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Desafios para a ação do movimento
   na implementação das políticas




   Brasília, dezembro de 2009
Desafios para a ação do movimento
   na implementação das políticas
Desafios para a ação do movimento
    na implementação das políticas




Brasília, dezembro de 2009
Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas
Índice
Apresentação_________________________________________7
Silvia Camurça e Guacira C. de Oliveira


Discussão 1
As_mulheres_na_democratização_da_gestão_
pública_e_o_projeto_feminista______________________________9


Discussão 2
Contradições_que_enfrentamos_na_implementação_
de_políticas_para_mulheres_ _____________________________13


Discussão 3
Obstáculos_à_implementação_de_políticas_justas_
e_democratizantes_____________________________________17


Discussão 4
Avaliando_os_espaços_e_estratégias_da_luta_
feminista_nas_políticas_públicas___________________________21


Discussão 5
Planejamento_em_políticas_públicas_e_
a_questão_do_orçamento________________________________25


Discussão 6
Idéias_e_proposições_para_avançar_em_
nosso_modo_de_atuação_ _______________________________29


Fotografias
Seminário_Nacional:__As_Mulheres_na_Democratização_
da_Gestão_Pública_e_o_Projeto_Feminista_ __________________33
Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas
                                   Apresentação

      Há alguns anos mulheres feministas ocupam espaços nos governos e aí
tentam levar adiante mudanças na orientação das políticas públicas. Contudo
pouco se tem refletido coletivamente sobre esta prática e seus desafios.
Companheiras que viveram ou vivem esta experiência alertaram no encontro
nacional da AMB em 2006 sobre a falta de espaço no movimento de mulheres
para intercâmbio e reflexão critica feminista e coletiva sobre tais experiências,
que se constituem também numa estratégia para aumentar nosso poder de
incidência sobre os governos executivos.
      Para responder a esta demanda, a AMB instalou um novo espaço de dis-
cussão que reúne companheiras que estão atuando na luta feminista nas políticas
públicas, seja como gestoras no âmbito de governos, seja como conselheiras
nos espaços de controle social, ou como assessoras, além das inúmeras que
fazem a luta feminista nas políticas públicas a partir do próprio movimento.
      Com esta publicação buscamos garantir a memória das reflexões acu-
muladas no debate coletivo entre estas companheiras que se encontraram em
dois momentos, nos anos de 2008 e 20091, para debater sobre a questão da
implementação das políticas para mulheres, apontando os desafios para nosso
movimento.
      Por indicação das participantes destes debates, fazemos esta publicação
para cumprir com uma dupla finalidade: registrar o pensamento construído
coletivamente e colocar esta produção a serviço da reflexão de cada uma e de
todas nós que estamos engajadas nesta estratégia.
      Para contextualizar os conteúdos desta publicação, procuramos comple-
mentar a sistematização com informações sobre as mulheres na democratização
da gestão pública e a implementação das políticas para mulheres no momento
presente. Esperamos ter sido bem sucedidas.
      A todas as participantes da oficina e do seminário nossos agradecimentos
por compartilharem suas experiências e saberes.

                                                 Silvia Camurça e Guacira C. de Oliveira
                                               p/coordenação executiva nacional da AMB.


1        Oficina preparatória (2008) e seminário nacional (2009) As Mulheres na democratização da gestão
pública e o projeto feminista. Promoção AMB-Articulação de Mulheres Brasileiras, realização Cfêmea e
SOSCorpo.

                                                                                                           7
Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas
DISCUSSÃO   1
As mulheres na democratização da gestão
      pública e o projeto feminista


      A luta feminista, em todo o         enfim, na condição de parente/depen-
mundo, e também no Brasil, pro-           dente e em representação dos homens
duziu muitas alterações no Estado,        da elite que detinham o poder.
suas leis e instituições, na orientação         No começo do século XX, por
das políticas públicas e no modo de       conta desta experiência, várias de nós
atuar dos governos. Mas nem sempre        já detinham muito saber sobre como
as mulheres colocaram-se da mesma         ‘administrar’ o clientelismo nas comu-
maneira frente o Estado, e o Estado,      nidades, como apresentar e negociar
ao longo da história, tratou a nós mu-    demandas junto à classe política que,
lheres de forma muito variada. Neste      naquele período, era marcadamente
texto queremos resgatar um pouco da       composta por representantes dos
relação entre o Estado e as mulheres      interesses das oligarquias agrárias:
e apontar os desafios de hoje para o      cafeicultores, pecuaristas, usineiros.
feminismo.                                      Nas primeiras décadas do sé-
      No passado, durante muito           culo passado, as lutas por políticas
tempo, e ainda hoje, por tradição de      públicas não eram uma realidade
nossa cultura política, nós mulheres      como são hoje, e muitas lutas sociais
nos acercamos do Estado na condição       centravam-se na questão da terra,
de beneficiárias passivas de políticas    onde nós mulheres éramos poucas na
assistenciais, voltadas essencialmente    política, ainda que valorosas. Foi mui-
para a maternidade, o amparo à in-        to tempo depois que confrontamos o
fância e à velhice. Por conta das rela-   movimento sindical rural e passamos
ções de exploração, muitas de nós da      a ter espaço na direção das lutas no
classe trabalhadora empobrecida eram      campo que por sua vez, com o passar
qualificadas pelos governos como          dos anos, vieram a constituir-se em
‘carentes’ enquanto outras mulheres       políticas públicas.
organizavam o trabalho beneficente,             A partir dos anos 1930, com o
na condição de ‘primeiras damas’,         avanço da industrialização e urbani-
atuando a partir do lugar de esposa do    zação no país, novas formas de relação
vereador, mulher do prefeito, sobri-      com o Estado começaram se estabe-
nha do governador, filha do deputado,     lecer. Ao longo dos anos seguintes,

                                                                                    9
Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas




                                                           já não nos colocávamos mais como           novas instituições: os conselhos de
                                                           beneficiárias passivas de assistência      defesa dos direitos da mulher, as dele-
                                                           do Estado, mas sim como deman-             gacias da mulher, o PAISM- Programa
                                                           dantes. Com o tempo, passamos a            de Atenção Integral à Saúde da
                                                           atuar de forma organizada e coletiva,      Mulher, os mecanismos de políticas
                                                           afirmando direitos e exigindo políti-      para mulheres. Além disso, confron-
                                                           cas públicas: políticas contra carestia,   taram o poder do Estado patriarcal de
                                                           moradia, creche, transporte. Por 20        muitas formas: atuando ‘por dentro’,
                                                           anos, do início dos anos 1970 ao final     formando o funcionalismo público,
                                                           dos anos 1980, seguimos na luta por        reorganizando serviços, assessoran-
                                                           direitos com garra e muitas conquis-       do administrações públicas e nelas
                                                           tas. Sendo que para os movimentos          trabalhando na gestão, e ‘por fora’,
                                                           sociais, incluindo nós mulheres, as        brigando por cotas nas eleições e de-
                                                           conquistas principais ficaram garan-       mocracia na política, fazendo pressão,
                                                           tidas na Constituição de 1988, um          protestos, manifestações públicas. Ao
                                                           marco na democratização do Estado          final dos anos 1980 e início dos anos
                                                           brasileiro.                                1990, as mulheres feministas tinham
                                                                 Foi na transição entre a ditadura    instalado uma nova forma de atuação
                                                           e a Assembléia Constituinte de 88,         e relação com o Estado, a de sujeito
                                                           que tomaram forma as chamados ‘as          político da democratização do país e
                                                           administrações democráticas’, inicial-     da gestão pública.
                                                           mente levadas adiante pelos setores              Entretanto, no último quarto do
                                                           progressistas e que se opunham à           século XX, por conta do avanço da
                                                           ditadura e mais tarde pelos gover-         doutrina neoliberal na administração
                                                           nos liderados por partidos surgidos        pública e o avanço da ideologia neoli-
                                                           pós-ditadura. Estes governos abrem         beral em toda a sociedade, atravessa-
                                                           novas possibilidades para as mulheres      mos um período de refluxo que ainda
                                                           atuarem na democratização da ges-          não está superado. A partir do neoli-
                                                           tão pública. Rapidamente mulheres          beralismo, emergem novas formas de
                                                           feministas, que já eram muitas neste       relação Estadas versus mulheres. De
                                                           momento, cobraram destes governos          um lado, nós mulheres passamos a
                                                           a instituição de espaços e políticas que   ser mobilizadas por diversos agentes
                                                           promovessem a igualdade, direitos e        sociais como força de trabalho volun-
                                                           liberdade para as mulheres. Surgem         tária para implementação de políticas
                                                           os primeiros conselhos e nos anos se-      sociais focalizadas e compensatórias
                                                           guintes aparecem as muitas iniciativas     realizadas a baixo custo. De outro,
                                                           de políticas para mulheres no plano        os governos retrocedem nas políticas
                                                           municipal.                                 de emprego e nas políticas sociais,
                                                                 A luta feminista alcançou mui-       aprofundando a carga de trabalho
                                                           tos avanços neste contexto favorável.      das mulheres e bloqueando avanços
                                                           As mulheres feministas inventaram          no campo da autonomia econômica.

                                                      10
Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas
      Um exemplo expressivo do uso        das mulheres, tais como escolas pú-
da força de trabalho feminina gra-        blicas em tempo integral, serviços
tuita é o trabalho social da Pastoral     de cuidados a idosos, ampliação do
da Criança, que cresceu significati-      atendimento do SUS, investimentos
vamente na era neoliberal. Esta ação      em saneamento público, construção
religiosa é apoiada financeiramente       de moradias populares, pavimentação
pelo Ministério da Saúde, mas seus        de ruas, equipamentos de lazer.
resultados se sustentam no trabalho             Esta política de retração do
voluntário de centenas de mulheres        Estado na esfera reprodutiva, própria
da classe trabalhadora empobrecida,       do neoliberalismo, leva a super-ex-
muitas das quais desempregadas e          ploração das mulheres com a intensi-
sem qualquer renda própria. Ou seja,      ficação da dupla jornada de trabalho
justo aquelas mulheres que deveriam       para aquelas que conseguem entrar
ser beneficiárias do Estado, são as       no mercado de trabalho (formal e
que suportam as jornadas extensas de      informal) e com a extensão do tempo
trabalho, em casa e na comunidade,        total de trabalho das donas de casa,
para fazer o papel do Estado: reduzir     todas enfrentando piores condições
a mortalidade infantil. A exploração      para os trabalhos de cuidados com a
das mulheres é, entretanto, mascarada     família e com cada vez menos tempo
pela idéia de que somos colaboradoras     para si mesmas.
e parceiras imprescindíveis para os             Neste início do século 21, en-
governos. O mesmo podemos dizer de        tretanto, aquele processo de ascensão
outras iniciativas, a exemplo das ‘fis-   da doutrina neoliberal que vinha se
cais do Sarney’ ou o caso das agentes     desenvolvendo, foi colocado em xe-
de saúde e sua luta por reconhecimen-     que. O quadro mundial começar a
to de direitos trabalhistas.              mudar. Esta possibilidade está dada
      Quanto aos bloqueios à nossa        em razão de três fatores e muita luta.
autonomia econômica, estes crescem        De um lado aparecem com força nos
na era neoliberal por conta da retração   estudos e avaliações governamentais
da ação do Estado, que reduziu sua        de desenvolvimento os limites e reco-
presença tanto na esfera da economia      nhecimento do fracasso da proposta
e da produção, como na esfera da re-      neoliberal, isto por parte de amplos
produção social e vida doméstica. Ou      setores políticos e da grande mídia
seja, do mesmo modo que a retirada        internacional. De outro lado, ocorre
do Estado da esfera das atividades pro-   retomada das lutas de resistência e
dutivas levou a privatização das em-      por direitos dos movimentos sociais.
presas estatais em diferentes áreas, a    E por fim, ocorrem vitórias eleitorais
retração do Estado na área reprodutiva    no Brasil e vários países da América
restringiu e anulou a ação do Estado      latina, de novos governos com presen-
em políticas importantes que podem        ça do campo da esquerda.
liberar o tempo e a força de trabalho           Nesse contexto, eclodiu a crise

                                                                                   11
Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas




                                                           financeira internacional, que pôs por      na gestão pública convivem diferentes
                                                           terra os dogmas neoliberais. A inter-      formas de relação do Estado com as
                                                           venção do Estado no sistema financei-      mulheres, o que nos coloca frente a
                                                           ro, a injeção de recursos públicos na      uma gama de contradições entre as
                                                           economia privada, foram algumas das        velhas e novas formas de conferir lugar
                                                           medidas tomadas por vários governos,       às mulheres na política pública. Todas
                                                           inclusive aqueles que sempre susten-       as formas anteriores mencionadas
                                                           taram o receituário do Consenso de         permanecem e convivem com novas
                                                           Washington. A ordem neoliberal está        formas que foram se instituindo no
                                                           em crise e o sistema capitalista está      tempo e pela luta feminista.
                                                           buscando outros caminhos para man-               Nos governos conservadores,
                                                           ter a acumulação e a concentração da       as mulheres ainda estão no lugar de
                                                           riqueza.                                   ‘cliente’ e ‘mãe beneficiária-passiva’
                                                                 No período recente, aqui no          da ação do Estado. Sempre que a
                                                           Brasil, em especial após a I Conferência   perspectiva neoliberal permanece nas
                                                           Nacional de Políticas para Mulheres        políticas públicas, em todos os níveis
                                                           (2004), as oportunidades para uma          de governos, ainda nos reservam o
                                                           ação feminista na gestão pública           lugar de ‘colaboradoras’, ‘parceiras’ e
                                                           voltaram a crescer e de forma muito        trabalhadoras super-explorada. Mas,
                                                           significativa: novos conselhos e or-       estamos mantendo, nos governos pro-
                                                           ganismos executivos são instalados         gressistas, a posição de sujeito político
                                                           no plano estadual e municipal por          conquistada na luta feminista, atu-
                                                           todo país e multiplicam-se grupos          ando como movimento de lutas por
                                                           de trabalho e iniciativas diversas em      direitos, algumas de nós como gestora
                                                           todos os níveis de governo. Hoje, a        ou como agentes de controle social.
                                                           institucionalização da proposta de               É neste quadro, que nós mu-
                                                           ‘políticas para mulheres’, leva mais e     lheres feministas precisamos resistir e
                                                           mais mulheres a ocupar espaços na          confrontar velhas formas de atuação
                                                           gestão pública, seja pela via da parti-    das mulheres (e homens) na gestão
                                                           cipação em conselhos de direitos da        pública.
                                                           mulher, seja na direção de organismos            Precisamos seguir construindo
                                                           de políticas para mulheres instituídos     marcos de institucionalização de
                                                           no poder executivo, ou ainda atuando       práticas feministas na gestão pública
                                                           na disputa de orientação destas polí-      condizentes com o projeto feminista
                                                           ticas no momento das Conferências.         de democracia, justiça, igualdade e
                                                                 O Estado, entretanto, não está       autonomia para todas as mulheres.
                                                           transformado e a cultura política          Esta é necessariamente a linha política
                                                           patriarcal e neoliberal não foi intei-     da AMB na atuação na gestão pública
                                                           ramente superada nos governos do           e o nosso desafio.
                                                           campo da esquerda e muito menos
                                                           nos governos conservadores. Por isto,

