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Resumo
Neste artigo pretende-se abordar o anarquismo e a sua fundamental importância nas
mobilizações de 2013 no Brasil. O que é o anarquismo e seus principais teóricos e princípios,
a corrente anarquista com maior influência na América Latina e as primeiras experiências no
Brasil. As revoltas de junho e a movimentação em três grandes capitais: Porto Alegre, São
Paulo e Rio de Janeiro, abordando sempre a presença de princípios anarquistas na forma de
mobilização e também a forte repressão por parte do estado. Por fim, busca-se apontar a
importância e o ganho em ter princípios anarquistas inseridos nos contextos históricos
abordados.
As revoltas de junho no Brasil e o Anarquismo
O que é o anarquismo?
O anarquismo, enquanto ideologia política, surge na segunda metade do século XIX
junto com as lutas e os dilemas da recém formada classe trabalhadora. Completamente
classista e socialista, o anarquismo nasce da experiência, da revolta moral contra as injustiças
sociais, das discussões e reflexões coletivas da classe trabalhadora sobre quais seriam os
meios de se chegar a uma sociedade socialista. O anarquismo é um tipo de socialismo e, por
isso, uma ideologia, uma doutrina política.
Alguns dos principais teóricos anarquistas foram Mikhail Bakunin e Errico Malatesta.
Ademais, existem outros teóricos, como Proudhon e Kropotkin, que dividem o anarquismo
em correntes, mas que coadunam e criam uma coerência interna. Mikhail Bakunin, coletivista,
defendia a abolição do Estado e da propriedade privada dos meios de produção – os meios de
produção deveriam ser autogeridos pelos próprios trabalhadores organizados e confederados
através do princípio federativo. Errico Malatesta criticava a dominação em todas as esferas, a
exploração capitalista e a propriedade privada, afirmando que “toda apropriação do trabalho
alheio, de tudo aquilo que serve a um homem para viver sem dar à sociedade sua
contribuição produtiva, é um roubo, do ponto de vista anarquista e socialista.”
(MALATESTA, Recortes, p.41). Também era contra o antiorganizacionismo, polemizava
com os individualistas (assim como Bakunin) e defendia a organização anarquista nos
partidos, sindicatos e movimentos sociais, pois percebia que somente através da organização e
no exercício dos princípios que se deve despertar nos oprimidos o desejo vivo de uma
transformação social radical.
No que concerne o anarquismo na América Latina, atualmente, uma das correntes
mais influentes é o Especifismo. O termo Especifismo foi criado pela FAU (Federação
Anarquista Uruguaia) e tem como principais características a organização e trabalho/inserção
social, pois “sem ela (organização), acreditamos ser impossível conceber qualquer projeto
político sério e que tenha por objetivo chegar à revolução social e ao socialismo libertário.”
(Especifismo, FARJ, 2013). A organização é o que possibilita a criação de um projeto sério
que visa chegar à revolução social e é através do trabalho/inserção social que esse projeto
pensado é posto em prática por meio dos movimentos sociais em forma de minoria ativa,
buscando ser o fermento das lutas e aplicando princípios como: a autogestão, o federalismo, a
democracia direta e horizontal, a ação direta, o método coletivo de ação, dentre outros.
Anarquismo no Brasil
No Brasil, o anarquismo esteve presente desde o final do século XIX através de
imigrantes europeus que traziam consigo princípios anarquistas – democracia direta e
horizontal, autogestão, além de estratégias do sindicalismo revolucionário que eram
difundidas através de jornais, revistas, livros, panfletos, etc. Seus militantes eram defensores
da organização sindical autônoma e tinham como principal método de reinvindicação a ação
direta, que era posta em prática através de greves, boicotes e sabotagens. Teve seu auge no
início do século XX, onde era a tendência majoritária entre os trabalhadores e culminou nas
grandes greves gerais de 1917 em São Paulo e de 1918 e 1919 no Rio de Janeiro. Com
condições de trabalho comparadas apenas as da Revolução Industrial, ocorrida na Inglaterra,
os trabalhadores saíram às ruas inflamados, em grande parte, pelos princípios anarquistas.
Nunca na história do Brasil uma greve geral provocou um impacto tão grande. A resposta do
Estado foi igualmente rápida, a legislação logo criminalizou as ações anarquistas, prendendo e
extraditando os envolvidos com a ideologia. Censura, tortura, assassinatos eram condutas
frequentes do Estado contra os anarquistas como, por exemplo, a colônia penal agrícola
Clevelândia.
Pode-se dizer que em 2013 mais uma vez o anarquismo esteve presente com força no
Brasil, e mais uma vez a resposta foi igualmente truculenta: sedes de movimentos sociais
invadidas, prisões arbitrárias, mortes mal explicadas de militantes anarquistas e perseguições
políticas foram a “receita” do Estado para reprimir o movimento. Desde o início do ano a luta
contra o aumento das passagens de ônibus e pela mobilidade urbana foi a principal pauta de
reinvindicação dos movimentos sociais.
Porto Alegre
A primeira capital a sair em peso nas ruas foi Porto Alegre, que desde janeiro, com o
Bloco de Lutas pelo Transporte, movimento composto por diversos indivíduos, organizações
e coletivos de Porto Alegre, levava um grupo plural de militantes às ruas na capital rio-
grandense. Neste era evidente a influência de princípios e grupos anarquistas em sua
organização, como a FAG (Federação Anarquista Gaúcha), que há mais de 15 anos atua no
estado.
