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  Módulo 2 - Desenvolvimento Sustentável




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 Módulo 2 - Desenvolvimento Sustentável

  Conceituações de Desenvolvimento Sustentável
  Meio Ambiente, sociedade e desenvolvimento sustentável
  Desenvolvimento sustentável nas grandes cidades
  A Sustentabilidade local e territorial frente à globalização
  Conhecimento indígena como caminho para a sustentabilidade
  Partir para a ação: a proposta da Agenda 21




O material desse módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação do CENED. É proibida qualquer forma de comercialização do
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores
descritos na Bibliografia Consultada.
                                                 Acesse http://www.cenedcursos.com.br


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Módulo 2 - Desenvolvimento Sustentável

1 Conceituações de Desenvolvimento Sustentável

      O Desenvolvimento Sustentável possui diversas noções conceituais. Este termo
possui dinamicidade e continuamente está em processo de mudança nas relações
sociais, econômicas e naturais. O alcance do conceito de desenvolvimento sustentável
é muito amplo e atinge diversas formas estruturais nacionais e internacionais. O seu
estabelecimento como conceito tem o objetivo de encontrar soluções para os
problemas ambientais globais e é proposto como uma estratégia para a agenda
ambiental internacional. Devido à sua amplitude internacional o conceito de
desenvolvimento sustentável é considerado confuso e de difícil implementação, pois
abrange realidades econômicas, sociais, culturais e ambientais bem diferentes.
      Muitas tentativas de unificar as conceituações são feitas,a nível de Nações
Unidas, como a nível acadêmico, mas considerar o termo com várias dimensões
conceituais torna-se mais válido e produtivo. Qualquer pessoa que se propor a
investigar a conceituação de Desenvolvimento Sustentável se deparará com a
universalidade do conceito e com o problema de saber exatamente o que é este
conceito e sua dificuldade operacional. Por isso, será exposto abaixo um breve
histórico da situação ambiental que facilitou o nascimento do conceito de
Desenvolvimento Sustentável.

      Em 1972 Meadows e outros autores do chamado Clube de Roma haviam
publicado Os Limites do Crescimento ( Limits to Growth) Este estudo concluía que se
fossem mantidos os níveis de poluição, industrialização, produção de alimentos e
exploração dos recursos naturais, em aproximadamente 100 anos o limite de
desenvolvimento da terra seria atingido e isto causaria uma diminuição forçada da
população mundial e da industrialização. O Relatório também concluía que as
tendências atuais poderiam ser mudadas e que se poderiam planejar condições de
estabilidade econômica e ecológica a longo prazo que pudessem satisfazer as
necessidades materiais das pessoas e que possibilitasse o seu desenvolvimento                     3

humano. Quanto antes se trabalhasse para reverter o quadro ambiental negativo,
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maiores seriam as chances de sucesso. Nesse mesmo ano foi realizada Conferência
de Estocolmo a qual introduziu temas como pobreza humana e degradação ambiental,
porém sem elaborar uma conceituação sobre o Desenvolvimento Sustentável.




1.1 O Relatório Brundtland




        O Relatório Brundtland, ou Nosso Futuro Comum como ficou mais conhecido,
(1987) nas palavras da Primeira Ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, definiu
desta forma: “O desenvolvimento sustentável é o que satisfaz as necessidades do
presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras para satisfazer as
suas”. (DEEPER NEWS, 1999, p. 43). O Relatório identifica os problemas ambientais e
sociais como as necessidades primeiras a serem atendidas e foca dois importantes
princípios para uma sustentabilidade: as necessidades e limites. O Relatório enfatiza
claramente a dimensão humana do desenvolvimento sustentável:

                           O conceito de desenvolvimento sustentável não implica limites – não
                           absolutamente limite, mas implicações, mas limitações, impostas pelo
                           presente estado da tecnologia e da organização dos recursos
                           ambientais e sociais e pela capacidade da biosfera absorver os efeitos
                           das atividades humanas1.

        Ainda sobre o conceito de Desenvolvimento Sustentável o Relatório nos diz:

                           O desenvolvimento sustentável não é um estado fixo de harmonia, mas
                           um processo de mudança no qual a exploração de recursos, a direção
                           dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e as
                           mudanças institucionais são feitas de forma compatível com o futuro e
                           com as necessidades presentes2.


1                                                                                                         4
  TIBBS, Hardin. Sustainability. DEEPER NEWS, Emeryville, v. 10, n. 01, Jan. 1999, p. 8. Disponível em:
www.bfi.org/pdf/gbn_sustainable.pdf . Acesso em: 25 out. 2005.
2
  Ibidem, p. 9.

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      A definição proposta pelo Relatório Brundtland é a mais aceita e procura
abranger não somente as gerações presentes, mas também as futuras e exige uma
mudança de consciência ambiental por parte dos seres humanos. Baseadas nesta
definição, outras surgiram considerando a igualdade e eqüidade entre as gerações
presentes e futuras, entre os países pobres e ricos, entre classes sociais, sexos,
gerações.
       Em 1992 foi publicado o livro Além dos Limites (Beyond the Limits ) escrito por
Meadows e outros autores o qual era uma revisão do polêmico relatório Os Limites do
Crescimento. As conclusões a que chegaram os autores do Além dos Limites sobre
Desenvolvimento Sustentável foram as seguintes:



                     1) O uso humano de muitos recursos essenciais e a geração de muitas
                     espécies de poluentes já ultrapassaram as taxas que são fisicamente
                     sustentáveis. Sem significativas reduções nos fluxos de materiais e de
                     energia, irá ocorrer nas próximas décadas um declínio incontrolável na
                     produção de alimentos per-capita, no uso da energia e na produção
                     industrial;

                     2) O declínio não é inevitável. Para evitá-lo, duas mudanças são
                     necessárias. A primeira é uma revisão abrangente das políticas e
                     práticas que perpetuam o crescimento do consumo material e da
                     população. A segunda é um rápido e drástico aumento na eficiência
                     com que os materiais e energia são usados;

                     3) Uma sociedade sustentável ainda é técnica e economicamente
                     possível. Ela poderia ser mais desejável do que uma sociedade que
                     procura resolver seus problemas através de uma constante expansão.
                     A transição para um sociedade sustentável requer um cuidadoso
                     balanço entre objetivos de curto e de longo prazo e uma ênfase não na
                     quantidade do produto, mas na eficiência, na equidade e na qualidade
                     de vida. Isto requer mais do que produtividade e mais do que
                                                                                                 5




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                         tecnologia; requer também maturidade, compaixão e sabedoria. 3
                         (Beyond of Limits, Cf. Documentos 21)




1.2 A Rio 92




       A Cúpula da Terra ou Eco 92, realizada no Rio de Janeiro foi fundamentalmente
sobre o tema Desenvolvimento Sustentável. A conferência aprovou a Convenção sobre
Alteração Climática e a Convenção sobre Diversidade Biológica e a Declaração do Rio
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Declaração de Princípios sobre o Manejo
das Florestas e a Agenda 21. A Agenda 21 é um documento abrangente e estabelece
estratégias de ação para o Desenvolvimento Sustentável, podendo ser implantada
tanto a nível nacional como local. Na Eco 92 chegou-se a um consenso comum em
torno do conceito de Desenvolvimento Sustentável conforme fora proposto no Nosso
Futuro Comum.

       Na evolução histórica do conceito de Desenvolvimento Sustentável as definições
mais frequentemente usadas são aquelas que contemplam o desenvolvimento social e
a oportunidade econômica e o melhoramento da qualidade de vida das pessoas,
especialmente para os mais pobres e miseráveis, sempre respeitando a capacidade de
limite dos ecossistemas. A sustentabilidade requer equilíbrio entre os fatores sociais,
econômicos e culturais dos seres humanos. Buscá-la é um fator de segurança para a
humanidade.




                                                                                                        6
3
 ROMEIRO, Ademar Ribeiro. Documentos 21: Desenvolvimento Sustentável. Campinas: EMBRAPA, 2003, p. 11-
12.

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2 Meio Ambiente, sociedade e desenvolvimento sustentável




      O Século XX nos mostrou um planeta por demais deteriorado em termos
ambientais, tanto no aspecto ecológico como também nos aspectos sociais e
econômicos.

      Em termos ecológicos, temos poluído mais ar, contaminado mais mares e
extinguido mais espécies que em qualquer outra fase do ser humano. Nunca na
história da humanidade o ser humano mostrou-se tão destruidor quanto nos últimos
trezentos anos (desde a revolução industrial). A ciência e a tecnologia, em seu
desenvolvimento desenfreado, criaram diversos riscos: químicos, tecnológicos,
nucleares, os quais não têm comparação com outros períodos da história da
humanidade. Podemos perceber o efeito destes avanços perigosos da ciência e
tecnologia nas cidades em desenvolvimento onde o nível de contaminação e
degradação ambiental é extremamente grande.

      Os atos humanos têm provocado grandes perturbações nos ecossistemas como
a perda da biodiversidade, a sobre-exploração das reservas de água doce e a
desestabilização dos ecossistemas que provocam, muitas vezes, danos irreversíveis.
Cada dia são produzidos mais e mais resíduos tóxicos e lixo os quais não são
reciclados totalmente, ou em muitos casos, são jogados nos rios ou em outros
ambientes naturais.

      O ser humano tornou-se escravo de seus próprio inventos. O Homo faber
deixou de ser apenas um produtor, de criar produtos , mas depende destes. Um
exemplo desta escravidão é a dependência que criamos do automóvel. As pessoas
que não têm buscam adquirir este bem o mais breve possível, juntando suas
economias para comprar o seu “carrinho”. Este fato faz com que as cidades entrem em
colapso, pois transforma o ar urbano num depósito de gás carbônico e agride seu
moradores com todo o seu ruído.
                                                                                                  7

      Em nossas cidades, muitos ecossistemas foram suprimidos para dar lugar a
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imponentes construções ou bairros planejados para poucos morar, ou para dar lugar a
construções desordenadas de pessoas que, não tendo para onde ir e morar, invadem
espaços de terra sem levar em consideração toda a formação ecossistêmica do
mesmo.

      Todos os sintomas de degradação do meio ambiente nos mostram que criamos
uma sociedade doente ecologicamente e continuamente o ser humano introduz
produtos ou cria situações que tendem a aumentar esta enfermidade ambiental, como
é o caso dos transgênicos, metais pesados, elementos químicos que vão se acumulam
no meio ambiente e sobre os quais ainda não sabemos direito suas reais
conseqüências.

      Os desequilíbrios ecológicos acabam se tornando mais prejudiciais, pois há um
desequilíbrio social, o qual é a outra face dos problemas ambientais. A população
cresceu verticalmente nas últimas décadas, porém o acesso aos recursos, tanto
econômicos, como sociais, como ambientais e culturais não foram democratizados. Há
uma má distribuição de recursos e do acesso a esses recursos. As diferenças Norte-
Sul continuaram a aumentar e conseqüentemente trazendo mais pobreza e miséria
aos países do Hemisfério Sul.

      Vivemos, portanto, numa economia globalizada , dominada por empresas
transnacionais e que não possuem objetivos democráticos, mas sim somente a
expansão de seus capitais e lucros e pouco se importam com os problemas ambientais
que venham a causar, principalmente em países do Terceiro Mundo, onde sua
exploração percebe-se mais claramente.

      A sociedade atual, na forma que é concebida, exclui as pessoas do
desenvolvimento e ao mesmo tempo destrói as possibilidades desta sociedade
construir-se de modo harmonicamente. Podemos nos perguntar como chegamos até
aqui, acumulando uma série de desastres que nos colocam frente a uma situação de
sobrivência da espécie. Podemos dizer que nossa situação de "risco" é devida a "um
modelo de má desenvolvimento, um modelo que confundiu desenvolvimento                             8


econômico com bem-estar, um modelo que confundiu a liberdade com a liberdade para
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comprar e vender e um modelo que confundiu o ser humano como uma máquina para
produzir benefícios" (Maria Novo, 2005)4.

        Estamos no meio de uma crise ambiental e temos como certo que não podemos
sair da mesma utilizando-nos dos mesmos modelos de desenvolvimento que nos
levaram a essa crise. Precisamos de um novo paradigma ambiental que nos leve a
criar novas relações ser humano-natureza e a novas relações entre os países do norte
(mais ricos) e os países do sul (mais pobres). Precisamos, também de novas relações
ser humano-ser humano, onde os valores éticos sejam os condutores deste novo
paradigma nas mudanças de relação. Precisamos gestar um novo modelo que leve em
consideração a sustentabilidade das sociedades e que tenha em consideração os
limites dos ecossistemas ambientais e dos recursos naturais. Um novo paradigma que
leve em consideração todas as necessidades do ser humano para se realizar como ser
neste mundo5.




