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Rev Bras Epidemiol
2005; 8(2): 150-60
Estudo das internações
hospitalares por pneumoconioses
no Brasil, 1984-2003
Hospital admissions due to
pneumoconioses in Brazil,
1984-2003
Hermano Albuquerque de Castro1
*
CarolinaGimenesdaSilva2
GenésioVicentin1
1
Pesquisador do CESTEH/ENSP/FIOCRUZ
2
Bolsista PIBIC/CNPq - Ambulatório de Doenças Pulmonares Ambientais e
Ocupacionais; CESTEH/ENSP/FIOCRUZ
*Correspondência: Rua Leopoldo Bulhões, 1480 - Manguinhos – Rio de Janeiro, 21041-210 -
Tel.: 55-021-25982682 - E-mail: castro@ensp.fiocruz.br
Resumo
Introdução:Introdução:Introdução:Introdução:Introdução:pneumoconiosereúneumcon-
junto de doenças respiratórias conhecidas
peloagenteprincipalcausador,comosilicose,
asbestose, talcose, beriliose e outras. A inci-
dência, possivelmente, deve ser elevada en-
tre os expostos, mas não há informações
epidemiológicasreferentesasérieshistóricas
sobre as internações hospitalares nas diver-
sas regiões do país. Objetivo:Objetivo:Objetivo:Objetivo:Objetivo: analisar as
internaçõeshospitalaresporpneumoconiose
noperíodoentre1984e2003emtodooterri-
tório nacional. Casuística e método:Casuística e método:Casuística e método:Casuística e método:Casuística e método: infor-
maçõesdemorbidadeforamrecolhidas,des-
critas e analisadas a partir do Sistema de
Internação por AIH do DATASUS, Centro
Nacional de Epidemiologia do Ministério da
Saúde, período de 1984 a 2003, englobando
todas as regiões do Brasil e seus Estados. Fo-
ram utilizadas listas do CID-9 (1984-1997) e
CID-10 (1998-2003). Resultados:Resultados:Resultados:Resultados:Resultados: o Brasil
apresentou entre 1984 e 1991 taxas elevadas
deinternaçõesemtodasasregiões,comten-
dênciadecrescimentoeumaposteriorredu-
çãoapósestadata.Amedianadasinternações
paraoperíodoentre1984e1991foimaiorna
região Centro-Oeste e menor na região Nor-
te. No segundo período, entre 1992 e 2003,
verificou-se uma modificação com uma me-
nor mediana na região Nordeste e maior na
região Sul. Discussão:Discussão:Discussão:Discussão:Discussão: A diferença encon-
tradaentreosdoisperíodospodeserexplicada
pelos critérios diagnósticos utilizados nestes
períodos e a forma como era coletada a in-
formação.Asdiferençasentreasregiõespro-
vavelmente refletem os processos de traba-
lhos locais e o acesso dos trabalhadores aos
serviços de saúde. Conclusão:Conclusão:Conclusão:Conclusão:Conclusão: Os dados
mostram que são necessárias ações de con-
trole e prevenção dessas doenças no ambi-
entedetrabalho.Aspneumoconiosessãoum
problemaimportantedeSaúdePública,onde
os números ainda não refletem adequada-
menteoproblema.Certamenteoscoeficien-
tes se forem calculados sobre a população
efetivamente exposta revelarão doenças de
elevadasmorbidade.
Palavras-chave:Palavras-chave:Palavras-chave:Palavras-chave:Palavras-chave: Pneumoconiose. Silicose.
Asbestose.Doençarespiratóriaocupacional.
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2005; 8(2): 150-60
Estudo das internações hospitalares por pneumoconioses no Brasil, 1984-2003
Castro, H.A. et al.
Introdução
A pneumoconiose, doença pulmonar
causadaporpoeirasminerais,reúneumcon-
junto de doenças respiratórias conhecidas
peloagenteprincipalcausador.Asprincipais
pneumoconioses são: a silicose, asbestose,
pneumoconiose de poeira mista, do carvão
(PTC), talcose, silicatose, siderose, baritose,
estanhose.Asilicoseéapneumoconiosemais
freqüente e relevante, seguindo-se a asbes-
tose. O potencial de fibrogenicidade dessas
poeiras conduz a uma reação inflamatória
quepodeevoluirparafibrosedoparênquima
pulmonar e, conseqüentemente, insuficiên-
cia respiratória crônica.
A doença pulmonar parenquimatosa de
origemocupacionaltemsidodescritaaolon-
go dos séculos. Antes da era industrial, a mi-
neraçãoeostrabalhosartesanaiseramcapa-
zes de produzir tal doença. Com a industria-
lização e a aceleração de processos gerado-
res de poeiras houve um incremento das do-
enças relacionadas às poeiras minerais nos
últimos 100 anos. Ramazini, considerado o
paidamedicinadotrabalho,em1700,jádes-
crevia as doenças dos mineradores como a
tísica dos mineiros, demonstrando o adoe-
cimentoantesdaeraindustrial1
.
No Brasil, o processo de industrialização
foi iniciado no período pós-guerra, na se-
gunda metade do século XX, caracterizado
como o período de transformação do mo-
delo industrial brasileiro2
.Entretanto,opaís
mantém concomitantemente as atividades
extrativistas, no setor de mineração, junto
com o crescimento industrial. O padrão de
morbidade provavelmente acompanha o
modelo econômico do Brasil, com a pre-
sença de doenças pulmonares tanto no se-
tor extrativista, o que nos paises desenvolvi-
dos foi controlado com a finalização deste
tipo de processo, quanto no setor industrial.
De acordo com o censo do IBGE, em
1998, havia no garimpo em torno de 400.000
trabalhadores. No setor industrial estimou-
se em 8,5 milhões de trabalhadores na in-
dústria de transformação, 4,5 milhões na
construçãocivil,sendo43%dostrabalhado-
res da indústria de transformação potenci-
Abstract
Introduction:Introduction:Introduction:Introduction:Introduction: pneumoconiosis represents
asetofrespiratoryillnesses,suchassilicosis,
asbestosis, talcosis, beriliosis and others,
whichareknownbytheirmaincausalagent.
Its incidence is probably high among ex-
posed workers, but there is no epidemio-
logical information such as historical series
onhospitalizationsintheseveralareasofthe
country. Objective:Objective:Objective:Objective:Objective: to analyze hospital ad-
missions due to pneumoconiosis in the pe-
riod between 1984 and 2003 in all the do-
mestic territory. Method:Method:Method:Method:Method: morbidity infor-
mation from the AIH Hospitalization Sys-
tem of DATASUS (National Epidemiology
Center of the Ministry of Health) was col-
lected, described and analyzed, for the pe-
riod between 1984 and 2003, including all
Brazilian regions and States. IDC-9 (1984-
1997) and ICD-10 (1998-2003) criteria were
used. Results:Results:Results:Results:Results: Brazil presented a growth
trend in hospital admissions between 1984
and 1991 with high rates of hospitalizations
in all areas, followed by a reduction in the
period between 1992 and 2003. The median
of admissions for the period between 1984
and 1991 was higher in the Center-West re-
gion and lower in the North region. In the
secondperiod,between1992and2003,there
was a change, with a lower median in the
Northeast and higher rates in the South re-
gion. Discussion:Discussion:Discussion:Discussion:Discussion: The difference between
the two periods can be explained by the di-
agnostic criteria used in these periods and
by the way information was collected. The
differences among regions probably reflect
localworkprocessesandtheaccessofwork-
ers to health services. Conclusion:Conclusion:Conclusion:Conclusion:Conclusion: The data
show that actions to control and prevent
these illnesses in the work environment are
necessary. Pneumoconiosis is an important
Public Health problem whose numbers still
do not adequately reflect the problem. If
coefficientsarecalculatedonthepopulation
effectively exposed, they will certainly dis-
close high morbidity illnesses.
Key Words:Key Words:Key Words:Key Words:Key Words: Pneumoconiosis. Silicosis.
Asbestosis.Occupationallungdisease.
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Estudo das internações hospitalares por pneumoconioses no Brasil, 1984-2003
Castro, H.A. et al.
almente expostos a poeiras causadoras de
pneumoconioses2
.
Os estudos realizados sobre os trabalha-
dores expostos à sílica, a partir da base de
dados do Relatório Anual de Informações
Sociais, verificaram uma tendência de au-
mento em termos absolutos de 1.470 mil
homens expostos, no período entre 1985 e
2001, para mais de 2 milhões de trabalhado-
resconsideradosdefinitivamenteexpostos3
.
SegundoAlgranti,foiaindaestimadoque,
na década de 90, 6.600.000 trabalhadores es-
tavampotencialmenteexpostosàsílica2
.Para
oamianto,nãoexistemestimativaspublicadas
quantoàexposição,masadmite-seaexistên-
ciade240.000trabalhadoresexpostosapenas
nas indústrias de fibrocimento e freios4
.
Possivelmente, um grande número de
trabalhadores está sob o risco de desenvol-
ver pneumoconiose como resultado de ex-
posições ocupacionais a poeiras minerais,
principalmentedevidoaograndenúmerode
indústriasqueutilizammineraisdepotenci-
al fibrogênico no seu processo produtivo. A
incidência deve ser elevada entre os expos-
tos,masnãoháinformaçõesepidemiológicas
referentes a séries históricas sobre as
internações hospitalares nas diversas regi-
ões do país. Por estas informações eviden-
cia-se a importância de estudar as pneumo-
conioses, aproveitando-se dos dados exis-
tentes, mesmo quando estes não represen-
tem a totalidade dos eventos em foco. Mas
certamente a internação expressa a gravida-
dedoproblema,umavezqueasinternações
se dão em um número reduzido da totalida-
de dos trabalhadores com pneumoconioses
nopaís.Internamostrabalhadoresqueapre-
sentamrepercussõesorgânicasefuncionais,
nos casos mais avançados com complica-
ções cardiopulmonares.
