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LEVANTAMENTO PRELIMINAR DOS ACIDENTES OFÍDICOS OCORRIDOS EM SÃO
JOSÉ DOS CAMPOS (SP) E CIDADES ADJACENTES, ATENDIDOS NO HOSPITAL
MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS.
XIV INIC / X EPG - UNIVAP 2010
Oliveira, ET, Cogo, JC
Serpentário do Centro de Estudos da Natureza, UNIVAP. Av. Shishima Hifumi, 2911. Urbanova, São José dos
Campos-SP. E-mail: edvana@univap.br
Resumo - Acidente ofídico é aquele causado por serpentes peçonhentas. Essas por sua vez, são consideradas
peçonhentas por possuírem glândula produtora de veneno e dente inoculador. Representam significativo
problema de saúde Pública, pela morbi-mortalidade que ocasionam e mesmo os acidentes cuja letalidade é
baixa, há um grande número de pacientes que podem apresentar seqüelas após a picada, com perda do
membro. O presente trabalho teve como objetivo realizar um estudo epidemiológico dos acidentes ofídicos
ocorridos em São José dos Campos (SP) e nas cidades adjacentes, no período de 2007 a 2010. Foram
analisados 104 casos de acidentes por serpentes ocorridos nas cidades de Caçapava, Igaratá, Jacareí,
Jambeiro, Monteiro Lobato, Paraíbuna, Taubaté (Quiririm), Santa Branca, São Francisco Xavier e São José dos
Campos. As fichas pertencem ao Centro de Controle de Intoxicações (CCI), do Núcleo Hospitalar de
Epidemiologia, no Hospital Municipal de São José dos Campos. Como resultado, a cidade de São José dos
Campos teve o maior número de acidentes (59), a maioria desses acidentes ocorreram na zona rural (72%),
com serpentes do gênero Bothrops (65%), sendo os membros inferiores os mais afetados (64%). O tempo de
atendimento as vítimas foi as 3 primeiras horas após o acidente (71%) e as manifestações mais comuns foram
dor e edema (77%; 57%). Podemos considerar que o número de acidentes diminuiu ao longo dos anos,quando
comparados com outros períodos, mas as variáveis que levam ao acidente permanecem inalteradas.
Palavras-chave: acidente ofídico, serpentes, epidemiologia
Área do conhecimento: enfermagem
Introdução
Os acidentes causados por serpentes
peçonhentas, principalmente em paises tropicais,
representam significativo problema de saúde
Pública, pela morbi-mortalidade que ocasionam
(PINHO; OLIVEIRA; FALEIROS, 2004, SVS, 2009).
RIBEIRO; GADIA; JORGE (2008) consideram que
nos casos tratados, a letalidade é baixa, mas no
entanto, um número maior de pacientes pode
apresentar seqüelas, como a perda do membro
picado.
As pessoas que sofrem maior riscos de
acidentes com serpentes peçonhentas são aquelas
que vivem, principalmente, em áreas rurais
(GRANTSAU, 1990, MARTINEZ et al, 1995). Rojas;
Gonçalves; Almeida-Santos (2007) relacionam os
acidentes nas zonas rurais ás atividades de
trabalho e lazer.
Martinez et al (1995) relatam a existência, no
mundo, de aproximadamente 3.000 espécies de
serpentes, das quais podemos considerar apenas
de 10% a 14% como sendo peçonhentas. No Brasil
são aproximadamente 256 espécies, sendo 69
peçonhentas e 187 não peçonhentas (PARDAL;
REZENDE; DOURADO, 1997).
Dos países da América do Sul, o Brasil é o país
com maior número de acidentes ofídicos por ano,
com cerca de 20.000 casos registrados (ROJAS;
GONÇALVES, ALMEIDA-SANTOS, 2007). Dados
no Ministério da Saúde de 2009 relatam 21.446
acidentes, no ano de 2009.
A maioria destes acidentes deve-se às
serpentes dos gêneros Bothrops (jararacas) e
Crotalus (cascavel). Sendo as Bothrops as
responsáveis por cerca de 80,5 a 90% das
notificações registradas com 0,6% de letalidade nos
casos tratados (ALBUQUERQUE; COSTA;
CAVALCANTI, 2004; PINHO; OLIVEIRA;
FALEIROS, 2004).