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Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas
DISCUSSÃO   2
     Contradições na implementação das
          ‘políticas para mulheres’

      Sabemos todas que a implemen-        maioria dos casos, são velhas políticas
tação das políticas para mulheres não      que em muito pouco contribuem para
está, na grande maioria das situações,     promover a igualdade, enfrentam su-
sob orientação ou sob o controle de        perficialmente os problemas reais na
mulheres feministas. Forças políticas      vida das mulheres e não promovem
anti-feministas e anti-democráticas        qualquer transformação do Estado e
mantém forte influência sobre as prio-     da política pública.
ridades, a direção e a velocidade de              A disputa entre as forças neolibe-
implementação das políticas públicas.      rais e anti-neoliberais segue acirrada.
Percebe-se de forma bastante nítida        De forma recorrente mulheres con-
que a implementação real de políti-        tinuam a ser convocadas a participar
cas para mulheres, nesta correlação        da execução de políticas públicas
de forças adversa, tem um limitado         com baixo custo, que não avançam
poder de democratização do Estado e        na universalização de direitos das
resulta em muitos equívocos, além de       mulheres, portanto não contribuem
enfrentar a esperada resistência.          para a transformação de suas vidas.
      Em nome das políticas para mu-              Outra questão importante é que,
lheres, setores conservadores promo-       na proposição de terceirizar a execução
vem um renascer do ‘’primeiro damis-       de políticas, a proposta neoliberal abre
mo’ e das políticas para as ‘mulheres      os fundos públicos a iniciativas da so-
carentes’, que supostamente apenas         ciedade civil. Com isto, muitos setores
tem carências e nunca direitos. Esposas    conservadores e anti-feministas estão,
de políticos, pelo fato de serem esposa,   em nome do trabalho com mulheres,
assumem a promoção e execução de           acessando recursos públicos e execu-
algumas iniciativas governamentais         tando políticas sociais de distintos
orientadas para o público feminino,        ministérios, entre eles o da saúde, o
sem uma visão das funções públicas         de desenvolvimento social e outros.
que cabe ao Estado.                        Estas ações nem sempre contém pers-
      Nesta perspectiva, muitas ini-       pectiva favorável às mulheres, como
ciativas de políticas para mulheres        no caso de organizações cristãs cató-
só tem de novo este nome, mas, na          licas, com orientação conservadora e

                                                                                       13
Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas




                                                           fundamentalista que acessam recursos        não queremos políticas públicas orien-
                                                           públicos para trabalho social conser-       tadas a favorecer os interesses da elite,
                                                           vador e anti-feminista no campo e           demandamos políticas orientadas a
                                                           nas cidades.                                favorecer os direitos das mulheres,
                                                                 Apesar de contextos favoráveis,       considerando a realidade de que este
                                                           mesmo nos governos do campo demo-           é um grupo submetido a exploração
                                                           crático, com frequência, corremos o         e opressão capitalista, patriarcal e ra-
                                                           risco de ver a luta feminista nas políti-   cista, que tem seus direitos violados.
                                                           cas públicas ficar confinada à execução     Contudo, esta concepção de política
                                                           do orçamento de um mecanismo de             para mulheres é minoritária entre os/
                                                           mulheres: uma secretaria da mulher ou       as agentes governamentais e setores
                                                           conselho, que não atua nem tem poder        da sociedade civil que atuam hoje na
                                                           de influir na ação total do governo         implementação de tais políticas, boa
                                                           que integra, nem tampouco compe-            parte deles sem qualquer perspectiva
                                                           tência legal para implementar a ação        feminista do debate.
                                                           governamental na maioria dos setores.             A experiência que vivemos hoje
                                                           Quando muito, vemos a política para         demonstra que, efetivamente, o ter-
                                                           mulheres ficar restrita a programas         mo ‘políticas para mulheres’ se presta
                                                           e ações alocados no Plano Nacional          a muitas práticas políticas, práticas
                                                           de Políticas para Mulheres. E a sua         que estão orientadas por diferentes
                                                           execução, ademais, limitada aos me-         concepções de Estado e de políticas
                                                           canismos de mulheres do executivo,          públicas. Há uma enorme disputa
                                                           que em muitos casos sequer existem.         de significados sobre o que é fazer
                                                           Portanto, estamos sempre correndo           política para mulheres e o feminismo
                                                           risco de nossas propostas serem re-         precisará seguir afirmando e disputan-
                                                           duzida ao tamanho do compromisso            do este significado sob pena de perder
                                                           de boa parte destes governos com a          ou desqualificar sua própria proposta.
                                                           promoção da igualdade de gênero.                  É preciso negar valor à políticas
                                                                 Sabemos todas, mas precisamos         públicas que aprofundem desigualda-
                                                           recordar sempre, que ‘políticas para        des e também rejeitar a idéia de que
                                                           mulheres’ foi a forma que encontra-         políticas para mulheres são apenas as
                                                           mos para dar nome à proposta femi-          políticas sociais. Demandamos políti-
                                                           nista de criação políticas que sejam        cas públicas sociais e econômicas, em
                                                           favoráveis à mudança das condições          todas as esferas de governo, que alte-
                                                           de vida das mulheres, que sejam polí-       rem para melhor as condições de vida
                                                           ticas de promoção da igualdade e jus-       das mulheres e promovam a igualda-
                                                           tiça social. Ou seja, ao cunhar e usar      de. Isto são políticas para mulheres.
                                                           a expressão ‘política para mulheres’        Ademais, reivindicamos políticas de
                                                           o movimento fazia uma denúncia e            ação afirmativa, ou seja, medidas
                                                           enunciava uma demanda: há políticas         especiais e temporárias para elimi-
                                                           que não são para o bem das mulheres,        nar as desigualdades historicamente

                                                      14
Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas
acumuladas pelas mulheres, decor-        para mulheres, precisamos sempre,
rentes da discriminação e margina-       no atual contexto, afirmar o tipo de
lização a que estamos submetidas as      Estado que nos interessa no presente
mulheres, inclusive e especialmente as   e a compressão dos sentidos da luta
mulheres indígenas, negras, lésbicas,    feminista nas políticas públicas. Estas
entre outros grupos sujeitos a múlti-    parecem ser duas proposições que
plas formas de discriminação.            precisamos elaborar de forma mais
      Para fazer o enfrentamento         explícita e precisa. Por isto, doravante
deste debate e atuar melhor na           precisarão estar permanentemente no
disputa de orientação das políticas      foco de nossos debates.




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Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas
DISCUSSÃO      3
            Obstáculos à implementação
         de políticas públicas para mulheres
             justas e democratizantes
       A Plataforma Política Feminista               acesso ao poder de governo sobre este
(2002) 2, referência para nossa ação na              Estado. Neste processo de luta sabemos
AMB, aponta os problemas do Estado                   também que seremos frequentemente
brasileiro, que é ali descrito como um               derrotadas em muitas proposições e de
Estado patriarcal, racista e orientado               diferentes maneiras, inclusive por coop-
para os interesses de classe da elite em-            tação. A força da resistência à mudança
presarial, urbana e rural. Esta simples              por parte da elite que se apropria deste
constatação explica os muitos obstácu-               Estado para seus interesses é forte e nos
los à luta feminista nas políticas públi-            fecha portas, impõe obstáculos.
cas. As mulheres feministas que atuam                      No atual contexto, o movimento,
na política pública precisam enfrentar,              suas integrantes, fora e dentro de gover-
a um só tempo, as forças políticas que               nos, passam a fazer o enfrentamento das
estão representadas nos espaços de po-               antigas e novas contradições na prática
der e a cultura política anti-democrática            política da gestão pública. Entre estas,
que está instalada nos espaços da gestão             destaca-se a distância entre o que é
pública e na sociedade.                              pactuado no âmbito das conferências
       Por isto, é preciso ter em mente              de políticas públicas e aquilo que é
que nosso movimento ao somar-se a                    efetivamente implementado pelos
outros na luta por políticas públicas                governos. Problema que se soma ao
coloca-se diante de uma tarefa árdua:                que de pior existe enquanto prática na
arrancar deste Estado, patriarcal, racista           gestão pública, que é a gestão privada
e elitista, políticas públicas que pro-              dos fundos públicos de modo a pri-
movam a igualdade, a justiça, supere                 vilegiar interesses de grupos políticos
a exploração e transforme a vida das                 e segmentos empresariais, de grande
mulheres. Nesta tarefa, sabemos que                  ou pequeno porte. E há a corrupção,
avançaremos com pequenas conquistas,                 marca da prática política dos setores
na medida em que não abandonarmos                    hegemônicos, que se espalha e fortalece
esta luta e que democratizarmos o                    como dado de cultura política.


2       Resultante da Conferência Nacional de Mulheres Brasileiras, realizada por organizações do movi-
mento de mulheres brasileiro. Para saber mais leia www.articulacaodemulheres.org.br.

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Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas




                                                                  No campo progressista, das es-         das mulheres por este próprio Estado e
                                                           querdas e dos movimentos sociais              pela sociedade. Por força de nossa domi-
                                                           democráticos, estes desafios não estão        nação, somos minoria entre as direções
                                                           inteiramente ausentes, pois este setor        dos partidos, movimentos sociais e
                                                           atua sob uma mesma cultura política           agentes econômicos, todos atuando so-
                                                           hegemônica. Formas hierárquicas e             bre os governos e disputando políticas e
                                                           centralizadoras são práticas políticas fre-   recursos; e somos minoria nos governos
                                                           quentes, além das disputas de interesses      executivos. Ou seja, somos minoritárias
                                                           privatistas e corporativos.                   na correlação de forças atual que define
                                                                  Para nós, as mulheres feministas,      a orientação que irá prevalecer nas polí-
                                                           a estes desafios somam-se outros, sen-        ticas públicas em determinado governo.
                                                           do importante o desafio de atuar na                  Esta compreensão produziu uma
                                                           dinâmica das relações políticas entre         série de questões para debate: quais
                                                           as mulheres feministas no governo, as         os elementos mais problemáticos na
                                                           feministas nos partidos e as feministas       dinâmica de poder hoje? Como esta
                                                           no movimento de mulheres e outros             dinâmica interfere na autonomia das
                                                           movimentos sociais. Esta questão exige        gestoras feministas? Que problemas
                                                           grande capacidade de aliança e enfren-        estão presentes na relação das gestoras
                                                           tamento democrático dos debates e             feministas com partidos, poder exe-
                                                           seus conflitos no próprio movimento.          cutivo e poder legislativo? No espaço
                                                           Como se não bastasse, há o desafio da         dos Conselhos, como esta dinâmica
                                                           relação que se estabelece entre mulhe-        de relações políticas atua? E nas
                                                           res feministas e não-feministas que           Conferências? Há reais possibilidades,
                                                           atuam nestes mesmos espaços.                  no contexto do patriarcado capitalista,
                                                                  A linha política que marca cada        racista e globalizado, de se ter sucesso
                                                           governo é uma resultante de vários            na luta feminista nas políticas públi-
                                                           fatores políticos: a ação das lideranças      cas? Em que condições faz sentido
                                                           e direções dos partidos da base aliada;       ocupar espaços em governos e quando
                                                           a força e legitimidade, na população,         há reais condições de se avançar?
                                                           desta base aliada; a ação dos partidos               No executivo, a prática de contin-
                                                           de oposição; a cultura política e forças      genciamento de recursos públicos é um
                                                           representadas no Legislativo; a cultura       dos expedientes mais usados para não
                                                           política e forças dos movimentos so-          efetivação de políticas para públicas
                                                           ciais, a ação da mídia na influência da       reduzindo o investimento nas políti-
                                                           opinião pública (contra ou a favor de         cas sociais em favor de investimentos
                                                           determinadas medidas de governo),             que favorecem a economia capitalista
                                                           e o maior ou menor prestígio e acei-          em que estamos. É muito forte o po-
                                                           tação do governo junto à população.           der das Secretarias da Fazenda e do
                                                                  Esta dinâmica de relações de po-       Planejamento em definir prioridades
                                                           der entre Estado e sociedade civil está       de investimento. Interesses privados
                                                           ainda fortemente interditada à maioria        e particulares de partidos ou setores