Os objetivos deste estudo foram o de
analisar as internações hospitalares por
pneumoconiose no período entre 1984 e
2003, em todo território nacional, e o de re-
alizar uma revisão bibliográfica das princi-
pais atividades causadoras de pneumoco-
nioses nas diferentes regiões do país.
Foram analisadas, através da literatura,
asprincipaisatividadesprodutivashabitual-
mente associadas com a exposição às poei-
ras inorgânicas, geradoras daquelas doen-
ças, que estão sendo exercidas nas regiões
ondesurgeummaiornúmerodeinternações
por pneumoconioses.
Material e Método
Trata-se de um estudo descritivo das
internações por pneumoconioses no Brasil,
com base em dados secundárias, obtidas do
SistemadeInternaçãoporAIHdoDATASUS,
CentroNacionaldeEpidemiologia(CENEPI),
do Ministério da Saúde. As internações fo-
ramanalisadasentre1984e2003,engloban-
do todas as regiões do Brasil e seus respecti-
vos Estados. Os dados foram organizados e
agregados de acordo com a unidade
federada e regiões do país. Foi assumido o
número de internações e não cada caso in-
ternado,ouseja,omesmocasopodetersido
internado mais de 01 vez no ano.
A codificação da morbidade foi realiza-
da segundo a Nona Revisão da Classificação
Internacional de Doenças, para o período
entre 1984-1997 e, a partir de 1998, de acor-
do com a Décima Revisão da Classificação
Internacional de Doenças, Agravos e Pro-
blemas Relacionados à Saúde. No período
de vigência da Nona Revisão foi incluída da
lista do CID-9 o código Pneumoconiose e/
ou outras doenças pulmonares devido a
agentes externos . Entre 1984 e 1991 não há
informação desagregada relacionada à ida-
de, após esta data coletou-se os dados de
internaçãonaquelesacimade15anosdeida-
de. No período de vigência da Décima Revi-
são (1998-2003) foi incluído o código
Pneumoconiose,nafaixaetáriaentre15e80
anos.
Os dados de população, para cálculo de
coeficientes, foram obtidos dos Censos Ge-
raisdosanosde1980,1991e2000,realizados
pelo IBGE, e das estimativas feitas pelo mes-
mo IBGE para os anos intercensitários.
Por se tratar de doença rara quando se
considera a população em geral, embora
muito freqüente quando se trata dos grupos
efetivamenteexpostos,asinternaçõesforam
agrupadas por Estados e Regiões do Brasil,
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Rev Bras Epidemiol
2005; 8(2): 150-60
Estudo das internações hospitalares por pneumoconioses no Brasil, 1984-2003
Castro, H.A. et al.
para as quais se calcularam os coeficientes
por 1.000.000 habitantes/ano, utilizando-se
a população com mais de quinze anos. O
grupoetáriodemenoresdequinzeanosnão
foi incluído por ser pouco provável a pre-
sençadapneumoconiosenessegrupoetário.
A morbidade foi distribuída em base ge-
ográfica, de modo a poder ser associada
progressivamente à presença de atividades
e ao desenvolvimento regional cujos pro-
cessos de trabalho envolvam a exposição
às poeiras potencialmente causadoras das
pneumoconioses.
A partir dos dados coletados, foram con-
feccionadas tabelas com valores brutos e
coeficientes (1:1.000.000), além de gráficos,
demonstrando a evolução da morbidade ao
longo dos anos, e um mapa ilustrativo.
Resultados
Estão apresentados na Tabela 1 os coefi-
cientescalculadospor1.000.000habitantes/
ano para o Brasil e suas macro-regiões geo-
gráficas, para cada ano estudado. Os coefi-
cientes apresentados na Tabela 1 sofreram
Tabela 1 - Coeficiente das internações hospitalares por pneumoconioses por 1.000.000
habitantes/ano, mediana, mínimo e máximo nos períodos entre 1984 e 1991 e entre 1992 e
2003, no Brasil e Regiões Geográficas.
Table1-Ratesofhospitaladmissionsduetopneumoconiosisper1,000,000inhabitants/year,median,
minimum and maximum for the periods between 1984 and 1991 and between 1992 and 2003 in Brazil
anditsGeographicalRegions
Ano Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
1984 23,74 2,41 14,71 27,69 36,72 27,74
1985 18,57 1,74 12,53 19,68 27,51 34,24
1986 20,33 1,00 21,68 15,92 29,64 41,54
1987 26,33 0,54 33,74 18,72 30,42 64,75
1988 32,03 1,57 45,19 23,26 31,73 63,90
1989 33,48 2,13 52,19 21,56 35,58 56,71
1990 33,52 3,75 64,24 16,30 27,54 55,36
1991 45,85 8,45 97,08 20,65 26,51 68,00
Mediana 29,18 1,94 39,47 20,17 30,03 56,03
Mínimo 18,57 0,54 12,53 15,92 26,51 27,74
Máximo 45,85 8,45 97,08 27,69 36,72 68,00
1992 9,32 3,73 6,17 8,22 11,34 31,76
1993 8,56 1,72 4,51 6,22 13,66 37,17
1994 16,16 2,83 5,45 5,93 12,68 30,14
1995 7,75 5,02 3,77 8,73 10,92 8,30
1996 7,15 2,87 1,85 8,57 12,04 11,55
1997 6,31 5,53 1,27 8,24 9,96 4,71
1998 6,30 4,84 3,22 6,87 7,12 14,14
1999 5,80 9,31 3,08 6,68 5,32 8,46
2000 4,36 5,79 2,88 4,52 5,44 5,48
2001 3,96 2,64 2,40 4,62 4,95 5,63
2002 2,50 2,07 1,69 2,21 3,92 5,04
2003 1,58 0,94 0,83 1,29 3,88 2,27
Mediana 6,31 3,30 2,98 6,45 8,54 8,38
Mínimo 1,58 0,94 0,83 1,29 3,88 2,27
Máximo 16,16 9,31 6,17 8,73 13,66 37,17
Fonte: calculadas com base na freqüência das internações registrada pelo DATASUS e a base
populacional acima de 15 anos fornecidas e estimadas pelo IBGE.
Source:calculationsbasedonthefrequencyofhospitalizationsrecordedbyDATASUSandpopulation
baseabove15years,suppliedandestimatedbyIBGE.
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Estudo das internações hospitalares por pneumoconioses no Brasil, 1984-2003
Castro, H.A. et al.
uma redução entre os anos de 1991 e 1992,
tanto no Brasil quanto nas regiões. A queda
nos valores dos coeficientes possivelmente
podem estar relacionadas as mudanças de
critérios diagnósticos ou na forma de coleta
dos dados primários pelo DATASUS. A tabe-
laapresentatambémasmedianas,mínimos
e máximos para cada macro-região.
A mediana das internações para o perío-
doentre1984e1991foimaiornaregiãoCen-
tro-Oeste e menor na região Norte. No se-
gundo período, entre 1992 e 2003, verificou-
se uma modificação com uma menor medi-
ana na região Nordeste e maior na região
Sul. No Gráfico 1, uma análise na linha de
tendência linear para todo o período, entre
1984 e 2003, mostra uma ascensão para a
região Norte e um declínio para as outras
regiões. Para as regiões Nordeste e Centro-
Oeste, ocorreu uma tendência de subida até
1991, com posterior declínio nos anos que
se seguiram. Estas tendências podem ser
entendidas como reflexo das mudanças na
forma de coleta das informações adiciona-
do a uma possível melhoria no sistema de
saúde do trabalhador nessas regiões, favo-
recendo o acompanhamento ambulatorial
e reduzindo o número de internações dos
pacientes. Algumas informações que serão
discutidas sobre processos de trabalho,
ações de vigilância e as ações de atenção à
saúde para cada uma dessas regiões pode-
rão contribuir para o entendimento desses
índices.
A partir da Tabela 1 tornou-se possível
confeccionar o Gráfico 1, mostrando a evo-
lução da morbidade durante os anos estu-
dados. A confecção do Mapa 1, mostra a
soma das freqüências das internações hos-
pitalaresdetodooperíodoentre1984e2003,
para o Brasil e as 5 macro-regiões.
O Gráfico 2 apresenta a distribuição por
faixa etária, mostrando um pouco mais de
70%dasinternaçõesporpneumoconioseem
pessoas acima dos 40 anos de idade.
A distribuição por sexo mostrou 59% das
internações entre homens e 41% entre as
mulheres. No período da vigência da CID 10
ocorre um aumento para 67% no sexo mas-
culino. Ocorre um predomínio de inter-
nações entre homens explicados pelos pro-
cessos de trabalhos relacionados à mão de
Gráfico 1 - Coeficiente das internações hospitalares por pneumoconioses, por 1.000.000
habitantes/ano, no Brasil, Regiões Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste, período entre
1984 e 2003.
Chart1-Ratesofhospitaladmissionsduetopneumoconiosisper1,000,000inhabitants/year,inBrazil
andintheNorth,Northeast,Southeast,SouthandCenter-WestRegions,fortheperiodbetween1984
and2003.
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2005; 8(2): 150-60
Estudo das internações hospitalares por pneumoconioses no Brasil, 1984-2003
Castro, H.A. et al.
Gráfico 2 - Distribuição percentual por faixa etária das internações por pneumoconioses no
Brasil, período entre 1992 e 2003.
Chart2-PercentageofhospitaladmissionsduetopneumoconiosisbyagegroupinBrazil,fortheperiod
between1992and2003.
Mapa 1 - Número total das internações hospitalares por pneumoconioses no Brasil e nas
Regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul, no período entre 1984 e 2003.
Map 1-TotalnumberofhospitaladmissionsduetopneumoconiosisinBrazilandintheNorth,
Northeast,Southeast,SouthandCenter-WestRegions,fortheperiodbetween1984and2003.