A forma de atuação do Bloco de Lutas pelo Transporte sempre foi embasada na
horizontalidade, sem existência de líderes nomeados. Seus militantes constituíam em um
bloco autogestionado, com rotatividade de funções, cuja crença é que a real mudança deve e
só pode vir pela força das ruas, deslegitimando o atual modelo de representatividade política e
a forma como os direitos sociais são continuamente negados e usurpados da população.
Esta forma de organização acabou se tornando uma alternativa muito mais viável de
reinvindicação frente às velhas práticas da esquerda parlamentarista. Com um número cada
vez maior de manifestantes nas ruas o Estado viu-se obrigado a recuar e o aumento foi
barrado, entretanto, as manifestações não pararam, as mobilizações passaram a ser por uma
pauta mais ampla – pelo passe-livre para estudantes e desempregados, por um transporte
100% público, pela abertura das contas das empresas de transporte, etc. inclusive e
principalmente contra a criminalização dos movimentos sociais, uma vez que a repressão foi
forte e truculenta por parte do Estado.
No dia 20 de junho o Ateneu Batalha da Várzea, espaço político e social da FAG foi
arrombado e invadido pela segunda vez pela Polícia Civil, em que foram levados diversos
materiais mesmo sem apresentar mandato de busca e apreensão. No dia seguinte o governo
convocou uma coletiva de imprensa onde atribuíam todos os atos de “vandalismo” e
depredações aos anarquistas presentes nos protestos, principalmente os que compunham a
FAG. A imprensa já os acusava de sociopatas e que planejavam, em conjunto com militantes
de outros países, empregar táticas de guerrilha na cidade. O governo logo os acusou de
fascistas, no intuito de isolar a organização dentro do movimento, chegando a apresentar
“provas”, claramente plantadas, de que o grupo pretendia atacar órgãos de segurança da
cidade.
Apesar da forte repressão, o Bloco de Lutas seguiu forte e no dia 10 de julho
ocuparam a Câmara de Vereadores de Porto Alegre, apresentando no dia 12 uma carta de
reinvindicações. Apesar do estabelecimento de um canal de diálogo permanente, de via dupla,
com a Câmara a imprensa apresentava-os como um movimento inacessível ao diálogo,
tentando criminalizar a todo o tempo a ocupação com o claro intuito de isolá-la da sociedade
e, a partir disso, dar sinal verde à repressão policial. Após muita luta e resistência o aumento
foi barrado e a vitória, mesmo que pequena e momentânea, foi conquistada. Apesar do
pioneirismo de Porto Alegre, foi a grande mobilização no Sudeste do país que levou ao
estopim das lutas por todo o Brasil.
São Paulo
Em São Paulo as manifestações foram intensas, assim como o Bloco de Lutas pelo
Transporte em Porto Alegre, o Movimento Passe Livre (MPL) foi o principal vetor das
mobilizações. Trata-se de um movimento social independente, apartidário, autônomo e
horizontal, em que não há líderes e todas as deliberações são tomadas coletivamente. O MPL
luta por um modelo de transporte verdadeiramente público. Neste, mais uma vez, é possível
identificar diversos princípios anarquistas. O primeiro grande ato organizado pelo MPL foi ao
dia 06 de junho onde mais de cinco mil pessoas foram as ruas exigindo a redução na tarifa do
transporte. Os manifestantes sofreram diversos momentos de repressão violenta por parte da
polícia, seja por meio de agressão física ou prisões.
As mobilizações se seguiram por vários dias, chegando a levar mais de 100 mil
pessoas às ruas. O ato do dia 20 foi diferente em todo Brasil, além da violência cotidiana por
parte da polícia, pessoas, em sua maioria, que nunca estiveram numa manifestação,
insatisfeitos também com a atual forma de fazer política no Brasil, passaram a hostilizar os
militantes de partidos políticos parlamentares presentes nas manifestações. Brigas e gritos
como “O povo unido, não precisa de partido”, “Meu partido é o Brasi-il” marcaram as
manifestações em todo o país. A resposta de alguns segmentos da esquerda foi rápida e
oportunista, relacionando tais atitudes aos anarquistas, já que a ideologia se tornou,
claramente, uma referência nas lutas nacionais. Acusaram os militantes de liberalistas
burgueses e fascistas, generalizando as várias correntes do anarquismo a uma só.
Após o ato do dia 20 de junho o aumento foi finalmente barrado. A tentativa de
criminalizar o movimento era evidente, a mídia acusava de vandalismo e a polícia respondia
com violência e truculência cada vez maior. Não obstante, após barrar o aumento, as
manifestações continuaram, desta vez, contra a truculência da Polícia, que prendeu e feriu
centenas durante os atos, mantendo os métodos que desenvolveu na ditadura militar,
simulando tumultos, inclusive com infiltrações para desmoralizar a luta e organização do
movimento. Em resposta a crescente violência por parte da polícia foi possível notar cada vez
mais a aplicação de uma tática de defesa, denominada “black bloc”, onde grupos de
manifestantes se destacam para ação direta, bloqueando ruas, queimando lixeiras, reagindo
contra a violência policial, muitas vezes retardando-os e fazendo a linha de frente para que os
manifestantes pudessem recuar em segurança quando necessário.
