SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 14
Baixar para ler offline
Câmara Ambiental do Setor Sucroalcooleiro
                     GT de P+L: Mudanças Tecnológicas – Procedimentos




      A PRODUÇÃO MAIS LIMPA (P+L) NO
         SETOR SUCROALCOOLEIRO
                            - INFORMAÇÕES GERAIS -

1. Apresentação

Este documento tem como objetivo apresentar informações gerais sobre a P+L e sua aplicação no
setor sucroalcooleiro, para compartilhamento de conhecimento sobre o assunto de modo a permitir
sua discussão no Grupo de Trabalho (GT) de P+L: Mudanças Tecnológicas – Procedimentos, criado
em 24/11/2002 no âmbito da Câmara Ambiental do Setor Sucroalcooleiro.



2. Introdução

O desenvolvimento da agricultura no Período Neolítico significou uma importante transição para a
humanidade, a partir da qual o homem passou progressivamente a transformar os diversos recursos
naturais em bens e serviços para sua subsistência e melhoria de qualidade de vida. Desde então a
história da humanidade pode ser vista como o desenvolvimento progressivo das estruturas que
garantam estas transformações, e consequentemente a satisfação de nossas necessidades.


Este processo, de uso e transformação de recursos naturais, traz efeitos negativos, como tem ficado
cada vez mais evidente conforme se tornam mais intensas e complexas as interações entre a
humanidade e a natureza. Este fato fez com que se fizessem necessárias medidas que limitassem os
danos causados pela nossa atividade no meio ambiente.


As primeiras iniciativas neste sentido, denominadas de “controle corretivo”, tratavam de reduzir os
danos causados ao meio ambiente por resíduos já gerados. São exemplos a colocação de um filtro
numa chaminé, a instalação de um processo de tratamento de efluentes e a disposição final adequada
dos resíduos.
A Produção mais Limpa no Setor Sucroalcooleiro- Informações Gerais
                                                                                 CETESB / Novembro 2002



Com o passar do tempo percebeu-se que a geração de resíduos é resultado da ineficiência de
transformação de insumos (matérias-primas, água e energia) em produtos, acarretando em danos ao
meio ambiente e custos para as empresas. A geração de resíduos passou a ser considerada como um
desperdício de dinheiro com compra de insumos, desgaste de equipamentos, horas de empregados,
etc, além dos demais custos envolvidos com o seu armazenamento, tratamento, transporte e
disposição final. A solução para minimização destes problemas veio com a adoção de técnicas
conhecidas como de “controle preventivo”, significando evitar ou minimizar a geração de resíduos na
fonte geradora. São exemplos a minimização do consumo de água, o uso de matérias-primas atóxicas,
dentre outras.


Desta forma para se atingir a produção sustentável são requeridas ações muito mais amplas, dentre as
quais se destaca a chamada Produção Mais Limpa, cujos principais conceitos serão apresentados no
próximo item.




3. Conceitos

A estratégia de redução (ou eliminação) de resíduos (ou poluentes) na fonte geradora consiste no
desenvolvimento de ações que promovam a redução de desperdícios, a conservação de recursos
naturais, a redução ou eliminação de substâncias tóxicas (presentes em matérias-primas ou produtos
auxiliares), a redução da quantidade de resíduos gerados por processos e produtos, e
consequentemente, a redução de poluentes lançados para o ar, solo e águas.


Diversos termos, tais como Produção mais Limpa (Cleaner Production), Prevenção à Poluição
(Pollution Prevention), Tecnologias Limpas (Clean Technologies), Redução na Fonte (Source
Reduction) e Minimização de Resíduos (Waste Minimization) têm sido utilizados ao redor do mundo
para definir este conceito. Algumas vezes estes termos são considerados sinônimos, e às vezes
complementares, requerendo uma análise aprofundada das ações e das propostas inseridas dentro de
cada contexto.


A CETESB utiliza os termos Prevenção à Poluição (P2) e Produção mais Limpa (P+L). O primeiro já
é consagrado nos EUA (Estados Unidos da América) e foi disseminado pela EPA (Agência
Ambiental Americana), através de um Decreto Lei promulgado pelo Governo Federal Americano, em
A Produção mais Limpa no Setor Sucroalcooleiro- Informações Gerais
                                                                                  CETESB / Novembro 2002

1990 (Pollution Prevention Act). O segundo foi definido pelo UNEP (Organização Ambiental das
Nações Unidas), durante o lançamento do Programa de Produção mais Limpa em 1989.


As definições e conceitos apresentados a seguir tem a finalidade de promover uma uniformização
terminológica relativo ao tema, de modo a facilitar a compreensão deste assunto e ressaltar que
qualquer ação que promova a redução ou eliminação de poluentes na fonte geradora deve sempre ser
priorizada dentro da hierarquia de gerenciamento ambiental.


Produção mais limpa (P+L)
    É a aplicação contínua de uma estratégia ambiental preventiva integrada aos processos, produtos
    e serviços, para aumentar a eficiência ambiental e reduzir os riscos ao homem e ao meio
    ambiente. Aplica-se a:
   •   Processos Produtivos: na conservação de matérias-primas, água e energia, na eliminação de
       matérias-primas tóxicas e na redução na fonte da quantidade e toxicidade dos resíduos e
       emissões gerados;
   •   Produtos: na redução dos impactos negativos dos produtos ao longo do seu ciclo de vida,
       desde a extração de matérias-primas até a sua disposição final;
   •   Serviços: na incorporação das questões ambientais no planejamento e execução dos serviços.
                                                            (UNEP- United NationsEnvironmental Programme)
    Produção +Limpa requer mudanças de atitude, garantia de gerenciamento ambiental responsável,
    criação de políticas nacionais direcionadas e avaliação de alternativas tecnológicas.
                                                                             (Conferência das Américas-1998)



Prevenção à Poluição (P2) - ou Redução na Fonte
    É o uso de práticas, processos, técnicas ou tecnologias que evitem ou minimizem a geração de
    resíduos e poluentes na fonte geradora, reduzindo os riscos globais à saúde humana e ao meio
    ambiente.
    Inclui modificações nos equipamentos, nos processos ou procedimentos, reformulação ou
    replanejamento de produtos, substituição de matéria-prima e melhorias nos gerenciamentos
    administrativos e técnicos da entidade/empresa, resultando em aumento de eficiência no uso dos
    insumos (matérias-primas, energia, água etc).
    As práticas de reciclagem fora do processo, tratamento e disposição dos resíduos gerados, não
    são consideradas atividades de Prevenção à Poluição, uma vez que não implicam na redução da
A Produção mais Limpa no Setor Sucroalcooleiro- Informações Gerais
                                                                                 CETESB / Novembro 2002

    quantidade de resíduos e/ou poluentes na fonte geradora, mas atuam de forma corretiva sobre os
    efeitos e as conseqüências oriundas do resíduo gerado.
                                                                                             (USEPA, 1990)



É interessante ressaltar que as técnicas de Prevenção à Poluição (P2) fazem parte das de Produção
mais Limpa (P+L), mas não são as únicas. Existem, além destas, estratégias de P+L para quando não
se consegue evitar ou minimizar a geração do resíduo, e consistem basicamente em buscar outros
usos para estes. Para melhor compreender estas técnicas, é interessante apresentar mais dois
conceitos:


Reuso
    É qualquer prática ou técnica que permite a reutilização do resíduo, sem que o mesmo seja
    submetido a um tratamento que altere as suas características físico-químicas.
                                                                                           (CETESB, 1998)



Reciclagem
    É qualquer técnica ou tecnologia que permite o reaproveitamento de um resíduo, após o mesmo
    ter sido submetido a um tratamento que altere as suas características físico-químicas. A
    reciclagem pode ser classificada como:
   •    Reciclagem dentro do processo: Permite o reaproveitamento do resíduo como insumo no
        processo que causou a sua geração. Exemplo: reaproveitamento de água tratada no
        processamento industrial;
   •    Reciclagem fora do processo: Permite o reaproveitamento do resíduo como insumo em um
        processo diferente daquele que causou a sua geração. Exemplo: reaproveitamento de cacos de
        vidro, de diferentes origens, na produção de novas embalagens de vidro.
                                                                                           (CETESB, 1998)



Quanto tratamos do gerenciamento de um resíduo dentro do conceito de produção mais limpa,
devemos ter em mente que existe uma certa hierarquia de preferência dentre as possíveis alternativas,
de modo a determinar qual a melhor solução do ponto de vista ambiental. A figura a seguir apresenta
esta ordem.
A Produção mais Limpa no Setor Sucroalcooleiro- Informações Gerais
                                                                                                                  CETESB / Novembro 2002

Figura 1: Hierarquia de gerenciamento ambiental



             MAIOR                                                         REDUÇÃO NA FONTE (P2)
                                                    •   Eliminação/ redução no uso de matérias-primas ou materiais tóxicos;
                              PRODUÇÃO MAIS LIMPA


                                                    •   Melhoria nos procedimentos operacionais e na aquisição e estoque de
                                                        materiais;
                                                    •   Uso eficiente dos insumos (água, energia, matérias-primas, etc);
VANTAGEM AMBIENTAL RELATIVA




                                                    •   Reuso/ reciclagem dentro do processo;
                                                    •   Adoção de tecnologias limpas;
                                                    •   Melhoria no planejamento de produtos;
                                                    •   etc.