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2005; 8(2): 150-60
Estudo das internações hospitalares por pneumoconioses no Brasil, 1984-2003
Castro, H.A. et al.
obra masculina, como nas minerações. No
entanto, processos geradores de pneumo-
conioses encontram-se também presentes
no sexo feminino, como, por exemplo, a in-
dústria têxtil de amianto, com forte presen-
çafeminina.
Discussão
O conhecimento sobre as pneumoco-
nioses mostra que alguns passos são neces-
sários para as ações de controle e prevenção
no ambiente de trabalho, visando a identifi-
cação precoce dos efeitos da exposição.
Embora a utilização da base de dados do
DATASUS/MSpossualimitaçõesconhecidas,
relacionadas à sua base estrutural de coleta
de informações. Este estudo pretende ser
uma contribuição para a construção do pa-
norama epidemiológico desta doença, ana-
lisando uma pequena parcela de trabalha-
dores doentes com pneumoconiose e que
internamnaredepúblicadeassistênciahos-
pitalar, às vezes mais de uma vez por ano,
emfunçãodagravidadedadoença.Decerta
maneira, complementa alguns estudos so-
brepneumoconiosesdesenvolvidosnopaís,
principalmente a análise sobre a tendência
de mortalidade realizada por Castro e cols.,
que mostrou um aumento no Brasil e em
todas as 5 macro-regiões5
.
Os dados levantados no estudo revelam
questões pertinentes ao sistema de saúde e
sua forma de coletar as informações. Em-
bora a fonte de informações esteja relacio-
nada à forma de cobrança financeira pelas
internações através do SUS, esta base de da-
dos propicia uma visão geral do problema.
Mostra também uma evolução na atenção
da saúde dos trabalhadores expostos e do-
entes no Brasil e nas diferenças regionais
existentes entre elas.
UmaanálisepreliminardoGráfico1per-
mite identificar uma diferença das informa-
ções, no conjunto das regiões, anterior ao
ano de 1991 e após esta data. Antes de 1991
os dados mostram uma década com taxas
elevadas em todas as regiões. Provavelmen-
te a forma como era coletada a informação
pelo sistema de saúde pode explicar a dife-
rença. Primeiro, a falta de informação rela-
cionadaàfaixaetária,nãopermitedistinguir
os casos abaixo de 15 anos, codificados no
mesmo CID, podendo ter um diagnóstico
de doença pulmonar devido à agente exter-
no e que não se caracteriza como uma
pneumoconiose. Neste caso, o critério diag-
nóstico, dentro do mesmo CID, entre
pneumoconiose e/ou doença pulmonar de-
vido à agente externo, provavelmente con-
tribuiu para a queda abrupta nos valores
relacionados aos anos subseqüentes a 1991.
Entre1992e1997,foipossívelselecionarape-
nas os casos acima de 15 anos, na mesma
categoria do CID 9, e dessa forma os dados
estão em melhor concordância com o diag-
nóstico de pneumoconiose na internação
hospitalar. A partir de 1998, mesmo com a
mudançadoCID9paraoCID10,ainforma-
çãomantémumacertahomogeneidadenos
índices de internação hospitalar.
Algumas correções foram introduzidas
através do Decreto 100 de 16/04/1991 que
criou a Fundação Nacional de Saúde - FNS,
definindo o Departamento de Informática
do SUS - DATASUS ao qual compete “espe-
cificar, desenvolver, implantar e operar sis-
temas de informação relativos às atividades
finalísticasdoSUS”.ODATASUSiniciousuas
atividades em 01/10/91, a partir da incorpo-
ração dos recursos humanos, acervo técni-
co e equipamentos da DATAPREV relativos
às atividades de informática do SUS. Estas
medidas contribuíram para que se proce-
dessem as mudanças para o ano de 1992.
Outra forma de analisar a diferença das
taxas a partir de 1992 baseia-se na possibili-
dade de um incremento nas ações de vigi-
lânciaediagnósticoparaasdoençasrelacio-
nadas ao trabalho. A década de 90 foi reche-
ada de implantações dos programas de Saú-
de do Trabalhador em diversas Secretarias
de Saúde, o que pode ter melhorado o siste-
ma de assistência e com isso reduzido as
intercorrências respiratórias na população
com pneumoconiose, diminuindo gradati-
vamente o número de internações. As ações
de vigilância, melhorando as condições do
trabalho com redução de poeiras ocupa-
cionais, poderão apresentar seus efeitos nos
157
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2005; 8(2): 150-60
Estudo das internações hospitalares por pneumoconioses no Brasil, 1984-2003
Castro, H.A. et al.
próximos anos, uma vez que o período de
latência para o aparecimento da pneumo-
coniose encontra-se em torno de 20 anos
apósaprimeiraexposição.Adistribuiçãopor
faixa etária das internações mostra um au-
mento no número de internações na faixas
etárias acima dos 40 anos de idade, tendên-
cia que pode ser explicada pelo período de
latência da doença e pelo próprio processo
de adoecimento, em geral mais grave nos
idosos.
Apresenta-seaseguirumaavaliaçãocom
maior detalhe de cada região, cuja finalida-
de é demonstrar possíveis relações entre o
que se encontrou de internações por pneu-
moconioses e os processos produtivos ge-
radores da doença.
A região Norte apresentou um dos me-
nores coeficientes de internação para as
pneumoconioses. O baixo índice de notifi-
cação pode ser devido à falta de informa-
ção, redução de leitos hospitalares na região
e dificuldade no diagnóstico. O Estado do
Pará e o Estado do Amazonas são os que
possuem programa de Saúde do Trabalha-
dor,implantadoaindanadécadade90,pos-
sível melhora na rede de atenção na região
pode expressar um aumento nos índices de
internações,emmeadosdosanos90.Épos-
sível que os processos de mineração e a pre-
sença de indústrias manipuladora de poei-
ras minerais possam ser responsáveis pelos
casos de pneumoconioses na região.
A região Nordeste vivenciou no final dos
anos 80 e início dos anos 90 um aumento de
casos de silicoses relacionados a atividade
decavarpoços.NoCeará,regiãodeTianguá,
Holanda e cols. realizaram avaliação pneu-
mológica em 360 cavadores de poços, dos
quais 63 apresentaram radiografias de tórax
compatíveis com silicose6
. Em 1999, esses
mesmo autores mostraram os casos diag-
nosticados no período de 1986 a 1989, entre
687 daqueles profissionais7
. A ocorrência de
silicose foi de 26,4% (180 casos), com uma
prevalência de silicotuberculose de 7,2%,
entre os mesmos. No Estado do Piauí, Deus
Filho e cols., em 1984, relataram o apareci-
mento de 24 casos de silicose também em
cavadores de poços da região da chapada
do Ibiapaba8
. Na Bahia, têm sido relatados
casos de pneumoconiose em trabalhadores
da mineração e casos de asbestose em tra-
balhadores da indústria com amianto. Rela-
tos do Centro de Estudos de Saúde do Tra-
balhador(CESAT)daSecretariadeSaúdedo
Estado da Bahia indicaram, entre fevereiro
de 1988 e maio de 1995, 98 casos de silicose
oriundosdamineraçãodeourodeJacobina.
A região Sudeste é a mais populosa das
regiões e com o maior número de emprega-
dos formais. Segundo o IBGE, possui uma
rede de assistência diferenciada com diver-
sos Estados possuindo programas de Saúde
do Trabalhador, como Minas Gerais, Rio de
Janeiro e São Paulo.
OEstadodeMinasGeraispossuiomaior
número de casos de silicose do país. Segun-
do o MS (MS/FNS, 1997), até 1998 haviam
sido diagnosticados mais de 7.416 casos de
silicose na região de Nova Lima, área de mi-
neração de ouro. Recente levantamento re-
alizado no ambulatório do Hospital das Clí-
nicasdaUFMG,entreostrabalhadoresaten-
didos no período entre 1989 e 2000 foram
diagnosticados126casosdesilicose,sendoa
mineração a principal atividade desses tra-
balhadores, seguidos por trabalhadores da
indústria de cerâmica, lapidação e metalur-
gia9
. Outro estudo, realizado por Bezerra e
cols. na região de Ouro Preto, identificou 5
casos e 11 suspeitos de pneumoconiose por
poeira liberada na atividade artesanal com
pedra sabão. Foi identificada a presença de
asbesto do grupo dos anfibólios (tremolita-
actinolita) causador de pneumoconiose,
câncer de pulmão e mesotelioma10
.
No Estado do Rio de Janeiro, a atividade
de jateamento de areia foi a responsável por
diversos casos de silicose no início dos anos
90. A primeira publicação sobre casos de
silicoseentrejateadoresdeareiafoiem1984
quando Marchiori e cols. relataram 4 casos
de silicose11
. Especificamente na Indústria
Naval, em 1995, foram encontrados 138 ca-
sos (23,6%) entre 586 radiografias de traba-
lhadores expostos ao jato de areia12
. Em um
serviço de referência ambulatorial para
pneumoconioses foram avaliados 457 tra-
balhadores expostos à sílica e diagnostica-
158
Rev Bras Epidemiol
2005; 8(2): 150-60
Estudo das internações hospitalares por pneumoconioses no Brasil, 1984-2003
Castro, H.A. et al.
dos 104 casos de silicose, entre 1992 e 2002,
oriundos, principalmente, dos estaleiros do
EstadodoRiodeJaneiro13
.Em1990,Chibante
e cols. estudaram sete pacientes com doen-
ça pulmonar expostos a moagem de talco
no Rio de Janeiro14
. Ferreira e cols. realiza-
ram recentemente um estudo de subpo-
pulações de linfócitos no lavado brônquico
de 26 jateadores de areia portadores de
silicose15
. Mogami e cols. encontraram 26
casos de asbestose, entre 58 trabalhadores
expostos na indústria têxtil de amianto16
.
