SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 2
Baixar para ler offline
Entrevista EVERALDO DE OLIVEIRA                                                                      MAURICIO PIZANI




“Uma suposta democracia”
Especialista em história da América afirma que existem ditaduras camufladas e formas de
controlar e esmagar a cultura popular, com isso, estabelece-se um rigoroso controle social


D
      efensor absoluto da teoria mar-
      xista, o professor Everaldo de Oli-
      veira ratifica que é uma meto-
      dologia avançada na discussão
das ciências humanas e dissemina ideias
que o socialismo é uma ampliação da
democracia.É graduado pela Universi-
dade de São Paulo (USP) no curso de
história em 1992, mestrado em História
Econômica pela mesma em 1996 e
especialista em história da América.
É autor de diversos livros, entre eles,
A Revolução Boliviana e Revoluções
na América Latina Contemporânea,
onde retrata a participação popular na
busca de uma nova perspectiva de vida.
Atualmente, coordenador do curso de
História na Universidade de Guarulhos
(UNG), procura por meio do plano de
ensino, conduzir os alunos ao desenvol-
vimento da consciência política, social e
cultural acima do senso comum. Nesta
entrevista, ele faz uma análise minucio-
sa do panorama sócio-cultural do Brasil
e da América Latina, sempre buscando
traçar paralelos entre os povos latinos.

De acordo com seus livros, América
Latina é um traço comum entre eles.
Qual seu interesse em desenvolver
esse tema? Acho importante que os
brasileiros tenham mais proximidade
com a história da América latina. É
um esforço que eu realizo tanto como
professor e historiador para divulgar
e permitir que os estudantes possam
                                            “O papel do Estado
conhecer a história latina-americana
e também conhecer os problemas que
                                            é ajudar que a cultura
são comuns tanto para os brasileiros
quanto para os povos da região.
                                             floreça, de maneira
                                               suntuosa e sem
                                                           ”
Qual a relação entre Brasil e a América
Latina do ponto de vista cultural? Há
algo em comum entre esse dois pólos?              pressão
Na verdade não são dois pólos, e sim,
parte de uma mesma civilização. Pois
os povos latino-americanos são de ori-
gem ibérica, por exemplo, os argenti-
nos, os paraguaios, os venezuelanos,
                                                       veja/universidade cruzeiro do sul I 24 DE MAIO, 2011 I 17
Entrevista       EVERALDO DE OLIVEIRA




os bolivianos e os mexicanos foram
                                                “Sempre existiu                       o Brasil tem uma cultura construída         A partir dos anos 90, a música bra-
                                                                                                                                                                               “Deveríamos fazer                       Quais são seus pontos preferenciais
colonizados pela Espanha e os bra-
sileiros por Portugal. São povos que
                                                 uma cultura de                       na diversidade, isso não significa que
                                                                                      não exista preconceito. O caminho,
                                                                                                                                  sileira sofreu uma transição, que foi            uma leitura                         de sua obra A Revolução Boliviana?
                                                                                                                                  de canções de protesto para músicas                                                  Bom, esse livro faz parte da minha
tem uma cultura muito próxima, não
somente uma raiz católica e uma raiz
                                                 contestação de                       porém, não é cotizar tudo e, sim, res-
                                                                                      peitar o caráter de mestiçagem.
                                                                                                                                  que retratam as banalidades. Como
                                                                                                                                  você enxerga essa mudança? Sempre
                                                                                                                                                                              nacional, a partir de                    dissertação de mestrado e o objetivo
                                                                                                                                                                                                                       dele era discutir a revolução boli-
latina, mas problemas econômicos,
sociais e políticos muito semelhantes.
                                               resistência, talvez                    Segundo especialistas, o brasileiro tem
                                                                                                                                  existe uma cultura de contestação
                                                                                                                                  de resistência, talvez nos anos 80,
                                                                                                                                                                             nossos pressupostos                       viana de 1952, que foi uma das mais
                                                                                                                                                                                                                       importantes revoluções da América no
Portanto, isso é um ponto de proximi-
dade e não pólos que são distantes um
                                                nos anos 80, ela                      a vocação de valorizar a cultura de fora,
                                                                                      discriminando a sua própria. Como
                                                                                                                                  ela parecesse ligada a luta contra a
                                                                                                                                  ditadura em prol da democracia. Se
                                                                                                                                                                                 culturais e não                       século XX. Essa revolução é pouquís-
                                                                                                                                                                                                                       simo conhecida no Brasil e a questão
do outro, apesar da suposta distância
de Portugal e Espanha, fazem parte da           parecesse ligada                      você vê essa realidade? Não podemos
                                                                                      generalizar, e dizer que o brasileiro
                                                                                                                                  analisarmos nos anos 90, até mesmo
                                                                                                                                  hoje, tem o rap e outras músicas
                                                                                                                                                                                ficar submetido,                       principal é discutir a capacidade de
                                                                                                                                                                                                                       um povo que foi esmagado em uma
mesma nação latino-americana.
                                                  a luta contra a                     em geral valoriza a cultura de fora.
                                                                                      Nós brasileiros temos uma capacidade
                                                                                                                                  que continuam discutindo questões
                                                                                                                                  sociais, polemizando com a vida              sobretudo, aceitar                      situação tão difícil como a dos boli-
                                                                                                                                                                                                                       vianos, e que tiveram a capacidade de
A América passou por diversos gover-
nos ditadores. Quando um país atraves-          ditadura em prol                      de assimilar a cultura exterior, isso
                                                                                      tem um lado positivo, esse comospoli-
                                                                                                                                  política. Ela se deslocou de um
                                                                                                                                  ambiente de classe média para um           passivamente a tudo                       criar uma perspectiva nova para o país
                                                                                                                                                                                                                       deles. Então, a revolução de 52 discu-
sa esse momento, pode-se dizer que                                                    tísmo, essa capacidade de transformar       ambiente mais popular, por isso a                                                    tiu a participação popular dos campo-
sofre um obscurantismo cultural?                 da democracia,                       o mundo, já foi discutido com os            grande mídia não dá tanto destaque            que vem de fora,                       neses, dos operários e dos mineiros na
Com certeza, toda ditadura teme a                                                     especialistas como algo positivo, o         a esse tipo de produção cultural, mas                                                construção de um projeto alternativo
cultura, o conhecimento, a consciên-          polemizando com a                       problema é se submeter e aceitar essa       continua existindo.                         sufocando a cultura                      que visava modernizar a Bolívia e
cia, e principalmente, a liberdade. No
entanto, existem ditaduras camufladas
e formas de controlar e esmagar a
                                                 vida política.           ”           cultura exterior sem uma leitura na-
                                                                                      cional. O Brasil é muito grande e di-
                                                                                      versificado, por exemplo, no nordeste
                                                                                                                                  Os olhos do mundo se voltam para o
                                                                                                                                  Brasil com a Copa de 2014 e a Olimpía-
                                                                                                                                                                                   nacional           ”                tira – lá da miséria e do atraso que se
                                                                                                                                                                                                                       encontrava e encontra-se até hoje.