Mais uma vez é possível notar influências do anarquismo, pois tais táticas se
assemelham muito com táticas aplicadas, geralmente, por anarquistas. Estes grupos de
manifestantes também receberam várias críticas da mídia e de alguns seguimentos da
esquerda, sendo acusados de vandalismo e que as táticas adotadas em nada contribuíam com
as lutas. É inegável que tais táticas de defesa foram cruciais para o movimento e uma resposta
à altura da crescente repressão policial. Em São Paulo, mais uma vez, pelas forças das ruas a
vitória, mesmo que pequena e momentânea, foi conquistada.
Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro as lutas também se assemelharam às de São Paulo. Da mesma
maneira, nenhuma organização de esquerda poderia ter previsto as dimensões das
manifestações, embora isso não queira dizer que elas não estavam prontas e preparadas. Uma
dessas organizações presentes nas manifestações foi a Federação Anarquista do Rio de
Janeiro (FARJ) – organização anarquista especifista, que há mais de 10 anos atua na periferia
da cidade, nas lutas camponesas, espaços estudantis e sindicais, construindo uma organização
popular de base, buscando fortalecer cada vez mais o poder popular. Trabalhos de inserção
como os realizados pela FARJ foram fundamentais para a massificação das manifestações,
pois a periferia desceu em peso para o asfalto.
No início o principal vetor das mobilizações, assim como em várias capitais do Brasil,
foi o aumento da passagem, que foi derrubado. Contudo, com a forte repressão por parte do
Estado, o foco das mobilizações passou a ser contra a truculência e violência da polícia,
representante coercitiva dos interesses do Estado. Desse modo, diversos seguimentos da
população puderam sentir na pele o quanto a violência estatal é desumana. No dia 20 de junho
a violência policial caçou milhares de manifestantes, prendeu, machucou e causou pânico à
sociedade.
Cabe ressaltar que tais abusos são sentidos cotidianamente nas periferias da cidade,
entretanto, diferentemente do que acontece lá, a polícia não estava preparada para lidar com
as centenas de câmeras registrando e publicando suas ações por diversos meios de
comunicação. Grande parte dessas divulgações vinham de um grupo que se denominava
“Mídia Ninja”, que rapidamente passou a ser visado e perseguido pela polícia, efetuando
diversas prisões de seus integrantes, o que gerou um forte sentimento de solidariedade por
todo o Brasil. Assim, a polícia passou então a ser criticada pelo que mais sabia fazer: oprimir.
Outros incidentes que marcaram e criaram um forte sentimento de revolta e
solidariedade às jornadas no Rio de Janeiro foi a chacina da Maré e o caso do pedreiro
Amarildo. No dia 24 a PM entrou na favela da Maré e causou uma noite de terror e morte na
comunidade, deixando vários mortos na madrugada. Tal ação gerou um forte sentimento de
solidariedade na população que saiu às ruas no dia seguinte gritando “Não, não, não, não
queremos Caveirão!” no intuito de barrar uma segunda ação policial prevista para aquela
noite. O Pedreiro Amarildo, morador da favela da Rocinha que sumiu no dia 14, foi levado da
frente de sua casa por quatro policiais da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora). O
desaparecimento do pedreiro passou a ser cobrado nas ruas, aglomerando cada vez mais
manifestantes que se solidarizavam e exigiam a solução do caso.
As manifestações no Rio de Janeiro nesse mês serviram de inspiração e modelo de luta
para as mobilizações subsequentes, como as dos professores do estado e município em
outubro, que há dois meses lutavam por reajustes e remunerações que valorizassem a todos,
dentre outras bandeiras. Como de costume, a violência do Estado esteve presente e assim
como em São Paulo e em outras manifestações no Rio, os Black Bloc fizeram um papel
importante de autodefesa em solidariedade a luta dos professores frente à repressão da polícia.
A importância e o ganho que foi ter princípios anarquistas inseridos nos
contextos históricos abordados.
Como pudemos observar alguns princípios anarquistas, como a autogestão,
horizontalidade, negação de autoridades e líderes, rotatividade de funções, deliberações
tomadas coletivamente foram de fundamental importância nas lutas, fazendo frente à velha
forma de política empregada pela esquerda parlamentarista, onde de forma autoritária,
centralizadora e geralmente oportunista de se lidar com as lutas sociais, sufoca ou tenta
controlar o protagonismo de classe, deixando o interesse do partido geralmente acima dos
interesses reais da população. Tais táticas dificilmente ganham espaço nas mobilizações como
as de 2013. Pode-se dizer, assim, que o anarquismo traz elementos para a organização da
militância e luta social presando, principalmente, a autonomia e a capacidade de
protagonismo dos sujeitos envolvidos, tornando todas as pessoas corresponsáveis pelas
vitórias e direitos conquistados.
A Outra Campanha
Não devemos delegar nossas esperanças de mudanças a partido A ou B, a candidato X
ou Y, a luta e as conquistas devem partir do povo oprimido contra os patrões e seus governos,
pelas forças das ruas, através da ação direta e para além das eleições, construindo o poder
popular através da organização popular de base nas periferias, espaços estudantis e de
trabalho, nos territórios de resistência camponesa. Façamos por nós mesmos o que a nós nos
diz respeito.