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do governo se sobrepõem ao interesse        vezes, a incorporação, pela gestora fe-
público.                                    minista, do ‘modo masculino de fazer
      Os mecanismos de políticas para       política’, reproduzindo o que há de mais
mulheres são fracos e com pouco poder       tradicional na gestão pública que são as
no governo que integram. Sob diferen-       formas verticalizadas, centralizadoras e
tes temas e propostas, a disputa interna    muitas vezes autoritárias, além da prá-
nos governos e partidos é muitas vezes      tica do que se considera adesismo ao
“rasteira” e colocam as mulheres na         poder instituído como forma de manter
periferia do poder. Companheiras sem        algum poder no governo. Há por fim
atuação na direção dos partidos da base     falta de estratégia na gestão levando a
dos governos ficam sem visão do jogo        ações incipientes e sem valor para os
político em que estão imersas.              objetivos do movimento. Isto tudo
      A gestão pública está fortemen-       produz uma série de tensões.
te marcada por práticas que pouco                 Na relação entre gestão e movi-
valorizam a participação, seja das          mento, a crítica do movimento, muitas
mulheres, da população negra e dos          vezes, pertinente e politicamente sig-
setores oprimidos. Nesta correlação de      nificativa, é dirigida somente à gestora
forças, a pressão e atuação crítica do      e não ao governo, enfraquecendo a
movimento é capturada para dentro           própria gestora, que se sente incapaz de
do governo - como incompetência             produzir os resultados esperados pelo
da gestora na tarefa de responder ao        movimento. Parece haver dificuldades
movimento e não como constitutiva           de reconhecer, tanto pelo lado das gesto-
do processo democrático.                    ras feministas como do movimento, que
      No âmbito do nosso movimen-           os parcos resultados, ou a ausência dele,
to os problemas também são muitos.          devem-se em grande medida ao patriar-
Percebe-se um arrefecimento da luta ou      cado, ao Estado patriarcal, e não a ação
refluxo organizativo dos movimentos         desta ou daquela gestora isoladamente.
sociais com redução do poder dos mo-              Tudo isto, aponta para uma
vimentos frente o Estado e isto também      avaliação caso a caso de quando e
vale para as mulheres. Há também um         como ocupar espaços de poder nos
desconhecimento da “máquina admi-           governos. Somente a avaliação da
nistrativa” e poucas pessoas qualificadas   orientação política de cada governo
para atuar em políticas públicas, de        e o campo de aliança que lhe dá sus-
modo que a gestora enfrenta dificulda-      tentação pode apontar os limites e as
des para rapidamente formar equipes no      chances da luta feminista nas políticas
governo. Esta situação deixa a gestora      públicas produzir resultados. A políti-
feminista muitas vezes sem ter com          ca (que está se tornando generalizada)
quem contar além do pequeno grupo           de se ocupar espaços de poder, sem a
que consegue levar para o governo,          análise da composição de forças que
quando isto acontece.                       dominam este espaço, demonstra-se
      Percebe-se por outro lado, muitas     mais e mais equivocada a cada dia.

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DISCUSSÃO    4
            Espaços e estratégias da luta
           feminista nas políticas públicas

      Nosso movimento, referimo-nos        burocrática, ao mesmo tempo que
a própria AMB, é um importante             foca a luta frente ao Estado apenas
segmento na produção do modelo             no Executivo. Será que a atuação em
de institucionalidade proposto para a      conferências-conselhos-mecanismos
participação nas políticas públicas. Em    executivos é suficiente para a luta fe-
síntese, defendemos a existência de        minista nas políticas públicas? Onde
Conferências (espaço de formulação e       fica a ação sobre o Legislativo e o
negociação das políticas); defendemos      Judiciário? E a ação de mobilização
organismos executivos para promover        da população de mulheres para as
a implementação das políticas pelos        causas que propomos, onde fica nesta
governos e defendemos os Conselhos         estratégia?
como um espaço de controle social.               Os problemas identificados na
Mas qual avaliação temos dessa pro-        ação nos espaços das Conferências
posta agora que está sendo amplamen-       são inúmeros. Entre eles, o problema
te implementada no país?                   maior é o risco de ter esse espaço des-
      Este modelo de institucionalida-     qualificado. Muitos setores políticos
de está amplamente questionado em          são contrários à democracia parti-
sua eficácia e começa a ser problema-      cipativa, consideram ilegítimo esse
tizado do ponto de vista da política       espaço de pactuação entre governo e
de luta do movimento. Parece que a         os movimentos, procuram manter as
atuação nestes espaços passou a ser        relações com governos no âmbito do
tomada como a única forma de atuar         privado ou atuam apenas via ‘lobby’
nas políticas públicas, o que pode         no Congresso, apoiando campanhas
induzir à redução ou a nenhuma luta        e manipulando parlamentares.
política fora dos espaços institucionais         Por outro lado, os grupos sociais
dos governos, ou seja, nas ruas.           que participaram das conferências
      Os debates no movimento levam        apresentam, muitas vezes, baixa dis-
a pensar que este modo de atuar pode       posição de negociação e de formula-
ser também um problema, uma camisa         ção de suas demandas. Além disso, os
de força que prende a força e rebeldia     organismos estratégicos do Executivo
do movimento na institucionalidade         não participam desses espaços ou

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                                                           e poder político, que não vão nego-        têm sido espaços efetivos de pactuação
                                                           ciar, mas apenas defender interesses e     e controle social dos governos e pouco
                                                           prioridades deste ou daquele setor do      têm contribuído para comprometer
                                                           governo. Nas pequenas cidades, mui-        o conjunto do governo com as polí-
                                                           tas vezes as conferências não passam       ticas para as mulheres na perspectiva
                                                           de espaços para proselitismo político      feminista.
                                                           do governo local e seus aliados.                 Esses problemas variam de inten-
                                                                 Em nossa atuação como mo-            sidade, a depender do arco político dos
                                                           vimento de mulheres, tendemos a            governos e de sua perspectiva, mais ou
                                                           repetir a formulação contínua de no-       menos patriarcal. Entretanto, é recor-
                                                           vas demandas sem eleger prioridades,       rente a não elaboração e/ou não obser-
                                                           desconsiderando os processos vividos       vância dos planos de políticas públicas,
                                                           e conquistas já alcançadas. Pouco          mesmo em governos progressistas.
                                                           revemos e articulamos propostas que        Com frequência os conselhos ficam a
                                                           avancem na implementação do que            reboque dos interesses e prioridades do
                                                           foi conquistado em conferências ante-      Executivo, em detrimento do controle
                                                           riores. Essa prática não qualifica a de-   sobre a implementação das delibera-
                                                           manda e as propostas feministas e nos      ções das conferências.
                                                           impõe um eterno “começar do zero”.               Há que se ter estratégias para
                                                                 Os problemas nos Organismos          conseguir transformar a forma como
                                                           Executivos de políticas para mulheres      as políticas públicas são planejadas,
                                                           são já bastante conhecidos: falta de       para mudar as diretrizes que orientam
                                                           estrutura, falta de orçamento próprio e,   as finanças públicas e, portanto, dar
                                                           no presente contexto, dependência do       outro sentido à ação do Estado com
                                                           orçamento federal (Secretaria Especial     vistas a superar as desigualdades de
                                                           de Políticas para Mulheres - SPM),         gênero e promover a justiça social.
                                                           além de isolamento das gestoras no go-           A estratégia feminista frente ao
                                                           verno e distanciamento do movimen-         Estado e nos governos tem como desa-
                                                           to. Há também muita incompreensão          fio conceber as políticas públicas para
                                                           sobre o lugar estratégico do conselho      e superar as desigualdades, enfrentan-
                                                           em detrimento do organismo execu-          do o seu caráter estrutural. Isso exige
                                                           tivo, que muitas vezes aparecem e são      a ocupação dos espaços de poder, a
                                                           percebidos como mais relevantes que        abertura ou ampliação dos espaços
                                                           o próprio movimento, que propôs e          públicos de decisão pela articulação
                                                           conquistou estes espaços.                  entre democracia representativa e
                                                                 No âmbito dos Conselhos, re-         participativa, o adensamento da par-
                                                           petem-se problemas dos conselhos em        ticipação social das mulheres, enfim,
                                                           geral: a lacuna de poder na represen-      a democratização do poder.
                                                           tação governamental faz com que as               Afinal, as mulheres em geral
                                                           decisões do Conselho não repercutam        e, em especial aquelas das camadas

                                                      22
Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas
populares, que estão nos estratos so-     dialogar, negociar, consolidar compro-
cialmente mais desfavorecidos, as que     missos junto ao Poder Público.
sofrem múltiplas formas de discrimi-             Mas sabemos que para orientar
nação, dificilmente conseguem que os      as políticas públicas neste sentido, o
seus interesses sejam representados no    Estado tem de ser transformado. Por
sistema político, dominado pela elite.    enquanto, ele continua sendo capita-
Por isso mesmo, um desafio para quem      lista, racista, patriarcal, elitista. Razão
está à frente da gestão ou como con-      pela qual, além de ter poder, também
selheiras de políticas públicas é abrir   é preciso construir contrapoder, den-
espaço para que as mulheres possam        tro e fora dos governos




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Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas
DISCUSSÃO     5
       Planejamento em políticas públicas
           e a questão do orçamento


      Para as feministas no campo da        federal) podem orçar e desenvolver
AMB, planejar a política pública impli-     tem de estar contemplada no Plano
ca radicalizar a idéia de universalidade    Plurianual - PPA. Mas, por outro
com respeito à diversidade, enfrentando     lado, nem todas as ações que estão
o desafio de construir políticas capazes    programadas no PPA têm obrigato-
de enfrentar o conjunto das desigualda-     riamente que ser desenvolvidas pelo
des que envolvem as mulheres, superar       governo. Daí porque consideramos
os programas pontuais, focalizados,         fundamental a incidência política
fragmentados. E implantar políticas         sobre o PPA - esse momento do Ciclo
públicas universais, intersetoriais,e es-   Orçamentário quando se definem as
pecíficas para dar conta da promoção        diretrizes da política e as ações que
da igualdade e da justiça social.           lhes dão conseqüência. Quando se
      A chamada cegueira de gênero          perde esse momento, a experiência
no planejamento das políticas públi-        da luta feminista demonstra, que
cas, ou seja a definição de estratégias,    fica quase impossível acomodar em
o desenvolvimento de ações e a rea-         algum cantinho projetos a serem
lização de despesas para um suposto         desenvolvidos.
“beneficiário neutro” (pretensamente,             Os programas de governo apre-
nem homem, nem mulher, nem bran-            sentados nas campanhas eleitorais
co, nem negro etc) tem possibilitado        são a base política onde o partido
que a desigualdade seja reproduzida         vencedor das eleições vai alicerçar,
sistematicamente pelas políticas públi-     no seu primeiro ano de governo, a
cas. A desigualdade está sendo mantida      construção do novo PPA, que só passa
(ou até pior, agravada) e invisibilizada,   a vigorar no segundo ano de governo
porque os processos de monitoramen-         (municipal, estadual ou federal). Para
to e avaliação não a consideram como        avançar na luta feminista é preciso
problema. E os poucos programas que         participar, disputar a orientação das
existem para enfrentar as desigualda-       políticas públicas desde a campanha.
des, têm recursos mínimos.                  Depois, seguir adiante na fase de
      Por força da lei, toda ação que       elaboração no Executivo, inclusive
os governos (municipal, estadual e          demandando o debate nos conselhos

                                                                                     25
Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas




                                                           a esse respeito. Em geral, essa fase do   elas estabelecem. O intercâmbio de
                                                           processo é muito fechada, excluindo       experiências na AMB demonstrou
                                                           completamente a participação so-          que não raro, alguns programas que
                                                           cial. E é preciso democratizá-la, para    as mulheres lutaram para incluir no
                                                           que as mulheres possam inserir suas       PPA, não entraram no Orçamento
                                                           reivindicações.                           Anual do município, estado ou União
                                                                 Na sequência, o desafio é abrir     e, portanto, não tiveram recursos para
                                                           espaço para pautar e fazer ecoar a voz    serem desenvolvidos. Há também os
                                                           das mulheres no debate do Legislativo,    casos em que o programa ou ação
                                                           articulando senadoras/es, deputadas/      entra no Orçamento, mas os recursos
                                                           os e vereadoras/es aliadas/os, promo-     não são liberados - ficam contingen-
                                                           vendo audiências públicas. Quase          ciados e o resultado, da mesma forma,
                                                           sempre, é só nessa fase que se torna      é que pouco ou nada do planejado se
                                                           pública a proposta do Executivo.          consegue realizar. Enfim, é preciso
                                                           Apenas nesse momento é que os movi-       uma ação continuada, sistemática e
                                                           mentos e, inclusive, muitos conselhos,    para assegurar conquistas reais.
                                                           tomam conhecimento do projeto do                Ainda que saibamos que a dis-
                                                           PPA, ou seja, depois que ele já está      puta por políticas e recursos públicos
                                                           pronto, acabado, e já foi submetido       para financiar a promoção da igual-
                                                           à discussão no Congresso Nacional,        dade seja eminentemente política,
                                                           Assembléias Legislativas ou Câmaras       o fato é que a linguagem tecnicis-
                                                           de Vereadores, conforme o caso.           ta, economicista de todo o Ciclo
                                                                 A inexistência ou insuficiência     Orçamentário ainda intimida a ação
                                                           de espaços de participação social         de algumas gestoras, dos conselhos e
                                                           na fase de elaboração do Executivo        a própria incidência do movimento
                                                           obriga a que todas as demandas dos        de mulheres nestes debates.
                                                           movimentos sociais deságüem nessa               O que aprendemos em todos
                                                           outra fase de discussão no Legislativo,   esses anos de luta é que o mais im-
                                                           sem encontrar espaço político real        portante não é ter o domínio técnico
                                                           para serem processadas. As conquistas     dessas peças, mas saber o que se quer
                                                           obtidas nesse processo não são líqui-     pautar, que ação, que programa, que
                                                           das e certas. O caráter autorizativo      política. É esse o ponto crucial onde
                                                           das leis do ciclo orçamentário exige      as feministas na gestão pública e o
                                                           vigilância permanente, controle social    movimento de mulheres podem fazer a
                                                           para efetivá-las.                         diferença. A solução técnica se resolve
                                                                 Ganhar, mas não levar..., este é    com a ajuda de alguns/mas especialis-
                                                           um outro problema que enfrentamos         tas. Saber como se organiza o Ciclo
                                                           pelo fato de as leis que regem o Ciclo    Orçamentário, o que se pode pautar
                                                           Orçamentário serem autorizativas,         a cada momento, as alianças que se
                                                           ou seja, permitem, mas não obri-          podem construir é o indispensável
                                                           gam os governos a executar o que          para uma ação política contundente,