São Paulo concentra o maior número de
indústrias consideradas de risco para as
pneumoconioses, reconhecido pelo seu de-
senvolvimentoindustrialeapresentandoem
seuterritórioindústriasautomobilísticas,da
cerâmica, têxteis, entre outras. Vários estu-
dos têm sido publicados sobre pneumo-
conioses no Estado; dentre eles, podemos
destacar o de Giannasi, identificando mais
de uma centena de casos de asbestose na
região de Osasco17
. Em 2001, Algranti e cols
identificaram74casosdeasbestoseemuma
populaçãode828trabalhadoresexpostosao
amianto e 246 de casos suspeitos com
espessamento pleural evidenciados na
TomografiaComputadorizadadeTóraxcom
Alta Resolução (TCAR)18
. Em 1980, um estu-
dosobreafisiopatologiadasílicosemostrou
101 casos entre trabalhadores ceramistas de
São Paulo19
. Outro estudo entre ceramistas
foi publicado em 1981 por Nogueira e cols.
quando, a partir da descoberta de um caso,
descobriu-se diversos focos de silicose nas
indústrias de cerâmicas em São Paulo20
.
Algranti e cols, em 1985, descreveram 4 ca-
sos de siderose em trabalhadores de moa-
gem e ensacamento de óxido de ferro21
.
Capitani investigou 73 trabalhadores que
manipulavam rocha fosfática em depósito
localizado no município de Paulínea e diag-
nosticou 20 casos de pneumoconiose22
. Em
1991, Cukier e cols. publicaram 20 casos de
pneumoconioses em operários da indústria
de material abrasivo, setor de elevado risco
para inalação de carbeto de silício23
. Bagatin
e cols., em 1991, convocaram mais de 200
trabalhadores em benefícios por silicose na
Previdência de Jundiaí, para avaliar a perda
funcional desses trabalhadores24
. Em 1995,
esses mesmos autores, estudaram a ocor-
rência da silicose pulmonar na região de
Campinas e detectaram 818 casos, sendo a
maioriadaindústriadecerâmicabranca(720
casos) e os outros vindos da pedreira, meta-
lurgia e outros setores25
. Em 1997, Terra Fi-
lhoecols.avaliaram37trabalhadoresdeuma
indústria de abrasivos, dos quais 14 tinham
pneumoconiose26
.
A Região Sul apresenta uma região com
mineração de carvão e um grande número
deindústriascomexposiçãodepoeirascau-
sadorasdepneumoconiose.Em1991,Souza
Filho e cols. estudaram 92 casos de fibrose
maciça pulmonar progressiva, correspon-
dentes a 6% de 1.500 casos de pneumoco-
niose dos trabalhadores das minas de
carväo, fluorita, cerâmica, jato de areia e
moagem de pedra da regiäo carbonífera do
sul do Estado de Santa Catarina, num perío-
do de 14 anos de observação27
. Algranti e
cols. estimaram uma prevalência pontual
parapneumoconiosedotrabalhadordecar-
vão de 5,6% de uma amostra original de 956
mineiros28
.
Na região Centro-Oeste, os dados mos-
tram uma situação com uma elevada taxa
de internação. Único estudo publicado so-
bre exposição de trabalhadores de marmo-
raria, granito e ardósia não mostrou casos
de pneumoconioses29
. Sobre a exploração
de produtos minerais, sabe-se que Goiás
apresentaamaiorparticipaçãonacomposi-
ção do valor total da extração deste tipo de
produto na região Centro-Oeste, enquanto
que a mais expressiva participação no valor
da extração madeireira fica por conta de
Mato Grosso do Sul.
Em Goiás, destacam-se as explorações
de níquel, amianto e cobre. A exploração de
amianto,localizadanomunicípiodeMinaçu,
vemabsorvendoexpressivamão-de-obrano
setor. Expressiva, também, é a exploração
decalcárioemGoiânia,CorumbádeGoiáse
Distrito Federal. Goiânia, Anápolis e Brasília
sãoosprincipaiscentrosindustriaisdoCen-
tro-Oeste. Tanto a mineração quanto as in-
dústrias da região podem ser responsáveis
pelo adoecimento e conseqüentes interna-
159
Rev Bras Epidemiol
2005; 8(2): 150-60
Estudo das internações hospitalares por pneumoconioses no Brasil, 1984-2003
Castro, H.A. et al.
ções por pneumoconioses no Centro-Oeste
do País.
As medidas requeridas para enfrentar e
modificar favoravelmente a situação epide-
miológica das pneumoconioses são especí-
ficas,edevemdestinar-seapopulaçõestam-
bémespecíficas,nemsempredefácilidenti-
ficação e controle.
No campo assistencial, a atenção às
pneumoconioses implicam medidas de for-
talecimento na área de atenção pneumo-
lógica,tantonodiagnósticoquantonoacom-
panhamento e reabilitação de doentes, bem
como no acompanhamento dos trabalha-
doresexpostos,aindasemadoença.Portan-
to, os trabalhadores expostos as poeiras mi-
nerais necessitam de acompanhamento,
através do Sistema Único de Saúde (SUS),
para detectar doenças decorrentes da expo-
sição direta e avaliar a presença de patologi-
as concomitantes, como, por exemplo, a tu-
berculose pulmonar. Além disso, por deter-
minação legal do Ministério da Saúde e do
Ministério do Trabalho, os trabalhadores
devem ser radiografados anualmente e sub-
metidos a testes espirométricos, a cada dois
anos,comoformadedetectarprecocemente
as alterações pulmonares.
Conclusão
Os dados de internação hospitalar por
pneumoconioses mostram que são neces-
sárias ações de controle e prevenção dessas
doençasnoambientedetrabalho.Esteestu-
do pretende ser uma contribuição para a
construção do seu panorama epidemio-
lógico, mesmo em se tratando de um estudo
descritivosobreinternaçõeshospitalaresdas
pneumoconioses, que até esta fase apenas
mostra a relevância do problema e reflete o
ápice de uma pirâmide ainda submersa.
Asinformaçõesconstruídassobreamor-
talidade, internações hospitalares, atendi-
mentos ambulatoriais e estudos de incidên-
cia e prevalência das pneumoconioses no
Brasil podem propiciar as bases para o pla-
nejamentoeodesenvolvimentodeaçõesde
vigilância ambiental e em saúde do traba-
lhador.
Finalizando,aspneumoconiosessãoum
problemaimportantedeSaúdePública,onde
os números ainda não refletem adequada-
mente o problema. Certamente, os coefici-
entes se forem calculados sobre a popula-
ção efetivamente exposta revelariam doen-
ças de elevadas morbidade. Problemas
como estes precisam ser adequadamente
enfrentados no âmbito da abordagem da
SaúdePública,paraseobterumaaproxima-
ção da realidade epidemiológica da doença.
Agradecimento
Agradecemos ao CNPq pelo financia-
mento de um bolsista para o projeto.
Referências
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Estrêla. São Paulo: Fundacentro; 2000.
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trabalhadores de marmorarias. J Pneumol 1997; 23(4):
179-88.
recebido em: 25/10/04
versão final reapresentada em: 05/05/05
aprovado em: 12/05/05

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Estudo das internações hospitalares por pneumoconioses no brasil, 1984 2003

  • 1. 150 Rev Bras Epidemiol 2005; 8(2): 150-60 Estudo das internações hospitalares por pneumoconioses no Brasil, 1984-2003 Hospital admissions due to pneumoconioses in Brazil, 1984-2003 Hermano Albuquerque de Castro1 * CarolinaGimenesdaSilva2 GenésioVicentin1 1 Pesquisador do CESTEH/ENSP/FIOCRUZ 2 Bolsista PIBIC/CNPq - Ambulatório de Doenças Pulmonares Ambientais e Ocupacionais; CESTEH/ENSP/FIOCRUZ *Correspondência: Rua Leopoldo Bulhões, 1480 - Manguinhos – Rio de Janeiro, 21041-210 - Tel.: 55-021-25982682 - E-mail: castro@ensp.fiocruz.br Resumo Introdução:Introdução:Introdução:Introdução:Introdução:pneumoconiosereúneumcon- junto de doenças respiratórias conhecidas peloagenteprincipalcausador,comosilicose, asbestose, talcose, beriliose e outras. A inci- dência, possivelmente, deve ser elevada en- tre os expostos, mas não há informações epidemiológicasreferentesasérieshistóricas sobre as internações hospitalares nas diver- sas regiões do país. Objetivo:Objetivo:Objetivo:Objetivo:Objetivo: analisar as internaçõeshospitalaresporpneumoconiose noperíodoentre1984e2003emtodooterri- tório nacional. Casuística e método:Casuística e método:Casuística e método:Casuística e método:Casuística e método: infor- maçõesdemorbidadeforamrecolhidas,des- critas e analisadas a partir do Sistema de Internação por AIH do DATASUS, Centro Nacional de Epidemiologia do Ministério da Saúde, período de 1984 a 2003, englobando todas as regiões do Brasil e seus Estados. Fo- ram utilizadas listas do CID-9 (1984-1997) e CID-10 (1998-2003). Resultados:Resultados:Resultados:Resultados:Resultados: o Brasil apresentou entre 1984 e 1991 taxas elevadas deinternaçõesemtodasasregiões,comten- dênciadecrescimentoeumaposteriorredu- çãoapósestadata.Amedianadasinternações paraoperíodoentre1984e1991foimaiorna região Centro-Oeste e menor na região Nor- te. No segundo período, entre 1992 e 2003, verificou-se uma modificação com uma me- nor mediana na região Nordeste e maior na região Sul. Discussão:Discussão:Discussão:Discussão:Discussão: A diferença encon- tradaentreosdoisperíodospodeserexplicada pelos critérios diagnósticos utilizados nestes períodos e a forma como era coletada a in- formação.Asdiferençasentreasregiõespro- vavelmente refletem os processos de traba- lhos locais e o acesso dos trabalhadores aos serviços de saúde. Conclusão:Conclusão:Conclusão:Conclusão:Conclusão: Os dados mostram que são necessárias ações de con- trole e prevenção dessas doenças no ambi- entedetrabalho.Aspneumoconiosessãoum problemaimportantedeSaúdePública,onde os números ainda não refletem adequada- menteoproblema.Certamenteoscoeficien- tes se forem calculados sobre a população efetivamente exposta revelarão doenças de elevadasmorbidade. Palavras-chave:Palavras-chave:Palavras-chave:Palavras-chave:Palavras-chave: Pneumoconiose. Silicose. Asbestose.Doençarespiratóriaocupacional.