Referências
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http://espacoacademico.wordpress.com/2013/07/17/as-revoltas-de-junho-no-brasil-e-o-
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CAZP. WORDPRESS. A Luta contra o aumento das passagens e o Anarquismo. 2013.
Disponivel em: http://cazp.wordpress.com/2013/06/19/a-luta-contra-o-aumento-das-
passagens-e-o-anarquismo/
CAZP. WORDPRESS. Nota pública do CAZP sobre as últimas manifestações. 2013.
Disponível em: http://cazp.wordpress.com/2013/06/24/nota-publica-do-cazp-sobre-as-
ultimas-manifestacoes/
FARJ. WORDPRESS. Anarquismo: uma introdução ideológica e histórica. 2013. Disponível
em: http://anarquismorj.wordpress.com/2013/11/13/introducao-teorica-e-ideologica/
FARJ. WORDPRESS. Breve análise sobre os últimos acontecimentos e as mobilizações
sociais no Brasil e propostas socialistas libertárias para a luta. 2013. Disponível em:
http://anarquismorj.wordpress.com/2013/06/25/breve-analise-sobre-os-ultimos-
acontecimentos/
FARJ. WORDPRESS. [FAG] O enredo de uma farsa! A tentativa de criminalização da
Federação Anarquista Gaúcha. 2013. Disponível em:
http://anarquismorj.wordpress.com/2013/06/23/fag-o-enredo-de-uma-farsa-a-tentativa-de-
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FARJ. WORDPRESS. Polícia Federal invade a sede da Federação Anarquista Gaúcha – FAG.
2013. Disponível em: http://anarquismorj.wordpress.com/2013/06/21/policia-federal-invade-
a-sede-da-federacao-anarquista-gaucha-fag/
FARJ. WORDPRESS. Especifismo. 2013. Disponível em:
http://anarquismorj.wordpress.com/textos-e-documentos/textos-da-farj/especifismo/
ANARKISMO.NET. Entrevista com a OASL sobre as mobilizações no Brasil. 2013.
Disponível em: http://anarkismo.net/article/25774?search_text=entrevista
FARJ. WORDPRESS. Construir Poder Popular! – atos de junho até a atualidade. 2013.
Disponível em: http://anarquismorj.wordpress.com/2013/10/27/construir-poder-popular-atos-
de-junho-ate-a-atualidade/
FARJ. WORDPRESS. Da periferia aos centros e de volta a periferia: Chacina na Maré. 2013.
Disponível em: http://anarquismorj.wordpress.com/2013/07/02/da-periferia-aos-centros-e-de-
volta-a-periferia-chacina-na-mare/
ANARQUISTA.NET. Revolta da Salada – Revolução do Vinagre – Primavera Brasileira.
2013. Disponível em: http://www.anarquista.net/revolta-da-salada-revolucao-do-vinagre-
primavera-brasileira/
INFOESCOLA. Greve geral de 1917. Disponível em: http://www.infoescola.com/historia-do-
brasil/greve-geral-de-1917/
VIOMUNDO. Manifesto contra a violência da PM nos protestos de SP. 2013. Disponível em:
http://www.viomundo.com.br/denuncias/manifesto-contra-a-violencia-da-pm-nos-protestos-
pela-reducao-de-tarifa.html
MOVIMENTO PASSE LIVRE SÃO PAULO. Sobre a revogação do aumento. 2013.
Disponível: http://saopaulo.mpl.org.br/2013/06/21/fomos-vitoriosos-viva-a-luta-do-povo/
MOVIMENTO PASSE LIVRE SÃO PAULO. Sobre o ato de 20/06. 2013. Disponível em:
http://saopaulo.mpl.org.br/2013/06/21/sobre-o-ato-de-5a-206-nota-publica/
MOVIMENTO PASSE LIVRE SÃO PAULO. Nota sobre os presos no ato do dia 06/06.
2013. Disponível em: http://saopaulo.mpl.org.br/2013/06/09/nota-sobre-os-presos-no-ato-do-
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MOVIMENTO PASSE LIVRE SÃO PAULO. Nota pública do Movimento Passe Livre sobre
a luta contra o aumento. 2013. Disponível em: http://saopaulo.mpl.org.br/2013/06/09/nota-
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MOVIMENTO PASSE LIVRE SÃO PAULO. Sobre a situação dos detidos nos atos contra o
aumento da tarifa de 11/06. 2013. Disponível em:
http://saopaulo.mpl.org.br/2013/06/13/sobre-a-situacao-dos-detidos-nos-atos-contra-o-
aumento-da-tarifa-de-1106/
CORREIA, F. P. Malatesta. Material de aula cedido pelo próprio autor. 2013. Disponível em:
https://www.academia.edu/4605115/Errico_Matesta_Teoria_e_Estrategia_Anarquista_curso_
Anarquismo_e_Sindicalismo_
ESPACOSOCIALISTA.ORG. Manifestações, Black Blocs e método de luta dos
trabalhadores. 2013. Disponível em: http://espacosocialista.org/portal/?p=2636#titulo1
Carlos Alexandre de Araujo Lemos Filho
Estudante de História e militante anarquista.

