1. Sexta-feira, 29 de Fevereiro de 2008 | Directora: Isabel Stilwell
Edição 873 . Tarde . Ano 7
Veneno. Amigos Imaginários
Descubra de que tipo é o do seu filho. P. 02
Entrevista. Rock in Rio
Zé Ricardo, vendedor de sonhos . P. 04e 05
Sugestões. Nick Cave
De volta em disco e em concerto. P. 06
Cinema. Irmãos Coen
Finalmente, a estreia do melhor filme. P. 12
Moda. Da transgressão dos excessos
ao regresso aos clássicos. Porque a Pri-
mavera ataca a família toda. P. 10 e 11
DR
2. 02 www. Destak .pt 6ª Feira · 29 de Fevereiro de 2008
FIM-DE-SEMANA
Veneno
Destak
Os amigos imaginários
Uns encontraram-nos de repente, atrás de uma árvore de um re- projecta-as na tal amiga/amigo, que esse sim, pode ser o que ela de-
creio, outros não se lembram de quando o Joãozinho ou a Joana en- sejava realmente ser. Estas crianças, diz o psicólogo, precisam de
traram na sua vida, mas recordam-se perfeitamente da sua ami- autorização dos pais para serem mais elas próprias, em lugar de
zade e da companhia que lhe fizeram durante anos. Uns guarda- se dividirem entre aquilo que acham que devem ser, e que lhes dá
ram a sua amizade imaginária em silêncio, não a revelando a nin- o direito a ser amadas, e aquilo que queriam ser, mas que temem
guém, não tanto com medo que os achassem loucos, mas mais por- as aliene do amor parental, dos professores ou da família. Se os
que a queriam manter secreta, outros fizeram gala em explicar pais detectam a presença destes amigos invisíveis, devem repen-
aos pais que o seu amigo fazia tudo aquilo que eles, uns chatos!, sar se não estão a ser, mesmo que inconscientemente, demasiado
não lhe permitiam fazer. Mais ainda corriam todos os riscos com controladores, e dar mais espaço aquele seu filho, asssegurando-
que os seus pais o ameaçavam, e saíam sempre ilesos, quanto mui- lhe que o aceitam tal como ele é, ou deseja ser. Mais ainda, que
to com um ou dois pensos rápidos na testa ou nas bochechas. aquilo que ele pode, como criança, imaginar que desagradaria aos
pais – como ser mais aventuroso ou rebelde – não seria dessa for-
Osamigosimagináriosnãoeram umaescolha, aconteciam, mas um ma encarado pelos adultos. Às vezes, vale a pena «combater» es-
estudo revelado a semana passada por uma pscióloga americana se receio dos filhos contando-lhes histórias passadas na nossa
dá conta que, quando comparado com os anos 60, regista-se que própria infância, com que ele se possa identificar, nomeadamente
o dobro das crianças têm amigos deste tipo. Os pessimistas dizem aquelas em que esticamos a corda, ou pisamos a linha, explicando
que é sinal de que as crianças estão mais sozinhas, sem irmãos depois o que sentimos – mal, afinal não era o que esperávamos;
com quem dividir as alegrias e as tristezas da vida, aliados incon- bem, foi uma óptima descoberta das nossas capacidades, e nunca
dicionais contra o «mundo lá fora» e até contra os pais. Além do mais tivemos receio de tentar ir mais longe.