As serpentes pertencentes ao gênero Crotalus
são responsáveis por cerca de 10% dos acidentes
ofídicos, com letalidade entorno de 3,3% (JORGE;
RIBEIRO, 1992). No entanto, dados mais recentes
revelam que a letalidade reduziu para 2% ou menos
em regiões como São Paulo.
As regiões centro-oeste e norte do Brasil
apresentam a maior incidência de acidentes por
100.000 habitantes. De grande importância médica,
então, são os acidentes ofídicos, pela sua alta
freqüência e gravidade. Por isso, é fundamental
que as condutas de diagnóstico e tratamento aos
acidentados sejam sempre atualizadas, para que as
equipes de saúde atuem de forma rápida, segura e
eficaz (BRASIL..., 2001). Quanto maior a
especificidade da informação, mais eficaz será o
tratamento e quanto menor o tempo entre a picada
e o atendimento, menores são as chances de
ocorrer complicações (ROJAS; GONÇALVES;
ALMEIDA-SANTOS, 2007).
Objetivo
Realizar um estudo epidemiológico dos
acidentes ofídicos ocorridos em São José dos
Campos (SP) e nas cidades adjacentes, no período
de 2007 a 2010.
Metodologia
Foram analisados, retrospectivamente, 104
casos de acidentes por serpentes ocorridos nas
seguintes cidades: Caçapava, Igaratá, Jacareí,
Jambeiro, Monteiro Lobato, Paraíbuna, Taubaté
(Quiririm), Santa Branca, São Francisco Xavier e
São José dos Campos. O período de estudo
compreendeu os anos de 2007 a abril de 2010.
O diagnóstico dos acidentes foi realizado pelos
médicos do Centro de Controle de Intoxicações
(CCI), pertencente ao Núcleo Hospitalar de
Epidemiologia, no Hospital Municipal de São José
dos Campos. Os dados foram obtidos das fichas de
notificações de Acidente com Animais
Peçonhentos, dos pacientes que foram atendidos
no CCI.
Para a realização desse trabalho foram
analisadas as variáveis relacionadas ao acidente, à
vitima, a serpente, ao envenenamento e ao
tratamento, como: Cidade onde ocorreu o acidente;
Zona de ocorrência do acidente; Tempo decorrido
entre o acidente e o atendimento; Local do corpo
atingido; Tipo de serpente; Manifestações clínicas;
Classificação do caso; soroterapia e evolução.
Resultados
Muitas fichas analisadas apresentavam
preenchimento incompleto, o que prejudicou a
análise dos resultados. Por isso, muitas
informações nas figuras e nas tabelas foram
classificadas como Não Disponível (ND), referindo-
se justamente as informações não declaradas nas
fichas.
A Tabela 1 mostra as cidades que ocorreu o
acidente ofídico e o número de acidentes.
Verificamos que ocorreu 104 casos.
Tabela 1 – População das cidades estudadas e o
número de acidentes. São José dos Campos,
2010.*
*Dados censo IBGE-2000 – estimativa da
população 2009 (acessado pelo endereço
eletrônico
http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1).
Acesso em 26 mai. 2010.
Em relação à incidência de acidente por 100.000
habitantes, a cidade de maior destaque no período
foi Monteiro Lobato, com uma incidência de 302,8
acidentes, seguido de Igaratá com 89,4 acidentes.
Quanto ao local de ocorrência dos acidentes, na
figura 01 encontramos a zona rural sendo a região
que apresenta o maior índice de acidentes. O
menor índice (2%) foi encontrado na zona
periurbana da cidade de São José dos Campos.
Cidade População Número
acidentes no
período
Caçapava 85.181 01
Igaratá 8.950 08
Jacareí 212.824 05
Jambeiro 5.550 01
M.Lobato 4.295 13
Paraíbuna 16.833 10
Taubaté
(Quiririm)
273.426 01
Santa Branca 13.881 02
S.F.Xavier 2.894 01
S.J.Campos 615.871 59
ND - 03
Local dos acidentes
26%
72%
2%
Urbano
Rural
Periurbano
Figura 1 – Distribuição dos acidentes por local
de ocorrência.