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O anarquismo nas revoltas de junho de 2013 no Brasil

  • 1. Resumo Neste artigo pretende-se abordar o anarquismo e a sua fundamental importância nas mobilizações de 2013 no Brasil. O que é o anarquismo e seus principais teóricos e princípios, a corrente anarquista com maior influência na América Latina e as primeiras experiências no Brasil. As revoltas de junho e a movimentação em três grandes capitais: Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro, abordando sempre a presença de princípios anarquistas na forma de mobilização e também a forte repressão por parte do estado. Por fim, busca-se apontar a importância e o ganho em ter princípios anarquistas inseridos nos contextos históricos abordados.
  • 2. As revoltas de junho no Brasil e o Anarquismo O que é o anarquismo? O anarquismo, enquanto ideologia política, surge na segunda metade do século XIX junto com as lutas e os dilemas da recém formada classe trabalhadora. Completamente classista e socialista, o anarquismo nasce da experiência, da revolta moral contra as injustiças sociais, das discussões e reflexões coletivas da classe trabalhadora sobre quais seriam os meios de se chegar a uma sociedade socialista. O anarquismo é um tipo de socialismo e, por isso, uma ideologia, uma doutrina política. Alguns dos principais teóricos anarquistas foram Mikhail Bakunin e Errico Malatesta. Ademais, existem outros teóricos, como Proudhon e Kropotkin, que dividem o anarquismo em correntes, mas que coadunam e criam uma coerência interna. Mikhail Bakunin, coletivista, defendia a abolição do Estado e da propriedade privada dos meios de produção – os meios de produção deveriam ser autogeridos pelos próprios trabalhadores organizados e confederados através do princípio federativo. Errico Malatesta criticava a dominação em todas as esferas, a exploração capitalista e a propriedade privada, afirmando que “toda apropriação do trabalho alheio, de tudo aquilo que serve a um homem para viver sem dar à sociedade sua contribuição produtiva, é um roubo, do ponto de vista anarquista e socialista.” (MALATESTA, Recortes, p.41). Também era contra o antiorganizacionismo, polemizava com os individualistas (assim como Bakunin) e defendia a organização anarquista nos partidos, sindicatos e movimentos sociais, pois percebia que somente através da organização e no exercício dos princípios que se deve despertar nos oprimidos o desejo vivo de uma transformação social radical. No que concerne o anarquismo na América Latina, atualmente, uma das correntes mais influentes é o Especifismo. O termo Especifismo foi criado pela FAU (Federação Anarquista Uruguaia) e tem como principais características a organização e trabalho/inserção social, pois “sem ela (organização), acreditamos ser impossível conceber qualquer projeto político sério e que tenha por objetivo chegar à revolução social e ao socialismo libertário.” (Especifismo, FARJ, 2013). A organização é o que possibilita a criação de um projeto sério que visa chegar à revolução social e é através do trabalho/inserção social que esse projeto pensado é posto em prática por meio dos movimentos sociais em forma de minoria ativa,
  • 3. buscando ser o fermento das lutas e aplicando princípios como: a autogestão, o federalismo, a democracia direta e horizontal, a ação direta, o método coletivo de ação, dentre outros. Anarquismo no Brasil No Brasil, o anarquismo esteve presente desde o final do século XIX através de imigrantes europeus que traziam consigo princípios anarquistas – democracia direta e horizontal, autogestão, além de estratégias do sindicalismo revolucionário que eram difundidas através de jornais, revistas, livros, panfletos, etc. Seus militantes eram defensores da organização sindical autônoma e tinham como principal método de reinvindicação a ação direta, que era posta em prática através de greves, boicotes e sabotagens. Teve seu auge no início do século XX, onde era a tendência majoritária entre os trabalhadores e culminou nas grandes greves gerais de 1917 em São Paulo e de 1918 e 1919 no Rio de Janeiro. Com condições de trabalho comparadas apenas as da Revolução Industrial, ocorrida na Inglaterra, os trabalhadores saíram às ruas inflamados, em grande parte, pelos princípios anarquistas. Nunca na história do Brasil uma greve geral provocou um impacto tão grande. A resposta do Estado foi igualmente rápida, a legislação logo criminalizou as ações anarquistas, prendendo e extraditando os envolvidos com a ideologia. Censura, tortura, assassinatos eram condutas frequentes do Estado contra os anarquistas como, por exemplo, a colônia penal agrícola Clevelândia. Pode-se dizer que em 2013 mais uma vez o anarquismo esteve presente com força no Brasil, e mais uma vez a resposta foi igualmente truculenta: sedes de movimentos sociais invadidas, prisões arbitrárias, mortes mal explicadas de militantes anarquistas e perseguições políticas foram a “receita” do Estado para reprimir o movimento. Desde o início do ano a luta contra o aumento das passagens de ônibus e pela mobilidade urbana foi a principal pauta de reinvindicação dos movimentos sociais. Porto Alegre A primeira capital a sair em peso nas ruas foi Porto Alegre, que desde janeiro, com o Bloco de Lutas pelo Transporte, movimento composto por diversos indivíduos, organizações e coletivos de Porto Alegre, levava um grupo plural de militantes às ruas na capital rio- grandense. Neste era evidente a influência de princípios e grupos anarquistas em sua
