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Crônicas da Morte – Livro 1 – Apocalipse
I
Vamos começar com uma verdade bem simples. Meio dura, mas simples.
Demônios existem. Anjos existem. Fantasmas existem. Eu existo.
“Existir” é o termo errado, até porque esse alguém acredita em você, você
automaticamente existe, nem que seja apenas na cabeça dessa pessoa.
É melhor dizer que nós somos reais.
Quem sou eu? A Morte é claro. Eu sou um cavalheiro. Não nesse sentido, mas
enfim. Uma explicação rápida:
Lúcifer era um anjo, ele desobedeceu a Deus e assim ele caiu do céu,
começando assim o Inferno. Ele criou os demônios.
Eu sou um anjo também. Um anjo negro, é claro, mas ainda sim um anjo. Eu e
meus três irmãos somos chamados de Cavalheiros do Apocalipse.
Morte, Fome, Peste e Guerra.
Meus irmãos não são tão bonzinhos quanto eu, garanto.
Porque eu sou diferente dos outros anjos? Porque minhas asas são negras?
Isso é porque a morte em si é descrita como uma coisa sombria, negra,
assustadora. Um esqueleto com um manto negro e uma foice? Me poupe...
Seria legal se eu fosse assim na verdade, mas eu sou apenas um homem. Um
homem com asas negras gigantescas, cada uma do tamanho de um ônibus
escolar. Eu tenho 1,83 de altura, sou consideravelmente forte e robusto, devido
aos meus milhões de anos, tenho cabelos negros como petróleo, olhos verdes
escuros e barba a fazer. Tenho a mesma idade que Deus, aliás fui a primeira
criação Dele, sou Seu primeiro filho.
Meus irmãos não tem asas, felizmente. Se eles tivessem o estrago causado
por eles seria bem maior, bem como a minha dor de cabeça.
Peste é responsável pelas doenças. Aquela gripe chata que você pega no
inverno sabe? Culpa dele.
Guerra é responsável por qualquer desavença, de qualquer tamanho e
proporção, de uma discussão entre vizinhos ás grandes guerras.
Fome é culpado por todos os timos de fome, de amor, de comida, de dinheiro,
de qualquer coisa que você consuma ou faça, ele pode causar fome de
maneira inimagináveis.
E eu, obviamente sou aquele que te leva embora desse mundo. Para o céu,
inferno, que seja. Isso não sou eu que decido.
Mas com o tempo eu fui me cansando de fazer tudo sozinho, então eu criei
meus ceifadores. São pessoas normais também, eles não tem asas, mas são
capazes de se tele transportar para o lugar onde alguém morreu.
Os fantasmas são apenas pessoas, que morreram mas não quiseram ir
embora, e de algum jeito escaparam de mim e de meus ceifadores. Ficaram no
mundo dos vivos. Mas com o tempo, foram ficando tristes e na maioria dos
casos, revoltados.
Eu vou lhe contar uma história agora. E se não tiver coragem o suficiente para
ouvir uma história que é basicamente sobre a verdade, pare de ler agora
mesmo, feche o livro e coloque ele no lugar de onde pegou.
Sim, é um livro sobre o Apocalipse, mas de um jeito diferente, contado sobre
outra perspectiva, uma mais assustadora, mais real.
...............................................................................................................................
Sam acordou assustado, pessoas gritando e correndo, alarmes tocando por
toda a parte, e uma voz suave e metálica dizendo:
- Atenção todos os funcionários, uma ameaça biológica foi registrada no 5º
andar, por favor deixar o prédio imediatamente. Uma descontaminação de
emergência será realizada em 2 minutos...
Sam não lembrava de nada, exceto seu próprio nome, ele estava vestindo um
terno convencional e uma gravata vermelha, tinha um crachá em seu peito
escrito Sam Collins – Infectologista.
Ele se levantou da cadeira de seu escritório (ele sabia que era seu pois seu
nome estava escrito em uma placa de madeira encima da mesa). Seu escritório
parecia mais um escritório de advocacia, armários de arquivos, uma estante de
madeira colonial lotada de livros, uma mesa enorme de costas para a janela,
com um computador moderno e duas cadeiras reclináveis e giratórias a frente
de sua mesa, em geral, era um escritório de advocacia, exceto os espécimes
empalhados na parede da esquerda. Um lobo, um leão e uma espécie de
pássaro que Sam não reconheceu.
Andou até a porta. Trancada. A porta pedia uma identificação por voz e sua
digital do polegar esquerdo, após seguir todos os passos, a porta se abriu com
um solavanco, revelando o verdadeiro caos.
As pessoas continuavam correndo e gritando em desespero, por um momento
ele se perguntou o motivo, mas em seguida descobriu, e desejou estar
dormindo ainda.
Seres que pareciam pessoas, porém cobertas de sangue, atrás dessas
criaturas, corpos de pelo menos 200 pessoas, e uma poça de sangue que
cobria praticamente todo o andar do prédio.
Ele olhou para cima, uma placa azul com letras enormes que diziam: 5º andar,
setor de pesquisas, Blackout Pharmaceutics – You, further.
A moça da voz suave e metálica já havia repetido a frase pelo menos 3 vezes,
quando a repetiu novamente:
- Atenção todos os funcionários, uma ameaça biológica foi registrada no 5º
andar, por favor deixar o prédio imediatamente. Uma descontaminação de
emergência será realizada em 30 segundos...
Sam entrou em pânico, tentou achar um elevador ou uma escada rolante, ou
qualquer outra coisa que pudesse o levar para o andar térreo, encontrou uma
escada, porem estava cercada de pessoas e mais daqueles criaturas, que
definitivamente pareciam zumbis, porém velozes, muito velozes.
Sam correu para fora de sua sala, esbarrando com uma mulher ruiva de olhos
verdes, da mesma altura que ele.
- Sam, não acredito que te encontrei!
Ele ficou parado a encarando por alguns instantes.
- Sam, acho melhor a gente sair daqui logo, siga-me.
Ele obedeceu, seguindo-a correndo.
- O que está acontecendo aqui? – questionou Sam – Quem é você?
- Você não se lembra de mim? Não se lembra de nada? Bom, não temos muito
tempo, mas meu nome é Susan Meyer. Vamos, conversamos lá fora.
Então ela acelerou ainda mais, aproximou-se de uma janela e disse:
- Por favor confie em mim, pule!
- Você está louca?
Ela não respondeu, sacou uma .12 de suas costas (que Sam não havia notado
até então) e atirou duas vezes na janela, que se estilhaçou. Em seguida ela
colocou a arma de volta nas costas e pulou.
Sam não teve escolha senão acompanha-la. A contagem estava em cinco.
Ele se concentrou, respirou fundo. Quatro.
Flexionou os joelhos. Três.
Se jogou. Dois.
Susan o agarrou, estava de paraquedas. Um.
Chegaram ao solo em segurança e correram.
Sam sentiu um tremor, depois veio um clarão, sentiu um golpe nas costas,
como ser atropelado por uma onda sônica, e foi lançado em direção a rodovia.
Acertou a cabeça em uma janela de uma loja de departamentos e desmaiou.
II
Quando acordou já era noite, estava caído encima de um manequim vestindo
roupas esportivas, estava sozinho, nenhum sinal de Susan, sua cabeça doía
horrivelmente.
Os gritos haviam cessado, na verdade, estava tudo em silêncio exceto pelo
barulho de coisas queimando, tentou se levantar mas não conseguiu, sua
perna esquerda doeu ainda mais que sua cabeça, olhou para ela, uma fratura
exposta grotesca e uma poça de sangue ao seu redor.
A primeira coisa que ele se perguntou foi como os “zumbis” não haviam sentido
o cheiro de seu sangue, mas isso não importava, o importante era que não
estavam ali, sem sinal deles também. Ele pensou em gritar por Susan, mas
isso seria arriscado demais.
Tentou se levantar e se apoiar apenas em uma perna, mas não conseguiu,
doía demais.
Por sorte, o manequim abaixo dele estava sem uma perna, olhou para o lado e
pegou a perna do manequim. “Precisarei disso mais do que você...” pensou
ele.
Apoiou-se na perna provisória e consegui se levantar, “andou” para fora da
vitrine, olhou para os lados. Nada. Nada além do caos.
Incontáveis lugares em chamas, carros capotados, tanques de guerra em plena
rua, aviões caídos em chamas, prédios em pedaços. Parecia um cenário de
alguma guerra.
Avistou uma farmácia incrivelmente intacta. O nome?
Blackout Pharmaceutics – Loja um.
- Coincidência? – falou para si mesmo – Acho que não.
A loja estava trancada. Típico. A porta pedia uma identificação, Sam vasculhou
seus bolsos a procura de algo, achou sua carteira, dentro dela estavam um
cartão do Wallmart, alguns documentos e seu crachá de identificação.
Pegou seu crachá e colocou no compartimento da porta que pedia pelo
mesmo.
A mesma voz suave e metálica do prédio disse:
- Bem vindo a Blackout Pharmaceutics, por favor, identifique-se.
- Sam Collins, infectologista – disse.
A porta abriu com um estrondo.
- Fique à vontade Sam – disse a “gentil máquina”.
Ele entrou cambaleando. Uma farmácia comum, só que 10 vezes maior, mais
espaçosa e organizada que as demais.
Pensou que ir ao banheiro seria interessante, até porque ele poderia se olhar
no espelho pela primeira vez desde que acordou naquela desastrosa manhã.
Foi até a porta que dizia banheiro para funcionários, achou que esse era o
caso, até porque era a mais perto.
Abriu a porta, lá estava Susan, olhando no espelho, e chorando.
- Meu Deus, como sou feio – disse Sam, sem perceber o choro de Susan –
Susan, por que está chorando? – Ela não respondeu e ele a abraçou
gentilmente.
- Porque estou chorando? Você provavelmente já viu lá fora? Todo aquele
caos?
- Sim, já vi sim, nervosinha.
III
Eles saíram do banheiro dos funcionários, observaram um pouco o caos que se
passava por trás das janelas, quando Susan quebrou o silêncio:
- Vamos cuidar dessa perna agora?
- Achei que você não tinha visto...
- Tem como não ver isso? – Puxou uma cadeira que ficava atrás de um dos
caixas – Sente aí, vou ver o que posso fazer
Ela voltou um tempo mais tarde com algumas ataduras, álcool, um par de
luvas, uma máscara cirúrgica, alguns antibióticos e um pacote com itens
cirúrgicos, como, por exemplo, um bisturi, e suturas (O que isso estaria fazendo
em uma farmácia é uma boa pergunta).
- Vamos ao trabalho garotão – entregou a toalha para ele – Morda isso, não
achei nenhum anestésico então, isso pode doer um pouco.
- Um pouco? – disse ele, visivelmente assustado.
- Pare de ser uma menininha.
Ela abriu o pacote dos instrumentos cirúrgicos, colocou o álcool em uma
vasilha que pegou no balcão do caixa.
- Tome isso daqui – disse, entregando um antibiótico e um pouco de agua para
ele – E morda a toalha, vamos começar.
Depois de um tempo, Sam apagou novamente.