                                                                 RECICLAGEM/ RESUO FORA DO PROCESSO



                                                                             TRATAMENTO RESIDUOS
                              MEDIDAS DE
                               CONTROLE




                                                                      DISPOSIÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS


                                                                     RECUPERAÇÃO DE ÁREA CONTAMINADA

MENOR


Resumidamente esta hierarquia propõe que antes de determinar soluções de tratamento ou destinação
final dos resíduos já gerados sejam verificadas alternativas de redução da geração destes resíduos na
fonte. Em outras palavras, deve-se sempre tentar evitar (ou ao menos minimizar) a geração dos
resíduos, para apenas depois buscar técnicas de reuso e reciclagem destes resíduos fora do processo, e
apenas na impossibilidade de usar estas técnicas enviar estes para tratamento e disposição final.



4. Programa de P+L/ P2

A implementação de ações de P+L pelas empresas implica no estabelecimento de um programa, que
deve incluir desde o comprometimento da direção com os princípios da P+L até a avaliação de seu
desempenho. Além disso, um programa de P+L deve contemplar seu aprimoramento contínuo, ou
seja, o estabelecimento de novas metas no final de sua execução, reiniciando o ciclo de
implementação.
A Produção mais Limpa no Setor Sucroalcooleiro- Informações Gerais
                                                                                   CETESB / Novembro 2002



Nesta parte do texto comenta-se brevemente alguns pontos importantes do processo de implantação
de um programa de P+L. Para maiores detalhes sobre como implementar estas ações, consultar o
“Manual de Implementação de um Programa de Prevenção à Poluição” da CETESB, disponível para
"download" no site (www.cetesb.sp.gov.br).


Quem pode implementar ações de P+L/P2?
Qualquer pessoa / organização que:
    ➣ visa otimizar o uso de insumos / recursos disponíveis (água, energia, matérias-primas, etc.);
    ➣ visa reduzir a geração de resíduos ou o uso de substâncias perigosas em suas atividades ou
       processos produtivos;
    ➣ deseja melhorar a qualidade ambiental local e global;
    ➣ visa o bem estar da comunidade e das futuras gerações;
    ➣ visa operar de forma ambientalmente segura e responsável;
    ➣ deseja alcançar um estágio superior ao de seus concorrentes em relação à melhoria da
       qualidade ambiental;
    ➣ visa reduzir os custos envolvidos no tratamento de resíduos, na compra de matérias-primas e
       nos processos produtivos;


Como implementar um programa de prevenção à poluição?
Qualquer pessoa pode implementar ações de P+L/P2, adotando simples atitudes no seu dia-a-dia, tais
como: otimizar o uso de água, energia e demais recursos, evitando o desperdício; dar preferência à
compra de materiais que causem menor impacto ambiental; deixar o carro próprio na garagem,
reutilizar embalagens; separar materiais recicláveis e enviar para um centro de coleta seletiva.


A implementação de ações de P+L/P2 por uma organização implica no desenvolvimento de um
Programa de P2. A metodologia sugerida pela CETESB obedece a seguinte seqüência:
   ➣ comprometimento da direção da empresa
   ➣ definição da equipe de P2
   ➣ elaboração da Declaração de Intenções
   ➣ estabelecimento de prioridades objetivos e metas
   ➣ elaboração de cronograma de atividades
   ➣ disseminação de informações sobre P2
   ➣ levantamento de dados
A Produção mais Limpa no Setor Sucroalcooleiro- Informações Gerais
                                                                                  CETESB / Novembro 2002

  ➣ definição de indicadores de desempenho
  ➣ identificação de oportunidades de P2
  ➣ levantamento de tecnologias
  ➣ avaliação econômica
  ➣ seleção das oportunidades de P2
  ➣ implementação das medidas de P2
  ➣ avaliação dos resultados
  ➣ manutenção do programa


Quais os benefícios de implementar um Programa de Prevenção à Poluição?
A implementação de ações de P+L/P2 resulta em:
  ➣ melhoria da cidadania e desenvolvimento sustentável
  ➣ melhor qualidade de vida e melhoria da conscientização ambiental
  ➣ melhoria da qualidade ambiental local e global
  ➣ economia de consumo de água e energia
  ➣ redução do uso de matérias-primas tóxicas
  ➣ redução da geração de resíduos
  ➣ aumento da segurança no ambiente de trabalho, com conseqüente redução de afastamentos por
     acidentes
  ➣ redução ou eliminação de resíduos, com conseqüente redução dos gastos relativos ao
     gerenciamento dos mesmos
  ➣ minimização da transferência de poluentes de um meio para o outro
  ➣ melhoria do desempenho ambiental
  ➣ redução ou mesmo eliminação de conflitos junto aos órgãos de fiscalização
  ➣ melhoria da motivação dos funcionários
  ➣ melhoria da imagem pública da empresa
  ➣ redução de possíveis conflitos com a comunidade circunvizinha
  ➣ melhoria da competitividade da empresa e da qualidade do produto
A Produção mais Limpa no Setor Sucroalcooleiro- Informações Gerais
                                                                                 CETESB / Novembro 2002

5. A Produção mais Limpa (P+L) no setor sucroalcooleiro

O Setor Sucroalcooleiro, como uma das grandes forças econômicas e de produção de bens no nosso
Estado, muito já realizou no sentido de aprimorar e otimizar seu processo produtivo.


As fábricas de açúcar e álcool, desde muito tempo, vêm desenvolvendo e implantando medidas que
minimizam os impactos ambientais decorrentes de sua atividade produtiva. Muitas dessas medidas
estão inseridas no conceito de P+L, porém não são conhecidas e difundidas no setor como tal.


Este documento não visa apresentar uma compilação de técnicas de P+L empregadas no setor, uma
vez que a maioria delas são de amplo conhecimento dos inúmeros especialistas da área, mas sim
mostrar que muito já foi feito e que da somatória dos conhecimentos técnicos específicos do setor
produtivo com os de proteção ambiental, muitas outras ações profícuas poderão ser implementadas.


Como um documento que reúne uma base teórica inicial de informações para embasar a primeira
reunião do GT, apresenta-se na próxima página um fluxograma genérico e simplificado do processo
de produção de açúcar e álcool, e logo em seguida uma tabela apresentando medidas de P+L para os
principais rejeitos do setor.
A Produção mais Limpa no Setor Sucroalcooleiro- Informações Gerais
                                                                               CETESB / Novembro 2002


   Fig. 2: Fluxograma do balanço de massa genérico de uma usina de açucar e álcool
 CANA
 1.000 t
                                                   ÁGUA DE LAVAGEM
  ÁGUA              LAVAGEM                            (5.000 m3)
(5.000 m3)


 ÁGUA                                                 BAGAÇO DE CANA
(270 m3)             MOENDA                               (270 t)
                                                                     110 m3
Cal + SO2
 (20 m3)
                 CLARIFICAÇÃO
 VAPOR                                           P/ CALDEIRA
                                    3
                          1.130 m
                                                                               40 m3 TORTA
                                             100 m3                                   (35 t)
                  DECANTAÇÃO                                  FILTRO
                          1.030 m3          CONDENSADO DO                      ÁGUA
                                             EVAPORADOR                        (50 m3)
 VAPOR            EVAPORAÇÃO                    (580 m3)                            ÁGUA
                                                                                  (7.300 m3)
                          235 m3                   P/ CALDEIRA
                                                                     C.B.
 VAPOR                                             P/ CALDEIRA                ÁGUA DO COND.
                   COZIMENTO                                                  BAROMÉTRICO
                                                                                 (7.715 m3)
                          165 m3
 ÁGUA                                                                               ÁGUA
 (3 m3)          CRISTALIZAÇÃO                                                    (3.400 m3)
                                                                      C.B.
                                                                               ÁGUA DO COND.
 ÁGUA                                                                          BAROMÉTRICO
(400 m3)       DILUIÇÃO MELAÇO                                                    (3.470 m3)