cultura alternativa sob uma suposta                                                   a cultura é vista de outra maneira,         da de 2016. Como o Brasil pode difundir                                              Qual seria a instrução cultural ideal para
democracia. Há varias formas do            com alguns termos, pois nos Estados        lá se tem raízes culturais brasileiras      sua cultura através desses grandes         entanto, é preciso fortalecer a cultu-    uma sociedade socialista? Seguindo
mercado supostamente livre, por            Unidos que rege a democracia, não se       mais profundas do que em São Paulo          eventos? Naturalmente vamos expor          ra popular, a produção que o povo         a experiência histórica do movimen-
exemplo, dos Estados Unidos que            podem falar tudo o que pensa, existe       que é mais cosmopolita. Por isso, não       nossos sucessos e debilidades. O           realiza e não tem espaço no mercado,      to socialista, que não é uma receita
domina o mercado de outra maneira,         um controle velado e também uma            podemos generalizar afirmando que o         próprio evento esportivo, infelizmen-      por exemplo, muitos grupos de teatro,     pronta e acabada como os adversários
impedindo um artista que conteste o        pressão psicológica que impedem as         brasileiro, em geral, aceita tudo. De-      te, tornou-se um grande negócio. A         artistas que não conseguem espaço         dizem, socialismo é a perspectiva
regime e que não aceita as práticas        pessoas de falar tudo que pensam, tem      veríamos fazer uma leitura nacional, a      cultura que se pretende divulgar, ela é    por não ter nenhum recurso. E o papel     histórica que exige a consciência
culturais hegemônicas, possa ter           medo de perder o emprego e medo            partir de nossos pressupostos cultu-        intermediada pelo mercado. Tem esse        do Estado é ajudar que a cultura flore-   da maioria dos trabalhadores de ter
espaço na grande mídia, pois ele é         de perder contatos. Portanto é uma         rais e não ficar submetido, sobretudo,      obstáculo que pode filtrar a realidade     ça de maneira suntuosa e sem pressão      direito a uma vida melhor. Não é
sufocado mesmo no Brasil. Se um            forma controle social sobre a cultura.     aceitar passivamente a tudo que vem         brasileira e acabar reforçando estere-     que impeça de criar livremente.           sinônimo de ditadura, nem de autori-
artista não tem contatos, não consegue     É mais sofisticado pensar essa questão     de fora, sufocando a cultura nacional.      ótipos que pensam do Brasil. Esse é                                                  tarismo, pelo contrário, é a ampliação
espaço para divulgar sua obra,e isso é     da globalização com a liberdade total                                                  o grande perigo, por exemplo, achar        Observando a sua biografia e suas         da democracia e dos direitos sócio
outra forma de esmagar a cultura que       de conhecimento. O Estados Unidos          Você concorda que São Paulo tem a           que o Brasil é só mulata, sol e futebol.   pesquisas desenvolvidas ao longo de       culturais. Isso requer consciência.
contrapõe o regime, mesmo na situa-        controla a internet, orkut, facebook e     cultura mais americanizada do país? Por     Esse é o estereótipo que vem de fora.      sua trajetória, fica evidenciado uma      Portanto o caminho é de discussão,
ção de uma suposta democracia.             tudo mais. As grandes empresas ame-        quê? A metrópole paulista é cosmopolita     O Brasil é muito mais que isso, nosso      política de esquerda. Você segue uma      debate, organização e luta dos traba-
                                           ricanas de comunicação monitoram           e tem mais contato com resto do planeta.    grande desafio é superar esses estere-     tendência marxista? Eu procuro nas        lhadores para difundir essa cultura de
Como você analisa governos tão re-         os acessos a rede e existi uma globa-      No mundo que há uma hegemonia               ótipos e mostrar a diversidade cultural    minhas obras e nos meus trabalhos         igualdade para uma sociedade mais