Observamos na Figura 02 o tempo decorrido
entre o acidente e o socorro a vítima. A maioria dos
casos (51) foram atendidos entre 1 e 3 horas após
o acidente. Verifica-se também que 23 vitimas
foram socorridas na primeira hora e 12 acidentados
entre 3 e 6 horas.
Tempo atendimento
0
10
20
30
40
50
60
0 a 1 1 a 3 3 a 6 6 a 12 12+ ND
Horas
Nºcasos
Figura 2 – Tempo de atendimento
Na Figura 03 observamos o local do corpo
atingido. Nota-se que a maioria dos acidentes são
causados nos membros inferiores, com 66 casos
registrados, cerca de 64%. Em seguida, os
membros superiores, com 35 casos. A região do
tronco aparece em último lugar, com apenas 1
caso, sendo ainda que 2 casos não foram
discriminados o local do corpo atingido.
Local do corpo atingido
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Pé
Dedopé
Tornozelo
Perna
Mão
Dedomão
Antebraço
Tronco
ND
Nºcasos
Figura 3 – Local do corpo atingido
Os acidentes mais numerosos foram causados
pelas serpentes do gênero Bothrops, responsáveis
por 65% dos casos. Seguidos pelo gênero Crotalus
e Micrurus. Um índice bastante relevante foi o
número de casos registrados pelo gênero Micrurus
com 8%, como observado na Figura 4.
Tipo de serpente
Bothrops
65%
Crotalus
10%
Não
peçonhentas
10%
Micrurus
8%
ND
7%
Figura 4 – Tipo de serpente
Em relação às manifestações clinicas, as mais
observadas foram dor e edema, principalmente em
acidentes com Bothrops e Crotalus.
O envenenamento ofídico foi classificado em
três categorias, são elas: leve, moderado e grave,
como observado da Figura 5.
Classificação do caso
moderado
28%
leve
62%
grave
4%
ND
6%
Figura 5 – Classificação do caso
Dos casos analisados, apenas um foi
administrado o soro antielapídico (SAE). Em
relação ao soro antibothropico (SAB), 62% dos
casos fizeram sua utilização. Em 30% dos casos
não houve a utilização do soro, em 5% foi
administrado o soro anticrotlaico (SAC) e em 2%
houve a utilização concomitante de SAB+SAC.
Das 104 fichas analisadas, 64% mostraram que
houve a cura do paciente acidentado e 36%
omitiam a informação acerca da evolução do
paciente. No presente estudo não foi registrado
nenhum óbito e nenhuma seqüela a vitima.
Discussão
Em algumas fichas pode-se notar algumas
confusões no preenchimento, como por exemplo,
casos que foram registrados como acidente
botrópico, mas com manifestações clínicas de
acidente crotálico. Também um elevado número de
acidente elapídico, mas que não apresentavam
manifestações, podendo sugerir acidente por falsas
corais.
Em relação às cidades analisadas, observou-se
que a cidade de São José dos Campos apresentou
o maior índice de acidente, dados também citados
por alguns pesquisadores (PIRES, 2003, ROJAS,
GONÇALVES, ALMEIDA-SANTOS, 2007). Em
relação ao local do acidente, a zona rural foi a de
maior expressão (MARTINEZ et al, 1995, SILVA,
JORGE, RIBEIRO, 2003, BOCHNER,
STRUCHINER, 2003, PIRES, 2004, ROJAS,
GONÇALVES, ALMEIDA-SANTOS, 2007). As
serpentes mais envolvidas nos acidentes foram as
do gênero Bothrops (MARTINEZ, 1995, PIRES,
2004, PINHO et al, 2004, ROJAS, GONÇALVES,
ALMEIDA-SANTOS, 2007). O tempo de
atendimento à vitima foi o mesmo observado por
diversos autores, ou seja, nas primeiras 3 horas
após o acidente (MARTINEZ et al, 1995, PIRES,
2004, PINHO; PEREIRA, 2004, ROJAS,
GONÇALVES, ALMEIDA-SANTOS, 2007). O local
do corpo atingido coincide com o observado por
outros autores (BOCHNER, STRUCHINER, 2003,
SILVA et al, 2003, PINHO e PEREIRA, 2004,
PIRES, 2004, ROJAS, GONÇALVES, ALMEIDA-
SANTOS, 2007). Dentre as manifestações clínicas
observadas, a dor foi relatada em 80 casos (77%),
seguida do edema local em 59 casos (57%), o que
é concordante com a literatura (PIRES, 2004).
