SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 34
Baixar para ler offline
Adolfo Sukuakuece1 
Redução dos Subsídios aos Combustíveis em Angola: Eficiência ou 
Equidade? 
Benguela, 2014 
1 Licenciado em Economia e Gestão pelo Instituto Superior Politécnico Jean Piaget de Benguela. Co-orientador 
de Monografias. Professor de Introdução à Economia no IIº Ciclo do Ensino Secundário. Correio electrónico: 
adolfosukuakuece@yahoo.pt
2 
Pensamento 
“O conflito entre eficiência e equidade é o nosso principal antagonismo socioeconómico, 
atormentando-nos em múltiplos aspectos da política social. Não é possível termos o bolo da 
eficiência do mercado e depois reparti-lo equitativamente”. 
Arthur Okun (1975)
3 
Índice 
Introdução 
1. ENQUADRAMENTO TEÓRICO 
1.1. Eficiência, equidade e políticas públicas 
1.1.1. Eficiência 
1.1.2. Equidade 
1.1.3. Políticas públicas 
1.2. Eficiência e equidade nas políticas públicas: económicas e sociais 
1.2.1. Eficiência e equidade na política orçamental 
1.2.2. Eficiência e equidade nas políticas de saúde e educação 
Saúde 
Educação 
1.3. Conflito versus arbitragem entre eficiência e equidade 
2. SUBSÍDIOS AOS PREÇOS DOS COMBUSTÍVEIS 
2.1. Subsídios aos combustíveis: as provas internacionais 
2.2. Redução dos subsídios aos combustíveis: a lição da Nigéria 
2.3. Subsídios aos combustíveis em Angola e as vantagens do “preço de mercado” 
2.4. Redução dos subsídios aos combustíveis (gasolina e gasóleo) em 2010 em Angola 
3. IMPACTO DA REDUÇÃO DOS SUBSÍDIOS AOS COMBUSTÍVEIS 
3.1. Impacto inflacionário da redução dos subsídios aos combustíveis em 2010 
3.2. Impacto sobre a população nas cidades de Benguela e Lobito 
Conclusão e Recomendações 
Bibliografia
4 
Introdução 
Este artigo é uma reflexão sobre “conflito versus arbitragem entre eficiência e 
equidade na prossecução das políticas públicas” nomeadamente “a redução dos subsídios 
aos combustíveis em Angola”. É um tema que julgamos pertinente, actual e bastante 
interessante, porquanto registou-se recentemente uma nova subida dos preços dos 
combustíveis, resultante da redução dos subsídios aos combustíveis. 
As questões de eficiência e equidade traduzidas quer na função afectação quer na 
função distribuição têm sido cada vez mais controversas à medida que as sociedades crescem 
economicamente. Devem as famílias ter rendimentos garantidos? Ou apenas garantias de 
educação básica e cuidados primários de saúde? Devem os impostos progressivos redistribuir 
rendimentos e riqueza dos ricos para os pobres? Ou deve a política (pública) tributária ter 
como principal objectivo a promoção da eficiência? As soluções para esses problemas podem 
ser justificadas com base em argumentos tanto morais como práticos. 
O Estado intervém na economia com o objectivo de promover a eficiência e a 
equidade, corrigindo as falhas de mercado para satisfazer as necessidades públicas. Neste 
sentido, é necessário estudar a dimensão socioeconómica dos dois objectivos da intervenção 
do Estado na economia. Algumas políticas do Estado podem privilegiar a promoção da 
equidade e/ou justiça social em detrimento da eficiência. Consideremos, por exemplo, as 
políticas públicas que têm por objectivo atingir uma distribuição igualitária do bem-estar, 
algumas delas como os subsídios aos combustíveis e energia eléctrica em Angola procuram 
ajudar os membros mais necessitados da sociedade, outras como o Imposto sobre o 
Rendimento de Trabalho (IRT) permitem que os indivíduos com maior rendimentos 
contribuam mais do que os outros para sustentar o governo. Embora essas políticas públicas 
tragam o benefício de levar a uma maior equidade, elas têm um custo em termos da 
diminuição da eficiência. 
No entanto, a promoção da eficiência e da equidade como pressupostos teóricos da 
intervenção do Estado na economia encontra-se descrita na Constituição da República de 
Angola: art.º 21, alínea p) O “Estado promove a eficiência no desempenho dos cidadãos, das 
instituições e das empresas e serviços, nos diversos aspectos da vida e sectores de actividade”, 
e art.º 90, alínea a) “O Estado promove o desenvolvimento social através da adopção de 
critérios de redistribuição da riqueza que privilegiam os cidadãos e em particular os extractos 
sociais mais vulneráveis e carenciados da sociedade”.
A abordagem deste tema ganhou maior interesse quando em 2010 a Assembleia 
Nacional de Angola, no Orçamento Geral de Estado Revisto para o referido ano, aprovou a 
redução em 20 (vinte) porcento, numa base anual, dos subsídios à gasolina e ao gasóleo. Os 
preços da gasolina e do gasóleo passaram de 40 e 29 kwanzas para 60 e 40 kwanzas 
respectivamente. Esta redução/subida acarretou também a subida dos preços de outros bens e 
serviços sobretudo os serviços colectivo de transportes. 
5 
 Em que medida a redução dos subsídios aos combustíveis por parte do Estado 
Angolano reduz ou não o conflito permanente entre eficiência e equidade? 
Os objectivos que nortearam esta reflexão são os seguintes: 
 Compreender e explicar a racionalidade política e/ou económica que justificou a 
redução dos subsídios aos combustíveis em Angola; 
 Analisar o impacto da redução dos subsídios aos combustíveis na economia e na vida 
do cidadão. 
Para conceitualização dos termos em uso no presente estudo procurou-se, na sequência 
da pesquisa de secretária e do levantamento de bibliografia, ver respondidas as principais 
questões do conflito versus arbitragem eficiência-equidade nas políticas públicas. 
O estudo de carácter empírico visou com base num conjunto de dados obtidos em 
tempo real tornar possível demonstrar o impacto da redução dos subsídios aos combustíveis 
(subida dos preços dos combustíveis) sobre a população nas cidades de Benguela e Lobito. 
No total foram realizados 80 (oitenta) inquéritos2, distribuídos por quatro categorias 
diferentes: 
(i) 40 (quarenta) utentes do serviço colectivo de transportes; 
(ii) 20 (vinte) automobilistas; 
(iii) 10 (dez) moto-taxistas; 
(iv) 10 (dez) moradores do bairro “Praia do Bébé” – Município de Catumbela. 
A escolha da localidade da “praia do bebé” – município de Catumbela justifica-se pelo 
facto de ser um bairro periférico e sem electricidade da rede pública. Os automobilistas (das 
cidades de Benguela, Lobito e Catumbela) pelo facto de se pretender avaliar o impacto da 
redução dos subsídios sobre a classe média da população. Os utentes do serviço colectivo de 
2 Os inquéritos foram realizados logo após os reajustes dos preços dos combustíveis registados em Setembro de 
2010.
transportes (troço Lobito-Catumbela-Benguela) pelo impacto directo da subida dos preços da 
gasolina e do gasóleo sobre os transportes bem como pela variedade de indivíduos que 
utilizam estes serviços. E, os moto-taxistas – município da Catumbela por congregar 
maioritariamente a população desfavorecida bem como pela sensibilidade deste sector 
relativamente aos aumentos dos preços da gasolina e do gasóleo. 
6
7 
1. ENQUADRAMENTO TEÓRICO 
1.1. Eficiência, equidade e políticas públicas 
1.1.1. Eficiência 
O conceito de eficiência pode ser definido segundo três noções ou dimensões: 
eficiência técnica (ou produtiva), eficiência na utilização de recursos (ou alocativa) e 
eficiência económica. 
A eficiência técnica parte do princípio que para se obter um determinado resultado há 
várias combinações possíveis de recursos que podem ser usados, ou seja, existe um conjunto 
de combinações de recursos susceptíveis de serem utilizados. Dentro desse conjunto, é 
possível encontrar as combinações de recursos tais que se o montante de um qualquer recurso 
diminuir (mantendo os restantes constantes), o resultado que se pretende obter não é 
alcançado. Essas combinações constituem o conjunto de afectações de recursos tecnicamente 
eficientes. Existindo possibilidades de substituição entre recursos para atingir o mesmo fim, 
este conjunto de afectações de recursos tecnicamente eficientes inclui mais do que uma 
possibilidade. 
A noção de eficiência técnica é então uma noção de “ausência de desperdício”: 
sempre que existir desperdício, é possível retirar alguma quantidade de pelo menos um factor 
produtivo sem que o resultado final deixe de poder ser alcançado. Ou seja, a eficiência técnica 
trata da minimização de custos. 
Assim, e adoptando uma perspectiva de maximização de resultados, a eficiência 
técnica é alcançada quando a empresa produzir o máximo resultado possível para uma dada 
combinação de factores produtivos ou recursos. Desta última perspectiva surge o conceito de 
Fronteira de Possibilidades de Produção (FPP). 
Admita-se, para efeito de ilustração, que um País produz apenas dois bens: 
combustíveis e alimentos. Suponhamos que, utilizando todos os seus factores produtivos ou 
recursos disponíveis, o País ao produzir a quantidade B de combustíveis já não pode fabricar 
qualquer alimento e ao produzir A de alimentos, já não possui recursos para produzir 
combustíveis, dada a tecnologia existente. Graficamente, a Fronteira de Possibilidades de 
Produção pode ser construída do seguinte modo:
8 
Figura 1 – Fronteira das Possibilidades de Produção com dois bens (combustíveis e alimentos) 
Na figura acima a eficiência produtiva é alcançada quando é impossível produzir mais 
de um bem sem produzir menos de algum outro bem; isto significa que a produção está sobre 
a fronteira de possibilidades de produção, ponto A, B, C ou E. 
Os movimentos ao longo da fronteira das possibilidades de produção ilustram que a 
produção de mais alimentos significa produzir menos combustíveis. O ponto A da figura 
representa o número máximo de produção de alimentos em determinado momento utilizando 
todos os recursos disponíveis (terra, trabalho, capital e tecnologia). Como nesse ponto 
estaríamos a utilizar todos os recursos para a produção de alimentos, não produziríamos 
qualquer outro bem. O ponto B, ao contrário, mostra o máximo de produção possível para 
combustíveis, mas isso implica que nenhum dos meios de produção fosse utilizado para os 
alimentos. Se a economia estiver, inicialmente, a operar no ponto B, para que ela se mova ao 
ponto C (para produzir mais alimentos), os recursos deverão ser retirados da produção de 
combustíveis. Caso a economia esteja localizada inicialmente no ponto D, dentro da fronteira 
das possibilidades de produção, não está a produzir a quantidade máxima de alimentos nem de 
máquinas. Ao nos movermos para o ponto E, podemos produzir mais combustíveis sem 
produzir menos alimentos. Portanto, em D, a economia é produtivamente ineficiente. 
A imposição de eficiência técnica permite escolher algumas utilizações de recursos 
melhores que outras. No entanto, não aponta dados suficientes para escolher qual dessas é a 
melhor combinação de recursos. Mas existindo várias combinações de recursos que são 
tecnicamente eficientes, como escolher a melhor de entre elas? O critério não pode ser o de 
desperdício (físico) de recursos uma vez que esse desperdício foi já eliminado com a
imposição de eficiência técnica. O critério proposto pela teoria económica é o de eficiência na 
utilização de recursos. Esta noção de eficiência caracteriza uma situação de eficiência pela 
característica fundamental de, para os preços dos recursos utilizados, minimizar o custo de 
obter o resultado pretendido. 
Para se atingir a eficiência económica os benefícios marginais sociais têm de igualar 
os custos marginais sociais, isto é, o custo de mais uma unidade produzida tem de ser igual ao 
benefício resultante da produção desse mesmo bem. Contudo, a eficiência económica engloba 
as noções de eficiência técnica (ou produtiva) e a de eficiência na utilização de recursos (ou 
alocativa). 
9 
1.1.2. Equidade 
Ao contrário de eficiência, o conceito de equidade é de difícil definição. Por um lado, 
reporta aos processos e à justiça administrativa, assim como pode considerar o sentido de 
neutralidade e justiça na prestação de serviços e políticas, bem como, se pode referir à 
discriminação positiva em favor de grupos mais desfavorecidos. Por outro, integra a noção de 
meritocracia, isto é, cada indivíduo deve ser recompensado pelo seu próprio esforço. 
A noção de equidade abrange o significado de igualdade e de justiça social, e exige 
aos indivíduos o seu envolvimento com o objectivo de corrigir as situações de distribuição 
dos resultados da produção. Por sua vez, o conceito de igualdade compreende 
fundamentalmente o direito de acesso a bens e serviços públicos pelos indivíduos, por 
exemplo, o Estado deve promover a igualdade no acesso ao ensino superior público. Esta 
igualdade é realizada através dos exames de admissão, com tempo de realização igual para 
todos, e todos os cidadãos realizarão as provas. 
Harrison apud Silvestre define a equidade como o “grau em que para iguais 
necessidades (primárias) entre os indivíduos existe uma igual determinação para a sua 
satisfação”. Ao passo que na perspectiva de Pereira equidade são “critérios que permitem 
determinar os efeitos da distribuição da carga fiscal e dos benefícios da despesa pública no 
bem-estar social”. 
Portanto, no nosso entendimento a equidade pode ser definida e/ou obtida através de 
dois aspectos fundamentais: 
(i) Redistribuição do rendimento e da riqueza; 
(ii) Igualdade no acesso aos bens e serviços básicos ou primários.
No primeiro aspecto, estamos em presença de redistribuição equitativa – mas não 
necessariamente igualitária – da riqueza e do rendimento (pessoal e/ou nacional), ao passo 
que no segundo a equidade se confunde com a igualdade (de direitos e oportunidades). Em 
muitos casos, a equidade é dividida em equidade horizontal e equidade vertical, ou seja, 
tratamentos iguais para pessoas iguais e tratamentos diferentes para pessoas desiguais. 
10 
1.1.3. Políticas públicas 
O estudo das políticas públicas tem por objecto as decisões políticas que têm impacto 
na vida dos cidadãos, ou o resultado da acção/actividade governamental. São formas de 
actuação dos governos e traduzem-se em instrumentos reguladores do comportamento dos 
agentes económicos, utilizados pelo Estado para regular, mas também para intervir e 
incentivar. Elas visam a construção de uma sociedade mais justa, mais humana, mais 
equilibrada e mais coesa. 
Porém, as políticas públicas consideram, por um lado, a dimensão económica que pode 
ser vista como função afectação e, por outro, a dimensão social que é entendida como função 
distribuição. As duas dimensões traduzem o “Estado em acção”, ou seja, as instituições do 
Estado implementam o projecto do Governo democraticamente eleito através de programas e 
políticas voltadas para sectores específicos da sociedade. 
Os seus princípios orientam-nas para a luta no combate às “Falhas de Mercado”, por 
exemplo, bens públicos, monopólios, externalidades e informação assimétrica. Da viciação 
dos mercados surgem distúrbios na eficiência, quer seja ao nível da produção, quer seja ao 
nível da distribuição, o que provoca desvios no tipo e na intensidade de bem-estar. Perante tal 
facto, o que se traduzem em ineficiência de mercado, o governo actua com o propósito de 
melhorar a alocação de recursos, define políticas públicas e elege a que se apresenta com a 
maior probabilidade de fazer funcionar melhor o mercado, actuando ao nível da provisão de 
bens/serviços e da regulação do mercado. 