                          500 m3

                                                                      AÇÚCAR
                 FERMENTAÇÃO                                            96 L

                                                   P/ CALDEIRA
 VAPOR
                   DESTILAÇÃO
                                                        VINHOTO
                                                         (360 m3)

                  RETIFICAÇÃO
                                                                      ÁLCOOL
                                                                       36 m3
EXEMPLOS DE MEDIDAS DE P+L
    REJEITO          ORIGEM             COMPOSIÇÃO
                                                                           REDUÇÃO                        REUSO/ RECICLO
                                                              •   Eliminação da despalha com fogo
                                                               reduz aderência de terra e          • Reciclagem no processo de
                                                               pedregulhos, podendo haver dispensa embebição (permite recuperação de
                                    • Teores consideráveis de da lavagem;
                                                                                                   parte da sacarose diluída);
                                    sacarose, principalmente
Água de                             no caso de despalha da     • Realização da lavagem em mesa     • Reciclagem no processo de
                • Lavagem da cana
lavagem da                          cana com fogo;             separada daquela onde ocorre o      lavagem (necessário tratamento para
                antes da moagem;
cana                                                           desfibramento (evita perda de       remoção de sólidos grosseiros e
                                    • Matéria vegetal, terra e bagacilho aderido);
                                                                                                   resíduos sedimentáveis, e
                                    pedregulhos aderidos;
                                                               • Redução vazão de água usada,      eventualmente para remoção
                                                               através da remoção à seco de parte  substâncias orgânicas solúveis);
                                                               das impurezas;
                                                                                                   • Reciclagem da água no próprio
                                                              •   Redução perda do xarope:         processo (cuidado com teor de
                                                                                                   açúcar);
Água dos                                                       - redução da velocidade do fluxo;
                                                                                                   • Reciclagem no processo, mas em
condensadores                                                  - redução da temperatura da água    outra etapa, como:
barométricos                                                    de condensação;
                                    • Água contendo                                                - embebição da cana;
e               • Concentração do                             •   Recuperação do xarope:
                                    açúcares, arrastados em
                caldo                                                                             - lavagem do mel após cristalização
Água                                gotículas;                 - uso de obstáculos que diminuam o do açúcar;
condensada                                                       arraste (separadores e
nos                                                              recuperadores de arraste);       - geração de vapor;
evaporadores                                                                                      - lavagem filtros;
                                                               - aumento da altura dos
                                                                evaporadores;                     - preparo de solução para caleagem
                                                                                                   (na clarificação);
A Produção mais Limpa no Setor Sucroalcooleiro- Informações Gerais
                                                                                                                         CETESB / Novembro 2002

                                                                                    EXEMPLOS DE MEDIDAS DE P+L
 REJEITO              ORIGEM                      COMPOSIÇÃO
                                                                                REDUÇÃO                          REUSO/ RECICLO
                                                                                                       •   Cogeração energia elétrica;
                                                                                                       • Obtenção de composto- uso como
              • Moagem da cana e           • Celulose, com teor de
                                                                                                       adubo;
Bagaço                                                                      •
              extração do caldo            umidade de 40- 60%;                                         •   Produção de ração animal;
                                                                                                       •   Produção de aglomerados;
                                                                                                       •   Produção de celulose;
                                           • Resíduos solúveis e
Torta de      • Filtração do lodo gerado                                                               •   Uso como condicionador do solo;
                                           insolúveis da calagem;           •
filtração     na clarificação;                                                                         •   Produção de ração animal;
                                           •   Rico em fosfatos;
                                                                                                       • Pelo elevado teor de fosfato e
             • Remoção química (soda       •  Variam muito, mas                                        pequena quantidade, incorporação ao
Água de                                                                                                vinhoto para uso como fertilizante;
             ou solução ác. clorídrico)    predomínio de fosfatos,
remoção de                                                                  •
             de sais, na concentração do   sílica, sulfatos, carbonatos e                              •  Uso como complemento da
incrustações
             caldo (volume reduzido);      oxalatos;                                                   atividade em tratamento biológico de
                                                                                                       efluentes;
            • Lavagem dos recipientes
Água da                               • Semelhante ao vinhoto,
            de fermentação, p/
lavagem das                           mas bem mais diluído(cerca
            obtenção álcool (volume                                                                    • Uso como fertilizante (observar
dornas                                de 20% de vinhoto);
            reduzido);                                                      •                          taxa de aplicação em função da
              • Resíduos da destilação                                                                 composição e do tipo de solo);
Vinhoto       do melaço fermentado         •   Alta DBO e DQO;
              (para obtenção do álcool);
A Produção mais Limpa no Setor Sucroalcooleiro- Informações Gerais
                                                                                                                       CETESB / Novembro 2002
                                                                   • Praticamente todo usado na      •   Produção álcool;
Melaço     •   Fabricação açúcar;   •   Alta DBO (~90.000 mg/l);
                                                                   produção do álcool;               •   Fabricação levedura;
Ponta da   •Corta da cana para
                                    •                              •                                 •   Alimento animal;
cana       moagem;
6. Proposta de Trabalho

Para aprofundar estas questões, a CETESB propõe que dentro da Câmara Ambiental do Setor
Sucroalcooleiro, no GT de P+L: Mudanças Tecnológicas – Procedimentos, sejam discutidos
inicialmente os seguintes tópicos:


  -   Difusão do conceito de P+L no setor;


  -   Levantamento de Casos de Sucesso em P+L, entre as empresas do setor;


  -   Elaboração de documento técnico sobre a produção de açúcar e álcool e o meio ambiente;




São Paulo, 25 de Novembro de 2002.




Engº Flávio de Miranda Ribeiro
Setor de Técnicas de Prevenção à Poluição
A Produção mais Limpa no Setor Sucroalcooleiro- Informações Gerais
                                                                              CETESB / Novembro 2002
referências bibliográficas
ALMANÇA, R.A., Avaliação do uso da vinhaça da cana de açúcar na geração de energia elétrica
   (estudo de caso), dissertação de mestrado, Programa Interunidades de Pós Graduação em Energia
   da Universidade de São Paulo (PIPGE/USP), São Paulo, 1994.
CENTURION, R.B., TARALLI, G., A experiência adquirida e os programas da CETESB relativos a
  tratamento e reutilização de águas residuárias de açúcar e álcool de cana, XVI Congresso
  Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental, Santo Domingo, 1978.
CENTURIÓN, R.E.B., DERÍSIO, J.C., Evolução do controle da poluição das indústrias sucro-
  alcooleiras no Estado de São Paulo, Álcool e Açúcar nº68, p.24 a 35, 1993.
CETESB, Diretrizes ambientais para o disciplinamento da atividade agroindstrial canavieira no Estado
  de São Paulo, CETESB, São Paulo, 1986.
CETESB, Projeto açúcar e álcool, CETESB, São Paulo, 1976.
CETESB, Simpósio sobre resíduos da industrialização da cana de açúcar, CETESB, São Paulo, 1969.
CETESB, Sistema de recirculação de águas de lavagem de cana, CETESB, São Paulo, 1981.
CETESB, Tratamentos físico-químicos e opções de reciclagem da vinhaça oriunda da fabricação de
  açúcar e/ou álcool”, CETESB, São Paulo, 1983.
CHESF, Fontes energéticas brasileiras, Inventário / Tecnologias – Cana de Açúcar vol2 Tecnologias,
  Rio de Janeiro, 1987.
CLINE, J.H. et alli, Uso de resíduos agroindustriais na alimentação animal, Faculdade de Medicina
  Veterinária e Zootecnia – Universidade de São Paulo, São Paulo, 1990.
COOPERSUCAR, IV Seminário COPERSUCAR da Agroindustria açucareira, Anais, Águas de Lindóia,
  1976.
COPERSUCAR, I Seminário de tecnologias industriais, Piracicaba, 1983.
ELETROBRÁS, Aproveitamento energético dos resíduos da agroindústria da cana de açúcar, Livros
  Técnicos e Científicos Ed., Rio de Janeiro, 1992.
FABIANO, A.S.; LOPES, C.R., Sistema de recirculação em circuito fechado, após decantação das
  águas de lavagem de cana de açúcar, X Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental,
  Manaus, 1979.
FEEMA/ FUNDES, Estudo sobre a poluição proveniente das 15 indústrias açucareiras e alcooleiras
  localizadas no Norte Fluminense, relatório, Rio de Janeiro, 1979.
HESPANHOL, I., Manufatura de açúcar de cana e álcool etílico- características e tratabilidade dos
  resíduos: situação vigente no Estado de São Paulo, CETESB, São Paulo, S/d.
INSTITUTO NACIONAL DE TECNOLOGIA, Seminário Internacional sobre tratamento de vinhoto,
  Anais, Rio de Janeiro, 1976.
MINISTRY OF SUGAR – CUBA, Sugar cane as the basis for a sustainable agroindustrial development,
  United Nations Conference on Environment and Development, Rio de Janeiro, 1992.
MONTEIRO, C.E., Brazilian experience with the disposal of waste water from the cane sugar and
  alcohol industry, Processo Biochemistry, Nov. 1975.
MONTEIRO, C.E., Disposição final dos despejos líquidos da indústria açucareira e alcooleira, São
  Paulo, CETESB, 1977.
ONISHI, E.Y.; CAMPOS, J.F.F., Usinas de açúcar e álcool- tratamentos recomendados visando o
  controle da poluição das águas, brochura, s/e s/d.
PARANHOS, S.B. (coord.), Cana-de-açúcar: cultivo e utilização, Fundação Cargill, Campinas, 1987.
PERCEBON, C.M., fluentes industriais gerados pela produção de açúcar e álcool- seu tratamento e
  disposição, CETESB, 1996.
SOPRAL – SOCIEDADE DOS PRODUTORES DE AÇÚCAR E ÁLCOOL, Avaliação do bagaço da
  cana de açúcar, SOPRAL, 1983.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Aula 4 prevenção a poluição
Aula 4   prevenção a poluiçãoAula 4   prevenção a poluição
Aula 4 prevenção a poluiçãoGiovanna Ortiz
 