                                                      26
Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas
seja no PPA, ou nas diretrizes orça-        as mulheres nos estados e municípios,
mentárias, no orçamento anual e sua         capazes de mobilizar recursos locais de
execução.                                   diferentes secretarias e comprometê-las
      Uma parte importante dos              com o financiamento dessa política.
recursos públicos que os órgãos de                A dificuldade na articulação de
políticas para as mulheres nos estados      iniciativas intersetoriais ( secretaria da
e municípios têm para o desenvolvi-         mulher e secretaria de educação, por
mento de políticas para as mulheres         exemplo) ainda é muito grande, ape-
vem da União, na grande maioria             sar do II Plano Nacional de Políticas
das vezes mediante transferência            para as Mulheres contemplar ações
voluntária, em geral mediante con-          orçamentárias de vários ministérios,
vênios com a Secretaria Especial de         com recursos para serem transferidos
Políticas – SPM (e o problema é que         aos estados e municípios.
essa modalidade “convênio” é das mais             A disputa política por esses re-
penosas e lentas, as vezes até inviável).   cursos exige acumulação de forças.
É por isso que grande parte das ações       Os espaços das conferências, em
empreendidas em políticas para as           âmbito nacional, estadual e muni-
mulheres são para o enfrentamento da        cipal, são importantes para pactuar
violência, afinal, além de ser uma de-      compromissos neste sentido com os
manda importante do movimento, é            governos. A construção de planos de
nessa área que a SPM dispõe do maior        políticas para as mulheres conectados
volume de recursos e dá sustentação a       ao Ciclo Orçamentário é estratégica.
projetos em diversas localidades.           Plano sem orçamento pode ficar só no
      É importante estarmos atentas a       papel. Ademais, informar, municiar os
oportunidades de recursos em outros         conselhos para o controle social sobre
ministérios, mediante checagem do           o Ciclo Orçamentário pode mobilizar
II Plano Nacional de Políticas para as      energia para realizar os embates dentro
Mulheres, de modo a conhecer quais          do próprio governo.
são as ações orçamentárias de cada mi-            Um caminho é demandar ini-
nistério que estão compromissadas com       ciativas do Legislativo e do Ministério
o financiamento do PNPM até 2011.           Público para fiscalizar e tornar trans-
      No âmbito estadual e municipal,       parente a execução do orçamento e o
a mobilização de recursos para garantir     cumprimento dos dispositivos das leis
o desenvolvimento das políticas para        do Ciclo Orçamentário orientados
as mulheres esbarra na insuficiência        a promoção da igualdade, à maior
(quase ausência) de recursos nos orça-      transparência de todo o processo e
mentos dos municípios e dos estados         à ampliação da participação social.
orientados à ações de promoção da           Inclusive porque ambos (Legislativo e
igualdade e melhoria das condições de       Ministério Público) têm responsabili-
vida das mulheres; e na inexistência de     dades e competência legal para tanto.
planos governamentais de políticas para     A ação feminista neste campo pode

                                                                                         27
Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas




                                                           alterar, em alguma medida, a dinâ-        em determinados governos - onde a
                                                           mica política que, até agora, não tem     gestão feminista tenha respaldo para
                                                           evoluído no sentido de iniciativas par-   se estabelecer enquanto tal, onde o
                                                           lamentares e de promotores para dar       controle social possa pautar e processar
                                                           cumprimento a tais responsabilidades.     os conflitos inerentes à realidade tão
                                                                 O debate travado na Articulação     desigual em que se vive, onde haja dis-
                                                           de Mulheres Brasileiras sobre o pla-      posição para radicalizar a democracia
                                                           nejamento das políticas públicas e a      com a participação das mulheres -,
                                                           questão do orçamento tem um sentido       nesses contextos é possível articular e
                                                           estratégico, que orienta a ação imedia-   fortalecer o movimento de mulheres.
                                                           ta, considerando que os recursos só se    É possível criar e fazer circular contra-
                                                           transformam em políticas na hora que      discursos, produzir novas formulações
                                                           estão sendo executados.                   sobre a incorporação da perspectiva
                                                                 Sabemos que há um longo ca-         de gênero ao planejamento das po-
                                                           minho a ser percorrido. E, apesar da      líticas públicas, aglutinar gente das
                                                           fragilidade dos órgãos executivos e       Universidades, de ONGs, servidoras/
                                                           dos conselhos dos direitos das mu-        es públicas/os da área de planejamen-
                                                           lheres, o que a experiência política      to, especialistas e ativistas feministas,
                                                           adquirida até agora demonstra é que,      para dar conta da tarefa.




                                                      28
Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas
DISCUSSÃO    6
     Idéias e proposições para avançar no
            nosso modo de atuação

      Apresentamos um conjunto                 diferenciando-o do papel da ges-
de reflexões e proposições para os             tão e do movimento;
distintos espaços de nossa atuação e
para a ação do próprio movimento de        •   Aprofundar a noção sobre o con-
mulheres indicados na plenária final           trole social e como ele se faz fora
do seminário de 2009.                          dos espaços institucionais;

•    Construir e manter a agenda de        •   Elaborar estratégias para tratar,
     lutas feministas que vai além das         nos conselhos, as pautas ‘difíceis’
     políticas públicas.                       do movimento feminista;

•    construir estratégia de longo prazo   •   Repensar continuamente a
     em torno de algumas prioridades           proposta dos Conselhos e re-
     de políticas públicas, para poder         conhecer que há problemas
     atuar sobre estas prioridades nas         no mecanismo que não serão
     conferências, na gestão e no con-         resolvidos pela capacitação das
     trole social, e organizar nossas as       conselheiras;
     lutas em torno a estas prioridades    •   Avaliar com cautela a prática de
     de políticas também no âmbito             criação de ‘casa dos conselhos’
     da verdade;                               e o estímulo a criação indis-
•    nunca deixar arrefecer a atuação          criminada dos conselhos nos
     em nome próprio, como movi-               municípios como política para
     mento, mesmo diante da exis-              mulheres no plano estadual; a
     tência de conselhos fortes e em           depender do contexto político
     governos de nosso campo;                  de cada governo, é relevante
                                               cobrar a instalação deste meca-
                                               nismo ou reivindicar mudança
E S T R AT É G I A S A P O N TA D A S          legislativa dos conselhos criados
PARA ATUAÇÃO DENTRO DOS                        há muito tempo,
CONSELHOS
                                           •   Ao ocupar este espaço de
•    Contribuir para precisar o papel          Conselhos, é preciso desenvol-
     do Conselho a cada momento,               ver ações de suporte político às
                                                                                     29
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                                                               representantes do movimento         •   Não “tirar a camisa do movi-
                                                               no Conselho criando uma agen-           mento” e evitar assumir a defesa
                                                               da comum de debate no movi-             apenas dos interesses do grupo
                                                               mento para fortalecer a atuação         no poder ( governo);
                                                               articulada das representantes
                                                               dos diferentes movimentos de        •   Questionar, no âmbito da gestão,
                                                               mulheres neste espaço;                  a dominação masculina como
                                                                                                       aquilo que estrutura os insucessos
                                                           •   Definir prioridade para as polí-        dos organismos de mulheres;
                                                               ticas a serem monitoradas;
                                                                                                   •   Construir alianças internas ao
                                                           •   Priorizar o planejamento do             governo com Secretarias de
                                                               conselho, estrutura de funcio-          Planejamento e Fazenda, consi-
                                                               namento que aumente a auto-             derando os estes espaços estra-
                                                               nomia e não atuar em conselhos          tégicos e pessoas estratégicas nas
                                                               que sejam não deliberativos;            diferentes secretarias;
                                                           •   Manter interlocução com as          •   Manter diálogos e parcerias
                                                               demais conselheiras, discutindo         constantes com os Conselhos e
                                                               sobre a abordagem feminista             Movimentos;
                                                               para as políticas públicas e bus-
                                                               car adesões,                        •   Mapear potencial de aliança e
                                                                                                       dialogar com o Legislativo;
                                                           •   Criar e manter mecanismos de
                                                               diálogo formal do Conselho          •   Institucionalizar diretrizes nos
                                                               com as mulheres não organiza-           PPAs ;
                                                               das, em especial as usuárias dos    •   Para defender proposições, em-
                                                               serviços públicos , com vistas a        basa-se em Diretrizes e Planos
                                                               fazer o controle da política;           Nacionais, Pactos, e ainda com-
                                                           •   Usar a mídia, quando necessário,        promissos assumidos pelo de
                                                               para promover visibilidade ao           governos;
                                                               pensamento e às posições e ações    •   Buscar intersetorialidade - Plano
                                                               do Conselho.                            Intersetorial (mapeamento dos
                                                                                                       perfis de secretários/as e equi-
                                                                                                       pes- para ver com quem se aliar
                                                           ESTRATÉGIAS PARA ATUARMOS
                                                                                                       e quem neutralizar);
                                                           COMO FEMINSTAS NA GESTÃO/
                                                           EXECUTIVO                               •   Instituir Grupos de Trabalhos
                                                                                                       na gestão para discutir o proble-
                                                           •   Não se confundir com a socie-
                                                                                                       ma de cada setor ou secretaria
                                                               dade civil nem travar a ação do
                                                                                                       para implementar políticas para
                                                               movimento;
                                                                                                       mulheres;


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•   Superar o problema de estrutu-           executivo/conselhos/conferên-
    ras precárias transferindo pessoas       cia) e considerar o papel do mo-
    de outras secretarias; buscar            vimento social na luta e conquis-
    mecanismos de transparência              ta de políticas para mulheres.
    dando acesso às informações,
    interna e externamente, am-          •   Equacionar a relação com a
    pliando subsídios para os mo-            militância feminista partidária -
    vimentos fazerem pressão por             enfrentar o desafio das alianças.
    melhor estrutura e orçamento         •   Enfrentar a análise de quando
    das políticas para mulheres (na          vale a pena ocupar espaços de
    própria secretaria/coordenadoria         poder na gestão e verificar até
    e no governo como um todo);              que ponto essas experiências es-
•   Garantir base de legitimidade            tão fortalecendo o movimento.
    através de estratégias de mobili-    •   Como não estabelecer interface
    zação e articulação das mulheres         com os organismos executivos
    e movimentos, demonstrando               se eles se constituíram pela ação
    para o conjunto do governo               do movimento?
    a capacidade de convocar o
    movimento;                           •   Numa perspectiva feminista,
                                             considerar que as mudanças que
•   sensibilizar continuamente a             propomos implicam nova for-
    equipe interna de que é preciso          ma de organização do Estado.
    defender este mecanismo,
                                         •   Observar lacuna na interface
•   levar outros/as secretários/as           com os órgãos judiciais.
    para dialogar diretamente com
    as mulheres nos bairros, comu-       •   Como estabelecer no movimen-
    nidades e com os movimentos.             to proposições prioritárias de
                                             políticas para mulheres em nível
                                             municipal, estadual e federal?
QUESTÕES QUE INTERPELAM A
AMB                                      •   Como participar da gestão de
                                             maneira transformadora num
•   Evitar a naturalização do mo-            ambiente de cultura política
    delo que criamos (organismo              conservadora?




                                                                                 31
FOTOGRAFIAS
   SEMINÁRIO NACIONAL: AS MULHERES
NA DEMOCRATIZAÇÃO DA GESTÃO PÚBLICA
         E O PROJETO FEMINISTA

   BRASÍLIA, 17 A 20 DE JUNHO DE 2009
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                                                           Participantes_do_debate:


                                                           Adneuse Targino de Araújo,   Maria de Fátima Cunha,
                                                           Carmen Silva,                Maria José Basaglia,
                                                           Bernadete Ferreira,          Márcia Vieira da Silva,
                                                           Adriana Martins,             Maria Betânia Serrano,
                                                           Domingas Caldas,             Maria das Graças de Castro,
                                                           Dulce Silva,                 Maria Helena da Silva,
                                                           Elisabete Ferreira,          Marileia Alves,
                                                           Elizabeth Nasser,            Marina Ravazzi
                                                           Elinaide de Carvalho,        Myllena Calazans
                                                           Elizabeth Saar,              Nilde Sousa,
                                                           Elizete da Silva,            Patrícia dos Santos,
                                                           Eneida Dultra,               Rejane Pereira,
                                                           Estelizabel Bezerra;         Rivane Arantes,
                                                           Florilena Aranha,            Rosali Scalabrin,
                                                           Gilda Cabral,                Sarah Reis
                                                           Graça Costa,                 Sheila da Silva,
                                                           Guacira Oliveira             Silvia Camurça,
                                                           Ildete de Souza,             Suely de Oliveira,
                                                           Flávia Veloso,               Sula Valongueiro,
                                                           Francisca da Silveira,       Tânia Muri,
                                                           Kátia Almeida,               Terezinha Barros,
                                                           Luiza Bairros,               Valdênia Araújo,
                                                           Leide Aquino,                Maria de Jesus Santos,
                                                           Leila Rebouças               Vanda Barbosa,
                                                           Luanna Silva,                Valéria Mont’ Serrat,
                                                           Luciana Barbosa,             Verônica Ferreira,
                                                           Maria do Espírito Santo,     Virginia Apolinário




                                                      46
Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas
Números anteriores


Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas
I Conferência Nacional de Políticas para Mulheres
Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), Recife, 2004

Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas
Os Direitos das Mulheres são Direitos Humanos
Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), Recife, 2004

Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas
XIII Conferência Nacional de Saúde
Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), Recife, 2007

Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas
II Conferência Nacional de Políticas para Mulheres
Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), Recife, 2007




                                                          47
Articulando_a_Luta_Feminista_nas_Políticas_Públicas
Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas




                                                      Desafios para a ação do movimento de mulheres na implementação de políticas

                                                      Registro_e_sistematização_dos_debates:_Silvia Camurça e Rivane Carvalho (SOS Corpo)
                                                      Redação:_Guacira César de Oliveira (CFEMEA) e Silvia Camurça (SOS Corpo)
                                                      Edição:_Paula de Andrade (SOS Corpo)
                                                      Revisão: Guacira Oliveira (CFEMEA
                                                      Projeto_gráfico: Marta Braga
                                                      Diagramação: Ars Ventura Imagem & Comunicação
                                                      Fotografias:_Arquivo CFEMEA
                                                      Publicação:_CFEMEA
                                                      Impressão:_Gráfica Brasil
                                                      Tiragem: 5 mil exemplares
                                                      Apoio: Fundação Ford e Fundação Heinrich Boll




                                                                                                 Sobre a AMB
                                                      A AMB é uma articulação política não partidária, que potencializa a luta feminista das mulheres brasileiras
                                                      nos planos nacional e internacional. A AMB tem sua ação orientada para a transformação social e a constru-
                                                      ção de uma sociedade democrática, tendo como referência a Plataforma Política Feminista (construída pelo
                                                      movimento de mulheres do Brasil, em 2002). No presente contexto, a AMB se orienta por cinco prioridades:
                                                      a mobilização pelo direito ao aborto legal e seguro, a ação pelo fim da violência contra as mulheres, o enfren-
                                                      tamento da política neoliberal, a organização do movimento e a luta contra o racismo.

