
Definições contemporâneas de design
Definições contemporâneas de designDefinições contemporâneas de design
Definições contemporâneas de design
 
Curriculo 2017 pacard limpo
Curriculo 2017 pacard limpoCurriculo 2017 pacard limpo
Curriculo 2017 pacard limpo
 
O design surgiu no século xix
O design surgiu no século xixO design surgiu no século xix
O design surgiu no século xix
 
Apresentação_Identidade cultural gaúcha aplicada no desenvolvimento de uma li...
Apresentação_Identidade cultural gaúcha aplicada no desenvolvimento de uma li...Apresentação_Identidade cultural gaúcha aplicada no desenvolvimento de uma li...
Apresentação_Identidade cultural gaúcha aplicada no desenvolvimento de uma li...
 
Aula 2
Aula 2Aula 2
Aula 2
 
História do design
História do designHistória do design
História do design
 
Curriculo j.redig 2011 (descritivo 2págs)
Curriculo j.redig 2011 (descritivo  2págs)Curriculo j.redig 2011 (descritivo  2págs)
Curriculo j.redig 2011 (descritivo 2págs)
 
Redesenho de sistemas
Redesenho de sistemasRedesenho de sistemas
Redesenho de sistemas
 
Curriculo j redig 2011 (listado 2págs)
Curriculo j redig 2011 (listado  2págs)Curriculo j redig 2011 (listado  2págs)
Curriculo j redig 2011 (listado 2págs)
 

Semelhante a Jornal ABD Setembro

Semana Desing e Decoração
Semana Desing e DecoraçãoSemana Desing e Decoração
Semana Desing e DecoraçãoMeio & Mensagem
 
Gestão em Design - Valor - 03
Gestão em Design - Valor - 03Gestão em Design - Valor - 03
Gestão em Design - Valor - 03Prof.Valdir Soares
 
Design de Móveis - Guia de Eventos 2º Semestre de 2013
Design de Móveis - Guia de Eventos 2º Semestre de 2013Design de Móveis - Guia de Eventos 2º Semestre de 2013
Design de Móveis - Guia de Eventos 2º Semestre de 2013lehrg12
 
Gestão em Design - Conceitos - 01
Gestão em Design - Conceitos - 01Gestão em Design - Conceitos - 01
Gestão em Design - Conceitos - 01Prof.Valdir Soares
 
Semana Design Rio
Semana Design RioSemana Design Rio
Semana Design Riooglobo
 
Cross fertilização para a inovação 2011
Cross fertilização para a inovação 2011Cross fertilização para a inovação 2011
Cross fertilização para a inovação 2011Mateus Mes
 
Design empresa-sociedade
Design empresa-sociedadeDesign empresa-sociedade
Design empresa-sociedaderamoneslid
 
Design empresa sociedade
Design empresa sociedadeDesign empresa sociedade
Design empresa sociedadeRodrigo Ollicom
 
Ideas sobre produtos projeto8 _11_07_2014_cce_nas design_gomez castro
Ideas sobre produtos projeto8 _11_07_2014_cce_nas design_gomez castroIdeas sobre produtos projeto8 _11_07_2014_cce_nas design_gomez castro
Ideas sobre produtos projeto8 _11_07_2014_cce_nas design_gomez castroFrancisco Gómez Castro
 
%40%40destaque maio-issuu (1)
%40%40destaque maio-issuu (1)%40%40destaque maio-issuu (1)
%40%40destaque maio-issuu (1)Claudiane Silva
 
Metodologia de Projeto - Design Conceitos - 1.0.BAI430
Metodologia de Projeto - Design Conceitos - 1.0.BAI430Metodologia de Projeto - Design Conceitos - 1.0.BAI430
Metodologia de Projeto - Design Conceitos - 1.0.BAI430Valdir Soares
 
Folder sanfonado morar brasil
Folder sanfonado morar brasilFolder sanfonado morar brasil
Folder sanfonado morar brasilBruna Lanzoni
 