  • 2. 151 Rev Bras Epidemiol 2005; 8(2): 150-60 Estudo das internações hospitalares por pneumoconioses no Brasil, 1984-2003 Castro, H.A. et al. Introdução A pneumoconiose, doença pulmonar causadaporpoeirasminerais,reúneumcon- junto de doenças respiratórias conhecidas peloagenteprincipalcausador.Asprincipais pneumoconioses são: a silicose, asbestose, pneumoconiose de poeira mista, do carvão (PTC), talcose, silicatose, siderose, baritose, estanhose.Asilicoseéapneumoconiosemais freqüente e relevante, seguindo-se a asbes- tose. O potencial de fibrogenicidade dessas poeiras conduz a uma reação inflamatória quepodeevoluirparafibrosedoparênquima pulmonar e, conseqüentemente, insuficiên- cia respiratória crônica. A doença pulmonar parenquimatosa de origemocupacionaltemsidodescritaaolon- go dos séculos. Antes da era industrial, a mi- neraçãoeostrabalhosartesanaiseramcapa- zes de produzir tal doença. Com a industria- lização e a aceleração de processos gerado- res de poeiras houve um incremento das do- enças relacionadas às poeiras minerais nos últimos 100 anos. Ramazini, considerado o paidamedicinadotrabalho,em1700,jádes- crevia as doenças dos mineradores como a tísica dos mineiros, demonstrando o adoe- cimentoantesdaeraindustrial1 . No Brasil, o processo de industrialização foi iniciado no período pós-guerra, na se- gunda metade do século XX, caracterizado como o período de transformação do mo- delo industrial brasileiro2 .Entretanto,opaís mantém concomitantemente as atividades extrativistas, no setor de mineração, junto com o crescimento industrial. O padrão de morbidade provavelmente acompanha o modelo econômico do Brasil, com a pre- sença de doenças pulmonares tanto no se- tor extrativista, o que nos paises desenvolvi- dos foi controlado com a finalização deste tipo de processo, quanto no setor industrial. De acordo com o censo do IBGE, em 1998, havia no garimpo em torno de 400.000 trabalhadores. No setor industrial estimou- se em 8,5 milhões de trabalhadores na in- dústria de transformação, 4,5 milhões na construçãocivil,sendo43%dostrabalhado- res da indústria de transformação potenci- Abstract Introduction:Introduction:Introduction:Introduction:Introduction: pneumoconiosis represents asetofrespiratoryillnesses,suchassilicosis, asbestosis, talcosis, beriliosis and others, whichareknownbytheirmaincausalagent. Its incidence is probably high among ex- posed workers, but there is no epidemio- logical information such as historical series onhospitalizationsintheseveralareasofthe country. Objective:Objective:Objective:Objective:Objective: to analyze hospital ad- missions due to pneumoconiosis in the pe- riod between 1984 and 2003 in all the do- mestic territory. Method:Method:Method:Method:Method: morbidity infor- mation from the AIH Hospitalization Sys- tem of DATASUS (National Epidemiology Center of the Ministry of Health) was col- lected, described and analyzed, for the pe- riod between 1984 and 2003, including all Brazilian regions and States. IDC-9 (1984- 1997) and ICD-10 (1998-2003) criteria were used. Results:Results:Results:Results:Results: Brazil presented a growth trend in hospital admissions between 1984 and 1991 with high rates of hospitalizations in all areas, followed by a reduction in the period between 1992 and 2003. The median of admissions for the period between 1984 and 1991 was higher in the Center-West re- gion and lower in the North region. In the secondperiod,between1992and2003,there was a change, with a lower median in the Northeast and higher rates in the South re- gion. Discussion:Discussion:Discussion:Discussion:Discussion: The difference between the two periods can be explained by the di- agnostic criteria used in these periods and by the way information was collected. The differences among regions probably reflect localworkprocessesandtheaccessofwork- ers to health services. Conclusion:Conclusion:Conclusion:Conclusion:Conclusion: The data show that actions to control and prevent these illnesses in the work environment are necessary. Pneumoconiosis is an important Public Health problem whose numbers still do not adequately reflect the problem. If coefficientsarecalculatedonthepopulation effectively exposed, they will certainly dis- close high morbidity illnesses. Key Words:Key Words:Key Words:Key Words:Key Words: Pneumoconiosis. Silicosis. Asbestosis.Occupationallungdisease.
  • 3. 152 Rev Bras Epidemiol 2005; 8(2): 150-60 Estudo das internações hospitalares por pneumoconioses no Brasil, 1984-2003 Castro, H.A. et al. almente expostos a poeiras causadoras de pneumoconioses2 . Os estudos realizados sobre os trabalha- dores expostos à sílica, a partir da base de dados do Relatório Anual de Informações Sociais, verificaram uma tendência de au- mento em termos absolutos de 1.470 mil homens expostos, no período entre 1985 e 2001, para mais de 2 milhões de trabalhado- resconsideradosdefinitivamenteexpostos3 . SegundoAlgranti,foiaindaestimadoque, na década de 90, 6.600.000 trabalhadores es- tavampotencialmenteexpostosàsílica2 .Para oamianto,nãoexistemestimativaspublicadas quantoàexposição,masadmite-seaexistên- ciade240.000trabalhadoresexpostosapenas nas indústrias de fibrocimento e freios4 . Possivelmente, um grande número de trabalhadores está sob o risco de desenvol- ver pneumoconiose como resultado de ex- posições ocupacionais a poeiras minerais, principalmentedevidoaograndenúmerode indústriasqueutilizammineraisdepotenci- al fibrogênico no seu processo produtivo. A incidência deve ser elevada entre os expos- tos,masnãoháinformaçõesepidemiológicas referentes a séries históricas sobre as internações hospitalares nas diversas regi- ões do país. Por estas informações eviden- cia-se a importância de estudar as pneumo- conioses, aproveitando-se dos dados exis- tentes, mesmo quando estes não represen- tem a totalidade dos eventos em foco. Mas certamente a internação expressa a gravida- dedoproblema,umavezqueasinternações se dão em um número reduzido da totalida- de dos trabalhadores com pneumoconioses nopaís.Internamostrabalhadoresqueapre- sentamrepercussõesorgânicasefuncionais, nos casos mais avançados com complica- ções cardiopulmonares. Os objetivos deste estudo foram o de analisar as internações hospitalares por pneumoconiose no período entre 1984 e 2003, em todo território nacional, e o de re- alizar uma revisão bibliográfica das princi- pais atividades causadoras de pneumoco- nioses nas diferentes regiões do país. Foram analisadas, através da literatura, asprincipaisatividadesprodutivashabitual- mente associadas com a exposição às poei- ras inorgânicas, geradoras daquelas doen- ças, que estão sendo exercidas nas regiões ondesurgeummaiornúmerodeinternações por pneumoconioses. Material e Método Trata-se de um estudo descritivo das internações por pneumoconioses no Brasil, com base em dados secundárias, obtidas do SistemadeInternaçãoporAIHdoDATASUS, CentroNacionaldeEpidemiologia(CENEPI), do Ministério da Saúde. As internações fo- ramanalisadasentre1984e2003,engloban- do todas as regiões do Brasil e seus respecti- vos Estados. Os dados foram organizados e agregados de acordo com a unidade federada e regiões do país. Foi assumido o número de internações e não cada caso in- ternado,ouseja,omesmocasopodetersido internado mais de 01 vez no ano. A codificação da morbidade foi realiza- da segundo a Nona Revisão da Classificação Internacional de Doenças, para o período entre 1984-1997 e, a partir de 1998, de acor- do com a Décima Revisão da Classificação Internacional de Doenças, Agravos e Pro- blemas Relacionados à Saúde. No período de vigência da Nona Revisão foi incluída da lista do CID-9 o código Pneumoconiose e/ ou outras doenças pulmonares devido a agentes externos . Entre 1984 e 1991 não há informação desagregada relacionada à ida- de, após esta data coletou-se os dados de internaçãonaquelesacimade15anosdeida- de. No período de vigência da Décima Revi- são (1998-2003) foi incluído o código Pneumoconiose,nafaixaetáriaentre15e80 anos. Os dados de população, para cálculo de coeficientes, foram obtidos dos Censos Ge- raisdosanosde1980,1991e2000,realizados pelo IBGE, e das estimativas feitas pelo mes- mo IBGE para os anos intercensitários. Por se tratar de doença rara quando se considera a população em geral, embora muito freqüente quando se trata dos grupos efetivamenteexpostos,asinternaçõesforam agrupadas por Estados e Regiões do Brasil,
