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APLICAÇÃO DA FERRAMENTA OCRA EM ANÁLISE ERGONÔMICA DO
TRABALHO
ANA THAIS DE SOUZA
Código da Turma: 0166
RA: 7392
SÃO PAULO, SP
MAIO – 2.014
ANA THAIS DE SOUZA
APLICAÇÃO DA FERRAMENTA OCRA EM ANÁLISE ERGONÔMICA DO
TRABALHO
Trabalho apresentado ao Professor Doutor
Roberto Costa, coordenador do Curso de Pós-
graduação em Ergonomia, referente à
disciplina de Ergonomia e Saúde, da turma
0166.
Universidade Gama Filho
São Paulo/SP, 14 de maio de 2014
INTRODUÇÃO
Atualmente têm sido evidentes os esforços empresariais para a busca de melhores
desempenhos na qualidade dos produtos, aumento da produtividade, redução dos custos
para a produção e sobrevivência no mercado consumidor.
Segundo Guérin et al (2.001), com o crescimento da atividade industrial e o
consequente aparecimento das patologias associadas ao trabalho, as empresas estão
necessitando adaptar seus ambientes de trabalho, investindo em princípios ergonômicos
para adaptar seus sistemas, tornando-os mais produtivos e otimizando a energia do
trabalhador.
O processo de globalização exigiu do sistema produtivo, que as condições
ambientais do trabalho fossem levadas em consideração, os movimentos realizados pelo
trabalhador e a reserva energética considerada, uma vez que se apresentam como fatores
relevantes para a condição produtiva do trabalhador.
Segundo a Portaria nº 25, de 29 de Dezembro de 1.994, do Ministério do Trabalho
Emprego, estabelece através da norma regulamentadora número 17, referente à Ergonomia,
a obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores, da
Análise Ergonômica do Trabalho. A ABERGO Associação Brasileira de Ergonomia
preconiza ainda que sejam utilizadas para a construção de documentos precisos mais
eficientes, as ferramentas/ instrumentos previstos na ISO 11228 em suas partes I, II e III.
Como forma de padronizar mundialmente os instrumentos de avaliação.
Previstos na Norma ISO 11228 parte II, cada qual com sua particularidade e
adequação, destacamos o Método OCRA, tema do presente trabalho, relacionamos sua
aplicabilidade para a Análise Ergonômica do Trabalho.
MÉTODOS
A metodologia utilizada para o desenvolvimento deste trabalho foi à pesquisa
investigativa, visando promover maior familiarização do tema proposto, a aplicabilidade do
Método Ocra, na construção da Análise Ergonômica do Trabalho.
O levantamento dos dados, considerados fundamentais à pesquisa foi confeccionado
através de bibliografias, isto é, através de documentos constituídos de artigos científicos já
elaborados, páginas da internet e participação em cursos específicos do tema exposto, por
parte desta autora.
Foram selecionados artigos publicados, com vasto conteúdo sobre o tema abordado.
DESENVOLVIMENTO
CONSIDERAÇÕES SOBRE ERGONOMIA
Segundo IIDA (2.005), a Ergonomia é uma ferramenta multidisciplinar que abrange
os setores gerais da empresa. Inicialmente concentrava-se no sistema homem - máquina,
exclusivamente no sistema industrial. Hoje esse conceito evoluiu e sua área de abrangência
tornou-se bastante ampla, onde o sistema homem - máquina, e os fatores ambientais,
interagem entre si, como sistemas complexos para a realização de um trabalho.
As definições de ergonomia são marcadas por uma visão do trabalho onde o centro
dos estudos é a mobilização física do ser humano. (FALZON, 1.996, p.2).
Já, OLIVEIRA NETTO (2.006), assinala que a ergonomia é o estudo do trabalho em
relação ao ambiente em que é desenvolvido. A ergonomia é adaptar ou adequar, o local de
trabalho ao trabalhador, visando prevenir acidentes e as doenças profissionais.
BARBOSA FILHO (2.011, p.70), define ainda como a ciência do conforto humano, a
busca do bem estar, a promoção da satisfação no trabalho, a otimização da capacidade
produtiva e a segurança total.
MINICUCCI, (1.995, p.97), quando fala de ergonomia, destaca que é uma ciência
que tem como objetivo estudar principalmente o meio ambiente físico, tendo como destaque
o ruído, a vibração, os ambientes térmicos, os horários de trabalho, a duração das tarefas,
as pausas realizadas entre os trabalhos, as dimensões dos postos de trabalho, o
treinamento e aprendizagem com que as tarefas são executadas. O ambiente de trabalho
com as condições inadequadas tem levado o trabalhador rapidamente à fadiga, aos
acidentes, os baixos rendimentos, as neuroses profissionais e as doenças psicossomáticas.
Estas condições tiveram influencia direta no estudo da adaptação do trabalho ao homem.
CONSIDERAÇÕES SOBRE O TRABALHO E A DOENÇA OSTEOMUSCULAR
RELACIONADA AO TRABALHO (DORT)
O avanço tecnológico e as condições de trabalho adaptadas à produtividade
imediatista, oferecidas aos trabalhadores têm gerado, aos trabalhadores desconforto físico e
mental, evoluindo para o aumento das diversas doenças ocupacionais, que atualmente
estão também relacionadas à tal modernização.
Atualmente denominadas Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho
(D.O.R.T.), as Lesões por esforços repetitivos, têm sido fato originário de muitas das
preocupações de organizações empresariais, além de trazerem sofrimento psicofisiológico
aos trabalhadores.
Conceitualmente DORT envolve transtornos funcionais, mecânicos e lesões de
músculos, tendões, nervos, bolsas articulares, desenvolvidos pela má utilização das
estruturas corporais, levando a dor, fadiga, e problemas ocupacionais. (COUTO, NICOLETTI
& LECH, 2007).
Nicolleti (1994) corrobora que entre os fatores iniciais para o aparecimento da DORT,
se destacam as posturas incorretas, os movimentos repetitivos, as ausências de períodos
para recuperação da fadiga, a pressão por resultados, a tensão e as horas extras.
Essencialmente, a prevenção da ocorrência de DORT, de destaca a aplicação de
medidas de gestão do risco, sendo efetiva somente se for baseada num correto diagnóstico
das situações de risco e, em situação real de trabalho, o diagnóstico é predominantemente
realizado com a aplicação de métodos observacionais.
Cheung et al (2008) compartilha que a fisiopatologia das lesões por esforços
repetitivos, é a falta de tempo suficiente de repouso, podendo levar a micro traumas destas
estruturas, pelo excesso de uso contínuo. Destaca ainda que os membros superiores,
quando expostos a posições elevadas mantidas, passa por isquemia muscular local e
acúmulo de ácido lático, além de compressão nervosa direta, ou encurtamento muscular
que segue com a compressão nervosa.
Lesões detectadas inicialmente são facilmente recuperáveis, o que não ocorre em
estágios mais avançados, em que a evolução é direcionada para a perda da capacidade
laborativa parcial ou em alguns casos total.