Semelhante a Jornal ABD Setembro (20)

Jornal ABD agosto
Jornal ABD agostoJornal ABD agosto
Jornal ABD agosto
 
Jornal ABD Julho
Jornal ABD JulhoJornal ABD Julho
Jornal ABD Julho
 
Jornal ABD Maio
Jornal ABD MaioJornal ABD Maio
Jornal ABD Maio
 
Semana Desing e Decoração
Semana Desing e DecoraçãoSemana Desing e Decoração
Semana Desing e Decoração
 
Gestão em Design - Valor - 03
Gestão em Design - Valor - 03Gestão em Design - Valor - 03
Gestão em Design - Valor - 03
 
Design de Móveis - Guia de Eventos 2º Semestre de 2013
Design de Móveis - Guia de Eventos 2º Semestre de 2013Design de Móveis - Guia de Eventos 2º Semestre de 2013
Design de Móveis - Guia de Eventos 2º Semestre de 2013
 
Gestão em Design - Conceitos - 01
Gestão em Design - Conceitos - 01Gestão em Design - Conceitos - 01
Gestão em Design - Conceitos - 01
 
Semana Design Rio
Semana Design RioSemana Design Rio
Semana Design Rio
 
Cross fertilização para a inovação 2011
Cross fertilização para a inovação 2011Cross fertilização para a inovação 2011
Cross fertilização para a inovação 2011
 
Guia Design Weekend São Paulo 2014
Guia Design Weekend São Paulo 2014Guia Design Weekend São Paulo 2014
Guia Design Weekend São Paulo 2014
 
Ideas de productos - Fundamentos de design de produto. Richard Morris.
Ideas de productos - Fundamentos de design de produto. Richard Morris.Ideas de productos - Fundamentos de design de produto. Richard Morris.
Ideas de productos - Fundamentos de design de produto. Richard Morris.
 
Design empresa-sociedade
Design empresa-sociedadeDesign empresa-sociedade
Design empresa-sociedade
 
Design empresa sociedade
Design empresa sociedadeDesign empresa sociedade
Design empresa sociedade
 
Design empresa sociedade
Design empresa sociedadeDesign empresa sociedade
Design empresa sociedade
 
Semana Design Rio
Semana Design RioSemana Design Rio
Semana Design Rio
 
Ideas sobre produtos projeto8 _11_07_2014_cce_nas design_gomez castro
Ideas sobre produtos projeto8 _11_07_2014_cce_nas design_gomez castroIdeas sobre produtos projeto8 _11_07_2014_cce_nas design_gomez castro
Ideas sobre produtos projeto8 _11_07_2014_cce_nas design_gomez castro
 
%40%40destaque maio-issuu (1)
%40%40destaque maio-issuu (1)%40%40destaque maio-issuu (1)
%40%40destaque maio-issuu (1)
 
Metodologia de Projeto - Design Conceitos - 1.0.BAI430
Metodologia de Projeto - Design Conceitos - 1.0.BAI430Metodologia de Projeto - Design Conceitos - 1.0.BAI430
Metodologia de Projeto - Design Conceitos - 1.0.BAI430
 
Folder sanfonado morar brasil
Folder sanfonado morar brasilFolder sanfonado morar brasil
Folder sanfonado morar brasil
 
Trajetória Iconográfica
Trajetória IconográficaTrajetória Iconográfica
Trajetória Iconográfica
 