Quanto à evolução do caso, os acidentados
apresentaram cura em 64% (ROJAS,
GONÇALVES, ALMEIDA-SANTOS, 2007, PIRES,
2007).
Considerações finais
• Neste estudo, pode-se observar que apesar
da cidade de São José dos Campos ter
sido a cidade de maior número de
acidentes, em relação à incidência por
100.000 habitantes, a cidade de Monteiro
Lobato foi a mais atingida.
• O perfil epidemiológico dos acidentes
ofídicos se mantém inalterado ao longo dos
anos, isto é, mais comuns na zona rural, o
tempo de atendimento à vitima ocorre nas
primeiras 3 horas, o local do corpo mais
atingido são os membros inferiores, as
manifestações mais comuns são dor e
edema e a serpentes mais envolvida nos
acidentes são as do gênero Bothrops.
Referências bibliográficas
BOCHNER R.; STRUCHINER C.J. Epidemiologia
dos acidentes ofídicos nos últimos 100 anos no
Brasil: uma revisão. Cad Saúde Pública; v.19,n.3
p.7-16, 2003
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE: Fundação
Nacional de Saúde (FUNAS). Manual de
diagnóstico e tratamento de acidentes por
animais peçonhentos. Brasília, 2001.
GRANTSAU, R. As cobras venenosas do Brasil.
São Bernardo do Campo, SP: Bandeirante, 1991.
JORGE, M.T.; RIBEIRO, L.A. Epidemiologia e
Quadro Clínico do Acidente por Cascavel-Sul-
Americana (Crotalus durissus). Rev. Inst. Trop.
São Paulo. v.34, n.4, p.347-354, 1992.
MARTINEZ, E. G.; VILANOVA, M. C. T.; JORGE,
M. T. RIBEIRO, L. A. Aspectos Epidemiológicos do
Acidente Ofídico no Vale do Ribeira, São Paulo,
1985 a 1989. Cad. Saúde Pública. Rio de Janeiro.
v.11, n.3, p.511-515, 1995.
PINHO, F.M.O.; PEREIRA, I.D. Ofidismo. Rev. Ass.
Méd. Brasil. v.47, n.1, p.24-9, 2001.
PIRES, L.S. Estudo epidemiológico de acidentes
ofídicos na cidade de São José dos Campos
(SP) e municípios adjacentes. 2004. 73 f.
Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas) –
Serpentário, Universidade do Vale do Paraíba, São
José dos Campos, 2004.
RIBEIRO, L.A.; JORGE, M.T.; IVERSSON, L.B.
Epidemiologia do acidente por serpentes
peçonhentas: estudo de casos atendidos em 1988.
Rev. Saúde Pública. v.29, n.5, 1995.
Disponível em:
<http://www.scielo.org/pdf/rsp/v29n5/07.pdf>
Acesso em 31 de jul.2009.
ROJAS, C.A.; GONÇALVES, M.R.; ALMEIDA-
SANTOS, S.M. Epidemiologia dos acidentes
ofídicos na região noroeste do estado de São
Paulo, Brasil. Rev. Brás. Saúde Prod. An. v.8, n.3,
p.193-204, 2007.
Disponível em: <http://www.rbspa.ufba.br>.
Acesso em: 20 jul.2009.
SAZIMA, I., MARQUES, O.A.V., ETEROVIC, A.
Serpentes da Mata Atlântica: guia ilustrado para
a Serra do Mar. Ribeirão Preto: Holos, 184p, 2001.
OLIVEIRA, R.B; RIBEIRO, L.A.; JORGE, M.T.
Fatores associados à incoagulabilidade sanguìnea
no envenenamento por serpentes do gênero
Bothrops. Revista da Sociedade Brasileira de
Medicina Tropical. v.36, n.6, p.657-663, 2003.
Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v36n6/a03v36n6.pdf
>. Acesso em: 20 ago. 2009.