Segundo Palumbo apud Rocha as políticas públicas podem ser classificadas tendo em 
conta as respectivas áreas: política social (saúde, educação, protecção social, habitação), 
económica (orçamental, fiscal, monetária e cambial), justiça, defesa e segurança, energia e 
ambiente. 
Contudo, as políticas públicas respondem a preferências; traduzem-se em escolhas 
públicas e são orientadas para a resolução de questões previamente identificadas, isto é, para 
objectivos específicos.
11 
1.2. Eficiência e equidade nas políticas públicas: económicas e sociais 
1.2.1. Eficiência e equidade na política orçamental 
As finanças públicas exercem uma influência considerável na economia, podendo a 
sua acção ser dirigida para alcançar determinados objectivos do Estado. 
Para levar a cabo a implementação da política orçamental, o Estado tem ao seu dispor 
um conjunto de instrumentos, receitas e despesas públicas. A parte da receita inclui 
rendimentos que o Governo tem expectativa de colectar de variadas fontes. 
Para alcançar objectivos do Estado a política orçamental deve privilegiar, por um lado, 
a eficiência na utilização dos recursos, que as decisões quanto a produção e consumo dos bens 
e serviços que são vendidos no mercado sejam determinados pelos seus respectivos custos e 
benefícios, por outro lado, a equidade na distribuição de bens/serviços, satisfação das 
necessidades sociais através do fornecimento de bens e serviços que pela sua natureza não são 
susceptíveis de ser vendidos no mercado a consumidores individuais, não podendo ser 
excluídos dos seus benefícios àqueles que não pagam um preço. Para tal, o Estado tem de 
realizar despesas públicas na proporção desses bens e serviços. Através dos impostos e 
transferências o Governo pode exercer uma influência considerável sobre a eficiência e a 
equidade, redistribuir bens e/ou serviços das classes de altos rendimentos para as de baixos 
rendimentos. 
Mas, a tomada de decisões exige geralmente escolher um objectivo em detrimento de 
outro. Na política orçamental, quanto mais se gasta, por exemplo, em despesas com subsídios 
aos combustíveis para tornar o produto mais acessível à todos os cidadãos, menos se pode 
gastar com a educação e/ou a saúde. 
Em 2008, por exemplo, as despesas com os subsídios aos combustíveis em Angola 
representaram cerca de 6,6% do total das despesas do Orçamento Geral do Estado. Porém, 
foram 4.9 vezes maior que as despesas com o ensino primário e 9.7 vezes maior que as 
despesas com o ensino superior. De igual modo, as despesas com os subsídios foram 
superiores as despesas com a saúde pública em 24 vezes, as despesas totais com o 
abastecimento de água em 6.5 vezes e as despesas totais com a agricultura em 1.6 vezes.
12 
1.2.2. Eficiência e equidade nas políticas de saúde e educação 
a) Saúde 
Quando se analisam políticas de saúde em Angola, não se pode esquecer a 
Constituição da República de Angola (2010) que reconhece a saúde como direito fundamental 
dos cidadãos e dever do Estado. Artigo 21º alínea f) o Estado tem a responsabilidade de 
“promover políticas que permitam tornar universais e gratuitos os cuidados primários de 
saúde”, e artigo 77º nº 1) “o Estado promove e garante as medidas necessárias para 
assegurar a todos o direito à assistência médica e sanitária, bem como o direito à assistência 
na infância, na maternidade, na invalidez, na deficiência, na velhice e em qualquer situação 
de incapacidade para o trabalho, nos termos da lei”. 
No entanto, a ideia de universalidade (acesso para todos) só faz sentido à luz do 
princípio da igualdade. O que justifica a inclusão de todos, sem qualquer distinção, nas 
políticas públicas de saúde. É o reconhecimento de que todos são iguais, ou seja, todos 
merecem igual respeito e consideração do Estado quando este elabora e implementa as 
políticas de saúde. 
O princípio da igualdade3 indica que nenhum cidadão, independentemente da 
ascendência, sexo, cor, raça, etnia, localização geográfica, língua, religião, grau de instrução, 
convicções políticas, ideológicas ou filosóficas, condição económica ou social ou profissão, 
deve ser privado ou excluído de qualquer direito, entre os quais o “direito à saúde”. 
Mas, tal como se sabe, os recursos são escassos perante as necessidades ilimitadas. 
Assim, para se alcançar a equidade nas políticas públicas de saúde é necessário responder as 
duas questões fundamentais de escassez de recursos: quanto deve ser alocado à saúde em 
relação as outras áreas em que o Estado deve investir? E como os recursos destinados 
exclusivamente à saúde devem ser alocados para atender as diversas necessidades de saúde da 
população? 
A primeira questão implica a valoração da saúde em relação a outros interesses que 
uma sociedade geralmente também valoriza, como educação, desporto, ambiente, cultura, 
segurança interna e externa, etc. A segunda requer a identificação de prioridades dentro da 
área da saúde entre diversas necessidades de saúde e distintas possibilidades de acção 
(políticas de saúde). Ambas as decisões envolvem complexos argumentos de justiça 
distributiva e importantes dificuldades políticas. 
3 Artigo 23.º da Constituição da República de Angola 2010.
A questão central a ser tratada pelas políticas que almejam equidade em saúde é a 
“redução ou eliminação das diferenças entre indivíduos resultantes de factores considerados 
evitáveis e injustos”, criando assim igual oportunidade no acesso aos serviços de saúde. 
Recordando a curva da fronteira de possibilidade de produção, a mesma indica o nível 
máximo de resultados que se pode obter com um dado recurso disponível, isto é, o nível 
mínimo de recurso necessário para atingir determinado resultado. Alguns estudos sugerem 
que se dois países têm iguais montantes de despesas com a saúde, devem alcançar iguais 
resultados (iguais indicadores de saúde) – o que nem sempre se verifica. 
13 
b) Educação 
A Constituição da República de Angola (2010) também reconhece a educação como 
direito fundamental dos cidadãos e dever do Estado. Artigo 79º (direito ao ensino), nº 1) “O 
Estado promove o acesso de todos à alfabetização e ao ensino, estimulando a participação 
dos diversos agentes particulares na sua efectivação, nos termos da lei”. 
Os sistemas educacionais são eficientes quando os meios investidos produzem 
resultados máximos. Ao passo que a equidade representa o grau em que os indivíduos podem 
beneficiar da educação e da formação, em termos de oportunidades, acesso, tratamento e 
resultados. Um sistema educacional é equitativo quando os resultados da educação e da 
formação são independentes do meio socioeconómico e de outros factores geradores de 
desvantagens educativas e quando o tratamento reflecte as necessidades específicas dos 
indivíduos em matéria de aprendizagem. 
A integração da eficiência e equidade em todos os níveis dos sistemas de educação e 
formação deverá garantir o acesso de todos, em especial das pessoas mais desfavorecidas, ao 
ensino e à formação, permitindo reduzir os custos que as desigualdades em termos de 
educação e formação implicam. A educação afecta todo o tipo de resultado do 
desenvolvimento humano. Mais do que uma simples fonte de conhecimento, a educação 
promove melhor higiene e aumenta a utilização de serviços de saúde. Políticas de educação 
para todos proporcionam, pelo contrário, a possibilidade de maximizar os benefícios a longo 
prazo, reduzir os custos económicos e sociais e constitui um valor acrescentado para outros 
domínios políticos como o desenvolvimento sustentável e a coesão social. 
Tal como refere Zau, “num mundo globalizado, onde reina a tecnologia e onde se 
agravam as desigualdades da qualidade de vida das populações, só a aquisição de um 
adequado nível de conhecimentos constitui factor de crescimento económico e de
desenvolvimento dos povos. Isto faz com que a educação seja vista a várias escalas de análise, 
cada uma delas exigindo medidas de intervenção adequadas, já que a chave da alteração de 
fundo das condições de desenvolvimento de um País se encontra na educação e na formação 
profissional dos seus recursos humanos”. Assim sendo, há um conjunto de necessidades 
educativas a serem adquiridas por todos os cidadãos, independentemente da sua condição 
social ou financeira. 
É evidente que as políticas sociais implicam um esforço financeiro para o Estado, mas 
os custos da inacção dessas políticas são muito mais onerosos. A experiência mostra que o 
investimento pesado nas políticas sociais sobretudo na educação, saúde e formação 
profissional na Ásia Oriental foram considerados os responsáveis pelo êxito das economias 
daqueles países. Assim, para os países como Angola poder romper as armadilhas da pobreza e 
do subdesenvolvimento são necessários maiores investimentos na saúde e na educação. Estes 
investimentos contribuem para o crescimento económico, o que se repercute no 
desenvolvimento humano. 
14 
1.3. Conflito versus arbitragem entre eficiência e equidade 
Em termos mais simples uma situação de conflito ocorre quando uma acção que visa à 
resolução de determinado problema conduz, obrigatoriamente, a outros. Na verdade, o 
conflito entre eficiência e equidade manifesta-se no princípio de que “nada é de graça”. Para 
conseguirmos algo que queremos, geralmente precisamos abrir mão de outra coisa de que 
gostamos. Consideremos, por exemplo, uma estudante que precise decidir como alocar seu 
recurso mais precioso – o tempo. Ela pode passar todo o seu tempo a estudar fiscalidade, ou a 
estudar gestão estratégica, ou pode dividir seu tempo entre as duas disciplinas. Para cada hora 
que passa a estudar uma matéria, ela abre mão de uma hora que poderia usar para estudar a 
outra. E, para cada hora que passa a estudar qualquer uma das duas matérias, abre mão de 
uma hora que poderia gastar a ver televisão. 
A principal questão relacionada com a equidade prende-se com o efeito que a 
redistribuição pode ter sobre o rendimento, o desempenho e a eficiência. Se o Estado retira a 
uns para dar a outros, por exemplo, se tira aos que produzem e possuem para dar aos que não 
têm ou outra redistribuição considerada justa, é natural que uns e outros reduzam a sua 
produção. Aqueles a quem se tira podem pensar que não vale a pena produzir se depois o 
Estado vai tirar o seu resultado, e os que recebem podem considerar que como o Estado dá de 
qualquer modo o esforço é demasiado. “Se a sociedade quer ter uma distribuição mais justa
tem de pagar em menor nível de vida global”. Uma política pública fortemente redistributiva 
pode reduzir a recompensa pelo trabalho árduo e aquilo que os indivíduos estarão dispostos a 
trabalhar será certamente menor, pelo que o rendimento gerado na economia será menor. Em 
outras palavras, quando o governo tenta repartir o bolo económico em fatias mais iguais, o 
bolo diminui de tamanho. 
15 
Figura 2 – Conflito entre eficiência e equidade 
Por vezes, por razões de equidade, a intervenção dos poderes públicos leva a um 
fornecimento de certos bens de forma gratuita ou a um preço significativamente abaixo do 
custo médio ou marginal para os seus utilizadores. Ora, essa provisão gratuita leva 
normalmente a um sobreconsumo (uma ineficiência), pois os consumidores não são 
confrontados nem estão a pagar o verdadeiro custo para a sociedade da produção desse bem. 
O conflito entre eficiência e equidade também é, portanto, manifesto nesta situação, pois a 
utilização de preços subsidiados (ou administrativos ou políticos), abaixo dos preços de 
mercado, reflecte-se numa afectação de recursos ineficientes, em que demasiados recursos são 
investidos num dado sector/bem, em detrimento de aplicações noutros sectores/bens. 
A busca de eficiência nas políticas públicas envolve também dimensões sociais e 
humanas tornando-se, por essa razão, um grande desafio para os decisores políticos e não só. 
Reconhecer o conflito entre eficiência e equidade não nos diz, por si só, quais as decisões que 
o Estado deve adoptar. Contudo, a equidade não deve ser ignorada só porque os subsídios aos 
combustíveis levam normalmente a um sobreconsumo dos referidos combustíveis, 
conduzindo por isso à ineficiência. A eventual perda em termos de eficiência pode ser 
compensada pelo ganho em equidade e pela aceitação das políticas públicas pelos indivíduos. 
Por outro lado, pode-se almejar não apenas o aumento do Produto Interno Bruto e da 
eficiência, mas também a melhoria nos padrões de vida dos cidadãos e maior equidade
traduzidas pelo aumento nos padrões de saúde, alfabetização e saneamento básico. O Estado é 
um importante centro de decisão nas economias modernas devendo responder os problemas 
fundamentais da sociedade em prol da melhoria do bem-estar de todos os cidadãos. 
16
17 
2. SUBSÍDIOS AOS PREÇOS DOS COMBUSTÍVEIS 
2.1. Subsídios aos combustíveis: as provas internacionais 
Subsidiar os combustíveis é uma prática corrente em muitos países 
produtores/exportadores de petróleo tais como o Angola, Iraque, Irão, Arábia Saudita, Líbia, 
Egipto, Argélia, Indonésia, Malásia, Venezuela e Bolívia. 
Segundo estudo da Agência Internacional de Energia (AIE), os subsídios aos 
combustíveis fósseis (gás, petróleo e carvão) em todo mundo totalizaram 409 mil milhões de 
dólares em 2010. O estudo enfatiza que, sem uma reforma no sistema, os combustíveis fósseis 
devem receber 660 mil milhões de dólares por volta de 2020. E assinala ainda que o corte no 
apoio financeiro a esses combustíveis seria uma das medidas mais eficazes para combater as 
mudanças climáticas. A agência também revela que apenas cinco (5%) a dez (10%) porcento 
do volume total de subsídios aos fósseis destinam-se à faixa dos vinte porcento (20%) mais 
pobres da população mundial. 
As tentativas de eliminação dos subsídios aos combustíveis podem, porém, ser muito 
pouco apreciadas. Na Indonésia, por exemplo, os protestos motivados por uma tentativa de 
aumento dos preços dos combustíveis, em 1998, levaram a uma série de acontecimentos que 
culminaram com a queda do regime presidido por Suharto. Em 2005, violentos protestos 
públicos contra o aumento dos preços dos combustíveis, deixaram pelo menos 12 pessoas 
mortas no Iémen. 
Na Nigéria, o Nigerian Labour Congress (NLC) convocou uma greve geral de 4 dias, 
iniciada em 11 de Outubro de 2004, a título de protesto contra o aumento de 25% dos preços 
dos combustíveis. Os bancos, escritórios governamentais, escolas, hospitais, fábricas 
nacionais, lojas e estações de abastecimento em todo o País apoiaram a greve. 
Prevendo a oposição do público aos aumentos dos preços dos combustíveis, hoje em 
dia as autoridades tentam, normalmente, baixar a incidência de protestos públicos e distúrbios 
sociais com o anúncio de várias medidas paliativas, implementação de um programa de 
alterações graduais dos preços ou até adiando os aumentos de preços. 
Os ajustamentos de preços recentes tendem a ser graduais e não bruscos, porque as 
alterações abruptas do passado deram azo a instabilidade política, revoltas e, no caso da 
Indonésia, à queda do Governo. A população parece preferir uma mudança relativa dos preços 
do que uma alteração absoluta. Em vésperas de eleições, a escolha é atrasar a decisão.
2.2. Redução dos subsídios aos combustíveis: a lição da Nigéria 
Apesar de a Nigéria ter petróleo abundante e com ganhos em receitas de exportação 
suficientes para construir a sua infra-estrutura interna, a política do governo deixou cair em 