sistentes a globalização cultural como     lização sobre o controle do mercado        cultura americana, as regiões cosmopo-      brasileira e até da América Latina,        desenvolver um ponto de vista que         humana.
Cuba e Venezuela? É um pergunta            e isso afeta as culturas nacionais e       litas são as mais afetadas pela pressão     pois o Brasil é visto como referencia      favoreça a interpretação marxista da
interessante, o que é globalização         regionais,enfim é legitimo resistir a      cultural norte americana, por isso, são     na América do Sul.                         história contemporânea que conside-      Quais são seus pontos preferências
cultural? Seria você aceitar um            essa imposição.                            mais facilmente adaptáveis aos padrões                                                 ro uma metodologia mais avançadas        em sua obra A Revolução na América
padrão único de cultura de mercado                                                    culturais dos Estados unidos, os padrões    Como você avalia a política sócio-cul-     para discutir as ciências humanas,       Latina Contemporânea? É uma obra
hegemonizado pelos Estados Unidos,         No Brasil há uma diversidade étnica cul-   de consumo alimentar, de roupas, tele-      tural brasileira atualmente? A política    os problemas, e as perspectivas          que procura discutir e comparar três
pelas grandes empresas americanas          tural marcante. Quais pontos positivos     visão etc. É uma indústria cultural em      sócio-cultural durante o governo Lula      de transformações da humanida-           processos revolucionários na América
de produção e cultura de massa. E          e negativos dessa variedade? Não vejo      desenvolvimento desde a década de 30,       permitiu a ampliação da renda da           de. Do ponto de vista da história,       Latina contemporânea no México,
quando se tenta resistir com uma cul-      nenhum ponto negativo. Há muito de         uma estratégia do Estado para a América     população mais pobre, e ao mesmo           o marxismo é conjunto suntuso de         Bolívia e Cuba e procura mostrar que
tura nacional e não aceitar os padrões     positivo nessa diversidade étnica cul-     Latina. Isto é documentado, têm vários      tempo, privilegiou o desenvolvimento       conhecimento que possui uma larga        há diversos aspectos comum entre
impostos pela suposta globalização         tural do Brasil. È um debate compli-       trabalhos de historiadores que estudaram    da indústria nacional, ou seja, consti-    margem para discussão teórica,           essas revoluções. A mexicana em
cultural mundial, você é acusado de        cado, por exemplo, as cotas raciais é      isso, a padronização dos gostos cultu-      tuindo uma série de contradições que       e permiti avançar nos estudos de         1910, a boliviana 1952 e a cubana
ter um regime autoritário. Por exem-       um passo atrás nessa discussão, aliás      rais, ajudam vender os produtos ameri-      não foram resolvidas. Culturalmente        questões, não somente de política e      em 1959 que á defesa da nação, dos
plo na Venezuela, como é possível          é uma discussão importada dos EUA          canos. As coisas estão interligadas, as     existe um esforço do governo, diri-        economia, mas também de assuntos         valores nacionais fazendo frente a
chamar de ditadura, se jornais e           que divide o povo de maneira artifi-       dominações políticas, militar e cultural    gido pelo PT e outros partidos, para       pouco explorados como cultura,           política intervencionista e o imperia-
televisão fazem oposição ao governo        cial. É perigoso criar cotas em todos      são partes do mesmo aparato de controle     diversificar a produção cultural para      pelos cientistas sociais brasileiros     lismo praticado pelos Estados Unidos
abertamente. É preciso tomar cuidado       os setores da sociedade, sendo que         e domínio da sociedade.                     o cinema, literatura, teatro etc. No       atualmente.                              da América.
18 I 24 DE MAIO, 2011 I veja/universidade cruzeiro do sul                                                                                                                                            veja/universidade cruzeiro do sul I 24 DE MAIO, 2011 I 19