Frequentemente as lesões mais comuns nas mãos são fasciíte palmar e miosite das
lumbricais, no punho tenossinovite de flexores e dedos, no cotovelo epicondilites
principalmente a lateral, no ombro tenossinovite do bíceps e tendinite do músculo
supraespinhoso: no pescoço: síndrome da tensão cervical.(COUTO, 2000, p. 30)
Couto (2007) destaca alguns problemas relacionados a trabalho em linhas de
produção como sendo agentes primordiais no aparecimento das disfunções, inclusive
relacionadas com a sobrecarga de coluna, como a alta velocidade exigida nas linhas de
produção, dificultando a realização do trabalho; concentração dos movimentos, gerando
como forma compensatória distúrbios em membros superiores e coluna.
Fatores psicológicos se destacam nos dias atuais. Tulder & Malmivaara (2007)
relatam que estudos epidemiológicos têm mostrado os fatores psicossociais no local de
trabalho, como baixa atitude da decisão, distúrbios psíquicos, monotonia no trabalho e
relações pobres dentro do local de trabalho, como associados aos sintomas de esforço
repetitivo.
Estes agentes causadores de LER estão resumidos principalmente nos aspectos
produtores de estresse físicos nas estruturas corporais já descritos, porém vários fatores
externos podem contribuir na aquisição desta doença como temperaturas frias ou vibrações
na execução do movimento. Com isso é de extrema importância a prevenção destes fatores.
A pró-atividade deve ser realizada através da inclusão de pausas, alongamentos e
relaxamento das estruturas exigidas para a execução da tarefa (CHEESMAN, 2008).
Desta forma podemos afirmar que as lesões por esforço repetitivo apresentam dois
grandes problemas, sendo um para as organizações e outro para os trabalhadores, não
podendo definir quem sofre maior prejuízo, pois as consequências acabam sendo danosas
para ambos.
Choudhary’s et al (2003) define que as doenças ocupacionais de origem repetitiva
ocupam o primeiro lugar nos problemas de saúde, afetando diretamente a qualidade de
vida dos acometidos, já para as empresas as perdas são relacionadas a baixa da
produtividades e danos financeiros para instituição.
ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO E O MÉTODO DE ANÁLISE
OCUPACIONAL DE AÇÕES REPETITIVAS (Occupational Repetitive Actions -
OCRA)
Segundo Santos e Fialho (1995, p.141) Análise Ergonômica do Trabalho
denominada se destaca pelo levantamento do comportamento do homem no trabalho,
considerado essencialmente o comportamento que pode ser analisado, isto é, as atividades
desenvolvidas pelo trabalhador, que possam ser avaliadas, através de métodos e de
técnicas que sejam aplicáveis numa determinada situação de trabalho.
Já o Método OCRA, é ferramenta descrita na Norma Europeia - EN 1005, em sua
parte cinco (5), Segurança das Máquinas - Desempenho físico humano/ Apreciação dos
riscos relativos à manipulação repetitiva à alta frequência e posteriormente creditada na
Norma ISO 11228-3, como ferramenta preconizada pela ABERGO (Associação Brasileira de
Ergonomia).
O método Occupational Repetitive Actions (OCRA), desenvolvido pelos Doutores
Enrico Acchipinti, Daniela Colombini e Michele Fanti, a pedido do grupo técnico de estudo
das lesões musculoesqueléticas da Associação Internacional de Ergonomia (IEA), a partir
de 1996, descreve como uma ferramenta de avaliação e análise dos fatores de risco
associados a movimentos repetitivos de membros superiores, através do cálculo de um
índice qualitativo (PAVANI, 2007; ANTONIO, 2003).
Neste sentido o modelo OCRA baseia-se na relação entre o número médio diário de
ações efetivamente realizadas pelos membros superiores em tarefas repetitivas (ATO), e o
número correspondente de ações recomendadas (ATR) (NAJARKOLA, 2006). Ou seja, o
OCRA é particularmente indicado para análise de tarefas em relação a diversos fatores de
risco dos membros superiores e este tem sido aplicado em diferentes setores de trabalho
que envolvem movimentos repetitivos e / ou esforços dos membros superiores (CALVO,
2009).
Apresenta-se em duas versões de aplicabilidade, o Indice OCRA e o Checklist
OCRA.
ÍNDICE OCRA
O índice OCRA é mais complexo a se utilizar e requer muito tempo de avaliação do
processo. Considerado como um dos métodos de quantificação mais sofisticados visa à
precisão por uma acumulação de avaliações de detalhes. Necessita muito tempo de análise,
particularmente no caso de tarefas complexas e múltiplas.
O estudo representativo neste caso preconiza na coleta de dados algumas horas até
alguns dias necessários para identificar às ações técnicas, as percentagens do tempo das
posições, a frequência dos esforços, das posturas ou movimentos difíceis, da repetição dos
mesmos movimentos, da presença de fatores adicionais (fatores físicos, climáticos
ambientais como frio, luvas, vibrações...), das durações de recuperação e da duração diária
das tarefas repetitivas, requerendo numerosas quantificações.
Desta forma, o índice OCRA, tem seu procedimento de avaliação baseado em três
etapas:
1. Determinação da frequência das ações técnicas por minuto e cálculo de número
real de ações técnicas efetuadas durante o trabalho, para cada membro superior.
2. Cálculo em números de ações técnicas de referencia durante o trabalho em
funções da frequência dos esforços, das posturas/ movimentos difíceis, da
repetição dos movimentos, da presença de fatores adicionas, das durações das
recuperações e da duração diária das tarefas repetitivas. Esta fase requer
numerosas quantificações.
3. Cálculo do índice de risco OCRA = ações técnicas efetuadas durante o trabalho
(ATA)/ número de ações técnicas de referencia (RTA), isto é Cálculo do Índice
de risco OCRA = ATA/RTA. Desta forma Índice OCRA
Quadro: Critérios de Classificação do Índice OCRA
FAIXA VALORES
OCRA
NÍVEL DE RISCO CONSEQUENCIAS
Verde Menor ou igual
a 2,2
Ausência de Risco Nenhuma ação a prever.
Laranja 2,3 a 3,5 Risco muito baixo Melhorias recomendadas para
fatores de risco: postura, força,
ações técnicas, etc.
Vermelha Maior que 3,5 Risco Redesenho necessário das tarefas e
lugares de trabalho.
Fonte: Instituto Sindical Europeu (ETUI), Classificação de métodos de avaliação e/ou
prevenção dos riscos de Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT).
Desta forma, o Índice OCRA, tem uma relação custo benefício baixa, mas
comparando com outras ferramentas, é apenas um instrumento quantitativo para risco, sem
relação com investigação de causas ou qualquer indicativo de soluções de melhorias. Seu
uso potencial na relação com a Análise Ergonômicas do Trabalho (AET) seria quando da
destinação para elaboração da AET, para fins periciais, quando o interesse é estritamente a
quantificação do risco exposto, isto é métodos mais complexos, mais longos a utilizar,
requerem na maioria das vezes registros em vídeo e competências específicas
metodológicas e em biomecânica, e sua aplicabilidade é foco em um posto de trabalho
específico.
Já o Checklist OCRA, é uma simplificação do Índice OCRA (descrito acima como um
método complexo).