Banco de Dados Consultados
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1
>. Acesso em: 04 jun. 2010.
Secretaria de Vigilância em Saúde. Situação
Epidemiológica das Zoonoses de Interesse à Saúde
Pública. Boletim eletrônico EPIDEMIOLÓGICO.
Ano 9, n° 1, junho 2009. disponível em:
<http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/boleti
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Acidentes ofídicos SP 2007-2010

  • 1. LEVANTAMENTO PRELIMINAR DOS ACIDENTES OFÍDICOS OCORRIDOS EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS (SP) E CIDADES ADJACENTES, ATENDIDOS NO HOSPITAL MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS. XIV INIC / X EPG - UNIVAP 2010 Oliveira, ET, Cogo, JC Serpentário do Centro de Estudos da Natureza, UNIVAP. Av. Shishima Hifumi, 2911. Urbanova, São José dos Campos-SP. E-mail: edvana@univap.br Resumo - Acidente ofídico é aquele causado por serpentes peçonhentas. Essas por sua vez, são consideradas peçonhentas por possuírem glândula produtora de veneno e dente inoculador. Representam significativo problema de saúde Pública, pela morbi-mortalidade que ocasionam e mesmo os acidentes cuja letalidade é baixa, há um grande número de pacientes que podem apresentar seqüelas após a picada, com perda do membro. O presente trabalho teve como objetivo realizar um estudo epidemiológico dos acidentes ofídicos ocorridos em São José dos Campos (SP) e nas cidades adjacentes, no período de 2007 a 2010. Foram analisados 104 casos de acidentes por serpentes ocorridos nas cidades de Caçapava, Igaratá, Jacareí, Jambeiro, Monteiro Lobato, Paraíbuna, Taubaté (Quiririm), Santa Branca, São Francisco Xavier e São José dos Campos. As fichas pertencem ao Centro de Controle de Intoxicações (CCI), do Núcleo Hospitalar de Epidemiologia, no Hospital Municipal de São José dos Campos. Como resultado, a cidade de São José dos Campos teve o maior número de acidentes (59), a maioria desses acidentes ocorreram na zona rural (72%), com serpentes do gênero Bothrops (65%), sendo os membros inferiores os mais afetados (64%). O tempo de atendimento as vítimas foi as 3 primeiras horas após o acidente (71%) e as manifestações mais comuns foram dor e edema (77%; 57%). Podemos considerar que o número de acidentes diminuiu ao longo dos anos,quando comparados com outros períodos, mas as variáveis que levam ao acidente permanecem inalteradas. Palavras-chave: acidente ofídico, serpentes, epidemiologia Área do conhecimento: enfermagem Introdução Os acidentes causados por serpentes peçonhentas, principalmente em paises tropicais, representam significativo problema de saúde Pública, pela morbi-mortalidade que ocasionam (PINHO; OLIVEIRA; FALEIROS, 2004, SVS, 2009). RIBEIRO; GADIA; JORGE (2008) consideram que nos casos tratados, a letalidade é baixa, mas no entanto, um número maior de pacientes pode apresentar seqüelas, como a perda do membro picado. As pessoas que sofrem maior riscos de acidentes com serpentes peçonhentas são aquelas que vivem, principalmente, em áreas rurais (GRANTSAU, 1990, MARTINEZ et al, 1995). Rojas; Gonçalves; Almeida-Santos (2007) relacionam os acidentes nas zonas rurais ás atividades de trabalho e lazer. Martinez et al (1995) relatam a existência, no mundo, de aproximadamente 3.000 espécies de serpentes, das quais podemos considerar apenas de 10% a 14% como sendo peçonhentas. No Brasil são aproximadamente 256 espécies, sendo 69 peçonhentas e 187 não peçonhentas (PARDAL; REZENDE; DOURADO, 1997). Dos países da América do Sul, o Brasil é o país com maior número de acidentes ofídicos por ano, com cerca de 20.000 casos registrados (ROJAS; GONÇALVES, ALMEIDA-SANTOS, 