1. e nt r evi s ta do mês bÁ r ba ra pa z
NAodeixo
mAisoue
meAgridAm
Há dois assuntos sobre os quais Bárbara Paz,
definitivamente, não gosta de falar. O primeiro é seu passado
trágico, de menina órfã de pai e mãe que saiu de Campo
Bom, pequena cidade de 58 mil habitantes no interior do Rio
Grande do Sul, para tentar a vida em São Paulo – e que,
antes de virar a bem-sucedida atriz da TV Globo, enfrentou
dor, fome e solidão. O segundo é seu casamento com o
cineasta Hector Babenco, 67 anos, quase 30 a mais do que
ela. Nesta entrevista exclusiva, ela fala sobre ambos
p o r A d r i a n a N e g r e i r o s f o t o E d u a r d o R e z e n d e
de família pobre, caçula de qua-tro
irmãs, Bárbara aprendeu tudo
o que sabe sobre a vida na práti-ca
– aos 17 anos, quando se mu-dou
para São Paulo, começou,
com uma avidez quase desespe-rada,
sua própria busca do tempo
perdido. Tão rapidamente quan-to
pôde, leu livros, viu filmes, ou-viu
discos. “Sempre tive sede de
conhecimento”, conta. Ganhava
a vida como modelo quando en-frentou
uma nova tragédia – um
acidente de carro que lhe deixou
cicatrizes no rosto. Em 2001, sua
sorte começaria a mudar em defi-nitivo.
Venceu o primeiro reality
show daTV brasileira, a Casa dos
Artistas, no SBT, e na sequência
74 agosto 2013
ganhou reconhecimento como
atriz de teatro. Em 2009, estrea-ria
naTVGlobo com a alcoólatra
Renata, da novela Viver a Vida.
Hoje, aos 38 anos, Bárbara
Paz está em sua terceira novela
na Globo. Em Amor à Vida, do
horário das 9, dá vida à estilista
Edith, ex-prostituta casada com
o homossexual Félix, vilão inter-pretado
pelo ator Mateus Solano.
A rotina espartana de gravações
obriga a atriz a acordar diariamen-te
antes das 7 e, muitas vezes, vi-rar
noites no Projac, o centro de
produções da emissora.Otraba-lho
intenso não impede Bárbara
de se dedicar a outras atividades,
como dois documentários – um
deles sobre o marido e outro sobre
um bailarino turco –, um livro e
o planejamento de duas peças de
teatro.Uma tentativa de fazer psi-cologia
barata talvez levasse a con-cluir
que ela age assim por fuga.
“Quando não estou produzindo,
fico triste, impotente, parece que
não habito o mundo”, afirma. A
atriz, no entanto, prefere crer em
vício. “Talvez eu seja apenas uma
workaholic.” Na noite do dia 10
de julho, Bárbara recebeu Marie
Claire em um restaurante bada-lado
da Barra da Tijuca, na zo-na
oeste do Rio de Janeiro, para
a conversa a seguir. Pediu meia
garrafa de vinho, para aquecer o
corpo e inspirar a alma.
2.
3. e nt r evi s ta do mês bÁ r ba ra pa z
MARIE CLAIRE Olivro que vo-cê
está escrevendo é uma au-tobiografia?
BÁRBARAPAZÉde tudoumpou-co.
Tempoesias, contos, inquieta-ções
de uma vida. São coisas que
venho esboçando ao longo dos
anos e a primeira vez que tive co-ragem
de mandar para alguémfoi
agora, para uma amiga escritora.
MCVocê temmedode se expor
ao publicar algo tão íntimo?
BP Não tenho, já me expus de-mais.
Tenho mais medo que me
exponham. Estou em um mo-mento
em que só quero falar do
que me interessa. Se é para me ex-por,
que seja do meu jeito. Pou-cas
pessoas conhecem meu lado
poético, melancólico. Ninguém
conhece essa Bárbara.