Jornal ABD Setembro

  • 1. newsletter Ano 6 - Setembro 2011 - N°29 - Publicação ABD - Associação Brasileira de Designers de Interiores Constante expansão de mercado atrai profissionais Impulsionados pela estabilidade da economia, shopping centers se espalham pelas cidades do interior e se consolidam como frente de trabalho para Arquitetos e Designers de Interiores. .................... .................... | Entrevista | | Varejo | | Associados | Fernando Jaeger revela Confira como valorizar a emoção Como deixar seu projeto mais como atuar na profissão sem dos consumidores nesses sustentável e destacar essa prejudicar a natureza. | pág 3 tipos de projetos. | pág 7 importância para o cliente? | pág 8
  • 2. | Agenda ABD | | Conexão ABD | Comemoração: Dia do Designer de Interiores Outubro A ABD MG preparou algumas atividades para celebrar o dia do Designer de Interiores. No dia 27 de outubro será feita uma visita orientada a exposição “ROMA – A VIDA E OS IMPERADORES”, que apresenta a história e vida dos imperadores e do povo de Roma, Palestra ABD: Como projetar através da arte, arquitetura, conquistas e opulência do Império. clínicas odontológicas Após a visita, todos os associados podem participar da palestra 04/10 – Curitiba “Arte e poder”. Ministrada por Paolo Liverani, da Universidade de 18/10 – Belo Horizonte Florença, que abordará a arte romana e sua função política durante ................................................. o período imperial. Encontro ABD: Coletivo MUDA e a transformação Design no Brasil é visto pelo mundo de áreas antes abandonadas A Espasso, galeria em Nova York de Carlos Junqueira, é especializada em espaços lúdicos e alegres em design brasileiro e realiza até o final de outubro uma exposição 04/10 – Rio de Janeiro dedicada à produção recente e aos modelos clássicos da marca Etel, ................................................. pela celebração das várias gerações do design nacional. O evento con- Morar Mais Por Menos ta com a presença de Arthur Casas, Isay Weinfeld, Jorge Zalszupin, Etel Carmona entre outros. Após a mostra, as peças mais importantes 06/10 a 15/11 – Curitiba serão movidas para a coleção permanente da galeria, que pretende 26/10 a 04/12 – Brasília contar a história do design moderno brasileiro. ................................................. Palestra: Rocco, Vidal + Arquitetos: Arquitetando 19/10 – São Paulo ................................................. Palestra: ABC Design Inspira com Javier Mariscal 24/10 – Curitiba 26/10 – São Paulo 27/10 – Rio de Janeiro ................................................. Conferência Façades Brazil A arte do design 25 e 26/10 – São Paulo ................................................. O Museu de Arte de Tel Aviv, em Israel, inaugura em novembro um 1º Design Fórum Inovação novo espaço: a galeria Herta & Paul Amir Building. Dedicado ao A potencialização do seu negócio modernismo e em formato espiral, o projeto foi idealizado pelo ar- quiteto norte americano Preston Scott Conhen que soube utilizar 26/10 – São Paulo ................................................. ao máximo o espaço com cerca de 19.000 m², mesmo sendo irregu- lar. Painéis triangulares de concreto formam de maneira geométrica Congresso Internacional de seis andares pivotantes, encobertos por um alto telhado de vidro e Arquitetura e Design (CAD) um átrio central. Para a sua abertura, a galeria receberá uma ex- 27 e 28/10 – Porto Alegre posição do pintor e escultor Anselm Kiefer. ................................................. Palestra: ABC Design na prática com Javier Mariscal 28 e 29/10 – Rio de Janeiro www.abd.org.br 2