                                                      Compõem a AMB:
                                                      Articulação de Mulheres do Acre
                                                      Fórum de Entidades Autônomas de Mulheres de Alagoas
                                                      Articulação de Mulheres do Amapá
                                                      Articulação de Mulheres do Amazonas
                                                      Fórum de Mulheres de Salvador
                                                      Fórum Cearense de Mulheres
                                                      Fórum de Mulheres do Distrito Federal
                                                      Fórum de Mulheres do Espírito Santo
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                                                      Fórum Estadual de Mulheres Maranhenses
                                                      Articulação de Mulheres Brasileiras - RJ
                                                      Fórum de Mulheres de Mato Grosso
                                                      Articulação de Mulheres do Mato Grosso do Sul
                                                      Fórum de Mulheres da Grande Belo Horizonte
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                                                      Rede de Mulheres em Articulação da Paraíba
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                                                      Fórum de Mulheres Piauienses

                                                      Na América Latina, a AMB integra a Articulação Feminista Marcosur e o Comitê de Mulheres da Aliança
                                                      Social Continental.
www.articulacaodemulheres.org.br
amb@articulacaodemulheres.org.br

  Secretaria Executiva da AMB:
 Fórum de Mulheres Cearenses (FMC)
     Cunhã – Coletivo Feminista
   Coletivo Leila Diniz – Ações de
   Cidadania e Estudos Feministas
  Rua Major Afonso Magalhães, nº 23
     Petropólis – CEP 59014-160
          Natal/RN – Brasil
     Telefone: +55 84 3201.9587