  • 4. organização, como a FAG (Federação Anarquista Gaúcha), que há mais de 15 anos atua no estado. A forma de atuação do Bloco de Lutas pelo Transporte sempre foi embasada na horizontalidade, sem existência de líderes nomeados. Seus militantes constituíam em um bloco autogestionado, com rotatividade de funções, cuja crença é que a real mudança deve e só pode vir pela força das ruas, deslegitimando o atual modelo de representatividade política e a forma como os direitos sociais são continuamente negados e usurpados da população. Esta forma de organização acabou se tornando uma alternativa muito mais viável de reinvindicação frente às velhas práticas da esquerda parlamentarista. Com um número cada vez maior de manifestantes nas ruas o Estado viu-se obrigado a recuar e o aumento foi barrado, entretanto, as manifestações não pararam, as mobilizações passaram a ser por uma pauta mais ampla – pelo passe-livre para estudantes e desempregados, por um transporte 100% público, pela abertura das contas das empresas de transporte, etc. inclusive e principalmente contra a criminalização dos movimentos sociais, uma vez que a repressão foi forte e truculenta por parte do Estado. No dia 20 de junho o Ateneu Batalha da Várzea, espaço político e social da FAG foi arrombado e invadido pela segunda vez pela Polícia Civil, em que foram levados diversos materiais mesmo sem apresentar mandato de busca e apreensão. No dia seguinte o governo convocou uma coletiva de imprensa onde atribuíam todos os atos de “vandalismo” e depredações aos anarquistas presentes nos protestos, principalmente os que compunham a FAG. A imprensa já os acusava de sociopatas e que planejavam, em conjunto com militantes de outros países, empregar táticas de guerrilha na cidade. O governo logo os acusou de fascistas, no intuito de isolar a organização dentro do movimento, chegando a apresentar “provas”, claramente plantadas, de que o grupo pretendia atacar órgãos de segurança da cidade. Apesar da forte repressão, o Bloco de Lutas seguiu forte e no dia 10 de julho ocuparam a Câmara de Vereadores de Porto Alegre, apresentando no dia 12 uma carta de reinvindicações. Apesar do estabelecimento de um canal de diálogo permanente, de via dupla, com a Câmara a imprensa apresentava-os como um movimento inacessível ao diálogo, tentando criminalizar a todo o tempo a ocupação com o claro intuito de isolá-la da sociedade e, a partir disso, dar sinal verde à repressão policial. Após muita luta e resistência o aumento foi barrado e a vitória, mesmo que pequena e momentânea, foi conquistada. Apesar do
  • 5. pioneirismo de Porto Alegre, foi a grande mobilização no Sudeste do país que levou ao estopim das lutas por todo o Brasil. São Paulo Em São Paulo as manifestações foram intensas, assim como o Bloco de Lutas pelo Transporte em Porto Alegre, o Movimento Passe Livre (MPL) foi o principal vetor das mobilizações. Trata-se de um movimento social independente, apartidário, autônomo e horizontal, em que não há líderes e todas as deliberações são tomadas coletivamente. O MPL luta por um modelo de transporte verdadeiramente público. Neste, mais uma vez, é possível identificar diversos princípios anarquistas. O primeiro grande ato organizado pelo MPL foi ao dia 06 de junho onde mais de cinco mil pessoas foram as ruas exigindo a redução na tarifa do transporte. Os manifestantes sofreram diversos momentos de repressão violenta por parte da polícia, seja por meio de agressão física ou prisões. As mobilizações se seguiram por vários dias, chegando a levar mais de 100 mil pessoas às ruas. O ato do dia 20 foi diferente em todo Brasil, além da violência cotidiana por parte da polícia, pessoas, em sua maioria, que nunca estiveram numa manifestação, insatisfeitos também com a atual forma de fazer política no Brasil, passaram a hostilizar os militantes de partidos políticos parlamentares presentes nas manifestações. Brigas e gritos como “O povo unido, não precisa de partido”, “Meu partido é o Brasi-il” marcaram as manifestações em todo o país. A resposta de alguns segmentos da esquerda foi rápida e oportunista, relacionando tais atitudes aos anarquistas, já que a ideologia se tornou, claramente, uma referência nas lutas nacionais. Acusaram os militantes de liberalistas burgueses e fascistas, generalizando as várias correntes do anarquismo a uma só. Após o ato do dia 20 de junho o aumento foi finalmente barrado. A tentativa de criminalizar o movimento era evidente, a mídia acusava de vandalismo e a polícia respondia com violência e truculência cada vez maior. Não obstante, após barrar o aumento, as manifestações continuaram, desta vez, contra a truculência da Polícia, que prendeu e feriu centenas durante os atos, mantendo os métodos que desenvolveu na ditadura militar, simulando tumultos, inclusive com infiltrações para desmoralizar a luta e organização do movimento. Em resposta a crescente violência por parte da polícia foi possível notar cada vez