  • 3. | Entrevista | Aumento do consumo x Design sustentável Fernando Jaeger revela como não agredir o meio ambiente A utilização de matérias primas renováveis e o reuso de itens descartados no processo de fabricação são algumas formas de contribuir para a preservação de recursos naturais. Confira uma entrevista exclusiva com o designer Fernando Jaeger, re- conhecido pelos traços limpos e enxutos, aliados a um modelo artesanal de produção que prioriza o uso de diversos tipos de madeiras de reflorestamento e outras técnicas de sustentabi- lidade. Jaeger é formado em Desenho Industrial pela UFRJ e já recebeu premiações importantes da área, como o “Prêmio Planeta Casa 2008”, com a Poltrona Theo, a “Menção Ibama Profissional” (2006), do Salão Design Movelsul, com a Pol- trona Trama, o prêmio “Brasil Faz Design“ (2002), “Movesp/ Ibama” (1992) e o “Movesp Design” (1991). Fernando Jaeger Muita coisa mudou no cenário do design brasileiro. Há pouco tempo o que vinha de fora era mais valorizado. Quais foram suas as maiores dificuldades no início da carreira? suas moradias com frequência. Temos também inúmeros blogs, sites e revistas de decoração fomentando esse mercado. As maiores dificuldades ainda são as mesmas: desenvolver design e produzir no Brasil. Embora o design brasileiro seja Recentemente, você expôs algumas peças no mais valorizado atualmente, não são todos os profissionais Museu Belas Artes, com o tema “Cor, materi- que conseguem produzir em escala. Muitas vezes a produção alidade e sustentabilidade”. De que forma o é artesanal, de poucas peças e a preços elevados. Em outros projeto de Design de Interiores pode ser eco- casos, os produtos são industrializados no exterior. logicamente correto? Qual o grau de importância em contextualizar Temos hoje que repensar vários conceitos, como por exem- os profissionais de Design de Interiores em re- plo, não nos deixar levar por modismos. É muito comum se lação às questões sociais e econômicas do Bra- eleger certos materiais e soluções que são usados em ex- sil? Ao se deparar com questões como o cres- cesso e que cansam logo. O projeto logo fica “datado”, perde cimento do poder aquisitivo da classe C, por valor rapidamente, e logo têm-se que reformar o ambiente, exemplo, o que muda em um projeto de Design? gerando desperdício. Também é muito importante criarmos ambientes agradáveis, com boa circulação, fazer uso de ven- O crescimento da classe C já proporcionou reflexos no en- tilação e iluminação natural, e escolher materiais duráveis e foque de várias redes de lojas de decoração, sem dúvida. não descartáveis. Agora precisamos desenvolver um design de melhor quali- dade para ela, o que não significa necessariamente produ- O Brasil possui recursos naturais diversificados. tos caros, mas sim produtos bonitos, de boa qualidade e que Qual a melhor forma de utilizá-los em um pro- cumpram bem sua função. jeto de design, sem agredir o meio ambiente? Em sua opinião, a que se deve a crescente Pensando em projetar produtos que sejam duráveis, fazen- procura pelo curso de Design de Interiores? do uso racional das matérias primas e evitando desperdí- cios. Além disso, é preciso procurar utilizar matérias primas Temos um boom imobiliário e pessoas valorizando mais o renováveis, como madeira de reflorestamento e de manejo “morar bem”. Antigamente montava-se a casa uma vez, para sustentável, e economizar nos processos, gerando economia toda a vida, mas hoje em dia as pessoas gostam de renovar de energia, água, combustível etc. www.abd.org.br 3