Artigo gestão
Artigo gestãoArtigo gestão
Artigo gestãocatty27
 
Gestão Ambiental
Gestão AmbientalGestão Ambiental
Gestão Ambientalguestfcc10a
 
Datasul HCM processo gestao ambiental
Datasul HCM processo gestao ambientalDatasul HCM processo gestao ambiental
Datasul HCM processo gestao ambientalVinicius Saraiva
 
gestão ambiental empresarial
gestão ambiental empresarialgestão ambiental empresarial
gestão ambiental empresarialCarolina Moura
 
Aula 7 gestão ambiental empresarial
Aula 7   gestão ambiental empresarialAula 7   gestão ambiental empresarial
Aula 7 gestão ambiental empresarialAlex Santiago Nina
 
Aula 5 fundamentos de gestão e ambiental 06.09 2
Aula 5 fundamentos de gestão e ambiental 06.09 2Aula 5 fundamentos de gestão e ambiental 06.09 2
Aula 5 fundamentos de gestão e ambiental 06.09 2Carina Marciela Mews
 
MANUAL DE GESTÃO AMBIENTAL DO PORTO DE AVEIRO – VERSÃO 2
MANUAL DE GESTÃO AMBIENTAL DO PORTO DE AVEIRO – VERSÃO 2MANUAL DE GESTÃO AMBIENTAL DO PORTO DE AVEIRO – VERSÃO 2
MANUAL DE GESTÃO AMBIENTAL DO PORTO DE AVEIRO – VERSÃO 2portodeaveiro
 
Gestão ambiental aula 1 - facear
Gestão ambiental   aula 1 - facearGestão ambiental   aula 1 - facear
Gestão ambiental aula 1 - facearDiego Alves
 
Gestão ambiental e administração
Gestão ambiental e administraçãoGestão ambiental e administração
Gestão ambiental e administraçãoe-Tec
 

Mais procurados (20)

Aula 4 prevenção a poluição
Aula 4   prevenção a poluiçãoAula 4   prevenção a poluição
Aula 4 prevenção a poluição
 
Artigo gestão
Artigo gestãoArtigo gestão
Artigo gestão
 
Gestão Ambiental
Gestão AmbientalGestão Ambiental
Gestão Ambiental
 
GESTÃO AMBIENTAL
GESTÃO AMBIENTALGESTÃO AMBIENTAL
GESTÃO AMBIENTAL
 
Gestão Ambiental
Gestão Ambiental Gestão Ambiental
Gestão Ambiental
 
Datasul HCM processo gestao ambiental
Datasul HCM processo gestao ambientalDatasul HCM processo gestao ambiental
Datasul HCM processo gestao ambiental
 
Gestão ambiental apresentação
Gestão ambiental apresentaçãoGestão ambiental apresentação
Gestão ambiental apresentação
 
gestão ambiental empresarial
gestão ambiental empresarialgestão ambiental empresarial
gestão ambiental empresarial
 
Engenharia verde
Engenharia verdeEngenharia verde
Engenharia verde
 
Aula 7 gestão ambiental empresarial
Aula 7   gestão ambiental empresarialAula 7   gestão ambiental empresarial
Aula 7 gestão ambiental empresarial
 
Pap0066
Pap0066Pap0066
Pap0066
 
Aspectos e Impactos
Aspectos e Impactos  Aspectos e Impactos
Aspectos e Impactos
 
Gestao ambiental na_chesf
Gestao ambiental na_chesfGestao ambiental na_chesf
Gestao ambiental na_chesf
 
Aula 5 fundamentos de gestão e ambiental 06.09 2
Aula 5 fundamentos de gestão e ambiental 06.09 2Aula 5 fundamentos de gestão e ambiental 06.09 2
Aula 5 fundamentos de gestão e ambiental 06.09 2
 
Aula 3 sga qualidade
Aula 3   sga qualidadeAula 3   sga qualidade
Aula 3 sga qualidade
 
MANUAL DE GESTÃO AMBIENTAL DO PORTO DE AVEIRO – VERSÃO 2
MANUAL DE GESTÃO AMBIENTAL DO PORTO DE AVEIRO – VERSÃO 2MANUAL DE GESTÃO AMBIENTAL DO PORTO DE AVEIRO – VERSÃO 2
MANUAL DE GESTÃO AMBIENTAL DO PORTO DE AVEIRO – VERSÃO 2
 
Gestão ambiental aula 1 - facear
Gestão ambiental   aula 1 - facearGestão ambiental   aula 1 - facear
Gestão ambiental aula 1 - facear
 
059 8 estudo de impacto ambiental
059 8   estudo de impacto ambiental059 8   estudo de impacto ambiental
059 8 estudo de impacto ambiental
 
Trabalho produção mais limpa 2015
Trabalho produção mais limpa 2015Trabalho produção mais limpa 2015
Trabalho produção mais limpa 2015
 
Gestão ambiental e administração
Gestão ambiental e administraçãoGestão ambiental e administração
Gestão ambiental e administração
 

Semelhante a Adubacao organica producao_mais_limpa_id-37h_fh1rpeg

Ecologia industrial e prevenção da poluição ciências do ambiente - apresent...
Ecologia industrial e prevenção da poluição   ciências do ambiente - apresent...Ecologia industrial e prevenção da poluição   ciências do ambiente - apresent...
Ecologia industrial e prevenção da poluição ciências do ambiente - apresent...Joelton Victor
 
O que produo mais limpa
O que  produo mais limpaO que  produo mais limpa
O que produo mais limpaafermartins
 
O que �Produ�o mais Limpa
O que �Produ�o mais LimpaO que �Produ�o mais Limpa
O que �Produ�o mais Limpaafermartins
 
Biotera - Produção mais Limpa (p+l)
Biotera - Produção mais Limpa (p+l)Biotera - Produção mais Limpa (p+l)
Biotera - Produção mais Limpa (p+l)Biotera
 
Capitalismo natural e produo mais limpa final
Capitalismo natural e produo mais limpa  finalCapitalismo natural e produo mais limpa  final
Capitalismo natural e produo mais limpa finalUFRGS
 