3 Desenvolvimento sustentável nas grandes cidades




        Os problemas de desenvolvimento ambiental urbano, apresentados pelas
grandes cidades, principalmente do Hemisfério Sul, não são somente um problema de
infra-estrutura ou serviços de qualidade para atender as necessidades básicas dos
cidadãos, mas principalmente a desigual distribuição e mau funcionamento dos
serviços oferecidos. Mudar as condições societárias dos habitantes de uma cidade é o
núcleo principal para o desenvolvimento sustentável urbano.

        Surgiram alguns termos específicos como “cidades ecológicas” ou “eco-cidades”
para áreas urbanas que apresentam um mínimo de impacto humano sobre o meio

4
  Universidad Nacional de Educación a Distancia (UNED). Teleactos [Medio ambiente y desarrollo sostenible].
Madrid: UNED, 29 abril 2005. Vídeo disponível em: http://www.teleuned.com . Acesso em: 11 nov. 2005.
5                                                                                                             9
  Universidad Nacional de Educación a Distancia (UNED). Teleactos [Medio ambiente y desarrollo sostenible].
Madrid: UNED, 29 abril 2005. Vídeo disponível em: http://www.teleuned.com . Acesso em: 11 nov. 2005.


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ambiente. Estes termos querem enfatizar um equilíbrio urbano nas cidades, entre meio
ambiente, estruturas sociais, economia e cultura. São conceitos de sociedades pós-
modernas e querem refletir os novos princípios e conceitos para enfatizar mudanças
positivas no meio ambiente urbano. São termos comumente utilizados nas grandes
cidades do Hemisfério Norte e se aplicam perfeitamente para cidades que já possuem
uma democracia assegurada, uma sociedade civil forte, participação política, etc. A
denominação de “eco-cidade” não corresponde à realidade das grandes cidades
Sulinas, pois não consegue prover uma teoria sólida ao analisar as diversas realidades
urbanas desta parte do hemisfério. O conceito de “cidade ecológica” reconhece os
problemas ambientais mas acredita que pode solucionar os mesmos através da
inovações tecnológicas e industriais e não percebe a contradição existente entre
ecologia e desenvolvimento urbano. Essas soluções tecnológicas acabam promovendo
uma espécie de “eco-comércio”, onde as pessoas são incentivadas a comprar produtos
tecnológicos para solucionar seu problemas ambientais ou ecológicos.

      As megacidades do Hemisfério do Sul experienciam o que denominamos de
“ilhotas ecológicas”, ou seja, são espaços habitados por pessoas que possuem
recursos financeiros para investir em serviços que qualifiquem o seu meio ambiente,
tornando-o sadio, belo e relaxante. No Brasil, podemos identificar como “ilhotas
ecológicas” certos condomínios de luxo, os quais apresentam uma infra-estrutura
parecida com uma pequena vila do interior, mas com todas as vantagens de ser em
uma cidade grande. Essas “ilhotas” acabam produzindo uma desigualdade ainda maior
nas grandes cidades, onde alguns têm a possibilidade de experimentar o “paraíso” e a
grande maioria vive do “purgatório” ao “inferno”.

      Os conceitos de “eco-cidade” e “cidade ecológica”, mesmo não sendo
apropriados para a realidade das cidades do Sul, aproximam-se muito do que poderia
ser uma cidade sustentável, ou seja, um sistema aberto em contínua interação com
outras regiões, tanto a nível local como global. “A cidade sustentável é uma entidade
urbana que produz processos ecológicos sustentáveis sem pôr em perigo nacional,
                                                                                                  10




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regional ou global, os recursos naturais e os ecossistemas”. (MYLLYLÄ, Susanna;
KUVAJA, Kristiina, 2005, p. 227)




3.1 Os cidadãos como sujeitos ambientais




       Interessante lembrar que os cidadãos das grandes cidades do Sul são
geralmente vistos como pessoas muito pobres e que são incapazes de transformar,
pois   gastam   todas    as   suas    energias    diárias   na    luta   pela   sobrevivência.
Consequentemente, ter boas condições ambientais é considerado luxo, pois está além
de suas capacidades. Porém o pobre, mesmo possuindo limitações de recursos,
financeiras, educacionais e outras procura organizar o seu ambiente da melhor forma
possível, inovando de forma ecológica, em muitos casos. Porém, os problemas
ambientais fazem parte de sua vida diária e tem impacto direto em sua saúde e bem-
estar. Os moradores mais ricos, por sua vez, conseguem escapar de alguns problemas
ambientais, como poluição, lixo e outros, pois podem viver de forma mais satisfatória e
com suas necessidades básicas atendidas ou mesmo viajando para um local mais
puro, como praia, montanhas, etc.

       O modo de vida das comunidades mais pobres é determinado pelo atendimento
de suas necessidades básicas, pela presença ou ausência do poder público na solução
de seus problemas ambientais. Quando o auxílio público não vem, as comunidades
podem se organizar para satisfazer suas necessidades. Estas iniciativas podem tornar-
se, por vezes, um complicador ambiental de caráter desequilibrador, seja dentro de
pouco tempo ou mesmo para as gerações futuras. Para a comunidade é a solução
possível e mais rápida, porém dentro de um contexto ambiental pode transformar-se
num desastre. De quem é a culpa? Dos governantes ausentes? Das políticas urbanas
mal organizadas e burocráticas? Dos cidadãos?

       Nas sociedades urbanas há diversas formas de proibir e impedir que                          11

comunidades se organizem. É o chamado “silêncio urbano”.
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                           Há várias razões para a emergência do „silêncio urbano‟, isto é, a não
                           existência de políticas de motivação em governos centrais combinados
                           com burocracia autoritária e práticas corruptivas, juntamente com
                           firmes regras de segurança proíbem a formação de organizações civis
                           e movimentos6.

        Do outro lado os cidadãos também esperam que o poder público resolva todos
os seus problemas, provendo-os com a infra-estrutura e os serviços básicos.

                           Se o poder público não pode prover uma infra-estrutura como água ou
                           todos os demais serviços, é lógico que as comunidades confiarão na
                           ajuda que vêm delas mesmas. É comum ver cenas em muitos
                           quarteirões urbanos indicando este tipo de resposta - conexões ilegais
                           de fios de eletricidade ou furos feitos nas tubulações de água que vão
                           para os luxuosos hotéis próximos7.

        Para concluir quero enfatizar que a maioria dos problemas ambientais que
impedem o desenvolvimento sustentável urbano tem razões sociais, políticas e
econômicas. A má distribuição ou ineficiente distribuição dos recursos, econômicos e
ambientais entre os habitantes de uma grande cidade devido às estruturas de poder,
administrações incompetentes e à pobreza das finanças públicas são os principais
pontos serem transformados para que uma cidade possa ser realmente considerada
sustentável.

        Não basta colocar as comunidades no centro da ação ambiental para ter certeza
de que uma cidade se tornará sustentável. “O foco deve ser, também, na
desconstrução destas estruturas sociais que produzem e mantém as condições para o
“silêncio urbano” (MYLLYLÄ, Susanna; KUVAJA, Kristiina, 2005, p. 234) Estas
estruturas opressoras são as principais causadoras dos problemas ambientais urbanos
e as principais barreiras na mudança de mentalidade ambiental para a construção de
uma cidade sustentável.
6
   MYLLYLÄ, Susanna; KUVAJA, Kristiina. Societal premises for sustainable development in large southern cities.
Global Environmental Change. v. 15, n.3, p. 224-237, out. 2005, p. 232. Disponível em:                            12
http://www.sciencedirect.com/. Acesso em: 10 nov. 2005.
7
  Ibidem, p. 232.

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4 A Sustentabilidade local e territorial frente à globalização




        A palavra globalização, nos dias atuais, tornou-se muito comum, por isso falar
em desenvolvimento sustentável ou sustentabilidade local e territorial soa um tanto
estranho. É quase como uma heresia, semelhante às Cruzadas que, aproximadamente
mil anos atrás, também inauguravam uma espécie de globalização, do mundo Cristão
sobre o mundo Muçulmano, com o objetivo de “cristianizar” este último. Hoje, com
métodos mais “civilizados” e aparentemente sem armas, fala-se em palavras como livre
mercado e livre circulação de mercadorias, onde se oferece o “paraíso” a todos os
países que aceitarem e implantarem em seu povo as doutrinas “sagradas” da
globalização. Sem dúvida que há muitas diferenças entre os dias atuais e o tempo das
Cruzadas, porém percebemos que, após mil anos de revoluções sociais, tecnológicas e
do espírito, o ser humano continua semelhante ou até pior que o homem pré-medieval
ou mesmo pré-antigo. Sem dúvida que não podemos atribuir toda a culpa ao processo
de globalização, porém, em muitas situações a globalização aprofundou o que já
estava problemático, exemplo claro disso é o aumento da pobreza nos países do
terceiro mundo, especialmente após a implementação de certos “ajustes” na economia
destes países8.

        O Informe Brundtland em seu relatório Nosso Futuro Comum nos alertou sobre
os descaminhos ambientais a que estávamos sendo levados a partir das idéias da
globalização sem limites, nos mostrando que a globalização é um grande gerador de
crescimento e de acumulação material, mas que leva a diferenças cada vez maiores
entre países do Hemisfério Sul, com os países do Hemisfério Norte e entre as pessoas
dentro dos próprios países. Esta realidade ocasionada pela globalização levou a
PNUD, no ano 2000 a declarar o seguinte:




8                                                                                                                    13
  GUIMARÃES, Roberto P. Tierra de sombras:desafios de la sustentabilidad y del desarrollo territorial y local ante
la globalización. Revista Polis, Santiago, v. 1, n. 5, 2003, p. 1-3. Disponível em:
http://www.revistapolis.cl/5/gui.htm . Acesso em: 04 nov. 2005.

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                             As novas regras da globalização – e os atores que as escrevem – se
                             orientam     a   integrar     os   mercados       globais,    negligenciando        as
                             necessidades das pessoas que os mercados não são capazes de
                             satisfazer. Este processo está concentrando poder e marginalizando
                             aos países e as pessoas pobres9.

        Toda esta situação de insustentabilidade criada pelos escolhas globalizantes
feitas pelos nossos governantes, colocam as comunidades locais a repensar o seu
modo de viver e se relacionar com o meio ambiente. Surge, portanto a necessidade de
territorializar a sustentabilidade ambiental, como uma alternativa ecológica e promotora
do ser humano, em seu local, na sua comunidade. A sustentabilidade local se conecta
com a expressão “agir localmente e pensar globalmente”, pois sabe que toda ação feita
no micro espaço repercutirá no macro espaço, ou seja, para pessoas de outras nações
e mesmo outras gerações. Contrapondo a lógica globalizante que desnacionaliza e
desterritorializa sua produção, exemplo disso são as montadoras de automóveis, que
produzem suas peças em várias partes do mundo, a lógica da sustentabilidade local
procura valorizar o que é construindo nas comunidades locais, o seu conhecimento
científico, o seu senso comum, a sua forma de agir. Trata-se de valorizar os pequenos
valores, conhecimentos e culturas, em contraposição à chamada “aldeia global”, que
nega as diferenças culturais de cada povo ou nação10.

        A sustentabilidade ambiental local , sendo ela realizada nas comunidades,
bairros, vilas, tem uma ação mais direta sobre os problemas ambientais, sejam eles
ecológicos, sociais ou culturais. Há maior facilidade em detectar esses problemas e
buscar soluções que a todos satisfaçam. O poder público também Tem o seu trabalho
facilitado, pois pode trabalhar diretamente com as pessoas envolvidas nas questões.
Da mesma forma, pode promover através de incentivos e projetos, uma valorização
sempre crescente dos moradores de determinada região. Podemos perceber que, nas
últimas décadas surgiram diversos projetos no Brasil, como orçamento participativo e

9
  PNUD 2000 apud GUIMARÃES, Roberto P., op.cit., p. 8.
10                                                                                                                    14
   GUIMARÃES, Roberto P. Tierra de sombras:desafios de la sustentabilidad y del desarrollo territorial y local ante
la globalización. Revista Polis, Santiago, v. 1, n. 5, 2003, p. 10-11. Disponível em:
http://www.revistapolis.cl/5/gui.htm . Acesso em: 04 nov. 2005.

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outros, valorizando a participação dos moradores das comunidades na solução dos
problemas e na da decisão dos investimentos do dinheiro público.