  • 4. 153 Rev Bras Epidemiol 2005; 8(2): 150-60 Estudo das internações hospitalares por pneumoconioses no Brasil, 1984-2003 Castro, H.A. et al. para as quais se calcularam os coeficientes por 1.000.000 habitantes/ano, utilizando-se a população com mais de quinze anos. O grupoetáriodemenoresdequinzeanosnão foi incluído por ser pouco provável a pre- sençadapneumoconiosenessegrupoetário. A morbidade foi distribuída em base ge- ográfica, de modo a poder ser associada progressivamente à presença de atividades e ao desenvolvimento regional cujos pro- cessos de trabalho envolvam a exposição às poeiras potencialmente causadoras das pneumoconioses. A partir dos dados coletados, foram con- feccionadas tabelas com valores brutos e coeficientes (1:1.000.000), além de gráficos, demonstrando a evolução da morbidade ao longo dos anos, e um mapa ilustrativo. Resultados Estão apresentados na Tabela 1 os coefi- cientescalculadospor1.000.000habitantes/ ano para o Brasil e suas macro-regiões geo- gráficas, para cada ano estudado. Os coefi- cientes apresentados na Tabela 1 sofreram Tabela 1 - Coeficiente das internações hospitalares por pneumoconioses por 1.000.000 habitantes/ano, mediana, mínimo e máximo nos períodos entre 1984 e 1991 e entre 1992 e 2003, no Brasil e Regiões Geográficas. Table1-Ratesofhospitaladmissionsduetopneumoconiosisper1,000,000inhabitants/year,median, minimum and maximum for the periods between 1984 and 1991 and between 1992 and 2003 in Brazil anditsGeographicalRegions Ano Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste 1984 23,74 2,41 14,71 27,69 36,72 27,74 1985 18,57 1,74 12,53 19,68 27,51 34,24 1986 20,33 1,00 21,68 15,92 29,64 41,54 1987 26,33 0,54 33,74 18,72 30,42 64,75 1988 32,03 1,57 45,19 23,26 31,73 63,90 1989 33,48 2,13 52,19 21,56 35,58 56,71 1990 33,52 3,75 64,24 16,30 27,54 55,36 1991 45,85 8,45 97,08 20,65 26,51 68,00 Mediana 29,18 1,94 39,47 20,17 30,03 56,03 Mínimo 18,57 0,54 12,53 15,92 26,51 27,74 Máximo 45,85 8,45 97,08 27,69 36,72 68,00 1992 9,32 3,73 6,17 8,22 11,34 31,76 1993 8,56 1,72 4,51 6,22 13,66 37,17 1994 16,16 2,83 5,45 5,93 12,68 30,14 1995 7,75 5,02 3,77 8,73 10,92 8,30 1996 7,15 2,87 1,85 8,57 12,04 11,55 1997 6,31 5,53 1,27 8,24 9,96 4,71 1998 6,30 4,84 3,22 6,87 7,12 14,14 1999 5,80 9,31 3,08 6,68 5,32 8,46 2000 4,36 5,79 2,88 4,52 5,44 5,48 2001 3,96 2,64 2,40 4,62 4,95 5,63 2002 2,50 2,07 1,69 2,21 3,92 5,04 2003 1,58 0,94 0,83 1,29 3,88 2,27 Mediana 6,31 3,30 2,98 6,45 8,54 8,38 Mínimo 1,58 0,94 0,83 1,29 3,88 2,27 Máximo 16,16 9,31 6,17 8,73 13,66 37,17 Fonte: calculadas com base na freqüência das internações registrada pelo DATASUS e a base populacional acima de 15 anos fornecidas e estimadas pelo IBGE. Source:calculationsbasedonthefrequencyofhospitalizationsrecordedbyDATASUSandpopulation baseabove15years,suppliedandestimatedbyIBGE.
  • 5. 154 Rev Bras Epidemiol 2005; 8(2): 150-60 Estudo das internações hospitalares por pneumoconioses no Brasil, 1984-2003 Castro, H.A. et al. uma redução entre os anos de 1991 e 1992, tanto no Brasil quanto nas regiões. A queda nos valores dos coeficientes possivelmente podem estar relacionadas as mudanças de critérios diagnósticos ou na forma de coleta dos dados primários pelo DATASUS. A tabe- laapresentatambémasmedianas,mínimos e máximos para cada macro-região. A mediana das internações para o perío- doentre1984e1991foimaiornaregiãoCen- tro-Oeste e menor na região Norte. No se- gundo período, entre 1992 e 2003, verificou- se uma modificação com uma menor medi- ana na região Nordeste e maior na região Sul. No Gráfico 1, uma análise na linha de tendência linear para todo o período, entre 1984 e 2003, mostra uma ascensão para a região Norte e um declínio para as outras regiões. Para as regiões Nordeste e Centro- Oeste, ocorreu uma tendência de subida até 1991, com posterior declínio nos anos que se seguiram. Estas tendências podem ser entendidas como reflexo das mudanças na forma de coleta das informações adiciona- do a uma possível melhoria no sistema de saúde do trabalhador nessas regiões, favo- recendo o acompanhamento ambulatorial e reduzindo o número de internações dos pacientes. Algumas informações que serão discutidas sobre processos de trabalho, ações de vigilância e as ações de atenção à saúde para cada uma dessas regiões pode- rão contribuir para o entendimento desses índices. A partir da Tabela 1 tornou-se possível confeccionar o Gráfico 1, mostrando a evo- lução da morbidade durante os anos estu- dados. A confecção do Mapa 1, mostra a soma das freqüências das internações hos- pitalaresdetodooperíodoentre1984e2003, para o Brasil e as 5 macro-regiões. O Gráfico 2 apresenta a distribuição por faixa etária, mostrando um pouco mais de 70%dasinternaçõesporpneumoconioseem pessoas acima dos 40 anos de idade. A distribuição por sexo mostrou 59% das internações entre homens e 41% entre as mulheres. No período da vigência da CID 10 ocorre um aumento para 67% no sexo mas- culino. Ocorre um predomínio de inter- nações entre homens explicados pelos pro- cessos de trabalhos relacionados à mão de Gráfico 1 - Coeficiente das internações hospitalares por pneumoconioses, por 1.000.000 habitantes/ano, no Brasil, Regiões Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste, período entre 1984 e 2003. Chart1-Ratesofhospitaladmissionsduetopneumoconiosisper1,000,000inhabitants/year,inBrazil andintheNorth,Northeast,Southeast,SouthandCenter-WestRegions,fortheperiodbetween1984 and2003.
  • 6. 155 Rev Bras Epidemiol 2005; 8(2): 150-60 Estudo das internações hospitalares por pneumoconioses no Brasil, 1984-2003 Castro, H.A. et al. Gráfico 2 - Distribuição percentual por faixa etária das internações por pneumoconioses no Brasil, período entre 1992 e 2003. Chart2-PercentageofhospitaladmissionsduetopneumoconiosisbyagegroupinBrazil,fortheperiod between1992and2003. Mapa 1 - Número total das internações hospitalares por pneumoconioses no Brasil e nas Regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul, no período entre 1984 e 2003. Map 1-TotalnumberofhospitaladmissionsduetopneumoconiosisinBrazilandintheNorth, Northeast,Southeast,SouthandCenter-WestRegions,fortheperiodbetween1984and2003.
  • 7. 156 Rev Bras Epidemiol 2005; 8(2): 150-60 Estudo das internações hospitalares por pneumoconioses no Brasil, 1984-2003 Castro, H.A. et al. obra masculina, como nas minerações. No entanto, processos geradores de pneumo- conioses encontram-se também presentes no sexo feminino, como, por exemplo, a in- dústria têxtil de amianto, com forte presen- çafeminina. Discussão O conhecimento sobre as pneumoco- nioses mostra que alguns passos são neces- sários para as ações de controle e prevenção no ambiente de trabalho, visando a identifi- cação precoce dos efeitos da exposição. Embora a utilização da base de dados do DATASUS/MSpossualimitaçõesconhecidas, relacionadas à sua base estrutural de coleta de informações. Este estudo pretende ser uma contribuição para a construção do pa- norama epidemiológico desta doença, ana- lisando uma pequena parcela de trabalha- dores doentes com pneumoconiose e que internamnaredepúblicadeassistênciahos- pitalar, às vezes mais de uma vez por ano, emfunçãodagravidadedadoença.Decerta maneira, complementa alguns estudos so- brepneumoconiosesdesenvolvidosnopaís, principalmente a análise sobre a tendência de mortalidade realizada por Castro e cols., que mostrou um aumento no Brasil e em todas as 5 macro-regiões5 . Os dados levantados no estudo revelam questões pertinentes ao sistema de saúde e sua forma de coletar as informações. Em- bora a fonte de informações esteja relacio- nada à forma de cobrança financeira pelas internações através do SUS, esta base de da- dos propicia uma visão geral do problema. Mostra também uma evolução na atenção da saúde dos trabalhadores expostos e do- entes no Brasil e nas diferenças regionais existentes entre elas. UmaanálisepreliminardoGráfico1per- mite identificar uma diferença das informa- ções, no conjunto das regiões, anterior ao ano de 1991 e após esta data. Antes de 1991 os dados mostram uma década com taxas elevadas em todas as regiões. Provavelmen- te a forma como era coletada a informação pelo sistema de saúde pode explicar a dife- rença. Primeiro, a falta de informação rela- cionadaàfaixaetária,nãopermitedistinguir os casos abaixo de 15 anos, codificados no mesmo CID, podendo ter um diagnóstico de doença pulmonar devido à agente exter- no e que não se caracteriza como uma pneumoconiose. Neste caso, o critério diag- nóstico, dentro do mesmo CID, entre pneumoconiose e/ou doença pulmonar de- vido à agente externo, provavelmente con- tribuiu para a queda abrupta nos valores relacionados aos anos subseqüentes a 1991. Entre1992e1997,foipossívelselecionarape- nas os casos acima de 15 anos, na mesma categoria do CID 9, e dessa forma os dados estão em melhor concordância com o diag- nóstico de pneumoconiose na internação hospitalar. A partir de 1998, mesmo com a mudançadoCID9paraoCID10,ainforma- çãomantémumacertahomogeneidadenos índices de internação hospitalar. Algumas correções foram introduzidas através do Decreto 100 de 16/04/1991 que criou a Fundação Nacional de Saúde - FNS, definindo o Departamento de Informática do SUS - DATASUS ao qual compete “espe- cificar, desenvolver, implantar e operar sis- temas de informação relativos às atividades finalísticasdoSUS”.ODATASUSiniciousuas atividades em 01/10/91, a partir da incorpo- ração dos recursos humanos, acervo técni- co e equipamentos da DATAPREV relativos às atividades de informática do SUS. Estas medidas contribuíram para que se proce- dessem as mudanças para o ano de 1992. Outra forma de analisar a diferença das taxas a partir de 1992 baseia-se na possibili- dade de um incremento nas ações de vigi- lânciaediagnósticoparaasdoençasrelacio- nadas ao trabalho. A década de 90 foi reche- ada de implantações dos programas de Saú- de do Trabalhador em diversas Secretarias de Saúde, o que pode ter melhorado o siste- ma de assistência e com isso reduzido as intercorrências respiratórias na população com pneumoconiose, diminuindo gradati- vamente o número de internações. As ações de vigilância, melhorando as condições do trabalho com redução de poeiras ocupa- cionais, poderão apresentar seus efeitos nos