ruínas a sua capacidade interna de refinação de petróleo. A consequência é que a maioria da 
gasolina e de outros produtos petrolíferos refinados usados para transportes e indústria, têm de 
ser importados. Para proteger a população dos custos elevados com a importação de gasolina 
e de outros combustíveis refinados, o governo nigeriano tem preços subsidiados, até 1 de 
Janeiro de 2012, altura em que o Presidente da República, Goodluck Jonathan, anunciou a 
remoção imediata de todos os subsídios aos combustíveis. Os preços da gasolina em poucas 
horas dispararam quase para três vezes mais, desde os 65 naira (35 cêntimos de dólar) por 
litro para 150 naira (93 cêntimos). O governo nigeriano justificou “o fim dos subsídios aos 
combustíveis (cerca de oito mil milhões de dólares) com a necessidade de financiar a 
modernização das infra-estruturas do País”, isto é, a poupança dos subsídios será usada na 
prestação de serviços sociais que irão beneficiar mais os nigerianos e salvar o país das 
dificuldades sociais. O impacto da remoção dos subsídios espalhou-se por toda a economia, 
incluindo aos preços dos bens e serviços básicos. 
O alto e inesperado aumento dos combustíveis desencadeou protestos por todo o país 
com ameaças e mortes que levou a uma tensão política e social em meados de Janeiro de 
2012. Além das manifestações contra a subida dos preços dos combustíveis, o País também 
enfrenta conflito entre cristãos e muçulmanos. Na sequência de protestos e paralisações, os 
sindicatos convocaram uma greve geral e exigiam o restabelecimento integral dos subsídios 
aos combustíveis e a reposição dos preços dos refinados. Goodluck Jonathan, Presidente da 
República, anunciou a reposição do preço da gasolina em trinta porcento (30%) para terminar 
com a greve geral no País, mas lembrou que vai manter a liberalização completa do sector 
petrolífero. Referiu que “o governo vai prosseguir com a liberalização do sector petrolífero, 
mas atendendo às dificuldades do povo nigeriano foi aprovada a diminuição/reposição dos 
preços dos combustíveis”. 
18
19 
2.3. Subsídios aos combustíveis em Angola e as vantagens do “preço de 
mercado” 
O Executivo angolano justifica a sua política de subsídios aos preços dos 
combustíveis4 por entendê-la como sendo um dos meios privilegiados de fomento do 
consumo e de garantia do poder de compra do cidadão cuja renda média anda 
significativamente abaixo do valor real de alguns produtos de primeira necessidade. Os 
subsídios aos combustíveis compensam os baixos salários da população e a falta ou limitação 
no acesso aos serviços públicos. 
Alguns estudos mostram que para além da necessidade de compensar os baixos 
salários e possibilitar o acesso aos serviços essenciais, a política de subsídios constitui uma 
forma de transferência do Estado. Promovem transferências necessárias para algumas famílias 
pois mantêm baixos os custos dos transportes. Ambos os efeitos ajudam as famílias a 
comportarem o consumo de alguns bens e serviços. Os combustíveis baratos podem permitir 
que as famílias cozinhem, tenham iluminação em casa e utilizem os transportes públicos. 
Apesar da sua natureza de apoio social, observadores atentos ao cenário económico 
nacional alertam, entretanto, que a política do Executivo Angolano que subvenciona 
determinados preços, além de não ser eficiente por prejudicar os beneficiários primários, 
acarreta custos elevados para o Estado e pode ser um dos factores de desincentivo ao 
investimento privado. Constitui uma solução injusta e inadequada para a redistribuição 
equitativa dos rendimentos porquanto os subsídios aos combustíveis são uma prática que 
beneficia essencialmente os cidadãos mais ricos. As famílias mais pobres não possuem 
automóveis ou não têm acesso à energia eléctrica o que significa que na prática não 
beneficiam dos subsídios. O que dificulta o seu propósito como instrumento de transferência 
do Estado para as famílias mais carenciadas. 
Como que uma espécie de contributo para uma política de subsídios mais justa, Tim 
Harford argumenta contra o que se pode chamar de “subsídios generalizados”, por também 
beneficiarem grupos-alvo não desejados. “Quem pode pagar pelo preço real deve mesmo 
pagar, ficando o Estado com a obrigação de ajudar os mais desfavorecidos na aquisição dos 
bens essenciais”, isto é, pague directamente aos necessitados. No caso de Angola, defendem 
observadores, a implementação dessa medida poderia confrontar-se com a ausência do censo 
populacional que permita conhecer o número e o nível de vida das populações e assim 
4 De recordar que em Angola os combustíveis subsidiados pelo Estado são: gasolina, gasóleo, gás de botija 
também denominado gás liquefeito de petróleo (GPL), petróleo iluminante, asfalto, fuel leve e fuel pesado.
institucionalizar-se subsídios, como o de desemprego, que podem ser distribuídos 
directamente a quem realmente precisa. Advogam que a política de subsídios deve reverter-se 
a favor dos sectores como a agricultura, pescas e indústria sobretudo numa altura em que se 
tornou recorrente a preocupação com a diversificação da estrutura base da economia. 
Num estudo sobre o impacto da eliminação gradual dos subsídios aos preços, o Banco 
Mundial conclui que “as famílias pobres normalmente acham que é difícil ter acesso à 
prestação formal de serviços públicos e têm de recorrer a mercados secundários (informais) 
em alguns casos (tais como água e alguns tipos de combustíveis) onde pagam um preço mais 
alto”. Este estudo acrescenta que embora essas famílias sejam os potenciais beneficiários dos 
preços subsidiados nem todas têm meios financeiros para os comprar ou para terem acesso 
fácil a estes combustíveis. De uma forma geral os preços subsidiados têm beneficiado 
sobretudo os ricos e não os pobres. 
Neste sentido, o Estado angolano gasta muitos milhões de kwanzas tendo 
predominantemente como destinatárias as famílias mais ricas. Este problema ainda se torna 
mais agravante se considerarmos que as famílias mais ricas são, em geral, as que possuem 
mais de dois automóveis. 
Os subsídios à gasolina e ao gasóleo levam a ineficiência no consumo na medida em 
que cada consumidor enfrenta um custo menor do que o custo de oportunidade social, o que 
tem contribuído para uma maior poluição, um maior congestionamento nas estradas e um 
rápido esgotamento de recurso não renovável, o petróleo. Dado que a concessão de subsídios 
implica a prática de um preço inferior ao preço de mercado perde-se a oportunidade de 
maximizar a eficiência. Esta será alcançada quando os agentes económicos se defrontarem 
com preços correctos, que traduzem o custo marginal social associado à sua produção e ao 
benefício social associado ao seu consumo. Estes subsídios constituem um elevado custo de 
oportunidade para as políticas públicas do Executivo e uma renúncia subjectiva às receitas por 
parte do Estado que eventualmente seriam arrecadadas se o produto fosse vendido a um 
“preço de mercado”. 
De recordar que o total dos subsídios aos combustíveis derivados de petróleo em 2008 
20 
em Angola ultrapassou os 2,7 mil milhões de dólares5. 
De 2004 a 2008 o total gasto com subsídios aumentou 4,3 vezes e representou, em 
média, 3,2% do Produto Interno Bruto. Este acréscimo significativo dos subsídios aos 
5 Segundo CEIC-UCAN (2010), os subsídios estimados não incluem a parte correspondente aos custos com 
imposto, em outras palavras corresponde os subsídios que o governo paga à Sonangol distribuidora para 
compensação do baixo valor das vendas.
derivados deveu-se à subida do preço mundial do barril de petróleo angolano e ao aumento do 
consumo interno. 
2.4. Redução dos subsídios aos combustíveis (gasolina e gasóleo) em 2010 em 
21 
Angola 
Nos últimos anos, com o crescente consumo interno dos combustíveis derivados de 
petróleo bruto devido ao acelerado crescimento da economia, as despesas anuais com os 
subsídios têm crescido de forma significativa, tendo ultrapassado os 2,7 mil milhões de 
dólares em 2008 (onde cerca de 74 porcento desses subsídios respeitavam à gasolina e ao 
gasóleo), constituindo assim um elevado peso para as finanças públicas. Em resultado do 
elevado peso dos subsídios nas despesas do OGE, o Executivo Angolano decidiu adoptar um 
programa de aproximação dos preços do mercado angolano aos preços mundiais. Com isso, a 
necessidade de gradualmente eliminar os subsídios aos combustíveis. 
A redução dos subsídios aos preços dos combustíveis (gasolina e gasóleo) em 2010 
decorreu da deliberação da Assembleia Nacional de Angola que no OGE revisto para o 
referido ano aprovou a diminuição em 20 (vinte) porcento numa base anual dos subsídios aos 
dois produtos. 
A Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol) divulgou em 
comunicado de 31 de Agosto de 2010 a nova tabela de preços dos combustíveis, que entrou 
em vigor no dia 01 de Setembro do referido ano. A gasolina a custar 60 kwanzas o litro, 
contra os 40 kwanzas anteriores, e o gasóleo a valer 40 kwanzas o litro, contra os 29 kwanzas 
praticados anteriormente. No documento apresentado aos órgãos de informação, a Sonangol 
refere que este ajustamento não abrange produtos como o petróleo iluminante e o gás butano 
devendo estes manter-se nos mesmos preços. 
O Executivo angolano pretende com a redução dos subsídios aos combustíveis passar 
a dispor de mais recursos para realizar mais investimentos na área social, sobretudo na 
educação e saúde. Os subsídios aos combustíveis têm a característica de ser distribuído para 
todos sem ter em conta os rendimentos dos destinatários. Deste modo, o objectivo da redução 
dos subsídios aos combustíveis é passar a dispor de mais recursos para continuar com as 
iniciativas sociais orientadas para a população mais carenciada, como por exemplo construção 
de escolas e outras infra-estruturas de impacto social. 
Por seu turno, o Ministro dos Petróleos, Botelho Vasconcelos anunciou que a decisão 
faz parte do plano de liberalização do mercado dos combustíveis e visa aumentar a cobertura
do produto em todo o território nacional. Botelho Vasconcelos explicou ainda que se vai 
estabelecer um preço máximo para todo o território nacional, recordando que a eliminação 
dos subsídios vai aproximar os preços dos produtos ao seu valor mercantil. Com isso, novos 
parques de armazenagem e postos de combustíveis vão ser construídos em todo o País, num 
esforço para melhorar a rede de distribuição de combustíveis. A liberalização do preço dos 
combustíveis, que hoje têm preços fixos e subsidiados pelo Estado é um dos passos previstos 
no programa de liberalização do sector que começará com a distribuição. “O modelo de 
liberalização tem como objectivo o desenvolvimento do sector da refinação do petróleo, do 
armazenamento, do transporte e da distribuição, áreas anteriormente controladas pela 
Sonangol”. 
22
23 
3. IMPACTO DA REDUÇÃO DOS SUBSÍDIOS AOS 
COMBUSTÍVEIS 
3.1. Impacto inflacionário da redução dos subsídios aos combustíveis em 2010 
A redução ou mesmo eliminação dos subsídios aos combustíveis, se não acautelada, 
pode ser acompanhada de efeitos adversos, em particular para as famílias mais carenciadas, 
quer pela redução do poder de compra resultante directamente do aumento dos preços dos 
combustíveis, quer pelos efeitos inflacionistas resultantes da repercussão para jusante dos 
efeitos derivados daqueles aumentos. Por outro lado, proporciona melhoria das contas 
públicas possibilitando ao Executivo maior disponibilidade para financiar programas com 
maior retorno económico e social como educação e saúde. A redução dos subsídios aos 
combustíveis em 2010 em Angola originou aumento em 50 porcento o preço da gasolina e 
perto de 38 porcento o do gasóleo. 
Gráfico 1 – Aumento dos preços retalhistas da gasolina e do gasóleo em Angola 
Os preços da gasolina e do gasóleo por litro passaram de 12 e 14 kwanzas em 2002 
para 20 e 14 kwanzas em 2004, já no ano 2005 o preço era de 40 kwanzas para a gasolina e 29 
kwanzas para o gasóleo e desde Setembro de 2010, 60 e 40 kwanzas respectivamente. 
Para Alves da Rocha apud “O País”, a subida dos preços da gasolina e gasóleo é uma 
medida “acertada não só na óptica do défice mas também numa óptica económica pois o que 
está em causa é a verdade dos preços. Numa economia verdadeira com liberdade de decisão 
não há lugar para subsídios generalizados aos preços dos combustíveis os quais falseiam a
afectação eficiente dos recursos e influencia a decisão de investimento alimentando preços 
falsos que afastam os factores de produção das áreas de actividade onde são praticados, 
atraindo-os para aquelas que beneficiam dos subsídios. A economia terá de absorver os 
aumentos decretados, reconhecendo que a capacidade de absorção não será igual para todos 
os agentes económicos. Os que tiverem oportunidade de os repercutir vão absorvê-los melhor: 
os táxis vão repercutir o preço aos passageiros, as vendedoras irão reflecti-lo nos seus 
produtos”. Tudo isto pode se repercutir no Nível Geral de Preços. 
Carlos Rosado apud “O País” considera, por seu lado, que “cabe ao Governo actuar 
sobre os sectores com maior poder de mercado, adiantando que ao produzir efeitos sobre os 
serviços públicos, designadamente sobre o fornecimento de energia eléctrica, estes aumentos 
vão tornar os consumidores muito mais exigentes. Este tipo de medida, sendo racional do 
ponto de vista económico, é sempre impopular em todo o mundo, as alternativas a que vários 
países têm recorrido para assegurar preços mais competitivos a determinados sectores de 
actividade é a introdução do chamado gasóleo verde. As autoridades angolanas só 
conseguirão assegurar que os reflexos da redução dos subsídios aos combustíveis sobre os 
preços não superarão a sua medida efectiva se lograrem controlar os sectores sensíveis, como 
é o caso dos transportes”. 
A redução dos subsídios à gasolina e ao gasóleo em 2010 afectou fortemente o Índice 
de Preços ao Consumidor, sobretudo pelos efeitos de segunda e terceira ordem (sobre os 
preços dos transportes e, por arrastamento, os de numerosos bens e serviços). 
24 
Gráfico 2 – Variação Homóloga do IPC 2009/2010 
Comparando o custo de vida em Setembro de 2010 (15,73%) com o mesmo mês do 
ano 2009 (13,72%), o ritmo de crescimento foi o mais rápido depois de Janeiro de 2006 
quando a taxa de inflação homóloga atingiu 17,24%. Assim, no mês de Setembro de 2010 
houve uma variação/subida de 2,01 pontos percentuais no IPC com relação ao mesmo período
do ano 2009. Ao longo de 2009 e até Agosto de 2010, a taxa de variação homóloga anual do 
IPC permaneceu praticamente estacionária, entre 13,2% e 14,0%. Desde então, a redução dos 
subsídios aos combustíveis levou a inflação homóloga para além de 16% (uma subida de 
2,54%), em Outubro de 2010, mas a mesma foi depois caindo, invariavelmente, nos meses 
seguintes para 15,89% (subida de 2,32%) em Novembro e já 15,31% (mais 1,32%) em 
Dezembro. 
No gráfico a seguir apresenta-se a evolução do IPC durante o mês de Agosto a 
Dezembro de 2010 bem como a sua tendência durante o período da redução dos subsídios à 
gasolina e ao gasóleo. 
25 
Gráfico 3 – Variação Mensal do IPC / Agosto a Dezembro de 2010 
O nível geral de preços no consumidor divulgado pelo INE registou uma 
variação/subida de 2,35% em Setembro de 2010, impulsionada pela redução dos subsídios à 