Manzan et al_work
Manzan et al_workManzan et al_work
Manzan et al_workfarbache
 
Economia e meio ambiente
Economia e meio ambienteEconomia e meio ambiente
Economia e meio ambienteHugo Aurelio
 
gestao ambiental
gestao ambientalgestao ambiental
gestao ambientalguto101
 
001 appc - aulas senai agosto set 2013 marcio freire (1)
001   appc - aulas senai agosto set  2013 marcio freire  (1)001   appc - aulas senai agosto set  2013 marcio freire  (1)
001 appc - aulas senai agosto set 2013 marcio freire (1)Josiane Prado
 
DIAGNÓSTICO DO POLIETILENO VERDE , REQUISITOS LEGAIS, IMPACTOS AMBIENTAIS E E...
DIAGNÓSTICO DO POLIETILENO VERDE , REQUISITOS LEGAIS, IMPACTOS AMBIENTAIS E E...DIAGNÓSTICO DO POLIETILENO VERDE , REQUISITOS LEGAIS, IMPACTOS AMBIENTAIS E E...
DIAGNÓSTICO DO POLIETILENO VERDE , REQUISITOS LEGAIS, IMPACTOS AMBIENTAIS E E...GabrielaVenturaKano
 
Monografia Química Verde UFSJ
Monografia Química Verde UFSJMonografia Química Verde UFSJ
Monografia Química Verde UFSJBeta EQ
 
(00) curtumes
(00) curtumes(00) curtumes
(00) curtumesgoden
 
Trabalho resíduos sólidos e reciclagem
Trabalho resíduos sólidos e reciclagemTrabalho resíduos sólidos e reciclagem
Trabalho resíduos sólidos e reciclagemDaniel Pereira
 

Semelhante a Adubacao organica producao_mais_limpa_id-37h_fh1rpeg (20)

Produção sustentável
Produção sustentávelProdução sustentável
Produção sustentável
 
Iso14000
Iso14000Iso14000
Iso14000
 
Ecologia industrial e prevenção da poluição ciências do ambiente - apresent...
Ecologia industrial e prevenção da poluição   ciências do ambiente - apresent...Ecologia industrial e prevenção da poluição   ciências do ambiente - apresent...
Ecologia industrial e prevenção da poluição ciências do ambiente - apresent...
 
O que produo mais limpa
O que  produo mais limpaO que  produo mais limpa
O que produo mais limpa
 
O que �Produ�o mais Limpa
O que �Produ�o mais LimpaO que �Produ�o mais Limpa
O que �Produ�o mais Limpa
 
Proc. produt. 01 introdução
Proc. produt. 01 introduçãoProc. produt. 01 introdução
Proc. produt. 01 introdução
 
Biotera - Produção mais Limpa (p+l)
Biotera - Produção mais Limpa (p+l)Biotera - Produção mais Limpa (p+l)
Biotera - Produção mais Limpa (p+l)
 
Capitalismo natural e produo mais limpa final
Capitalismo natural e produo mais limpa  finalCapitalismo natural e produo mais limpa  final
Capitalismo natural e produo mais limpa final
 
Manzan et al_work
Manzan et al_workManzan et al_work
Manzan et al_work
 
Gestão Ambiental 07 - produção limpa
Gestão Ambiental 07 -  produção limpaGestão Ambiental 07 -  produção limpa
Gestão Ambiental 07 - produção limpa
 
Votorantim
VotorantimVotorantim
Votorantim
 
Economia e meio ambiente
Economia e meio ambienteEconomia e meio ambiente
Economia e meio ambiente
 
gestao ambiental
gestao ambientalgestao ambiental
gestao ambiental
 
001 appc - aulas senai agosto set 2013 marcio freire (1)
001   appc - aulas senai agosto set  2013 marcio freire  (1)001   appc - aulas senai agosto set  2013 marcio freire  (1)
001 appc - aulas senai agosto set 2013 marcio freire (1)
 
DIAGNÓSTICO DO POLIETILENO VERDE , REQUISITOS LEGAIS, IMPACTOS AMBIENTAIS E E...
DIAGNÓSTICO DO POLIETILENO VERDE , REQUISITOS LEGAIS, IMPACTOS AMBIENTAIS E E...DIAGNÓSTICO DO POLIETILENO VERDE , REQUISITOS LEGAIS, IMPACTOS AMBIENTAIS E E...
DIAGNÓSTICO DO POLIETILENO VERDE , REQUISITOS LEGAIS, IMPACTOS AMBIENTAIS E E...
 
Monografia Química Verde UFSJ
Monografia Química Verde UFSJMonografia Química Verde UFSJ
Monografia Química Verde UFSJ
 
Aproducao
AproducaoAproducao
Aproducao
 
(00) curtumes
(00) curtumes(00) curtumes
(00) curtumes
 
Trabalho resíduos sólidos e reciclagem
Trabalho resíduos sólidos e reciclagemTrabalho resíduos sólidos e reciclagem
Trabalho resíduos sólidos e reciclagem
 
Gestao de-residuos solidos
 Gestao de-residuos solidos Gestao de-residuos solidos
Gestao de-residuos solidos
 

Mais de afermartins

Química da Atmosfera
Química da AtmosferaQuímica da Atmosfera
Química da Atmosferaafermartins
 
Politecnico final
Politecnico finalPolitecnico final
Politecnico finalafermartins
 
Burigo ensino mediopolitecnico
Burigo ensino mediopolitecnicoBurigo ensino mediopolitecnico
Burigo ensino mediopolitecnicoafermartins
 
Proposta pedagogica para_o_ensino_medio
Proposta pedagogica para_o_ensino_medioProposta pedagogica para_o_ensino_medio
Proposta pedagogica para_o_ensino_medioafermartins
 
Proposta reest ens_medio
Proposta reest ens_medioProposta reest ens_medio
Proposta reest ens_medioafermartins
 
Ensino medioinovador camaraeducacaobasica-01junho2009
Ensino medioinovador camaraeducacaobasica-01junho2009Ensino medioinovador camaraeducacaobasica-01junho2009
Ensino medioinovador camaraeducacaobasica-01junho2009afermartins
 
Ensino m+ëdio (1)
Ensino m+ëdio (1)Ensino m+ëdio (1)
Ensino m+ëdio (1)afermartins
 
20130207110206anexo10
20130207110206anexo1020130207110206anexo10
20130207110206anexo10afermartins
 
Original normas de_segurança_-_q._analitica
Original normas de_segurança_-_q._analiticaOriginal normas de_segurança_-_q._analitica
Original normas de_segurança_-_q._analiticaafermartins
 
Revista de-quimica
Revista de-quimicaRevista de-quimica
Revista de-quimicaafermartins
 
Apostila peb-ii-site
Apostila peb-ii-siteApostila peb-ii-site
Apostila peb-ii-siteafermartins
 
Regimento referencia em politecnico
Regimento referencia em politecnicoRegimento referencia em politecnico
Regimento referencia em politecnicoafermartins
 
Libaneo democratização da escola pública a pedagogia críti
Libaneo   democratização da escola pública a pedagogia crítiLibaneo   democratização da escola pública a pedagogia críti
Libaneo democratização da escola pública a pedagogia crítiafermartins
 

Mais de afermartins (20)

Solo
SoloSolo
Solo
 
Ar
ArAr
Ar
 
Agua
AguaAgua
Agua
 
Química da Atmosfera
Química da AtmosferaQuímica da Atmosfera
Química da Atmosfera
 
Politecnico final
Politecnico finalPolitecnico final
Politecnico final
 
Burigo ensino mediopolitecnico
Burigo ensino mediopolitecnicoBurigo ensino mediopolitecnico
Burigo ensino mediopolitecnico
 
Proposta pedagogica para_o_ensino_medio
Proposta pedagogica para_o_ensino_medioProposta pedagogica para_o_ensino_medio
Proposta pedagogica para_o_ensino_medio
 
Proposta reest ens_medio
Proposta reest ens_medioProposta reest ens_medio
Proposta reest ens_medio
 
Ensino medioinovador camaraeducacaobasica-01junho2009
Ensino medioinovador camaraeducacaobasica-01junho2009Ensino medioinovador camaraeducacaobasica-01junho2009
Ensino medioinovador camaraeducacaobasica-01junho2009
 
Ensino m+ëdio (1)
Ensino m+ëdio (1)Ensino m+ëdio (1)
Ensino m+ëdio (1)
 
Lei no 06672
Lei no 06672Lei no 06672
Lei no 06672
 
Rceb004 10
Rceb004 10Rceb004 10
Rceb004 10
 
N105a07
N105a07N105a07
N105a07
 
20130207110206anexo10
20130207110206anexo1020130207110206anexo10
20130207110206anexo10
 