Quando acordou, Susan estava ouvindo o rádio em seu celular:
- ... foi declarado estado de calamidade pública na cidade de Nova York, o
presidente está considerando a hipótese de um ataque nuclear nas próximas
duas horas. Não se sabe ao certo se há sobreviventes, há helicópteros
sobrevoando a cidade a procura de pessoas, mas até agora, nada, nada além
do caos e da destruição.
Ela desligou o rádio e se virou para o Sam.
- Finalmente bela adormecida, achei que não fosse mais acordar.
- Aquilo que você me deu não era antibiótico ne?
- Nem de longe, era anestesia geral. Sim, em comprimido, tem cada coisa
estranha nesse lugar...
- Imagino, mas eles realmente vão explodir a cidade?
- Creio que sim, na verdade, espero que sim.
- Como assim? Você quer que eles joguem uma bomba atômica aqui?
- Sim, se isso for salvar o resto do mundo dessa pandemia...
- Deve haver outro jeito...
- E há, é só você calar essa boca e a gente pode sair da cidade antes que ela
suma do mapa, pode ser?
Sam riu e se levantou, na medida do possível, se poiou novamente na pena
provisória e então eles pegaram algumas coisas que poderiam precisar, como
aspirinas, antibióticos, morfina, bandagens, curativos, luvas e um refrigerante,
que dividiram enquanto saiam da farmácia. Colocaram todo o resto em uma
sacola e foram para o mercado no fim da rua.
Entraram no Wallmart que estava mais pra shopping, tinha praça de
alimentação, brinquedos, lojas de roupas, enfim, um shopping/mercado.
Mas tinha centenas de zumbis lá dentro, por isso nem passaram de porta.
- Que pena – disse Sam – eu tenho o cartão.
Susan riu.
Eles ouviram o barulho de um filhote de cachorro chorando vindo da lateral do
prédio, seguiram o som e encontraram uma casinha de cachorro, daquelas de
viagem, com uma mão decepada encima, segurando a alça, e uma caixa de
leite ao lado.
Sam abriu a casinha e pegou um filhote de labrador marrom, obviamente
faminto.
Ele pegou uma luva, colocou leite na parte do dedão, fazendo uma espécie de
bolsa para o leite, fez um furo na ponta e deu ao filhote, que bebeu
rapidamente.
Ele entregou o cachorro a Susan, e disse:
- Precisamos de um carro.
- Creio que aquela Land Rover esteja de bom tamanho – disse, apontando
para uma Land Rover nova e brilhante estacionada na frente do mercado.
- É, pode ser – disse Sam, sorrindo.
IV
A porta estava aberta.
- Pelos menos as coisas parecem estar começando a ir ao nosso favor – disse
Susan enquanto colocava a cabeça dentro do carro e observava-o
minuciosamente.
- Por enquanto. – Sam falou ao mesmo tempo em que rapidamente procurava
as chaves do carro.
- Pare de pessimismo! – Susan lançou um olhar feio para Sam ao mesmo
tempo em que colocava o pequeno filhote ajeitado no banco e retirava-se.
- Antes de darmos o fora daqui, vamos pegar o máximo de gasolina e
mantimentos que pudermos.
Susan apontou para trás e Sam olhou o posto abandonado que Susan havia
apontado.
- Faz sentido - disse Sam, ao encontrar as chaves – Vamos começar pelo
porta luvas da próxima vez.
Deixaram o carro e encaminharam-se ao posto de gasolina, na esquina do que
restava do prédio da Blackout Pharmaceutics. Sam olhou em volta durante
alguns instantes, pensando que deveria conhecer aquele lugar. Mas é claro,
não lembrava-se. Tinha breves flashes de memória, mas não conseguia focar
em nada. Somente tinha a leve impressão de que aquele prédio lhe era
familiar, mesmo caindo aos pedaços, coberto de sangue cheirando podre. Isso
irritava-o.
- Adorei o que fizeram com esse lugar, quero o número do decorador – disse
Sam.
- Creio que terá que pedir o telefone as cinzas de um zumbi, então. – Susan
sorriu aproximando-se da loja de conveniências. Puxou uma. Duas vezes o
trinco da porta. - Está trancada. – Ela mordeu o lábio e olhou para Sam. –
Ideias?
Sam olhou em volta, considerando o que tinha em mãos.
Sam procurou atrás do extintor de incêndio que ficava ao lado da porta, e
encontrou uma chave.
- Sempre tem uma chave reserva em algum lugar – disse, abrindo a porta.
Entraram na loja e pegaram alguns galões do setor de limpeza, esvaziaram e
encheram de gasolina, totalizando cinco galões de vinte litros cada.
- É, isso dá pro gasto – disse Susan.
- Sim, mas eu to com fome. E minha perna está doendo demais.
- Tá, vamos fazer um lanchinho e passar alguma coisa nessa perna.
Ela pegou alguns hambúrgueres e colocou no micro-ondas, quando olhou para
trás, Sam estava tendo uma convulsão.
- Tá, mantenha a calma, levante a cabeça do paciente... E o que mais
mesmo? Ah meu Deus – disse desesperada, e correu até ele, que estava no
chão, colocou a cabeça dele em seu colo – Fica comigo Sam, por favor, para
com isso!
Ela virou a cabeça dele para o lado, na esperança de surtir algum efeito, mas
nada aconteceu.
Alguns segundos desesperadores depois, ele para de contorcer, tremer e de
espumar pela boca.
- Creio que nosso lanche esfriou – disse Susan, aliviada.
- Que pena, mas o que aconteceu?
- Você teve uma convulsão...
- Parece divertido – disse, sorrindo.
- Vamos deixar os galões aqui, por enquanto – disse Susan.
Ela guiou ele até a loja de departamentos onde ele destruiu a vitrine, um
manequim e a própria perna, lá pegaram mochilas e encheram com roupas e
com um edredom, colocaram tudo no carrinho de compras junto a dois
cobertores, dois travesseiros, garrafas d’agua, salgadinhos, comida enlatada,
uma almofada e uma manta para o filhote, bem como leite, ração de filhotes e
uma nova casinha de cachorro, do tamanho de uma casa para labrador, azul e
estofada.
Aproveitaram para trocar de roupa, Sam colocou uma calça jeans preta, uma
camiseta também preta com estampa do Metallica, um par de All-Stars e uma
jaqueta de couro.
- Bem melhor – disse, sorrindo e dando uma volta.
Aos olhos de Susan, ele parecia um deus grego. Ela, por sua vez, escolheu
uma calça jeans também, com marcas de garras, uma camiseta branca
estampada com uma borboleta gigante e colorida e uma jaqueta de couro
bordô.
Sam avistou um par de muletas próximo a saída de emergência.
- Isso será útil – disse ele, colocando a mochila nas costas e se apoiando nas
muletas.
Eles saíram da loja, com Susan levando o carrinho, com sua mochila nas
costas.
Foram até o posto e pegaram os galões de gasolina, que Susan também
colocou no carrinho.
Seguiram até o carro, onde colocaram as coisas no porta-malas, menos a
casinha do cachorro com sua almofada e manta, os travesseiros e os
cobertores, que foram para o banco de trás, a casinha devidamente instalada
no canto esquerdo.
Sam pegou o filhote no colo e seguiram, com Susan na direção até uma oficina
mecânica, uns dois quilômetros adiante.
Pegaram um step e equipamentos para trocar os pneus, bem como uma
bateria reserva.
E seguiram viagem para fora da cidade, tinham que ir rápido pois o cronometro
regressivo que Susan ativou quando ouviu a mensagem no rádio estava em 31
minutos.
A estrada estava difícil de se seguir, devido à falta de iluminação, pois a
maioria dos postes de luz estavam apagados ou caídos, o que salvava era o
GPS...
Viram alguns zumbis no caminho, mas não muitos.
- Onde será que eles estão? – questionou Sam.
- Não sei, talvez nas casa ou nos parques, a única coisa que importa é que
sua memória voltou.
- Sim, isso é realmente muito bom – disse Sam, pensativo – Eu acho.
VI
Eles chegaram na ponte George Washington, o cronômetro estava em 3
minutos.
Durante todo o percurso eles observaram os carros abandonados e
ensanguentados, todos devem ter tentado desesperadamente fugir da cidade,
mas os zumbis não deixaram.
Susan acelerou o carro no máximo, seguindo por uma pista que estava
fechada.
Sam colocou o filhote no banco de trás, dentro da casinha.
- Precisamos de um nome para ele – disse.
Nesse momento um raio atingiu o rio Hudson abaixo deles.
- Thunder – disse Susan.
- Faz sentido.
Quando chegaram do outro lado da ponte, Susan atropelou a barreira, e eles
finalmente saíram da ilha de Manhattan, adentrando o estado de Nova Jersey.
- Dez segundos – disse Susan.
Continuaram correndo com o carro pela cidade aparentemente deserta até que
o contador apitou. Acabou o tempo.
Porém nada aconteceu, nada além do silêncio.
Susan ligou o rádio do carro, todas as estações estavam transmitindo para os
cidadãos de Nova Jersey que ficassem tranquilos, as pontes seriam
derrubadas, isolando a ilha de Manhattan, que foi onde tudo começou, e
dariam início a descontaminação.
Ela desceu do carro, junto ao Sam, quando Black Hawks se aproximaram e
explodiram todas as pontes que conectavam o país a ilha de Manhattan, então
aumentaram a altitude e jogaram misseis por toda a ilha, mas nenhum deles
explodiu enquanto eles não se afastaram.
O rádio ainda estava transmitindo.
- ... o presidente cancelou o ataque nuclear, mas a descontaminação ainda
está sendo feita com misseis de longa distância, a ilha deixará de existir dentro
de alguns segundos.
Um pequeno tremor aconteceu, e pareceu que o ar da cidade estava sendo
sugado.
Então Susan abraçou Sam, quase derrubando-o.
- Sentirei falta da minha casa.
- Eu também Su, eu também.
E todos os mísseis detonaram, deixando a ilha totalmente em chamas.
- Misseis incendiários – disse Sam – enfim não precisaremos de nada que
pegamos na loja de departamentos, nada além da casinha do Thunder.
- Nunca se sabe Sam, nunca se sabe.
VII
Sam foi para o carro pegar o Thunder, mas ele estava dormindo, então
resolveu estacionar o carro em um estacionamento local, que estava deserto
também.
- Isso aqui é uma espécie de cidade fantasma ou o que? – disse Susan,
visivelmente assustada.
- Provavelmente – disse Sam, mancando até ela.
Eles caminharam por algum tempo, até chegarem em uma padaria que estava
aberta.
- Comida grátis – disse Sam – Minhas duas palavras preferida juntas.
Entraram e se serviram de alguns salgados e coca.
De repente ouviram uma espécie do granido vindo do lado de fora.
- O que é isso? – perguntou Susan.
- Um zumbi, talvez, embora eu espero que esteja errado.
Sam pegou uma faca que viu no balcão, e uma Glock que estava colada atrás
de um pôster perto da porta.
- Esconderijo legal – disse.
Seguiram para o lado de fora e viram uma horda de pelo menos 300 zumbis,
correram rapidamente para dentro, ou quase, a perna do Sam não estava
ajudando.