gasolina e ao gasóleo e consequente subida dos preços de venda dos dois produtos. Embora 
tal fenómeno pareça ter sido meramente pontual, parece ter sido absorvido nos meses 
seguintes. Esta absorção fica particularmente notória no facto de a variação mensal do IPC ter 
sido 1,23% em Outubro; 1,01% em Novembro, terminando em Dezembro de 2010 em 1.65%, 
ou seja, no mês tradicionalmente mais marcado pela alta dos preços, devido às festas de final 
do ano, a taxa de inflação mensal revelou-se a mais modesta de que há registo. Em Dezembro 
a classe Hotéis, Cafés e Restaurantes foi a que registou o maior aumento de preços com 
6,41%. Destaca-se também os aumentos dos preços nas classes de Transportes com 2,14%, 
Alimentação e Bebidas Não Alcoólicas com 1,77% e Água Electricidade e Combustíveis com 
1,03%.
3.2. Impacto sobre a população nas cidades de Benguela e Lobito 
Procurou-se com base num conjunto de dados obtidos em tempo real tornar possível 
demonstrar o impacto da redução dos subsídios aos combustíveis (subida dos preços dos 
combustíveis) sobre a população nas cidades de Benguela e Lobito. No total foram realizados 
80 (oitenta) inquéritos, distribuídos por quatro categorias: 
(i) 40 (quarenta) utentes do serviço colectivo de transportes; 
(ii) 20 (vinte) automobilistas; 
(iii) 10 (dez) moto-taxistas; 
(iv) 10 (dez) moradores do Bairro “Praia do Bébé” – Município de Catumbela 
O inquérito final foi realizado no primeiro trimestre de 2011. A escolha da localidade 
da praia do bébé, município da Catumbela, se justifica pelo facto de ser um bairro periférico e 
sem electricidade da rede pública. Os automobilistas (excepto taxistas) das cidades de 
Benguela, Lobito e Catumbela pelo facto de se pretender avaliar o impacto da redução dos 
subsídios sobre a classe média da população. Os utentes do serviço colectivo de transportes 
(troço Lobito-Catumbela-Benguela) pelo impacto directo da subida dos preços da gasolina e 
do gasóleo sobre os transportes bem como pela variedade de indivíduos que utilizam estes 
serviços. E, os moto-taxistas, município da Catumbela, por congregar maioritariamente a 
população desfavorecida bem como pela sensibilidade deste sector relativamente aos 
aumentos dos preços da gasolina e do gasóleo. 
Este artigo apresenta algumas restrições, em virtude dos resultados obtidos. 
Designadamente, apenas foram distribuídos 80 (oitenta) inquéritos, tendo faltado alguma 
complementaridade de outros segmentos da sociedade para adicionar à robustez do estudo. 
Responderam ao inquérito 80 indivíduos, dos quais 55 homens preenchendo cerca de 
69%. De realçar que na categoria moto-taxistas não foi encontrada nenhuma mulher a exercer 
esta actividade. 
26 
Tabela 1 – Principal Fonte de Energia Utilizada para Iluminação 
Fonte de Energia Utentes S. C. 
Transportes 
Automobilistas 
(excepto taxistas) Moto-taxistas Moradores da 
Praia do Bébé Total 
Electricidade da Rede Pública 34 15 6 --- 55 
Gerador 6 5 4 6 21 
Outras --- --- --- 4 4 
Total 40 20 10 10 80 
Fonte: Dados do inquérito. Elaboração Própria 
A tabela acima evidencia que a electricidade da rede pública constitui para os utentes 
de serviços colectivo de transportes, automobilistas e moto-taxistas, a principal fonte de
energia utilizada para iluminação. O gerador é a principal fonte de energia para os moradores 
da praia do bébé. No geral, a electricidade da rede pública constitui a principal fonte de 
energia para iluminação (55 indivíduos). 
27 
Tabela 2 – Principal Fonte de Energia Utilizada para Cozinhar 
Fonte de Energia Utentes S. C. 
Transportes 
Automobilistas 
(excepto taxistas) Moto-taxistas Moradores da 
Praia do Bébé Total 
Gás 37 20 9 3 69 
Carvão 3 --- 1 7 11 
Total 40 20 10 10 80 
Fonte: Dados do inquérito. Elaboração Própria 
Esta tabela revela que em todas as categorias, excepto “moradores da praia do bébé”, o 
gás constitui a principal fonte de energia para cozinhar. O Carvão é a principal fonte de 
energia para cozinhar em moradores da praia do bébé e a segunda na categoria utentes de 
serviços colectivo de transportes e moto-taxistas. 
Gráfico 4 – Como ficou o modo de vida dos seus familiares com a subida dos preços dos combustíveis? 
Questionados sobre como ficou a vida dos seus familiares depois da subida dos preços 
dos combustíveis, 37% respondeu “razoável”. Para 24% dos inquiridos a vida dos seus 
familiares ficou “muito mau” e 21% “mau”, ou seja, 45% dos inquiridos acha que o modo de 
vida dos seus familiares ficou prejudicado.
28 
Gráfico 5 – Os automobilistas acham que com a subida dos combustíveis o modo de vida dos seus 
familiares ficou 
Interrogados sobre como ficou a vida dos seus familiares depois da subida dos preços 
dos combustíveis, 55% dos automobilistas respondeu “razoável”. Apenas 5% dos 
automobilistas respondeu que o modo de vida dos seus familiares ficou “bem”. 
Gráfico 6 – Como ficou o seu modo de vida com a subida dos preços dos combustíveis? 
O gráfico acima revela que 32% dos inquiridos considera o impacto da subida dos 
preços dos combustíveis “razoável” para a sua vida; 26% “muito mal” e 24% “mal”. Se 
olharmos para o “muito mal” mais o “mal”, temos uma cifra de 50% de indivíduos fortemente 
afectados com a subida dos combustíveis. Mas, ao apurarmos apenas as respostas dos utentes 
dos serviços colectivo de transportes verificamos o seguinte:
Gráfico 7 – Com a subida dos preços dos combustíveis o modo de vida dos utentes de serviço colectivo de 
29 
transportes ficou 
Este gráfico revela que 39% dos utentes dos serviços colectivo de transportes 
considera o impacto da subida dos preços dos combustíveis “razoável” para a sua vida; 25% 
“muito mal” e 15% “mal”. Se olharmos para o “muito mal” mais o “mal” temos uma cifra de 
40% de indivíduos fortemente afectados com a subida dos combustíveis. 
Gráfico 8 – Mais escolas e hospitais, menos subsídios aos combustíveis? 
A população almeja por mais escolas e hospitais, mas não à custa da redução dos 
subsídios aos combustíveis. Questionados se para termos mais escolas e hospitais é necessário 
continuar a aumentar os preços dos combustíveis, 69% respondeu “Não”. Estes garantem que 
os subsídios aos combustíveis ajudam a manter baixo os preços da gasolina, do gasóleo e dos 
serviços colectivo de transportes.
30 
Conclusão 
Um dos nossos objectivos ao longo deste artigo foi perceber o conflito/arbitragem 
entre eficiência e equidade nas políticas públicas e compreender a sua influência na política 
dos subsídios aos combustíveis derivados de petróleo bruto em Angola. Assim, a avaliação 
produzida ao longo do trabalho permitiu que fixemos algumas mensagens centrais no que 
concerne a esses objectivos: 
(1) Ao contrário do que se pensa, nem sempre ocorre conflitos entre eficiência e 
equidade na prossecução das políticas públicas, mas o equilíbrio também existe. Como há 
desperdícios de recursos (financeiros) públicos no caso dos subsídios aos combustíveis, é 
possível melhorar a eficiência nos gastos públicos sem que haja qualquer diminuição da 
equidade. Por outro lado, um maior investimento público em políticas sociais como educação 
e saúde (se for bem dirigido) não apenas ampliará as oportunidades educacionais e assistência 
médica para todos, aumentando a equidade no seio da sociedade como também aumentará a 
eficiência económica. 
(2) A análise da eficiência e equidade nas políticas dos subsídios aos combustíveis 
permitiu-nos concluir que por questões de equidade e também de eficiência, porquanto os 
ricos também beneficiam dos subsídios acarretando por isso a um sobreconsumo/desperdício, 
o Executivo angolano optou pela redução dos subsídios a gasolina e ao gasóleo em 2010. Esta 
decisão, embora impopular, possui vantagens a longo prazo duradouras. Mas, compete ao 
governo tomar medidas no sentido de minimizar o impacto da redução dos subsídios aos 
combustíveis sobre os cidadãos. 
(3) A redução dos subsídios aos combustíveis em 2010 em Angola afectou fortemente 
o Índice de Preços ao Consumidor, sobretudo pelos efeitos de segunda e terceira ordem (sobre 
os preços dos transportes e, por arrastamento, os de numerosos bens e serviços). 
(4) A subida dos combustíveis em 2010 também afectou o modo de vida de 50% dos 
inquiridos. Por outro lado, 45% dos inquiridos considera que o modo de vida dos seus 
familiares ficou fortemente afectado pela subida dos combustíveis. 
(5) A diminuição dos subsídios aos combustíveis por parte do Executivo Angolano em 
2010 permitiu reduzir o conflito entre eficiência e equidade porquanto a utilização de preços 
subsidiados, abaixo dos preços de mercado, reflecte-se numa afectação de recursos ineficientes, 
em que demasiados recursos são investidos num dado sector/bem, em detrimento de 
aplicações noutros sectores/bens.
31 
Recomendações 
A redução ou eliminação dos subsídios aos preços dos combustíveis leva a um 
aumento dos preços dos produtos subsidiados, podendo afectar as populações mais 
vulneráveis. É importante que antes de qualquer redução dos subsídios, sejam estudadas e 
avaliadas quais as medidas de compensação que poderão ser adoptadas para corrigir eventuais 
consequências adversas dessa medida, dado o impacto social, em particular nas populações 
mais carenciadas. 
A subida dos preços da gasolina e gasóleo reflecte-se fundamentalmente no sector dos 
transportes. Para minimizar os efeitos sobretudo salvaguardar o bem-estar da população mais 
carenciada recomenda-se que haja uma rede funcional de transportes públicos em todo 
território nacional (províncias, municípios, comunas, etc.), no sentido de subsidiar não de 
forma geral os dois produtos (gasolina e gasóleo), mas sim o acesso aos transportes para 
crianças, idosos, estudantes bem como pessoas que justifiquem tal necessidade. Adoptar 
subsídios às actividades económicas específicas, por exemplo, o gasóleo utilizado na 
agricultura e nas pescas.
32 
Bibliografia 
 AMARAL João et. al., Economia do Crescimento, 2ª Série, Nº 6, Colecção 
Económica, Almedina, Coimbra, 2008. 
 Banco Mundial, Avaliação dos Impactos da Eliminação dos Subsídios aos Preços dos 
Combustíveis e dos Serviços de Utilidade Pública em Angola, Primeiro Volume, 
Luanda – Angola, 2005: http://www.worldbank.org/ao 
 Banco Nacional de Angola, Relatório de Inflação – IIIº Trimestre, Luanda, 2011: 
www.bna.ao 
 CEIC, Relatório Energia em Angola, Universidade Católica de Angola, Luanda, 2010: 
http://www.ceic-ucan.org 
 CHOCOLATE Lucinda, Sugestões para uma Boa Gestão de Recursos Petrolíferos de 
Angola face à Previsibilidade do seu Esgotamento e à Volatilidade dos preços 
internacionais, Tese de Mestrado em Economia Internacional e Estudos Europeus, 
Instituto Superior de Economia e Gestão, Lisboa, 2011. 
 Comissão das Comunidades Europeias, Eficiência e Equidade nos Sistemas de 
Educação e Formação – Comunicação da Comissão ao Conselho e ao Parlamento 
Europeu, edição online, 08 de Setembro, Lisboa, 2006: http://eur-lex. 
europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=CELEX:52006DC0481:PT:NOT 
 Constituição da República de Angola (2010). Luanda. 
 ENGDAHL William, As Apostas Geopolíticas na Nigéria: O Curioso Papel do FMI – 
1ª Parte, edição online, 2012: http://www.voltairenet.org/The-Geopolitical-Stakes-in- 
Nigeria 
 FAUSTINO Nuno, Avaliação da Eficiência Económico-Financeira das Farmácias: 
Uma Aplicação a Portugal, Tese de Mestrado em Gestão dos Serviços de Saúde, 
Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), Lisboa, 2009. 
 FERNANDES Abel, Economia Pública – Eficiência Económica e Teoria das 
Escolhas Colectivas, 2ª Edição, Sílabo, Lisboa, 2011. 
 FERRAZ Octávio e VIEIRA Fabiola, Direito à Saúde recursos Escassos e Equidade: 
Os Riscos da Interpretação Judicial Dominante, Vol.52, nº 01, Rio de Janeiro, 2009. 
 FRANK Robert, Micro economia e Comportamento, 6ª Edição, McGraw-Hill, Lisboa, 
2006. 
 HALL Robert e LIEBERMAN Marc, Micro economia – Princípios e Aplicações, 
Thomson Learning, São Paulo, 2003. 
 Instituto Nacional de Estatística, Índice de Preços no Consumidor de Luanda, Luanda, 
Dezembro 2010: www.ine.ao
 Instituto Nacional de Estatística, Nota de Imprensa do Índice de Preços no 
33 
Consumidor de Luanda, Nº 03, Luanda, 2011: www.ine.ao 
 LONDA Emílio, Política Energética em Angola: Como implementar um Processo de 
Reforma dos Subsídios aos Combustíveis com o mínimo de Efeitos Negativos, 1ª 
Colectânea de Teses Económicas, Centro de Estudos e Investigação Científica – 
Universidade Católica de Angola, Luanda, 2010. 
 MANKIW Gregory, Introdução à Economia, 3ª Edição, Thomson Learning, São 
Paulo, 2007. 
 MATTOS Eloisa, Estado e Políticas (Públicas) Sociais, Cadernos Cedes, Ano XXI, 
Nº 55, 2001: http://www.cedes.unicamp.br 
 MELO Marcus, O Desafio de Conciliar Eficiência e Equidade nos Sistemas Públicos 
de Saúde Modernos, Núcleo de Estudos de Gestão e Saúde – Ambiente e Negócios 
Sustentáveis (NUGES), Universidade Cândido Mendes do Rio de Janeiro, 2004. 
 MUHAMMAD Mustapha, Nigeria: Billions Siphoned by Corruption Could Have 
Been Used to Maintain Fuel Subsidy, Inter Press Service, 2012, 11 de Janeiro: 
http://www.globalissues.org/news/2012/01/11/12407 
 NEVES João, Introdução à Economia, 7ª Edição, Verbo, Lisboa – São Paulo, 2004. 
 OTUCHIKERE Chika e UKWU Chibunma, Nigeria: Aftermath of Subsidy Crisis 
Food Prices Hitting Roof Tops, 2012, 22 de Janeiro: 
http://allafrica.com/stories/201201231627.html 
 PALMEIRA Catarina, A Equidade no Acesso à Saúde: A Problemática do Sistema 
Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgias, Tese de Mestrado Integrado em 
Medicina, Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, 2010. 
 PEREIRA Manuel, Fiscalidade, 3ª Edição, Almedina, Coimbra, 2009. 
 PEREIRA Orlando, Importância da Intervenção Pública na Economia de Mercado, 
Estúdios Económicos de Desarrollo Internacional, Vol.5-1, Braga, 2005: 
http://www.usc.es/economet/aea.htm 
 PEREIRA Orlando, Políticas Públicas e Coesão Social, Estúdios Económicos de 
Desarrollo Internacional, Vol.5-2, Braga, 2005: http://www.usc.es/economet/aea.htm 
 PEREIRA Paulo et. al., Economia e Finanças Públicas, 4ª Edição, Escolar, Lisboa, 
2012. 
 QUEZA Armindo, Sistema de Saúde em Angola: Uma Proposta à Luz da Reforma do 
Serviço Nacional de Saúde em Portugal, Tese de Mestrado Integrado em Medicina, 
Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, 2010.
 ROCHA Alves, Desigualdades e Assimetrias Regionais em Angola – Os Factores de 
34 
Competitividade Territorial, CEIC – UCAN, Luanda, 2010. 
 ROCHA Oliveira, Gestão do Processo Político e Políticas Públicas, Escolar, Lisboa, 
2010. 
 SAMUELSON Paul e NORDHAUS William, Economia, 18ª Edição, McGraw-Hil, 
Lisboa, 2005. 
 SILVA Aníbal e NEVES Luís, Finanças Públicas e Política Macroeconómica, 2ª 
Edição, Serviços Editoriais da Universidade Nova, Lisboa, 1992. 
 SILVESTRE Hugo, Gestão Pública – Modelos de Prestação no Serviço Público, 
Escolar, Lisboa, 2010. 
 STIGLITZ Joseph, Conferência Sobre Distribuição e Crescimento Económico, 
Brasília, 1998, 14 de Julho. 
 ZAU Filipe, Educação em Angola – Novos Trilhos para o Desenvolvimento. 
Revistas e Jornais: 
 África Hoje. 
 Economia e Mercado. 
 Exame. www.exameangola.com 
 Expansão. http://www.expansao.sapo.ao 
 Jornal de Angola. www.jornaldeangola.sapo.ao 
 O país. http://www.opais.net 
 Sonangol Notícias. http://www.sonangol.co.ao