MC Será que você não tem
umaimagemmelancólica con-solidada?
76 agosto 2013
Não me refiro só ao
seu passado trágico, mas a al-go
que você já definiu como
um“olhar triste” que cai bem
em alguns papéis.
BP Eu me refiro ao que escrevo. E
não sei qual é a imagem que te-nho
no mercado, não estou preo-cupada
com isso. Só quero fazer
um bom trabalho e, para tanto,
tenho de me doar muito. O que
tenho dentro de mim traz melan-colia.
E eu não aguento mais fa-lar
da minha história porque fi-ca
repetitivo, parece que só quero
contar a minha vida trágica. As
cicatrizes ficam, mas a minha vi-da
não é trágica há algum tempo.
MCVocê certa vez disse: “Nun-ca
pentearam o meu cabelo”.
Órfã de pai e com uma mãe
doente, você cresceu sem cui-dados
e referências, inclusive
de livros e filmes, certo?
BP Total. Meu livro é minha vida.
Depois dos 17 anos, quando mi-nha
mãe morreu, é que fui buscar
o conhecimento. Não me lembro
de um livro que a minha mãe te-nha
lido, porque ela não podia,
estava na cama, sofria muito. Eu
preferia falar com ela e ouvir as
histórias que me contava. Isso aju-dava
a passava a dor que ela sentia.
vez essas pessoas não tenham me
dado o valor que merecia.Emvez
de colocar a minha personalida-de
e a minha opinião em nossas
reuniões, eu não me expus. Mas o
Hector sempre me ajudou muito.
MC Oque ele dizia a respeito
desse seu sentimento?
BP Ele não concordava, não acei-tava.
Dizia: “Pare de se sentir as-sim.
Você tem uma história de vi-da
que muitas pessoas que sabem
tudo, falam todas as línguas, le-ram
tudo e viram todos os filmes
não tiveram. Você tem a maior ri-queza,
que é a sua vida, e está in-do
atrás do resto”.
MC Bem, faz sentido.
BP Éumconflito interno. É aque-la
coisa do respeito, de quem vem
do interior. Às vezes, ainda sou
a menina do interior. A que se
sente saindo lá de Campo Bom,
tentando conquistar o mundo e
pensando: “Mãe, eu vou vencer,
eu vou ser alguém”.
MC E o que seus amigos
acham disso?
BPQuandomeveemnessa turma,
não me reconhecem. “Você mu-da
muito”, eles falam. Mas eu não
consigo ser diferente. Nós somos
os nossos leões, com quem temos
de brigar a vida toda. Quando co-meço
a namorar alguém, sempre
penso: “O que vou apresentar pa-ra
essa pessoa?”. Não tenho pai,
mãe, minha família é totalmente
desestruturada. A família sou eu.
E isso me faz sempre me sentir
inferior. Mas os anos vão passan-do
e você entende que vão gos-tar
de você no seu todo – mes-mo
não tendo bens, não falando
todas as línguas, não tendo viaja-do
o mundo inteiro. E a escolha
foi minha. Eu escolhi andar com
essas pessoas mais inteligentes.
MCVocê poderia ter escolhido
um caminho mais fácil, não?
BP Poderia, mas eu gosto da difi-
vezes,
sou a menina
do interior
tentando
conquistar
o mundo”
MC Houve um momento em
que você se comparou a ou-tras
pessoas e se sentiu dimi-nuída
por isso?
BP Muito. Aliás, me sinto assim
até hoje, embora atualmente es-se
sentimento de inferioridade es-teja
mais suavizado. Somente os
inteligentes me interessam, e eu
quero estar junto deles para me
tornar uma pessoa melhor. Tenho
de andar com gente mais inteli-gente
do que eu. Sempre busquei
pessoas mais velhas, mais cultas,
porque queria me alimentar.
MC Mas isso tem um preço.