Isabel Stilwell | directora
IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII mais, dizem estes, as crianças brincam pouco com os vizinhos e os
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outros meninos da rua, e podem por isso sentir-se realmente Hádepois as crianças que purae simplesmente usam o amigo imagi-
sozinhos. Os optimistas, entre os quais a dita psicóloga, conside- nário como uma estratégia provocadora – o amigo faz sempre tu-
ram que este aumento de amigos imaginários corresponde à cres- do aquilo que os pais o proíbem a ele de fazer. Esses, diz o Pro-
«
cente complexidade do mundo. Se antigamente uma criança tinha fessor Eduardo Sá a rir, estão perfeitamente bem, tentam só usar
apenas, praticamente, um modelo de adulto para cada sexo, e não todas as estratégias para convencer os pais que se eles fossem
Não é bom ter era complicado moldar-se nele, hoje, há tantos modelos de homens
e mulheres, tantas profissões e posturas diferentes, que a criança
«mesmo, mesmo, os pais ideais» cediam logo, e imitavam os pais
do Joãozinho imaginário. Deixavam-no comer chocolates todo o
cria amigos imaginários com as características que quer ensaiar dia, andar de bicicleta sem capacete, ver filmes até depois da meia
amigos imaginários, nessas figura. Nesse sentido seria como um espelho onde se ima-
ginariam vestidos de médicos, bombeiros, pilotos da aviação ou
noite e por ai adiante. Sabem que os pais estão ansiosos por serem
os melhores pais, e que até se sentem inseguros no seu papel, e ex-
quando eles empresários, com as versões femininas correspondentes. E nesse
sentido os amigos imaginários cumpririam um papel importante.
ploram a situação, na prática, com muitos resultados, porque há
de facto progenitores aterrorizados com a ideia de que um «não»
bem firme possa fazer perder o amor dos filhos, ou os tire do pe-
representam um sinal OpsicólogoEduardoSánãoconcordacom estainterpretação. Distin- destal. A solução, diz o psicólogo, é, primeiro não ter medo dos
gue entre o «brincar a» médico, professora ou seja o que for, em «nãos» - os bons pais dizem nãos e os filhos agradecem -, a segun-
de solidão e isolamento, que a criança ensaia esses papéis, e os amigos imaginários reais,
que considera serem um sinal de alerta. Não é bom ter amigos ima-
da é rápida e eficiente, basta o pai e a mãe dizerem qualquer coi-
sa como «Deixa lá os pais do Joãozinho fazerem como entendem,
ginários, quando eles representam um sinal de solidão e isolamen- porque aqui, nós, que gostamos tanto de ti, nunca te vamos deixar
ou acabam por ter to, ou acabam por ter os traços de caracter que a criança deseja- ver filmes até à uma da manhã quando tens que acordar cedo no
va possuir, mas que se sente demasiado «controlada» para mani- dia seguinte e precisas de dormir! É que nem pensar.» Habitual-
os traços de caracter festar. Ela queria ser mais rebelde, mais aventurosa, mais corajo-
sa, mas como sente que os pais nunca a aceitariam se fosse assim,
mente, diz o professor Eduardo Sá, o amigo imaginário morre «na
hora», quando se provou uma arma de chantagem inútil.
que a criança desejava
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possuir, mas que
se sente demasiado
«controlada» «
para manifestar.
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MARGARIDA CAETANO mcaetano@destak.pt
E FILIPE PEDRO fpedro@destak.pt
Estáfeliz?
Fiquei muito feliz por duas coisas.
Porque os artistas vieram…
Todos os artistas vieram. E porque eu acho
«ME SINTO UM PRIVILEGIADO que a gente comunicou bem o que vai acon-
tecer. Por mais que seja uma coisa... meio
inexplicável, a gente não tem muito como ex-
POR CONHECER A DIVERSIDADE
plicar uma coisa que é surpresa…
Não se pode revelarmuito…
É uma coisa que conta com o imediatismo. A
E OS TALENTOS QUE A MÚSICA gente conseguiu despertar a curiosidade.
Porque esse é um palco de curiosidade, de
você não saber o que vai acontecer. Você fala
assim: «se eu sair para tomar uma cerveja
PORTUGUESA TEM PARA OFERECER» agora, posso perder uma “canja” do Rui Velo-
so no show do Expensive Soul. Então é me-
lhor ficar aqui, esperar para ver e matar a se-
de de beber quando acabar».