  • 8. 157 Rev Bras Epidemiol 2005; 8(2): 150-60 Estudo das internações hospitalares por pneumoconioses no Brasil, 1984-2003 Castro, H.A. et al. próximos anos, uma vez que o período de latência para o aparecimento da pneumo- coniose encontra-se em torno de 20 anos apósaprimeiraexposição.Adistribuiçãopor faixa etária das internações mostra um au- mento no número de internações na faixas etárias acima dos 40 anos de idade, tendên- cia que pode ser explicada pelo período de latência da doença e pelo próprio processo de adoecimento, em geral mais grave nos idosos. Apresenta-seaseguirumaavaliaçãocom maior detalhe de cada região, cuja finalida- de é demonstrar possíveis relações entre o que se encontrou de internações por pneu- moconioses e os processos produtivos ge- radores da doença. A região Norte apresentou um dos me- nores coeficientes de internação para as pneumoconioses. O baixo índice de notifi- cação pode ser devido à falta de informa- ção, redução de leitos hospitalares na região e dificuldade no diagnóstico. O Estado do Pará e o Estado do Amazonas são os que possuem programa de Saúde do Trabalha- dor,implantadoaindanadécadade90,pos- sível melhora na rede de atenção na região pode expressar um aumento nos índices de internações,emmeadosdosanos90.Épos- sível que os processos de mineração e a pre- sença de indústrias manipuladora de poei- ras minerais possam ser responsáveis pelos casos de pneumoconioses na região. A região Nordeste vivenciou no final dos anos 80 e início dos anos 90 um aumento de casos de silicoses relacionados a atividade decavarpoços.NoCeará,regiãodeTianguá, Holanda e cols. realizaram avaliação pneu- mológica em 360 cavadores de poços, dos quais 63 apresentaram radiografias de tórax compatíveis com silicose6 . Em 1999, esses mesmo autores mostraram os casos diag- nosticados no período de 1986 a 1989, entre 687 daqueles profissionais7 . A ocorrência de silicose foi de 26,4% (180 casos), com uma prevalência de silicotuberculose de 7,2%, entre os mesmos. No Estado do Piauí, Deus Filho e cols., em 1984, relataram o apareci- mento de 24 casos de silicose também em cavadores de poços da região da chapada do Ibiapaba8 . Na Bahia, têm sido relatados casos de pneumoconiose em trabalhadores da mineração e casos de asbestose em tra- balhadores da indústria com amianto. Rela- tos do Centro de Estudos de Saúde do Tra- balhador(CESAT)daSecretariadeSaúdedo Estado da Bahia indicaram, entre fevereiro de 1988 e maio de 1995, 98 casos de silicose oriundosdamineraçãodeourodeJacobina. A região Sudeste é a mais populosa das regiões e com o maior número de emprega- dos formais. Segundo o IBGE, possui uma rede de assistência diferenciada com diver- sos Estados possuindo programas de Saúde do Trabalhador, como Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. OEstadodeMinasGeraispossuiomaior número de casos de silicose do país. Segun- do o MS (MS/FNS, 1997), até 1998 haviam sido diagnosticados mais de 7.416 casos de silicose na região de Nova Lima, área de mi- neração de ouro. Recente levantamento re- alizado no ambulatório do Hospital das Clí- nicasdaUFMG,entreostrabalhadoresaten- didos no período entre 1989 e 2000 foram diagnosticados126casosdesilicose,sendoa mineração a principal atividade desses tra- balhadores, seguidos por trabalhadores da indústria de cerâmica, lapidação e metalur- gia9 . Outro estudo, realizado por Bezerra e cols. na região de Ouro Preto, identificou 5 casos e 11 suspeitos de pneumoconiose por poeira liberada na atividade artesanal com pedra sabão. Foi identificada a presença de asbesto do grupo dos anfibólios (tremolita- actinolita) causador de pneumoconiose, câncer de pulmão e mesotelioma10 . No Estado do Rio de Janeiro, a atividade de jateamento de areia foi a responsável por diversos casos de silicose no início dos anos 90. A primeira publicação sobre casos de silicoseentrejateadoresdeareiafoiem1984 quando Marchiori e cols. relataram 4 casos de silicose11 . Especificamente na Indústria Naval, em 1995, foram encontrados 138 ca- sos (23,6%) entre 586 radiografias de traba- lhadores expostos ao jato de areia12 . Em um serviço de referência ambulatorial para pneumoconioses foram avaliados 457 tra- balhadores expostos à sílica e diagnostica-
  • 9. 158 Rev Bras Epidemiol 2005; 8(2): 150-60 Estudo das internações hospitalares por pneumoconioses no Brasil, 1984-2003 Castro, H.A. et al. dos 104 casos de silicose, entre 1992 e 2002, oriundos, principalmente, dos estaleiros do EstadodoRiodeJaneiro13 .Em1990,Chibante e cols. estudaram sete pacientes com doen- ça pulmonar expostos a moagem de talco no Rio de Janeiro14 . Ferreira e cols. realiza- ram recentemente um estudo de subpo- pulações de linfócitos no lavado brônquico de 26 jateadores de areia portadores de silicose15 . Mogami e cols. encontraram 26 casos de asbestose, entre 58 trabalhadores expostos na indústria têxtil de amianto16 . São Paulo concentra o maior número de indústrias consideradas de risco para as pneumoconioses, reconhecido pelo seu de- senvolvimentoindustrialeapresentandoem seuterritórioindústriasautomobilísticas,da cerâmica, têxteis, entre outras. Vários estu- dos têm sido publicados sobre pneumo- conioses no Estado; dentre eles, podemos destacar o de Giannasi, identificando mais de uma centena de casos de asbestose na região de Osasco17 . Em 2001, Algranti e cols identificaram74casosdeasbestoseemuma populaçãode828trabalhadoresexpostosao amianto e 246 de casos suspeitos com espessamento pleural evidenciados na TomografiaComputadorizadadeTóraxcom Alta Resolução (TCAR)18 . Em 1980, um estu- dosobreafisiopatologiadasílicosemostrou 101 casos entre trabalhadores ceramistas de São Paulo19 . Outro estudo entre ceramistas foi publicado em 1981 por Nogueira e cols. quando, a partir da descoberta de um caso, descobriu-se diversos focos de silicose nas indústrias de cerâmicas em São Paulo20 . Algranti e cols, em 1985, descreveram 4 ca- sos de siderose em trabalhadores de moa- gem e ensacamento de óxido de ferro21 . Capitani investigou 73 trabalhadores que manipulavam rocha fosfática em depósito localizado no município de Paulínea e diag- nosticou 20 casos de pneumoconiose22 . Em 1991, Cukier e cols. publicaram 20 casos de pneumoconioses em operários da indústria de material abrasivo, setor de elevado risco para inalação de carbeto de silício23 . Bagatin e cols., em 1991, convocaram mais de 200 trabalhadores em benefícios por silicose na Previdência de Jundiaí, para avaliar a perda funcional desses trabalhadores24 . Em 1995, esses mesmos autores, estudaram a ocor- rência da silicose pulmonar na região de Campinas e detectaram 818 casos, sendo a maioriadaindústriadecerâmicabranca(720 casos) e os outros vindos da pedreira, meta- lurgia e outros setores25 . Em 1997, Terra Fi- lhoecols.avaliaram37trabalhadoresdeuma indústria de abrasivos, dos quais 14 tinham pneumoconiose26 . A Região Sul apresenta uma região com mineração de carvão e um grande número deindústriascomexposiçãodepoeirascau- sadorasdepneumoconiose.Em1991,Souza Filho e cols. estudaram 92 casos de fibrose maciça pulmonar progressiva, correspon- dentes a 6% de 1.500 casos de pneumoco- niose dos trabalhadores das minas de carväo, fluorita, cerâmica, jato de areia e moagem de pedra da regiäo carbonífera do sul do Estado de Santa Catarina, num perío- do de 14 anos de observação27 . Algranti e cols. estimaram uma prevalência pontual parapneumoconiosedotrabalhadordecar- vão de 5,6% de uma amostra original de 956 mineiros28 . Na região Centro-Oeste, os dados mos- tram uma situação com uma elevada taxa de internação. Único estudo publicado so- bre exposição de trabalhadores de marmo- raria, granito e ardósia não mostrou casos de pneumoconioses29 . Sobre a exploração de produtos minerais, sabe-se que Goiás apresentaamaiorparticipaçãonacomposi- ção do valor total da extração deste tipo de produto na região Centro-Oeste, enquanto que a mais expressiva participação no valor da extração madeireira fica por conta de Mato Grosso do Sul. Em Goiás, destacam-se as explorações de níquel, amianto e cobre. A exploração de amianto,localizadanomunicípiodeMinaçu, vemabsorvendoexpressivamão-de-obrano setor. Expressiva, também, é a exploração decalcárioemGoiânia,CorumbádeGoiáse Distrito Federal. Goiânia, Anápolis e Brasília sãoosprincipaiscentrosindustriaisdoCen- tro-Oeste. Tanto a mineração quanto as in- dústrias da região podem ser responsáveis pelo adoecimento e conseqüentes interna-