BP Sim. Isso me fez sentir infe-rior
sempre. Sou casada com um
homem mais velho e muito inte-ligente
que está cercado de inte-lectuais,
jornalistas, cineastas. São
pessoas de conhecimento e vivên-cia
muito superiores aos meus
– eles têm quase três gerações a
mais. E tenho tido de enfrentar
isso nesses anos. Eu nunca contei
isso para ninguém, mas acho que
posso falar agora porque já me
sinto bem melhor. O fato é que
sempre me senti inferior. E, sim,
era menor. Eu dizia: “Quando os
maiores falam, eu calo”. E, como
me calo porque quero escutar, tal-Às
Realização: SandRa BittencouRt / Beleza: HenRique MaRtinS (capa Mgt) /
pRodução de Moda: aManda BeRtagnoni / tRataMento de iMageM: RicaRdo MontanHa / aSSiStente de foto: denny SacH
4. agosto 2013 77
culdade. Não sofro porque é uma
coisa pequena, mas sei como é o
preconceito por eu ser casada com
um homem mais velho.
MCVocê escuta muitos comen-tários
maldosos sobre sua re-lação
como Babenco?
BP Não ouço, porque não fa-lam
para mim. As pessoas não
entendem o que é a nossa re-lação.
Criam estereótipos e ró-tulos.
Só nós dois sabemos co-mo
o nosso relacionamento é
lindo. Como temos respeito e
admiração por esse nosso mo-mento.
Que é efêmero, porque
não sabemos o dia de amanhã.
MC Como assim?
BP Eu tenho 38 anos. Ele tem 67.
Sabemos para onde a vida vai ca-minhar.
São muitos fatores. Sa-bemos
que nosso relacionamen-to
vai ser para sempre, mas não
sabemos os rumos que vai tomar.
Eu estou começando a ir para a
metade da vida. Ele está se aproxi-mando
de uma segunda metade.
MCVocês chegam a conversar
sobre isso?
BP Sim, temos essa sensibilidade.
Estou vivendo um momento de
mudanças.OHector tem a vida
dele constituída, mas chega uma
hora delicada em que vou ter que
decidir onde colocar tudo o que
construí, sabe? É um momento
de escolhas. Estouumpouco can-sada
de cuidar de mim. Eu que-ro
ter um filho. Mas para isso eu
preciso ter a certeza da estabilida-de.
Como passei muita necessida-de
na vida, não quero que o meu
filho passe pelo mesmo.
MC Que tipo de necessidade?
BP Eu varria o pátio do clube e,
em quatro semanas, ganhava uma
carteirinha para poder usar a pis-cina
no verão. Eu tinha uns 7, 8
anos, varria dançando, me dava
uma felicidade imensa porque ia
poder usar a piscina. Mas eu pas-sava
a tarde inteira na piscina na-dando,
no sol, e, quando saía de
lá, morrendo de fome, não tinha
dinheiro para comprarumpicolé.
Lembro até hoje de um cachorro-quente
que tinha no clube, mui-to
gostoso. Uma vez por semana
eu conseguia comprar. Mas, nos
outros dias, não. Aquilo me doía
muito. Eu sempre pensava que
alguma coisa boa ia acontecer, e
acontecia – alguém me pagava
um cachorro-quente ou eu po-dia
comer e pagar depois. Claro
que essa necessidade toda me fez
melhor, me transformou na gla-diadora
que sou hoje, mas não
quero dar isso para uma criança.
Não quero que ela não possa rece-ber
o presente que quis no Natal.
MC Bárbara, fique tranquila.
Isso não vai acontecer.
BP Mas a carreira de atriz é mui-to
instável! Por isso eu não sou só
atriz. Se não tiver trabalho aqui,
faço outras coisas – posso pintar,
maquiar, escrever, dirigir. Eu te-nho
paúra. Não quero isso para o
los têm mais força para seguir
em frente. Você concorda?