É um palco de possibilidades.
Isso é o mais atraente. É um palco de ideias.
De cartaz fechado e conceito promissor, o palco Sunset Rock in Rio foi Onde todos os estilos musicais podem intera-
gir, sem barreira de preconceito, «ah você é
apresentado pela organização, numa festa ao fim da tarde, com vista pa- do hip hop, eu sou da morna e o outro é do
rock. Podemos nos integrar e criar alguma
coisa. Criar uma novidade para quem está as-
ra o pôr-do-sol e uma mobilização em massa dos artistas que por ele sistindo». Acho que o maior beneficiado do
Sunset Rock In Rio é o público.
hão-de passar entre as 17h e as 21h de 30 e 31 de Maio e 1, 5 e 6 de Junho.
Aselecção faz lembraramistura, em 2004,
Depois da festa, recolhidos os adereços, o Destak conversou com Zé Ri- de Gaiteiros de Lisboae Pacman (DaWeasel),
colaborações, jam sessions no final.
cardo, o apaixonado músico e programador responsável pela ideia. Com certeza. O Sunset Rock In Rio começa no
backstage.
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SUNSET ROCK IN RIO
Com este conceito, talvez comece antes: nos ensaios.
Isso mesmo. A ideia é quebrar qualquer tipo de gelo. [Por
exemplo] eu propus que o Ricardo Azevedo fizesse algo
com a Lúcia Moniz. Mas não se conheciam, nunca se
tinham falado, nunca nada. Então quando cheguei aqui, ho-
je, estava a dar atenção a milhões de pessoas, desespera-
do. Cheguei e apresentei: «Lúcia, Ricardo, Ricardo, Lúcia».
Preciso que vocês se entendam. Logo que acabou a con-
ferência, encontrei-o ali fora e falei: «Bom, agora quero
combinar com vocês os dois». «O quê? Nós já temos tudo
acertado. Vou amanhã comprar todos os discos dela. Ela já
vai comprar todos os meus discos. A gente vai falando». E
aí eu falei: «pô, mas nem precisam mais de mim» (risos).
Então foi maravilhoso.
Poroutro lado, também apostou em portugueses, infeliz-
mente, aindapouco divulgados, como Guidade Palma.
Apesar dela ter uma carreira óptima em Londres. E aí você
vê: aquela mulher, com aquele poder de voz, cantando… Vi-
ra um palco de bandas novas, também. Porque está dando
suporte para os “novos talentos”, que já estão na estrada Como lhe surgiram as ideias para estas combinações?
há algum tempo, com um destaque merecidíssimo. OS CONVOCADOS Antes dos artistas, procurei as pessoas. Existe uma diver-
sidade muito grande na música portuguesa. No Brasil, a
Propõe-sesolidificarcarreiraselançarartistasnacionais? DE ZÉ RICARDO gente não tem esse acesso a ela e não conhece. Eu me
Sim, tenho muitas expectativas, não só comerciais, mas sinto um privilegiado por estar aqui e conhecer a diversi-
musicais. O Rock In Rio tem essa capacidade de fazer com 30 de Maio dade e os talentos que a música portuguesa tem para
que uma visibilidade artística que aconteça aqui reverbere Sam the Kid & Cool Hipnoise oferecer. De você chegar para o Boss AC e propor: «va-
no Brasil e no mundo. É um evento que se diferencia por Ricardo Azevedo & Lúcia Moniz mos fazer uma coisa absolutamente diferente?». «Va-
buscar se renovar. Acho que o Sunset é uma busca do Rock Philharmonica Weed & Prince Wadada mos!» «Então vamos pensar...». E pensa, e pensa… aí co-
In Rio de mais uma porta dentro de uma novidade do festi- 31 de Maio meço a conversar com ele e a perguntar para ele com
val. Acho que pode ser uma coisa para o futuro com uma Homenagem a Rui Veloso: quem ele quer fazer. Numa saída que a gente deu para
força muito grande e que vai começar já muito forte. Acho Expensive Soul & Sara Tavares jantar, fomos à Casa da Morna, ouvir o Tito Paris cantar.