- Vá até a cozinha e ligue o gás, eu seguro as pontas por aqui – disse,
conferindo a munição da arma – espero que as aulas que você me deu sirvam
para alguma coisa.
- Servirão – disse Susan, abrindo os fornos e ligando o gás, e depois seguindo
para os 4 fogões industriais, fazendo a mesma coisa – Pronto Sam, vamos!
Sam pegou uma pedra que estava segurando alguns panfletos no balcão e
cambaleou o mais rápido que pode para a cozinha, saíram por uma porta dos
fundos que dava pra a rua do outro lado.
Susan acendeu um fósforo que havia encontrado na cozinha e atirou-o para
dentro da cozinha enquanto corriam.
A panificadora explodiu ao longe alguns segundos depois, Sam havia
aprendido a correr usando as muletas, usando elas para impulsionar seu corpo
para frente, chegaram ao carro em segurança.
- Thunder, temos problemas – disse Susan, indo até o banco do motorista.
- Como a infecção chegou até aqui?
- Ela se espalha pelo ar, provavelmente.
- Mas como tem pessoas como nós que não fomos infectados pelo ar?
- Talvez somos imunes a esse tipo de transmissão, mas se formos atacados
nos tornaremos em um deles, se é que eles deixam alguma coisa para trás.
- Bom, explodir Nova York não resolveu então, e agora, o que fazemos?
- Irmos para o mais longe que pudermos, eu acho.
Sam olhou pelo retrovisor e viu cinco Black Hawks se aproximando, mas dessa
vez estavam acompanhados, junto a eles havia um F-22 Raptor modificado.
VIII
Tentaram acenar, não deu certo.
Fugir? Muito menos.
Susan acelerou a Land Rover no máximo, desesperada, enquanto Sam
destravou a Glock e atirou na janela do Black Hawk que estava à frente,
nenhum arranhão.
Sam pisoteou o chão, frustrado e gritou para Susan entrar o mais fundo
possível na cidade quando um dos Black Hawks explodiu no ar.
Um tanque de guerra 5 vezes maior que um carro popular entrou rapidamente
na rua, indo logo atrás do carro deles.
Sua torreta tripla atirou em três dos Black Hawks ao mesmo tempo,
derrubando-os. O som dos torpedos sendo disparados fazia o carro inteiro
tremer, e aquecia todo o carro ao mesmo tempo que formava uma bola de
fumaça cada vez que um míssil era disparado, imagine isso multiplicado por
três.
Agora só faltava um Black Hawk e o F-22 Raptor
O F-22 fez uma manobra evasiva e se retirou, quebrando a barreira do som
acima deles, já o Black Hawk tentou soltar mísseis no tanque porém tanto o
tanque quanto a Land Rover desviaram, entrando em uma rua de mão única,
residencial.
O tanque parou e deu meia-volta rapidamente, o que era fisicamente
impossível devido ao seu tamanho e recolheu as torretas, acima do tanque
surgiu uma metralhadora que parecia uma .50, que começou a fuzilar o
helicóptero.
O que parecia ser uma .50 obviamente era algo muito mais poderoso, pois
cada disparo criava uma onda sônica atrás de si, transformando o helicóptero
em uma peneira, que caiu e explodiu bem na frente do tanque, mas sem
causar nenhum dano nele.
A Land Rover havia parado logo que percebeu que o tanque havia parado,
Sam e Susan desceram do carro, obviamente admirados. O tanque abriu uma
escotilha na parte de trás e um homem de uns tinta anos, com uniforme do
exército americano desceu. Ele era moreno, seu cabelo tinha um corte militar,
ele era alguns centímetros mais alto que o Sam.
- Obrigado pela sua ajuda, seja lá quem for – disse Susan.
- Sargento Nick Baker, ao seu dispor – disse, se aproximando deles
lentamente.
- Sam Collins, ao seu, eu acho – disse, cumprimentando Nick.
- E você senhorita? – disse Nick, sorrindo – Como é o seu nome?
- Susan Meyer.
- Bom – disse Sam – onde arrumou esse tanque?
- Essa belezinha aqui? Eu fiz treinamento com ele a algumas semanas, e
quando soube que estava havendo uma infecção, achei que ele poderia ser
muito útil. É basicamente uma arma em fase de testes, incrível né?
- Sim, muito, especialmente pela capacidade de destruição em massa que ele
tem.
- Isso também, mas sinceramente, será que podemos dar o fora daqui? Não
seria legal se aquele F-22 voltasse.
Sam olhou para Nick e para Susan, e depois para Nick de novo, percebeu que
eles estavam se olhando.
- Acho uma ótima ideia – disse Susan ao perceber o olhar do Sam.
Eles entraram no carro e Nick entrou no tanque, assim que ele entrou no
tanque, dois painéis de captamento de energia solar surgiram nas laterais do
veículo e se levantaram, ficando no lugar onde antes estava a metralhadora.
- Boa tecnologia, a dele – disse Sam.
- Com certeza Sammy... – concordou Susan, rindo.
- Não me chame assim, você sabe que eu odeio isso...
- Por que você acha que eu faço?
X
Seguiram para dentro da cidade, com o tanque de Nick a frente. Ele os levou
até um aeroporto, do qual explodiu a entrada. Logo que entraram, Nick desceu
do tanque e foi até o carro.
- Eu tenho um plano – disse.
- Qual? – perguntou Susan abaixando o vidro.
- Aquele avião tem espaço suficiente para o tanque e o carro de vocês – disse,
apontando para um avião da carga pouco menor do que um Boeing – com ele,
voaremos até o Alasca, o rádio disse, na manhã anterior, que a infecção não
havia chegado até lá. É a nossa melhor chance, não acham?
- Acho que sim – disse Sam, um pouco desconfiado – mas quem vai pilotar
essa coisa?
- Eu e você Sam, eu sou piloto nas horas vagas, e você pode ser meu copiloto,
é só eu te ensinar algumas coisinhas.
- Podemos tentar.
Nick correu até um daqueles carrinhos/escada que leva as pessoas até a porta
dos aviões e o guiou até a porta do avião, entrando. Em seguida o
compartimento traseiro do avião se abriu e ele desceu correndo, fechando a
porta e tirando a escada do caminho. Entrou novamente no tanque, guiando-o
para dentro do avião, Susan fez o mesmo.
Uma vez dentro do avião, Susan pegou Thunder, que estava dormindo, e a sua
casinha, junto a uma caixa de leite.
Seguiram até a cabine, Nick sentou na cadeira de piloto e Sam na de copiloto,
Susan se sentou em um dos bancos do avião e colocou a casinha em outro,
mantendo a segura usando o cinto, colocou o cinto em si mesma e pegou uma
almofada que estava no banco ao lado, colocou a almofada atrás de sua
cabeça e dormiu.
Quando acordou, cinco horas depois, Sam estava no banco a sua frente com
Thunder nas mãos, e Nick estava perto do tanque, brincando com uma pistola.
- Chegamos? – perguntou.
- Sim, chegamos, finalmente – disse Sam – Dormiu bem?
- Nem percebi o tempo passar.
- Isso é bom – disse Sam levantando – Vamos ver o mundo lá fora?
- Depende... algum sinal de zumbis?
- Nada, por enquanto – disse Nick carregando a arma e colocando o
silenciador, ao mesmo tempo que pegou uma faca de caça de dentro do
tanque.
Sam também pegou a Glock que havia encontrado na padaria em Nova Jersey,
conferiu as balas, totalmente carregada.
- Você não teria munição para Glock, teria? – perguntou a Nick.
- Por sorte, sim – disse, lhe jogando um enorme cartucho circular e branco.
- E eu? Com que eu vou me defender?
- Que tal uma faca? Sabe lidar com elas? – perguntou Nick.
- Mas é claro que sei!
Nick lhe entregou uma maleta com um machete, uma face de combate, e ao
redor várias facas de arremesso.
- Também tenho um arco e algumas flechas, se quiser.
- Aceito - disse, entregando a faca de combate para o Sam.
Nick entregou o arco para Susan e dois socos ingleses pra cada um, e desceu
do avião.
XI
Sam sentiu um vento frio, como se estivessem jogando nitrogênio líquido em
suas costas. Fechou a jaqueta de couro que havia pegou na loja de
departamentos em Nova York e segurou as mãos frias de Susan, seguindo
Nick para o lado de fora.
Estava nevando do lado de fora, eles estavam em um aeroporto pequeno, do
tamanho de dois campos de futebol, de maneira que o avião ocupava grande
parte das pistas.
Havia sangue misturado a neve e parecia que haviam tentando pintar as
janelas do prédio do aeroporto de vermelho vivo com tripas, era um prédio com
6 andares, basicamente de vidro vermelho do lado de fora.
- Quer entrar lá? – perguntou Susan, percebendo que Sam olhava fixamente
para o prédio – deve haver zumbis bem amigáveis do lado de dentro.
- Não, só estou com um pressentimento estranho sobre ele.
- Deve ser apenas sua imaginação – disse Nick - vamos andando ou de carro?
A área parece limpa.
- Eu gostaria de andar um pouco, mas minha perna não permite, eu voto pra
irmos de carro... E você Susan?
- De carro também, embora esteja cansada de ficar tanto tempo sentada.
- Aqui vamos nó… – disse Sam, quando um barulho estrondosamente alto veio
do prédio, interrompendo-o – Porém, acho melhor checarmos isso antes.
- Não tenho certeza disso, mas acho que vale a pena checar mesmo –
concordou Susan, com um pé atrás.
- Bom, vamos logo então – disse Nick.
- E nós achando que não haveria infecção aqui – disse Nick, suspirando
decepcionado.
Ao chegarem perto do prédio, a familiar voz metálica disse:
- Identificação, por favor.
- Sam Collins, infectologista.
- Favor, inserir seu crachá de identificação no compartimento a sua esquerda –
Sam colocou o crachá – Seja bem-vindo ao aeroporto municipal de Sitka,
Alasca.
- Obrigado, mas porque você requisitou identificação para entrar no prédio?
- Questão de segurança dr. Collins, estamos enfrentando uma crise no
momento.
- E o que são essas coisas cobrindo o prédio?
- Disfarce, bem como o sangue na neve, do lado de fora.
- Reconfortante – disse Susan, se aproximando da porta ainda fechada, que
abriu automaticamente.
- Como devo chama-la?
- Se refere a mim dr. Collins? – perguntou a máquina.
- Sim, obviamente.
- Pode me chamar de Vicky.
- Vicky, pode me dizer se há alguma ameaça no interior do prédio?
- Não senhor, e em nenhum lugar da cidade, aliás.
- Obrigado, Vicky.
- Disponha.
Ao entrarem no prédio, todas as luzes se acenderam, revelando um saguão
perfeitamente limpo e decorado, com uma perfeita vista para a pista do lado de
fora.
Nick seguiu até uma porta onde estava escrito “Somente funcionários”.
- Aonde você vai Nick? – questionou Susan.
- Se vamos encontrar alguma coisa aqui dentro, ou se pretendemos descobrir
a origem do barulho, acho que devemos entrar lá.
- Talvez – concordou Sam, seguindo Nick até a porta.
Ao abrirem a porta, nada viam pois as luzes estavam apagadas, Susan
procurou por um interruptor, encontrou um ao lado da porta, apertou-o.