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Respostas Mankiw - Capítulo 25 (superior)
Respostas Mankiw - Capítulo 25 (superior)Respostas Mankiw - Capítulo 25 (superior)
Respostas Mankiw - Capítulo 25 (superior)Luciano Pires
 
Aula 13 produção e crescimento
Aula 13   produção e crescimentoAula 13   produção e crescimento
Aula 13 produção e crescimentopetecoslides
 
Renda nacional e Bem-estar Econômico
Renda nacional e Bem-estar EconômicoRenda nacional e Bem-estar Econômico
Renda nacional e Bem-estar EconômicoLuciano Pires
 
Serviço Público I (ISG 2013) Professor Doutor Rui Teixeira Santos
Serviço Público I  (ISG 2013) Professor Doutor Rui Teixeira SantosServiço Público I  (ISG 2013) Professor Doutor Rui Teixeira Santos
Serviço Público I (ISG 2013) Professor Doutor Rui Teixeira SantosA. Rui Teixeira Santos
 
02 finanças públicas - unifra
02   finanças públicas - unifra02   finanças públicas - unifra
02 finanças públicas - unifrateser
 
Sistema da qualidade na industria da construção civil
Sistema da qualidade na industria da construção civilSistema da qualidade na industria da construção civil
Sistema da qualidade na industria da construção civilAntonio Fabricio Fabricio
 
Apostila intr economia_pablo
Apostila intr economia_pabloApostila intr economia_pablo
Apostila intr economia_pablosuperduzao
 
Material introdução a economia 11º ano ii ciclo ensino geral angola
Material introdução a economia 11º ano   ii ciclo ensino geral angolaMaterial introdução a economia 11º ano   ii ciclo ensino geral angola
Material introdução a economia 11º ano ii ciclo ensino geral angolaJanísio Salomao
 
Respostas Mankiw - Capítulo 23 (superior)
Respostas Mankiw - Capítulo 23 (superior)Respostas Mankiw - Capítulo 23 (superior)
Respostas Mankiw - Capítulo 23 (superior)Luciano Pires
 

Mais procurados (15)

Respostas Mankiw - Capítulo 25 (superior)
Respostas Mankiw - Capítulo 25 (superior)Respostas Mankiw - Capítulo 25 (superior)
Respostas Mankiw - Capítulo 25 (superior)
 
Aula 13 produção e crescimento
Aula 13   produção e crescimentoAula 13   produção e crescimento
Aula 13 produção e crescimento
 
Renda nacional e Bem-estar Econômico
Renda nacional e Bem-estar EconômicoRenda nacional e Bem-estar Econômico
Renda nacional e Bem-estar Econômico
 
Leandro Couto - Agendas de Desenvolvimento Territorial - 2013
Leandro Couto - Agendas de Desenvolvimento Territorial - 2013Leandro Couto - Agendas de Desenvolvimento Territorial - 2013
Leandro Couto - Agendas de Desenvolvimento Territorial - 2013
 
Serviço Público I (ISG 2013) Professor Doutor Rui Teixeira Santos
Serviço Público I  (ISG 2013) Professor Doutor Rui Teixeira SantosServiço Público I  (ISG 2013) Professor Doutor Rui Teixeira Santos
Serviço Público I (ISG 2013) Professor Doutor Rui Teixeira Santos
 
02 finanças públicas - unifra
02   finanças públicas - unifra02   finanças públicas - unifra
02 finanças públicas - unifra
 
Sistema da qualidade na industria da construção civil
Sistema da qualidade na industria da construção civilSistema da qualidade na industria da construção civil
Sistema da qualidade na industria da construção civil
 
Programa de governo Marina Silva - Política agrária
Programa de governo Marina Silva - Política agráriaPrograma de governo Marina Silva - Política agrária
Programa de governo Marina Silva - Política agrária
 
Programa eleitoral psd
Programa eleitoral psdPrograma eleitoral psd
Programa eleitoral psd
 
PSD
PSDPSD
PSD
 
Apostila intr economia_pablo
Apostila intr economia_pabloApostila intr economia_pablo
Apostila intr economia_pablo
 
Material introdução a economia 11º ano ii ciclo ensino geral angola
Material introdução a economia 11º ano   ii ciclo ensino geral angolaMaterial introdução a economia 11º ano   ii ciclo ensino geral angola
Material introdução a economia 11º ano ii ciclo ensino geral angola
 
Respostas Mankiw - Capítulo 23 (superior)
Respostas Mankiw - Capítulo 23 (superior)Respostas Mankiw - Capítulo 23 (superior)
Respostas Mankiw - Capítulo 23 (superior)
 
IE aula 1
IE aula 1IE aula 1
IE aula 1
 
Economia mercados
Economia mercadosEconomia mercados
Economia mercados
 

Semelhante a Reduçao dos Subsídios aos Combustiveis em Angola: Eficiência ou Equidade?

Apostila de-economia-do-setor-publico-teoria-e-exercicio-2
Apostila de-economia-do-setor-publico-teoria-e-exercicio-2Apostila de-economia-do-setor-publico-teoria-e-exercicio-2
Apostila de-economia-do-setor-publico-teoria-e-exercicio-2Alecsandro Willamy
 
Aula 1_Economia Ambeintal
Aula 1_Economia AmbeintalAula 1_Economia Ambeintal
Aula 1_Economia AmbeintalAriel Gomes
 
Organização Pública e Privada do Desporto (Novembro de 2018) I Parte - Prof. ...
Organização Pública e Privada do Desporto (Novembro de 2018) I Parte - Prof. ...Organização Pública e Privada do Desporto (Novembro de 2018) I Parte - Prof. ...
Organização Pública e Privada do Desporto (Novembro de 2018) I Parte - Prof. ...A. Rui Teixeira Santos
 
Apostila de-economia-do-setor-publico-teoria-e-exercicios-versao-13
Apostila de-economia-do-setor-publico-teoria-e-exercicios-versao-13Apostila de-economia-do-setor-publico-teoria-e-exercicios-versao-13
Apostila de-economia-do-setor-publico-teoria-e-exercicios-versao-13Fabio Santiago
 
Organização Pública e Privada do Desporto (Direito Público Desportivo) - 1ª a...
Organização Pública e Privada do Desporto (Direito Público Desportivo) - 1ª a...Organização Pública e Privada do Desporto (Direito Público Desportivo) - 1ª a...
Organização Pública e Privada do Desporto (Direito Público Desportivo) - 1ª a...A. Rui Teixeira Santos
 
Teoria economica
Teoria economicaTeoria economica
Teoria economicadu FERREIRA
 
1001questescomentadas afo-cespe-
1001questescomentadas afo-cespe-1001questescomentadas afo-cespe-
1001questescomentadas afo-cespe-luakardo
 
O Papel do Estado no Crescimento Económico Endógeno de Longo Prazo numa Econo...
O Papel do Estado no Crescimento Económico Endógeno de Longo Prazo numa Econo...O Papel do Estado no Crescimento Económico Endógeno de Longo Prazo numa Econo...
O Papel do Estado no Crescimento Económico Endógeno de Longo Prazo numa Econo...Luís Carlos Cardoso
 
Ead Apostila 6 Hh Economia (IntroduçãO) Para AdministraçãO
Ead Apostila 6 Hh Economia (IntroduçãO) Para AdministraçãOEad Apostila 6 Hh Economia (IntroduçãO) Para AdministraçãO
Ead Apostila 6 Hh Economia (IntroduçãO) Para AdministraçãOR D
 
Políticas Públicas para Conservação de Energia
Políticas Públicas para Conservação de EnergiaPolíticas Públicas para Conservação de Energia
Políticas Públicas para Conservação de EnergiaHabitante Verde
 