2007). Dados no Ministério da Saúde de 2009 relatam 21.446 acidentes, no ano de 2009. A maioria destes acidentes deve-se às serpentes dos gêneros Bothrops (jararacas) e Crotalus (cascavel). Sendo as Bothrops as responsáveis por cerca de 80,5 a 90% das notificações registradas com 0,6% de letalidade nos casos tratados (ALBUQUERQUE; COSTA; CAVALCANTI, 2004; PINHO; OLIVEIRA; FALEIROS, 2004). As serpentes pertencentes ao gênero Crotalus são responsáveis por cerca de 10% dos acidentes ofídicos, com letalidade entorno de 3,3% (JORGE; RIBEIRO, 1992). No entanto, dados mais recentes
  • 2. revelam que a letalidade reduziu para 2% ou menos em regiões como São Paulo. As regiões centro-oeste e norte do Brasil apresentam a maior incidência de acidentes por 100.000 habitantes. De grande importância médica, então, são os acidentes ofídicos, pela sua alta freqüência e gravidade. Por isso, é fundamental que as condutas de diagnóstico e tratamento aos acidentados sejam sempre atualizadas, para que as equipes de saúde atuem de forma rápida, segura e eficaz (BRASIL..., 2001). Quanto maior a especificidade da informação, mais eficaz será o tratamento e quanto menor o tempo entre a picada e o atendimento, menores são as chances de ocorrer complicações (ROJAS; GONÇALVES; ALMEIDA-SANTOS, 2007). Objetivo Realizar um estudo epidemiológico dos acidentes ofídicos ocorridos em São José dos Campos (SP) e nas cidades adjacentes, no período de 2007 a 2010. Metodologia Foram analisados, retrospectivamente, 104 casos de acidentes por serpentes ocorridos nas seguintes cidades: Caçapava, Igaratá, Jacareí, Jambeiro, Monteiro Lobato, Paraíbuna, Taubaté (Quiririm), Santa Branca, São Francisco Xavier e São José dos Campos. O período de estudo compreendeu os anos de 2007 a abril de 2010. O diagnóstico dos acidentes foi realizado pelos médicos do Centro de Controle de Intoxicações (CCI), pertencente ao Núcleo Hospitalar de Epidemiologia, no Hospital Municipal de São José dos Campos. Os dados foram obtidos das fichas de notificações de Acidente com Animais Peçonhentos, dos pacientes que foram atendidos no CCI. Para a realização desse trabalho foram analisadas as variáveis relacionadas ao acidente, à vitima, a serpente, ao envenenamento e ao tratamento, como: Cidade onde ocorreu o acidente; Zona de ocorrência do acidente; Tempo decorrido entre o acidente e o atendimento; Local do corpo atingido; Tipo de serpente; Manifestações clínicas; Classificação do caso; soroterapia e evolução. Resultados Muitas fichas analisadas apresentavam preenchimento incompleto, o que prejudicou a análise dos resultados. Por isso, muitas informações nas figuras e nas tabelas foram classificadas como Não Disponível (ND), referindo- se justamente as informações não declaradas nas fichas. A Tabela 1 mostra as cidades que ocorreu o acidente ofídico e o número de acidentes. Verificamos que ocorreu 104 casos. Tabela 1 – População das cidades estudadas e o número de acidentes. São José dos Campos, 2010.* *Dados censo IBGE-2000 – estimativa da população 2009 (acessado pelo endereço eletrônico http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1). Acesso em 26 mai. 2010. Em relação à incidência de acidente por 100.000 habitantes, a cidade de maior destaque no período foi Monteiro Lobato, com uma incidência de 302,8 acidentes, seguido de Igaratá com 89,4 acidentes. Quanto ao local de ocorrência dos acidentes, na figura 01 encontramos a zona rural sendo a região que apresenta o maior índice de acidentes. O menor índice (2%) foi encontrado na zona periurbana da cidade de São José dos Campos. Cidade População Número acidentes no período Caçapava 85.181 01 Igaratá 8.950 08 Jacareí 212.824 05 Jambeiro 5.550 01 M.Lobato 4.295 13 Paraíbuna 16.833 10 Taubaté (Quiririm) 273.426 01 Santa Branca 13.881 02 S.F.Xavier 2.894 01 S.J.Campos 615.871 59 ND - 03