Original normas de_segurança_-_q._analitica
Original normas de_segurança_-_q._analiticaOriginal normas de_segurança_-_q._analitica
Original normas de_segurança_-_q._analitica
 
Revista de-quimica
Revista de-quimicaRevista de-quimica
Revista de-quimica
 
Revista peb1
Revista peb1Revista peb1
Revista peb1
 
Apostila peb-ii-site
Apostila peb-ii-siteApostila peb-ii-site
Apostila peb-ii-site
 
Regimento referencia em politecnico
Regimento referencia em politecnicoRegimento referencia em politecnico
Regimento referencia em politecnico
 
Libaneo democratização da escola pública a pedagogia críti
Libaneo   democratização da escola pública a pedagogia crítiLibaneo   democratização da escola pública a pedagogia críti
Libaneo democratização da escola pública a pedagogia críti
 

Adubacao organica producao_mais_limpa_id-37h_fh1rpeg

  • 1. Câmara Ambiental do Setor Sucroalcooleiro GT de P+L: Mudanças Tecnológicas – Procedimentos A PRODUÇÃO MAIS LIMPA (P+L) NO SETOR SUCROALCOOLEIRO - INFORMAÇÕES GERAIS - 1. Apresentação Este documento tem como objetivo apresentar informações gerais sobre a P+L e sua aplicação no setor sucroalcooleiro, para compartilhamento de conhecimento sobre o assunto de modo a permitir sua discussão no Grupo de Trabalho (GT) de P+L: Mudanças Tecnológicas – Procedimentos, criado em 24/11/2002 no âmbito da Câmara Ambiental do Setor Sucroalcooleiro. 2. Introdução O desenvolvimento da agricultura no Período Neolítico significou uma importante transição para a humanidade, a partir da qual o homem passou progressivamente a transformar os diversos recursos naturais em bens e serviços para sua subsistência e melhoria de qualidade de vida. Desde então a história da humanidade pode ser vista como o desenvolvimento progressivo das estruturas que garantam estas transformações, e consequentemente a satisfação de nossas necessidades. Este processo, de uso e transformação de recursos naturais, traz efeitos negativos, como tem ficado cada vez mais evidente conforme se tornam mais intensas e complexas as interações entre a humanidade e a natureza. Este fato fez com que se fizessem necessárias medidas que limitassem os danos causados pela nossa atividade no meio ambiente. As primeiras iniciativas neste sentido, denominadas de “controle corretivo”, tratavam de reduzir os danos causados ao meio ambiente por resíduos já gerados. São exemplos a colocação de um filtro numa chaminé, a instalação de um processo de tratamento de efluentes e a disposição final adequada dos resíduos.
  • 2. A Produção mais Limpa no Setor Sucroalcooleiro- Informações Gerais CETESB / Novembro 2002 Com o passar do tempo percebeu-se que a geração de resíduos é resultado da ineficiência de transformação de insumos (matérias-primas, água e energia) em produtos, acarretando em danos ao meio ambiente e custos para as empresas. A geração de resíduos passou a ser considerada como um desperdício de dinheiro com compra de insumos, desgaste de equipamentos, horas de empregados, etc, além dos demais custos envolvidos com o seu armazenamento, tratamento, transporte e disposição final. A solução para minimização destes problemas veio com a adoção de técnicas conhecidas como de “controle preventivo”, significando evitar ou minimizar a geração de resíduos na fonte geradora. São exemplos a minimização do consumo de água, o uso de matérias-primas atóxicas, dentre outras. Desta forma para se atingir a produção sustentável são requeridas ações muito mais amplas, dentre as quais se destaca a chamada Produção Mais Limpa, cujos principais conceitos serão apresentados no próximo item. 3. Conceitos A estratégia de redução (ou eliminação) de resíduos (ou poluentes) na fonte geradora consiste no desenvolvimento de ações que promovam a redução de desperdícios, a conservação de recursos naturais, a redução ou eliminação de substâncias tóxicas (presentes em matérias-primas ou produtos auxiliares), a redução da quantidade de resíduos gerados por processos e produtos, e consequentemente, a redução de poluentes lançados para o ar, solo e águas. Diversos termos, tais como Produção mais Limpa (Cleaner Production), Prevenção à Poluição (Pollution Prevention), Tecnologias Limpas (Clean Technologies), Redução na Fonte (Source Reduction) e Minimização de Resíduos (Waste Minimization) têm sido utilizados ao redor do mundo para definir este conceito. Algumas vezes estes termos são considerados sinônimos, e às vezes complementares, requerendo uma análise aprofundada das ações e das propostas inseridas dentro de cada contexto. A CETESB utiliza os termos Prevenção à Poluição (P2) e Produção mais Limpa (P+L). O primeiro já é consagrado nos EUA (Estados Unidos da América) e foi disseminado pela EPA (Agência Ambiental Americana), através de um Decreto Lei promulgado pelo Governo Federal Americano, em
  • 3. A Produção mais Limpa no Setor Sucroalcooleiro- Informações Gerais CETESB / Novembro 2002 1990 (Pollution Prevention Act). O segundo foi definido pelo UNEP (Organização Ambiental das Nações Unidas), durante o lançamento do Programa de Produção mais Limpa em 1989. As definições e conceitos apresentados a seguir tem a finalidade de promover uma uniformização terminológica relativo ao tema, de modo a facilitar a compreensão deste assunto e ressaltar que qualquer ação que promova a redução ou eliminação de poluentes na fonte geradora deve sempre ser priorizada dentro da hierarquia de gerenciamento ambiental. Produção mais limpa (P+L) É a aplicação contínua de uma estratégia ambiental preventiva integrada aos processos, produtos e serviços, para aumentar a eficiência ambiental e reduzir os riscos ao homem e ao meio ambiente. Aplica-se a: • Processos Produtivos: na conservação de matérias-primas, água e energia, na eliminação de matérias-primas tóxicas e na redução na fonte da quantidade e toxicidade dos resíduos e emissões gerados; • Produtos: na redução dos impactos negativos dos produtos ao longo do seu ciclo de vida, desde a extração de matérias-primas até a sua disposição final; • Serviços: na incorporação das questões ambientais no planejamento e execução dos serviços. (UNEP- United NationsEnvironmental Programme) Produção +Limpa requer mudanças de atitude, garantia de gerenciamento ambiental responsável, criação de políticas nacionais direcionadas e avaliação de alternativas tecnológicas. (Conferência das Américas-1998) Prevenção à Poluição (P2) - ou Redução na Fonte É o uso de práticas, processos, técnicas ou tecnologias que evitem ou minimizem a geração de resíduos e poluentes na fonte geradora, reduzindo os riscos globais à saúde humana e ao meio ambiente. Inclui modificações nos equipamentos, nos processos ou procedimentos, reformulação ou replanejamento de produtos, substituição de matéria-prima e melhorias nos gerenciamentos administrativos e técnicos da entidade/empresa, resultando em aumento de eficiência no uso dos insumos (matérias-primas, energia, água etc). As práticas de reciclagem fora do processo, tratamento e disposição dos resíduos gerados, não são consideradas atividades de Prevenção à Poluição, uma vez que não implicam na redução da