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Elisabeth batista
Elisabeth batistaElisabeth batista
Elisabeth batistaliterafro
 
Caio prado jr1
Caio prado jr1Caio prado jr1
Caio prado jr1NESUERJ
 
O Gaucho e a Identidade Riograndense
O Gaucho e a Identidade RiograndenseO Gaucho e a Identidade Riograndense
O Gaucho e a Identidade RiograndenseJosé Augusto Fiorin
 
O vestuário como elemento constituinte da identidade das mulheres de elite na...
O vestuário como elemento constituinte da identidade das mulheres de elite na...O vestuário como elemento constituinte da identidade das mulheres de elite na...
O vestuário como elemento constituinte da identidade das mulheres de elite na...Genivalda Cândido
 
Artigo brazilian way of life
Artigo brazilian way of lifeArtigo brazilian way of life
Artigo brazilian way of lifeBarBlanco
 
Brazilian way of life a racionalidade do capitalismo
Brazilian way of life   a racionalidade do capitalismoBrazilian way of life   a racionalidade do capitalismo
Brazilian way of life a racionalidade do capitalismoLuiza Bellotto de Vito
 
A construção de sentidos no jornal Notícias de Itaquera
A construção de sentidos no jornal Notícias de ItaqueraA construção de sentidos no jornal Notícias de Itaquera
A construção de sentidos no jornal Notícias de ItaqueraFatima Regina Nunes
 
Folhetim do Estudante Núm. XVI
Folhetim do Estudante Núm. XVIFolhetim do Estudante Núm. XVI
Folhetim do Estudante Núm. XVIValter Gomes
 

Mais procurados (13)

Caio prado
Caio pradoCaio prado
Caio prado
 
Elisabeth batista
Elisabeth batistaElisabeth batista
Elisabeth batista
 
Caio prado Junior
Caio prado  JuniorCaio prado  Junior
Caio prado Junior
 
Caio prado jr1
Caio prado jr1Caio prado jr1
Caio prado jr1
 
federal reserve
federal reservefederal reserve
federal reserve
 
O Gaucho e a Identidade Riograndense
O Gaucho e a Identidade RiograndenseO Gaucho e a Identidade Riograndense
O Gaucho e a Identidade Riograndense
 
O vestuário como elemento constituinte da identidade das mulheres de elite na...
O vestuário como elemento constituinte da identidade das mulheres de elite na...O vestuário como elemento constituinte da identidade das mulheres de elite na...
O vestuário como elemento constituinte da identidade das mulheres de elite na...
 
Artigo brazilian way of life
Artigo brazilian way of lifeArtigo brazilian way of life
Artigo brazilian way of life
 
Brazilian way of life a racionalidade do capitalismo
Brazilian way of life   a racionalidade do capitalismoBrazilian way of life   a racionalidade do capitalismo
Brazilian way of life a racionalidade do capitalismo
 
Intrododução
IntrododuçãoIntrododução
Intrododução
 
A construção de sentidos no jornal Notícias de Itaquera
A construção de sentidos no jornal Notícias de ItaqueraA construção de sentidos no jornal Notícias de Itaquera
A construção de sentidos no jornal Notícias de Itaquera
 
Caio prado jr.
Caio prado jr.Caio prado jr.
Caio prado jr.
 
Folhetim do Estudante Núm. XVI
Folhetim do Estudante Núm. XVIFolhetim do Estudante Núm. XVI
Folhetim do Estudante Núm. XVI
 

Semelhante a Democracias camufladas e controle social

Entre a fé e a folia festas de reis realizadas em conceição do coité (1990 ...
Entre a fé  e a folia festas de reis realizadas em conceição do coité (1990  ...Entre a fé  e a folia festas de reis realizadas em conceição do coité (1990  ...
Entre a fé e a folia festas de reis realizadas em conceição do coité (1990 ...UNEB
 
Pronto de leandro gomes de barros a rodolfo coelho
Pronto de leandro gomes de barros a rodolfo coelhoPronto de leandro gomes de barros a rodolfo coelho
Pronto de leandro gomes de barros a rodolfo coelhoatodeler
 
Movimento armorial x_tropicalismo_dilema
Movimento armorial x_tropicalismo_dilemaMovimento armorial x_tropicalismo_dilema
Movimento armorial x_tropicalismo_dilemamarciasmendonca
 
Cultura e modernidade no basil prof oliven
Cultura e modernidade no basil  prof olivenCultura e modernidade no basil  prof oliven
Cultura e modernidade no basil prof oliveninformingus
 
Apresentação V Enecult Profa. Marta Elena Bravo (Colômbia)
Apresentação V Enecult Profa. Marta Elena Bravo (Colômbia)Apresentação V Enecult Profa. Marta Elena Bravo (Colômbia)
Apresentação V Enecult Profa. Marta Elena Bravo (Colômbia)enecult
 
Aulas de sociologia ensino médio para o 2 ano em.
Aulas de sociologia ensino médio   para o 2 ano em.Aulas de sociologia ensino médio   para o 2 ano em.
Aulas de sociologia ensino médio para o 2 ano em.MARISE VON FRUHAUF HUBLARD
 
Pré-modernismo
Pré-modernismoPré-modernismo
Pré-modernismoJosé Levy
 
O que se entende por cultura
O que se entende por culturaO que se entende por cultura
O que se entende por culturaIvon Rodrigues
 
Entrevistas e Depoimentos, de Guido Bilharinho - Parte 2
Entrevistas e Depoimentos, de Guido Bilharinho - Parte 2Entrevistas e Depoimentos, de Guido Bilharinho - Parte 2
Entrevistas e Depoimentos, de Guido Bilharinho - Parte 2Gabriela Rezende Freire
 

Semelhante a Democracias camufladas e controle social (20)

SemináRio
SemináRioSemináRio
SemináRio
 
Entre a fé e a folia festas de reis realizadas em conceição do coité (1990 ...
Entre a fé  e a folia festas de reis realizadas em conceição do coité (1990  ...Entre a fé  e a folia festas de reis realizadas em conceição do coité (1990  ...
Entre a fé e a folia festas de reis realizadas em conceição do coité (1990 ...
 