  • 4. | Mercado | Um mercado em constante expansão Shopping Centers se espalham pelo interior do Brasil Com a indústria e varejo de shoppings em pleno cresci- Histórico mento, graças à estabilidade da economia e à preferência de lojistas e empreendedores em investir neste mercado, O primeiro shopping inaugurado no Brasil, em 1966, foi o Arquitetos e Designers de Interiores têm novas frentes de Iguatemi em São Paulo. Desde então, esse setor invadiu trabalho a agregar em suas carreiras. Fachadas, vitrines, capitais e cidades do interior e apresentou um crescimen- quiosques, iluminação. São inúmeras as oportunidades de to impressionante em termos de Área Bruta Locável (ABL), faturamento e empregos gerados (720 mil funcionários). O um mercado que não para de crescer. número de shoppings existentes no Brasil é de 416, totali- zando uma ABL de 9.733.304 m². A participação desse setor Até 2012, 56 novos shoppings devem ser inaugurados no representa aproximadamente 18% do volume de vendas do país, segundo a Abrasce (Associação Brasileira de Shopping mercado de varejo, indicador ainda baixo, se comparado aos Centers). Desse número, 36 estarão em cidades com menos percentuais de 70%, nos Estados Unidos, e 35% na Europa. de 1 milhão de habitantes, que se tornam atrativas diante da falta de terrenos amplos e baratos nos grandes centros, e do Mais espaços, mais trabalho crescimento de consumidores com o avanço da classe C. De acordo com o censo realizado pelo Ibope a pedido da Alshop Os grandes centros de compras atraem tantas pessoas pela (Associação Brasileira de Lojistas de Shopping), até 2013 es- possibilidade de reunir, em um só local, tudo que eles pre- tão previstos 16 novos empreendimentos em Bauru, Jundiaí, cisam. Lojas de roupas, jóias e calçados. Bancos, cinemas São Bernardo do Campo, São José dos Campos, Sorocaba e e restaurantes. O consumidor aproveita para fazer compras enquanto passeia por corredores cada vez mais aconchegan- Taubaté, contra nove unidades na capital paulista. tes e arborizados. De acordo com Virgínia Portugal (RJ) arquiteta com MBA em Segundo Virgínia, para o sucesso do projeto é necessário que o Gestão de Shopping Centers, é necessário ter experiência cliente expresse muito bem o programa, as áreas necessárias para atuar nesse setor. “Cada metro quadrado precisa ser para cada tipo de operação comercial e as etapas em que rentabilizado, ao mesmo tempo o cliente do produto final pretende construir. “As diversas áreas: arquitetura, estrutu- deve se sentir acolhido para retornar sempre. O projeto deve ra, instalações, iluminação, paisagismo, impermeabilização, ser de forma que seu custo operacional seja compatível com tráfego, ambientação interna, precisam estar compatíveis o valor de condomínio que os lojistas podem arcar”. ente si. Desta forma os profissionais devem se reportar fiel- mente ao coordenador da equipe, procurando o conjunto”. www.abd.org.br 4
  • 5. O arquiteto Renan Medau (SP) tem em seu portfólio proje- tos para lojas de shoppings, como por exemplo: Timberland do Shopping Unicenter (Buenos Aires) e da Timberland do Shopping Alto Las Condes (Santiago), além dos projetos das lojas da marca Pólo Ralph Lauren. Com essa experiência, ele descreve as etapas de realização desse tipo de projeto: “Conhecimento das necessidades do cliente, elaboração de estudos preliminares, aprovação do projeto pelo cliente e pelo shopping, encaminhamento do projeto de arquitetura para os projetos complementares de elétrica, ar condicio- nado etc. Após esta etapa de projetos, vem a execução da obra e o acompanhamento pelo arquiteto”. Renan Medau - Loja Pólo Ralph Lauren do Shopping Jardim Sul O arquiteto desenvolveu todos os projetos dessa franquia no Brasil entre 1988 e 2001. O estilo adotado foi o inglês, com bastante uso de madeira, materiais nobres no piso, como mármore italiano e iluminação com luzes de tom quente, incandescentes e dicróicas. Conforme Alessandra Souza (RJ), arquiteta, a principal eta- pa é a concepção do projeto, quando se define o padrão do empreendimento. Para isso o profissional deve estar atento às inovações de mercado em vários aspectos, como ilumi- nação e design. “Podemos apontar como um erro fatal a concepção de uma loja sem o conhecimento profundo sobre a funcionalidade exigida pelo tipo de negócio, ou mesmo a idealização de um espaço sem respeitar os limites finan- ceiros do cliente – o que pode gerar a execução