Artigo de Gestão Ambiental com Ênfase em Ecologia para obtenção de nota parcial na disciplina.
Ano 2013.
Curitiba/Paraná.
Trata da problematização do lixo urbano como fonte de desequilíbrio ambiental e com consequente aumento na população de pragas no meio urbano.
1. PRAGAS URBANAS – BARATAS, POMBOS E RATOS
EMERSON E. V. DO ROSARIO*
PROFESSOR ORIENTADOR: JORGE AUGUSTO CALLADO AFONSO
* O Autor é Graduando do
Curso de Licenciatura Plena
em Biologia da FIES/UNIBEM
- Rua Tobias de Macedo
Júnior 333, Bairro Santo
Inácio. Curitiba - PR - CEP
82010-340.
Participa do estudo sobre
Aedes aegypti no setor de
Farmacotecnica – UFPR.
RESUMO: Na atualidade, mais da metade da população
mundial reside no meio urbano. Concomitantemente ao processo de
urbanização, a humanidade vem enfrentando um conjunto
absolutamente novo de problemas ambientais causados pelo
consumismo exagerado. Dentre estes problemas estão as chamadas
pragas urbanas, que assumem uma importância cada vez maior visto
que interferem diretamente na qualidade de vida do homem.
MUCELIN E BELLINI (2008) enfatizam que o consumo
cotidiano de produtos industrializados é o principal responsável pela
contínua produção de lixo. De acordo com WERMELINGER, (2011), o
lixo é uma fonte de atração e proliferação de pragas e vetores (P&V)
como mosquitos, ratos, baratas, moscas, carrapatos, pulgas e outros,
por acumular água, oferecer alimento e abrigo.
PALAVRAS-CHAVE: baratas, lixo, pombos, pragas urbanas,
ratos, saúde pública.
Currently, more than half the world's population live in urban
areas. Concurrent with the process of urbanization, humanity is facing a
set absolutely new environmental problems caused by excessive
consumerism. Among these problems are the so-called urban pests,
which are of increasing importance as they directly affect the quality of
life of man.
MUCELIN and BELLINI (2008) emphasize that the daily
consumption of manufactured goods is mainly responsible for the
continuous production of waste. According WERMELINGER, (2011),
the garbage is a source of attraction and proliferation of pests and
vectors (P&V) as mosquitoes, rats, cockroaches, flies, ticks, fleas and
other, to accumulate water, provide food and shelter.
KEYWORDS: cheap, garbage, pigeons, urban pests, rats,
public health.
SILVA, et al. (2012), decorre que conforme dados do IBGE
(2002), mais de 80% dos municípios despejam seus resíduos em locais
a céu aberto, em cursos d'água ou em áreas inadequadas.
Dentro do contexto urbano, o mundo subterrâneo das galerias
de esgoto, representam um excelente local para essa proliferação, pois
além de fornecerem abrigo, oferecem também uma abundância de
resíduos alimentares que são trazidos pelas águas da chuva.
Baratas domésticas são aquelas que vivem dentro de casas e
edificações, ao redor dessas estruturas e seus anexos, tais como caixa
de gordura, esgoto, bueiros e outros locais úmidos e escuros.
As baratas são insetos cosmopolitas de pequena importância
médica, quando comparados a outros insetos transmissores de
doenças. Não há evidência de que as baratas causem doenças ou
zoonoses por transmissão direta. As baratas são consideradas
disseminadoras mecânicas de patógenos diversos que se aderem as
2. pernas e corpo da barata, ao percorrem lugares contaminados como esgotos e lixeiras.
Porém, as piores pragas urbanas são representados pelo excesso populacional de pombos e
roedores (Figs. 01 e 02).
Fig. 01: Rattus norvegicus; Fig. 02: Pombo-doméstico em centro urbano. Fonte: Ambiente Brasil.
Os ratos costumam aparecer isoladamente, porém em algumas situações podemos ter até duas
espécies infestando uma determinada área. Estima-se que cada roedor consuma por dia o equivalente a
10% de seu peso e causam sérios prejuízos econômicos. A presença destes roedores em nosso meio
podem acarretar em problemas como os acidentes em consequência dos danos causados em fios e
cabos de máquinas e instalações elétricas.
A urina do rato contém patógenos causadores de diversas doenças e grande preocupação da
disseminação dessas doenças se dá pelo fato dos ratos urinarem várias vezes ao dia e em pequenas
quantidades, aproximadamente 40 vezes.