                          Na esfera local os conceitos de espaço, território, e territorialidade
                          ganham concritude, evidenciando os processos de produção e
                          consumo espacial, questão esta fundamental para a compreensão da
                          dimensão ambiental, e comumente mascarada quando referenciada às
                          dinâmicas ambientais globais. Da mesma forma, na esfera local as
                          tensões sociais, dadas pelas formas diferenciadas de apropriação dos
                          recursos naturais, são mais dificilmente camufladas. Outro elemento
                          que pode, então, potencializar a importância da intervenção “local” é o
                          fato desta se manifestar no cotidiano, no “mundo vivido” das pessoas.
                          Cabe salientar que reconhecer as potencialidades da dimensão local
                          não significa cair no engano de sobre-valorizarmos esta esfera,
                          desconsiderando a complexidade dada pela articulação entre o local e
                          global11.

        Uma      das     ferramentas        bastante     importantes      para     a    efetivação      da
Sustentabilidade local e do planejamento participativo é a Agenda 21, documento
elaborado na ECO 92, realizada no Rio de Janeiro. A Agenda 21 Local deve ser
construída nos municípios conforme suas realidades e com a participação do povo,
pois desta forma haverá reflexão conjunta sobre suas realidades, suas prioridades e
estabeleça ações para concretizar suas propostas. A Agenda 21, sendo bem planejada
e construída de modo participativo, respeitando-se as necessidades do povo, torna-se
uma importante ferramenta alternativa à globalização e torna-se um lugar privilegiado
para o pensamento questionador da atual situação socioambiental.




11                                                                                                           15
  NOVAES, Ricardo Carneiro. Desenvolvimento Sustentável na Escala Local; a Agenda 21 Local como Estratégia
para a construção da Sustentabilidade, p. 11. Disponível em:
http://www.anppas.org.br/gt/sustentabilidade_cidades/Ricardo Carneiro Novaes.pdf. Acesso em: 20 out. 2005.

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5 Conhecimento indígena como caminho para a sustentabilidade




        O conhecimento do mundo natural e de seus fenômenos, não é somente
privilégio da ciência. Nas diversas partes do planeta, sociedades e comunidades
desenvolveram ricas experiências e relacionamentos com o meio natural nos locais
onde habitam. Essas outras formas de conhecimento, que não são consideradas
científicas, pois carecem de uma investigação da ciência, são chamadas de
“conhecimento do senso comum”, ou “conhecimento local” ou no caso dos índios
“conhecimento indígena”. Esta forma de conhecer o meio natural e o meio ambiente é
característico de pessoas mais simples, que não tem um aprofundamento científico do
seu meio ambiente, mas possui um conhecimento prático, do seu dia a dia, da
interação e do inter-relacionamento com o entorno12.

        O conhecimento indígena é passado de geração em geração, com a educação
transmitida através das palavras, das ações, dos ritos, dos exemplos. Esse
conhecimento tem sido a base de sustento, da agricultura, do alimento e da saúde para
muitas comunidades em torno do globo. Não só para as comunidades indígenas, mas
para muitas comunidades que foram influenciadas pelo hábitos deste povo e que são
formadas por descendentes de índios.

        Os índios têm um conhecimento grandioso sobre como viver sustentavelmente.
Esse conhecimento prático foi “esquecido” ou mesmo substituído pelas abstrações da
educação formal e pelas metodologias ensinadas pela academia. As teorizações
científicas propiciaram um distanciamento das práticas sustentáveis e valorizaram
práticas degradantes e exploradoras do meio ambiente. Nos dias atuais, os
conhecimentos indígenas de como viver sustentavelmente correm o risco de serem
perdidos e as comunidades indígenas de desaparecerem culturalmente.



12
  Nakashima, D., Prott, L. and Bridgewater, P. Tapping into the world’s wisdom, UNESCO Sources, n. 125, jul.-     16
ago., 2000, p. 12. Disponível em: http://unesdoc.unesco.org/images/0012/001202/120200e.pdf . Acesso em: 10 nov.
2005.

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5.1 Conhecimento indígena e conhecimento científico




        Os indígenas possuem um enorme conhecimento do meio ambiente devido à
séculos de convivência e inter-relacionamento com a natureza e com todos os seus
fenômenos. Os índios vivem da riqueza das plantas e animais e da variedade dos
ecossistemas e administram os recursos naturais de forma sustentável.

                           A maioria dos povos indígenas têm canções tradicionais, estórias,
                           lendas, sonhos, métodos e práticas como meios de transmitir
                           elementos específicos do conhecimento tradicional. Às vezes é
                           preservado em forma de memórias, rituais, ritos de iniciação,
                           cerimônias ou danças. Ocasionalmente é preservado nos artefatos
                           manuais feitos de pai para filho ou mãe para filha. Nos sistemas
                           indígenas de conhecimento não há uma real separação entre o
                           conhecimento secular e sagrado e a prática – são um e o mesmo13.

        O conhecimento científico difere-se do conhecimento indígena em muitos
aspectos, pois seus caminhos trilharam caminhos diferenciados no decorrer da história
da humanidade. Abaixo, uma relação de diferenças entre estes dois conhecimentos.

        Como já exposto, a educação e o conhecimento indígena tradicionais (ou seja,
sem a influência do homem branco) passam de pai para filho, de geração em geração
e é aprendida através de ritos, danças, celebrações. Já a educação formal foi se
desenvolvendo ( e ainda continua) através de séculos e foi transmitida por clérigos,
professores, administradores, etc. Se baseia na experimentação científica e na
abstração e reserva pouco espaço para o ensinamento da sabedoria indígena, pois
sempre a considerou sem valor e irrelevante. Porém, a Educação Ambiental começou a
resgatar a importância e o valor da sabedoria indígena e aos poucos está sendo
compreendida como um dos caminhos necessários para alcançar a sustentabilidade.


13                                                                                                            17
  The Context for the Guidelines. Disponível em: http://www.kivu.com/Guidelines/context.html. Acesso em: 21
out. 2005.


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      Abaixo um quadro comparativo entre a Educação Formal e a Educação
Indígena:

Aspectos da educação     Educação Indígena                   Educação Formal

Visão do conhecimento        1. Sagrado                 e      1. Secular      somente;
                                 secular           juntos;        frequentemente
                                 inclui o espiritual;             exclui a espiritual;
                             2. Holística               e      2. Analítica          ou
                                 integrada              –         reducionista           –
                                 baseada              em          baseada nas partes
                                 sistemas inteiros                do todo;
                                 de        visualização        3. Armazenada         em
                                 do conhecimento;                 livros                 e
                             3. Armazenada                        computadores;
                                 oralmente e em                4. Conhecimento
                                 práticas culturais;              fraco      para   uso
                             4. Menos valorizada                  local.
                                 em                 áreas
                                 distantes.
Objetivos                    1. Sabedoria                      1. Memória curta;
                                 duradoura;                    2. Sustentabilidade
                             2. Culturalmente           e         econômica;
                                 ecologicamente                3. Abstrata;
                                 sustentável;                  4. Uso da lógica e do
                             3. Prática: para uso                 pensamento crítico
                                 na vida diária;                  para a tomada de
                             4. Integração             do         decisões.
                                 pensamento
                                 crítico       e       de
                                                                                                18
                                 valores      culturais


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                                          na    tomada       de
                                          decisões.
Métodos de Ensino e                  1. Período longo de               1. Aquisição rápida;
Aprendizagem                              aquisição;                   2. Aprendizagem
                                     2. Aprendizagem                       através            da
                                          através            da            educação formal;
                                          experiência;                 3. Ensinamento
                                     3. Ensinamento                        através            de
                                          através            do            conceitos abstratos
                                          exemplo,                         e            métodos
                                          modelos, rituais e               didáticos;
                                          por          estórias        4. Testado
                                          contadas                         artificialmente   em
                                          oralmente;                       experiências.
                                     4. Testada             nas
                                          situações práticas
                                          da vida.
     Fonte: http://www.unesco.org/education/tlsf/theme_c/uncofrm_c.htm14

          No texto a seguir, uma velha indígena Wintu, tribo que vivia nos bosques da
Califórnia, EUA, nos mostra como os índios de sua tribo se relacionavam com o seu
meio ambiente e a destruição causada pela invasão do homem branco. É um exemplo
de relação cuidadosa com nossa Mãe-Terra.

                           O homem branco jamais se preocupou com a terra, nem com o veado,
                           nem com o urso. Quando nós, índios, matamos um animal, comemos
                           ele todo. Quando queremos arrancar uma raiz, fazemos pequenos
                           buracos no chão. Quando construímos casas, também fazemos
                           pequenos buracos. Quando queimamos a erva contra os gafanhotos,
                           não arruinamos tudo.
                                                                                                      19
14
  Indigenous knowledge and sustainability. Disponível em:
http://www.unesco.org/education/tlsf/theme_c/uncofrm_c.htm . Acesso em 09 nov. 2005.

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                           Recolhemos as bolotas e as pinhas. Não derrubamos árvores. Usamos
                           apenas madeira morta. Mas os brancos reviram a terra, arrancam as
                           árvores, matam tudo. A árvore diz „não! Eu sou sensível. Não me fira‟.
                           Mas eles a derrubam e a cortam em pedaços...explodem rochas e as
                           espalham pelo chão. A pedra diz „não! Você está me ferindo‟. Mas o
                           branco não presta atenção...Onde o branco põe a mão há sofrimento15.

        A cultura indígena muito tem a contribuir com o desenvolvimento sustentável e
com uma nova concepção de relação com o meio ambiente. Devemos olhar com mais
carinho e atenção a esta sabedoria e conhecimento, que não são científicos, mas
ultrapassam milênios.




6 Uma nova maneira de conceber a boa vida




        Quando pensamos em boa vida estamos associando à idéia de conforto trazido
por uma situação financeira considerável e a tudo o que a mesma possa nos trazer e
oferecer. A boa vida tem um aspecto de sonho para muitas pessoas, por isso a busca
por dinheiro de forma quase insaciável. Poder desfrutar aquilo que não conseguimos
por falta de dinheiro torna-se como aquela cenoura amarrada na frente dos olhos do
coelho e puxada por um fio invisível de forma cada vez mais rápida. Corremos atrás de
forma enlouquecida e obsessiva. A sensação é de que um dia a alcançaremos e a
desfrutaremos, realizando com isso nossos sonhos e ideais de vida, ou seja a boa vida.

        A maneira consumista de conceber a vida provocou o nascimento de sociedades
ambientalmente insustentáveis. A boa vida, entendida aqui como sinônimo de conforto
e riqueza só seria alcançada através do acúmulo material e da construção vertical de
riquezas. Gerou-se com isso uma sociedade global de consumo, com princípios



                                                                                                              20
15
  MCLUHAN, T. C. Pés nus sobre a terra sagrada: um impressionante auto-retrato dos índios americanos. Porto
Alegre: L&PM, 3 ed., 1996, p. 19.

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ditadores que direta ou indiretamente procuravam afirmar que a felicidade só seria
conseguida através do consumo. Em resumo, boa vida teria quem mais consumisse.

        O desenvolvimento de nações, cidades, estados sempre foi associado à sua
riqueza material. Uma cidade sempre foi e ainda é considerada desenvolvida se o seu
Produto Interno Bruto (PIB) for alto, se ela é rica. Para os governantes se a riqueza
está garantida o bem-estar ou a boa vida está assegurado. Porém, para uma cidade
ser rica ela deve ter uma dinâmica interna muito grande e uma produção acentuada,
causando um alto consumo. Este, por sua vez,apresenta retornos decrescentes à
sociedade, pois além do acúmulo de lixo, da exploração predatória aos recursos
naturais, deixa as pessoas angustiadas e infelizes, pois não é no consumo que
encontram a sua felicidade.

                          No todo, a qualidade de vida está se deteriorando em alguns dos mais
                          ricos países do globo à medida que as pessoas vão sofrendo maior
                          estresse e pressão de tempo, com menos relacionamentos sociais
                          satisfatórios, e à medida que o meio ambiente vai mostrando cada vez
                          mais sinais de perigo. Enquanto isso, nos países mais pobres a
                          qualidade     de    vida    é   degradada      pelo    não-atendimento         das
                          necessidades básicas das pessoa16.

        A compreensão de uma nova ética voltada ao meio ambiente concebe a boa
vida ou bem-estar não mais alcançadas através da riqueza, mas através do
atendimento das necessidades básicas da população, bem como o direito à liberdade,
segurança, saúde, educação, à moradia, entre outros. Há uma inversão de valores e
uma valorização de valores esquecidos ou pelo menos deixados de lado por uma
civilização que optou pelo consumo ou pela busca incessante de riquezas como meio
para gerar felicidade. Atender as necessidades primeiras do ser humano é reconhecer
sua existência neste mundo como um ser portador de vida e que interage com os
demais seres que também possuem vida. O reconhecimento deste valor primeiro que é


                                                                                                               21
16
 Worldwatch Institute. Estado do Mundo 2004: estado do consumo e o consumo sustentável. Tradução Henry
Mallett e Célia Mallett. Salvador: Uma Ed., 2004, p. 203-204.