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Articulando Luta Feminista

  • 1. Desafios para a ação do movimento na implementação das políticas Brasília, dezembro de 2009
  • 2.
  • 3. Desafios para a ação do movimento na implementação das políticas
  • 4.
  • 5. Desafios para a ação do movimento na implementação das políticas Brasília, dezembro de 2009
  • 6.
  • 7. Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas Índice Apresentação_________________________________________7 Silvia Camurça e Guacira C. de Oliveira Discussão 1 As_mulheres_na_democratização_da_gestão_ pública_e_o_projeto_feminista______________________________9 Discussão 2 Contradições_que_enfrentamos_na_implementação_ de_políticas_para_mulheres_ _____________________________13 Discussão 3 Obstáculos_à_implementação_de_políticas_justas_ e_democratizantes_____________________________________17 Discussão 4 Avaliando_os_espaços_e_estratégias_da_luta_ feminista_nas_políticas_públicas___________________________21 Discussão 5 Planejamento_em_políticas_públicas_e_ a_questão_do_orçamento________________________________25 Discussão 6 Idéias_e_proposições_para_avançar_em_ nosso_modo_de_atuação_ _______________________________29 Fotografias Seminário_Nacional:__As_Mulheres_na_Democratização_ da_Gestão_Pública_e_o_Projeto_Feminista_ __________________33
  • 8.
  • 9. Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas Apresentação Há alguns anos mulheres feministas ocupam espaços nos governos e aí tentam levar adiante mudanças na orientação das políticas públicas. Contudo pouco se tem refletido coletivamente sobre esta prática e seus desafios. Companheiras que viveram ou vivem esta experiência alertaram no encontro nacional da AMB em 2006 sobre a falta de espaço no movimento de mulheres para intercâmbio e reflexão critica feminista e coletiva sobre tais experiências, que se constituem também numa estratégia para aumentar nosso poder de incidência sobre os governos executivos. Para responder a esta demanda, a AMB instalou um novo espaço de dis- cussão que reúne companheiras que estão atuando na luta feminista nas políticas públicas, seja como gestoras no âmbito de governos, seja como conselheiras nos espaços de controle social, ou como assessoras, além das inúmeras que fazem a luta feminista nas políticas públicas a partir do próprio movimento. Com esta publicação buscamos garantir a memória das reflexões acu- muladas no debate coletivo entre estas companheiras que se encontraram em dois momentos, nos anos de 2008 e 20091, para debater sobre a questão da implementação das políticas para mulheres, apontando os desafios para nosso movimento. Por indicação das participantes destes debates, fazemos esta publicação para cumprir com uma dupla finalidade: registrar o pensamento construído coletivamente e colocar esta produção a serviço da reflexão de cada uma e de todas nós que estamos engajadas nesta estratégia. Para contextualizar os conteúdos desta publicação, procuramos comple- mentar a sistematização com informações sobre as mulheres na democratização da gestão pública e a implementação das políticas para mulheres no momento presente. Esperamos ter sido bem sucedidas. A todas as participantes da oficina e do seminário nossos agradecimentos por compartilharem suas experiências e saberes. Silvia Camurça e Guacira C. de Oliveira p/coordenação executiva nacional da AMB. 1 Oficina preparatória (2008) e seminário nacional (2009) As Mulheres na democratização da gestão pública e o projeto feminista. Promoção AMB-Articulação de Mulheres Brasileiras, realização Cfêmea e SOSCorpo. 7
  • 10.
  • 11. Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas DISCUSSÃO 1 As mulheres na democratização da gestão pública e o projeto feminista A luta feminista, em todo o enfim, na condição de parente/depen- mundo, e também no Brasil, pro- dente e em representação dos homens duziu muitas alterações no Estado, da elite que detinham o poder. suas leis e instituições, na orientação No começo do século XX, por das políticas públicas e no modo de conta desta experiência, várias de nós atuar dos governos. Mas nem sempre já detinham muito saber sobre como as mulheres colocaram-se da mesma ‘administrar’ o clientelismo nas comu- maneira frente o Estado, e o Estado, nidades, como apresentar e negociar ao longo da história, tratou a nós mu- demandas junto à classe política que, lheres de forma muito variada. Neste naquele período, era marcadamente texto queremos resgatar um pouco da composta por representantes dos relação entre o Estado e as mulheres interesses das oligarquias agrárias: e apontar os desafios de hoje para o cafeicultores, pecuaristas, usineiros. feminismo. Nas primeiras décadas do sé- No passado, durante muito culo passado, as lutas por políticas tempo, e ainda hoje, por tradição de públicas não eram uma realidade nossa cultura política, nós mulheres como são hoje, e muitas lutas sociais nos acercamos do Estado na condição centravam-se na questão da terra, de beneficiárias passivas de políticas onde nós mulheres éramos poucas na assistenciais, voltadas essencialmente política, ainda que valorosas. Foi mui- para a maternidade, o amparo à in- to tempo depois que confrontamos o fância e à velhice. Por conta das rela- movimento sindical rural e passamos ções de exploração, muitas de nós da a ter espaço na direção das lutas no classe trabalhadora empobrecida eram campo que por sua vez, com o passar qualificadas pelos governos como dos anos, vieram a constituir-se em ‘carentes’ enquanto outras mulheres políticas públicas. organizavam o trabalho beneficente, A partir dos anos 1930, com o na condição de ‘primeiras damas’, avanço da industrialização e urbani- atuando a partir do lugar de esposa do zação no país, novas formas de relação vereador, mulher do prefeito, sobri- com o Estado começaram se estabe- nha do governador, filha do deputado, lecer. Ao longo dos anos seguintes, 9
  • 12. Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas já não nos colocávamos mais como novas instituições: os conselhos de beneficiárias passivas de assistência defesa dos direitos da mulher, as dele- do Estado, mas sim como deman- gacias da mulher, o PAISM- Programa dantes. Com o tempo, passamos a de Atenção Integral à Saúde da atuar de forma organizada e coletiva, Mulher, os mecanismos de políticas afirmando direitos e exigindo políti- para mulheres. Além disso, confron- cas públicas: políticas contra carestia, taram o poder do Estado patriarcal de moradia, creche, transporte. Por 20 muitas formas: atuando ‘por dentro’, anos, do início dos anos 1970 ao final formando o funcionalismo público, dos anos 1980, seguimos na luta por reorganizando serviços, assessoran- direitos com garra e muitas conquis- do administrações públicas e nelas tas. Sendo que para os movimentos trabalhando na gestão, e ‘por fora’, sociais, incluindo nós mulheres, as brigando por cotas nas eleições e de- conquistas principais ficaram garan- mocracia na política, fazendo pressão, tidas na Constituição de 1988, um protestos, manifestações públicas. Ao marco na democratização do Estado final dos anos 1980 e início dos anos brasileiro. 1990, as mulheres feministas tinham Foi na transição entre a ditadura instalado uma nova forma de atuação e a Assembléia Constituinte de 88, e relação com o Estado, a de sujeito que tomaram forma as chamados ‘as político da democratização do país e administrações democráticas’, inicial- da gestão pública. mente levadas adiante pelos setores Entretanto, no último quarto do progressistas e que se opunham à século XX, por conta do avanço da ditadura e mais tarde pelos gover- doutrina neoliberal na administração nos liderados por partidos surgidos pública e o avanço da ideologia neoli- pós-ditadura. Estes governos abrem beral em toda a sociedade, atravessa- novas possibilidades para as mulheres mos um período de refluxo que ainda atuarem na democratização da ges- não está superado. A partir do neoli- tão pública. Rapidamente mulheres beralismo, emergem novas formas de feministas, que já eram muitas neste relação Estadas versus mulheres. De momento, cobraram destes governos um lado, nós mulheres passamos a a instituição de espaços e políticas que ser mobilizadas por diversos agentes promovessem a igualdade, direitos e sociais como força de trabalho volun- liberdade para as mulheres. Surgem tária para implementação de políticas os primeiros conselhos e nos anos se- sociais focalizadas e compensatórias guintes aparecem as muitas iniciativas realizadas a baixo custo. De outro, de políticas para mulheres no plano os governos retrocedem nas políticas municipal. de emprego e nas políticas sociais, A luta feminista alcançou mui- aprofundando a carga de trabalho tos avanços neste contexto favorável. das mulheres e bloqueando avanços As mulheres feministas inventaram no campo da autonomia econômica. 10
  • 13. Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas Um exemplo expressivo do uso das mulheres, tais como escolas pú- da força de trabalho feminina gra- blicas em tempo integral, serviços tuita é o trabalho social da Pastoral de cuidados a idosos, ampliação do da Criança, que cresceu significati- atendimento do SUS, investimentos vamente na era neoliberal. Esta ação em saneamento público, construção religiosa é apoiada financeiramente de moradias populares, pavimentação pelo Ministério da Saúde, mas seus de ruas, equipamentos de lazer. resultados se sustentam no trabalho Esta política de retração do voluntário de centenas de mulheres Estado na esfera reprodutiva, própria da classe trabalhadora empobrecida, do neoliberalismo, leva a super-ex- muitas das quais desempregadas e ploração das mulheres com a intensi- sem qualquer renda própria. Ou seja, ficação da dupla jornada de trabalho justo aquelas mulheres que deveriam para aquelas que conseguem entrar ser beneficiárias do Estado, são as no mercado de trabalho (formal e que suportam as jornadas extensas de informal) e com a extensão do tempo trabalho, em casa e na comunidade, total de trabalho das donas de casa, para fazer o papel do Estado: reduzir todas enfrentando piores condições a mortalidade infantil. A exploração para os trabalhos de cuidados com a das mulheres é, entretanto, mascarada família e com cada vez menos tempo pela idéia de que somos colaboradoras para si mesmas. e parceiras imprescindíveis para os Neste início do século 21, en- governos. O mesmo podemos dizer de tretanto, aquele processo de ascensão outras iniciativas, a exemplo das ‘fis- da doutrina neoliberal que vinha se cais do Sarney’ ou o caso das agentes desenvolvendo, foi colocado em xe- de saúde e sua luta por reconhecimen- que. O quadro mundial começar a to de direitos trabalhistas. mudar. Esta possibilidade está dada Quanto aos bloqueios à nossa em razão de três fatores e muita luta. autonomia econômica, estes crescem De um lado aparecem com força nos na era neoliberal por conta da retração estudos e avaliações governamentais da ação do Estado, que reduziu sua de desenvolvimento os limites e reco- presença tanto na esfera da economia nhecimento do fracasso da proposta e da produção, como na esfera da re- neoliberal, isto por parte de amplos produção social e vida doméstica. Ou setores políticos e da grande mídia seja, do mesmo modo que a retirada internacional. De outro lado, ocorre do Estado da esfera das atividades pro- retomada das lutas de resistência e dutivas levou a privatização das em- por direitos dos movimentos sociais. presas estatais em diferentes áreas, a E por fim, ocorrem vitórias eleitorais retração do Estado na área reprodutiva no Brasil e vários países da América restringiu e anulou a ação do Estado latina, de novos governos com presen- em políticas importantes que podem ça do campo da esquerda. liberar o tempo e a força de trabalho Nesse contexto, eclodiu a crise 11
  • 14. Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas financeira internacional, que pôs por na gestão pública convivem diferentes terra os dogmas neoliberais. A inter- formas de relação do Estado com as venção do Estado no sistema financei- mulheres, o que nos coloca frente a ro, a injeção de recursos públicos na uma gama de contradições entre as economia privada, foram algumas das velhas e novas formas de conferir lugar medidas tomadas por vários governos, às mulheres na política pública. Todas inclusive aqueles que sempre susten- as formas anteriores mencionadas taram o receituário do Consenso de permanecem e convivem com novas Washington. A ordem neoliberal está formas que foram se instituindo no em crise e o sistema capitalista está tempo e pela luta feminista. buscando outros caminhos para man- Nos governos conservadores, ter a acumulação e a concentração da as mulheres ainda estão no lugar de riqueza. ‘cliente’ e ‘mãe beneficiária-passiva’ No período recente, aqui no da ação do Estado. Sempre que a Brasil, em especial após a I Conferência perspectiva neoliberal permanece nas Nacional de Políticas para Mulheres políticas públicas, em todos os níveis (2004), as oportunidades para uma de governos, ainda nos reservam o ação feminista na gestão pública lugar de ‘colaboradoras’, ‘parceiras’ e voltaram a crescer e de forma muito trabalhadoras super-explorada. Mas, significativa: novos conselhos e or- estamos mantendo, nos governos pro- ganismos executivos são instalados gressistas, a posição de sujeito político no plano estadual e municipal por conquistada na luta feminista, atu- todo país e multiplicam-se grupos ando como movimento de lutas por de trabalho e iniciativas diversas em direitos, algumas de nós como gestora todos os níveis de governo. Hoje, a ou como agentes de controle social. institucionalização da proposta de É neste quadro, que nós mu- ‘políticas para mulheres’, leva mais e lheres feministas precisamos resistir e mais mulheres a ocupar espaços na confrontar velhas formas de atuação gestão pública, seja pela via da parti- das mulheres (e homens) na gestão cipação em conselhos de direitos da pública. mulher, seja na direção de organismos Precisamos seguir construindo de políticas para mulheres instituídos marcos de institucionalização de no poder executivo, ou ainda atuando práticas feministas na gestão pública na disputa de orientação destas polí- condizentes com o projeto feminista ticas no momento das Conferências. de democracia, justiça, igualdade e O Estado, entretanto, não está autonomia para todas as mulheres. transformado e a cultura política Esta é necessariamente a linha política patriarcal e neoliberal não foi intei- da AMB na atuação na gestão pública ramente superada nos governos do e o nosso desafio. campo da esquerda e muito menos nos governos conservadores. Por isto, 12
  • 15. Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas DISCUSSÃO 2 Contradições na implementação das ‘políticas para mulheres’ Sabemos todas que a implemen- maioria dos casos, são velhas políticas tação das políticas para mulheres não que em muito pouco contribuem para está, na grande maioria das situações, promover a igualdade, enfrentam su- sob orientação ou sob o controle de perficialmente os problemas reais na mulheres feministas. Forças políticas vida das mulheres e não promovem anti-feministas e anti-democráticas qualquer transformação do Estado e mantém forte influência sobre as prio- da política pública. ridades, a direção e a velocidade de A disputa entre as forças neolibe- implementação das políticas públicas. rais e anti-neoliberais segue acirrada. Percebe-se de forma bastante nítida De forma recorrente mulheres con- que a implementação real de políti- tinuam a ser convocadas a participar cas para mulheres, nesta correlação da execução de políticas públicas de forças adversa, tem um limitado com baixo custo, que não avançam poder de democratização do Estado e na universalização de direitos das resulta em muitos equívocos, além de mulheres, portanto não contribuem enfrentar a esperada resistência. para a transformação de suas vidas. Em nome das políticas para mu- Outra questão importante é que, lheres, setores conservadores promo- na proposição de terceirizar a execução vem um renascer do ‘’primeiro damis- de políticas, a proposta neoliberal abre mo’ e das políticas para as ‘mulheres os fundos públicos a iniciativas da so- carentes’, que supostamente apenas ciedade civil. Com isto, muitos setores tem carências e nunca direitos. Esposas conservadores e anti-feministas estão, de políticos, pelo fato de serem esposa, em nome do trabalho com mulheres, assumem a promoção e execução de acessando recursos públicos e execu- algumas iniciativas governamentais tando políticas sociais de distintos orientadas para o público feminino, ministérios, entre eles o da saúde, o sem uma visão das funções públicas de desenvolvimento social e outros. que cabe ao Estado. Estas ações nem sempre contém pers- Nesta perspectiva, muitas ini- pectiva favorável às mulheres, como ciativas de políticas para mulheres no caso de organizações cristãs cató- só tem de novo este nome, mas, na licas, com orientação conservadora e 13
  • 16. Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas fundamentalista que acessam recursos não queremos políticas públicas orien- públicos para trabalho social conser- tadas a favorecer os interesses da elite, vador e anti-feminista no campo e demandamos políticas orientadas a nas cidades. favorecer os direitos das mulheres, Apesar de contextos favoráveis, considerando a realidade de que este mesmo nos governos do campo demo- é um grupo submetido a exploração crático, com frequência, corremos o e opressão capitalista, patriarcal e ra- risco de ver a luta feminista nas políti- cista, que tem seus direitos violados. cas públicas ficar confinada à execução Contudo, esta concepção de política do orçamento de um mecanismo de para mulheres é minoritária entre os/ mulheres: uma secretaria da mulher ou as agentes governamentais e setores conselho, que não atua nem tem poder da sociedade civil que atuam hoje na de influir na ação total do governo implementação de tais políticas, boa que integra, nem tampouco compe- parte deles sem qualquer perspectiva tência legal para implementar a ação feminista do debate. governamental na maioria dos setores. A experiência que vivemos hoje Quando muito, vemos a política para demonstra que, efetivamente, o ter- mulheres ficar restrita a programas mo ‘políticas para mulheres’ se presta e ações alocados no Plano Nacional a muitas práticas políticas, práticas de Políticas para Mulheres. E a sua que estão orientadas por diferentes execução, ademais, limitada aos me- concepções de Estado e de políticas canismos de mulheres do executivo, públicas. Há uma enorme disputa que em muitos casos sequer existem. de significados sobre o que é fazer Portanto, estamos sempre correndo política para mulheres e o feminismo risco de nossas propostas serem re- precisará seguir afirmando e disputan- duzida ao tamanho do compromisso do este significado sob pena de perder de boa parte destes governos com a ou desqualificar sua própria proposta. promoção da igualdade de gênero. É preciso negar valor à políticas Sabemos todas, mas precisamos públicas que aprofundem desigualda- recordar sempre, que ‘políticas para des e também rejeitar a idéia de que mulheres’ foi a forma que encontra- políticas para mulheres são apenas as mos para dar nome à proposta femi- políticas sociais. Demandamos políti- nista de criação políticas que sejam cas públicas sociais e econômicas, em favoráveis à mudança das condições todas as esferas de governo, que alte- de vida das mulheres, que sejam polí- rem para melhor as condições de vida ticas de promoção da igualdade e jus- das mulheres e promovam a igualda- tiça social. Ou seja, ao cunhar e usar de. Isto são políticas para mulheres. a expressão ‘política para mulheres’ Ademais, reivindicamos políticas de o movimento fazia uma denúncia e ação afirmativa, ou seja, medidas enunciava uma demanda: há políticas especiais e temporárias para elimi- que não são para o bem das mulheres, nar as desigualdades historicamente 14