O que faz do brasil, brasil slides
O que faz do brasil, brasil slidesO que faz do brasil, brasil slides
O que faz do brasil, brasil slides
 
Chrislene
ChrisleneChrislene
Chrislene
 
Monografia Cintia Pedagogia 2011
Monografia Cintia Pedagogia 2011Monografia Cintia Pedagogia 2011
Monografia Cintia Pedagogia 2011
 
Pronto de leandro gomes de barros a rodolfo coelho
Pronto de leandro gomes de barros a rodolfo coelhoPronto de leandro gomes de barros a rodolfo coelho
Pronto de leandro gomes de barros a rodolfo coelho
 
Favelas
FavelasFavelas
Favelas
 
Movimento armorial x_tropicalismo_dilema
Movimento armorial x_tropicalismo_dilemaMovimento armorial x_tropicalismo_dilema
Movimento armorial x_tropicalismo_dilema
 
Cultura e modernidade no basil prof oliven
Cultura e modernidade no basil  prof olivenCultura e modernidade no basil  prof oliven
Cultura e modernidade no basil prof oliven
 
CCM. CULTURA E IDENTIDADE
CCM. CULTURA E IDENTIDADECCM. CULTURA E IDENTIDADE
CCM. CULTURA E IDENTIDADE
 
federal reserve
federal reservefederal reserve
federal reserve
 
federal reserve
federal reservefederal reserve
federal reserve
 
Apresentação V Enecult Profa. Marta Elena Bravo (Colômbia)
Apresentação V Enecult Profa. Marta Elena Bravo (Colômbia)Apresentação V Enecult Profa. Marta Elena Bravo (Colômbia)
Apresentação V Enecult Profa. Marta Elena Bravo (Colômbia)
 
Prova 3 ano 3 bimestre historia
Prova 3 ano 3 bimestre historiaProva 3 ano 3 bimestre historia
Prova 3 ano 3 bimestre historia
 
Aulas de sociologia ensino médio para o 2 ano em.
Aulas de sociologia ensino médio   para o 2 ano em.Aulas de sociologia ensino médio   para o 2 ano em.
Aulas de sociologia ensino médio para o 2 ano em.
 
Pré-modernismo
Pré-modernismoPré-modernismo
Pré-modernismo
 
O que é cultura
O que é culturaO que é cultura
O que é cultura
 
O que é cultura
O que é culturaO que é cultura
O que é cultura
 
O que se entende por cultura
O que se entende por culturaO que se entende por cultura
O que se entende por cultura
 
Entrevistas e Depoimentos, de Guido Bilharinho - Parte 2
Entrevistas e Depoimentos, de Guido Bilharinho - Parte 2Entrevistas e Depoimentos, de Guido Bilharinho - Parte 2
Entrevistas e Depoimentos, de Guido Bilharinho - Parte 2
 

Mais de aghipertexto

Cidadão maio 2012
Cidadão   maio 2012Cidadão   maio 2012
Cidadão maio 2012aghipertexto
 
Programacao 10º encom pdf
Programacao 10º encom pdfProgramacao 10º encom pdf
Programacao 10º encom pdfaghipertexto
 
Jornal cidadão diagramado dez 2011
Jornal cidadão diagramado   dez 2011Jornal cidadão diagramado   dez 2011
Jornal cidadão diagramado dez 2011aghipertexto
 
Cidadão completo 36 1
Cidadão completo 36 1Cidadão completo 36 1
Cidadão completo 36 1aghipertexto
 
Cidadão completo 35 1
Cidadão completo 35 1Cidadão completo 35 1
Cidadão completo 35 1aghipertexto
 
Cidadao 34 completo 1
Cidadao 34 completo 1Cidadao 34 completo 1
Cidadao 34 completo 1aghipertexto
 
Cidadao completo 38 1
Cidadao completo 38 1Cidadao completo 38 1
Cidadao completo 38 1aghipertexto
 
Cidadão completo 33
Cidadão completo 33Cidadão completo 33
Cidadão completo 33aghipertexto
 
Cidadão completo 32
Cidadão completo 32Cidadão completo 32
Cidadão completo 32aghipertexto
 
Cidadão completo 31
Cidadão completo 31Cidadão completo 31
Cidadão completo 31aghipertexto
 
Jornal Cidadão - Abril 2008
Jornal Cidadão - Abril 2008Jornal Cidadão - Abril 2008
Jornal Cidadão - Abril 2008aghipertexto
 
Jornal Cidadão - 1ª edição 2011
Jornal Cidadão - 1ª edição 2011Jornal Cidadão - 1ª edição 2011
Jornal Cidadão - 1ª edição 2011aghipertexto
 
Páginas amarelas - CAMILA E THAIS
Páginas amarelas  - CAMILA E THAISPáginas amarelas  - CAMILA E THAIS
Páginas amarelas - CAMILA E THAISaghipertexto
 
Paginas amarelas - GUSTAVO LIMA
Paginas amarelas - GUSTAVO LIMAPaginas amarelas - GUSTAVO LIMA
Paginas amarelas - GUSTAVO LIMAaghipertexto
 
Páginas amarelas - FELIPE E MARCO
Páginas amarelas - FELIPE E MARCOPáginas amarelas - FELIPE E MARCO
Páginas amarelas - FELIPE E MARCOaghipertexto
 
Páginas amarelas - ALINE E CAROL
Páginas amarelas - ALINE E CAROLPáginas amarelas - ALINE E CAROL
Páginas amarelas - ALINE E CAROLaghipertexto
 