BP Sim, eu sou essa pessoa por
causa da minha história. Ela me
fez melhor, mas me deixou mar-cada.
Há buracos que não fecham
e nem a análise resolve. Eu sei que
tenho um vazio paternal. E co-mo
preencho isso? Por isso que
me envolvo com homens mais
velhos? Talvez. Sim. Mas está re-solvido,
não tenho problemas.
Tento preencher os meus vazios
do melhor jeito possível, não me
importa o que os outros pensem.
A minha atitude é livre.
MC Você se sente bem na TV
Globo e pertencendo ao uni-verso
das celebridades?
BP Quando estou no Projac, es-tou
inteira. Tenho muito orgu-lho
de trabalhar na TV Globo.
Tenho vários amigos do teatro
que estão se rendendo à televisão,
que cansaram de contar moedi-nha
para comprar um hambúr-guer
para a filha. E, quanto ao
universo das celebridades, eu fa-ço
parte disso. Eu me tornei co-nhecida
do grande público em
um reality show (Casa dos Artis-tas,
no SBT, em 2001). Não me
sinto nem um pouco forçada a
nada, amo o que faço.
MC Você já se sentiu forçada
em alguma situação?
BP Sim. Porque eu precisava de
dinheiro, fiz um clipe dos Titãs,
muitos anos atrás, que eu detes-to.
Adoro os Titãs, mas o clipe é
de muito mau gosto. Eu apareço
mostrando os seios. Nada me dei-xou
mais triste do que ver aque-le
clipe. Eu precisava da grana
para pagar o IPTU, o seguro do
carro, essas coisas básicas. Mas
foi uma coisa muito violenta. Eu
me senti atacada, para mim foi
muito agressivo. Hoje não dei-xo
mais que façam isso comigo.
Graças a Deus cheguei aqui e não
Sei como é
o preconceito
por eu ser
casada com
um homem
mais velho”
meu filho. Era uma criancinha e
chegava às lojas pedindo empre-go.
As pessoas davam risada. Eu
fazia flores para botar no cabe-lo,
artesanato. No Natal, a mi-nha
mãe não me dava a boneca
que eu queria. E eu nem chora-va,
porque sabia que ela não po-dia
comprar o brinquedo.
MC Há quem diga que pes-soas
que superaram obstácu-
5. e nt r evi s ta do mês bÁ r ba ra pa z
deixo mais me agredirem. Já le-vei
tanta porrada da vida, sabe?
MC Quando olha a sua vida
em retrospectiva, você sente
orgulho do que vê?
BP Sinto muito, mas não sei por-que
e nem para quê. Eu sempre
quero que a pessoa que está co-migo
tenha orgulho, não eu. Às
vezes, penso: “Para que fiz tudo
isso?”. Eu queria fazer coisas para
mostrar para minha mãe. Quan-do
acaba a peça de teatro, por
exemplo, a plateia vai embora e
dá um vazio... Eu falo: “E não
ficou ninguém?”. Mas o fato é
que conquistei tudo o que pro-meti
para mim mesma. Até mais.
MC Você prometeu isso para
sua mãe?
BP Prometi. Eu falei para ela:
“Vou ser alguém na vida, pode
acreditar em mim”. Eu me lem-bro
indo embora da cidade com
duas malas, sozinha, caminhan-do
sete quadras para pegar o ôni-bus.
Eu olhava para trás e sabia
que não ia voltar. Eu dizia, com
meu All Star rasgado: “Vou achar
um espaço no mundo pra mim”.
MCTinha grandes chances de
dar errado, mas deu certo.
BP Vejo que valeu a pena e que
eu consegui. Quantas pessoas
não conseguem? Então, o que
vier agora é lucro. Mas é claro
que quero mais. E me pergunto:
“Mas querer mais para quem?”.
É por isso que preciso de ou-tro
alguém, e esse alguém tem
de chegar. Tem de vir um filho.