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a vida lança um novo olhar para toda a criação e promove vínculos mais solidários
entre as criaturas.

        Novas relações entre os seres provocam uma atmosfera de bem-estar ou boa
vida centrada não mais no consumo, pois este deve tornar-se mínimo para uma
sociedade ter vida digna e gratificante, mas sim em relações interdependentes e
solidária.

                          Sociedades centradas no bem-estar envolvem maior interação com a
                          família, amigos e vizinhos, uma experiência mais direta com a natureza
                          e mais dedicação à procura de realização e expressão criativa do que
                          acumulação de bens. Estas enfatizam estilos de vida que evitam abuso
                          da própria saúde, do próximo ou do mundo natural. Ou seja, geram um
                          sentido mais profundo de satisfação com a vida do que as pessoas têm
                          atualmente17.

        Entende-se o bem-estar como uma qualificação da vida. E se a devemos
qualificar é porque nossa existência foi degradada por nossos próprios atos. Tornamos-
nos fazedores de cada vez mais fazer. Produtores de nosso próprio produto.
Emaranhamos-nos em nossas próprias teias. Caminhar para o bem-estar implica
simplificar nossa vida: “trabalhar menos, correr menos, gastar menos, como uma
atitude para aproveitar mais a vida e vivê-la mais”. (Estado do Mundo, 2004, p. 208).
As relações interpessoais tornam-se o principal ingrediente para uma alta qualidade de
vida. Essas relações podem intensificar-se se as pessoas trabalharem menos horas
por dia ou tiverem a oportunidade de trabalhar naquilo que realmente elas gostam de
fazer. As relações comunitárias fortalecem-se quando há um compartilhamento de
responsabilidades, quando há gestos de solidariedade, quando há ações de boa
educação. Viver de modo mais simples põe por terra muitas superioridades levantadas
por nosso preconceito. A simplicidade nos ensina a perceber as belezas da criação e
de cada ser humano. Torna-mos mais iguais, pois participamos de uma comunhão
vivencial na criação.
                                                                                                         22
17
 Worldwatch Institute. Estado do Mundo 2004: estado do consumo e o consumo sustentável. Tradução Henry
Mallett e Célia Mallett. Salvador: Uma Ed., 2004, p. 205.

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7 Partir para a ação: a proposta da Agenda 21




       Na busca de soluções, caminhos e estratégias que possibilitassem um
Desenvolvimento Sustentável, foi elaborado na ECO 92, no Rio de Janeiro, com a
contribuição de diversos especialistas de organizações internacionais e governos, um
plano de ação para a sustentabilidade do século XXI o qual ficou conhecido como
Agenda 21. Este documento é um dos mais importantes guias na elaboração de
projetos almejando um Desenvolvimento Sustentável. A Agenda 21 visa uma
transformação socioambiental e uma melhoria de relações ser humano-natureza para
resguardar e qualificar a vida das gerações futuras e caracteriza-se por ser construída
a partir das bases populares, em processos amplamente participativos

                          A Agenda 21 é um plano de ação para ser adotado global, nacional e
                          localmente, por organizações do sistema das Nações Unidas, governos
                          e pela sociedade civil, em todas as áreas em que a ação humana
                          impacta o meio ambiente. Constitui-se na mais abrangente tentativa já
                          realizada de orientar para um novo padrão de desenvolvimento para o
                          século XXI, cujo alicerce é a sinergia da sustentabilidade ambiental,
                          social e econômica, perpassando em todas as suas ações propostas18.

       A Agenda 21 possui um caráter de planejamento participativo e parte de uma
análise da situação atual de um país, de um estado, de um município ou mesmo de
uma comunidade, buscando alternativas para soluções sustentáveis. Essa busca de
soluções trabalha com a participação da sociedade nas discussões em favor de um
bem (ambiental, social, cultural ou econômico) comum para as presentes e futuras
gerações. A construção de um futuro sustentável norteado pela Agenda 21,
proporciona uma nova forma de relação do poder público com a sociedade, sendo esta
última co-gestora de sua realidade.



                                                                                                     23
18
 O que Agenda 21. Disponível em: http://www.mma.gov.br/index.cfm?id_estrutura=18&id_conteudo=597 .
Acesso em: 10 nov. 2005.

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       A Agenda 21 possui 40 capítulos e suas recomendações são divididas em 4
áreas principais:

                          Questões sociais e econômicas como a cooperação internacional
                         para acelerar o desenvolvimento sustentável, combater a pobreza,
                         mudar os padrões de consumo, as dinâmicas demográficas e a
                         sustentabilidade, e proteger e promover a saúde humana.
                          Conservação e manejo dos recursos visando o desenvolvimento,
                         como a proteção da atmosfera, o combate ao desmatamento, o
                         combate à desertificação e à seca, a promoção da agricultura
                         sustentável e do desenvolvimento rural, a conservação da diversidade
                         biológica, a proteção dos recursos e água doce e dos oceanos e o
                         manejo racional de produtos químicos tóxicos e de resíduos perigosos.
                          Fortalecimento do papel de grandes grupos, incluindo mulheres,
                         crianças e jovens, povos indígenas e suas comunidades, ONGs,
                         iniciativas de autoridades locais em apoio à Agenda 21, trabalhadores
                         e seus sindicatos, comércio e indústria, a comunidade científica e
                         tecnológica e agricultores.
                          Meios de implementação do programa, incluindo mecanismos e
                         recursos financeiros,transferência de tecnologias ambientalmente
                         saudáveis,    promoção da       educação,    conscientização    pública   e
                         capacitação, arranjos de instituições internacionais, mecanismos e
                         instrumentos legais internacionais e informações para o processo de
                         tomada de decisões19.
       Podemos perceber através destas quatro linhas temáticas que a Agenda 21 não
é voltada somente às questões de preservação ou conservação do meio ambiente nem
é um plano de estratégias “verdes” onde somente a natureza é levada em
consideração. Sua proposta é romper com o estilo de desenvolvimento dominante o
qual levou a sociedade a enfrentar uma crise ambiental e implantar um estilo de
desenvolvimento sustentável, onde possa haver um equilíbrio entre os fatores

19
  PNUMA;IBAMA;UMA. Perspectivas do Meio Ambiente Mundial – 2002 (GEO-3), p. 17. Disponível em:         24
http://www.wwiuma.org.br/geo_mundial_arquivos/capitulo1.pdf . Acesso em: 10 nov. 2005.


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econômicos, sociais, culturais e ambientais. A Agenda 21 considera que a degradação
ambiental dever ser enfrentada juntamente com a erradicação da pobreza.

         Em termos de responsabilidades a Agenda 21 deixa claro que os governos
devem ser os impulsionadores do processo de construção da Agenda 21, tanto a nível
global como local. Partindo deste princípio o Brasil elaborou sua Agenda 21 a partir de
uma larga consulta à população brasileira.

                          A Agenda 21 brasileira é um processo e instrumento de planejamento
                          participativo para o desenvolvimento sustentável e que tem como eixo
                          central a sustentabilidade, compatibilizando a conservação ambiental, a
                          justiça social e o crescimento econômico20.

         Após a elaboração da Agenda 21 brasileira iniciou-se o processo de construção
das Agendas 21 Locais. Esta envolve tanto os governos como a sociedade civil em
processos de consulta e análise sobre a situação ambiental econômica e social de
determinado estado, cidade ou mesmo comunidade. O debate entre as diversas
esferas objetiva a busca de soluções para os problemas locais e aplicação de políticas
públicas e ações civis para a solução dos mesmos.

     Os maiores desafios para a implantação da Agenda 21 Local são:

        O planejamento comum na construção de propostas, pois os sujeitos envolvidos
         possuem visões diferenciadas;
        A continuação das propostas sustentáveis, mesmo nos momentos que não se
         obtém sucesso;
        A descentralização das tarefas e a continuidade de uma visão multidisciplinar no
         decorrer de todos o processo.
     A seguir transcrevo do site do Ministério do Meio Ambiente (http://www.mma.gov.br)
o processo necessário na construção da Agenda 21 Local.

                               O estabelecimento de uma metodologia de trabalho;
                                                                                                          25
20
 Agenda 21 Brasileira. Disponível em: http://www.mma.gov.br/index.cfm?id_estrutura=18&id_conteudo=908 .
Acesso em: 08 nov. 2005.

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                               A reunião de informações sobre as questões chaves de
                              desenvolvimento local;
                               A identificação dos setores da sociedade que devem estar
                              representados,      em     função     das     particularidades         locais
                              Os papéis dos diferentes participantes do processo;
                               A identificação de meios de financiamento para a elaboração da
                              Agenda 21 Local;
                               Negociações junto ao poder local sobre a institucionalização do
                              processo de construção e implementação da Agenda 21 Local;
                               A criação de um Fórum permanente de desenvolvimento
                              sustentável local - ou seja, que aborde os aspectos ambientais,
                              sociais e econômicos locais - com o real envolvimento dos
                              diferentes atores é etapa seguinte e meta fundamental para a
                              sustentabilidade dos processos21.


       Para maiores informações visite o passo a passo na construção de uma Agenda
Local acessando o site referido acima ( http://www.mma.gov.br ).




21                                                                                                            26
 Agenda 21 Local. Disponível em: http://www.mma.gov.br/index.cfm?id_estrutura=18&id_conteudo=1081.
Acesso em: 12 nov. 2005.


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Leituras Recomendadas

NOBRE, Marcos; AMAZONAS, Maurício de Carvalho. Desenvolvimento Sustentável:
a institucionalização de um conceito. Brasília: IBAMA; São Paulo: CEBRAP, 2002. 367
p.


GUIMARÃES, Roberto P. Tierra de sombras:desafios de la sustentabilidad y del
desarrollo territorial y local ante la globalización. Revista Polis, Santiago, v. 1, n. 5,
2003. Disponível em: http://www.revistapolis.cl/5/gui.htm . Acesso em: 04 nov. 2005

Indigenous knowledge and sustainability. Disponível em:
http://www.unesco.org/education/tlsf/theme_c/uncofrm_c.htm . Acesso em: 09 nov.
2005.


MYLLYLÄ, Susanna; KUVAJA, Kristiina. Societal premises for sustainable development
in large southern cities. Global Environmental Change. v. 15, n.3, p. 224-237, out.
2005. Disponível em: http://www.sciencedirect.com/. Acesso em: 10 nov. 2005.


Nakashima, D., Prott, L. and Bridgewater, P. Tapping into the world‟s wisdom,
UNESCO Sources, n. 125, jul.-ago., 2000, 24 p. Disponível em:
http://unesdoc.unesco.org/images/0012/001202/120200e.pdf . Acesso em: 10 nov.
2005.

NASCIMENTO, Luiza Corrêa F. Meio ambiente - história, problemas, desafios e
possibilidades. Disponível em: http://www.ibps.com.br/index.asp?idnoticia=1996.
Acesso em: 24 out. 2005.

NOVAES, Ricardo Carneiro. Desenvolvimento Sustentável na Escala Local; a
Agenda 21 Local como Estratégia para a construção da Sustentabilidade. Disponível
em: http://www.anppas.org.br/gt/sustentabilidade_cidades/Ricardo Carneiro
Novaes.pdf. Acesso em: 20 out. 2005.


ROMEIRO, Ademar Ribeiro. Documentos 21: Desenvolvimento Sustentável.
Campinas:
EMBRAPA, 2003. 44 p. Disponível em:
www.cnpm.embrapa.br/publica/download/d21_desust.pdf . Acesso em: 14 nov. 2005.

                                                                                                   27




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TIBBS, Hardin. Sustainability. DEEPER NEWS, Emeryville, v. 10, n. 01, Jan. 1999.
Disponível em: www.bfi.org/pdf/gbn_sustainable.pdf . Acesso em: 25 out. 2005.

Tratado de Educação Ambiental Para Sociedades Sustentáveis e
Responsabilidade Global. Disponível em:
http://www.mec.gov.br/se/educacaoambiental/tratad02.shtm . Acesso em: 05 nov. 2005.