Paginas Amarelas - RAFAELA PIETRA
Paginas Amarelas - RAFAELA PIETRAPaginas Amarelas - RAFAELA PIETRA
Paginas Amarelas - RAFAELA PIETRAaghipertexto
 

Mais de aghipertexto (20)

Maio 2012
Maio 2012Maio 2012
Maio 2012
 
Cidadão maio 2012
Cidadão   maio 2012Cidadão   maio 2012
Cidadão maio 2012
 
Programacao 10º encom pdf
Programacao 10º encom pdfProgramacao 10º encom pdf
Programacao 10º encom pdf
 
Revista tpm email
Revista tpm emailRevista tpm email
Revista tpm email
 
REVISTA ECONOMIX
REVISTA ECONOMIXREVISTA ECONOMIX
REVISTA ECONOMIX
 
Jornal cidadão diagramado dez 2011
Jornal cidadão diagramado   dez 2011Jornal cidadão diagramado   dez 2011
Jornal cidadão diagramado dez 2011
 
Cidadão completo 36 1
Cidadão completo 36 1Cidadão completo 36 1
Cidadão completo 36 1
 
Cidadão completo 35 1
Cidadão completo 35 1Cidadão completo 35 1
Cidadão completo 35 1
 
Cidadao 34 completo 1
Cidadao 34 completo 1Cidadao 34 completo 1
Cidadao 34 completo 1
 
Cidadao completo 38 1
Cidadao completo 38 1Cidadao completo 38 1
Cidadao completo 38 1
 
Cidadão completo 33
Cidadão completo 33Cidadão completo 33
Cidadão completo 33
 
Cidadão completo 32
Cidadão completo 32Cidadão completo 32
Cidadão completo 32
 
Cidadão completo 31
Cidadão completo 31Cidadão completo 31
Cidadão completo 31
 
Jornal Cidadão - Abril 2008
Jornal Cidadão - Abril 2008Jornal Cidadão - Abril 2008
Jornal Cidadão - Abril 2008
 
Jornal Cidadão - 1ª edição 2011
Jornal Cidadão - 1ª edição 2011Jornal Cidadão - 1ª edição 2011
Jornal Cidadão - 1ª edição 2011
 
Páginas amarelas - CAMILA E THAIS
Páginas amarelas  - CAMILA E THAISPáginas amarelas  - CAMILA E THAIS
Páginas amarelas - CAMILA E THAIS
 
Paginas amarelas - GUSTAVO LIMA
Paginas amarelas - GUSTAVO LIMAPaginas amarelas - GUSTAVO LIMA
Paginas amarelas - GUSTAVO LIMA
 
Páginas amarelas - FELIPE E MARCO
Páginas amarelas - FELIPE E MARCOPáginas amarelas - FELIPE E MARCO
Páginas amarelas - FELIPE E MARCO
 
Páginas amarelas - ALINE E CAROL
Páginas amarelas - ALINE E CAROLPáginas amarelas - ALINE E CAROL
Páginas amarelas - ALINE E CAROL
 
Paginas Amarelas - RAFAELA PIETRA
Paginas Amarelas - RAFAELA PIETRAPaginas Amarelas - RAFAELA PIETRA
Paginas Amarelas - RAFAELA PIETRA
 