As luzes se acenderam, revelando uma sala vazia com paredes negras, vazia
exceto um elevador e uma maca com um espécie de cúpula ao redor.
- Mas o que diabos é isso? – perguntou Sam – parece que eu já vi isso antes,
em algum lugar.
- Isso é um med-pod Sam – disse Susan – Nós tínhamos um na Blackout
Pharma, não se lembra?
- Não... O que diabos isso faz?
- Ele conserta... – disse Susan, esperançosa, quando foi interrompida pelo
mesmo barulho que haviam ouvido do lado de fora, só que dessa vez muito
mais alto, fazendo o chão tremer – Uau, devemos estar perto da origem desse
barulho.
- Com certeza – concordou Nick – Mas o que isso daí conserta?
- Você – disse Sam – Lembrei dessa máquina, mas o nosso era apenas um
protótipo, nem sequer estava concluído, e esse aparentemente está funcional,
mas o que ele está fazendo em um aeroporto?
- Não faço ideia – disse Susan, curiosa – Mas com certeza ele pode curar a
sua perna Sam.
- Não acho uma boa ideia, lembra do aconteceu com o primeiro a usar o
protótipo não é?
- Sim, lembro, mas era apenas um protótipo, esse já está concluído, acho que
não tem nenhum risco.
- Pergunta – disse Nick – O que aconteceu com o primeiro a usar isso?
- Morreu de uma maneira muito dolorosa, ele havia apenas quebrado o braço,
e nosso chefe decidiu que ele usasse o med-pod – disse Sam.
- E você vai usar essa coisa?
- Creio que sim – disse Sam, em dúvida – Susan, se algo der errado, desligue.
- Pode deixar, agora tire a roupa e entre na máquina.
- Isso é realmente necessário Sue?
- Sim, a máquina só opera se o paciente estiver nu.
- Tudo bem, mas você pode ficar de costas um instante?
- Sam, pare de ser fresco.
- Tá bom – disse, tirando a camisa.
- Belo peitoral para um cientista – disse Nick.
- Muito engraçado Nick, muito engraçado – disse, tirando a calça e entrando
na máquina.
- Favor identifique a natureza de sua lesão – disse Vicky.
- Fratura – disse Sam.
- Iniciando operação – disse Vicky, enquanto uma máscara de anestesia
surgiu no “teto” da máquina – Favor, coloque a máscara.
Sam colocou a máscara e apagou praticamente no mesmo instante.
- Então Nick, conte-me mais sobre você.
- O que você quer saber, exatamente?
- Como você entrou no exército, por exemplo.
Nick ponderou sobre o pedido de Susan, mas decidiu lhe dizer a verdade.
- Bom, é uma longa história. Eu nasci em uma família pobre em uma cidade
rural esquecida por Deus, no Brasil. Minha mãe morreu durante o parto do meu
irmão, quando eu tinha seis anos. Meu pai ficou arrasado com a morte dela e
cometeu suicídio algum tempo depois... Eu e meu irmão fomos morar com
meus avós maternos, que moravam em uma mansão enorme na cidade de Los
Angeles, mas eles não davam a mínima para nós, cuidavam da gente como se
não passasse de uma obrigação. Contataram uma ama de leite para John, meu
irmão e pagavam um colégio interno para mim, para que eu pudesse ficar o
maior tempo possível longe deles. Apesar de serem ricos, eram extremamente
arrogantes e não davam nada que uma criança normal ganha de seus pais,
brinquedos, carinho, amor... – fez uma pausa – Enfim, eu não podia contar
com eles para nada. Quando completei 16 anos meu irmão já estava com dez,
e decidi que devíamos dar o fora daquela casa, peguei 350 dólares na bolsa de
minha avó durante a noite, arrumei nossas malas, que deram apenas duas
pequenas mochilas e fomos para a rodoviária. Lá pegamos um avião para
Nova York, onde morava um tio que sempre ia nos visitar no Brasil, John se
perguntava se eles ia nos ajudar ou apenas nos ignorar como nossos avós
faziam. Eu o confortei dizendo que ele seria legal conosco, pois ele sempre foi
legal comigo quando visitava nossos pais. Ele ficou meio desconfiado, mas
apoiou a cabeça no meu ombro e dormiu. Eu dormi cerca de meia hora depois
e quando acordei estava chovendo muito forte, meu irmão ainda estava
dormindo tranquilamente... foi quando um raio atingiu uma das turbinas do
avião, nos derrubando. Eu apaguei, e quando acordei estava em um leito, na
casa de meu tio, 5 anos haviam se passado. E ele me explicou o que havia
acontecido, inclusive a morte de meu irmão e minha escapatória milagrosa do
acidente.
- Meu Deus Nick, eu sinto muito.
- Obrigado, mas eu já superei isso, achei que ele fosse querer isso. Eu entrei
no exército após meu tio, que cuidou muito bem de mim, perder a luta contra o
câncer. A segunda grande perda de minha vida. Mas enfim, vamos ver se seu
namoradinho está bem – riu.
- Ele não é meu namorado!
- Sei, sei.
Sam acordou cerca de dez segundos depois, ainda dentro da máquina.
- Cirurgia concluída – disse Vicky.
O med-pod se abriu e Sam se sentou, examinando sua perna, havia uma
pequena cicatriz camuflada no lugar onde antes estava seu osso.
- Como está se sentindo? – perguntou Susan.
- Bom, eu estou vivo e, ahn minha perna parece estar ótima – disse, se
levantando e olhando para sua perna;
- Simples assim? – perguntou Nick – Não precisa nem de fisioterapia?
- Aparentemente não – disse Sam, andando até Susan.
- Será que devemos entrar naquele elevador? – perguntou Susan – enquanto
você estava em cirurgia, eu fui até lá ver, ele pede um crachá, mas só tem um
botão, uma seta para baixo.
- O que temos a perder? Mas antes preciso me vestir.
- Boa ideia – disse Nick.
Sam colocou suas roupas e seguiu até o elevador, colocando seu crachá no
compartimento indicado.
- Acesso negado – disse Vicky – Somente pessoal autorizado.
- Será que você pode me dizer o que tem lá embaixo Vicky? – disse Susan.
- Informação restrita.
- Tudo bem então, acho que não há nada para nós lá dentro – disse Nick.
- Pois é, o jeito é voltar para os carros e seguir viagem, Thunder deve estar se
sentindo sozinho – disse Susan.
Seguiram para a porta, quando as portas do elevador se abriram e Vicky disse:
- Doutor James Meyer aguarda vocês.
- Meu irmão? – disse Susan, assustada – Impossível, ele morreu há alguns
anos em um acidente de avião.
- Bom, aparentemente não – disse Sam, entrando no elevador – Vamos
encontrar seu irmão.
Entraram no elevador, que automaticamente fechou as portas e seguiu seu
trajeto em direção ao desconhecido.
XII
Alguns instantes agonizantes dentro do elevador e Susan já estava suando frio.
Quando as portas finalmente se abrira, revelaram um novo pesadelo.
Um corredor longo, largo e escuro, com várias portas dividas por um intervalo
de paredes. A medida que iam andando por ele, luzes nas paredes laterais se
acendiam, dando ao local um brilho avermelhado que, aos olhos de Susan,
deixava o lugar ainda mais assustador.
Cerca de 100 metros de caminhada silenciosa depois, se depararam com uma
mudança na cor do piso, que de um cinza escuro, passou ao um vermelho vivo,
um vermelho de sangue.
Havia corpos espalhados por todo o lugar, alguns presos nas paredes, alguns
pedaços pelo teto, dos quais escorriam sangue. Nesse ponto, apenas algumas
das luzes e acendiam, e ainda não acendiam totalmente, ficavam piscando
rapidamente, o que dava a eles apenas alguns flashes da chacina onde
pisavam.
- Meu Deus – disse Susan, ainda mais apavorada do que antes – O que será
que aconteceu aqui?
- Não são pessoas – disse Nick, se ajoelhando ao lado de um corpo que
estava sentado, apoiado na parede – São zumbis.
- Melhor ainda – disse Sam – Ótima companhia...
Uma porta se abriu a alguns metros adiante, iluminando o corredor com uma
forte luz branca.
- Por favor – disse Vicky – Sigam para a descontaminação.
Eles obedeceram, seguindo em direção a luz.
A luz diminuiu, revelando uma sala com paredes brancas. Nada além de
paredes brancas.
- Parece divertido – disse Sam, com a voz ecoando pela sala.
- Muito divertido – concordou Nick.
A porta se fechou assim que Susan entrou atrás deles. Alguns ladrilhos se
abriram nas paredes, revelando pequenos tubos, dos quais começou a sair
uma espécie de gás.
- Favor, retirem suas roupas e coloquem no compartimento a sua esquerda –
disse Vicky, no momento que uma espécie de gaveta com três divisórias surgiu
da parede a esquerda.
Nick começou a se despir, com óbvia timidez estampada em seu rosto. Sam
fez o mesmo. Ao terminarem, Susan pediu para fecharem os olhos.
- Isso não é justo – brincou Nick, obedecendo-a.
Sam deu as costas para ela, seguindo o exemplo de Nick.
- Bela tatuagem – disse.
- Obrigado – agradeceu Nick, passando a mão por cima da tatuagem de um
leão africano em seu peito.
- Por favor, fechem seus olhos e prendam a respiração até a descontaminação
estar completa – pediu Vicky.
O gás começou a sair dos tubos em maior quantidade, cobrindo a sala com
uma nuvem avermelhada. Cerca de quinze segundos depois a
descontaminação terminou.
- Podem colocar as suas roupas novamente, por favor – disse Vicky.
Ao terminarem de se vestir, a porta se abriu; revelando um homem de estatura
média, cerca de 1,70, com cabelos ruivos e olhos verdes, como os de Susan.
- James!? – Indagou Susan, correndo para abraça-lo – Onde diabos você
estava esse tempo todo?
- Aqui – disse ele, sufocado pelo abraço apertado – E bom te ver de volta.
- Porque não nos deu notícias? Avisar que estava bem, qualquer coisa...
- Bem, é uma longa história... Eu acordei em um hospital depois do acidente,
sem lembrar de nada. Os médicos disseram que eu tive traumatismo craniano,
e que provavelmente haveriam sequelas. Essa foi minha sequela, esquecer.
- E como você sabe sobre ele?
- Algum tempo atrás, quando Vicky me disse que eu estava lá, no avião, foi
quando eu comecei a ter flashes de memória, e lembrar de tudo. Ela havia me
alertado para que eu pudesse tomar conta de você, e de seus amigos.
- Deus, como eu senti sua falta – disse, abraçando-o novamente – E Vicky,
obrigada... ahn... por tudo.
- Não há o que agradecer, Susan.
- Deveria fazer mais do que um obrigada Susan – disse James, com um
sorriso enorme estampado em seu rosto – Ela desobedeço as ordens de seu
criador, ao me alertar.
- Criador?
- Sim, meu sócio na criação da empresa. Eu era o cérebro, e ele o dinheiro.