incompleta do projeto ou, até mesmo, torná-lo inviável”. Alessandra Souza – Loja Versuz do Boulevard São Gonçalo Shopping O arquiteto desenvolveu todos os projetos dessa franquia no Brasil entre 1988 e 2001. O estilo adotado foi o inglês, com bastante uso de madeira, materiais nobres no piso, como mármore italiano e iluminação com luzes de tom quente, incandescentes e dicróicas. O marketing das vitrines Se os shopping centers são lugares de compras, as lojas devem atrair consumidores para essa finalidade. De acordo com o arquiteto Américo Parlato (SP), para elaborar o projeto de uma loja é fundamental um conhecimento básico de mar- keting e merchandising. “O projeto ajuda a expor e vender um produto e a arquitetura tem um papel importante na fixa- ção e valorização da marca. Uma questão fundamental é a exposição dos produtos, portanto o design dos expositores e a iluminação devem ser tratados de maneira muito cui- dadosa, alinhados com a dinâmica de vendas. A exposição da marca também deve ser tratada com o mesmo cuidado com letreiros e luminosos atraentes e bem distribuídos”, diz. Américo Parlato - Loja Éden do Shopping Anália Franco A área de vendas conta com 100 m² e um mezanino de 33 m², que acomoda o estoque e uma área de atendimento para aplica- ção de maquiagem. O design é clean para que as embalagens e as imagens promocionais compusessem o visual com uma tex- tura de cores impactante. www.abd.org.br 5
  • 6. Um caso de sucesso Há 16 anos, Virgínia Portugal e seu escritório Viável Arquite- tura, com sede no Rio de Janeiro, desenvolvem o projeto do Shopping Center Uberaba. Quando o primeiro empreendedor a procurou, ainda não tinha fechado as parcerias que viabi- lizariam financeiramente a empreitada. Então, foi elaborado o primeiro estudo para que ele convencesse os sócios a in- vestirem. Com o grupo de investidores formado, em 1999 foi inaugurada a primeira etapa com 19.000 m². Em 2005 foi implantada a segunda etapa, com mais 7.000 m² e no final de 2011 será inaugurada a terceira etapa, que totalizará 37.000 Virgínia Portugal m², com mais 14.000 m² de subsolo para estacionamento. Segundo ela, os empreendedores consideram o projeto tão bem sucedido que não querem mexer em nada, contudo a ambienta- ção deve ser renovada a cada cinco anos para que os clientes percebam as novidades e se sintam mais atraídos. “Trabalhamos com o estilo contemporâneo que se adapte bem à localidade. Cada região tem sua cultura e influência arquitetônica e, por isso, devemos analisá-la para que os futuros clientes se sintam confortáveis e familiarizados dentro do prédio”, completa. 1997 2005 2011 www.abd.org.br 6
  • 7. | Varejo | Arquitetura de Interiores no varejo: valorizar a emoção dos consumidores Sentar-se em um sofá para descobrir se é confortável ou não. que podem ser classificados como: iniciantes, experimenta- Experimentar o toque de um tecido. Sentir o efeito de uma ilu- dores ou que buscam a convivência. minação. Nada substitui o contato direto do consumidor com o produto quando o assunto é decoração. Ambiente Visitar uma loja é um programa. Nela, a exposição de produ- A Internet será mais uma mídia para informação e seleção de tos e a interatividade com imagens permitem que os clientes marcas. Mas, para decidir a compra, o consumidor vai querer troquem experiências e recebam orientações. ver, ouvir e sentir tudo sobre o produto desejado. Quando um Arquiteto ou Designer de Interiores projeta uma loja, O vendedor agora é um consultor, um animador, um estimulador. deve buscar proporcionar uma experiência estimuladora para os consumidores. Uma loja com arquitetura ambiental adequa- A organização das lojas obedece a um perfil associado aos da apresenta características bem definidas: comportamentos de compras dos clientes. As lojas de deco- ração, por exemplo, podem ser divididas em três grandes gru- a) Seus