                                                                                                  28




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Desenvolvimento sustentável

  • 1. Curso Educação Ambiental e Ética Curso Educação Ambiental e Ética Módulo 2 - Desenvolvimento Sustentável 1 Centro Nacional de Educação a Distância (CENED) – http://wwww.cenedcursos.com.br
  • 2. Curso Educação Ambiental e Ética Módulo 2 - Desenvolvimento Sustentável Conceituações de Desenvolvimento Sustentável Meio Ambiente, sociedade e desenvolvimento sustentável Desenvolvimento sustentável nas grandes cidades A Sustentabilidade local e territorial frente à globalização Conhecimento indígena como caminho para a sustentabilidade Partir para a ação: a proposta da Agenda 21 O material desse módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação do CENED. É proibida qualquer forma de comercialização do mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos na Bibliografia Consultada. Acesse http://www.cenedcursos.com.br Prof. Amarildo R. Ferrari 2 Centro Nacional de Educação a Distância (CENED) – http://wwww.cenedcursos.com.br
  • 3. Curso Educação Ambiental e Ética Módulo 2 - Desenvolvimento Sustentável 1 Conceituações de Desenvolvimento Sustentável O Desenvolvimento Sustentável possui diversas noções conceituais. Este termo possui dinamicidade e continuamente está em processo de mudança nas relações sociais, econômicas e naturais. O alcance do conceito de desenvolvimento sustentável é muito amplo e atinge diversas formas estruturais nacionais e internacionais. O seu estabelecimento como conceito tem o objetivo de encontrar soluções para os problemas ambientais globais e é proposto como uma estratégia para a agenda ambiental internacional. Devido à sua amplitude internacional o conceito de desenvolvimento sustentável é considerado confuso e de difícil implementação, pois abrange realidades econômicas, sociais, culturais e ambientais bem diferentes. Muitas tentativas de unificar as conceituações são feitas,a nível de Nações Unidas, como a nível acadêmico, mas considerar o termo com várias dimensões conceituais torna-se mais válido e produtivo. Qualquer pessoa que se propor a investigar a conceituação de Desenvolvimento Sustentável se deparará com a universalidade do conceito e com o problema de saber exatamente o que é este conceito e sua dificuldade operacional. Por isso, será exposto abaixo um breve histórico da situação ambiental que facilitou o nascimento do conceito de Desenvolvimento Sustentável. Em 1972 Meadows e outros autores do chamado Clube de Roma haviam publicado Os Limites do Crescimento ( Limits to Growth) Este estudo concluía que se fossem mantidos os níveis de poluição, industrialização, produção de alimentos e exploração dos recursos naturais, em aproximadamente 100 anos o limite de desenvolvimento da terra seria atingido e isto causaria uma diminuição forçada da população mundial e da industrialização. O Relatório também concluía que as tendências atuais poderiam ser mudadas e que se poderiam planejar condições de estabilidade econômica e ecológica a longo prazo que pudessem satisfazer as necessidades materiais das pessoas e que possibilitasse o seu desenvolvimento 3 humano. Quanto antes se trabalhasse para reverter o quadro ambiental negativo, Centro Nacional de Educação a Distância (CENED) – http://wwww.cenedcursos.com.br
  • 4. Curso Educação Ambiental e Ética maiores seriam as chances de sucesso. Nesse mesmo ano foi realizada Conferência de Estocolmo a qual introduziu temas como pobreza humana e degradação ambiental, porém sem elaborar uma conceituação sobre o Desenvolvimento Sustentável. 1.1 O Relatório Brundtland O Relatório Brundtland, ou Nosso Futuro Comum como ficou mais conhecido, (1987) nas palavras da Primeira Ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, definiu desta forma: “O desenvolvimento sustentável é o que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras para satisfazer as suas”. (DEEPER NEWS, 1999, p. 43). O Relatório identifica os problemas ambientais e sociais como as necessidades primeiras a serem atendidas e foca dois importantes princípios para uma sustentabilidade: as necessidades e limites. O Relatório enfatiza claramente a dimensão humana do desenvolvimento sustentável: O conceito de desenvolvimento sustentável não implica limites – não absolutamente limite, mas implicações, mas limitações, impostas pelo presente estado da tecnologia e da organização dos recursos ambientais e sociais e pela capacidade da biosfera absorver os efeitos das atividades humanas1. Ainda sobre o conceito de Desenvolvimento Sustentável o Relatório nos diz: O desenvolvimento sustentável não é um estado fixo de harmonia, mas um processo de mudança no qual a exploração de recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e as mudanças institucionais são feitas de forma compatível com o futuro e com as necessidades presentes2. 1 4 TIBBS, Hardin. Sustainability. DEEPER NEWS, Emeryville, v. 10, n. 01, Jan. 1999, p. 8. Disponível em: www.bfi.org/pdf/gbn_sustainable.pdf . Acesso em: 25 out. 2005. 2 Ibidem, p. 9. Centro Nacional de Educação a Distância (CENED) – http://wwww.cenedcursos.com.br
  • 5. Curso Educação Ambiental e Ética A definição proposta pelo Relatório Brundtland é a mais aceita e procura abranger não somente as gerações presentes, mas também as futuras e exige uma mudança de consciência ambiental por parte dos seres humanos. Baseadas nesta definição, outras surgiram considerando a igualdade e eqüidade entre as gerações presentes e futuras, entre os países pobres e ricos, entre classes sociais, sexos, gerações. Em 1992 foi publicado o livro Além dos Limites (Beyond the Limits ) escrito por Meadows e outros autores o qual era uma revisão do polêmico relatório Os Limites do Crescimento. As conclusões a que chegaram os autores do Além dos Limites sobre Desenvolvimento Sustentável foram as seguintes: 1) O uso humano de muitos recursos essenciais e a geração de muitas espécies de poluentes já ultrapassaram as taxas que são fisicamente sustentáveis. Sem significativas reduções nos fluxos de materiais e de energia, irá ocorrer nas próximas décadas um declínio incontrolável na produção de alimentos per-capita, no uso da energia e na produção industrial; 2) O declínio não é inevitável. Para evitá-lo, duas mudanças são necessárias. A primeira é uma revisão abrangente das políticas e práticas que perpetuam o crescimento do consumo material e da população. A segunda é um rápido e drástico aumento na eficiência com que os materiais e energia são usados; 3) Uma sociedade sustentável ainda é técnica e economicamente possível. Ela poderia ser mais desejável do que uma sociedade que procura resolver seus problemas através de uma constante expansão. A transição para um sociedade sustentável requer um cuidadoso balanço entre objetivos de curto e de longo prazo e uma ênfase não na quantidade do produto, mas na eficiência, na equidade e na qualidade de vida. Isto requer mais do que produtividade e mais do que 5 Centro Nacional de Educação a Distância (CENED) – http://wwww.cenedcursos.com.br
  • 6. Curso Educação Ambiental e Ética tecnologia; requer também maturidade, compaixão e sabedoria. 3 (Beyond of Limits, Cf. Documentos 21) 1.2 A Rio 92 A Cúpula da Terra ou Eco 92, realizada no Rio de Janeiro foi fundamentalmente sobre o tema Desenvolvimento Sustentável. A conferência aprovou a Convenção sobre Alteração Climática e a Convenção sobre Diversidade Biológica e a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Declaração de Princípios sobre o Manejo das Florestas e a Agenda 21. A Agenda 21 é um documento abrangente e estabelece estratégias de ação para o Desenvolvimento Sustentável, podendo ser implantada tanto a nível nacional como local. Na Eco 92 chegou-se a um consenso comum em torno do conceito de Desenvolvimento Sustentável conforme fora proposto no Nosso Futuro Comum. Na evolução histórica do conceito de Desenvolvimento Sustentável as definições mais frequentemente usadas são aquelas que contemplam o desenvolvimento social e a oportunidade econômica e o melhoramento da qualidade de vida das pessoas, especialmente para os mais pobres e miseráveis, sempre respeitando a capacidade de limite dos ecossistemas. A sustentabilidade requer equilíbrio entre os fatores sociais, econômicos e culturais dos seres humanos. Buscá-la é um fator de segurança para a humanidade. 6 3 ROMEIRO, Ademar Ribeiro. Documentos 21: Desenvolvimento Sustentável. Campinas: EMBRAPA, 2003, p. 11- 12. Centro Nacional de Educação a Distância (CENED) – http://wwww.cenedcursos.com.br
  • 7. Curso Educação Ambiental e Ética 2 Meio Ambiente, sociedade e desenvolvimento sustentável O Século XX nos mostrou um planeta por demais deteriorado em termos ambientais, tanto no aspecto ecológico como também nos aspectos sociais e econômicos. Em termos ecológicos, temos poluído mais ar, contaminado mais mares e extinguido mais espécies que em qualquer outra fase do ser humano. Nunca na história da humanidade o ser humano mostrou-se tão destruidor quanto nos últimos trezentos anos (desde a revolução industrial). A ciência e a tecnologia, em seu desenvolvimento desenfreado, criaram diversos riscos: químicos, tecnológicos, nucleares, os quais não têm comparação com outros períodos da história da humanidade. Podemos perceber o efeito destes avanços perigosos da ciência e tecnologia nas cidades em desenvolvimento onde o nível de contaminação e degradação ambiental é extremamente grande. Os atos humanos têm provocado grandes perturbações nos ecossistemas como a perda da biodiversidade, a sobre-exploração das reservas de água doce e a desestabilização dos ecossistemas que provocam, muitas vezes, danos irreversíveis. Cada dia são produzidos mais e mais resíduos tóxicos e lixo os quais não são reciclados totalmente, ou em muitos casos, são jogados nos rios ou em outros ambientes naturais. O ser humano tornou-se escravo de seus próprio inventos. O Homo faber deixou de ser apenas um produtor, de criar produtos , mas depende destes. Um exemplo desta escravidão é a dependência que criamos do automóvel. As pessoas que não têm buscam adquirir este bem o mais breve possível, juntando suas economias para comprar o seu “carrinho”. Este fato faz com que as cidades entrem em colapso, pois transforma o ar urbano num depósito de gás carbônico e agride seu moradores com todo o seu ruído. 7 Em nossas cidades, muitos ecossistemas foram suprimidos para dar lugar a Centro Nacional de Educação a Distância (CENED) – http://wwww.cenedcursos.com.br
  • 8. Curso Educação Ambiental e Ética imponentes construções ou bairros planejados para poucos morar, ou para dar lugar a construções desordenadas de pessoas que, não tendo para onde ir e morar, invadem espaços de terra sem levar em consideração toda a formação ecossistêmica do mesmo. Todos os sintomas de degradação do meio ambiente nos mostram que criamos uma sociedade doente ecologicamente e continuamente o ser humano introduz produtos ou cria situações que tendem a aumentar esta enfermidade ambiental, como é o caso dos transgênicos, metais pesados, elementos químicos que vão se acumulam no meio ambiente e sobre os quais ainda não sabemos direito suas reais conseqüências. Os desequilíbrios ecológicos acabam se tornando mais prejudiciais, pois há um desequilíbrio social, o qual é a outra face dos problemas ambientais. A população cresceu verticalmente nas últimas décadas, porém o acesso aos recursos, tanto econômicos, como sociais, como ambientais e culturais não foram democratizados. Há uma má distribuição de recursos e do acesso a esses recursos. As diferenças Norte- Sul continuaram a aumentar e conseqüentemente trazendo mais pobreza e miséria aos países do Hemisfério Sul. Vivemos, portanto, numa economia globalizada , dominada por empresas transnacionais e que não possuem objetivos democráticos, mas sim somente a expansão de seus capitais e lucros e pouco se importam com os problemas ambientais que venham a causar, principalmente em países do Terceiro Mundo, onde sua exploração percebe-se mais claramente. A sociedade atual, na forma que é concebida, exclui as pessoas do desenvolvimento e ao mesmo tempo destrói as possibilidades desta sociedade construir-se de modo harmonicamente. Podemos nos perguntar como chegamos até aqui, acumulando uma série de desastres que nos colocam frente a uma situação de sobrivência da espécie. Podemos dizer que nossa situação de "risco" é devida a "um modelo de má desenvolvimento, um modelo que confundiu desenvolvimento 8 econômico com bem-estar, um modelo que confundiu a liberdade com a liberdade para Centro Nacional de Educação a Distância (CENED) – http://wwww.cenedcursos.com.br