  • 6. mais a aplicação de uma tática de defesa, denominada “black bloc”, onde grupos de manifestantes se destacam para ação direta, bloqueando ruas, queimando lixeiras, reagindo contra a violência policial, muitas vezes retardando-os e fazendo a linha de frente para que os manifestantes pudessem recuar em segurança quando necessário. Mais uma vez é possível notar influências do anarquismo, pois tais táticas se assemelham muito com táticas aplicadas, geralmente, por anarquistas. Estes grupos de manifestantes também receberam várias críticas da mídia e de alguns seguimentos da esquerda, sendo acusados de vandalismo e que as táticas adotadas em nada contribuíam com as lutas. É inegável que tais táticas de defesa foram cruciais para o movimento e uma resposta à altura da crescente repressão policial. Em São Paulo, mais uma vez, pelas forças das ruas a vitória, mesmo que pequena e momentânea, foi conquistada. Rio de Janeiro No Rio de Janeiro as lutas também se assemelharam às de São Paulo. Da mesma maneira, nenhuma organização de esquerda poderia ter previsto as dimensões das manifestações, embora isso não queira dizer que elas não estavam prontas e preparadas. Uma dessas organizações presentes nas manifestações foi a Federação Anarquista do Rio de Janeiro (FARJ) – organização anarquista especifista, que há mais de 10 anos atua na periferia da cidade, nas lutas camponesas, espaços estudantis e sindicais, construindo uma organização popular de base, buscando fortalecer cada vez mais o poder popular. Trabalhos de inserção como os realizados pela FARJ foram fundamentais para a massificação das manifestações, pois a periferia desceu em peso para o asfalto. No início o principal vetor das mobilizações, assim como em várias capitais do Brasil, foi o aumento da passagem, que foi derrubado. Contudo, com a forte repressão por parte do Estado, o foco das mobilizações passou a ser contra a truculência e violência da polícia, representante coercitiva dos interesses do Estado. Desse modo, diversos seguimentos da população puderam sentir na pele o quanto a violência estatal é desumana. No dia 20 de junho a violência policial caçou milhares de manifestantes, prendeu, machucou e causou pânico à sociedade. Cabe ressaltar que tais abusos são sentidos cotidianamente nas periferias da cidade, entretanto, diferentemente do que acontece lá, a polícia não estava preparada para lidar com
  • 7. as centenas de câmeras registrando e publicando suas ações por diversos meios de comunicação. Grande parte dessas divulgações vinham de um grupo que se denominava “Mídia Ninja”, que rapidamente passou a ser visado e perseguido pela polícia, efetuando diversas prisões de seus integrantes, o que gerou um forte sentimento de solidariedade por todo o Brasil. Assim, a polícia passou então a ser criticada pelo que mais sabia fazer: oprimir. Outros incidentes que marcaram e criaram um forte sentimento de revolta e solidariedade às jornadas no Rio de Janeiro foi a chacina da Maré e o caso do pedreiro Amarildo. No dia 24 a PM entrou na favela da Maré e causou uma noite de terror e morte na comunidade, deixando vários mortos na madrugada. Tal ação gerou um forte sentimento de solidariedade na população que saiu às ruas no dia seguinte gritando “Não, não, não, não queremos Caveirão!” no intuito de barrar uma segunda ação policial prevista para aquela noite. O Pedreiro Amarildo, morador da favela da Rocinha que sumiu no dia 14, foi levado da frente de sua casa por quatro policiais da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora). O desaparecimento do pedreiro passou a ser cobrado nas ruas, aglomerando cada vez mais manifestantes que se solidarizavam e exigiam a solução do caso. As manifestações no Rio de Janeiro nesse mês serviram de inspiração e modelo de luta para as mobilizações subsequentes, como as dos professores do estado e município em outubro, que há dois meses lutavam por reajustes e remunerações que valorizassem a todos, dentre outras bandeiras. Como de costume, a violência do Estado esteve presente e assim como em São Paulo e em outras manifestações no Rio, os Black Bloc fizeram um papel importante de autodefesa em solidariedade a luta dos professores frente à repressão da polícia. A importância e o ganho que foi ter princípios anarquistas inseridos nos contextos históricos abordados. Como pudemos observar alguns princípios anarquistas, como a autogestão, horizontalidade, negação de autoridades e líderes, rotatividade de funções, deliberações tomadas coletivamente foram de fundamental importância nas lutas, fazendo frente à velha forma de política empregada pela esquerda parlamentarista, onde de forma autoritária, centralizadora e geralmente oportunista de se lidar com as lutas sociais, sufoca ou tenta controlar o protagonismo de classe, deixando o interesse do partido geralmente acima dos
  • 8. interesses reais da população. Tais táticas dificilmente ganham espaço nas mobilizações como as de 2013. Pode-se dizer, assim, que o anarquismo traz elementos para a organização da militância e luta social presando, principalmente, a autonomia e a capacidade de protagonismo dos sujeitos envolvidos, tornando todas as pessoas corresponsáveis pelas vitórias e direitos conquistados. A Outra Campanha Não devemos delegar nossas esperanças de mudanças a partido A ou B, a candidato X ou Y, a luta e as conquistas devem partir do povo oprimido contra os patrões e seus governos, pelas forças das ruas, através da ação direta e para além das eleições, construindo o poder popular através da organização popular de base nas periferias, espaços estudantis e de trabalho, nos territórios de resistência camponesa. Façamos por nós mesmos o que a nós nos diz respeito.