  • 17. Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas acumuladas pelas mulheres, decor- para mulheres, precisamos sempre, rentes da discriminação e margina- no atual contexto, afirmar o tipo de lização a que estamos submetidas as Estado que nos interessa no presente mulheres, inclusive e especialmente as e a compressão dos sentidos da luta mulheres indígenas, negras, lésbicas, feminista nas políticas públicas. Estas entre outros grupos sujeitos a múlti- parecem ser duas proposições que plas formas de discriminação. precisamos elaborar de forma mais Para fazer o enfrentamento explícita e precisa. Por isto, doravante deste debate e atuar melhor na precisarão estar permanentemente no disputa de orientação das políticas foco de nossos debates. 15
  • 18.
  • 19. Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas DISCUSSÃO 3 Obstáculos à implementação de políticas públicas para mulheres justas e democratizantes A Plataforma Política Feminista acesso ao poder de governo sobre este (2002) 2, referência para nossa ação na Estado. Neste processo de luta sabemos AMB, aponta os problemas do Estado também que seremos frequentemente brasileiro, que é ali descrito como um derrotadas em muitas proposições e de Estado patriarcal, racista e orientado diferentes maneiras, inclusive por coop- para os interesses de classe da elite em- tação. A força da resistência à mudança presarial, urbana e rural. Esta simples por parte da elite que se apropria deste constatação explica os muitos obstácu- Estado para seus interesses é forte e nos los à luta feminista nas políticas públi- fecha portas, impõe obstáculos. cas. As mulheres feministas que atuam No atual contexto, o movimento, na política pública precisam enfrentar, suas integrantes, fora e dentro de gover- a um só tempo, as forças políticas que nos, passam a fazer o enfrentamento das estão representadas nos espaços de po- antigas e novas contradições na prática der e a cultura política anti-democrática política da gestão pública. Entre estas, que está instalada nos espaços da gestão destaca-se a distância entre o que é pública e na sociedade. pactuado no âmbito das conferências Por isto, é preciso ter em mente de políticas públicas e aquilo que é que nosso movimento ao somar-se a efetivamente implementado pelos outros na luta por políticas públicas governos. Problema que se soma ao coloca-se diante de uma tarefa árdua: que de pior existe enquanto prática na arrancar deste Estado, patriarcal, racista gestão pública, que é a gestão privada e elitista, políticas públicas que pro- dos fundos públicos de modo a pri- movam a igualdade, a justiça, supere vilegiar interesses de grupos políticos a exploração e transforme a vida das e segmentos empresariais, de grande mulheres. Nesta tarefa, sabemos que ou pequeno porte. E há a corrupção, avançaremos com pequenas conquistas, marca da prática política dos setores na medida em que não abandonarmos hegemônicos, que se espalha e fortalece esta luta e que democratizarmos o como dado de cultura política. 2 Resultante da Conferência Nacional de Mulheres Brasileiras, realizada por organizações do movi- mento de mulheres brasileiro. Para saber mais leia www.articulacaodemulheres.org.br. 17
  • 20. Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas No campo progressista, das es- das mulheres por este próprio Estado e querdas e dos movimentos sociais pela sociedade. Por força de nossa domi- democráticos, estes desafios não estão nação, somos minoria entre as direções inteiramente ausentes, pois este setor dos partidos, movimentos sociais e atua sob uma mesma cultura política agentes econômicos, todos atuando so- hegemônica. Formas hierárquicas e bre os governos e disputando políticas e centralizadoras são práticas políticas fre- recursos; e somos minoria nos governos quentes, além das disputas de interesses executivos. Ou seja, somos minoritárias privatistas e corporativos. na correlação de forças atual que define Para nós, as mulheres feministas, a orientação que irá prevalecer nas polí- a estes desafios somam-se outros, sen- ticas públicas em determinado governo. do importante o desafio de atuar na Esta compreensão produziu uma dinâmica das relações políticas entre série de questões para debate: quais as mulheres feministas no governo, as os elementos mais problemáticos na feministas nos partidos e as feministas dinâmica de poder hoje? Como esta no movimento de mulheres e outros dinâmica interfere na autonomia das movimentos sociais. Esta questão exige gestoras feministas? Que problemas grande capacidade de aliança e enfren- estão presentes na relação das gestoras tamento democrático dos debates e feministas com partidos, poder exe- seus conflitos no próprio movimento. cutivo e poder legislativo? No espaço Como se não bastasse, há o desafio da dos Conselhos, como esta dinâmica relação que se estabelece entre mulhe- de relações políticas atua? E nas res feministas e não-feministas que Conferências? Há reais possibilidades, atuam nestes mesmos espaços. no contexto do patriarcado capitalista, A linha política que marca cada racista e globalizado, de se ter sucesso governo é uma resultante de vários na luta feminista nas políticas públi- fatores políticos: a ação das lideranças cas? Em que condições faz sentido e direções dos partidos da base aliada; ocupar espaços em governos e quando a força e legitimidade, na população, há reais condições de se avançar? desta base aliada; a ação dos partidos No executivo, a prática de contin- de oposição; a cultura política e forças genciamento de recursos públicos é um representadas no Legislativo; a cultura dos expedientes mais usados para não política e forças dos movimentos so- efetivação de políticas para públicas ciais, a ação da mídia na influência da reduzindo o investimento nas políti- opinião pública (contra ou a favor de cas sociais em favor de investimentos determinadas medidas de governo), que favorecem a economia capitalista e o maior ou menor prestígio e acei- em que estamos. É muito forte o po- tação do governo junto à população. der das Secretarias da Fazenda e do Esta dinâmica de relações de po- Planejamento em definir prioridades der entre Estado e sociedade civil está de investimento. Interesses privados ainda fortemente interditada à maioria e particulares de partidos ou setores 18
  • 21. Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas do governo se sobrepõem ao interesse vezes, a incorporação, pela gestora fe- público. minista, do ‘modo masculino de fazer Os mecanismos de políticas para política’, reproduzindo o que há de mais mulheres são fracos e com pouco poder tradicional na gestão pública que são as no governo que integram. Sob diferen- formas verticalizadas, centralizadoras e tes temas e propostas, a disputa interna muitas vezes autoritárias, além da prá- nos governos e partidos é muitas vezes tica do que se considera adesismo ao “rasteira” e colocam as mulheres na poder instituído como forma de manter periferia do poder. Companheiras sem algum poder no governo. Há por fim atuação na direção dos partidos da base falta de estratégia na gestão levando a dos governos ficam sem visão do jogo ações incipientes e sem valor para os político em que estão imersas. objetivos do movimento. Isto tudo A gestão pública está fortemen- produz uma série de tensões. te marcada por práticas que pouco Na relação entre gestão e movi- valorizam a participação, seja das mento, a crítica do movimento, muitas mulheres, da população negra e dos vezes, pertinente e politicamente sig- setores oprimidos. Nesta correlação de nificativa, é dirigida somente à gestora forças, a pressão e atuação crítica do e não ao governo, enfraquecendo a movimento é capturada para dentro própria gestora, que se sente incapaz de do governo - como incompetência produzir os resultados esperados pelo da gestora na tarefa de responder ao movimento. Parece haver dificuldades movimento e não como constitutiva de reconhecer, tanto pelo lado das gesto- do processo democrático. ras feministas como do movimento, que No âmbito do nosso movimen- os parcos resultados, ou a ausência dele, to os problemas também são muitos. devem-se em grande medida ao patriar- Percebe-se um arrefecimento da luta ou cado, ao Estado patriarcal, e não a ação refluxo organizativo dos movimentos desta ou daquela gestora isoladamente. sociais com redução do poder dos mo- Tudo isto, aponta para uma vimentos frente o Estado e isto também avaliação caso a caso de quando e vale para as mulheres. Há também um como ocupar espaços de poder nos desconhecimento da “máquina admi- governos. Somente a avaliação da nistrativa” e poucas pessoas qualificadas orientação política de cada governo para atuar em políticas públicas, de e o campo de aliança que lhe dá sus- modo que a gestora enfrenta dificulda- tentação pode apontar os limites e as des para rapidamente formar equipes no chances da luta feminista nas políticas governo. Esta situação deixa a gestora públicas produzir resultados. A políti- feminista muitas vezes sem ter com ca (que está se tornando generalizada) quem contar além do pequeno grupo de se ocupar espaços de poder, sem a que consegue levar para o governo, análise da composição de forças que quando isto acontece. dominam este espaço, demonstra-se Percebe-se por outro lado, muitas mais e mais equivocada a cada dia. 19
  • 22.
  • 23. Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas DISCUSSÃO 4 Espaços e estratégias da luta feminista nas políticas públicas Nosso movimento, referimo-nos burocrática, ao mesmo tempo que a própria AMB, é um importante foca a luta frente ao Estado apenas segmento na produção do modelo no Executivo. Será que a atuação em de institucionalidade proposto para a conferências-conselhos-mecanismos participação nas políticas públicas. Em executivos é suficiente para a luta fe- síntese, defendemos a existência de minista nas políticas públicas? Onde Conferências (espaço de formulação e fica a ação sobre o Legislativo e o negociação das políticas); defendemos Judiciário? E a ação de mobilização organismos executivos para promover da população de mulheres para as a implementação das políticas pelos causas que propomos, onde fica nesta governos e defendemos os Conselhos estratégia? como um espaço de controle social. Os problemas identificados na Mas qual avaliação temos dessa pro- ação nos espaços das Conferências posta agora que está sendo amplamen- são inúmeros. Entre eles, o problema te implementada no país? maior é o risco de ter esse espaço des- Este modelo de institucionalida- qualificado. Muitos setores políticos de está amplamente questionado em são contrários à democracia parti- sua eficácia e começa a ser problema- cipativa, consideram ilegítimo esse tizado do ponto de vista da política espaço de pactuação entre governo e de luta do movimento. Parece que a os movimentos, procuram manter as atuação nestes espaços passou a ser relações com governos no âmbito do tomada como a única forma de atuar privado ou atuam apenas via ‘lobby’ nas políticas públicas, o que pode no Congresso, apoiando campanhas induzir à redução ou a nenhuma luta e manipulando parlamentares. política fora dos espaços institucionais Por outro lado, os grupos sociais dos governos, ou seja, nas ruas. que participaram das conferências Os debates no movimento levam apresentam, muitas vezes, baixa dis- a pensar que este modo de atuar pode posição de negociação e de formula- ser também um problema, uma camisa ção de suas demandas. Além disso, os de força que prende a força e rebeldia organismos estratégicos do Executivo do movimento na institucionalidade não participam desses espaços ou 21
  • 24. Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas enviam delegados/as sem expressão na gestão. De fato, os conselhos não e poder político, que não vão nego- têm sido espaços efetivos de pactuação ciar, mas apenas defender interesses e e controle social dos governos e pouco prioridades deste ou daquele setor do têm contribuído para comprometer governo. Nas pequenas cidades, mui- o conjunto do governo com as polí- tas vezes as conferências não passam ticas para as mulheres na perspectiva de espaços para proselitismo político feminista. do governo local e seus aliados. Esses problemas variam de inten- Em nossa atuação como mo- sidade, a depender do arco político dos vimento de mulheres, tendemos a governos e de sua perspectiva, mais ou repetir a formulação contínua de no- menos patriarcal. Entretanto, é recor- vas demandas sem eleger prioridades, rente a não elaboração e/ou não obser- desconsiderando os processos vividos vância dos planos de políticas públicas, e conquistas já alcançadas. Pouco mesmo em governos progressistas. revemos e articulamos propostas que Com frequência os conselhos ficam a avancem na implementação do que reboque dos interesses e prioridades do foi conquistado em conferências ante- Executivo, em detrimento do controle riores. Essa prática não qualifica a de- sobre a implementação das delibera- manda e as propostas feministas e nos ções das conferências. impõe um eterno “começar do zero”. Há que se ter estratégias para Os problemas nos Organismos conseguir transformar a forma como Executivos de políticas para mulheres as políticas públicas são planejadas, são já bastante conhecidos: falta de para mudar as diretrizes que orientam estrutura, falta de orçamento próprio e, as finanças públicas e, portanto, dar no presente contexto, dependência do outro sentido à ação do Estado com orçamento federal (Secretaria Especial vistas a superar as desigualdades de de Políticas para Mulheres - SPM), gênero e promover a justiça social. além de isolamento das gestoras no go- A estratégia feminista frente ao verno e distanciamento do movimen- Estado e nos governos tem como desa- to. Há também muita incompreensão fio conceber as políticas públicas para sobre o lugar estratégico do conselho e superar as desigualdades, enfrentan- em detrimento do organismo execu- do o seu caráter estrutural. Isso exige tivo, que muitas vezes aparecem e são a ocupação dos espaços de poder, a percebidos como mais relevantes que abertura ou ampliação dos espaços o próprio movimento, que propôs e públicos de decisão pela articulação conquistou estes espaços. entre democracia representativa e No âmbito dos Conselhos, re- participativa, o adensamento da par- petem-se problemas dos conselhos em ticipação social das mulheres, enfim, geral: a lacuna de poder na represen- a democratização do poder. tação governamental faz com que as Afinal, as mulheres em geral decisões do Conselho não repercutam e, em especial aquelas das camadas 22
  • 25. Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas populares, que estão nos estratos so- dialogar, negociar, consolidar compro- cialmente mais desfavorecidos, as que missos junto ao Poder Público. sofrem múltiplas formas de discrimi- Mas sabemos que para orientar nação, dificilmente conseguem que os as políticas públicas neste sentido, o seus interesses sejam representados no Estado tem de ser transformado. Por sistema político, dominado pela elite. enquanto, ele continua sendo capita- Por isso mesmo, um desafio para quem lista, racista, patriarcal, elitista. Razão está à frente da gestão ou como con- pela qual, além de ter poder, também selheiras de políticas públicas é abrir é preciso construir contrapoder, den- espaço para que as mulheres possam tro e fora dos governos 23
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  • 27. Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas DISCUSSÃO 5 Planejamento em políticas públicas e a questão do orçamento Para as feministas no campo da federal) podem orçar e desenvolver AMB, planejar a política pública impli- tem de estar contemplada no Plano ca radicalizar a idéia de universalidade Plurianual - PPA. Mas, por outro com respeito à diversidade, enfrentando lado, nem todas as ações que estão o desafio de construir políticas capazes programadas no PPA têm obrigato- de enfrentar o conjunto das desigualda- riamente que ser desenvolvidas pelo des que envolvem as mulheres, superar governo. Daí porque consideramos os programas pontuais, focalizados, fundamental a incidência política fragmentados. E implantar políticas sobre o PPA - esse momento do Ciclo públicas universais, intersetoriais,e es- Orçamentário quando se definem as pecíficas para dar conta da promoção diretrizes da política e as ações que da igualdade e da justiça social. lhes dão conseqüência. Quando se A chamada cegueira de gênero perde esse momento, a experiência no planejamento das políticas públi- da luta feminista demonstra, que cas, ou seja a definição de estratégias, fica quase impossível acomodar em o desenvolvimento de ações e a rea- algum cantinho projetos a serem lização de despesas para um suposto desenvolvidos. “beneficiário neutro” (pretensamente, Os programas de governo apre- nem homem, nem mulher, nem bran- sentados nas campanhas eleitorais co, nem negro etc) tem possibilitado são a base política onde o partido que a desigualdade seja reproduzida vencedor das eleições vai alicerçar, sistematicamente pelas políticas públi- no seu primeiro ano de governo, a cas. A desigualdade está sendo mantida construção do novo PPA, que só passa (ou até pior, agravada) e invisibilizada, a vigorar no segundo ano de governo porque os processos de monitoramen- (municipal, estadual ou federal). Para to e avaliação não a consideram como avançar na luta feminista é preciso problema. E os poucos programas que participar, disputar a orientação das existem para enfrentar as desigualda- políticas públicas desde a campanha. des, têm recursos mínimos. Depois, seguir adiante na fase de Por força da lei, toda ação que elaboração no Executivo, inclusive os governos (municipal, estadual e demandando o debate nos conselhos 25