  • 9. Curso Educação Ambiental e Ética comprar e vender e um modelo que confundiu o ser humano como uma máquina para produzir benefícios" (Maria Novo, 2005)4. Estamos no meio de uma crise ambiental e temos como certo que não podemos sair da mesma utilizando-nos dos mesmos modelos de desenvolvimento que nos levaram a essa crise. Precisamos de um novo paradigma ambiental que nos leve a criar novas relações ser humano-natureza e a novas relações entre os países do norte (mais ricos) e os países do sul (mais pobres). Precisamos, também de novas relações ser humano-ser humano, onde os valores éticos sejam os condutores deste novo paradigma nas mudanças de relação. Precisamos gestar um novo modelo que leve em consideração a sustentabilidade das sociedades e que tenha em consideração os limites dos ecossistemas ambientais e dos recursos naturais. Um novo paradigma que leve em consideração todas as necessidades do ser humano para se realizar como ser neste mundo5. 3 Desenvolvimento sustentável nas grandes cidades Os problemas de desenvolvimento ambiental urbano, apresentados pelas grandes cidades, principalmente do Hemisfério Sul, não são somente um problema de infra-estrutura ou serviços de qualidade para atender as necessidades básicas dos cidadãos, mas principalmente a desigual distribuição e mau funcionamento dos serviços oferecidos. Mudar as condições societárias dos habitantes de uma cidade é o núcleo principal para o desenvolvimento sustentável urbano. Surgiram alguns termos específicos como “cidades ecológicas” ou “eco-cidades” para áreas urbanas que apresentam um mínimo de impacto humano sobre o meio 4 Universidad Nacional de Educación a Distancia (UNED). Teleactos [Medio ambiente y desarrollo sostenible]. Madrid: UNED, 29 abril 2005. Vídeo disponível em: http://www.teleuned.com . Acesso em: 11 nov. 2005. 5 9 Universidad Nacional de Educación a Distancia (UNED). Teleactos [Medio ambiente y desarrollo sostenible]. Madrid: UNED, 29 abril 2005. Vídeo disponível em: http://www.teleuned.com . Acesso em: 11 nov. 2005. Centro Nacional de Educação a Distância (CENED) – http://wwww.cenedcursos.com.br
  • 10. Curso Educação Ambiental e Ética ambiente. Estes termos querem enfatizar um equilíbrio urbano nas cidades, entre meio ambiente, estruturas sociais, economia e cultura. São conceitos de sociedades pós- modernas e querem refletir os novos princípios e conceitos para enfatizar mudanças positivas no meio ambiente urbano. São termos comumente utilizados nas grandes cidades do Hemisfério Norte e se aplicam perfeitamente para cidades que já possuem uma democracia assegurada, uma sociedade civil forte, participação política, etc. A denominação de “eco-cidade” não corresponde à realidade das grandes cidades Sulinas, pois não consegue prover uma teoria sólida ao analisar as diversas realidades urbanas desta parte do hemisfério. O conceito de “cidade ecológica” reconhece os problemas ambientais mas acredita que pode solucionar os mesmos através da inovações tecnológicas e industriais e não percebe a contradição existente entre ecologia e desenvolvimento urbano. Essas soluções tecnológicas acabam promovendo uma espécie de “eco-comércio”, onde as pessoas são incentivadas a comprar produtos tecnológicos para solucionar seu problemas ambientais ou ecológicos. As megacidades do Hemisfério do Sul experienciam o que denominamos de “ilhotas ecológicas”, ou seja, são espaços habitados por pessoas que possuem recursos financeiros para investir em serviços que qualifiquem o seu meio ambiente, tornando-o sadio, belo e relaxante. No Brasil, podemos identificar como “ilhotas ecológicas” certos condomínios de luxo, os quais apresentam uma infra-estrutura parecida com uma pequena vila do interior, mas com todas as vantagens de ser em uma cidade grande. Essas “ilhotas” acabam produzindo uma desigualdade ainda maior nas grandes cidades, onde alguns têm a possibilidade de experimentar o “paraíso” e a grande maioria vive do “purgatório” ao “inferno”. Os conceitos de “eco-cidade” e “cidade ecológica”, mesmo não sendo apropriados para a realidade das cidades do Sul, aproximam-se muito do que poderia ser uma cidade sustentável, ou seja, um sistema aberto em contínua interação com outras regiões, tanto a nível local como global. “A cidade sustentável é uma entidade urbana que produz processos ecológicos sustentáveis sem pôr em perigo nacional, 10 Centro Nacional de Educação a Distância (CENED) – http://wwww.cenedcursos.com.br
  • 11. Curso Educação Ambiental e Ética regional ou global, os recursos naturais e os ecossistemas”. (MYLLYLÄ, Susanna; KUVAJA, Kristiina, 2005, p. 227) 3.1 Os cidadãos como sujeitos ambientais Interessante lembrar que os cidadãos das grandes cidades do Sul são geralmente vistos como pessoas muito pobres e que são incapazes de transformar, pois gastam todas as suas energias diárias na luta pela sobrevivência. Consequentemente, ter boas condições ambientais é considerado luxo, pois está além de suas capacidades. Porém o pobre, mesmo possuindo limitações de recursos, financeiras, educacionais e outras procura organizar o seu ambiente da melhor forma possível, inovando de forma ecológica, em muitos casos. Porém, os problemas ambientais fazem parte de sua vida diária e tem impacto direto em sua saúde e bem- estar. Os moradores mais ricos, por sua vez, conseguem escapar de alguns problemas ambientais, como poluição, lixo e outros, pois podem viver de forma mais satisfatória e com suas necessidades básicas atendidas ou mesmo viajando para um local mais puro, como praia, montanhas, etc. O modo de vida das comunidades mais pobres é determinado pelo atendimento de suas necessidades básicas, pela presença ou ausência do poder público na solução de seus problemas ambientais. Quando o auxílio público não vem, as comunidades podem se organizar para satisfazer suas necessidades. Estas iniciativas podem tornar- se, por vezes, um complicador ambiental de caráter desequilibrador, seja dentro de pouco tempo ou mesmo para as gerações futuras. Para a comunidade é a solução possível e mais rápida, porém dentro de um contexto ambiental pode transformar-se num desastre. De quem é a culpa? Dos governantes ausentes? Das políticas urbanas mal organizadas e burocráticas? Dos cidadãos? Nas sociedades urbanas há diversas formas de proibir e impedir que 11 comunidades se organizem. É o chamado “silêncio urbano”. Centro Nacional de Educação a Distância (CENED) – http://wwww.cenedcursos.com.br
  • 12. Curso Educação Ambiental e Ética Há várias razões para a emergência do „silêncio urbano‟, isto é, a não existência de políticas de motivação em governos centrais combinados com burocracia autoritária e práticas corruptivas, juntamente com firmes regras de segurança proíbem a formação de organizações civis e movimentos6. Do outro lado os cidadãos também esperam que o poder público resolva todos os seus problemas, provendo-os com a infra-estrutura e os serviços básicos. Se o poder público não pode prover uma infra-estrutura como água ou todos os demais serviços, é lógico que as comunidades confiarão na ajuda que vêm delas mesmas. É comum ver cenas em muitos quarteirões urbanos indicando este tipo de resposta - conexões ilegais de fios de eletricidade ou furos feitos nas tubulações de água que vão para os luxuosos hotéis próximos7. Para concluir quero enfatizar que a maioria dos problemas ambientais que impedem o desenvolvimento sustentável urbano tem razões sociais, políticas e econômicas. A má distribuição ou ineficiente distribuição dos recursos, econômicos e ambientais entre os habitantes de uma grande cidade devido às estruturas de poder, administrações incompetentes e à pobreza das finanças públicas são os principais pontos serem transformados para que uma cidade possa ser realmente considerada sustentável. Não basta colocar as comunidades no centro da ação ambiental para ter certeza de que uma cidade se tornará sustentável. “O foco deve ser, também, na desconstrução destas estruturas sociais que produzem e mantém as condições para o “silêncio urbano” (MYLLYLÄ, Susanna; KUVAJA, Kristiina, 2005, p. 234) Estas estruturas opressoras são as principais causadoras dos problemas ambientais urbanos e as principais barreiras na mudança de mentalidade ambiental para a construção de uma cidade sustentável. 6 MYLLYLÄ, Susanna; KUVAJA, Kristiina. Societal premises for sustainable development in large southern cities. Global Environmental Change. v. 15, n.3, p. 224-237, out. 2005, p. 232. Disponível em: 12 http://www.sciencedirect.com/. Acesso em: 10 nov. 2005. 7 Ibidem, p. 232. Centro Nacional de Educação a Distância (CENED) – http://wwww.cenedcursos.com.br
  • 13. Curso Educação Ambiental e Ética 4 A Sustentabilidade local e territorial frente à globalização A palavra globalização, nos dias atuais, tornou-se muito comum, por isso falar em desenvolvimento sustentável ou sustentabilidade local e territorial soa um tanto estranho. É quase como uma heresia, semelhante às Cruzadas que, aproximadamente mil anos atrás, também inauguravam uma espécie de globalização, do mundo Cristão sobre o mundo Muçulmano, com o objetivo de “cristianizar” este último. Hoje, com métodos mais “civilizados” e aparentemente sem armas, fala-se em palavras como livre mercado e livre circulação de mercadorias, onde se oferece o “paraíso” a todos os países que aceitarem e implantarem em seu povo as doutrinas “sagradas” da globalização. Sem dúvida que há muitas diferenças entre os dias atuais e o tempo das Cruzadas, porém percebemos que, após mil anos de revoluções sociais, tecnológicas e do espírito, o ser humano continua semelhante ou até pior que o homem pré-medieval ou mesmo pré-antigo. Sem dúvida que não podemos atribuir toda a culpa ao processo de globalização, porém, em muitas situações a globalização aprofundou o que já estava problemático, exemplo claro disso é o aumento da pobreza nos países do terceiro mundo, especialmente após a implementação de certos “ajustes” na economia destes países8. O Informe Brundtland em seu relatório Nosso Futuro Comum nos alertou sobre os descaminhos ambientais a que estávamos sendo levados a partir das idéias da globalização sem limites, nos mostrando que a globalização é um grande gerador de crescimento e de acumulação material, mas que leva a diferenças cada vez maiores entre países do Hemisfério Sul, com os países do Hemisfério Norte e entre as pessoas dentro dos próprios países. Esta realidade ocasionada pela globalização levou a PNUD, no ano 2000 a declarar o seguinte: 8 13 GUIMARÃES, Roberto P. Tierra de sombras:desafios de la sustentabilidad y del desarrollo territorial y local ante la globalización. Revista Polis, Santiago, v. 1, n. 5, 2003, p. 1-3. Disponível em: http://www.revistapolis.cl/5/gui.htm . Acesso em: 04 nov. 2005. Centro Nacional de Educação a Distância (CENED) – http://wwww.cenedcursos.com.br
  • 14. Curso Educação Ambiental e Ética As novas regras da globalização – e os atores que as escrevem – se orientam a integrar os mercados globais, negligenciando as necessidades das pessoas que os mercados não são capazes de satisfazer. Este processo está concentrando poder e marginalizando aos países e as pessoas pobres9. Toda esta situação de insustentabilidade criada pelos escolhas globalizantes feitas pelos nossos governantes, colocam as comunidades locais a repensar o seu modo de viver e se relacionar com o meio ambiente. Surge, portanto a necessidade de territorializar a sustentabilidade ambiental, como uma alternativa ecológica e promotora do ser humano, em seu local, na sua comunidade. A sustentabilidade local se conecta com a expressão “agir localmente e pensar globalmente”, pois sabe que toda ação feita no micro espaço repercutirá no macro espaço, ou seja, para pessoas de outras nações e mesmo outras gerações. Contrapondo a lógica globalizante que desnacionaliza e desterritorializa sua produção, exemplo disso são as montadoras de automóveis, que produzem suas peças em várias partes do mundo, a lógica da sustentabilidade local procura valorizar o que é construindo nas comunidades locais, o seu conhecimento científico, o seu senso comum, a sua forma de agir. Trata-se de valorizar os pequenos valores, conhecimentos e culturas, em contraposição à chamada “aldeia global”, que nega as diferenças culturais de cada povo ou nação10. A sustentabilidade ambiental local , sendo ela realizada nas comunidades, bairros, vilas, tem uma ação mais direta sobre os problemas ambientais, sejam eles ecológicos, sociais ou culturais. Há maior facilidade em detectar esses problemas e buscar soluções que a todos satisfaçam. O poder público também Tem o seu trabalho facilitado, pois pode trabalhar diretamente com as pessoas envolvidas nas questões. Da mesma forma, pode promover através de incentivos e projetos, uma valorização sempre crescente dos moradores de determinada região. Podemos perceber que, nas últimas décadas surgiram diversos projetos no Brasil, como orçamento participativo e 9 PNUD 2000 apud GUIMARÃES, Roberto P., op.cit., p. 8. 10 14 GUIMARÃES, Roberto P. Tierra de sombras:desafios de la sustentabilidad y del desarrollo territorial y local ante la globalización. Revista Polis, Santiago, v. 1, n. 5, 2003, p. 10-11. Disponível em: http://www.revistapolis.cl/5/gui.htm . Acesso em: 04 nov. 2005. Centro Nacional de Educação a Distância (CENED) – http://wwww.cenedcursos.com.br