  • 9. Referências AVELINO, N. As revoltas de junho no Brasil e o anarquismo. 2013. Disponível em: http://espacoacademico.wordpress.com/2013/07/17/as-revoltas-de-junho-no-brasil-e-o- anarquismo/ CAZP. WORDPRESS. A Luta contra o aumento das passagens e o Anarquismo. 2013. Disponivel em: http://cazp.wordpress.com/2013/06/19/a-luta-contra-o-aumento-das- passagens-e-o-anarquismo/ CAZP. WORDPRESS. Nota pública do CAZP sobre as últimas manifestações. 2013. Disponível em: http://cazp.wordpress.com/2013/06/24/nota-publica-do-cazp-sobre-as- ultimas-manifestacoes/ FARJ. WORDPRESS. Anarquismo: uma introdução ideológica e histórica. 2013. Disponível em: http://anarquismorj.wordpress.com/2013/11/13/introducao-teorica-e-ideologica/ FARJ. WORDPRESS. Breve análise sobre os últimos acontecimentos e as mobilizações sociais no Brasil e propostas socialistas libertárias para a luta. 2013. Disponível em: http://anarquismorj.wordpress.com/2013/06/25/breve-analise-sobre-os-ultimos- acontecimentos/ FARJ. WORDPRESS. [FAG] O enredo de uma farsa! A tentativa de criminalização da Federação Anarquista Gaúcha. 2013. Disponível em: http://anarquismorj.wordpress.com/2013/06/23/fag-o-enredo-de-uma-farsa-a-tentativa-de- criminalizacao-da-federacao-anarquista-gaucha/ FARJ. WORDPRESS. Polícia Federal invade a sede da Federação Anarquista Gaúcha – FAG. 2013. Disponível em: http://anarquismorj.wordpress.com/2013/06/21/policia-federal-invade- a-sede-da-federacao-anarquista-gaucha-fag/ FARJ. WORDPRESS. Especifismo. 2013. Disponível em: http://anarquismorj.wordpress.com/textos-e-documentos/textos-da-farj/especifismo/ ANARKISMO.NET. Entrevista com a OASL sobre as mobilizações no Brasil. 2013. Disponível em: http://anarkismo.net/article/25774?search_text=entrevista FARJ. WORDPRESS. Construir Poder Popular! – atos de junho até a atualidade. 2013. Disponível em: http://anarquismorj.wordpress.com/2013/10/27/construir-poder-popular-atos- de-junho-ate-a-atualidade/ FARJ. WORDPRESS. Da periferia aos centros e de volta a periferia: Chacina na Maré. 2013. Disponível em: http://anarquismorj.wordpress.com/2013/07/02/da-periferia-aos-centros-e-de- volta-a-periferia-chacina-na-mare/ ANARQUISTA.NET. Revolta da Salada – Revolução do Vinagre – Primavera Brasileira. 2013. Disponível em: http://www.anarquista.net/revolta-da-salada-revolucao-do-vinagre- primavera-brasileira/
  • 10. INFOESCOLA. Greve geral de 1917. Disponível em: http://www.infoescola.com/historia-do- brasil/greve-geral-de-1917/ VIOMUNDO. Manifesto contra a violência da PM nos protestos de SP. 2013. Disponível em: http://www.viomundo.com.br/denuncias/manifesto-contra-a-violencia-da-pm-nos-protestos- pela-reducao-de-tarifa.html MOVIMENTO PASSE LIVRE SÃO PAULO. Sobre a revogação do aumento. 2013. Disponível: http://saopaulo.mpl.org.br/2013/06/21/fomos-vitoriosos-viva-a-luta-do-povo/ MOVIMENTO PASSE LIVRE SÃO PAULO. Sobre o ato de 20/06. 2013. Disponível em: http://saopaulo.mpl.org.br/2013/06/21/sobre-o-ato-de-5a-206-nota-publica/ MOVIMENTO PASSE LIVRE SÃO PAULO. Nota sobre os presos no ato do dia 06/06. 2013. Disponível em: http://saopaulo.mpl.org.br/2013/06/09/nota-sobre-os-presos-no-ato-do- dia-0606/ MOVIMENTO PASSE LIVRE SÃO PAULO. Nota pública do Movimento Passe Livre sobre a luta contra o aumento. 2013. Disponível em: http://saopaulo.mpl.org.br/2013/06/09/nota- publica-do-movimento-passe-livre-sobre-a-luta-contra-o-aumento/ MOVIMENTO PASSE LIVRE SÃO PAULO. Sobre a situação dos detidos nos atos contra o aumento da tarifa de 11/06. 2013. Disponível em: http://saopaulo.mpl.org.br/2013/06/13/sobre-a-situacao-dos-detidos-nos-atos-contra-o- aumento-da-tarifa-de-1106/ CORREIA, F. P. Malatesta. Material de aula cedido pelo próprio autor. 2013. Disponível em: https://www.academia.edu/4605115/Errico_Matesta_Teoria_e_Estrategia_Anarquista_curso_ Anarquismo_e_Sindicalismo_ ESPACOSOCIALISTA.ORG. Manifestações, Black Blocs e método de luta dos trabalhadores. 2013. Disponível em: http://espacosocialista.org/portal/?p=2636#titulo1 Carlos Alexandre de Araujo Lemos Filho Estudante de História e militante anarquista.