  • 4. A Produção mais Limpa no Setor Sucroalcooleiro- Informações Gerais CETESB / Novembro 2002 quantidade de resíduos e/ou poluentes na fonte geradora, mas atuam de forma corretiva sobre os efeitos e as conseqüências oriundas do resíduo gerado. (USEPA, 1990) É interessante ressaltar que as técnicas de Prevenção à Poluição (P2) fazem parte das de Produção mais Limpa (P+L), mas não são as únicas. Existem, além destas, estratégias de P+L para quando não se consegue evitar ou minimizar a geração do resíduo, e consistem basicamente em buscar outros usos para estes. Para melhor compreender estas técnicas, é interessante apresentar mais dois conceitos: Reuso É qualquer prática ou técnica que permite a reutilização do resíduo, sem que o mesmo seja submetido a um tratamento que altere as suas características físico-químicas. (CETESB, 1998) Reciclagem É qualquer técnica ou tecnologia que permite o reaproveitamento de um resíduo, após o mesmo ter sido submetido a um tratamento que altere as suas características físico-químicas. A reciclagem pode ser classificada como: • Reciclagem dentro do processo: Permite o reaproveitamento do resíduo como insumo no processo que causou a sua geração. Exemplo: reaproveitamento de água tratada no processamento industrial; • Reciclagem fora do processo: Permite o reaproveitamento do resíduo como insumo em um processo diferente daquele que causou a sua geração. Exemplo: reaproveitamento de cacos de vidro, de diferentes origens, na produção de novas embalagens de vidro. (CETESB, 1998) Quanto tratamos do gerenciamento de um resíduo dentro do conceito de produção mais limpa, devemos ter em mente que existe uma certa hierarquia de preferência dentre as possíveis alternativas, de modo a determinar qual a melhor solução do ponto de vista ambiental. A figura a seguir apresenta esta ordem.
  • 5. A Produção mais Limpa no Setor Sucroalcooleiro- Informações Gerais CETESB / Novembro 2002 Figura 1: Hierarquia de gerenciamento ambiental MAIOR REDUÇÃO NA FONTE (P2) • Eliminação/ redução no uso de matérias-primas ou materiais tóxicos; PRODUÇÃO MAIS LIMPA • Melhoria nos procedimentos operacionais e na aquisição e estoque de materiais; • Uso eficiente dos insumos (água, energia, matérias-primas, etc); VANTAGEM AMBIENTAL RELATIVA • Reuso/ reciclagem dentro do processo; • Adoção de tecnologias limpas; • Melhoria no planejamento de produtos; • etc. RECICLAGEM/ RESUO FORA DO PROCESSO TRATAMENTO RESIDUOS MEDIDAS DE CONTROLE DISPOSIÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS RECUPERAÇÃO DE ÁREA CONTAMINADA MENOR Resumidamente esta hierarquia propõe que antes de determinar soluções de tratamento ou destinação final dos resíduos já gerados sejam verificadas alternativas de redução da geração destes resíduos na fonte. Em outras palavras, deve-se sempre tentar evitar (ou ao menos minimizar) a geração dos resíduos, para apenas depois buscar técnicas de reuso e reciclagem destes resíduos fora do processo, e apenas na impossibilidade de usar estas técnicas enviar estes para tratamento e disposição final. 4. Programa de P+L/ P2 A implementação de ações de P+L pelas empresas implica no estabelecimento de um programa, que deve incluir desde o comprometimento da direção com os princípios da P+L até a avaliação de seu desempenho. Além disso, um programa de P+L deve contemplar seu aprimoramento contínuo, ou seja, o estabelecimento de novas metas no final de sua execução, reiniciando o ciclo de implementação.
  • 6. A Produção mais Limpa no Setor Sucroalcooleiro- Informações Gerais CETESB / Novembro 2002 Nesta parte do texto comenta-se brevemente alguns pontos importantes do processo de implantação de um programa de P+L. Para maiores detalhes sobre como implementar estas ações, consultar o “Manual de Implementação de um Programa de Prevenção à Poluição” da CETESB, disponível para "download" no site (www.cetesb.sp.gov.br). Quem pode implementar ações de P+L/P2? Qualquer pessoa / organização que: ➣ visa otimizar o uso de insumos / recursos disponíveis (água, energia, matérias-primas, etc.); ➣ visa reduzir a geração de resíduos ou o uso de substâncias perigosas em suas atividades ou processos produtivos; ➣ deseja melhorar a qualidade ambiental local e global; ➣ visa o bem estar da comunidade e das futuras gerações; ➣ visa operar de forma ambientalmente segura e responsável; ➣ deseja alcançar um estágio superior ao de seus concorrentes em relação à melhoria da qualidade ambiental; ➣ visa reduzir os custos envolvidos no tratamento de resíduos, na compra de matérias-primas e nos processos produtivos; Como implementar um programa de prevenção à poluição? Qualquer pessoa pode implementar ações de P+L/P2, adotando simples atitudes no seu dia-a-dia, tais como: otimizar o uso de água, energia e demais recursos, evitando o desperdício; dar preferência à compra de materiais que causem menor impacto ambiental; deixar o carro próprio na garagem, reutilizar embalagens; separar materiais recicláveis e enviar para um centro de coleta seletiva. A implementação de ações de P+L/P2 por uma organização implica no desenvolvimento de um Programa de P2. A metodologia sugerida pela CETESB obedece a seguinte seqüência: ➣ comprometimento da direção da empresa ➣ definição da equipe de P2 ➣ elaboração da Declaração de Intenções ➣ estabelecimento de prioridades objetivos e metas ➣ elaboração de cronograma de atividades ➣ disseminação de informações sobre P2 ➣ levantamento de dados
  • 7. A Produção mais Limpa no Setor Sucroalcooleiro- Informações Gerais CETESB / Novembro 2002 ➣ definição de indicadores de desempenho ➣ identificação de oportunidades de P2 ➣ levantamento de tecnologias ➣ avaliação econômica ➣ seleção das oportunidades de P2 ➣ implementação das medidas de P2 ➣ avaliação dos resultados ➣ manutenção do programa Quais os benefícios de implementar um Programa de Prevenção à Poluição? A implementação de ações de P+L/P2 resulta em: ➣ melhoria da cidadania e desenvolvimento sustentável ➣ melhor qualidade de vida e melhoria da conscientização ambiental ➣ melhoria da qualidade ambiental local e global ➣ economia de consumo de água e energia ➣ redução do uso de matérias-primas tóxicas ➣ redução da geração de resíduos ➣ aumento da segurança no ambiente de trabalho, com conseqüente redução de afastamentos por acidentes ➣ redução ou eliminação de resíduos, com conseqüente redução dos gastos relativos ao gerenciamento dos mesmos ➣ minimização da transferência de poluentes de um meio para o outro ➣ melhoria do desempenho ambiental ➣ redução ou mesmo eliminação de conflitos junto aos órgãos de fiscalização ➣ melhoria da motivação dos funcionários ➣ melhoria da imagem pública da empresa ➣ redução de possíveis conflitos com a comunidade circunvizinha ➣ melhoria da competitividade da empresa e da qualidade do produto
  • 8. A Produção mais Limpa no Setor Sucroalcooleiro- Informações Gerais CETESB / Novembro 2002 5. A Produção mais Limpa (P+L) no setor sucroalcooleiro O Setor Sucroalcooleiro, como uma das grandes forças econômicas e de produção de bens no nosso Estado, muito já realizou no sentido de aprimorar e otimizar seu processo produtivo. As fábricas de açúcar e álcool, desde muito tempo, vêm desenvolvendo e implantando medidas que minimizam os impactos ambientais decorrentes de sua atividade produtiva. Muitas dessas medidas estão inseridas no conceito de P+L, porém não são conhecidas e difundidas no setor como tal. Este documento não visa apresentar uma compilação de técnicas de P+L empregadas no setor, uma vez que a maioria delas são de amplo conhecimento dos inúmeros especialistas da área, mas sim mostrar que muito já foi feito e que da somatória dos conhecimentos técnicos específicos do setor produtivo com os de proteção ambiental, muitas outras ações profícuas poderão ser implementadas. Como um documento que reúne uma base teórica inicial de informações para embasar a primeira reunião do GT, apresenta-se na próxima página um fluxograma genérico e simplificado do processo de produção de açúcar e álcool, e logo em seguida uma tabela apresentando medidas de P+L para os principais rejeitos do setor.