Economia Publica. Prof. Doutor Rui Teixeira Santos. (ISCAD, 2011)
Economia Publica. Prof. Doutor Rui Teixeira Santos. (ISCAD, 2011)Economia Publica. Prof. Doutor Rui Teixeira Santos. (ISCAD, 2011)
Economia Publica. Prof. Doutor Rui Teixeira Santos. (ISCAD, 2011)A. Rui Teixeira Santos
 
O impacto econômico do PIS e da COFINS não cumulativos nas empresas empresas ...
O impacto econômico do PIS e da COFINS não cumulativos nas empresas empresas ...O impacto econômico do PIS e da COFINS não cumulativos nas empresas empresas ...
O impacto econômico do PIS e da COFINS não cumulativos nas empresas empresas ...berbone
 
Teste e Exame economia de agricultura e
Teste e  Exame economia de agricultura eTeste e  Exame economia de agricultura e
Teste e Exame economia de agricultura eCustdioArajoMiquitai
 
TD - 2000 - Do Equilíbrio Econômico-financeiro, da Política Tarifária e do Co...
TD - 2000 - Do Equilíbrio Econômico-financeiro, da Política Tarifária e do Co...TD - 2000 - Do Equilíbrio Econômico-financeiro, da Política Tarifária e do Co...
TD - 2000 - Do Equilíbrio Econômico-financeiro, da Política Tarifária e do Co...Delta Economics & Finance
 

Semelhante a Reduçao dos Subsídios aos Combustiveis em Angola: Eficiência ou Equidade? (20)

tributario_roteiro01.ppt
tributario_roteiro01.ppttributario_roteiro01.ppt
tributario_roteiro01.ppt
 
Apostila de-economia-do-setor-publico-teoria-e-exercicio-2
Apostila de-economia-do-setor-publico-teoria-e-exercicio-2Apostila de-economia-do-setor-publico-teoria-e-exercicio-2
Apostila de-economia-do-setor-publico-teoria-e-exercicio-2
 
Economia
EconomiaEconomia
Economia
 
Aula 1_Economia Ambeintal
Aula 1_Economia AmbeintalAula 1_Economia Ambeintal
Aula 1_Economia Ambeintal
 
Organização Pública e Privada do Desporto (Novembro de 2018) I Parte - Prof. ...
Organização Pública e Privada do Desporto (Novembro de 2018) I Parte - Prof. ...Organização Pública e Privada do Desporto (Novembro de 2018) I Parte - Prof. ...
Organização Pública e Privada do Desporto (Novembro de 2018) I Parte - Prof. ...
 
Apostila de-economia-do-setor-publico-teoria-e-exercicios-versao-13
Apostila de-economia-do-setor-publico-teoria-e-exercicios-versao-13Apostila de-economia-do-setor-publico-teoria-e-exercicios-versao-13
Apostila de-economia-do-setor-publico-teoria-e-exercicios-versao-13
 
Organização Pública e Privada do Desporto (Direito Público Desportivo) - 1ª a...
Organização Pública e Privada do Desporto (Direito Público Desportivo) - 1ª a...Organização Pública e Privada do Desporto (Direito Público Desportivo) - 1ª a...
Organização Pública e Privada do Desporto (Direito Público Desportivo) - 1ª a...
 
Financas publicas e o papel do estado
Financas publicas e o papel do estadoFinancas publicas e o papel do estado
Financas publicas e o papel do estado
 
Teoria economica
Teoria economicaTeoria economica
Teoria economica
 
1001questescomentadas afo-cespe-
1001questescomentadas afo-cespe-1001questescomentadas afo-cespe-
1001questescomentadas afo-cespe-
 
O Papel do Estado no Crescimento Económico Endógeno de Longo Prazo numa Econo...
O Papel do Estado no Crescimento Económico Endógeno de Longo Prazo numa Econo...O Papel do Estado no Crescimento Económico Endógeno de Longo Prazo numa Econo...
O Papel do Estado no Crescimento Económico Endógeno de Longo Prazo numa Econo...
 
Apostila de economia_i
Apostila de economia_iApostila de economia_i
Apostila de economia_i
 
Ead Apostila 6 Hh Economia (IntroduçãO) Para AdministraçãO
Ead Apostila 6 Hh Economia (IntroduçãO) Para AdministraçãOEad Apostila 6 Hh Economia (IntroduçãO) Para AdministraçãO
Ead Apostila 6 Hh Economia (IntroduçãO) Para AdministraçãO
 
Ex 1 (mercado de bens e monetario)
Ex 1 (mercado de bens e monetario)Ex 1 (mercado de bens e monetario)
Ex 1 (mercado de bens e monetario)
 
Políticas Públicas para Conservação de Energia
Políticas Públicas para Conservação de EnergiaPolíticas Públicas para Conservação de Energia
Políticas Públicas para Conservação de Energia
 
Economia Publica. Prof. Doutor Rui Teixeira Santos. (ISCAD, 2011)
Economia Publica. Prof. Doutor Rui Teixeira Santos. (ISCAD, 2011)Economia Publica. Prof. Doutor Rui Teixeira Santos. (ISCAD, 2011)
Economia Publica. Prof. Doutor Rui Teixeira Santos. (ISCAD, 2011)
 
O impacto econômico do PIS e da COFINS não cumulativos nas empresas empresas ...
O impacto econômico do PIS e da COFINS não cumulativos nas empresas empresas ...O impacto econômico do PIS e da COFINS não cumulativos nas empresas empresas ...
O impacto econômico do PIS e da COFINS não cumulativos nas empresas empresas ...
 
Guia
GuiaGuia
Guia
 
Teste e Exame economia de agricultura e
Teste e  Exame economia de agricultura eTeste e  Exame economia de agricultura e
Teste e Exame economia de agricultura e
 
TD - 2000 - Do Equilíbrio Econômico-financeiro, da Política Tarifária e do Co...
TD - 2000 - Do Equilíbrio Econômico-financeiro, da Política Tarifária e do Co...TD - 2000 - Do Equilíbrio Econômico-financeiro, da Política Tarifária e do Co...
TD - 2000 - Do Equilíbrio Econômico-financeiro, da Política Tarifária e do Co...
 

Reduçao dos Subsídios aos Combustiveis em Angola: Eficiência ou Equidade?