Os ratos e camundongos possuem uma capacidade adaptativa que os credenciam a
sobreviverem e proliferarem nos mais diversos ambientes. São altamente prolíficos, resistentes e
possuem uma extrema habilidade corporal que permite transpor obstáculos e caminhar sobre cordas e
fios. Alimentam-se de diversos produtos de origem vegetal e animal.
O Rattus norvegicus é a espécie mais comum encontrada nos centros urbanos e vive em
colônias com grande número de indivíduos. Na abundância de alimentos como os provenientes do lixo
orgânico inadequadamente disposto ou tratado, a proliferação desses roedores tem se tornado
acentuada. A principal forma de dispersão é pela formação de novas colônias em busca de alimentos.
Em locais sem infra-estrutura de saneamento é responsável por surtos de leptospirose, casos de
mordeduras e infecções causadas por alimentos contaminados pelas fezes e urina. A Leptospirose, sem
dúvida é uma das mais importantes doenças transmitidas por ratos, pelo fato do seu agente (leptospira)
penetrar ativamente pela pele tanto das pessoas, como dos animais. O contágio, geralmente, é feito
através do contato com a enxurrada, que através do excesso de chuva acaba trazendo a bactéria
juntamente com a água que adentrou nos bueiros e galerias e foi jogada para as calçadas e logradouros
(Fig. 03).
Fig.03: Possível exposição humana à água contamida. Foto: Lagoa olho d’agua.
3. Os pombos-doméstico não é uma ave nativa das Américas. No Brasil, o pombo-doméstico foi
introduzido pelos europeus já no século XVI, tendo-se adaptado muito bem aos grandes centros urbanos,
devido à facilidade de encontrar alimento e abrigo.
Os pombos-domésticos permanecem próximos as habitações humanas, onde encontram
abundância de alimentos e causam diversos problemas quando presentes em número excessivo. As
fezes ácidas dos pombos podem provocar danos à pintura de veículos e ao patrimônio histórico e
artístico, bem como matar plantas ornamentais e gramados.
Através da inalação de poeira contendo fezes de pombos contaminados pelos agentes
etiológicos, pode ser transmitida uma série de doenças respiratórias, tais como: ornitose e histoplasmose
que produzem infecção pulmonar, a criptococose que provoca uma infecção do cérebro, além da
contaminação alimentar através de uma bactéria chamada Salmonela sp (salmonelose) e as alergias
(penas).
Conclusão
Tendo em vista que a proliferação destes animais ocorre porque o homem fornece, de forma
abundante, alimento, água e abrigo a estes animais, há necessidade de adotar medidas que auxiliem no
seu controle. Fatores de urbanização, problemas crescentes de disposição de resíduos sólidos,
drenagem inadequada de águas pluviais e de construção e tratamento de esgotos também colaboram
para um aumento exagerado dessas populações.
A maior parte das administrações públicas Brasileiras, tem-se mostrado inadimplente com a
questão do lixo urbano (Fig. 04). Permitiram, como alternativa mais barata, o descarte inadequado do
lixo em qualquer vala, distante dos centros urbanos e comumente próximos às periferias. Porém, SILVA,
et al. (2012) afirma que, com o agravamento dos problemas ambientais como a contaminação dos
recursos hídricos e do solo, o aumento das desigualdades sociais e a proliferação de inúmeras doenças
entre a população, este modelo se mostra ineficaz e prejudicial, devendo ser modificado pela adoção de
práticas alternativas ambientalmente corretas.
Fig. 04: Centro urbano sem coleta e destinação adequada do lixo. Fonte: Ambiente Brasil
Segundo Moraes (1997), o lixo constitui problema sanitário de importância quando não recebe os
cuidados convenientes e as medidas adotadas para sua solução adequada têm, sob o aspecto sanitário,
objetivo comum a outras medidas de saneamento: de prevenir e controlar doenças a ele relacionadas.
Oliveira (2002) decorre que a problemática do lixo não pode ser vista como a simples eliminação dos
chamados lixões. O problema deve ser considerado desde a sua origem até a destinação final.
4. Aliado à novas politicas ambientais, com âmbito da qualidade de vida sem prejuízo para o meio,
pode-se adotar o Manejo Integrado de Pragas nos centros urbanos.
Esta filosofia consiste em identificar a espécie, compreender a biologia e o comportamento da
praga, determinar o nível de infestação para adoção dos métodos adequados de controle, conhecer e
avaliar adequadamente o uso das medidas de controle (riscos, benefícios, eficácia), implementar táticas
seguras e efetivas de controle e avaliar a eficiência do controle.
Referências
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