CHECKLIST OCRA
Tem como principal finalidade a avaliação do risco de LER/DORT ao nível dos
membros superiores. Integra a avaliação dos principais fatores de risco de LER/DORT
(repetitividade, força, postura, ausência de períodos de recuperação e fatores adicionais)
utilizando os métodos simplificados de quantificação propostos por Colombini (1998).
Pontuação OCRA=(Frequência + Força +Recuperação + Posição + Repetitividade +
Outros) X Duração do Trabalho.
Na prática, os fatores de risco a avaliar com o Checklist OCRA são:
(1) Tempo de recuperação – Os dados devem ser obtidos considerando todo o turno
e a sequência efetiva da tarefa repetitiva, os períodos de recuperação, qualquer período de
trabalho não repetitivo e para, além disso, considerando as proporções de tempo de
recuperação, tempos de paradas e de almoço, em função do tempo de trabalho. Para
recuperação da fadiga, a literatura considera dois tipos de pausas, ou seja, a micro pausa,
em que haja 10 segundos por minuto ou 10 minutos por hora de trabalho em atividades com
movimentos repetitivos.
(2) Frequência da ação técnica – a frequência das ações técnicas é a variável que
mais contribui para a caracterização da exposição na análise de tarefas com movimentos
repetitivos e, para o seu registro, considera-se o valor limite de exposição, para ações
técnicas semelhantes, na ordem das 10 a 25 por minuto, estando associado ao número de
movimentos articulares simples (flexão/extensão, pronação/supinação) dos membros
superiores. Para esse fator a literatura considera que o número máximo recomendável é de
30 ações por minuto, com as demais condições de trabalho corretas. Esse número torna-se
então uma constante para cada tarefa repetitiva, desde que os outros fatores de risco sejam
ideais ou insignificantes.
(3) Fator Força – atividades de trabalho que exijam ações repetidas de força intensa
e/ou força moderada, como manipulação de objetos com peso superior a 3 kg, pegas
realizadas entre o indicador e o polegar com elevação, pega em pinça de objetos com peso
superior 1 kg, obtenção de força necessária que exija utilizar o peso do corpo, puxar ou
empurrar alavancas, carregar em comandos, abrir ou fechar, fazer pressão ou manipular
objetos e utilizar ferramentas, determinam uma pontuação a registrar na grelha obtida pelo
somatório das duas componentes de força, a força intensa e a força moderada,
considerando o tempo de aplicação de força;
É desnecessário comentar que quanto maior o esforço requerido para executar uma
série de ações técnicas, menor a frequência com que deve ser realizada sem provocar
alguma fadiga ou lesão. Os fatores de risco sempre devem fazer referência ao tempo de
força médio em relação à duração do ciclo. Neste caso, é utilizada a escala de Borg, com os
valores de 0 a 10, conforme o quadro abaixo.
Escala de Borg
0,0 Ausente
0,5 Extremamente Leve
1,0 Muito Leve
2,0 Leve
3,0 Moderado
4,0
5,0 Forte
6,0
7,0 Muito Forte
8,0
9,0
10,0 Máximo
Fonte: Colombini et al 2002, p.66.
Ao analisar fatores de risco, deve-se sempre fazer referência ao tempo de força
médio em relação à duração do ciclo, se algumas ações técnicas demandarem um esforço
superior ao nível 5,0 na escala de Borg, e durar pelo menos 10%, este esforço corresponde
a 50% da máxima contração voluntária dos músculos.
(4) Fator postura – a repetição de gestos idênticos durante pelo menos 50% do
tempo de ciclo constitui um potencial fator de risco e o trabalho que envolve movimentos
e/ou posturas extremas durante 1/3 do tempo de ciclo também, o que ocasiona que
qualquer combinação que exceda esse valor postural mínimo é considerada um risco
potencial. Estudos comprovam também que quando o tempo do ciclo é 2/3, constitui-se um
risco potencial maior.
Determinando que a obtenção da classificação para a postura seja efetuada através
da associação entre as posturas verificadas no nível do membro superior (ombro, cotovelo,
punho e mão/dedos/pega), considerando o seu tempo de duração no ciclo de trabalho e
registrando o valor mais elevado;
(5) Os tipos de pega e posição dos dedos, quando presentes em atividades
repetitivas, apresentam riscos quando maior que 2/3 do ciclo de trabalho.
(6) Fatores de riscos complementares – considera-se exposição a diversos fatores
de risco, designadamente (i) a avaliação temporal da utilização de ferramentas que
transmitem vibrações, (ii) ou que causem compressão na pele (por exemplo, vergões e
calosidades), (iii) o registro de tempo de tarefas de precisão desenvolvidas (tarefas em
áreas inferiores a 2 ou 3 mm), a (iv) identificação da presença de mais do que um fator de
risco ao mesmo tempo ou (v) a presença de um ou mais fatores de risco adicional durante
todo o tempo, a (vi) utilização das mãos como ferramentas para bater e a respectiva
cadência por hora, a (vii) utilização de luvas inadequadas (por exemplo, desconfortáveis ou
finas) e (viii) a cadência imposta (total ou parcial).
A soma dos resultados obtidos em cada um dos fatores de risco referidos permite
obter o score final OCRA do membro superior avaliado.
A interpretação dos scores OCRA é quantitativa: índices de exposição inferiores a
7,5: risco aceitável (área verde); índices de exposição entre 7,6 e 11: risco limite (área
amarela); índices de exposição entre 11,1 e 14: risco baixo (área vermelho); e índices de
exposição entre 14,1 e 22,5: significam risco médio, enquanto pontuação maior que 22,5,
classificam-se como risco alto (área vermelho escuro/ violeta). Classificações acima de 11,1
determinam a necessidade de uma análise cuidadosa sobre as situações de trabalho, em
particular à medida que os níveis estão próximos do limite superior; índices de exposição
iguais ou superiores a 22,6: risco elevado (área violeta), quanto maior é o valor, maior é o
risco, devendo ser tomadas medidas urgentes no sentido de melhorar as condições, a
atividade de trabalho e vigiar de forma ativa, igualmente, o estado de saúde dos
trabalhadores.
A ferramenta de avaliação Checklist OCRA, se apresenta muito mais complexa que
as demais ferramentas de avaliação com a mesma finalidade, creditadas na ISO 11228 – 3
(ex: Strain Índice), porém com menor complexidade que o Índice Ocra.
Referente à sua aplicabilidade junto à Análise Ergonômica do Trabalho, é uma
ferramenta com viabilidade para confecção precisa de dados investigativos como
quantificação do risco mais simplificada, mais otimizada, porém não permite a investigação
de soluções.
Desta forma, visando a aplicabilidade da ferramenta Checklist Ocra, na construção
de uma Análise Ergonômica eficaz, sugere-se associação de outras ferramentas
complementares, com a finalidade de complementar o quesito de investigação de soluções,
gerando um documento mais preciso e eficaz para efeitos preventivos.