  • 15. Curso Educação Ambiental e Ética outros, valorizando a participação dos moradores das comunidades na solução dos problemas e na da decisão dos investimentos do dinheiro público. Na esfera local os conceitos de espaço, território, e territorialidade ganham concritude, evidenciando os processos de produção e consumo espacial, questão esta fundamental para a compreensão da dimensão ambiental, e comumente mascarada quando referenciada às dinâmicas ambientais globais. Da mesma forma, na esfera local as tensões sociais, dadas pelas formas diferenciadas de apropriação dos recursos naturais, são mais dificilmente camufladas. Outro elemento que pode, então, potencializar a importância da intervenção “local” é o fato desta se manifestar no cotidiano, no “mundo vivido” das pessoas. Cabe salientar que reconhecer as potencialidades da dimensão local não significa cair no engano de sobre-valorizarmos esta esfera, desconsiderando a complexidade dada pela articulação entre o local e global11. Uma das ferramentas bastante importantes para a efetivação da Sustentabilidade local e do planejamento participativo é a Agenda 21, documento elaborado na ECO 92, realizada no Rio de Janeiro. A Agenda 21 Local deve ser construída nos municípios conforme suas realidades e com a participação do povo, pois desta forma haverá reflexão conjunta sobre suas realidades, suas prioridades e estabeleça ações para concretizar suas propostas. A Agenda 21, sendo bem planejada e construída de modo participativo, respeitando-se as necessidades do povo, torna-se uma importante ferramenta alternativa à globalização e torna-se um lugar privilegiado para o pensamento questionador da atual situação socioambiental. 11 15 NOVAES, Ricardo Carneiro. Desenvolvimento Sustentável na Escala Local; a Agenda 21 Local como Estratégia para a construção da Sustentabilidade, p. 11. Disponível em: http://www.anppas.org.br/gt/sustentabilidade_cidades/Ricardo Carneiro Novaes.pdf. Acesso em: 20 out. 2005. Centro Nacional de Educação a Distância (CENED) – http://wwww.cenedcursos.com.br
  • 16. Curso Educação Ambiental e Ética 5 Conhecimento indígena como caminho para a sustentabilidade O conhecimento do mundo natural e de seus fenômenos, não é somente privilégio da ciência. Nas diversas partes do planeta, sociedades e comunidades desenvolveram ricas experiências e relacionamentos com o meio natural nos locais onde habitam. Essas outras formas de conhecimento, que não são consideradas científicas, pois carecem de uma investigação da ciência, são chamadas de “conhecimento do senso comum”, ou “conhecimento local” ou no caso dos índios “conhecimento indígena”. Esta forma de conhecer o meio natural e o meio ambiente é característico de pessoas mais simples, que não tem um aprofundamento científico do seu meio ambiente, mas possui um conhecimento prático, do seu dia a dia, da interação e do inter-relacionamento com o entorno12. O conhecimento indígena é passado de geração em geração, com a educação transmitida através das palavras, das ações, dos ritos, dos exemplos. Esse conhecimento tem sido a base de sustento, da agricultura, do alimento e da saúde para muitas comunidades em torno do globo. Não só para as comunidades indígenas, mas para muitas comunidades que foram influenciadas pelo hábitos deste povo e que são formadas por descendentes de índios. Os índios têm um conhecimento grandioso sobre como viver sustentavelmente. Esse conhecimento prático foi “esquecido” ou mesmo substituído pelas abstrações da educação formal e pelas metodologias ensinadas pela academia. As teorizações científicas propiciaram um distanciamento das práticas sustentáveis e valorizaram práticas degradantes e exploradoras do meio ambiente. Nos dias atuais, os conhecimentos indígenas de como viver sustentavelmente correm o risco de serem perdidos e as comunidades indígenas de desaparecerem culturalmente. 12 Nakashima, D., Prott, L. and Bridgewater, P. Tapping into the world’s wisdom, UNESCO Sources, n. 125, jul.- 16 ago., 2000, p. 12. Disponível em: http://unesdoc.unesco.org/images/0012/001202/120200e.pdf . Acesso em: 10 nov. 2005. Centro Nacional de Educação a Distância (CENED) – http://wwww.cenedcursos.com.br
  • 17. Curso Educação Ambiental e Ética 5.1 Conhecimento indígena e conhecimento científico Os indígenas possuem um enorme conhecimento do meio ambiente devido à séculos de convivência e inter-relacionamento com a natureza e com todos os seus fenômenos. Os índios vivem da riqueza das plantas e animais e da variedade dos ecossistemas e administram os recursos naturais de forma sustentável. A maioria dos povos indígenas têm canções tradicionais, estórias, lendas, sonhos, métodos e práticas como meios de transmitir elementos específicos do conhecimento tradicional. Às vezes é preservado em forma de memórias, rituais, ritos de iniciação, cerimônias ou danças. Ocasionalmente é preservado nos artefatos manuais feitos de pai para filho ou mãe para filha. Nos sistemas indígenas de conhecimento não há uma real separação entre o conhecimento secular e sagrado e a prática – são um e o mesmo13. O conhecimento científico difere-se do conhecimento indígena em muitos aspectos, pois seus caminhos trilharam caminhos diferenciados no decorrer da história da humanidade. Abaixo, uma relação de diferenças entre estes dois conhecimentos. Como já exposto, a educação e o conhecimento indígena tradicionais (ou seja, sem a influência do homem branco) passam de pai para filho, de geração em geração e é aprendida através de ritos, danças, celebrações. Já a educação formal foi se desenvolvendo ( e ainda continua) através de séculos e foi transmitida por clérigos, professores, administradores, etc. Se baseia na experimentação científica e na abstração e reserva pouco espaço para o ensinamento da sabedoria indígena, pois sempre a considerou sem valor e irrelevante. Porém, a Educação Ambiental começou a resgatar a importância e o valor da sabedoria indígena e aos poucos está sendo compreendida como um dos caminhos necessários para alcançar a sustentabilidade. 13 17 The Context for the Guidelines. Disponível em: http://www.kivu.com/Guidelines/context.html. Acesso em: 21 out. 2005. Centro Nacional de Educação a Distância (CENED) – http://wwww.cenedcursos.com.br
  • 18. Curso Educação Ambiental e Ética Abaixo um quadro comparativo entre a Educação Formal e a Educação Indígena: Aspectos da educação Educação Indígena Educação Formal Visão do conhecimento 1. Sagrado e 1. Secular somente; secular juntos; frequentemente inclui o espiritual; exclui a espiritual; 2. Holística e 2. Analítica ou integrada – reducionista – baseada em baseada nas partes sistemas inteiros do todo; de visualização 3. Armazenada em do conhecimento; livros e 3. Armazenada computadores; oralmente e em 4. Conhecimento práticas culturais; fraco para uso 4. Menos valorizada local. em áreas distantes. Objetivos 1. Sabedoria 1. Memória curta; duradoura; 2. Sustentabilidade 2. Culturalmente e econômica; ecologicamente 3. Abstrata; sustentável; 4. Uso da lógica e do 3. Prática: para uso pensamento crítico na vida diária; para a tomada de 4. Integração do decisões. pensamento crítico e de 18 valores culturais Centro Nacional de Educação a Distância (CENED) – http://wwww.cenedcursos.com.br
  • 19. Curso Educação Ambiental e Ética na tomada de decisões. Métodos de Ensino e 1. Período longo de 1. Aquisição rápida; Aprendizagem aquisição; 2. Aprendizagem 2. Aprendizagem através da através da educação formal; experiência; 3. Ensinamento 3. Ensinamento através de através do conceitos abstratos exemplo, e métodos modelos, rituais e didáticos; por estórias 4. Testado contadas artificialmente em oralmente; experiências. 4. Testada nas situações práticas da vida. Fonte: http://www.unesco.org/education/tlsf/theme_c/uncofrm_c.htm14 No texto a seguir, uma velha indígena Wintu, tribo que vivia nos bosques da Califórnia, EUA, nos mostra como os índios de sua tribo se relacionavam com o seu meio ambiente e a destruição causada pela invasão do homem branco. É um exemplo de relação cuidadosa com nossa Mãe-Terra. O homem branco jamais se preocupou com a terra, nem com o veado, nem com o urso. Quando nós, índios, matamos um animal, comemos ele todo. Quando queremos arrancar uma raiz, fazemos pequenos buracos no chão. Quando construímos casas, também fazemos pequenos buracos. Quando queimamos a erva contra os gafanhotos, não arruinamos tudo. 19 14 Indigenous knowledge and sustainability. Disponível em: http://www.unesco.org/education/tlsf/theme_c/uncofrm_c.htm . Acesso em 09 nov. 2005. Centro Nacional de Educação a Distância (CENED) – http://wwww.cenedcursos.com.br
  • 20. Curso Educação Ambiental e Ética Recolhemos as bolotas e as pinhas. Não derrubamos árvores. Usamos apenas madeira morta. Mas os brancos reviram a terra, arrancam as árvores, matam tudo. A árvore diz „não! Eu sou sensível. Não me fira‟. Mas eles a derrubam e a cortam em pedaços...explodem rochas e as espalham pelo chão. A pedra diz „não! Você está me ferindo‟. Mas o branco não presta atenção...Onde o branco põe a mão há sofrimento15. A cultura indígena muito tem a contribuir com o desenvolvimento sustentável e com uma nova concepção de relação com o meio ambiente. Devemos olhar com mais carinho e atenção a esta sabedoria e conhecimento, que não são científicos, mas ultrapassam milênios. 6 Uma nova maneira de conceber a boa vida Quando pensamos em boa vida estamos associando à idéia de conforto trazido por uma situação financeira considerável e a tudo o que a mesma possa nos trazer e oferecer. A boa vida tem um aspecto de sonho para muitas pessoas, por isso a busca por dinheiro de forma quase insaciável. Poder desfrutar aquilo que não conseguimos por falta de dinheiro torna-se como aquela cenoura amarrada na frente dos olhos do coelho e puxada por um fio invisível de forma cada vez mais rápida. Corremos atrás de forma enlouquecida e obsessiva. A sensação é de que um dia a alcançaremos e a desfrutaremos, realizando com isso nossos sonhos e ideais de vida, ou seja a boa vida. A maneira consumista de conceber a vida provocou o nascimento de sociedades ambientalmente insustentáveis. A boa vida, entendida aqui como sinônimo de conforto e riqueza só seria alcançada através do acúmulo material e da construção vertical de riquezas. Gerou-se com isso uma sociedade global de consumo, com princípios 20 15 MCLUHAN, T. C. Pés nus sobre a terra sagrada: um impressionante auto-retrato dos índios americanos. Porto Alegre: L&PM, 3 ed., 1996, p. 19. Centro Nacional de Educação a Distância (CENED) – http://wwww.cenedcursos.com.br
  • 21. Curso Educação Ambiental e Ética ditadores que direta ou indiretamente procuravam afirmar que a felicidade só seria conseguida através do consumo. Em resumo, boa vida teria quem mais consumisse. O desenvolvimento de nações, cidades, estados sempre foi associado à sua riqueza material. Uma cidade sempre foi e ainda é considerada desenvolvida se o seu Produto Interno Bruto (PIB) for alto, se ela é rica. Para os governantes se a riqueza está garantida o bem-estar ou a boa vida está assegurado. Porém, para uma cidade ser rica ela deve ter uma dinâmica interna muito grande e uma produção acentuada, causando um alto consumo. Este, por sua vez,apresenta retornos decrescentes à sociedade, pois além do acúmulo de lixo, da exploração predatória aos recursos naturais, deixa as pessoas angustiadas e infelizes, pois não é no consumo que encontram a sua felicidade. No todo, a qualidade de vida está se deteriorando em alguns dos mais ricos países do globo à medida que as pessoas vão sofrendo maior estresse e pressão de tempo, com menos relacionamentos sociais satisfatórios, e à medida que o meio ambiente vai mostrando cada vez mais sinais de perigo. Enquanto isso, nos países mais pobres a qualidade de vida é degradada pelo não-atendimento das necessidades básicas das pessoa16. A compreensão de uma nova ética voltada ao meio ambiente concebe a boa vida ou bem-estar não mais alcançadas através da riqueza, mas através do atendimento das necessidades básicas da população, bem como o direito à liberdade, segurança, saúde, educação, à moradia, entre outros. Há uma inversão de valores e uma valorização de valores esquecidos ou pelo menos deixados de lado por uma civilização que optou pelo consumo ou pela busca incessante de riquezas como meio para gerar felicidade. Atender as necessidades primeiras do ser humano é reconhecer sua existência neste mundo como um ser portador de vida e que interage com os demais seres que também possuem vida. O reconhecimento deste valor primeiro que é 21 16 Worldwatch Institute. Estado do Mundo 2004: estado do consumo e o consumo sustentável. Tradução Henry Mallett e Célia Mallett. Salvador: Uma Ed., 2004, p. 203-204. Centro Nacional de Educação a Distância (CENED) – http://wwww.cenedcursos.com.br