  • 1. Adolfo Sukuakuece1 Redução dos Subsídios aos Combustíveis em Angola: Eficiência ou Equidade? Benguela, 2014 1 Licenciado em Economia e Gestão pelo Instituto Superior Politécnico Jean Piaget de Benguela. Co-orientador de Monografias. Professor de Introdução à Economia no IIº Ciclo do Ensino Secundário. Correio electrónico: adolfosukuakuece@yahoo.pt
  • 2. 2 Pensamento “O conflito entre eficiência e equidade é o nosso principal antagonismo socioeconómico, atormentando-nos em múltiplos aspectos da política social. Não é possível termos o bolo da eficiência do mercado e depois reparti-lo equitativamente”. Arthur Okun (1975)
  • 3. 3 Índice Introdução 1. ENQUADRAMENTO TEÓRICO 1.1. Eficiência, equidade e políticas públicas 1.1.1. Eficiência 1.1.2. Equidade 1.1.3. Políticas públicas 1.2. Eficiência e equidade nas políticas públicas: económicas e sociais 1.2.1. Eficiência e equidade na política orçamental 1.2.2. Eficiência e equidade nas políticas de saúde e educação Saúde Educação 1.3. Conflito versus arbitragem entre eficiência e equidade 2. SUBSÍDIOS AOS PREÇOS DOS COMBUSTÍVEIS 2.1. Subsídios aos combustíveis: as provas internacionais 2.2. Redução dos subsídios aos combustíveis: a lição da Nigéria 2.3. Subsídios aos combustíveis em Angola e as vantagens do “preço de mercado” 2.4. Redução dos subsídios aos combustíveis (gasolina e gasóleo) em 2010 em Angola 3. IMPACTO DA REDUÇÃO DOS SUBSÍDIOS AOS COMBUSTÍVEIS 3.1. Impacto inflacionário da redução dos subsídios aos combustíveis em 2010 3.2. Impacto sobre a população nas cidades de Benguela e Lobito Conclusão e Recomendações Bibliografia
  • 4. 4 Introdução Este artigo é uma reflexão sobre “conflito versus arbitragem entre eficiência e equidade na prossecução das políticas públicas” nomeadamente “a redução dos subsídios aos combustíveis em Angola”. É um tema que julgamos pertinente, actual e bastante interessante, porquanto registou-se recentemente uma nova subida dos preços dos combustíveis, resultante da redução dos subsídios aos combustíveis. As questões de eficiência e equidade traduzidas quer na função afectação quer na função distribuição têm sido cada vez mais controversas à medida que as sociedades crescem economicamente. Devem as famílias ter rendimentos garantidos? Ou apenas garantias de educação básica e cuidados primários de saúde? Devem os impostos progressivos redistribuir rendimentos e riqueza dos ricos para os pobres? Ou deve a política (pública) tributária ter como principal objectivo a promoção da eficiência? As soluções para esses problemas podem ser justificadas com base em argumentos tanto morais como práticos. O Estado intervém na economia com o objectivo de promover a eficiência e a equidade, corrigindo as falhas de mercado para satisfazer as necessidades públicas. Neste sentido, é necessário estudar a dimensão socioeconómica dos dois objectivos da intervenção do Estado na economia. Algumas políticas do Estado podem privilegiar a promoção da equidade e/ou justiça social em detrimento da eficiência. Consideremos, por exemplo, as políticas públicas que têm por objectivo atingir uma distribuição igualitária do bem-estar, algumas delas como os subsídios aos combustíveis e energia eléctrica em Angola procuram ajudar os membros mais necessitados da sociedade, outras como o Imposto sobre o Rendimento de Trabalho (IRT) permitem que os indivíduos com maior rendimentos contribuam mais do que os outros para sustentar o governo. Embora essas políticas públicas tragam o benefício de levar a uma maior equidade, elas têm um custo em termos da diminuição da eficiência. No entanto, a promoção da eficiência e da equidade como pressupostos teóricos da intervenção do Estado na economia encontra-se descrita na Constituição da República de Angola: art.º 21, alínea p) O “Estado promove a eficiência no desempenho dos cidadãos, das instituições e das empresas e serviços, nos diversos aspectos da vida e sectores de actividade”, e art.º 90, alínea a) “O Estado promove o desenvolvimento social através da adopção de critérios de redistribuição da riqueza que privilegiam os cidadãos e em particular os extractos sociais mais vulneráveis e carenciados da sociedade”.
  • 5. A abordagem deste tema ganhou maior interesse quando em 2010 a Assembleia Nacional de Angola, no Orçamento Geral de Estado Revisto para o referido ano, aprovou a redução em 20 (vinte) porcento, numa base anual, dos subsídios à gasolina e ao gasóleo. Os preços da gasolina e do gasóleo passaram de 40 e 29 kwanzas para 60 e 40 kwanzas respectivamente. Esta redução/subida acarretou também a subida dos preços de outros bens e serviços sobretudo os serviços colectivo de transportes. 5  Em que medida a redução dos subsídios aos combustíveis por parte do Estado Angolano reduz ou não o conflito permanente entre eficiência e equidade? Os objectivos que nortearam esta reflexão são os seguintes:  Compreender e explicar a racionalidade política e/ou económica que justificou a redução dos subsídios aos combustíveis em Angola;  Analisar o impacto da redução dos subsídios aos combustíveis na economia e na vida do cidadão. Para conceitualização dos termos em uso no presente estudo procurou-se, na sequência da pesquisa de secretária e do levantamento de bibliografia, ver respondidas as principais questões do conflito versus arbitragem eficiência-equidade nas políticas públicas. O estudo de carácter empírico visou com base num conjunto de dados obtidos em tempo real tornar possível demonstrar o impacto da redução dos subsídios aos combustíveis (subida dos preços dos combustíveis) sobre a população nas cidades de Benguela e Lobito. No total foram realizados 80 (oitenta) inquéritos2, distribuídos por quatro categorias diferentes: (i) 40 (quarenta) utentes do serviço colectivo de transportes; (ii) 20 (vinte) automobilistas; (iii) 10 (dez) moto-taxistas; (iv) 10 (dez) moradores do bairro “Praia do Bébé” – Município de Catumbela. A escolha da localidade da “praia do bebé” – município de Catumbela justifica-se pelo facto de ser um bairro periférico e sem electricidade da rede pública. Os automobilistas (das cidades de Benguela, Lobito e Catumbela) pelo facto de se pretender avaliar o impacto da redução dos subsídios sobre a classe média da população. Os utentes do serviço colectivo de 2 Os inquéritos foram realizados logo após os reajustes dos preços dos combustíveis registados em Setembro de 2010.
  • 6. transportes (troço Lobito-Catumbela-Benguela) pelo impacto directo da subida dos preços da gasolina e do gasóleo sobre os transportes bem como pela variedade de indivíduos que utilizam estes serviços. E, os moto-taxistas – município da Catumbela por congregar maioritariamente a população desfavorecida bem como pela sensibilidade deste sector relativamente aos aumentos dos preços da gasolina e do gasóleo. 6
  • 7. 7 1. ENQUADRAMENTO TEÓRICO 1.1. Eficiência, equidade e políticas públicas 1.1.1. Eficiência O conceito de eficiência pode ser definido segundo três noções ou dimensões: eficiência técnica (ou produtiva), eficiência na utilização de recursos (ou alocativa) e eficiência económica. A eficiência técnica parte do princípio que para se obter um determinado resultado há várias combinações possíveis de recursos que podem ser usados, ou seja, existe um conjunto de combinações de recursos susceptíveis de serem utilizados. Dentro desse conjunto, é possível encontrar as combinações de recursos tais que se o montante de um qualquer recurso diminuir (mantendo os restantes constantes), o resultado que se pretende obter não é alcançado. Essas combinações constituem o conjunto de afectações de recursos tecnicamente eficientes. Existindo possibilidades de substituição entre recursos para atingir o mesmo fim, este conjunto de afectações de recursos tecnicamente eficientes inclui mais do que uma possibilidade. A noção de eficiência técnica é então uma noção de “ausência de desperdício”: sempre que existir desperdício, é possível retirar alguma quantidade de pelo menos um factor produtivo sem que o resultado final deixe de poder ser alcançado. Ou seja, a eficiência técnica trata da minimização de custos. Assim, e adoptando uma perspectiva de maximização de resultados, a eficiência técnica é alcançada quando a empresa produzir o máximo resultado possível para uma dada combinação de factores produtivos ou recursos. Desta última perspectiva surge o conceito de Fronteira de Possibilidades de Produção (FPP). Admita-se, para efeito de ilustração, que um País produz apenas dois bens: combustíveis e alimentos. Suponhamos que, utilizando todos os seus factores produtivos ou recursos disponíveis, o País ao produzir a quantidade B de combustíveis já não pode fabricar qualquer alimento e ao produzir A de alimentos, já não possui recursos para produzir combustíveis, dada a tecnologia existente. Graficamente, a Fronteira de Possibilidades de Produção pode ser construída do seguinte modo:
  • 8. 8 Figura 1 – Fronteira das Possibilidades de Produção com dois bens (combustíveis e alimentos) Na figura acima a eficiência produtiva é alcançada quando é impossível produzir mais de um bem sem produzir menos de algum outro bem; isto significa que a produção está sobre a fronteira de possibilidades de produção, ponto A, B, C ou E. Os movimentos ao longo da fronteira das possibilidades de produção ilustram que a produção de mais alimentos significa produzir menos combustíveis. O ponto A da figura representa o número máximo de produção de alimentos em determinado momento utilizando todos os recursos disponíveis (terra, trabalho, capital e tecnologia). Como nesse ponto estaríamos a utilizar todos os recursos para a produção de alimentos, não produziríamos qualquer outro bem. O ponto B, ao contrário, mostra o máximo de produção possível para combustíveis, mas isso implica que nenhum dos meios de produção fosse utilizado para os alimentos. Se a economia estiver, inicialmente, a operar no ponto B, para que ela se mova ao ponto C (para produzir mais alimentos), os recursos deverão ser retirados da produção de combustíveis. Caso a economia esteja localizada inicialmente no ponto D, dentro da fronteira das possibilidades de produção, não está a produzir a quantidade máxima de alimentos nem de máquinas. Ao nos movermos para o ponto E, podemos produzir mais combustíveis sem produzir menos alimentos. Portanto, em D, a economia é produtivamente ineficiente. A imposição de eficiência técnica permite escolher algumas utilizações de recursos melhores que outras. No entanto, não aponta dados suficientes para escolher qual dessas é a melhor combinação de recursos. Mas existindo várias combinações de recursos que são tecnicamente eficientes, como escolher a melhor de entre elas? O critério não pode ser o de desperdício (físico) de recursos uma vez que esse desperdício foi já eliminado com a
  • 9. imposição de eficiência técnica. O critério proposto pela teoria económica é o de eficiência na utilização de recursos. Esta noção de eficiência caracteriza uma situação de eficiência pela característica fundamental de, para os preços dos recursos utilizados, minimizar o custo de obter o resultado pretendido. Para se atingir a eficiência económica os benefícios marginais sociais têm de igualar os custos marginais sociais, isto é, o custo de mais uma unidade produzida tem de ser igual ao benefício resultante da produção desse mesmo bem. Contudo, a eficiência económica engloba as noções de eficiência técnica (ou produtiva) e a de eficiência na utilização de recursos (ou alocativa). 9 1.1.2. Equidade Ao contrário de eficiência, o conceito de equidade é de difícil definição. Por um lado, reporta aos processos e à justiça administrativa, assim como pode considerar o sentido de neutralidade e justiça na prestação de serviços e políticas, bem como, se pode referir à discriminação positiva em favor de grupos mais desfavorecidos. Por outro, integra a noção de meritocracia, isto é, cada indivíduo deve ser recompensado pelo seu próprio esforço. A noção de equidade abrange o significado de igualdade e de justiça social, e exige aos indivíduos o seu envolvimento com o objectivo de corrigir as situações de distribuição dos resultados da produção. Por sua vez, o conceito de igualdade compreende fundamentalmente o direito de acesso a bens e serviços públicos pelos indivíduos, por exemplo, o Estado deve promover a igualdade no acesso ao ensino superior público. Esta igualdade é realizada através dos exames de admissão, com tempo de realização igual para todos, e todos os cidadãos realizarão as provas. Harrison apud Silvestre define a equidade como o “grau em que para iguais necessidades (primárias) entre os indivíduos existe uma igual determinação para a sua satisfação”. Ao passo que na perspectiva de Pereira equidade são “critérios que permitem determinar os efeitos da distribuição da carga fiscal e dos benefícios da despesa pública no bem-estar social”. Portanto, no nosso entendimento a equidade pode ser definida e/ou obtida através de dois aspectos fundamentais: (i) Redistribuição do rendimento e da riqueza; (ii) Igualdade no acesso aos bens e serviços básicos ou primários.
  • 10. No primeiro aspecto, estamos em presença de redistribuição equitativa – mas não necessariamente igualitária – da riqueza e do rendimento (pessoal e/ou nacional), ao passo que no segundo a equidade se confunde com a igualdade (de direitos e oportunidades). Em muitos casos, a equidade é dividida em equidade horizontal e equidade vertical, ou seja, tratamentos iguais para pessoas iguais e tratamentos diferentes para pessoas desiguais. 10 1.1.3. Políticas públicas O estudo das políticas públicas tem por objecto as decisões políticas que têm impacto na vida dos cidadãos, ou o resultado da acção/actividade governamental. São formas de actuação dos governos e traduzem-se em instrumentos reguladores do comportamento dos agentes económicos, utilizados pelo Estado para regular, mas também para intervir e incentivar. Elas visam a construção de uma sociedade mais justa, mais humana, mais equilibrada e mais coesa. Porém, as políticas públicas consideram, por um lado, a dimensão económica que pode ser vista como função afectação e, por outro, a dimensão social que é entendida como função distribuição. As duas dimensões traduzem o “Estado em acção”, ou seja, as instituições do Estado implementam o projecto do Governo democraticamente eleito através de programas e políticas voltadas para sectores específicos da sociedade. Os seus princípios orientam-nas para a luta no combate às “Falhas de Mercado”, por exemplo, bens públicos, monopólios, externalidades e informação assimétrica. Da viciação dos mercados surgem distúrbios na eficiência, quer seja ao nível da produção, quer seja ao nível da distribuição, o que provoca desvios no tipo e na intensidade de bem-estar. Perante tal facto, o que se traduzem em ineficiência de mercado, o governo actua com o propósito de melhorar a alocação de recursos, define políticas públicas e elege a que se apresenta com a maior probabilidade de fazer funcionar melhor o mercado, actuando ao nível da provisão de bens/serviços e da regulação do mercado. Segundo Palumbo apud Rocha as políticas públicas podem ser classificadas tendo em conta as respectivas áreas: política social (saúde, educação, protecção social, habitação), económica (orçamental, fiscal, monetária e cambial), justiça, defesa e segurança, energia e ambiente. Contudo, as políticas públicas respondem a preferências; traduzem-se em escolhas públicas e são orientadas para a resolução de questões previamente identificadas, isto é, para objectivos específicos.
  • 11. 11 1.2. Eficiência e equidade nas políticas públicas: económicas e sociais 1.2.1. Eficiência e equidade na política orçamental As finanças públicas exercem uma influência considerável na economia, podendo a sua acção ser dirigida para alcançar determinados objectivos do Estado. Para levar a cabo a implementação da política orçamental, o Estado tem ao seu dispor um conjunto de instrumentos, receitas e despesas públicas. A parte da receita inclui rendimentos que o Governo tem expectativa de colectar de variadas fontes. Para alcançar objectivos do Estado a política orçamental deve privilegiar, por um lado, a eficiência na utilização dos recursos, que as decisões quanto a produção e consumo dos bens e serviços que são vendidos no mercado sejam determinados pelos seus respectivos custos e benefícios, por outro lado, a equidade na distribuição de bens/serviços, satisfação das necessidades sociais através do fornecimento de bens e serviços que pela sua natureza não são susceptíveis de ser vendidos no mercado a consumidores individuais, não podendo ser excluídos dos seus benefícios àqueles que não pagam um preço. Para tal, o Estado tem de realizar despesas públicas na proporção desses bens e serviços. Através dos impostos e transferências o Governo pode exercer uma influência considerável sobre a eficiência e a equidade, redistribuir bens e/ou serviços das classes de altos rendimentos para as de baixos rendimentos. Mas, a tomada de decisões exige geralmente escolher um objectivo em detrimento de outro. Na política orçamental, quanto mais se gasta, por exemplo, em despesas com subsídios aos combustíveis para tornar o produto mais acessível à todos os cidadãos, menos se pode gastar com a educação e/ou a saúde. Em 2008, por exemplo, as despesas com os subsídios aos combustíveis em Angola representaram cerca de 6,6% do total das despesas do Orçamento Geral do Estado. Porém, foram 4.9 vezes maior que as despesas com o ensino primário e 9.7 vezes maior que as despesas com o ensino superior. De igual modo, as despesas com os subsídios foram superiores as despesas com a saúde pública em 24 vezes, as despesas totais com o abastecimento de água em 6.5 vezes e as despesas totais com a agricultura em 1.6 vezes.
  • 12. 12 1.2.2. Eficiência e equidade nas políticas de saúde e educação a) Saúde Quando se analisam políticas de saúde em Angola, não se pode esquecer a Constituição da República de Angola (2010) que reconhece a saúde como direito fundamental dos cidadãos e dever do Estado. Artigo 21º alínea f) o Estado tem a responsabilidade de “promover políticas que permitam tornar universais e gratuitos os cuidados primários de saúde”, e artigo 77º nº 1) “o Estado promove e garante as medidas necessárias para assegurar a todos o direito à assistência médica e sanitária, bem como o direito à assistência na infância, na maternidade, na invalidez, na deficiência, na velhice e em qualquer situação de incapacidade para o trabalho, nos termos da lei”. No entanto, a ideia de universalidade (acesso para todos) só faz sentido à luz do princípio da igualdade. O que justifica a inclusão de todos, sem qualquer distinção, nas políticas públicas de saúde. É o reconhecimento de que todos são iguais, ou seja, todos merecem igual respeito e consideração do Estado quando este elabora e implementa as políticas de saúde. O princípio da igualdade3 indica que nenhum cidadão, independentemente da ascendência, sexo, cor, raça, etnia, localização geográfica, língua, religião, grau de instrução, convicções políticas, ideológicas ou filosóficas, condição económica ou social ou profissão, deve ser privado ou excluído de qualquer direito, entre os quais o “direito à saúde”. Mas, tal como se sabe, os recursos são escassos perante as necessidades ilimitadas. Assim, para se alcançar a equidade nas políticas públicas de saúde é necessário responder as duas questões fundamentais de escassez de recursos: quanto deve ser alocado à saúde em relação as outras áreas em que o Estado deve investir? E como os recursos destinados exclusivamente à saúde devem ser alocados para atender as diversas necessidades de saúde da população? A primeira questão implica a valoração da saúde em relação a outros interesses que uma sociedade geralmente também valoriza, como educação, desporto, ambiente, cultura, segurança interna e externa, etc. A segunda requer a identificação de prioridades dentro da área da saúde entre diversas necessidades de saúde e distintas possibilidades de acção (políticas de saúde). Ambas as decisões envolvem complexos argumentos de justiça distributiva e importantes dificuldades políticas. 3 Artigo 23.º da Constituição da República de Angola 2010.