que o conceito do Sunset é muito amplo. João Gil & Tito Paris & Marisa Pinto Então, faço as minhas combinações. Quando tenho muita
NBC & Verónica Larrenne certeza do que vou sugerir, sugiro. «Bom, e aquela músi-
E depois também passapelo oposto: sublinharencontros ca do não-sei-quem? E você gosta deste?». «É, acho le-
tão desejáveis quanto expectáveis. 1 de Junho gal». Ele não está pensando que estou…
Sim. Também quis fazer junções que a princípio podem pa- Boss AC & Vitorino ... que está a recolher pistas para ‘cozinhar’ as ideias.
recer óbvias. Sam The Kid com os Cool Hipnoise. «Ah, mas Ala dos Namorados & Rão Kyao & Nancy Vieira Então de repente ele falou «não, mas o cara mais louco
os músicos dos Cool Hipnoise tocam com o Sam, eles têm Jazzinho & Melo D da geração passada é o Vitorino». Fiquei com aquilo na
os mesmos círculos de amizades». Mas nunca estiveram no cabeça e um dia falei: «e o Vitorino? Vamos fazer com
palco Sam The Kid e Cool Hipnoise. 5 de Junho ele?». «Pô, mas isso é óptimo, adorei!». Já sabia que
Tim & Jorge Palma tinha uma simpatia, sabia que ele ia gostar, aí você
Tomando o exemplo de hoje: você e aLúciaMoniz acanta-
Wraygunn & The Faith Gospel Choir propõe a história, conversa com Vitorino: «olha, Boss
rem Djavan. Paraalém dos músicos que juntafisicamente
com The Legendary Tiger Man AC está a fim de fazer uma coisa com você. Você quer
André Indiana & SP&Wilson
no palco, aideiatambém passaporconvocaro trabalho de fazer?». «Claro, vou fazer». Acho que isso é o mais gos-
terceiras pessoas, aindaque distantes do festival? 6 de Junho toso. Quando fui convidar o Tim, para fazer, conversá-
Sim, como no caso dos Philharmonic Weed e do Prince Wa- Clã & Convidados vamos e eu estava com o Jorge Palma na garganta, pa-
dada que vão tocar um tema do Bonga. Os Wraygunn com Buraka Som Sistema & Deise Tigrona & Bruno M ra falar para ele, mas me segurando. Fui elegante e fa-
Legendary Tigerman vão fazer versões que nunca fizeram Caim & as duas vencedoras dos concursos de ban- lei «você fez Rio Grande, tanta gente para você chamar,
até hoje. Você aguça o artista a criar coisas novas e presen- das em Lisboa e no PortoTrilogia dos Dragões - quem gostaria de diferente, que pudesse dar uma cor,
teia o público com coisas novas também. Robert Lepage. que tivesse a ver com o perfil do rock». Ele: «o Jorge
Palma» (risos). Aconteceu muito isso.
Diriaque o Sunseté um complemento, umaalternativaou
um concorrente ao palco principal?