Associar um método com a finalidade de investigar os aspectos técnicos,
organizacionais e humanos a fim de determinar as condições de exposição, é prática
investigativa mais completa. Um exemplo de ferramenta é o Guia de Observação SOBANE
– DORT, que tem a finalidade de avaliar condições da coletividade do trabalhado e pessoal
técnico local. Esta ferramenta ao contrario do Método OCRA, não requer nenhuma formação
específica em ergonomia, ao contrário do Método OCRA, porém tem como objetivo principal
a busca de medidas de prevenção e melhoria da situação.
CONCLUSÃO
Foi objetivo deste trabalho, refletir sobre o Método OCRA, nas suas modalidades
Índice OCRA e Checklist OCRA e sua aplicabilidade junto à confecção da Análise
Ergonômica do Trabalho.
Cada qual com sua particularidade e complexidade, ambos modelos tem como
finalidade estritamente a quantificação do risco para lesões repetitivas nos membros
superiores.
Sendo o método OCRA, considerado mais complexo e sofisticado, comparado com
os demais ferramentas, apresenta aplicabilidade destinada à formulação de Perícias
Ergonômicas (Índice Ocra) , como para a criação de Análises Ergonômicas do Trabalho
(Checklist Ocra) de caráter preventivo.
Em suas duas modalidades, se faz necessário alto nível de conhecimento
especializado em ergonomia, biomecânica e estudo de movimento.
Na modalidade Índice de Ocra, sua aplicabilidade por ser mais complexa, minuciosa,
necessita de períodos maiores necessários para coleta de dados, dispendendo maior tempo
do profissional para a investigação da tarefa avaliada, fato este a ser considerado para
formulação de custos operacionais do trabalho.
Já o Checklist OCRA, por ser mais simplificado, porém não menos complexo, possui
uma otimização maior na sua aplicabilidade para elaboração da Análise Ergonômica do
Trabalho como ferramenta preventiva inicial.
Desta forma, sendo o método OCRA, uma ferramenta específica para quantificação
do risco para membros superiores, para ser aplicada como forma preventiva nas empresas,
precisa estar associada a outras ferramentas de avaliação, com outras modalidades como
avaliação de corpo inteiro (ART, OWAS, RULA...), modalidades de investigação de soluções
(SOBANE, FIFARIM/ para problemas lombares associados).
Uma Avaliação Ergonômica do Trabalho, avaliada única e exclusivamente pelo
método OCRA, terá como resultado obtido a quantificação do risco para lesão dos membros
superiores.
Instrumentos de avaliação normalmente abordam apenas fatores biomecânicos:
posições, forças, repetitividades, enquanto os estudos epidemiológicos destacam o papel
importante de outros fatores e aspectos físico-sociais.
Desta forma é importante, para a confecção eficaz da Análise Ergonômica do
Trabalho, não só a utilização de ferramentas de avaliação específicas, como avaliação num
contexto mais amplo, de forma a considerar uma visão global das condições de trabalho.
Sexo, idade e outras características individuais sugerem uma responda fisiológica
individualizada às solicitações do trabalho específicas, devendo estas também serem
consideradas.
Desta forma, relacionando o método OCRA e sua aplicabilidade na Análise
Ergponômica do Trabalho, verificamos que é possível identificar com precisão o número de
ações técnicas, com considerações específicas para movimentos repetitivos com fator de
rosco de lesão, define valores para sobrecargas biomecânicas que estão presentes nas
atividades das linhas de produção, define valor que representa o número total de ações
técnicas efetivamente executadas durante a jornada de trabalho por um número total de
ações técnicas recomendadas durante a jornada de trabalho, que indica o grau de risco de
exposição, além de possibilitar um mapeamento quantitativo dos riscos ergonômicos,
principalmente quanto aos fatores biomecânicos, que apresentam uma maior incidência de
lesão.
Com isso, o método OCRA como ferramenta de análise de repetitividade é de grande
valia para demonstração do risco da atividade, mostrando a real situação das condições de
trabalho que muitos trabalhadores estão expostos ainda hoje, já que o principal foco da
indústria é a produtividade.
A seleção de métodos de avaliação do risco das Doenças Osteomusculares
Relacionadas ao Trabalho deve ser objetiva, baseada em informação científica e
fundamentada no conhecimento da situação de trabalho, uma vez que as classificações de
risco dependem, em larga medida, do método selecionado.
Deve-se, portanto, evitar a escolha de um único método de avaliação do risco, por
mais complexo e sofisticado que ele seja, a associação de mais ferramentas de avaliação
em uma única Análise Ergonômica direciona para um sucesso maior perante os resultados a
serem encontrados já que a maioria dos métodos existentes foram desenvolvidos e
“concebidos” para situações específicas.
Nota-se pouco interesse dos profissionais para utilização do Método OCRA, muitas
vezes por se relacionar com uma ferramenta mais complexa que exija um conhecimento
mais amplo e especializado para sua aplicação.
Faz-se necessário que outros estudos venham contribuir no desenvolvimento do
tema abordado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABERGO – Congresso Brasileiro de Ergonomia, 2013/ SP.
ANTONIO, Remi Lopes et al. Estudo ergonômico dos riscos de LER/DORT em linha de
montagem. 2003.
COLOMBINI, Daniela; OCCHIPINTI, Enrico; FANTI, Michele. Método Ocra–para análise ea
prevenção do risco por movimentos repetitivos. São Paulo: LTr, 2008.
COUTO, Hudson de Araújo; NICOLETTI, S. J.; LECH, O. Gerenciando a LER e os DORT
nos tempos atuais. Belo Horizonte: Ergo, 2007.
DOS SANTOS SERRANHEIRA, Florentino Manuel. Lesões Musculoesqueléticas Ligadas ao
Trabalho: que métodos de avaliação do risco. 2007.
MINICUCCI, Agostinho. Psicologia aplicada à administração. Atlas, 1995.
DE OLIVEIRA NETTO, Alvim Antônio; TAVARES, Wolmer Ricardo.Introdução à
engenharia de produção. Visual Books, 2006.
OLIVEIRA, ROMERO CARDOSO. ANÁLISE DO GRAU DE RISCO EM POSTOS DE
TRABALHO UTILIZANDO O MÉTODO OCRA: ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA DO
SETOR CALÇADISTA.
PAVANI, Ronildo Aparecido; AMBIENTE, Meio. ANÁLISE DE RISCO ERGONÔMICO: A
APLICAÇÃO DO MÉTODO OCCUPATIONAL REPETITIVE ACTIONS (OCRA) EM UM
POSTO DE TRABALHO DO SETOR GRÁFICO.
DE RISCO AÇÕES, Zona Nível. OCRA índice. Guia, p. 39.
PAVANI, Ronildo Aparecido; QUELHAS, Osvaldo Luiz Gonçalves. A avaliação dos riscos
ergonômicos como ferramenta gerencial em saúde ocupacional. XIII SIMPEP– Bauru, SP,
Brasil, v. 6, 2006.
PEREIRA, Germana Maria Ribeiro. Estudo comparativo entre métodos de avaliação de risco
de LMERT: avaliação geral vs por zona corporal. 2012.
SANTOS, José Manuel Soares dos. Desenvolvimento de um guião de seleção de métodos
para análise do risco de lesões musculoesqueléticas relacionadas com o trabalho (LMERT).
2009.