  • 22. Curso Educação Ambiental e Ética a vida lança um novo olhar para toda a criação e promove vínculos mais solidários entre as criaturas. Novas relações entre os seres provocam uma atmosfera de bem-estar ou boa vida centrada não mais no consumo, pois este deve tornar-se mínimo para uma sociedade ter vida digna e gratificante, mas sim em relações interdependentes e solidária. Sociedades centradas no bem-estar envolvem maior interação com a família, amigos e vizinhos, uma experiência mais direta com a natureza e mais dedicação à procura de realização e expressão criativa do que acumulação de bens. Estas enfatizam estilos de vida que evitam abuso da própria saúde, do próximo ou do mundo natural. Ou seja, geram um sentido mais profundo de satisfação com a vida do que as pessoas têm atualmente17. Entende-se o bem-estar como uma qualificação da vida. E se a devemos qualificar é porque nossa existência foi degradada por nossos próprios atos. Tornamos- nos fazedores de cada vez mais fazer. Produtores de nosso próprio produto. Emaranhamos-nos em nossas próprias teias. Caminhar para o bem-estar implica simplificar nossa vida: “trabalhar menos, correr menos, gastar menos, como uma atitude para aproveitar mais a vida e vivê-la mais”. (Estado do Mundo, 2004, p. 208). As relações interpessoais tornam-se o principal ingrediente para uma alta qualidade de vida. Essas relações podem intensificar-se se as pessoas trabalharem menos horas por dia ou tiverem a oportunidade de trabalhar naquilo que realmente elas gostam de fazer. As relações comunitárias fortalecem-se quando há um compartilhamento de responsabilidades, quando há gestos de solidariedade, quando há ações de boa educação. Viver de modo mais simples põe por terra muitas superioridades levantadas por nosso preconceito. A simplicidade nos ensina a perceber as belezas da criação e de cada ser humano. Torna-mos mais iguais, pois participamos de uma comunhão vivencial na criação. 22 17 Worldwatch Institute. Estado do Mundo 2004: estado do consumo e o consumo sustentável. Tradução Henry Mallett e Célia Mallett. Salvador: Uma Ed., 2004, p. 205. Centro Nacional de Educação a Distância (CENED) – http://wwww.cenedcursos.com.br
  • 23. Curso Educação Ambiental e Ética 7 Partir para a ação: a proposta da Agenda 21 Na busca de soluções, caminhos e estratégias que possibilitassem um Desenvolvimento Sustentável, foi elaborado na ECO 92, no Rio de Janeiro, com a contribuição de diversos especialistas de organizações internacionais e governos, um plano de ação para a sustentabilidade do século XXI o qual ficou conhecido como Agenda 21. Este documento é um dos mais importantes guias na elaboração de projetos almejando um Desenvolvimento Sustentável. A Agenda 21 visa uma transformação socioambiental e uma melhoria de relações ser humano-natureza para resguardar e qualificar a vida das gerações futuras e caracteriza-se por ser construída a partir das bases populares, em processos amplamente participativos A Agenda 21 é um plano de ação para ser adotado global, nacional e localmente, por organizações do sistema das Nações Unidas, governos e pela sociedade civil, em todas as áreas em que a ação humana impacta o meio ambiente. Constitui-se na mais abrangente tentativa já realizada de orientar para um novo padrão de desenvolvimento para o século XXI, cujo alicerce é a sinergia da sustentabilidade ambiental, social e econômica, perpassando em todas as suas ações propostas18. A Agenda 21 possui um caráter de planejamento participativo e parte de uma análise da situação atual de um país, de um estado, de um município ou mesmo de uma comunidade, buscando alternativas para soluções sustentáveis. Essa busca de soluções trabalha com a participação da sociedade nas discussões em favor de um bem (ambiental, social, cultural ou econômico) comum para as presentes e futuras gerações. A construção de um futuro sustentável norteado pela Agenda 21, proporciona uma nova forma de relação do poder público com a sociedade, sendo esta última co-gestora de sua realidade. 23 18 O que Agenda 21. Disponível em: http://www.mma.gov.br/index.cfm?id_estrutura=18&id_conteudo=597 . Acesso em: 10 nov. 2005. Centro Nacional de Educação a Distância (CENED) – http://wwww.cenedcursos.com.br
  • 24. Curso Educação Ambiental e Ética A Agenda 21 possui 40 capítulos e suas recomendações são divididas em 4 áreas principais:  Questões sociais e econômicas como a cooperação internacional para acelerar o desenvolvimento sustentável, combater a pobreza, mudar os padrões de consumo, as dinâmicas demográficas e a sustentabilidade, e proteger e promover a saúde humana.  Conservação e manejo dos recursos visando o desenvolvimento, como a proteção da atmosfera, o combate ao desmatamento, o combate à desertificação e à seca, a promoção da agricultura sustentável e do desenvolvimento rural, a conservação da diversidade biológica, a proteção dos recursos e água doce e dos oceanos e o manejo racional de produtos químicos tóxicos e de resíduos perigosos.  Fortalecimento do papel de grandes grupos, incluindo mulheres, crianças e jovens, povos indígenas e suas comunidades, ONGs, iniciativas de autoridades locais em apoio à Agenda 21, trabalhadores e seus sindicatos, comércio e indústria, a comunidade científica e tecnológica e agricultores.  Meios de implementação do programa, incluindo mecanismos e recursos financeiros,transferência de tecnologias ambientalmente saudáveis, promoção da educação, conscientização pública e capacitação, arranjos de instituições internacionais, mecanismos e instrumentos legais internacionais e informações para o processo de tomada de decisões19. Podemos perceber através destas quatro linhas temáticas que a Agenda 21 não é voltada somente às questões de preservação ou conservação do meio ambiente nem é um plano de estratégias “verdes” onde somente a natureza é levada em consideração. Sua proposta é romper com o estilo de desenvolvimento dominante o qual levou a sociedade a enfrentar uma crise ambiental e implantar um estilo de desenvolvimento sustentável, onde possa haver um equilíbrio entre os fatores 19 PNUMA;IBAMA;UMA. Perspectivas do Meio Ambiente Mundial – 2002 (GEO-3), p. 17. Disponível em: 24 http://www.wwiuma.org.br/geo_mundial_arquivos/capitulo1.pdf . Acesso em: 10 nov. 2005. Centro Nacional de Educação a Distância (CENED) – http://wwww.cenedcursos.com.br
  • 25. Curso Educação Ambiental e Ética econômicos, sociais, culturais e ambientais. A Agenda 21 considera que a degradação ambiental dever ser enfrentada juntamente com a erradicação da pobreza. Em termos de responsabilidades a Agenda 21 deixa claro que os governos devem ser os impulsionadores do processo de construção da Agenda 21, tanto a nível global como local. Partindo deste princípio o Brasil elaborou sua Agenda 21 a partir de uma larga consulta à população brasileira. A Agenda 21 brasileira é um processo e instrumento de planejamento participativo para o desenvolvimento sustentável e que tem como eixo central a sustentabilidade, compatibilizando a conservação ambiental, a justiça social e o crescimento econômico20. Após a elaboração da Agenda 21 brasileira iniciou-se o processo de construção das Agendas 21 Locais. Esta envolve tanto os governos como a sociedade civil em processos de consulta e análise sobre a situação ambiental econômica e social de determinado estado, cidade ou mesmo comunidade. O debate entre as diversas esferas objetiva a busca de soluções para os problemas locais e aplicação de políticas públicas e ações civis para a solução dos mesmos. Os maiores desafios para a implantação da Agenda 21 Local são:  O planejamento comum na construção de propostas, pois os sujeitos envolvidos possuem visões diferenciadas;  A continuação das propostas sustentáveis, mesmo nos momentos que não se obtém sucesso;  A descentralização das tarefas e a continuidade de uma visão multidisciplinar no decorrer de todos o processo. A seguir transcrevo do site do Ministério do Meio Ambiente (http://www.mma.gov.br) o processo necessário na construção da Agenda 21 Local.  O estabelecimento de uma metodologia de trabalho; 25 20 Agenda 21 Brasileira. Disponível em: http://www.mma.gov.br/index.cfm?id_estrutura=18&id_conteudo=908 . Acesso em: 08 nov. 2005. Centro Nacional de Educação a Distância (CENED) – http://wwww.cenedcursos.com.br
  • 26. Curso Educação Ambiental e Ética  A reunião de informações sobre as questões chaves de desenvolvimento local;  A identificação dos setores da sociedade que devem estar representados, em função das particularidades locais Os papéis dos diferentes participantes do processo;  A identificação de meios de financiamento para a elaboração da Agenda 21 Local;  Negociações junto ao poder local sobre a institucionalização do processo de construção e implementação da Agenda 21 Local;  A criação de um Fórum permanente de desenvolvimento sustentável local - ou seja, que aborde os aspectos ambientais, sociais e econômicos locais - com o real envolvimento dos diferentes atores é etapa seguinte e meta fundamental para a sustentabilidade dos processos21. Para maiores informações visite o passo a passo na construção de uma Agenda Local acessando o site referido acima ( http://www.mma.gov.br ). 21 26 Agenda 21 Local. Disponível em: http://www.mma.gov.br/index.cfm?id_estrutura=18&id_conteudo=1081. Acesso em: 12 nov. 2005. Centro Nacional de Educação a Distância (CENED) – http://wwww.cenedcursos.com.br
  • 27. Curso Educação Ambiental e Ética Leituras Recomendadas NOBRE, Marcos; AMAZONAS, Maurício de Carvalho. Desenvolvimento Sustentável: a institucionalização de um conceito. Brasília: IBAMA; São Paulo: CEBRAP, 2002. 367 p. GUIMARÃES, Roberto P. Tierra de sombras:desafios de la sustentabilidad y del desarrollo territorial y local ante la globalización. Revista Polis, Santiago, v. 1, n. 5, 2003. Disponível em: http://www.revistapolis.cl/5/gui.htm . Acesso em: 04 nov. 2005 Indigenous knowledge and sustainability. Disponível em: http://www.unesco.org/education/tlsf/theme_c/uncofrm_c.htm . Acesso em: 09 nov. 2005. MYLLYLÄ, Susanna; KUVAJA, Kristiina. Societal premises for sustainable development in large southern cities. Global Environmental Change. v. 15, n.3, p. 224-237, out. 2005. Disponível em: http://www.sciencedirect.com/. Acesso em: 10 nov. 2005. Nakashima, D., Prott, L. and Bridgewater, P. Tapping into the world‟s wisdom, UNESCO Sources, n. 125, jul.-ago., 2000, 24 p. Disponível em: http://unesdoc.unesco.org/images/0012/001202/120200e.pdf . Acesso em: 10 nov. 2005. NASCIMENTO, Luiza Corrêa F. Meio ambiente - história, problemas, desafios e possibilidades. Disponível em: http://www.ibps.com.br/index.asp?idnoticia=1996. Acesso em: 24 out. 2005. NOVAES, Ricardo Carneiro. Desenvolvimento Sustentável na Escala Local; a Agenda 21 Local como Estratégia para a construção da Sustentabilidade. Disponível em: http://www.anppas.org.br/gt/sustentabilidade_cidades/Ricardo Carneiro Novaes.pdf. Acesso em: 20 out. 2005. ROMEIRO, Ademar Ribeiro. Documentos 21: Desenvolvimento Sustentável. Campinas: EMBRAPA, 2003. 44 p. Disponível em: www.cnpm.embrapa.br/publica/download/d21_desust.pdf . Acesso em: 14 nov. 2005. 27 Centro Nacional de Educação a Distância (CENED) – http://wwww.cenedcursos.com.br
  • 28. Curso Educação Ambiental e Ética TIBBS, Hardin. Sustainability. DEEPER NEWS, Emeryville, v. 10, n. 01, Jan. 1999. Disponível em: www.bfi.org/pdf/gbn_sustainable.pdf . Acesso em: 25 out. 2005. Tratado de Educação Ambiental Para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global. Disponível em: http://www.mec.gov.br/se/educacaoambiental/tratad02.shtm . Acesso em: 05 nov. 2005. 28 Centro Nacional de Educação a Distância (CENED) – http://wwww.cenedcursos.com.br