Acredito muito nesta ideia porque motiva muito os músi- manal com o Rock In Rio para toda a equipa de 40 pessoas), uma pessoa que quer fazer, mas exige nove ensaios com
cos. Hoje, por exemplo, estava com um problema enorme e falei assim: «sou o Zé Ricardo do Brasil, venho aqui para outro artista para que isso dê certo. Não dá tempo. Não
para o Boss AC poder vir e ele falou: «mano, vou passar lá, contaminar vocês com essa ideia do Sunset». Eles todos, de- tem dinheiro. Não é a proposta. A proposta é um ensaio
e vou ficar 10 minutos. A seguir vou embora» e eu respon- pois, começaram a me mandar email: «eu conheço uma para que a surpresa aconteça aí. O próprio perfil dos artis-
di: «fica à vontade, vai o que você puder, mas vai que vai banda que é não sei quê (…) eu conheço outra banda». tas os elimina da história. Na verdade isso me ajuda. O difí-
ser bacana». Ele ficou duas horas. Ligou, cancelou o com- Achei óptimo, li e respondi a todos os emails. Porque eu cil é você dizer não para quem tem talento e está a fim de
promisso. Ficou. A música do Boss AC, do próximo disco, preciso que todo o mundo se sinta parte disso. É um traba- fazer. Está disposto. Quer fazer. «Eu topo fazer qualquer
está disponível, para download, através da Vodafone. Vai lho que... ontem eu estava falando com uma amiga e ela: coisa». E não é fazer qualquer coisa porque quer passar no
ser o single que vão trabalhar. E, essa música, é um sam- «pô, estou-te sentindo um pouco triste»... é que quando eu Rock In Rio, não. O Rock In Rio é o maior festival do mundo,
pler de uma música antiga do Vitorino. Então olha só como fechei a grade!... A gente ficava até não sei que horas trabal- mas não é só por isso, é pela ideia. Porque a ideia é seduto-
a química, como a coisa conspirou. Na verdade, nem ele hando. Mas, nesse percurso, eu tive de dizer muito ‘não’. ra. Se eu não estivesse fazendo a organização e ouvisse es-
tinha-se realizado disso, nem eu. Ninguém. Então vão acon- sa ideia ficava, «meu Deus, como é que faço para estar
tecendo coisas novas. Como é dizer ‘não’ a artistas consagrados? nisso aí?». Acho que é mais por isso, que qualquer pessoa
Péssimo. É péssimo dizer que não a uma pessoa que tem fica seduzida. Pela ideia.
E qual foi areacção do Vitorino? talento. Porque eu sou artista e já levei muito ‘não’. Sei co-
Eu o conheci hoje, na verdade. Ele falou para mim: «Você não mo é levar um ‘não’. E você aí tem de explicar que não é Como é que concebe a estrutura que terá este palco?
imagina a importância desse palco na música portuguesa». questão do trabalho, é que só tenho 15 shows. Olha quan- Acho que tem de ser um palco que passe alegria. O de-
tos artistas existem em Portugal!... senho do palco do Sunset conseguiu ser um coisa assim
Voltandoessaobservaçãoparasi: estepalcotambém per- positiva. Gostei do azul e do branco, daqueles riscos que
mitequeserelacionecom Portugal nãoapenascomocantor. Qual foi o critério para filtrar e chegar a estes 15? ele tem. Aquele clima agradável. A ideia nasce do alternati-
Com certeza. Eu toquei na edição passada do Rock In Rio, Falando assim, o mais verdadeiro possível… quando você vo, da banda de garagem. Esse palco tem de ser aconche-
trouxe a minha banda, do Brasil. Esse ano estou com outra tem dois artistas muito talentosos, o que vai te seduzir ou gante. É um palco grande, tem 18 metros de boca de cena.
função. Tem sido um trabalho feito com outro amor e mui- não é a pessoa. Este palco precisa das pessoas. Às vezes O outro palco, de conceito diferente, nas edições de 2004 e
ta seriedade. Juro pelo meu filho de dois anos que ouvi tu- você tem um artista que é muito talentoso, muito bom mas 2006, tinha 12. Este ano tem muito espaço para trás, com
do o que me mandaram. não se mistura. É um pouco estrela. Ele não gosta de divi- um acabamento muito bacana nas laterais, que o outro
dir. Então você evita isso. Às vezes tem um cara que só sa- não tinha. Vai ter mobilidade e receptividade. A gente vai
O que lhe mandaram? Quem lhe mandou? be fazer o negócio dele, não quer fazer nada. Só quer can- até fazer um bar-convívio no backstage.