Democracias camufladas e controle social

  • 1. Entrevista EVERALDO DE OLIVEIRA MAURICIO PIZANI “Uma suposta democracia” Especialista em história da América afirma que existem ditaduras camufladas e formas de controlar e esmagar a cultura popular, com isso, estabelece-se um rigoroso controle social D efensor absoluto da teoria mar- xista, o professor Everaldo de Oli- veira ratifica que é uma meto- dologia avançada na discussão das ciências humanas e dissemina ideias que o socialismo é uma ampliação da democracia.É graduado pela Universi- dade de São Paulo (USP) no curso de história em 1992, mestrado em História Econômica pela mesma em 1996 e especialista em história da América. É autor de diversos livros, entre eles, A Revolução Boliviana e Revoluções na América Latina Contemporânea, onde retrata a participação popular na busca de uma nova perspectiva de vida. Atualmente, coordenador do curso de História na Universidade de Guarulhos (UNG), procura por meio do plano de ensino, conduzir os alunos ao desenvol- vimento da consciência política, social e cultural acima do senso comum. Nesta entrevista, ele faz uma análise minucio- sa do panorama sócio-cultural do Brasil e da América Latina, sempre buscando traçar paralelos entre os povos latinos. De acordo com seus livros, América Latina é um traço comum entre eles. Qual seu interesse em desenvolver esse tema? Acho importante que os brasileiros tenham mais proximidade com a história da América latina. É um esforço que eu realizo tanto como professor e historiador para divulgar e permitir que os estudantes possam “O papel do Estado conhecer a história latina-americana e também conhecer os problemas que é ajudar que a cultura são comuns tanto para os brasileiros quanto para os povos da região. floreça, de maneira suntuosa e sem ” Qual a relação entre Brasil e a América Latina do ponto de vista cultural? Há algo em comum entre esse dois pólos? pressão Na verdade não são dois pólos, e sim, parte de uma mesma civilização. Pois os povos latino-americanos são de ori- gem ibérica, por exemplo, os argenti- nos, os paraguaios, os venezuelanos, veja/universidade cruzeiro do sul I 24 DE MAIO, 2011 I 17
  • 2. Entrevista EVERALDO DE OLIVEIRA os bolivianos e os mexicanos foram “Sempre existiu o Brasil tem uma cultura construída A partir dos anos 90, a música bra- “Deveríamos fazer Quais são seus pontos preferenciais colonizados pela Espanha e os bra- sileiros por Portugal. São povos que uma cultura de na diversidade, isso não significa que não exista preconceito. O caminho, sileira sofreu uma transição, que foi uma leitura de sua obra A Revolução Boliviana? de canções de protesto para músicas Bom, esse livro faz parte da minha tem uma cultura muito próxima, não somente uma raiz católica e uma raiz contestação de porém, não é cotizar tudo e, sim, res- peitar o caráter de mestiçagem. que retratam as banalidades. Como você enxerga essa mudança? Sempre nacional, a partir de dissertação de mestrado e o objetivo dele era discutir a revolução boli- latina, mas problemas econômicos, sociais e políticos muito semelhantes. resistência, talvez Segundo especialistas, o brasileiro tem existe uma cultura de contestação de resistência, talvez nos anos 80, nossos pressupostos viana de 1952, que foi uma das mais importantes revoluções da América no Portanto, isso é um ponto de proximi- dade e não pólos que são distantes um nos anos 80, ela a vocação de valorizar a cultura de fora, discriminando a sua própria. Como ela parecesse ligada a luta contra a ditadura em prol da democracia. Se culturais e não século XX. Essa revolução é pouquís- simo conhecida no Brasil e a questão do outro, apesar da suposta distância de Portugal e Espanha, fazem parte da parecesse ligada você vê essa realidade? Não podemos generalizar, e dizer que o brasileiro analisarmos nos anos 90, até mesmo hoje, tem o rap e outras músicas ficar submetido, principal é discutir a capacidade de um povo que foi esmagado em uma mesma nação latino-americana. a luta contra a em geral valoriza a cultura de fora. Nós brasileiros temos uma capacidade que continuam discutindo questões sociais, polemizando com a vida sobretudo, aceitar situação tão difícil como a dos boli- vianos, e que tiveram a capacidade de A América passou por diversos gover- nos ditadores. Quando um país atraves- ditadura em prol de assimilar a cultura exterior, isso tem um lado positivo, esse comospoli- política. Ela se deslocou de um ambiente de classe média para um passivamente a tudo criar uma perspectiva nova para o país deles. Então, a revolução de 52 discu- sa esse momento, pode-se dizer que tísmo, essa capacidade de transformar ambiente mais popular, por isso a tiu a participação popular dos campo- sofre um obscurantismo cultural? da democracia, o mundo, já foi discutido com os grande mídia não dá tanto destaque que vem de fora, neses, dos operários e dos mineiros na Com certeza, toda ditadura teme a especialistas como algo positivo, o a esse tipo de produção cultural, mas construção de um projeto alternativo cultura, o conhecimento, a consciên- polemizando com a problema é se submeter e aceitar essa continua existindo. sufocando a cultura que visava modernizar a Bolívia e cia, e principalmente, a liberdade. No entanto, existem ditaduras camufladas e formas de controlar e esmagar a vida política. ” cultura exterior sem uma leitura na- cional. O Brasil é muito grande e di- versificado, por exemplo, no nordeste Os olhos do mundo se voltam para o Brasil com a Copa de 2014 e a Olimpía- nacional ” tira – lá da miséria e do atraso que se encontrava e encontra-se até hoje. cultura alternativa sob uma suposta a cultura é vista de outra maneira, da de 2016. Como o Brasil pode difundir Qual seria a instrução cultural ideal para democracia. Há varias formas do com alguns termos, pois nos Estados lá se tem raízes culturais brasileiras sua cultura através desses grandes entanto, é preciso fortalecer a cultu- uma sociedade socialista? Seguindo mercado supostamente livre, por Unidos que rege a democracia, não se mais profundas do que em São Paulo eventos? Naturalmente vamos expor ra popular, a produção que o povo a experiência histórica do movimen- exemplo, dos Estados Unidos que podem falar tudo o que pensa, existe que é mais cosmopolita. Por isso, não nossos sucessos e debilidades. O realiza e não tem espaço no