  • 28. Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas a esse respeito. Em geral, essa fase do elas estabelecem. O intercâmbio de processo é muito fechada, excluindo experiências na AMB demonstrou completamente a participação so- que não raro, alguns programas que cial. E é preciso democratizá-la, para as mulheres lutaram para incluir no que as mulheres possam inserir suas PPA, não entraram no Orçamento reivindicações. Anual do município, estado ou União Na sequência, o desafio é abrir e, portanto, não tiveram recursos para espaço para pautar e fazer ecoar a voz serem desenvolvidos. Há também os das mulheres no debate do Legislativo, casos em que o programa ou ação articulando senadoras/es, deputadas/ entra no Orçamento, mas os recursos os e vereadoras/es aliadas/os, promo- não são liberados - ficam contingen- vendo audiências públicas. Quase ciados e o resultado, da mesma forma, sempre, é só nessa fase que se torna é que pouco ou nada do planejado se pública a proposta do Executivo. consegue realizar. Enfim, é preciso Apenas nesse momento é que os movi- uma ação continuada, sistemática e mentos e, inclusive, muitos conselhos, para assegurar conquistas reais. tomam conhecimento do projeto do Ainda que saibamos que a dis- PPA, ou seja, depois que ele já está puta por políticas e recursos públicos pronto, acabado, e já foi submetido para financiar a promoção da igual- à discussão no Congresso Nacional, dade seja eminentemente política, Assembléias Legislativas ou Câmaras o fato é que a linguagem tecnicis- de Vereadores, conforme o caso. ta, economicista de todo o Ciclo A inexistência ou insuficiência Orçamentário ainda intimida a ação de espaços de participação social de algumas gestoras, dos conselhos e na fase de elaboração do Executivo a própria incidência do movimento obriga a que todas as demandas dos de mulheres nestes debates. movimentos sociais deságüem nessa O que aprendemos em todos outra fase de discussão no Legislativo, esses anos de luta é que o mais im- sem encontrar espaço político real portante não é ter o domínio técnico para serem processadas. As conquistas dessas peças, mas saber o que se quer obtidas nesse processo não são líqui- pautar, que ação, que programa, que das e certas. O caráter autorizativo política. É esse o ponto crucial onde das leis do ciclo orçamentário exige as feministas na gestão pública e o vigilância permanente, controle social movimento de mulheres podem fazer a para efetivá-las. diferença. A solução técnica se resolve Ganhar, mas não levar..., este é com a ajuda de alguns/mas especialis- um outro problema que enfrentamos tas. Saber como se organiza o Ciclo pelo fato de as leis que regem o Ciclo Orçamentário, o que se pode pautar Orçamentário serem autorizativas, a cada momento, as alianças que se ou seja, permitem, mas não obri- podem construir é o indispensável gam os governos a executar o que para uma ação política contundente, 26
  • 29. Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas seja no PPA, ou nas diretrizes orça- as mulheres nos estados e municípios, mentárias, no orçamento anual e sua capazes de mobilizar recursos locais de execução. diferentes secretarias e comprometê-las Uma parte importante dos com o financiamento dessa política. recursos públicos que os órgãos de A dificuldade na articulação de políticas para as mulheres nos estados iniciativas intersetoriais ( secretaria da e municípios têm para o desenvolvi- mulher e secretaria de educação, por mento de políticas para as mulheres exemplo) ainda é muito grande, ape- vem da União, na grande maioria sar do II Plano Nacional de Políticas das vezes mediante transferência para as Mulheres contemplar ações voluntária, em geral mediante con- orçamentárias de vários ministérios, vênios com a Secretaria Especial de com recursos para serem transferidos Políticas – SPM (e o problema é que aos estados e municípios. essa modalidade “convênio” é das mais A disputa política por esses re- penosas e lentas, as vezes até inviável). cursos exige acumulação de forças. É por isso que grande parte das ações Os espaços das conferências, em empreendidas em políticas para as âmbito nacional, estadual e muni- mulheres são para o enfrentamento da cipal, são importantes para pactuar violência, afinal, além de ser uma de- compromissos neste sentido com os manda importante do movimento, é governos. A construção de planos de nessa área que a SPM dispõe do maior políticas para as mulheres conectados volume de recursos e dá sustentação a ao Ciclo Orçamentário é estratégica. projetos em diversas localidades. Plano sem orçamento pode ficar só no É importante estarmos atentas a papel. Ademais, informar, municiar os oportunidades de recursos em outros conselhos para o controle social sobre ministérios, mediante checagem do o Ciclo Orçamentário pode mobilizar II Plano Nacional de Políticas para as energia para realizar os embates dentro Mulheres, de modo a conhecer quais do próprio governo. são as ações orçamentárias de cada mi- Um caminho é demandar ini- nistério que estão compromissadas com ciativas do Legislativo e do Ministério o financiamento do PNPM até 2011. Público para fiscalizar e tornar trans- No âmbito estadual e municipal, parente a execução do orçamento e o a mobilização de recursos para garantir cumprimento dos dispositivos das leis o desenvolvimento das políticas para do Ciclo Orçamentário orientados as mulheres esbarra na insuficiência a promoção da igualdade, à maior (quase ausência) de recursos nos orça- transparência de todo o processo e mentos dos municípios e dos estados à ampliação da participação social. orientados à ações de promoção da Inclusive porque ambos (Legislativo e igualdade e melhoria das condições de Ministério Público) têm responsabili- vida das mulheres; e na inexistência de dades e competência legal para tanto. planos governamentais de políticas para A ação feminista neste campo pode 27
  • 30. Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas alterar, em alguma medida, a dinâ- em determinados governos - onde a mica política que, até agora, não tem gestão feminista tenha respaldo para evoluído no sentido de iniciativas par- se estabelecer enquanto tal, onde o lamentares e de promotores para dar controle social possa pautar e processar cumprimento a tais responsabilidades. os conflitos inerentes à realidade tão O debate travado na Articulação desigual em que se vive, onde haja dis- de Mulheres Brasileiras sobre o pla- posição para radicalizar a democracia nejamento das políticas públicas e a com a participação das mulheres -, questão do orçamento tem um sentido nesses contextos é possível articular e estratégico, que orienta a ação imedia- fortalecer o movimento de mulheres. ta, considerando que os recursos só se É possível criar e fazer circular contra- transformam em políticas na hora que discursos, produzir novas formulações estão sendo executados. sobre a incorporação da perspectiva Sabemos que há um longo ca- de gênero ao planejamento das po- minho a ser percorrido. E, apesar da líticas públicas, aglutinar gente das fragilidade dos órgãos executivos e Universidades, de ONGs, servidoras/ dos conselhos dos direitos das mu- es públicas/os da área de planejamen- lheres, o que a experiência política to, especialistas e ativistas feministas, adquirida até agora demonstra é que, para dar conta da tarefa. 28
  • 31. Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas DISCUSSÃO 6 Idéias e proposições para avançar no nosso modo de atuação Apresentamos um conjunto diferenciando-o do papel da ges- de reflexões e proposições para os tão e do movimento; distintos espaços de nossa atuação e para a ação do próprio movimento de • Aprofundar a noção sobre o con- mulheres indicados na plenária final trole social e como ele se faz fora do seminário de 2009. dos espaços institucionais; • Construir e manter a agenda de • Elaborar estratégias para tratar, lutas feministas que vai além das nos conselhos, as pautas ‘difíceis’ políticas públicas. do movimento feminista; • construir estratégia de longo prazo • Repensar continuamente a em torno de algumas prioridades proposta dos Conselhos e re- de políticas públicas, para poder conhecer que há problemas atuar sobre estas prioridades nas no mecanismo que não serão conferências, na gestão e no con- resolvidos pela capacitação das trole social, e organizar nossas as conselheiras; lutas em torno a estas prioridades • Avaliar com cautela a prática de de políticas também no âmbito criação de ‘casa dos conselhos’ da verdade; e o estímulo a criação indis- • nunca deixar arrefecer a atuação criminada dos conselhos nos em nome próprio, como movi- municípios como política para mento, mesmo diante da exis- mulheres no plano estadual; a tência de conselhos fortes e em depender do contexto político governos de nosso campo; de cada governo, é relevante cobrar a instalação deste meca- nismo ou reivindicar mudança E S T R AT É G I A S A P O N TA D A S legislativa dos conselhos criados PARA ATUAÇÃO DENTRO DOS há muito tempo, CONSELHOS • Ao ocupar este espaço de • Contribuir para precisar o papel Conselhos, é preciso desenvol- do Conselho a cada momento, ver ações de suporte político às 29
  • 32. Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas representantes do movimento • Não “tirar a camisa do movi- no Conselho criando uma agen- mento” e evitar assumir a defesa da comum de debate no movi- apenas dos interesses do grupo mento para fortalecer a atuação no poder ( governo); articulada das representantes dos diferentes movimentos de • Questionar, no âmbito da gestão, mulheres neste espaço; a dominação masculina como aquilo que estrutura os insucessos • Definir prioridade para as polí- dos organismos de mulheres; ticas a serem monitoradas; • Construir alianças internas ao • Priorizar o planejamento do governo com Secretarias de conselho, estrutura de funcio- Planejamento e Fazenda, consi- namento que aumente a auto- derando os estes espaços estra- nomia e não atuar em conselhos tégicos e pessoas estratégicas nas que sejam não deliberativos; diferentes secretarias; • Manter interlocução com as • Manter diálogos e parcerias demais conselheiras, discutindo constantes com os Conselhos e sobre a abordagem feminista Movimentos; para as políticas públicas e bus- car adesões, • Mapear potencial de aliança e dialogar com o Legislativo; • Criar e manter mecanismos de diálogo formal do Conselho • Institucionalizar diretrizes nos com as mulheres não organiza- PPAs ; das, em especial as usuárias dos • Para defender proposições, em- serviços públicos , com vistas a basa-se em Diretrizes e Planos fazer o controle da política; Nacionais, Pactos, e ainda com- • Usar a mídia, quando necessário, promissos assumidos pelo de para promover visibilidade ao governos; pensamento e às posições e ações • Buscar intersetorialidade - Plano do Conselho. Intersetorial (mapeamento dos perfis de secretários/as e equi- pes- para ver com quem se aliar ESTRATÉGIAS PARA ATUARMOS e quem neutralizar); COMO FEMINSTAS NA GESTÃO/ EXECUTIVO • Instituir Grupos de Trabalhos na gestão para discutir o proble- • Não se confundir com a socie- ma de cada setor ou secretaria dade civil nem travar a ação do para implementar políticas para movimento; mulheres; 30
  • 33. Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas • Superar o problema de estrutu- executivo/conselhos/conferên- ras precárias transferindo pessoas cia) e considerar o papel do mo- de outras secretarias; buscar vimento social na luta e conquis- mecanismos de transparência ta de políticas para mulheres. dando acesso às informações, interna e externamente, am- • Equacionar a relação com a pliando subsídios para os mo- militância feminista partidária - vimentos fazerem pressão por enfrentar o desafio das alianças. melhor estrutura e orçamento • Enfrentar a análise de quando das políticas para mulheres (na vale a pena ocupar espaços de própria secretaria/coordenadoria poder na gestão e verificar até e no governo como um todo); que ponto essas experiências es- • Garantir base de legitimidade tão fortalecendo o movimento. através de estratégias de mobili- • Como não estabelecer interface zação e articulação das mulheres com os organismos executivos e movimentos, demonstrando se eles se constituíram pela ação para o conjunto do governo do movimento? a capacidade de convocar o movimento; • Numa perspectiva feminista, considerar que as mudanças que • sensibilizar continuamente a propomos implicam nova for- equipe interna de que é preciso ma de organização do Estado. defender este mecanismo, • Observar lacuna na interface • levar outros/as secretários/as com os órgãos judiciais. para dialogar diretamente com as mulheres nos bairros, comu- • Como estabelecer no movimen- nidades e com os movimentos. to proposições prioritárias de políticas para mulheres em nível municipal, estadual e federal? QUESTÕES QUE INTERPELAM A AMB • Como participar da gestão de maneira transformadora num • Evitar a naturalização do mo- ambiente de cultura política delo que criamos (organismo conservadora? 31
  • 34.
  • 35. FOTOGRAFIAS SEMINÁRIO NACIONAL: AS MULHERES NA DEMOCRATIZAÇÃO DA GESTÃO PÚBLICA E O PROJETO FEMINISTA BRASÍLIA, 17 A 20 DE JUNHO DE 2009
  • 36. Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas 34
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  • 48. Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas Participantes_do_debate: Adneuse Targino de Araújo, Maria de Fátima Cunha, Carmen Silva, Maria José Basaglia, Bernadete Ferreira, Márcia Vieira da Silva, Adriana Martins, Maria Betânia Serrano, Domingas Caldas, Maria das Graças de Castro, Dulce Silva, Maria Helena da Silva, Elisabete Ferreira, Marileia Alves, Elizabeth Nasser, Marina Ravazzi Elinaide de Carvalho, Myllena Calazans Elizabeth Saar, Nilde Sousa, Elizete da Silva, Patrícia dos Santos, Eneida Dultra, Rejane Pereira, Estelizabel Bezerra; Rivane Arantes, Florilena Aranha, Rosali Scalabrin, Gilda Cabral, Sarah Reis Graça Costa, Sheila da Silva, Guacira Oliveira Silvia Camurça, Ildete de Souza, Suely de Oliveira, Flávia Veloso, Sula Valongueiro, Francisca da Silveira, Tânia Muri, Kátia Almeida, Terezinha Barros, Luiza Bairros, Valdênia Araújo, Leide Aquino, Maria de Jesus Santos, Leila Rebouças Vanda Barbosa, Luanna Silva, Valéria Mont’ Serrat, Luciana Barbosa, Verônica Ferreira, Maria do Espírito Santo, Virginia Apolinário 46
  • 49. Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas Números anteriores Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas I Conferência Nacional de Políticas para Mulheres Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), Recife, 2004 Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas Os Direitos das Mulheres são Direitos Humanos Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), Recife, 2004 Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas XIII Conferência Nacional de Saúde Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), Recife, 2007 Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas II Conferência Nacional de Políticas para Mulheres Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), Recife, 2007 47
  • 50. Articulando_a_Luta_Feminista_nas_Políticas_Públicas Articulando a Luta Feminista nas Políticas Públicas Desafios para a ação do movimento de mulheres na implementação de políticas Registro_e_sistematização_dos_debates:_Silvia Camurça e Rivane Carvalho (SOS Corpo) Redação:_Guacira César de Oliveira (CFEMEA) e Silvia Camurça (SOS Corpo) Edição:_Paula de Andrade (SOS Corpo) Revisão: Guacira Oliveira (CFEMEA Projeto_gráfico: Marta Braga Diagramação: Ars Ventura Imagem & Comunicação Fotografias:_Arquivo CFEMEA Publicação:_CFEMEA Impressão:_Gráfica Brasil Tiragem: 5 mil exemplares Apoio: Fundação Ford e Fundação Heinrich Boll Sobre a AMB A AMB é uma articulação política não partidária, que potencializa a luta feminista das mulheres brasileiras nos planos nacional e internacional. A AMB tem sua ação orientada para a transformação social e a constru- ção de uma sociedade democrática, tendo como referência a Plataforma Política Feminista (construída pelo movimento de mulheres do Brasil, em 2002). No presente contexto, a AMB se orienta por cinco prioridades: a mobilização pelo direito ao aborto legal e seguro, a ação pelo fim da violência contra as mulheres, o enfren- tamento da política neoliberal, a organização do movimento e a luta contra o racismo. Compõem a AMB: Articulação de Mulheres do Acre Fórum de Entidades Autônomas de Mulheres de Alagoas Articulação de Mulheres do Amapá Articulação de Mulheres do Amazonas Fórum de Mulheres de Salvador Fórum Cearense de Mulheres Fórum de Mulheres do Distrito Federal Fórum de Mulheres do Espírito Santo Fórum Goiano de Mulheres Fórum Estadual de Mulheres Maranhenses Articulação de Mulheres Brasileiras - RJ Fórum de Mulheres de Mato Grosso Articulação de Mulheres do Mato Grosso do Sul Fórum de Mulheres da Grande Belo Horizonte Fórum de Mulheres da Amazônia Paraense Rede de Mulheres em Articulação da Paraíba Fórum de Mulheres da Paraíba Fórum de Mulheres do Paraná Fórum de Mulheres de Pernambuco Fórum Estadual de Mulheres do Rio Grande do Norte Fórum Municipal da Mulher de Porto Alegre Articulação de Mulheres de Rondônia Núcleo de Mulheres de Roraima Fórum de Mulheres de Santa Catarina Articulação de Mulheres de São Paulo Fórum de Mulheres de Sergipe Articulação de Mulheres Tocantinenses Fórum de Mulheres Piauienses Na América Latina, a AMB integra a Articulação Feminista Marcosur e o Comitê de Mulheres da Aliança Social Continental.
  • 51.
  • 52. www.articulacaodemulheres.org.br amb@articulacaodemulheres.org.br Secretaria Executiva da AMB: Fórum de Mulheres Cearenses (FMC) Cunhã – Coletivo Feminista Coletivo Leila Diniz – Ações de Cidadania e Estudos Feministas Rua Major Afonso Magalhães, nº 23 Petropólis – CEP 59014-160 Natal/RN – Brasil Telefone: +55 84 3201.9587