Fiz uma apresentação na reunião (existe uma reunião se- tar a música dele. Não sou eu, ele próprio se exclui. Tem
LEIA NA ÍNTEGRA EM WWW.DESTAK.PT
6. 06 www. Destak .pt 6ª Feira · 29 de Fevereiro de 2008
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NOVO ÁLBUM DESTAK SUGERE
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Destak D.R.
a saber...
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NICK CAVE AO VIVO
Nick Cave, acompanhado
pelos Bad Seeds, regressa
IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
AO VIVO
ao Coliseu de Lisboa (21 de
Abril) e no Coliseu do Porto Jorge Palma
FIM-DE-SEMANA
Sugestões
(22 de Abril); Abertura de
Portas: 20h; Início do Es- O Centro Cultural Belém fez o
pectáculo: 21h; Preços: Pla- convite e o músico aceitou: car-
teia em Pé - 30 euros, Cama- ta-branca a Jorge Palma, quanto
rotes: 30 euros (Lisboa); aos temas, novos ou adaptados.
Plateia em Pé: 30 euros, Tri- Palma apresenta-se sexta-feira,
buna: 35 euros, Galeria/Ge- às 21h30, no CCB e promete re-
ral: 25 euros (Porto). Bilhe- inventar sonoridades, divertir-se
tes à venda nos locais habi- e entreter todos os espectado-
tuais e www.ticketline.pt res reunidos noite para presen-
ciar um espectáculo único.
rem, no presente, a sua his-
tória. Nick Cave sempre
possuiu o dom da escrita
enigmática de toadas reli-
giosas ou proféticas (bas-
ta recordar o disco de
Spoken Words And The
Ass Saw The Angel ou
um dos seus discos
mais brilhantes, The
Boatman’s Call, de 1997) e
Dig, Lazarus, Dig! não é ex-
cepção. Quando ouvido nu-
ma boa aparelhagem (o dis-
co está excepcionalmente
NickCaveeas
bem registado), os sons das
guitarras penetram fundo
nos nossos ouvidos, deixan-
do uma camada mais super- DOUG MACLEOD
ficial para os acompanha-
mentos de teclas. Cavar pa- Blues em Lisboa
rece ser mesmo necessário
escavações de Lazarus
IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
TOP MÚSICA para se entranhar e enrai- Dizem os profissionais da crítica
zar um disco difícil, mas de- que é excitante vê-lo a tocar a
1 Back To Black
Amy Winehouse
= licioso de ir descobrindo a
cada nova audição, tal como
guitarra acústica com um ritmo
tremendo. Os comuns rendem-
IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
projecto paralelo Grinderman From Her To Eternity (1984) outros clássicos já citados se ao génio. A música de Doug
FILIPE PEDRO e com as bandas sonoras ela- e Henry’s Dream (1992), Dig, na sua carreira e outras no- MacLeod não deixa ninguém in-
2 Just Girls = fpedro@destak.pt boradas a meias com Warren Lazarus, Dig! recorda o clás- táveis obras como Let Love diferente e pode ser ouvida
Just Girls Ellis para os filmes A Propos- sico The Velvet Underground In (1994) e Murder Ballads quarta-feira, no Music Box, de
ig, Lazarus, Dig! é ta e O Assassínio De Jesse Ja- & Nico. O disco parte da evo- (1996). Quanto à imagem, ví- Lisboa. Oportunidade de escu-
3 Thriller
Michael Jackson
4 Fantasminha
Brincalhão
=
6*
D o título do 14.º ál-
bum de estúdio do
músico australia-
no Nick Cave, no
regresso às gravações com os
Bad Seeds, depois das deri-
vações bem sucedidas com o
mes Pelo Cobarde Robert
Ford. Produzido pela banda e
por Nick Launay, o disco foi
gravado em Richmond e terá
colocação nos escaparates a 3
de Março. Num aparente re-
gresso aos dias vividos entre
cação de Lázaro - as vozes
sussurram ao leproso e sem
abrigo bíblico para se “encon-
trar/escavar” a si próprio
(«dig yourself Lazarus, dig
yourself Lazarus») – com a
pretensão de contextualiza-
deos e clips, o sarcasmo
abunda e Nick Cave parece
querer ressuscitar o bigode.