  • 3. Local dos acidentes 26% 72% 2% Urbano Rural Periurbano Figura 1 – Distribuição dos acidentes por local de ocorrência. Observamos na Figura 02 o tempo decorrido entre o acidente e o socorro a vítima. A maioria dos casos (51) foram atendidos entre 1 e 3 horas após o acidente. Verifica-se também que 23 vitimas foram socorridas na primeira hora e 12 acidentados entre 3 e 6 horas. Tempo atendimento 0 10 20 30 40 50 60 0 a 1 1 a 3 3 a 6 6 a 12 12+ ND Horas Nºcasos Figura 2 – Tempo de atendimento Na Figura 03 observamos o local do corpo atingido. Nota-se que a maioria dos acidentes são causados nos membros inferiores, com 66 casos registrados, cerca de 64%. Em seguida, os membros superiores, com 35 casos. A região do tronco aparece em último lugar, com apenas 1 caso, sendo ainda que 2 casos não foram discriminados o local do corpo atingido. Local do corpo atingido 0 5 10 15 20 25 30 35 40 Pé Dedopé Tornozelo Perna Mão Dedomão Antebraço Tronco ND Nºcasos Figura 3 – Local do corpo atingido Os acidentes mais numerosos foram causados pelas serpentes do gênero Bothrops, responsáveis por 65% dos casos. Seguidos pelo gênero Crotalus e Micrurus. Um índice bastante relevante foi o número de casos registrados pelo gênero Micrurus com 8%, como observado na Figura 4. Tipo de serpente Bothrops 65% Crotalus 10% Não peçonhentas 10% Micrurus 8% ND 7% Figura 4 – Tipo de serpente Em relação às manifestações clinicas, as mais observadas foram dor e edema, principalmente em acidentes com Bothrops e Crotalus. O envenenamento ofídico foi classificado em três categorias, são elas: leve, moderado e grave, como observado da Figura 5.
  • 4. Classificação do caso moderado 28% leve 62% grave 4% ND 6% Figura 5 – Classificação do caso Dos casos analisados, apenas um foi administrado o soro antielapídico (SAE). Em relação ao soro antibothropico (SAB), 62% dos casos fizeram sua utilização. Em 30% dos casos não houve a utilização do soro, em 5% foi administrado o soro anticrotlaico (SAC) e em 2% houve a utilização concomitante de SAB+SAC. Das 104 fichas analisadas, 64% mostraram que houve a cura do paciente acidentado e 36% omitiam a informação acerca da evolução do paciente. No presente estudo não foi registrado nenhum óbito e nenhuma seqüela a vitima. Discussão Em algumas fichas pode-se notar algumas confusões no preenchimento, como por exemplo, casos que foram registrados como acidente botrópico, mas com manifestações clínicas de acidente crotálico. Também um elevado número de acidente elapídico, mas que não apresentavam manifestações, podendo sugerir acidente por falsas corais. Em relação às cidades analisadas, observou-se que a cidade de São José dos Campos apresentou o maior índice de acidente, dados também citados por alguns pesquisadores (PIRES, 2003, ROJAS, GONÇALVES, ALMEIDA-SANTOS, 2007). Em relação ao local do acidente, a zona rural foi a de maior expressão (MARTINEZ et al, 1995, SILVA, JORGE, RIBEIRO, 2003, BOCHNER, STRUCHINER, 2003, PIRES, 2004, ROJAS, GONÇALVES, ALMEIDA-SANTOS, 2007). As serpentes mais envolvidas nos acidentes foram as do gênero Bothrops (MARTINEZ, 1995, PIRES, 2004, PINHO et al, 2004, ROJAS, GONÇALVES, ALMEIDA-SANTOS, 2007). O tempo de atendimento à vitima foi o mesmo observado por diversos autores, ou seja, nas primeiras 3 horas após o acidente (MARTINEZ et al, 1995, PIRES, 2004, PINHO; PEREIRA, 2004, ROJAS, GONÇALVES, ALMEIDA-SANTOS, 2007). O local do corpo atingido