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risco. Rev. bras. Saúde ocup, v. 35, n. 122, p. 314-326, 2010.
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métodos RULA e SI. Revista portuguesa de saúde pública, v. 6, p. 13-36, 2006.
SERRANHEIRA, F. Lesões musculoesqueléticas ligadas ao trabalho: que métodos de
avaliação do. 2007.

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Trabalho pós ergonomia aplicação da ferramenta ocra em análise ergonômica do trabalho

  • 1. APLICAÇÃO DA FERRAMENTA OCRA EM ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO ANA THAIS DE SOUZA Código da Turma: 0166 RA: 7392
  • 3. ANA THAIS DE SOUZA APLICAÇÃO DA FERRAMENTA OCRA EM ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO Trabalho apresentado ao Professor Doutor Roberto Costa, coordenador do Curso de Pós- graduação em Ergonomia, referente à disciplina de Ergonomia e Saúde, da turma 0166. Universidade Gama Filho São Paulo/SP, 14 de maio de 2014
  • 4. INTRODUÇÃO Atualmente têm sido evidentes os esforços empresariais para a busca de melhores desempenhos na qualidade dos produtos, aumento da produtividade, redução dos custos para a produção e sobrevivência no mercado consumidor. Segundo Guérin et al (2.001), com o crescimento da atividade industrial e o consequente aparecimento das patologias associadas ao trabalho, as empresas estão necessitando adaptar seus ambientes de trabalho, investindo em princípios ergonômicos para adaptar seus sistemas, tornando-os mais produtivos e otimizando a energia do trabalhador. O processo de globalização exigiu do sistema produtivo, que as condições ambientais do trabalho fossem levadas em consideração, os movimentos realizados pelo trabalhador e a reserva energética considerada, uma vez que se apresentam como fatores relevantes para a condição produtiva do trabalhador. Segundo a Portaria nº 25, de 29 de Dezembro de 1.994, do Ministério do Trabalho Emprego, estabelece através da norma regulamentadora número 17, referente à Ergonomia, a obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores, da Análise Ergonômica do Trabalho. A ABERGO Associação Brasileira de Ergonomia preconiza ainda que sejam utilizadas para a construção de documentos precisos mais eficientes, as ferramentas/ instrumentos previstos na ISO 11228 em suas partes I, II e III. Como forma de padronizar mundialmente os instrumentos de avaliação. Previstos na Norma ISO 11228 parte II, cada qual com sua particularidade e adequação, destacamos o Método OCRA, tema do presente trabalho, relacionamos sua aplicabilidade para a Análise Ergonômica do Trabalho.
  • 5. MÉTODOS A metodologia utilizada para o desenvolvimento deste trabalho foi à pesquisa investigativa, visando promover maior familiarização do tema proposto, a aplicabilidade do Método Ocra, na construção da Análise Ergonômica do Trabalho. O levantamento dos dados, considerados fundamentais à pesquisa foi confeccionado através de bibliografias, isto é, através de documentos constituídos de artigos científicos já elaborados, páginas da internet e participação em cursos específicos do tema exposto, por parte desta autora. Foram selecionados artigos publicados, com vasto conteúdo sobre o tema abordado.
  • 6. DESENVOLVIMENTO CONSIDERAÇÕES SOBRE ERGONOMIA Segundo IIDA (2.005), a Ergonomia é uma ferramenta multidisciplinar que abrange os setores gerais da empresa. Inicialmente concentrava-se no sistema homem - máquina, exclusivamente no sistema industrial. Hoje esse conceito evoluiu e sua área de abrangência tornou-se bastante ampla, onde o sistema homem - máquina, e os fatores ambientais, interagem entre si, como sistemas complexos para a realização de um trabalho. As definições de ergonomia são marcadas por uma visão do trabalho onde o centro dos estudos é a mobilização física do ser humano. (FALZON, 1.996, p.2). Já, OLIVEIRA NETTO (2.006), assinala que a ergonomia é o estudo do trabalho em relação ao ambiente em que é desenvolvido. A ergonomia é adaptar ou adequar, o local de trabalho ao trabalhador, visando prevenir acidentes e as doenças profissionais. BARBOSA FILHO (2.011, p.70), define ainda como a ciência do conforto humano, a busca do bem estar, a promoção da satisfação no trabalho, a otimização da capacidade produtiva e a segurança total. MINICUCCI, (1.995, p.97), quando fala de ergonomia, destaca que é uma ciência que tem como objetivo estudar principalmente o meio ambiente físico, tendo como destaque o ruído, a vibração, os ambientes térmicos, os horários de trabalho, a duração das tarefas, as pausas realizadas entre os trabalhos, as dimensões dos postos de trabalho, o treinamento e aprendizagem com que as tarefas são executadas. O ambiente de trabalho com as condições inadequadas tem levado o trabalhador rapidamente à fadiga, aos acidentes, os baixos rendimentos, as neuroses profissionais e as doenças psicossomáticas. Estas condições tiveram influencia direta no estudo da adaptação do trabalho ao homem.
  • 7. CONSIDERAÇÕES SOBRE O TRABALHO E A DOENÇA OSTEOMUSCULAR RELACIONADA AO TRABALHO (DORT) O avanço tecnológico e as condições de trabalho adaptadas à produtividade imediatista, oferecidas aos trabalhadores têm gerado, aos trabalhadores desconforto físico e mental, evoluindo para o aumento das diversas doenças ocupacionais, que atualmente estão também relacionadas à tal modernização. Atualmente denominadas Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (D.O.R.T.), as Lesões por esforços repetitivos, têm sido fato originário de muitas das preocupações de organizações empresariais, além de trazerem sofrimento psicofisiológico aos trabalhadores. Conceitualmente DORT envolve transtornos funcionais, mecânicos e lesões de músculos, tendões, nervos, bolsas articulares, desenvolvidos pela má utilização das estruturas corporais, levando a dor, fadiga, e problemas ocupacionais. (COUTO, NICOLETTI & LECH, 2007). Nicolleti (1994) corrobora que entre os fatores iniciais para o aparecimento da DORT, se destacam as posturas incorretas, os movimentos repetitivos, as ausências de períodos para recuperação da fadiga, a pressão por resultados, a tensão e as horas extras. Essencialmente, a prevenção da ocorrência de DORT, de destaca a aplicação de medidas de gestão do risco, sendo efetiva somente se for baseada num correto diagnóstico das situações de risco e, em situação real de trabalho, o diagnóstico é predominantemente realizado com a aplicação de métodos observacionais. Cheung et al (2008) compartilha que a fisiopatologia das lesões por esforços repetitivos, é a falta de tempo suficiente de repouso, podendo levar a micro traumas destas estruturas, pelo excesso de uso contínuo. Destaca ainda que os membros superiores, quando expostos a posições elevadas mantidas, passa por isquemia muscular local e acúmulo de ácido lático, além de compressão nervosa direta, ou encurtamento muscular que segue com a compressão nervosa. Lesões detectadas inicialmente são facilmente recuperáveis, o que não ocorre em estágios mais avançados, em que a evolução é direcionada para a perda da capacidade laborativa parcial ou em alguns casos total. Frequentemente as lesões mais comuns nas mãos são fasciíte palmar e miosite das lumbricais, no punho tenossinovite de flexores e dedos, no cotovelo epicondilites principalmente a lateral, no ombro tenossinovite do bíceps e tendinite do músculo supraespinhoso: no pescoço: síndrome da tensão cervical.(COUTO, 2000, p. 30)
  • 8. Couto (2007) destaca alguns problemas relacionados a trabalho em linhas de produção como sendo agentes primordiais no aparecimento das disfunções, inclusive relacionadas com a sobrecarga de coluna, como a alta velocidade exigida nas linhas de produção, dificultando a realização do trabalho; concentração dos movimentos, gerando como forma compensatória distúrbios em membros superiores e coluna. Fatores psicológicos se destacam nos dias atuais. Tulder & Malmivaara (2007) relatam que estudos epidemiológicos têm mostrado os fatores psicossociais no local de trabalho, como baixa atitude da decisão, distúrbios psíquicos, monotonia no trabalho e relações pobres dentro do local de trabalho, como associados aos sintomas de esforço repetitivo. Estes agentes causadores de LER estão resumidos principalmente nos aspectos produtores de estresse físicos nas estruturas corporais já descritos, porém vários fatores externos podem contribuir na aquisição desta doença como temperaturas frias ou vibrações na execução do movimento. Com isso é de extrema importância a prevenção destes fatores. A pró-atividade deve ser realizada através da inclusão de pausas, alongamentos e relaxamento das estruturas exigidas para a execução da tarefa (CHEESMAN, 2008). Desta forma podemos afirmar que as lesões por esforço repetitivo apresentam dois grandes problemas, sendo um para as organizações e outro para os trabalhadores, não podendo definir quem sofre maior prejuízo, pois as consequências acabam sendo danosas para ambos. Choudhary’s et al (2003) define que as doenças ocupacionais de origem repetitiva ocupam o primeiro lugar nos problemas de saúde, afetando diretamente a qualidade de vida dos acometidos, já para as empresas as perdas são relacionadas a baixa da produtividades e danos financeiros para instituição.