Pode descobri-los sem mui-
ta “arqueologia” no YouTu-
be ou numa loja de discos
perto de si.
tar o contador de histórias, dos
motards da Route 66, dos solitá-
rios que andam na pick-up ver-
melha in the good old Mississipi.
Mac Leod tem na mão um regis-
to autobiográfico que lhe escre-
ve as músicas.
Avô Cantigas
5 Sleep Through
The Static
= EXPOSIÇÃO
IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
GASTROMONIA
IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
CONGRESSO
Jack Johnson
Gente pequena
Azulejos de Jun Sabores inspirados no Comércio Justo A Associação Lavoisier, orga-
6 Perfil 7* Shirasu em Lisboa niza, sexta-feira e sábado, o
Paulo Gonzo RECEITAS o papel de produtores lo- 1º Congresso Gente Pequena,
REGRESSODOORIENTE
cais. Concebidas no âmbi- Grande Aposta, no Cinema
O Instituto Marquês de to do Projecto Anauá: a São Jorge, em Lisboa. Tendo
7 Concerto 8* Valle Flôr e a Cooperativa outra Margem do Comér- em conta que as crianças
Em Lisboa Mó de Vida apresentaram cio Justo, as receitas apre- estão expostas a pressões e
Mariza as primeiras Receitas de sentadas são inspiradas na problemas sociais, e que os
Comércio Justo na língua qualidade dos ingredientes pais têm poucas respostas pa-
8 Pictures portuguesa. Mafalda Eiró- e nos sabores do Comércio ra lhes garantir um cresci-
Katia Melua N Gomes, docente da Escola Justo e pretendem sensibi- mento saudável e feliz, este
Superior de Comunicação lizar os consumidores pa- congresso tem como objectivo
Social, foi a oradora convi- ra a questão da Soberania mostrar que as crianças são a
9 As canções 20* Está patente na Galeria dada para esta iniciativa, Alimentar. Apresentando aposta do futuro. O congresso
Do Ruca Ratton, em Lisboa, a expo- que colocou em debate o sugestões variadas e cria- pretende ainda apresentar
Ruca sição do artista japonês tema da Soberania Ali- tivas para todas as re- ferramentas aos pais, como
Jun Shirasu: azulejo e gra- mentar, entendido en- feições diárias, as receitas agentes educadores e profis-
10 As I Am 4* vura, sob o título A Seed – quanto o direito dos povos a saber...
IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII IIIIIIIIIII
vão estar, a partir de ago- sionais da área, para lidar
Alicia Keys returned from the East - a decidir que alimentos COMÉRCIOJUSTO ra, disponíveis, mediante com situações difíceis que po-
Regresso do Oriente. A ex- produzir e de que forma, O comércio justo consiste nu- solicitação, junto do Insti- dem surgir no universo infan-
posição vai ficar patente tanto a Sul como no Norte, ma parceria entre consumi- tuto Marquês de Valle Flôr til e adolescente, e dar res-
* Posição na semana anterior ao público até ao próximo privilegiando um consumo dores e produtores num co- ou da Cooperativa Mó de postas para que a prevenção
FONTE: ASSOCIAÇÃO FONOGRÁFICA PORTUGUESA
4 de Abril e pode ser visi- local e de mercados de mércio com princípios e com Vida, localizada em Alma- “comece em casa”.
AC NIELSEN PORTUGAL tada de segunda a sexta. proximidade que valorize justiça. da.