Mas essa é uma longa história, e eu gostaria de falar sobre isso mais tarde, se
possível – disse, com sua expressão mudando de alegre, para séria e, aos
olhos de Susan, assustada - Agora use os bons modos e me apresente a seus
amigos – disse, sorrindo novamente.
- Ah sim, desculpa... Sam, Nick, meu irmão, James... também conhecido como
Jimmy – riu.
- Prazer em conhecê-los, e obrigado por cuidar da minha maninha.
- O prazer... – disse Sam, cumprimentando-o com um aperto de mãos – é todo
meu.
- E meu também – disse Nick, fazendo o mesmo.
- Bom rapazes, creio que devam querer explicações, correto?
- Ei, eu também quero! – disse Susan, dando um soco em suas costas.
- Sim, é claro... Vicky, abra as portas do laboratório, por favor.

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  • 1. Crônicas da Morte – Livro 1 – Apocalipse I Vamos começar com uma verdade bem simples. Meio dura, mas simples. Demônios existem. Anjos existem. Fantasmas existem. Eu existo. “Existir” é o termo errado, até porque esse alguém acredita em você, você automaticamente existe, nem que seja apenas na cabeça dessa pessoa. É melhor dizer que nós somos reais. Quem sou eu? A Morte é claro. Eu sou um cavalheiro. Não nesse sentido, mas enfim. Uma explicação rápida: Lúcifer era um anjo, ele desobedeceu a Deus e assim ele caiu do céu, começando assim o Inferno. Ele criou os demônios. Eu sou um anjo também. Um anjo negro, é claro, mas ainda sim um anjo. Eu e meus três irmãos somos chamados de Cavalheiros do Apocalipse. Morte, Fome, Peste e Guerra. Meus irmãos não são tão bonzinhos quanto eu, garanto. Porque eu sou diferente dos outros anjos? Porque minhas asas são negras? Isso é porque a morte em si é descrita como uma coisa sombria, negra, assustadora. Um esqueleto com um manto negro e uma foice? Me poupe... Seria legal se eu fosse assim na verdade, mas eu sou apenas um homem. Um homem com asas negras gigantescas, cada uma do tamanho de um ônibus escolar. Eu tenho 1,83 de altura, sou consideravelmente forte e robusto, devido aos meus milhões de anos, tenho cabelos negros como petróleo, olhos verdes escuros e barba a fazer. Tenho a mesma idade que Deus, aliás fui a primeira criação Dele, sou Seu primeiro filho. Meus irmãos não tem asas, felizmente. Se eles tivessem o estrago causado por eles seria bem maior, bem como a minha dor de cabeça. Peste é responsável pelas doenças. Aquela gripe chata que você pega no inverno sabe? Culpa dele. Guerra é responsável por qualquer desavença, de qualquer tamanho e proporção, de uma discussão entre vizinhos ás grandes guerras. Fome é culpado por todos os timos de fome, de amor, de comida, de dinheiro, de qualquer coisa que você consuma ou faça, ele pode causar fome de maneira inimagináveis. E eu, obviamente sou aquele que te leva embora desse mundo. Para o céu, inferno, que seja. Isso não sou eu que decido.
  • 2. Mas com o tempo eu fui me cansando de fazer tudo sozinho, então eu criei meus ceifadores. São pessoas normais também, eles não tem asas, mas são capazes de se tele transportar para o lugar onde alguém morreu. Os fantasmas são apenas pessoas, que morreram mas não quiseram ir embora, e de algum jeito escaparam de mim e de meus ceifadores. Ficaram no mundo dos vivos. Mas com o tempo, foram ficando tristes e na maioria dos casos, revoltados. Eu vou lhe contar uma história agora. E se não tiver coragem o suficiente para ouvir uma história que é basicamente sobre a verdade, pare de ler agora mesmo, feche o livro e coloque ele no lugar de onde pegou. Sim, é um livro sobre o Apocalipse, mas de um jeito diferente, contado sobre outra perspectiva, uma mais assustadora, mais real. ............................................................................................................................... Sam acordou assustado, pessoas gritando e correndo, alarmes tocando por toda a parte, e uma voz suave e metálica dizendo: - Atenção todos os funcionários, uma ameaça biológica foi registrada no 5º andar, por favor deixar o prédio imediatamente. Uma descontaminação de emergência será realizada em 2 minutos... Sam não lembrava de nada, exceto seu próprio nome, ele estava vestindo um terno convencional e uma gravata vermelha, tinha um crachá em seu peito escrito Sam Collins – Infectologista. Ele se levantou da cadeira de seu escritório (ele sabia que era seu pois seu nome estava escrito em uma placa de madeira encima da mesa). Seu escritório parecia mais um escritório de advocacia, armários de arquivos, uma estante de madeira colonial lotada de livros, uma mesa enorme de costas para a janela, com um computador moderno e duas cadeiras reclináveis e giratórias a frente de sua mesa, em geral, era um escritório de advocacia, exceto os espécimes empalhados na parede da esquerda. Um lobo, um leão e uma espécie de pássaro que Sam não reconheceu. Andou até a porta. Trancada. A porta pedia uma identificação por voz e sua digital do polegar esquerdo, após seguir todos os passos, a porta se abriu com um solavanco, revelando o verdadeiro caos. As pessoas continuavam correndo e gritando em desespero, por um momento ele se perguntou o motivo, mas em seguida descobriu, e desejou estar dormindo ainda. Seres que pareciam pessoas, porém cobertas de sangue, atrás dessas criaturas, corpos de pelo menos 200 pessoas, e uma poça de sangue que cobria praticamente todo o andar do prédio. Ele olhou para cima, uma placa azul com letras enormes que diziam: 5º andar, setor de pesquisas, Blackout Pharmaceutics – You, further.
  • 3. A moça da voz suave e metálica já havia repetido a frase pelo menos 3 vezes, quando a repetiu novamente: - Atenção todos os funcionários, uma ameaça biológica foi registrada no 5º andar, por favor deixar o prédio imediatamente. Uma descontaminação de emergência será realizada em 30 segundos... Sam entrou em pânico, tentou achar um elevador ou uma escada rolante, ou qualquer outra coisa que pudesse o levar para o andar térreo, encontrou uma escada, porem estava cercada de pessoas e mais daqueles criaturas, que definitivamente pareciam zumbis, porém velozes, muito velozes. Sam correu para fora de sua sala, esbarrando com uma mulher ruiva de olhos verdes, da mesma altura que ele. - Sam, não acredito que te encontrei! Ele ficou parado a encarando por alguns instantes. - Sam, acho melhor a gente sair daqui logo, siga-me. Ele obedeceu, seguindo-a correndo. - O que está acontecendo aqui? – questionou Sam – Quem é você? - Você não se lembra de mim? Não se lembra de nada? Bom, não temos muito tempo, mas meu nome é Susan Meyer. Vamos, conversamos lá fora. Então ela acelerou ainda mais, aproximou-se de uma janela e disse: - Por favor confie em mim, pule! - Você está louca? Ela não respondeu, sacou uma .12 de suas costas (que Sam não havia notado até então) e atirou duas vezes na janela, que se estilhaçou. Em seguida ela colocou a arma de volta nas costas e pulou. Sam não teve escolha senão acompanha-la. A contagem estava em cinco. Ele se concentrou, respirou fundo. Quatro. Flexionou os joelhos. Três. Se jogou. Dois. Susan o agarrou, estava de paraquedas. Um. Chegaram ao solo em segurança e correram. Sam sentiu um tremor, depois veio um clarão, sentiu um golpe nas costas, como ser atropelado por uma onda sônica, e foi lançado em direção a rodovia. Acertou a cabeça em uma janela de uma loja de departamentos e desmaiou.
  • 4. II Quando acordou já era noite, estava caído encima de um manequim vestindo roupas esportivas, estava sozinho, nenhum sinal de Susan, sua cabeça doía horrivelmente. Os gritos haviam cessado, na verdade, estava tudo em silêncio exceto pelo barulho de coisas queimando, tentou se levantar mas não conseguiu, sua perna esquerda doeu ainda mais que sua cabeça, olhou para ela, uma fratura exposta grotesca e uma poça de sangue ao seu redor. A primeira coisa que ele se perguntou foi como os “zumbis” não haviam sentido o cheiro de seu sangue, mas isso não importava, o importante era que não estavam ali, sem sinal deles também. Ele pensou em gritar por Susan, mas isso seria arriscado demais. Tentou se levantar e se apoiar apenas em uma perna, mas não conseguiu, doía demais. Por sorte, o manequim abaixo dele estava sem uma perna, olhou para o lado e pegou a perna do manequim. “Precisarei disso mais do que você...” pensou ele. Apoiou-se na perna provisória e consegui se levantar, “andou” para fora da vitrine, olhou para os lados. Nada. Nada além do caos. Incontáveis lugares em chamas, carros capotados, tanques de guerra em plena rua, aviões caídos em chamas, prédios em pedaços. Parecia um cenário de alguma guerra. Avistou uma farmácia incrivelmente intacta. O nome? Blackout Pharmaceutics – Loja um. - Coincidência? – falou para si mesmo – Acho que não. A loja estava trancada. Típico. A porta pedia uma identificação, Sam vasculhou seus bolsos a procura de algo, achou sua carteira, dentro dela estavam um cartão do Wallmart, alguns documentos e seu crachá de identificação. Pegou seu crachá e colocou no compartimento da porta que pedia pelo mesmo. A mesma voz suave e metálica do prédio disse: - Bem vindo a Blackout Pharmaceutics, por favor, identifique-se. - Sam Collins, infectologista – disse. A porta abriu com um estrondo. - Fique à vontade Sam – disse a “gentil máquina”. Ele entrou cambaleando. Uma farmácia comum, só que 10 vezes maior, mais espaçosa e organizada que as demais.
  • 5. Pensou que ir ao banheiro seria interessante, até porque ele poderia se olhar no espelho pela primeira vez desde que acordou naquela desastrosa manhã. Foi até a porta que dizia banheiro para funcionários, achou que esse era o caso, até porque era a mais perto. Abriu a porta, lá estava Susan, olhando no espelho, e chorando. - Meu Deus, como sou feio – disse Sam, sem perceber o choro de Susan – Susan, por que está chorando? – Ela não respondeu e ele a abraçou gentilmente. - Porque estou chorando? Você provavelmente já viu lá fora? Todo aquele caos? - Sim, já vi sim, nervosinha.