  • 9. ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO E O MÉTODO DE ANÁLISE OCUPACIONAL DE AÇÕES REPETITIVAS (Occupational Repetitive Actions - OCRA) Segundo Santos e Fialho (1995, p.141) Análise Ergonômica do Trabalho denominada se destaca pelo levantamento do comportamento do homem no trabalho, considerado essencialmente o comportamento que pode ser analisado, isto é, as atividades desenvolvidas pelo trabalhador, que possam ser avaliadas, através de métodos e de técnicas que sejam aplicáveis numa determinada situação de trabalho. Já o Método OCRA, é ferramenta descrita na Norma Europeia - EN 1005, em sua parte cinco (5), Segurança das Máquinas - Desempenho físico humano/ Apreciação dos riscos relativos à manipulação repetitiva à alta frequência e posteriormente creditada na Norma ISO 11228-3, como ferramenta preconizada pela ABERGO (Associação Brasileira de Ergonomia). O método Occupational Repetitive Actions (OCRA), desenvolvido pelos Doutores Enrico Acchipinti, Daniela Colombini e Michele Fanti, a pedido do grupo técnico de estudo das lesões musculoesqueléticas da Associação Internacional de Ergonomia (IEA), a partir de 1996, descreve como uma ferramenta de avaliação e análise dos fatores de risco associados a movimentos repetitivos de membros superiores, através do cálculo de um índice qualitativo (PAVANI, 2007; ANTONIO, 2003). Neste sentido o modelo OCRA baseia-se na relação entre o número médio diário de ações efetivamente realizadas pelos membros superiores em tarefas repetitivas (ATO), e o número correspondente de ações recomendadas (ATR) (NAJARKOLA, 2006). Ou seja, o OCRA é particularmente indicado para análise de tarefas em relação a diversos fatores de risco dos membros superiores e este tem sido aplicado em diferentes setores de trabalho que envolvem movimentos repetitivos e / ou esforços dos membros superiores (CALVO, 2009). Apresenta-se em duas versões de aplicabilidade, o Indice OCRA e o Checklist OCRA. ÍNDICE OCRA O índice OCRA é mais complexo a se utilizar e requer muito tempo de avaliação do processo. Considerado como um dos métodos de quantificação mais sofisticados visa à precisão por uma acumulação de avaliações de detalhes. Necessita muito tempo de análise, particularmente no caso de tarefas complexas e múltiplas.
  • 10. O estudo representativo neste caso preconiza na coleta de dados algumas horas até alguns dias necessários para identificar às ações técnicas, as percentagens do tempo das posições, a frequência dos esforços, das posturas ou movimentos difíceis, da repetição dos mesmos movimentos, da presença de fatores adicionais (fatores físicos, climáticos ambientais como frio, luvas, vibrações...), das durações de recuperação e da duração diária das tarefas repetitivas, requerendo numerosas quantificações. Desta forma, o índice OCRA, tem seu procedimento de avaliação baseado em três etapas: 1. Determinação da frequência das ações técnicas por minuto e cálculo de número real de ações técnicas efetuadas durante o trabalho, para cada membro superior. 2. Cálculo em números de ações técnicas de referencia durante o trabalho em funções da frequência dos esforços, das posturas/ movimentos difíceis, da repetição dos movimentos, da presença de fatores adicionas, das durações das recuperações e da duração diária das tarefas repetitivas. Esta fase requer numerosas quantificações. 3. Cálculo do índice de risco OCRA = ações técnicas efetuadas durante o trabalho (ATA)/ número de ações técnicas de referencia (RTA), isto é Cálculo do Índice de risco OCRA = ATA/RTA. Desta forma Índice OCRA Quadro: Critérios de Classificação do Índice OCRA FAIXA VALORES OCRA NÍVEL DE RISCO CONSEQUENCIAS Verde Menor ou igual a 2,2 Ausência de Risco Nenhuma ação a prever. Laranja 2,3 a 3,5 Risco muito baixo Melhorias recomendadas para fatores de risco: postura, força, ações técnicas, etc. Vermelha Maior que 3,5 Risco Redesenho necessário das tarefas e lugares de trabalho. Fonte: Instituto Sindical Europeu (ETUI), Classificação de métodos de avaliação e/ou prevenção dos riscos de Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT). Desta forma, o Índice OCRA, tem uma relação custo benefício baixa, mas comparando com outras ferramentas, é apenas um instrumento quantitativo para risco, sem relação com investigação de causas ou qualquer indicativo de soluções de melhorias. Seu uso potencial na relação com a Análise Ergonômicas do Trabalho (AET) seria quando da destinação para elaboração da AET, para fins periciais, quando o interesse é estritamente a quantificação do risco exposto, isto é métodos mais complexos, mais longos a utilizar, requerem na maioria das vezes registros em vídeo e competências específicas
  • 11. metodológicas e em biomecânica, e sua aplicabilidade é foco em um posto de trabalho específico. Já o Checklist OCRA, é uma simplificação do Índice OCRA (descrito acima como um método complexo). CHECKLIST OCRA Tem como principal finalidade a avaliação do risco de LER/DORT ao nível dos membros superiores. Integra a avaliação dos principais fatores de risco de LER/DORT (repetitividade, força, postura, ausência de períodos de recuperação e fatores adicionais) utilizando os métodos simplificados de quantificação propostos por Colombini (1998). Pontuação OCRA=(Frequência + Força +Recuperação + Posição + Repetitividade + Outros) X Duração do Trabalho. Na prática, os fatores de risco a avaliar com o Checklist OCRA são: (1) Tempo de recuperação – Os dados devem ser obtidos considerando todo o turno e a sequência efetiva da tarefa repetitiva, os períodos de recuperação, qualquer período de trabalho não repetitivo e para, além disso, considerando as proporções de tempo de recuperação, tempos de paradas e de almoço, em função do tempo de trabalho. Para recuperação da fadiga, a literatura considera dois tipos de pausas, ou seja, a micro pausa, em que haja 10 segundos por minuto ou 10 minutos por hora de trabalho em atividades com movimentos repetitivos. (2) Frequência da ação técnica – a frequência das ações técnicas é a variável que mais contribui para a caracterização da exposição na análise de tarefas