  • 10. 159 Rev Bras Epidemiol 2005; 8(2): 150-60 Estudo das internações hospitalares por pneumoconioses no Brasil, 1984-2003 Castro, H.A. et al. ções por pneumoconioses no Centro-Oeste do País. As medidas requeridas para enfrentar e modificar favoravelmente a situação epide- miológica das pneumoconioses são especí- ficas,edevemdestinar-seapopulaçõestam- bémespecíficas,nemsempredefácilidenti- ficação e controle. No campo assistencial, a atenção às pneumoconioses implicam medidas de for- talecimento na área de atenção pneumo- lógica,tantonodiagnósticoquantonoacom- panhamento e reabilitação de doentes, bem como no acompanhamento dos trabalha- doresexpostos,aindasemadoença.Portan- to, os trabalhadores expostos as poeiras mi- nerais necessitam de acompanhamento, através do Sistema Único de Saúde (SUS), para detectar doenças decorrentes da expo- sição direta e avaliar a presença de patologi- as concomitantes, como, por exemplo, a tu- berculose pulmonar. Além disso, por deter- minação legal do Ministério da Saúde e do Ministério do Trabalho, os trabalhadores devem ser radiografados anualmente e sub- metidos a testes espirométricos, a cada dois anos,comoformadedetectarprecocemente as alterações pulmonares. Conclusão Os dados de internação hospitalar por pneumoconioses mostram que são neces- sárias ações de controle e prevenção dessas doençasnoambientedetrabalho.Esteestu- do pretende ser uma contribuição para a construção do seu panorama epidemio- lógico, mesmo em se tratando de um estudo descritivosobreinternaçõeshospitalaresdas pneumoconioses, que até esta fase apenas mostra a relevância do problema e reflete o ápice de uma pirâmide ainda submersa. Asinformaçõesconstruídassobreamor- talidade, internações hospitalares, atendi- mentos ambulatoriais e estudos de incidên- cia e prevalência das pneumoconioses no Brasil podem propiciar as bases para o pla- nejamentoeodesenvolvimentodeaçõesde vigilância ambiental e em saúde do traba- lhador. Finalizando,aspneumoconiosessãoum problemaimportantedeSaúdePública,onde os números ainda não refletem adequada- mente o problema. Certamente, os coefici- entes se forem calculados sobre a popula- ção efetivamente exposta revelariam doen- ças de elevadas morbidade. Problemas como estes precisam ser adequadamente enfrentados no âmbito da abordagem da SaúdePública,paraseobterumaaproxima- ção da realidade epidemiológica da doença. Agradecimento Agradecemos ao CNPq pelo financia- mento de um bolsista para o projeto. Referências 1. Ramazzini B. A doença dos Trabalhadores. 3ª ed. Ed. Estrêla. São Paulo: Fundacentro; 2000. 2. Algranti E. Epidemiologia das doenças ocupacionais respiratórias no Brasil. In: Da Silva LCC. Epidemiologia das doenças respiratórias, volume 1. Rio de Janeiro: Ed. Revinter; 2001. p. 119-43. 3. Ribeiro FSN. Exposição ocupacional à sílica no Brasil: tendência temporal, 1985 a 2001.Tese de doutorado apresentada ao Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. SP; 2004. 4. Castro HA, Giannasi F, Novello C. A luta pelo banimento do amianto na Américas: uma questão de Saúde Pública. Ciência & Saúde Coletiva 2003; 8(4): 903-12. 5. Castro HA, Vicentin G, Pereira KCX. Mortalidade por pneumoconioses nas macro-regiões do Brasil no período de 1979-1998. J Pneumol 2003; 29(2): 82-8. 6. Holanda MA, Holanda MA, Martins MPS, Felismino PH, Pinheiro VGF. Silicosis in Brazilian pit diggers: relationship between dust exposure and radiologic findings. Am J Ind Med 1995; 27: 367-78. 7. Holanda MA, Barros ACPR, Holanda AA, Monte CG, Leite EB, Ximenes Junior L, Holanda MZM, Felismino PH. Silicose em cavadores de poços da regiäo de Ibiapaba (CE): da descoberta ao controle. J Pneumol 1999; 25 (1): 1-11. 8. Deus Filho A, Silva FP, Ferreira JC, Leite OA, Mendes AM, Carneiro RJ. Silicose em cavadores de poços. J Pneumol 1984; 10 (1): 28-31.
  • 11. 160 Rev Bras Epidemiol 2005; 8(2): 150-60 Estudo das internações hospitalares por pneumoconioses no Brasil, 1984-2003 Castro, H.A. et al. 9. Carneiro APS, Campos LO, Gomes MFCF, Assunção AA. Perfil de 300 trabalhadores expostos à sílica atendidos ambulatorialmente em Belo Horizonte. J Pneumol 2002; 28 (6): 329-34. 10. Bezerra OMPA, Dias EC, Galvão MAM, Carneiro APS. Talcose entre artesãos em pedra-sabão em uma localidade rural do Município de Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. Cad Saúde Pública 2003; 19(6): 1751-9. 11. Marchiori E, De Luca V. Silicose aguda em ajatadores de areia (Considerações sobre quatro casos). J Pneumol 1984; 9(3): 139-44. 12. Castro HA, Bethlem EP. A silicose na indústria naval do Estado do Rio de Janeiro: Comissão técnica Estadual de Pneumopatias Ocupacionais do Estado do Rio de Janeiro, análise parcial. J Pneumol 1995; 21: 13-6. 13. Castro HA, Vicentin G, Ribeiro PC, Mendonça ICT. Perfil respiratório de 457 trabalhadores expostos à poeira de sílica livre no Estado do Rio de Janeiro. Pulmão RJ 2004; 13 (2): 81-5. 14. Chibante AMS, Padilha CP, Bethlem EP, Dias RM, Oliveira CAB, Magaräo SL. Pneumoconiose dos moedores de talco: estudo de sete casos. J Pneumol 1990; 16 (2): 57-61. 15. Ferreira A, Moreira JS, Caetano R, Gabetto JM, Quirico- Santos T. Caracterização imunofenotípica das subpopulações de linfócitos do lavado broncoalveolar de pacientes com silicose. J Pneumol 2000; 26(3): 107- 12. 16. Mogami R, Marchiori E, Castro HA, Ribeiro P, Capone D. Correlação entre Radiografia Convencional e Tomografia Computadorizada de Tórax em Trabalhadores da Indústria Têxtil do Asbesto. Rev Imagem 2001; 23(4): 233-8. 17. Giannasi F, Thébaud-Mony A. Occupational Exposures to Asbestos in Brazil. Int J Occup Environ Health 1997: 3(2): 150-7. 18. Algranti E, Freitas JBP, Mendonça EMC, DeCapitani EM, Silva HC, Bussacos MA. Non- Malignant Asbestos- Related Diseases In Brazilian Asbestos-Cement Workers. Am J Ind Med 2001; 40: 240-54. 19. Ribeiro HP, Koga RK, Dos Santos R. Fisiopatologia da silicose em ceramistas. Estudo de 101 casos. J Pneumol 1980; 6(3): 121-8. 20. Nogueira DP, Certain D, Brolio R, Garrafa NM, Shibata H. Ocorrência de silicose entre trabalhadores da indústria cerâmica da cidade de Jundiaí, SP (Brasil). Rev Saúde Pública 1981; 15(3): 263-71. 21. Algranti E, Morrone LC, Morrone N, Furlaneto JA, Garcia RC, Cardoso RS. Siderose pulmonar por óxido de ferro em trabalhadores: uma poeira inerte? Rev Paul Med 1985; 103(5): 259-64. 22. Capitani EM. Prevalência de pneumoconiose em trabalhadores expostos a rocha fosfática. Rev Saúde Pública 1989; 23(2): 98-106. 23. Cukier A, Algranti E, Terra Filho M, Carvalho Pinto RM, Teixeira LR, Fiss E, Vargas FS. Pneumoconiose em trabalhadores de industria de abrasivos. Rev Hosp Clin Fac Med Univ Sao Paulo 1991; 46(4): 180-3. 24. Bagatin E, Cavalcanti AFA, Rodrigues RT, Juliano Y, Novo NF, Jardim JRB. Correlação entre queixa de falta de ar, espirometria e acometimento radiológico em silicóticos. J Pneumol 1991; 17(1): 13-20. 25. Bagatin E, Jardim JRB, Nery LE, Capitani EM, Marchi E, Sabino MO, Hengler AC. Ocorrência de silicose pulmonar na região de Campinas-SP. J Pneumol 1995; 21(1): 17-26. 26. Terra Filho M, Algranti E, Vargas FS, Stelmach R, Meneghetti JC. Cintilografia pulmonar com gálio-67 em trabalhadores de indústrias de abrasivos. J Pneumol 1997; 23(1): 5-10. 27. Souza Filho AJ, Alice SH. Fibrose maciça pulmonar progressiva. J Pneumol 1991; 17(4): 147-53. 28. Algranti E, Souza Filho AJ, Mendonça EMC, Silva RCC, Alice SH. Pneumoconiose de mineiros de carväo: dados epidemiológicos de minas da bacia carbonífera brasileira. J Pneumol 1995; 21(1): 9-12. 29. Piveta ABDA, Botelho C. Prevalência de sintomas respiratórios e avaliação espirométrica em trabalhadores de marmorarias. J Pneumol 1997; 23(4): 179-88. recebido em: 25/10/04 versão final reapresentada em: 05/05/05 aprovado em: 12/05/05