MCVocê completa 40 anos em
outubro de 2014. Já sente os si-nais
da idade?
BP Meu corpo e minha energia
não me dizem que vou fazer 40
anos. Antigamente, com essa ida-de
você já era uma idosa. Eu vejo
o envelhecimento pelas minhas
mãos. É engraçado, porque elas
estão ficando cada vez mais pare-cidas
78 agosto 2013
com as da minha mãe. De
vez em quando, olho para elas
e penso: “Não posso esquecer a
minha história jamais, porque ela
está nas minhas mãos”.
MC Você está em crise com a
idade?
BP Não é uma coisa que me preo-cupa.
Às vezes olho para meni-nas
muito mais jovens e vejo que
estão bem mais envelhecidas do
que eu. Cuido muito de mim e
estou atenta ao futuro, para li-
MC Um clichê sobre relacio-namentos
diz que os homens
têm medo de mulheres bem-sucedidas.
Será?
BP Não creio. O homem gosta
de mulher independente, mas
que respeite os valores femini-nos.
Nos últimos tempos, os
homens se retraíram. E o que
deveria ter feito a mulher? Fi-car
na dela e esperar o homem
vir conquistá-la. Mas elas, ao
contrário, avançam!
MCAs feministas vão ficar ou-riçadas
com sua teoria.
BP Ah, é? Elas não vão gostar?
MC Desconfio que não.
BP Ai, meu Deus! Eu não que-ro
ser antifeminista. O que eu
acho é que a gente tem de ser
ativa em tudo na vida, mas não
pode perder a essência da mu-lher.
Se você gosta de um rela-cionamento
heterossexual, tem
de respeitar isso. Não quero di-zer
que seja preciso ser mulher-zinha.
Mas, muitas vezes, a mu-lher
afasta o homem porque to-ma
muita atitude na hora do pri-meiro
beijo, da primeira transa,
faz a primeira ligação. Eu tenho
padrões antigos, infelizmente.
MCOunão,quemhádesaber?
BP Só que eu não quero ser an-tifeminista!
Eu sinto que as me-ninas
da minha geração, quando
estão a fim de um homem, vão
atrás, ligam, sufocam o cara. Eu
falo para elas: “Calma! Não li-gue,
espere ele ligar”. Porque eu
acho que, se o homem está in-teressado,
ele vai ligar. Homem
não gosta de mulher que corre
atrás dele. Eu gosto do mistério,
de ser conquistada. Algumas mu-lheres
estão enlouquecendo pela
falta de homens querendo rela-cionamento
estável. Têm pavor
de ficar sozinhas. Eu, pelo me-nos,
adoro estar casada. Gosto de
dividir a vida com alguém.
A mulher
deveria ficar
na dela e
esperar o
homemvir
conquistá-la”
dar com isso de uma forma tran-quila.
Tem mulheres que piram.
Começam a fazer plásticas e não
adianta nada, porque só mexem
na casca. Eu acho muito bonito
quem sabe envelhecer bem. Per-to
dos 40 o mar acalma, a gente
vê a vida sob outro prisma e fi-ca
mais sábia. Mas é óbvio que a
gente perde muitas coisas.
MC Quero crer que também
ganhamos.
BP Será? Bem, converso com mu-lheres
mais velhas, no auge dos
50 anos, e sempre tem uma ou
outra que se separou, mas já es-tá
namorando de novo. A gente
sempre acha que, se nos separar-mos,
ninguém vai mais nos que-rer.
Muito pelo contrário. Se vo-cê
envelhece bem, tem para todos
os gostos. Fico triste quando vejo
mulheres com dinheiro, com tu-do
para ser felizes, mas que estão
gordas, desleixada, com maridos
que nem olham mais para elas.
BÁRBaRa uSa: paletó e calça de gaBaRdine HeRcHcovitcH;alexandRe, caMiSa de Seda Reinaldo louRenço