com movimentos repetitivos e, para o seu registro, considera-se o valor limite de exposição, para ações técnicas semelhantes, na ordem das 10 a 25 por minuto, estando associado ao número de movimentos articulares simples (flexão/extensão, pronação/supinação) dos membros superiores. Para esse fator a literatura considera que o número máximo recomendável é de 30 ações por minuto, com as demais condições de trabalho corretas. Esse número torna-se então uma constante para cada tarefa repetitiva, desde que os outros fatores de risco sejam ideais ou insignificantes. (3) Fator Força – atividades de trabalho que exijam ações repetidas de força intensa e/ou força moderada, como manipulação de objetos com peso superior a 3 kg, pegas realizadas entre o indicador e o polegar com elevação, pega em pinça de objetos com peso superior 1 kg, obtenção de força necessária que exija utilizar o peso do corpo, puxar ou empurrar alavancas, carregar em comandos, abrir ou fechar, fazer pressão ou manipular objetos e utilizar ferramentas, determinam uma pontuação a registrar na grelha obtida pelo
  • 12. somatório das duas componentes de força, a força intensa e a força moderada, considerando o tempo de aplicação de força; É desnecessário comentar que quanto maior o esforço requerido para executar uma série de ações técnicas, menor a frequência com que deve ser realizada sem provocar alguma fadiga ou lesão. Os fatores de risco sempre devem fazer referência ao tempo de força médio em relação à duração do ciclo. Neste caso, é utilizada a escala de Borg, com os valores de 0 a 10, conforme o quadro abaixo. Escala de Borg 0,0 Ausente 0,5 Extremamente Leve 1,0 Muito Leve 2,0 Leve 3,0 Moderado 4,0 5,0 Forte 6,0 7,0 Muito Forte 8,0 9,0 10,0 Máximo Fonte: Colombini et al 2002, p.66. Ao analisar fatores de risco, deve-se sempre fazer referência ao tempo de força médio em relação à duração do ciclo, se algumas ações técnicas demandarem um esforço superior ao nível 5,0 na escala de Borg, e durar pelo menos 10%, este esforço corresponde a 50% da máxima contração voluntária dos músculos. (4) Fator postura – a repetição de gestos idênticos durante pelo menos 50% do tempo de ciclo constitui um potencial fator de risco e o trabalho que envolve movimentos e/ou posturas extremas durante 1/3 do tempo de ciclo também, o que ocasiona que qualquer combinação que exceda esse valor postural mínimo é considerada um risco potencial. Estudos comprovam também que quando o tempo do ciclo é 2/3, constitui-se um risco potencial maior. Determinando que a obtenção da classificação para a postura seja efetuada através da associação entre as posturas verificadas no nível do membro superior (ombro, cotovelo, punho e mão/dedos/pega), considerando o seu tempo de duração no ciclo de trabalho e registrando o valor mais elevado; (5) Os tipos de pega e posição dos dedos, quando presentes em atividades repetitivas, apresentam riscos quando maior que 2/3 do ciclo de trabalho. (6) Fatores de riscos complementares – considera-se exposição a diversos fatores de risco, designadamente (i) a avaliação temporal da utilização de ferramentas que transmitem vibrações, (ii) ou que causem compressão na pele (por exemplo, vergões e calosidades), (iii) o registro de tempo de tarefas de precisão desenvolvidas (tarefas em
  • 13. áreas inferiores a 2 ou 3 mm), a (iv) identificação da presença de mais do que um fator de risco ao mesmo tempo ou (v) a presença de um ou mais fatores de risco adicional durante todo o tempo, a (vi) utilização das mãos como ferramentas para bater e a respectiva cadência por hora, a (vii) utilização de luvas inadequadas (por exemplo, desconfortáveis ou finas) e (viii) a cadência imposta (total ou parcial). A soma dos resultados obtidos em cada um dos fatores de risco referidos permite obter o score final OCRA do membro superior avaliado. A interpretação dos scores OCRA é quantitativa: índices de exposição inferiores a 7,5: risco aceitável (área verde); índices de exposição entre 7,6 e 11: risco limite (área amarela); índices de exposição entre 11,1 e 14: risco baixo (área vermelho); e índices de exposição entre 14,1 e 22,5: significam risco médio, enquanto pontuação maior que 22,5, classificam-se como risco alto (área vermelho escuro/ violeta). Classificações acima de 11,1 determinam a necessidade de uma análise cuidadosa sobre as situações de trabalho, em particular à medida que os níveis estão próximos do limite superior; índices de exposição iguais ou superiores a 22,6: risco elevado (área violeta), quanto maior é o valor, maior é o risco, devendo ser tomadas medidas urgentes no sentido de melhorar as condições, a atividade de trabalho e vigiar de forma ativa, igualmente, o estado de saúde dos trabalhadores. A ferramenta de avaliação Checklist OCRA, se apresenta muito mais complexa que as demais ferramentas de avaliação com a mesma finalidade, creditadas na ISO 11228 – 3 (ex: Strain Índice), porém com menor complexidade que o Índice Ocra. Referente à sua aplicabilidade junto à Análise Ergonômica do Trabalho, é uma ferramenta com viabilidade para confecção precisa de dados investigativos como quantificação do risco mais simplificada, mais otimizada, porém não permite a investigação de soluções. Desta forma, visando a aplicabilidade da ferramenta Checklist Ocra, na construção de uma Análise Ergonômica eficaz, sugere-se associação de outras ferramentas complementares, com a finalidade de complementar o quesito de investigação de soluções, gerando um documento mais preciso e eficaz para efeitos preventivos. Associar um método com a finalidade de investigar os aspectos técnicos, organizacionais e humanos a fim de determinar as condições de exposição, é prática investigativa mais completa. Um exemplo de ferramenta é o Guia de Observação SOBANE – DORT, que tem a finalidade de avaliar condições da coletividade do trabalhado e pessoal técnico local. Esta ferramenta ao contrario do Método OCRA, não requer nenhuma formação específica em ergonomia, ao contrário do Método OCRA, porém tem como objetivo principal a busca de medidas de prevenção e melhoria da situação.