  • 6. III Eles saíram do banheiro dos funcionários, observaram um pouco o caos que se passava por trás das janelas, quando Susan quebrou o silêncio: - Vamos cuidar dessa perna agora? - Achei que você não tinha visto... - Tem como não ver isso? – Puxou uma cadeira que ficava atrás de um dos caixas – Sente aí, vou ver o que posso fazer Ela voltou um tempo mais tarde com algumas ataduras, álcool, um par de luvas, uma máscara cirúrgica, alguns antibióticos e um pacote com itens cirúrgicos, como, por exemplo, um bisturi, e suturas (O que isso estaria fazendo em uma farmácia é uma boa pergunta). - Vamos ao trabalho garotão – entregou a toalha para ele – Morda isso, não achei nenhum anestésico então, isso pode doer um pouco. - Um pouco? – disse ele, visivelmente assustado. - Pare de ser uma menininha. Ela abriu o pacote dos instrumentos cirúrgicos, colocou o álcool em uma vasilha que pegou no balcão do caixa. - Tome isso daqui – disse, entregando um antibiótico e um pouco de agua para ele – E morda a toalha, vamos começar. Depois de um tempo, Sam apagou novamente. Quando acordou, Susan estava ouvindo o rádio em seu celular: - ... foi declarado estado de calamidade pública na cidade de Nova York, o presidente está considerando a hipótese de um ataque nuclear nas próximas duas horas. Não se sabe ao certo se há sobreviventes, há helicópteros sobrevoando a cidade a procura de pessoas, mas até agora, nada, nada além do caos e da destruição. Ela desligou o rádio e se virou para o Sam. - Finalmente bela adormecida, achei que não fosse mais acordar. - Aquilo que você me deu não era antibiótico ne? - Nem de longe, era anestesia geral. Sim, em comprimido, tem cada coisa estranha nesse lugar... - Imagino, mas eles realmente vão explodir a cidade? - Creio que sim, na verdade, espero que sim. - Como assim? Você quer que eles joguem uma bomba atômica aqui? - Sim, se isso for salvar o resto do mundo dessa pandemia...
  • 7. - Deve haver outro jeito... - E há, é só você calar essa boca e a gente pode sair da cidade antes que ela suma do mapa, pode ser? Sam riu e se levantou, na medida do possível, se poiou novamente na pena provisória e então eles pegaram algumas coisas que poderiam precisar, como aspirinas, antibióticos, morfina, bandagens, curativos, luvas e um refrigerante, que dividiram enquanto saiam da farmácia. Colocaram todo o resto em uma sacola e foram para o mercado no fim da rua. Entraram no Wallmart que estava mais pra shopping, tinha praça de alimentação, brinquedos, lojas de roupas, enfim, um shopping/mercado. Mas tinha centenas de zumbis lá dentro, por isso nem passaram de porta. - Que pena – disse Sam – eu tenho o cartão. Susan riu. Eles ouviram o barulho de um filhote de cachorro chorando vindo da lateral do prédio, seguiram o som e encontraram uma casinha de cachorro, daquelas de viagem, com uma mão decepada encima, segurando a alça, e uma caixa de leite ao lado. Sam abriu a casinha e pegou um filhote de labrador marrom, obviamente faminto. Ele pegou uma luva, colocou leite na parte do dedão, fazendo uma espécie de bolsa para o leite, fez um furo na ponta e deu ao filhote, que bebeu rapidamente. Ele entregou o cachorro a Susan, e disse: - Precisamos de um carro. - Creio que aquela Land Rover esteja de bom tamanho – disse, apontando para uma Land Rover nova e brilhante estacionada na frente do mercado. - É, pode ser – disse Sam, sorrindo.
  • 8. IV A porta estava aberta. - Pelos menos as coisas parecem estar começando a ir ao nosso favor – disse Susan enquanto colocava a cabeça dentro do carro e observava-o minuciosamente. - Por enquanto. – Sam falou ao mesmo tempo em que rapidamente procurava as chaves do carro. - Pare de pessimismo! – Susan lançou um olhar feio para Sam ao mesmo tempo em que colocava o pequeno filhote ajeitado no banco e retirava-se. - Antes de darmos o fora daqui, vamos pegar o máximo de gasolina e mantimentos que pudermos. Susan apontou para trás e Sam olhou o posto abandonado que Susan havia apontado. - Faz sentido - disse Sam, ao encontrar as chaves – Vamos começar pelo porta luvas da próxima vez. Deixaram o carro e encaminharam-se ao posto de gasolina, na esquina do que restava do prédio da Blackout Pharmaceutics. Sam olhou em volta durante alguns instantes, pensando que deveria conhecer aquele lugar. Mas é claro, não lembrava-se. Tinha breves flashes de memória, mas não conseguia focar em nada. Somente tinha a leve impressão de que aquele prédio lhe era familiar, mesmo caindo aos pedaços, coberto de sangue cheirando podre. Isso irritava-o. - Adorei o que fizeram com esse lugar, quero o número do decorador – disse Sam. - Creio que terá que pedir o telefone as cinzas de um zumbi, então. – Susan sorriu aproximando-se da loja de conveniências. Puxou uma. Duas vezes o trinco da porta. - Está trancada. – Ela mordeu o lábio e olhou para Sam. – Ideias? Sam olhou em volta, considerando o que tinha em mãos. Sam procurou atrás do extintor de incêndio que ficava ao lado da porta, e encontrou uma chave. - Sempre tem uma chave reserva em algum lugar – disse, abrindo a porta. Entraram na loja e pegaram alguns galões do setor de limpeza, esvaziaram e encheram de gasolina, totalizando cinco galões de vinte litros cada. - É, isso dá pro gasto – disse Susan. - Sim, mas eu to com fome. E minha perna está doendo demais. - Tá, vamos fazer um lanchinho e passar alguma coisa nessa perna.
  • 9. Ela pegou alguns hambúrgueres e colocou no micro-ondas, quando olhou para trás, Sam estava tendo uma convulsão. - Tá, mantenha a calma, levante a cabeça do paciente... E o que mais mesmo? Ah meu Deus – disse desesperada, e correu até ele, que estava no chão, colocou a cabeça dele em seu colo – Fica comigo Sam, por favor, para com isso! Ela virou a cabeça dele para o lado, na esperança de surtir algum efeito, mas nada aconteceu. Alguns segundos desesperadores depois, ele para de contorcer, tremer e de espumar pela boca. - Creio que nosso lanche esfriou – disse Susan, aliviada. - Que pena, mas o que aconteceu? - Você teve uma convulsão... - Parece divertido – disse, sorrindo. - Vamos deixar os galões aqui, por enquanto – disse Susan. Ela guiou ele até a loja de departamentos onde ele destruiu a vitrine, um manequim e a própria perna, lá pegaram mochilas e encheram com roupas e com um edredom, colocaram tudo no carrinho de compras junto a dois cobertores, dois travesseiros, garrafas d’agua, salgadinhos, comida enlatada, uma almofada e uma manta para o filhote, bem como leite, ração de filhotes e uma nova casinha de cachorro, do tamanho de uma casa para labrador, azul e estofada. Aproveitaram para trocar de roupa, Sam colocou uma calça jeans preta, uma camiseta também preta com estampa do Metallica, um par de All-Stars e uma jaqueta de couro. - Bem melhor – disse, sorrindo e dando uma volta. Aos olhos de Susan, ele parecia um deus grego. Ela, por sua vez, escolheu uma calça jeans também, com marcas de garras, uma camiseta branca estampada com uma borboleta gigante e colorida e uma jaqueta de couro bordô. Sam avistou um par de muletas próximo a saída de emergência. - Isso será útil – disse ele, colocando a mochila nas costas e se apoiando nas muletas. Eles saíram da loja, com Susan levando o carrinho, com sua mochila nas costas. Foram até o posto e pegaram os galões de gasolina, que Susan também colocou no carrinho.
  • 10. Seguiram até o carro, onde colocaram as coisas no porta-malas, menos a casinha do cachorro com sua almofada e manta, os travesseiros e os cobertores, que foram para o banco de trás, a casinha devidamente instalada no canto esquerdo. Sam pegou o filhote no colo e seguiram, com Susan na direção até uma oficina mecânica, uns dois quilômetros adiante. Pegaram um step e equipamentos para trocar os pneus, bem como uma bateria reserva. E seguiram viagem para fora da cidade, tinham que ir rápido pois o cronometro regressivo que Susan ativou quando ouviu a mensagem no rádio estava em 31 minutos. A estrada estava difícil de se seguir, devido à falta de iluminação, pois a maioria dos postes de luz estavam apagados ou caídos, o que salvava era o GPS... Viram alguns zumbis no caminho, mas não muitos. - Onde será que eles estão? – questionou Sam. - Não sei, talvez nas casa ou nos parques, a única coisa que importa é que sua memória voltou. - Sim, isso é realmente muito bom – disse Sam, pensativo – Eu acho.
  • 11. VI Eles chegaram na ponte George Washington, o cronômetro estava em 3 minutos. Durante todo o percurso eles observaram os carros abandonados e ensanguentados, todos devem ter tentado desesperadamente fugir da cidade, mas os zumbis não deixaram. Susan acelerou o carro no máximo, seguindo por uma pista que estava fechada. Sam colocou o filhote no banco de trás, dentro da casinha. - Precisamos de um nome para ele – disse. Nesse momento um raio atingiu o rio Hudson abaixo deles. - Thunder – disse Susan. - Faz sentido. Quando chegaram do outro lado da ponte, Susan atropelou a barreira, e eles finalmente saíram da ilha de Manhattan, adentrando o estado de Nova Jersey. - Dez segundos – disse Susan. Continuaram correndo com o carro pela cidade aparentemente deserta até que o contador apitou. Acabou o tempo. Porém nada aconteceu, nada além do silêncio. Susan ligou o rádio do carro, todas as estações estavam transmitindo para os cidadãos de Nova Jersey que ficassem tranquilos, as pontes seriam derrubadas, isolando a ilha de Manhattan, que foi onde tudo começou, e dariam início a descontaminação. Ela desceu do carro, junto ao Sam, quando Black Hawks se aproximaram e explodiram todas as pontes que conectavam o país a ilha de Manhattan, então aumentaram a altitude e jogaram misseis por toda a ilha, mas nenhum deles explodiu enquanto eles não se afastaram. O rádio ainda estava transmitindo. - ... o presidente cancelou o ataque nuclear, mas a descontaminação ainda está sendo feita com misseis de longa distância, a ilha deixará de existir dentro de alguns segundos. Um pequeno tremor aconteceu, e pareceu que o ar da cidade estava sendo sugado. Então Susan abraçou Sam, quase derrubando-o. - Sentirei falta da minha casa. - Eu também Su, eu também.
  • 12. E todos os mísseis detonaram, deixando a ilha totalmente em chamas. - Misseis incendiários – disse Sam – enfim não precisaremos de nada que pegamos na loja de departamentos, nada além da casinha do Thunder. - Nunca se sabe Sam, nunca se sabe.
  • 13. VII Sam foi para o carro pegar o Thunder, mas ele estava dormindo, então resolveu estacionar o carro em um estacionamento local, que estava deserto também. - Isso aqui é uma espécie de cidade fantasma ou o que? – disse Susan, visivelmente assustada. - Provavelmente – disse Sam, mancando até ela. Eles caminharam por algum tempo, até chegarem em uma padaria que estava aberta. - Comida grátis – disse Sam – Minhas duas palavras preferida juntas. Entraram e se serviram de alguns salgados e coca. De repente ouviram uma espécie do granido vindo do lado de fora. - O que é isso? – perguntou Susan. - Um zumbi, talvez, embora eu espero que esteja errado. Sam pegou uma faca que viu no balcão, e uma Glock que estava colada atrás de um pôster perto da porta. - Esconderijo legal – disse. Seguiram para o lado de fora e viram uma horda de pelo menos 300 zumbis, correram rapidamente para dentro, ou quase, a perna do Sam não estava ajudando. - Vá até a cozinha e ligue o gás, eu seguro as pontas por aqui – disse, conferindo a munição da arma – espero que as aulas que você me deu sirvam para alguma coisa. - Servirão – disse Susan, abrindo os fornos e ligando o gás, e depois seguindo para os 4 fogões industriais, fazendo a mesma coisa – Pronto Sam, vamos! Sam pegou uma pedra que estava segurando alguns panfletos no balcão e cambaleou o mais rápido que pode para a cozinha, saíram por uma porta dos fundos que dava pra a rua do outro lado. Susan acendeu um fósforo que havia encontrado na cozinha e atirou-o para dentro da cozinha enquanto corriam. A panificadora explodiu ao longe alguns segundos depois, Sam havia aprendido a correr usando as muletas, usando elas para impulsionar seu corpo para frente, chegaram ao carro em segurança. - Thunder, temos problemas – disse Susan, indo até o banco do motorista. - Como a infecção chegou até aqui? - Ela se espalha pelo ar, provavelmente.