  • 9. A Produção mais Limpa no Setor Sucroalcooleiro- Informações Gerais CETESB / Novembro 2002 Fig. 2: Fluxograma do balanço de massa genérico de uma usina de açucar e álcool CANA 1.000 t ÁGUA DE LAVAGEM ÁGUA LAVAGEM (5.000 m3) (5.000 m3) ÁGUA BAGAÇO DE CANA (270 m3) MOENDA (270 t) 110 m3 Cal + SO2 (20 m3) CLARIFICAÇÃO VAPOR P/ CALDEIRA 3 1.130 m 40 m3 TORTA 100 m3 (35 t) DECANTAÇÃO FILTRO 1.030 m3 CONDENSADO DO ÁGUA EVAPORADOR (50 m3) VAPOR EVAPORAÇÃO (580 m3) ÁGUA (7.300 m3) 235 m3 P/ CALDEIRA C.B. VAPOR P/ CALDEIRA ÁGUA DO COND. COZIMENTO BAROMÉTRICO (7.715 m3) 165 m3 ÁGUA ÁGUA (3 m3) CRISTALIZAÇÃO (3.400 m3) C.B. ÁGUA DO COND. ÁGUA BAROMÉTRICO (400 m3) DILUIÇÃO MELAÇO (3.470 m3) 500 m3 AÇÚCAR FERMENTAÇÃO 96 L P/ CALDEIRA VAPOR DESTILAÇÃO VINHOTO (360 m3) RETIFICAÇÃO ÁLCOOL 36 m3
  • 10. EXEMPLOS DE MEDIDAS DE P+L REJEITO ORIGEM COMPOSIÇÃO REDUÇÃO REUSO/ RECICLO • Eliminação da despalha com fogo reduz aderência de terra e • Reciclagem no processo de pedregulhos, podendo haver dispensa embebição (permite recuperação de • Teores consideráveis de da lavagem; parte da sacarose diluída); sacarose, principalmente Água de no caso de despalha da • Realização da lavagem em mesa • Reciclagem no processo de • Lavagem da cana lavagem da cana com fogo; separada daquela onde ocorre o lavagem (necessário tratamento para antes da moagem; cana desfibramento (evita perda de remoção de sólidos grosseiros e • Matéria vegetal, terra e bagacilho aderido); resíduos sedimentáveis, e pedregulhos aderidos; • Redução vazão de água usada, eventualmente para remoção através da remoção à seco de parte substâncias orgânicas solúveis); das impurezas; • Reciclagem da água no próprio • Redução perda do xarope: processo (cuidado com teor de açúcar); Água dos - redução da velocidade do fluxo; • Reciclagem no processo, mas em condensadores - redução da temperatura da água outra etapa, como: barométricos de condensação; • Água contendo - embebição da cana; e • Concentração do • Recuperação do xarope: açúcares, arrastados em caldo - lavagem do mel após cristalização Água gotículas; - uso de obstáculos que diminuam o do açúcar; condensada arraste (separadores e nos recuperadores de arraste); - geração de vapor; evaporadores - lavagem filtros; - aumento da altura dos evaporadores; - preparo de solução para caleagem (na clarificação);
  • 11. A Produção mais Limpa no Setor Sucroalcooleiro- Informações Gerais CETESB / Novembro 2002 EXEMPLOS DE MEDIDAS DE P+L REJEITO ORIGEM COMPOSIÇÃO REDUÇÃO REUSO/ RECICLO • Cogeração energia elétrica; • Obtenção de composto- uso como • Moagem da cana e • Celulose, com teor de adubo; Bagaço • extração do caldo umidade de 40- 60%; • Produção de ração animal; • Produção de aglomerados; • Produção de celulose; • Resíduos solúveis e Torta de • Filtração do lodo gerado • Uso como condicionador do solo; insolúveis da calagem; • filtração na clarificação; • Produção de ração animal; • Rico em fosfatos; • Pelo elevado teor de fosfato e • Remoção química (soda • Variam muito, mas pequena quantidade, incorporação ao Água de vinhoto para uso como fertilizante; ou solução ác. clorídrico) predomínio de fosfatos, remoção de • de sais, na concentração do sílica, sulfatos, carbonatos e • Uso como complemento da incrustações caldo (volume reduzido); oxalatos; atividade em tratamento biológico de efluentes; • Lavagem dos recipientes Água da • Semelhante ao vinhoto, de fermentação, p/ lavagem das mas bem mais diluído(cerca obtenção álcool (volume • Uso como fertilizante (observar dornas de 20% de vinhoto); reduzido); • taxa de aplicação em função da • Resíduos da destilação composição e do tipo de solo); Vinhoto do melaço fermentado • Alta DBO e DQO; (para obtenção do álcool);
  • 12. A Produção mais Limpa no Setor Sucroalcooleiro- Informações Gerais CETESB / Novembro 2002 • Praticamente todo usado na • Produção álcool; Melaço • Fabricação açúcar; • Alta DBO (~90.000 mg/l); produção do álcool; • Fabricação levedura; Ponta da •Corta da cana para • • • Alimento animal; cana moagem;
  • 13. 6. Proposta de Trabalho Para aprofundar estas questões, a CETESB propõe que dentro da Câmara Ambiental do Setor Sucroalcooleiro, no GT de P+L: Mudanças Tecnológicas – Procedimentos, sejam discutidos inicialmente os seguintes tópicos: - Difusão do conceito de P+L no setor; - Levantamento de Casos de Sucesso em P+L, entre as empresas do setor; - Elaboração de documento técnico sobre a produção de açúcar e álcool e o meio ambiente; São Paulo, 25 de Novembro de 2002. Engº Flávio de Miranda Ribeiro Setor de Técnicas de Prevenção à Poluição
  • 14. A Produção mais Limpa no Setor Sucroalcooleiro- Informações Gerais CETESB / Novembro 2002 referências bibliográficas ALMANÇA, R.A., Avaliação do uso da vinhaça da cana de açúcar na geração de energia elétrica (estudo de caso), dissertação de mestrado, Programa Interunidades de Pós Graduação em Energia da Universidade de São Paulo (PIPGE/USP), São Paulo, 1994. CENTURION, R.B., TARALLI, G., A experiência adquirida e os programas da CETESB relativos a tratamento e reutilização de águas residuárias de açúcar e álcool de cana, XVI Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental, Santo Domingo, 1978. CENTURIÓN, R.E.B., DERÍSIO, J.C., Evolução do controle da poluição das indústrias sucro- alcooleiras no Estado de São Paulo, Álcool e Açúcar nº68, p.24 a 35, 1993. CETESB, Diretrizes ambientais para o disciplinamento da atividade agroindstrial canavieira no Estado de São Paulo, CETESB, São Paulo, 1986. CETESB, Projeto açúcar e álcool, CETESB, São Paulo, 1976. CETESB, Simpósio sobre resíduos da industrialização da cana de açúcar, CETESB, São Paulo, 1969. CETESB, Sistema de recirculação de águas de lavagem de cana, CETESB, São Paulo, 1981. CETESB, Tratamentos físico-químicos e opções de reciclagem da vinhaça oriunda da fabricação de açúcar e/ou álcool”, CETESB, São Paulo, 1983. CHESF, Fontes energéticas brasileiras, Inventário / Tecnologias – Cana de Açúcar vol2 Tecnologias, Rio de Janeiro, 1987. CLINE, J.H. et alli, Uso de resíduos agroindustriais na alimentação animal, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia – Universidade de São Paulo, São Paulo, 1990. COOPERSUCAR, IV Seminário COPERSUCAR da Agroindustria açucareira, Anais, Águas de Lindóia, 1976. COPERSUCAR, I Seminário de tecnologias industriais, Piracicaba, 1983. ELETROBRÁS, Aproveitamento energético dos resíduos da agroindústria da cana de açúcar, Livros Técnicos e Científicos Ed., Rio de Janeiro, 1992. FABIANO, A.S.; LOPES, C.R., Sistema de recirculação em circuito fechado, após decantação das águas de lavagem de cana de açúcar, X Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, Manaus, 1979. FEEMA/ FUNDES, Estudo sobre a poluição proveniente das 15 indústrias açucareiras e alcooleiras localizadas no Norte Fluminense, relatório, Rio de Janeiro, 1979. HESPANHOL, I., Manufatura de açúcar de cana e álcool etílico- características e tratabilidade dos resíduos: situação vigente no Estado de São Paulo, CETESB, São Paulo, S/d. INSTITUTO NACIONAL DE TECNOLOGIA, Seminário Internacional sobre tratamento de vinhoto, Anais, Rio de Janeiro, 1976. MINISTRY OF SUGAR – CUBA, Sugar cane as the basis for a sustainable agroindustrial development, United Nations Conference on Environment and Development, Rio de Janeiro, 1992. MONTEIRO, C.E., Brazilian experience with the disposal of waste water from the cane sugar and alcohol industry, Processo Biochemistry, Nov. 1975. MONTEIRO, C.E., Disposição final dos despejos líquidos da indústria açucareira e alcooleira, São Paulo, CETESB, 1977. ONISHI, E.Y.; CAMPOS, J.F.F., Usinas de açúcar e álcool- tratamentos recomendados visando o controle da poluição das águas, brochura, s/e s/d. PARANHOS, S.B. (coord.), Cana-de-açúcar: cultivo e utilização, Fundação Cargill, Campinas, 1987. PERCEBON, C.M., fluentes industriais gerados pela produção de açúcar e álcool- seu tratamento e disposição, CETESB, 1996. SOPRAL – SOCIEDADE DOS PRODUTORES DE AÇÚCAR E ÁLCOOL, Avaliação do bagaço da cana de açúcar, SOPRAL, 1983.