  • 14. CONCLUSÃO Foi objetivo deste trabalho, refletir sobre o Método OCRA, nas suas modalidades Índice OCRA e Checklist OCRA e sua aplicabilidade junto à confecção da Análise Ergonômica do Trabalho. Cada qual com sua particularidade e complexidade, ambos modelos tem como finalidade estritamente a quantificação do risco para lesões repetitivas nos membros superiores. Sendo o método OCRA, considerado mais complexo e sofisticado, comparado com os demais ferramentas, apresenta aplicabilidade destinada à formulação de Perícias Ergonômicas (Índice Ocra) , como para a criação de Análises Ergonômicas do Trabalho (Checklist Ocra) de caráter preventivo. Em suas duas modalidades, se faz necessário alto nível de conhecimento especializado em ergonomia, biomecânica e estudo de movimento. Na modalidade Índice de Ocra, sua aplicabilidade por ser mais complexa, minuciosa, necessita de períodos maiores necessários para coleta de dados, dispendendo maior tempo do profissional para a investigação da tarefa avaliada, fato este a ser considerado para formulação de custos operacionais do trabalho. Já o Checklist OCRA, por ser mais simplificado, porém não menos complexo, possui uma otimização maior na sua aplicabilidade para elaboração da Análise Ergonômica do Trabalho como ferramenta preventiva inicial. Desta forma, sendo o método OCRA, uma ferramenta específica para quantificação do risco para membros superiores, para ser aplicada como forma preventiva nas empresas, precisa estar associada a outras ferramentas de avaliação, com outras modalidades como avaliação de corpo inteiro (ART, OWAS, RULA...), modalidades de investigação de soluções (SOBANE, FIFARIM/ para problemas lombares associados). Uma Avaliação Ergonômica do Trabalho, avaliada única e exclusivamente pelo método OCRA, terá como resultado obtido a quantificação do risco para lesão dos membros superiores. Instrumentos de avaliação normalmente abordam apenas fatores biomecânicos: posições, forças, repetitividades, enquanto os estudos epidemiológicos destacam o papel importante de outros fatores e aspectos físico-sociais. Desta forma é importante, para a confecção eficaz da Análise Ergonômica do Trabalho, não só a utilização de ferramentas de avaliação específicas, como avaliação num contexto mais amplo, de forma a considerar uma visão global das condições de trabalho. Sexo, idade e outras características individuais sugerem uma responda fisiológica
  • 15. individualizada às solicitações do trabalho específicas, devendo estas também serem consideradas. Desta forma, relacionando o método OCRA e sua aplicabilidade na Análise Ergponômica do Trabalho, verificamos que é possível identificar com precisão o número de ações técnicas, com considerações específicas para movimentos repetitivos com fator de rosco de lesão, define valores para sobrecargas biomecânicas que estão presentes nas atividades das linhas de produção, define valor que representa o número total de ações técnicas efetivamente executadas durante a jornada de trabalho por um número total de ações técnicas recomendadas durante a jornada de trabalho, que indica o grau de risco de exposição, além de possibilitar um mapeamento quantitativo dos riscos ergonômicos, principalmente quanto aos fatores biomecânicos, que apresentam uma maior incidência de lesão. Com isso, o método OCRA como ferramenta de análise de repetitividade é de grande valia para demonstração do risco da atividade, mostrando a real situação das condições de trabalho que muitos trabalhadores estão expostos ainda hoje, já que o principal foco da indústria é a produtividade. A seleção de métodos de avaliação do risco das Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho deve ser objetiva, baseada em informação científica e fundamentada no conhecimento da situação de trabalho, uma vez que as classificações de risco dependem, em larga medida, do método selecionado. Deve-se, portanto, evitar a escolha de um único método de avaliação do risco, por mais complexo e sofisticado que ele seja, a associação de mais ferramentas de avaliação em uma única Análise Ergonômica direciona para um sucesso maior perante os resultados a serem encontrados já que a maioria dos métodos existentes foram desenvolvidos e “concebidos” para situações específicas. Nota-se pouco interesse dos profissionais para utilização do Método OCRA, muitas vezes por se relacionar com uma ferramenta mais complexa que exija um conhecimento mais amplo e especializado para sua aplicação. Faz-se necessário que outros estudos venham contribuir no desenvolvimento do tema abordado.
  • 16. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABERGO – Congresso Brasileiro de Ergonomia, 2013/ SP. ANTONIO, Remi Lopes et al. Estudo ergonômico dos riscos de LER/DORT em linha de montagem. 2003. COLOMBINI, Daniela; OCCHIPINTI, Enrico; FANTI, Michele. Método Ocra–para análise ea prevenção do risco por movimentos repetitivos. São Paulo: LTr, 2008. COUTO, Hudson de Araújo; NICOLETTI, S. J.; LECH, O. Gerenciando a LER e os DORT nos tempos atuais. Belo Horizonte: Ergo, 2007. DOS SANTOS SERRANHEIRA, Florentino Manuel. Lesões Musculoesqueléticas Ligadas ao Trabalho: que métodos de avaliação do risco. 2007. MINICUCCI, Agostinho. Psicologia aplicada à administração. Atlas, 1995. DE OLIVEIRA NETTO, Alvim Antônio; TAVARES, Wolmer Ricardo.Introdução à engenharia de produção. Visual Books, 2006. OLIVEIRA, ROMERO CARDOSO. ANÁLISE DO GRAU DE RISCO EM POSTOS DE TRABALHO UTILIZANDO O MÉTODO OCRA: ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA DO SETOR CALÇADISTA. PAVANI, Ronildo Aparecido; AMBIENTE, Meio. ANÁLISE DE RISCO ERGONÔMICO: A APLICAÇÃO DO MÉTODO OCCUPATIONAL REPETITIVE ACTIONS (OCRA) EM UM POSTO DE TRABALHO DO SETOR GRÁFICO. DE RISCO AÇÕES, Zona Nível. OCRA índice. Guia, p. 39. PAVANI, Ronildo Aparecido; QUELHAS, Osvaldo Luiz Gonçalves. A avaliação dos riscos ergonômicos como ferramenta gerencial em saúde ocupacional. XIII SIMPEP– Bauru, SP, Brasil, v. 6, 2006. PEREIRA, Germana Maria Ribeiro. Estudo comparativo entre métodos de avaliação de risco de LMERT: avaliação geral vs por zona corporal. 2012. SANTOS, José Manuel Soares dos. Desenvolvimento de um guião de seleção de métodos para análise do risco de lesões musculoesqueléticas relacionadas com o trabalho (LMERT). 2009. SERRANHEIRA, Florentino; UVA, António Sousa. LER/DORT: que métodos de avaliação do risco. Rev. bras. Saúde ocup, v. 35, n. 122, p. 314-326, 2010. SERRANHEIRA, Florentino; UVA, A. Avaliação do risco de LMEMSLT: aplicação dos métodos RULA e SI. Revista portuguesa de saúde pública, v. 6, p. 13-36, 2006. SERRANHEIRA, F. Lesões musculoesqueléticas ligadas ao trabalho: que métodos de avaliação do. 2007.