  • 14. - Mas como tem pessoas como nós que não fomos infectados pelo ar? - Talvez somos imunes a esse tipo de transmissão, mas se formos atacados nos tornaremos em um deles, se é que eles deixam alguma coisa para trás. - Bom, explodir Nova York não resolveu então, e agora, o que fazemos? - Irmos para o mais longe que pudermos, eu acho. Sam olhou pelo retrovisor e viu cinco Black Hawks se aproximando, mas dessa vez estavam acompanhados, junto a eles havia um F-22 Raptor modificado.
  • 15. VIII Tentaram acenar, não deu certo. Fugir? Muito menos. Susan acelerou a Land Rover no máximo, desesperada, enquanto Sam destravou a Glock e atirou na janela do Black Hawk que estava à frente, nenhum arranhão. Sam pisoteou o chão, frustrado e gritou para Susan entrar o mais fundo possível na cidade quando um dos Black Hawks explodiu no ar. Um tanque de guerra 5 vezes maior que um carro popular entrou rapidamente na rua, indo logo atrás do carro deles. Sua torreta tripla atirou em três dos Black Hawks ao mesmo tempo, derrubando-os. O som dos torpedos sendo disparados fazia o carro inteiro tremer, e aquecia todo o carro ao mesmo tempo que formava uma bola de fumaça cada vez que um míssil era disparado, imagine isso multiplicado por três. Agora só faltava um Black Hawk e o F-22 Raptor O F-22 fez uma manobra evasiva e se retirou, quebrando a barreira do som acima deles, já o Black Hawk tentou soltar mísseis no tanque porém tanto o tanque quanto a Land Rover desviaram, entrando em uma rua de mão única, residencial. O tanque parou e deu meia-volta rapidamente, o que era fisicamente impossível devido ao seu tamanho e recolheu as torretas, acima do tanque surgiu uma metralhadora que parecia uma .50, que começou a fuzilar o helicóptero. O que parecia ser uma .50 obviamente era algo muito mais poderoso, pois cada disparo criava uma onda sônica atrás de si, transformando o helicóptero em uma peneira, que caiu e explodiu bem na frente do tanque, mas sem causar nenhum dano nele. A Land Rover havia parado logo que percebeu que o tanque havia parado, Sam e Susan desceram do carro, obviamente admirados. O tanque abriu uma escotilha na parte de trás e um homem de uns tinta anos, com uniforme do exército americano desceu. Ele era moreno, seu cabelo tinha um corte militar, ele era alguns centímetros mais alto que o Sam. - Obrigado pela sua ajuda, seja lá quem for – disse Susan. - Sargento Nick Baker, ao seu dispor – disse, se aproximando deles lentamente. - Sam Collins, ao seu, eu acho – disse, cumprimentando Nick. - E você senhorita? – disse Nick, sorrindo – Como é o seu nome?
  • 16. - Susan Meyer. - Bom – disse Sam – onde arrumou esse tanque? - Essa belezinha aqui? Eu fiz treinamento com ele a algumas semanas, e quando soube que estava havendo uma infecção, achei que ele poderia ser muito útil. É basicamente uma arma em fase de testes, incrível né? - Sim, muito, especialmente pela capacidade de destruição em massa que ele tem. - Isso também, mas sinceramente, será que podemos dar o fora daqui? Não seria legal se aquele F-22 voltasse. Sam olhou para Nick e para Susan, e depois para Nick de novo, percebeu que eles estavam se olhando. - Acho uma ótima ideia – disse Susan ao perceber o olhar do Sam. Eles entraram no carro e Nick entrou no tanque, assim que ele entrou no tanque, dois painéis de captamento de energia solar surgiram nas laterais do veículo e se levantaram, ficando no lugar onde antes estava a metralhadora. - Boa tecnologia, a dele – disse Sam. - Com certeza Sammy... – concordou Susan, rindo. - Não me chame assim, você sabe que eu odeio isso... - Por que você acha que eu faço?
  • 17. X Seguiram para dentro da cidade, com o tanque de Nick a frente. Ele os levou até um aeroporto, do qual explodiu a entrada. Logo que entraram, Nick desceu do tanque e foi até o carro. - Eu tenho um plano – disse. - Qual? – perguntou Susan abaixando o vidro. - Aquele avião tem espaço suficiente para o tanque e o carro de vocês – disse, apontando para um avião da carga pouco menor do que um Boeing – com ele, voaremos até o Alasca, o rádio disse, na manhã anterior, que a infecção não havia chegado até lá. É a nossa melhor chance, não acham? - Acho que sim – disse Sam, um pouco desconfiado – mas quem vai pilotar essa coisa? - Eu e você Sam, eu sou piloto nas horas vagas, e você pode ser meu copiloto, é só eu te ensinar algumas coisinhas. - Podemos tentar. Nick correu até um daqueles carrinhos/escada que leva as pessoas até a porta dos aviões e o guiou até a porta do avião, entrando. Em seguida o compartimento traseiro do avião se abriu e ele desceu correndo, fechando a porta e tirando a escada do caminho. Entrou novamente no tanque, guiando-o para dentro do avião, Susan fez o mesmo. Uma vez dentro do avião, Susan pegou Thunder, que estava dormindo, e a sua casinha, junto a uma caixa de leite. Seguiram até a cabine, Nick sentou na cadeira de piloto e Sam na de copiloto, Susan se sentou em um dos bancos do avião e colocou a casinha em outro, mantendo a segura usando o cinto, colocou o cinto em si mesma e pegou uma almofada que estava no banco ao lado, colocou a almofada atrás de sua cabeça e dormiu. Quando acordou, cinco horas depois, Sam estava no banco a sua frente com Thunder nas mãos, e Nick estava perto do tanque, brincando com uma pistola. - Chegamos? – perguntou. - Sim, chegamos, finalmente – disse Sam – Dormiu bem? - Nem percebi o tempo passar. - Isso é bom – disse Sam levantando – Vamos ver o mundo lá fora? - Depende... algum sinal de zumbis? - Nada, por enquanto – disse Nick carregando a arma e colocando o silenciador, ao mesmo tempo que pegou uma faca de caça de dentro do tanque.
  • 18. Sam também pegou a Glock que havia encontrado na padaria em Nova Jersey, conferiu as balas, totalmente carregada. - Você não teria munição para Glock, teria? – perguntou a Nick. - Por sorte, sim – disse, lhe jogando um enorme cartucho circular e branco. - E eu? Com que eu vou me defender? - Que tal uma faca? Sabe lidar com elas? – perguntou Nick. - Mas é claro que sei! Nick lhe entregou uma maleta com um machete, uma face de combate, e ao redor várias facas de arremesso. - Também tenho um arco e algumas flechas, se quiser. - Aceito - disse, entregando a faca de combate para o Sam. Nick entregou o arco para Susan e dois socos ingleses pra cada um, e desceu do avião.
  • 19. XI Sam sentiu um vento frio, como se estivessem jogando nitrogênio líquido em suas costas. Fechou a jaqueta de couro que havia pegou na loja de departamentos em Nova York e segurou as mãos frias de Susan, seguindo Nick para o lado de fora. Estava nevando do lado de fora, eles estavam em um aeroporto pequeno, do tamanho de dois campos de futebol, de maneira que o avião ocupava grande parte das pistas. Havia sangue misturado a neve e parecia que haviam tentando pintar as janelas do prédio do aeroporto de vermelho vivo com tripas, era um prédio com 6 andares, basicamente de vidro vermelho do lado de fora. - Quer entrar lá? – perguntou Susan, percebendo que Sam olhava fixamente para o prédio – deve haver zumbis bem amigáveis do lado de dentro. - Não, só estou com um pressentimento estranho sobre ele. - Deve ser apenas sua imaginação – disse Nick - vamos andando ou de carro? A área parece limpa. - Eu gostaria de andar um pouco, mas minha perna não permite, eu voto pra irmos de carro... E você Susan? - De carro também, embora esteja cansada de ficar tanto tempo sentada. - Aqui vamos nó… – disse Sam, quando um barulho estrondosamente alto veio do prédio, interrompendo-o – Porém, acho melhor checarmos isso antes. - Não tenho certeza disso, mas acho que vale a pena checar mesmo – concordou Susan, com um pé atrás. - Bom, vamos logo então – disse Nick. - E nós achando que não haveria infecção aqui – disse Nick, suspirando decepcionado. Ao chegarem perto do prédio, a familiar voz metálica disse: - Identificação, por favor. - Sam Collins, infectologista. - Favor, inserir seu crachá de identificação no compartimento a sua esquerda – Sam colocou o crachá – Seja bem-vindo ao aeroporto municipal de Sitka, Alasca. - Obrigado, mas porque você requisitou identificação para entrar no prédio? - Questão de segurança dr. Collins, estamos enfrentando uma crise no momento. - E o que são essas coisas cobrindo o prédio?
  • 20. - Disfarce, bem como o sangue na neve, do lado de fora. - Reconfortante – disse Susan, se aproximando da porta ainda fechada, que abriu automaticamente. - Como devo chama-la? - Se refere a mim dr. Collins? – perguntou a máquina. - Sim, obviamente. - Pode me chamar de Vicky. - Vicky, pode me dizer se há alguma ameaça no interior do prédio? - Não senhor, e em nenhum lugar da cidade, aliás. - Obrigado, Vicky. - Disponha. Ao entrarem no prédio, todas as luzes se acenderam, revelando um saguão perfeitamente limpo e decorado, com uma perfeita vista para a pista do lado de fora. Nick seguiu até uma porta onde estava escrito “Somente funcionários”. - Aonde você vai Nick? – questionou Susan. - Se vamos encontrar alguma coisa aqui dentro, ou se pretendemos descobrir a origem do barulho, acho que devemos entrar lá. - Talvez – concordou Sam, seguindo Nick até a porta. Ao abrirem a porta, nada viam pois as luzes estavam apagadas, Susan procurou por um interruptor, encontrou um ao lado da porta, apertou-o. As luzes se acenderam, revelando uma sala vazia com paredes negras, vazia exceto um elevador e uma maca com um espécie de cúpula ao redor. - Mas o que diabos é isso? – perguntou Sam – parece que eu já vi isso antes, em algum lugar. - Isso é um med-pod Sam – disse Susan – Nós tínhamos um na Blackout Pharma, não se lembra? - Não... O que diabos isso faz? - Ele conserta... – disse Susan, esperançosa, quando foi interrompida pelo mesmo barulho que haviam ouvido do lado de fora, só que dessa vez muito mais alto, fazendo o chão tremer – Uau, devemos estar perto da origem desse barulho. - Com certeza – concordou Nick – Mas o que isso daí conserta?