coincide com o observado por outros autores (BOCHNER, STRUCHINER, 2003, SILVA et al, 2003, PINHO e PEREIRA, 2004, PIRES, 2004, ROJAS, GONÇALVES, ALMEIDA- SANTOS, 2007). Dentre as manifestações clínicas observadas, a dor foi relatada em 80 casos (77%), seguida do edema local em 59 casos (57%), o que é concordante com a literatura (PIRES, 2004). Quanto à evolução do caso, os acidentados apresentaram cura em 64% (ROJAS, GONÇALVES, ALMEIDA-SANTOS, 2007, PIRES, 2007). Considerações finais • Neste estudo, pode-se observar que apesar da cidade de São José dos Campos ter sido a cidade de maior número de acidentes, em relação à incidência por 100.000 habitantes, a cidade de Monteiro Lobato foi a mais atingida. • O perfil epidemiológico dos acidentes ofídicos se mantém inalterado ao longo dos anos, isto é, mais comuns na zona rural, o tempo de atendimento à vitima ocorre nas primeiras 3 horas, o local do corpo mais atingido são os membros inferiores, as manifestações mais comuns são dor e edema e a serpentes mais envolvida nos acidentes são as do gênero Bothrops. Referências bibliográficas BOCHNER R.; STRUCHINER C.J. Epidemiologia dos acidentes ofídicos nos últimos 100 anos no Brasil: uma revisão. Cad Saúde Pública; v.19,n.3 p.7-16, 2003 BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE: Fundação Nacional de Saúde (FUNAS). Manual de diagnóstico e tratamento de acidentes por animais peçonhentos. Brasília, 2001.
  • 5. GRANTSAU, R. As cobras venenosas do Brasil. São Bernardo do Campo, SP: Bandeirante, 1991. JORGE, M.T.; RIBEIRO, L.A. Epidemiologia e Quadro Clínico do Acidente por Cascavel-Sul- Americana (Crotalus durissus). Rev. Inst. Trop. São Paulo. v.34, n.4, p.347-354, 1992. MARTINEZ, E. G.; VILANOVA, M. C. T.; JORGE, M. T. RIBEIRO, L. A. Aspectos Epidemiológicos do Acidente Ofídico no Vale do Ribeira, São Paulo, 1985 a 1989. Cad. Saúde Pública. Rio de Janeiro. v.11, n.3, p.511-515, 1995. PINHO, F.M.O.; PEREIRA, I.D. Ofidismo. Rev. Ass. Méd. Brasil. v.47, n.1, p.24-9, 2001. PIRES, L.S. Estudo epidemiológico de acidentes ofídicos na cidade de São José dos Campos (SP) e municípios adjacentes. 2004. 73 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas) – Serpentário, Universidade do Vale do Paraíba, São José dos Campos, 2004. RIBEIRO, L.A.; JORGE, M.T.; IVERSSON, L.B. Epidemiologia do acidente por serpentes peçonhentas: estudo de casos atendidos em 1988. Rev. Saúde Pública. v.29, n.5, 1995. Disponível em: <http://www.scielo.org/pdf/rsp/v29n5/07.pdf> Acesso em 31 de jul.2009. ROJAS, C.A.; GONÇALVES, M.R.; ALMEIDA- SANTOS, S.M. Epidemiologia dos acidentes ofídicos na região noroeste do estado de São Paulo, Brasil. Rev. Brás. Saúde Prod. An. v.8, n.3, p.193-204, 2007. Disponível em: <http://www.rbspa.ufba.br>. Acesso em: 20 jul.2009. SAZIMA, I., MARQUES, O.A.V., ETEROVIC, A. Serpentes da Mata Atlântica: guia ilustrado para a Serra do Mar. Ribeirão Preto: Holos, 184p, 2001. OLIVEIRA, R.B; RIBEIRO, L.A.; JORGE, M.T. Fatores associados à incoagulabilidade sanguìnea no envenenamento por serpentes do gênero Bothrops. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. v.36, n.6, p.657-663, 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v36n6/a03v36n6.pdf >. Acesso em: 20 ago. 2009. Banco de Dados Consultados Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1 >. Acesso em: 04 jun. 2010. Secretaria de Vigilância em Saúde. Situação Epidemiológica das Zoonoses de Interesse à Saúde Pública. Boletim eletrônico EPIDEMIOLÓGICO. Ano 9, n° 1, junho 2009. disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/boleti m_epidemiologico_zoonoses_062009.pdf>. Acesso em 25 mai. 2010.