mercado, to socialista, que não é uma receita domina o mercado de outra maneira, um controle velado e também uma podemos generalizar afirmando que o próprio evento esportivo, infelizmen- por exemplo, muitos grupos de teatro, pronta e acabada como os adversários impedindo um artista que conteste o pressão psicológica que impedem as brasileiro, em geral, aceita tudo. De- te, tornou-se um grande negócio. A artistas que não conseguem espaço dizem, socialismo é a perspectiva regime e que não aceita as práticas pessoas de falar tudo que pensam, tem veríamos fazer uma leitura nacional, a cultura que se pretende divulgar, ela é por não ter nenhum recurso. E o papel histórica que exige a consciência culturais hegemônicas, possa ter medo de perder o emprego e medo partir de nossos pressupostos cultu- intermediada pelo mercado. Tem esse do Estado é ajudar que a cultura flore- da maioria dos trabalhadores de ter espaço na grande mídia, pois ele é de perder contatos. Portanto é uma rais e não ficar submetido, sobretudo, obstáculo que pode filtrar a realidade ça de maneira suntuosa e sem pressão direito a uma vida melhor. Não é sufocado mesmo no Brasil. Se um forma controle social sobre a cultura. aceitar passivamente a tudo que vem brasileira e acabar reforçando estere- que impeça de criar livremente. sinônimo de ditadura, nem de autori- artista não tem contatos, não consegue É mais sofisticado pensar essa questão de fora, sufocando a cultura nacional. ótipos que pensam do Brasil. Esse é tarismo, pelo contrário, é a ampliação espaço para divulgar sua obra,e isso é da globalização com a liberdade total o grande perigo, por exemplo, achar Observando a sua biografia e suas da democracia e dos direitos sócio outra forma de esmagar a cultura que de conhecimento. O Estados Unidos Você concorda que São Paulo tem a que o Brasil é só mulata, sol e futebol. pesquisas desenvolvidas ao longo de culturais. Isso requer consciência. contrapõe o regime, mesmo na situa- controla a internet, orkut, facebook e cultura mais americanizada do país? Por Esse é o estereótipo que vem de fora. sua trajetória, fica evidenciado uma Portanto o caminho é de discussão, ção de uma suposta democracia. tudo mais. As grandes empresas ame- quê? A metrópole paulista é cosmopolita O Brasil é muito mais que isso, nosso política de esquerda. Você segue uma debate, organização e luta dos traba- ricanas de comunicação monitoram e tem mais contato com resto do planeta. grande desafio é superar esses estere- tendência marxista? Eu procuro nas lhadores para difundir essa cultura de Como você analisa governos tão re- os acessos a rede e existi uma globa- No mundo que há uma hegemonia ótipos e mostrar a diversidade cultural minhas obras e nos meus trabalhos igualdade para uma sociedade mais sistentes a globalização cultural como lização sobre o controle do mercado cultura americana, as regiões cosmopo- brasileira e até da América Latina, desenvolver um ponto de vista que humana. Cuba e Venezuela? É um pergunta e isso afeta as culturas nacionais e litas são as mais afetadas pela pressão pois o Brasil é visto como referencia favoreça a interpretação marxista da interessante, o que é globalização regionais,enfim é legitimo resistir a cultural norte americana, por isso, são na América do Sul. história contemporânea que conside- Quais são seus pontos preferências cultural? Seria você aceitar um essa imposição. mais facilmente adaptáveis aos padrões ro uma metodologia mais avançadas em sua obra A Revolução na América padrão único de cultura de mercado culturais dos Estados unidos, os padrões Como você avalia a política sócio-cul- para discutir as ciências humanas, Latina Contemporânea? É uma obra hegemonizado pelos Estados Unidos, No Brasil há uma diversidade étnica cul- de consumo alimentar, de roupas, tele- tural brasileira atualmente? A política os problemas, e as perspectivas que procura discutir e comparar três pelas grandes empresas americanas tural marcante. Quais pontos positivos visão etc. É uma indústria cultural em sócio-cultural durante o governo Lula de transformações da humanida- processos revolucionários na América de produção e cultura de massa. E e negativos dessa variedade? Não vejo desenvolvimento desde a década de 30, permitiu a ampliação da renda da de. Do ponto de vista da história, Latina contemporânea no México, quando se tenta resistir com uma cul- nenhum ponto negativo. Há muito de uma estratégia do Estado para a América população mais pobre, e ao mesmo o marxismo é conjunto suntuso de Bolívia e Cuba e procura mostrar que tura nacional e não aceitar os padrões positivo nessa diversidade étnica cul- Latina. Isto é documentado, têm vários tempo, privilegiou o desenvolvimento conhecimento que possui uma larga há diversos aspectos comum entre impostos pela suposta globalização tural do Brasil. È um debate compli- trabalhos de historiadores que estudaram da indústria nacional, ou seja, consti- margem para discussão teórica, essas revoluções. A mexicana em cultural mundial, você é acusado de cado, por exemplo, as cotas raciais é isso, a padronização dos gostos cultu- tuindo uma série de contradições que e permiti avançar nos estudos de 1910, a boliviana 1952 e a cubana ter um regime autoritário. Por exem- um passo atrás nessa discussão, aliás rais, ajudam vender os produtos ameri- não foram resolvidas. Culturalmente questões, não somente de política e em 1959 que á defesa da nação, dos plo na Venezuela, como é possível é uma discussão importada dos EUA canos. As coisas estão interligadas, as existe um esforço do governo, diri- economia, mas também de assuntos valores nacionais fazendo frente a chamar de ditadura, se jornais e que divide o povo de maneira artifi- dominações políticas, militar e cultural gido pelo PT e outros partidos, para pouco explorados como cultura, política intervencionista e o imperia- televisão fazem oposição ao governo cial. É perigoso criar cotas em todos são partes do mesmo aparato de controle diversificar a produção cultural para pelos cientistas sociais brasileiros lismo praticado pelos Estados Unidos abertamente. É preciso tomar cuidado os setores da sociedade, sendo que e domínio da sociedade. o cinema, literatura, teatro etc. No atualmente. da América. 18 I 24 DE MAIO, 2011 I veja/universidade cruzeiro do sul veja/universidade cruzeiro do sul I 24 DE MAIO, 2011 I 19