  • 21. - Você – disse Sam – Lembrei dessa máquina, mas o nosso era apenas um protótipo, nem sequer estava concluído, e esse aparentemente está funcional, mas o que ele está fazendo em um aeroporto? - Não faço ideia – disse Susan, curiosa – Mas com certeza ele pode curar a sua perna Sam. - Não acho uma boa ideia, lembra do aconteceu com o primeiro a usar o protótipo não é? - Sim, lembro, mas era apenas um protótipo, esse já está concluído, acho que não tem nenhum risco. - Pergunta – disse Nick – O que aconteceu com o primeiro a usar isso? - Morreu de uma maneira muito dolorosa, ele havia apenas quebrado o braço, e nosso chefe decidiu que ele usasse o med-pod – disse Sam. - E você vai usar essa coisa? - Creio que sim – disse Sam, em dúvida – Susan, se algo der errado, desligue. - Pode deixar, agora tire a roupa e entre na máquina. - Isso é realmente necessário Sue? - Sim, a máquina só opera se o paciente estiver nu. - Tudo bem, mas você pode ficar de costas um instante? - Sam, pare de ser fresco. - Tá bom – disse, tirando a camisa. - Belo peitoral para um cientista – disse Nick. - Muito engraçado Nick, muito engraçado – disse, tirando a calça e entrando na máquina. - Favor identifique a natureza de sua lesão – disse Vicky. - Fratura – disse Sam. - Iniciando operação – disse Vicky, enquanto uma máscara de anestesia surgiu no “teto” da máquina – Favor, coloque a máscara. Sam colocou a máscara e apagou praticamente no mesmo instante. - Então Nick, conte-me mais sobre você. - O que você quer saber, exatamente? - Como você entrou no exército, por exemplo. Nick ponderou sobre o pedido de Susan, mas decidiu lhe dizer a verdade. - Bom, é uma longa história. Eu nasci em uma família pobre em uma cidade rural esquecida por Deus, no Brasil. Minha mãe morreu durante o parto do meu
  • 22. irmão, quando eu tinha seis anos. Meu pai ficou arrasado com a morte dela e cometeu suicídio algum tempo depois... Eu e meu irmão fomos morar com meus avós maternos, que moravam em uma mansão enorme na cidade de Los Angeles, mas eles não davam a mínima para nós, cuidavam da gente como se não passasse de uma obrigação. Contataram uma ama de leite para John, meu irmão e pagavam um colégio interno para mim, para que eu pudesse ficar o maior tempo possível longe deles. Apesar de serem ricos, eram extremamente arrogantes e não davam nada que uma criança normal ganha de seus pais, brinquedos, carinho, amor... – fez uma pausa – Enfim, eu não podia contar com eles para nada. Quando completei 16 anos meu irmão já estava com dez, e decidi que devíamos dar o fora daquela casa, peguei 350 dólares na bolsa de minha avó durante a noite, arrumei nossas malas, que deram apenas duas pequenas mochilas e fomos para a rodoviária. Lá pegamos um avião para Nova York, onde morava um tio que sempre ia nos visitar no Brasil, John se perguntava se eles ia nos ajudar ou apenas nos ignorar como nossos avós faziam. Eu o confortei dizendo que ele seria legal conosco, pois ele sempre foi legal comigo quando visitava nossos pais. Ele ficou meio desconfiado, mas apoiou a cabeça no meu ombro e dormiu. Eu dormi cerca de meia hora depois e quando acordei estava chovendo muito forte, meu irmão ainda estava dormindo tranquilamente... foi quando um raio atingiu uma das turbinas do avião, nos derrubando. Eu apaguei, e quando acordei estava em um leito, na casa de meu tio, 5 anos haviam se passado. E ele me explicou o que havia acontecido, inclusive a morte de meu irmão e minha escapatória milagrosa do acidente. - Meu Deus Nick, eu sinto muito. - Obrigado, mas eu já superei isso, achei que ele fosse querer isso. Eu entrei no exército após meu tio, que cuidou muito bem de mim, perder a luta contra o câncer. A segunda grande perda de minha vida. Mas enfim, vamos ver se seu namoradinho está bem – riu. - Ele não é meu namorado! - Sei, sei. Sam acordou cerca de dez segundos depois, ainda dentro da máquina. - Cirurgia concluída – disse Vicky. O med-pod se abriu e Sam se sentou, examinando sua perna, havia uma pequena cicatriz camuflada no lugar onde antes estava seu osso. - Como está se sentindo? – perguntou Susan. - Bom, eu estou vivo e, ahn minha perna parece estar ótima – disse, se levantando e olhando para sua perna; - Simples assim? – perguntou Nick – Não precisa nem de fisioterapia? - Aparentemente não – disse Sam, andando até Susan.
  • 23. - Será que devemos entrar naquele elevador? – perguntou Susan – enquanto você estava em cirurgia, eu fui até lá ver, ele pede um crachá, mas só tem um botão, uma seta para baixo. - O que temos a perder? Mas antes preciso me vestir. - Boa ideia – disse Nick. Sam colocou suas roupas e seguiu até o elevador, colocando seu crachá no compartimento indicado. - Acesso negado – disse Vicky – Somente pessoal autorizado. - Será que você pode me dizer o que tem lá embaixo Vicky? – disse Susan. - Informação restrita. - Tudo bem então, acho que não há nada para nós lá dentro – disse Nick. - Pois é, o jeito é voltar para os carros e seguir viagem, Thunder deve estar se sentindo sozinho – disse Susan. Seguiram para a porta, quando as portas do elevador se abriram e Vicky disse: - Doutor James Meyer aguarda vocês. - Meu irmão? – disse Susan, assustada – Impossível, ele morreu há alguns anos em um acidente de avião. - Bom, aparentemente não – disse Sam, entrando no elevador – Vamos encontrar seu irmão. Entraram no elevador, que automaticamente fechou as portas e seguiu seu trajeto em direção ao desconhecido.
  • 24. XII Alguns instantes agonizantes dentro do elevador e Susan já estava suando frio. Quando as portas finalmente se abrira, revelaram um novo pesadelo. Um corredor longo, largo e escuro, com várias portas dividas por um intervalo de paredes. A medida que iam andando por ele, luzes nas paredes laterais se acendiam, dando ao local um brilho avermelhado que, aos olhos de Susan, deixava o lugar ainda mais assustador. Cerca de 100 metros de caminhada silenciosa depois, se depararam com uma mudança na cor do piso, que de um cinza escuro, passou ao um vermelho vivo, um vermelho de sangue. Havia corpos espalhados por todo o lugar, alguns presos nas paredes, alguns pedaços pelo teto, dos quais escorriam sangue. Nesse ponto, apenas algumas das luzes e acendiam, e ainda não acendiam totalmente, ficavam piscando rapidamente, o que dava a eles apenas alguns flashes da chacina onde pisavam. - Meu Deus – disse Susan, ainda mais apavorada do que antes – O que será que aconteceu aqui? - Não são pessoas – disse Nick, se ajoelhando ao lado de um corpo que estava sentado, apoiado na parede – São zumbis. - Melhor ainda – disse Sam – Ótima companhia... Uma porta se abriu a alguns metros adiante, iluminando o corredor com uma forte luz branca. - Por favor – disse Vicky – Sigam para a descontaminação. Eles obedeceram, seguindo em direção a luz. A luz diminuiu, revelando uma sala com paredes brancas. Nada além de paredes brancas. - Parece divertido – disse Sam, com a voz ecoando pela sala. - Muito divertido – concordou Nick. A porta se fechou assim que Susan entrou atrás deles. Alguns ladrilhos se abriram nas paredes, revelando pequenos tubos, dos quais começou a sair uma espécie de gás. - Favor, retirem suas roupas e coloquem no compartimento a sua esquerda – disse Vicky, no momento que uma espécie de gaveta com três divisórias surgiu da parede a esquerda. Nick começou a se despir, com óbvia timidez estampada em seu rosto. Sam fez o mesmo. Ao terminarem, Susan pediu para fecharem os olhos. - Isso não é justo – brincou Nick, obedecendo-a.
  • 25. Sam deu as costas para ela, seguindo o exemplo de Nick. - Bela tatuagem – disse. - Obrigado – agradeceu Nick, passando a mão por cima da tatuagem de um leão africano em seu peito. - Por favor, fechem seus olhos e prendam a respiração até a descontaminação estar completa – pediu Vicky. O gás começou a sair dos tubos em maior quantidade, cobrindo a sala com uma nuvem avermelhada. Cerca de quinze segundos depois a descontaminação terminou. - Podem colocar as suas roupas novamente, por favor – disse Vicky. Ao terminarem de se vestir, a porta se abriu; revelando um homem de estatura média, cerca de 1,70, com cabelos ruivos e olhos verdes, como os de Susan. - James!? – Indagou Susan, correndo para abraça-lo – Onde diabos você estava esse tempo todo? - Aqui – disse ele, sufocado pelo abraço apertado – E bom te ver de volta. - Porque não nos deu notícias? Avisar que estava bem, qualquer coisa... - Bem, é uma longa história... Eu acordei em um hospital depois do acidente, sem lembrar de nada. Os médicos disseram que eu tive traumatismo craniano, e que provavelmente haveriam sequelas. Essa foi minha sequela, esquecer. - E como você sabe sobre ele? - Algum tempo atrás, quando Vicky me disse que eu estava lá, no avião, foi quando eu comecei a ter flashes de memória, e lembrar de tudo. Ela havia me alertado para que eu pudesse tomar conta de você, e de seus amigos. - Deus, como eu senti sua falta – disse, abraçando-o novamente – E Vicky, obrigada... ahn... por tudo. - Não há o que agradecer, Susan. - Deveria fazer mais do que um obrigada Susan – disse James, com um sorriso enorme estampado em seu rosto – Ela desobedeço as ordens de seu criador, ao me alertar. - Criador? - Sim, meu sócio na criação da empresa. Eu era o cérebro, e ele o dinheiro. Mas essa é uma longa história, e eu gostaria de falar sobre isso mais tarde, se possível – disse, com sua expressão mudando de alegre, para séria e, aos olhos de Susan, assustada - Agora use os bons modos e me apresente a seus amigos – disse, sorrindo novamente. - Ah sim, desculpa... Sam, Nick, meu irmão, James... também conhecido como Jimmy – riu.
  • 26. - Prazer em conhecê-los, e obrigado por cuidar da minha maninha. - O prazer... – disse Sam, cumprimentando-o com um aperto de mãos – é todo meu. - E meu também – disse Nick, fazendo o mesmo. - Bom rapazes, creio que devam querer explicações, correto? - Ei, eu também quero! – disse Susan, dando um soco em suas costas. - Sim, é claro... Vicky, abra as portas do laboratório, por favor.