ambientes devem ser criativos e sugestivos. pos: tradicional, fashion e vanguarda. Esse posicionamento determina muitos aspectos do projeto. b) O projeto precisa facilitar a troca constante dos produtos expostos. c) A tecnologia da informática está cada vez mais presente aju- Tradicional dando a dar vida aos espaços imaginados pelos clientes. Uma • Produtos mais seriados imagem do ambiente a ser decorado, muita imaginação e a • Variação mínima ajuda de um consultor são elementos fundamentais. A infor- • Bom acabamento mática permite visualizar as soluções. • Produtos com muito conforto • Design clássico ou contemporâneo Essa necessidade de experimentar transforma o processo de decisão de compra que será ainda mais lento. Mas as pessoas Fashion querem investir tempo em pesquisar alternativas. • Baixos volumes O perfil da Loja de sucesso • Muita diferenciação • Design atual e jovem Objetivo • Forte apelo para o natural e o tecnológico Proporcionar uma experiência agradável para seus visitantes, www.abd.org.br 7
  • 8. ABD Newsletter é uma publicação mensal da Associação Brasileira de Designers de Interiores para seus associados. Al. Casa Branca, 652 - cjs 71 e 72 - São Paulo - SP - Cep 01408-000 - Tel/Fax: (11) 3064-6990. Editado pela Ricardo Botelho Marketing S/C Ltda. Jornalista Responsável: Ricardo J. Botelho (Mtb 12.525). Redação: Andressa Luz e Joyce Cristina. Direção de Arte: Felipe L.M. Lenzi. | Associados | Sustentabilidade: um desafio contemporâneo Qual a importância de especificar produtos ecologicamente corretos e conscientizar clientes para que isso se torne uma prática constante? Um tema atual e bastante discutido. A sustentabilidade é o conjunto de práticas que diminuem os impactos das atividades prejudiciais ao meio ambiente. Segundo Marília Chamoun (ABD-ES), essa tendência é irreversível. “Cada vez mais os consumidores conscientes forçam as empresas a fabricarem produtos adequados, em alguns países os consumidores até mesmo boicotam produtos que degradam o meio ambiente”. Algumas atitudes podem mudar um projeto de design e ade- quá-lo a essas necessidades. De acordo com Priscila Iglesias (ABD-SP), a preocupação com o meio ambiente é uma das responsabilidades do Designer de Interiores. “O acesso que temos às informações técnicas dos produtos, através dos for- necedores e prestadores de serviços, nos permite especificar materiais e acabamentos ecologicamente corretos”. “É melhor mexer no projeto do que na obra” Com essa declaração, Gabriella Saback e Ana Paula Munhoz (ABD-GO) destacam a importância de pensar “verde” antes de o projeto sair do papel, para evitar desperdícios no presente e no futuro. “Buscamos fugir de modismos, de materiais que possam fazer o cliente enjoar rápido do ambiente. Nossos projetos são atemporais e sempre de fácil manutenção, para que não sejam casas descartáveis e sim para a família durante toda vida”. Aplicando o conceito O profissional tem à disposição algumas formas de harmonizar o projeto com a natureza, tais como: uso de materiais re- ciclados, de alta durabilidade e de empresas certificadas, energia solar, irrigação, aproveitamento da água da chuva e da iluminação natural, lâmpadas de led, válvulas de descarga com fluxo duplo e tintas à base d’água – que deixam o ambiente naturalmente mais claro. Mas, também é preciso especificar produtos de fácil manutenção e limpeza, para deixar o dia a dia da casa sustentável. “De nada adianta ter essa atitude, se na hora da limpeza for preciso utilizar materiais agressivos em dosagens absurdas”, dizem Gabriella e Ana Paula. O conjunto de ações em prol do meio ambiente é vital para o equilíbrio do planeta e “representa um verdadeiro dever cívi- co e um real exercício de cidadania. A conscientização dos nossos clientes é uma consequência necessária e natural desta postura”, revela Alberto Sauro (ABD-SP). www.abd.org.br 8