  • 13. A questão central a ser tratada pelas políticas que almejam equidade em saúde é a “redução ou eliminação das diferenças entre indivíduos resultantes de factores considerados evitáveis e injustos”, criando assim igual oportunidade no acesso aos serviços de saúde. Recordando a curva da fronteira de possibilidade de produção, a mesma indica o nível máximo de resultados que se pode obter com um dado recurso disponível, isto é, o nível mínimo de recurso necessário para atingir determinado resultado. Alguns estudos sugerem que se dois países têm iguais montantes de despesas com a saúde, devem alcançar iguais resultados (iguais indicadores de saúde) – o que nem sempre se verifica. 13 b) Educação A Constituição da República de Angola (2010) também reconhece a educação como direito fundamental dos cidadãos e dever do Estado. Artigo 79º (direito ao ensino), nº 1) “O Estado promove o acesso de todos à alfabetização e ao ensino, estimulando a participação dos diversos agentes particulares na sua efectivação, nos termos da lei”. Os sistemas educacionais são eficientes quando os meios investidos produzem resultados máximos. Ao passo que a equidade representa o grau em que os indivíduos podem beneficiar da educação e da formação, em termos de oportunidades, acesso, tratamento e resultados. Um sistema educacional é equitativo quando os resultados da educação e da formação são independentes do meio socioeconómico e de outros factores geradores de desvantagens educativas e quando o tratamento reflecte as necessidades específicas dos indivíduos em matéria de aprendizagem. A integração da eficiência e equidade em todos os níveis dos sistemas de educação e formação deverá garantir o acesso de todos, em especial das pessoas mais desfavorecidas, ao ensino e à formação, permitindo reduzir os custos que as desigualdades em termos de educação e formação implicam. A educação afecta todo o tipo de resultado do desenvolvimento humano. Mais do que uma simples fonte de conhecimento, a educação promove melhor higiene e aumenta a utilização de serviços de saúde. Políticas de educação para todos proporcionam, pelo contrário, a possibilidade de maximizar os benefícios a longo prazo, reduzir os custos económicos e sociais e constitui um valor acrescentado para outros domínios políticos como o desenvolvimento sustentável e a coesão social. Tal como refere Zau, “num mundo globalizado, onde reina a tecnologia e onde se agravam as desigualdades da qualidade de vida das populações, só a aquisição de um adequado nível de conhecimentos constitui factor de crescimento económico e de
  • 14. desenvolvimento dos povos. Isto faz com que a educação seja vista a várias escalas de análise, cada uma delas exigindo medidas de intervenção adequadas, já que a chave da alteração de fundo das condições de desenvolvimento de um País se encontra na educação e na formação profissional dos seus recursos humanos”. Assim sendo, há um conjunto de necessidades educativas a serem adquiridas por todos os cidadãos, independentemente da sua condição social ou financeira. É evidente que as políticas sociais implicam um esforço financeiro para o Estado, mas os custos da inacção dessas políticas são muito mais onerosos. A experiência mostra que o investimento pesado nas políticas sociais sobretudo na educação, saúde e formação profissional na Ásia Oriental foram considerados os responsáveis pelo êxito das economias daqueles países. Assim, para os países como Angola poder romper as armadilhas da pobreza e do subdesenvolvimento são necessários maiores investimentos na saúde e na educação. Estes investimentos contribuem para o crescimento económico, o que se repercute no desenvolvimento humano. 14 1.3. Conflito versus arbitragem entre eficiência e equidade Em termos mais simples uma situação de conflito ocorre quando uma acção que visa à resolução de determinado problema conduz, obrigatoriamente, a outros. Na verdade, o conflito entre eficiência e equidade manifesta-se no princípio de que “nada é de graça”. Para conseguirmos algo que queremos, geralmente precisamos abrir mão de outra coisa de que gostamos. Consideremos, por exemplo, uma estudante que precise decidir como alocar seu recurso mais precioso – o tempo. Ela pode passar todo o seu tempo a estudar fiscalidade, ou a estudar gestão estratégica, ou pode dividir seu tempo entre as duas disciplinas. Para cada hora que passa a estudar uma matéria, ela abre mão de uma hora que poderia usar para estudar a outra. E, para cada hora que passa a estudar qualquer uma das duas matérias, abre mão de uma hora que poderia gastar a ver televisão. A principal questão relacionada com a equidade prende-se com o efeito que a redistribuição pode ter sobre o rendimento, o desempenho e a eficiência. Se o Estado retira a uns para dar a outros, por exemplo, se tira aos que produzem e possuem para dar aos que não têm ou outra redistribuição considerada justa, é natural que uns e outros reduzam a sua produção. Aqueles a quem se tira podem pensar que não vale a pena produzir se depois o Estado vai tirar o seu resultado, e os que recebem podem considerar que como o Estado dá de qualquer modo o esforço é demasiado. “Se a sociedade quer ter uma distribuição mais justa
  • 15. tem de pagar em menor nível de vida global”. Uma política pública fortemente redistributiva pode reduzir a recompensa pelo trabalho árduo e aquilo que os indivíduos estarão dispostos a trabalhar será certamente menor, pelo que o rendimento gerado na economia será menor. Em outras palavras, quando o governo tenta repartir o bolo económico em fatias mais iguais, o bolo diminui de tamanho. 15 Figura 2 – Conflito entre eficiência e equidade Por vezes, por razões de equidade, a intervenção dos poderes públicos leva a um fornecimento de certos bens de forma gratuita ou a um preço significativamente abaixo do custo médio ou marginal para os seus utilizadores. Ora, essa provisão gratuita leva normalmente a um sobreconsumo (uma ineficiência), pois os consumidores não são confrontados nem estão a pagar o verdadeiro custo para a sociedade da produção desse bem. O conflito entre eficiência e equidade também é, portanto, manifesto nesta situação, pois a utilização de preços subsidiados (ou administrativos ou políticos), abaixo dos preços de mercado, reflecte-se numa afectação de recursos ineficientes, em que demasiados recursos são investidos num dado sector/bem, em detrimento de aplicações noutros sectores/bens. A busca de eficiência nas políticas públicas envolve também dimensões sociais e humanas tornando-se, por essa razão, um grande desafio para os decisores políticos e não só. Reconhecer o conflito entre eficiência e equidade não nos diz, por si só, quais as decisões que o Estado deve adoptar. Contudo, a equidade não deve ser ignorada só porque os subsídios aos combustíveis levam normalmente a um sobreconsumo dos referidos combustíveis, conduzindo por isso à ineficiência. A eventual perda em termos de eficiência pode ser compensada pelo ganho em equidade e pela aceitação das políticas públicas pelos indivíduos. Por outro lado, pode-se almejar não apenas o aumento do Produto Interno Bruto e da eficiência, mas também a melhoria nos padrões de vida dos cidadãos e maior equidade
  • 16. traduzidas pelo aumento nos padrões de saúde, alfabetização e saneamento básico. O Estado é um importante centro de decisão nas economias modernas devendo responder os problemas fundamentais da sociedade em prol da melhoria do bem-estar de todos os cidadãos. 16
  • 17. 17 2. SUBSÍDIOS AOS PREÇOS DOS COMBUSTÍVEIS 2.1. Subsídios aos combustíveis: as provas internacionais Subsidiar os combustíveis é uma prática corrente em muitos países produtores/exportadores de petróleo tais como o Angola, Iraque, Irão, Arábia Saudita, Líbia, Egipto, Argélia, Indonésia, Malásia, Venezuela e Bolívia. Segundo estudo da Agência Internacional de Energia (AIE), os subsídios aos combustíveis fósseis (gás, petróleo e carvão) em todo mundo totalizaram 409 mil milhões de dólares em 2010. O estudo enfatiza que, sem uma reforma no sistema, os combustíveis fósseis devem receber 660 mil milhões de dólares por volta de 2020. E assinala ainda que o corte no apoio financeiro a esses combustíveis seria uma das medidas mais eficazes para combater as mudanças climáticas. A agência também revela que apenas cinco (5%) a dez (10%) porcento do volume total de subsídios aos fósseis destinam-se à faixa dos vinte porcento (20%) mais pobres da população mundial. As tentativas de eliminação dos subsídios aos combustíveis podem, porém, ser muito pouco apreciadas. Na Indonésia, por exemplo, os protestos motivados por uma tentativa de aumento dos preços dos combustíveis, em 1998, levaram a uma série de acontecimentos que culminaram com a queda do regime presidido por Suharto. Em 2005, violentos protestos públicos contra o aumento dos preços dos combustíveis, deixaram pelo menos 12 pessoas mortas no Iémen. Na Nigéria, o Nigerian Labour Congress (NLC) convocou uma greve geral de 4 dias, iniciada em 11 de Outubro de 2004, a título de protesto contra o aumento de 25% dos preços dos combustíveis. Os bancos, escritórios governamentais, escolas, hospitais, fábricas nacionais, lojas e estações de abastecimento em todo o País apoiaram a greve. Prevendo a oposição do público aos aumentos dos preços dos combustíveis, hoje em dia as autoridades tentam, normalmente, baixar a incidência de protestos públicos e distúrbios sociais com o anúncio de várias medidas paliativas, implementação de um programa de alterações graduais dos preços ou até adiando os aumentos de preços. Os ajustamentos de preços recentes tendem a ser graduais e não bruscos, porque as alterações abruptas do passado deram azo a instabilidade política, revoltas e, no caso da Indonésia, à queda do Governo. A população parece preferir uma mudança relativa dos preços do que uma alteração absoluta. Em vésperas de eleições, a escolha é atrasar a decisão.
  • 18. 2.2. Redução dos subsídios aos combustíveis: a lição da Nigéria Apesar de a Nigéria ter petróleo abundante e com ganhos em receitas de exportação suficientes para construir a sua infra-estrutura interna, a política do governo deixou cair em ruínas a sua capacidade interna de refinação de petróleo. A consequência é que a maioria da gasolina e de outros produtos petrolíferos refinados usados para transportes e indústria, têm de ser importados. Para proteger a população dos custos elevados com a importação de gasolina e de outros combustíveis refinados, o governo nigeriano tem preços subsidiados, até 1 de Janeiro de 2012, altura em que o Presidente da República, Goodluck Jonathan, anunciou a remoção imediata de todos os subsídios aos combustíveis. Os preços da gasolina em poucas horas dispararam quase para três vezes mais, desde os 65 naira (35 cêntimos de dólar) por litro para 150 naira (93 cêntimos). O governo nigeriano justificou “o fim dos subsídios aos combustíveis (cerca de oito mil milhões de dólares) com a necessidade de financiar a modernização das infra-estruturas do País”, isto é, a poupança dos subsídios será usada na prestação de serviços sociais que irão beneficiar mais os nigerianos e salvar o país das dificuldades sociais. O impacto da remoção dos subsídios espalhou-se por toda a economia, incluindo aos preços dos bens e serviços básicos. O alto e inesperado aumento dos combustíveis desencadeou protestos por todo o país com ameaças e mortes que levou a uma tensão política e social em meados de Janeiro de 2012. Além das manifestações contra a subida dos preços dos combustíveis, o País também enfrenta conflito entre cristãos e muçulmanos. Na sequência de protestos e paralisações, os sindicatos convocaram uma greve geral e exigiam o restabelecimento integral dos subsídios aos combustíveis e a reposição dos preços dos refinados. Goodluck Jonathan, Presidente da República, anunciou a reposição do preço da gasolina em trinta porcento (30%) para terminar com a greve geral no País, mas lembrou que vai manter a liberalização completa do sector petrolífero. Referiu que “o governo vai prosseguir com a liberalização do sector petrolífero, mas atendendo às dificuldades do povo nigeriano foi aprovada a diminuição/reposição dos preços dos combustíveis”. 18
  • 19. 19 2.3. Subsídios aos combustíveis em Angola e as vantagens do “preço de mercado” O Executivo angolano justifica a sua política de subsídios aos preços dos combustíveis4 por entendê-la como sendo um dos meios privilegiados de fomento do consumo e de garantia do poder de compra do cidadão cuja renda média anda significativamente abaixo do valor real de alguns produtos de primeira necessidade. Os subsídios aos combustíveis compensam os baixos salários da população e a falta ou limitação no acesso aos serviços públicos. Alguns estudos mostram que para além da necessidade de compensar os baixos salários e possibilitar o acesso aos serviços essenciais, a política de subsídios constitui uma forma de transferência do Estado. Promovem transferências necessárias para algumas famílias pois mantêm baixos os custos dos transportes. Ambos os efeitos ajudam as famílias a comportarem o consumo de alguns bens e serviços. Os combustíveis baratos podem permitir que as famílias cozinhem, tenham iluminação em casa e utilizem os transportes públicos. Apesar da sua natureza de apoio social, observadores atentos ao cenário económico nacional alertam, entretanto, que a política do Executivo Angolano que subvenciona determinados preços, além de não ser eficiente por prejudicar os beneficiários primários, acarreta custos elevados para o Estado e pode ser um dos factores de desincentivo ao investimento privado. Constitui uma solução injusta e inadequada para a redistribuição equitativa dos rendimentos porquanto os subsídios aos combustíveis são uma prática que beneficia essencialmente os cidadãos mais ricos. As famílias mais pobres não possuem automóveis ou não têm acesso à energia eléctrica o que significa que na prática não beneficiam dos subsídios. O que dificulta o seu propósito como instrumento de transferência do Estado para as famílias mais carenciadas. Como que uma espécie de contributo para uma política de subsídios mais justa, Tim Harford argumenta contra o que se pode chamar de “subsídios generalizados”, por também beneficiarem grupos-alvo não desejados. “Quem pode pagar pelo preço real deve mesmo pagar, ficando o Estado com a obrigação de ajudar os mais desfavorecidos na aquisição dos bens essenciais”, isto é, pague directamente aos necessitados. No caso de Angola, defendem observadores, a implementação dessa medida poderia confrontar-se com a ausência do censo populacional que permita conhecer o número e o nível de vida das populações e assim 4 De recordar que em Angola os combustíveis subsidiados pelo Estado são: gasolina, gasóleo, gás de botija também denominado gás liquefeito de petróleo (GPL), petróleo iluminante, asfalto, fuel leve e fuel pesado.
  • 20. institucionalizar-se subsídios, como o de desemprego, que podem ser distribuídos directamente a quem realmente precisa. Advogam que a política de subsídios deve reverter-se a favor dos sectores como a agricultura, pescas e indústria sobretudo numa altura em que se tornou recorrente a preocupação com a diversificação da estrutura base da economia. Num estudo sobre o impacto da eliminação gradual dos subsídios aos preços, o Banco Mundial conclui que “as famílias pobres normalmente acham que é difícil ter acesso à prestação formal de serviços públicos e têm de recorrer a mercados secundários (informais) em alguns casos (tais como água e alguns tipos de combustíveis) onde pagam um preço mais alto”. Este estudo acrescenta que embora essas famílias sejam os potenciais beneficiários dos preços subsidiados nem todas têm meios financeiros para os comprar ou para terem acesso fácil a estes combustíveis. De uma forma geral os preços subsidiados têm beneficiado sobretudo os ricos e não os pobres. Neste sentido, o Estado angolano gasta muitos milhões de kwanzas tendo predominantemente como destinatárias as famílias mais ricas. Este problema ainda se torna mais agravante se considerarmos que as famílias mais ricas são, em geral, as que possuem mais de dois automóveis. Os subsídios à gasolina e ao gasóleo levam a ineficiência no consumo na medida em que cada consumidor enfrenta um custo menor do que o custo de oportunidade social, o que tem contribuído para uma maior poluição, um maior congestionamento nas estradas e um rápido esgotamento de recurso não renovável, o petróleo. Dado que a concessão de subsídios implica a prática de um preço inferior ao preço de mercado perde-se a oportunidade de maximizar a eficiência. Esta será alcançada quando os agentes económicos se defrontarem com preços correctos, que traduzem o custo marginal social associado à sua produção e ao benefício social associado ao seu consumo. Estes subsídios constituem um elevado custo de oportunidade para as políticas públicas do Executivo e uma renúncia subjectiva às receitas por parte do Estado que eventualmente seriam arrecadadas se o produto fosse vendido a um “preço de mercado”. De recordar que o total dos subsídios aos combustíveis derivados de petróleo em 2008 20 em Angola ultrapassou os 2,7 mil milhões de dólares5. De 2004 a 2008 o total gasto com subsídios aumentou 4,3 vezes e representou, em média, 3,2% do Produto Interno Bruto. Este acréscimo significativo dos subsídios aos 5 Segundo CEIC-UCAN (2010), os subsídios estimados não incluem a parte correspondente aos custos com imposto, em outras palavras corresponde os subsídios que o governo paga à Sonangol distribuidora para compensação do baixo valor das vendas.
  • 21. derivados deveu-se à subida do preço mundial do barril de petróleo angolano e ao aumento do consumo interno. 2.4. Redução dos subsídios aos combustíveis (gasolina e gasóleo) em 2010 em 21 Angola Nos últimos anos, com o crescente consumo interno dos combustíveis derivados de petróleo bruto devido ao acelerado crescimento da economia, as despesas anuais com os subsídios têm crescido de forma significativa, tendo ultrapassado os 2,7 mil milhões de dólares em 2008 (onde cerca de 74 porcento desses subsídios respeitavam à gasolina e ao gasóleo), constituindo assim um elevado peso para as finanças públicas. Em resultado do elevado peso dos subsídios nas despesas do OGE, o Executivo Angolano decidiu adoptar um programa de aproximação dos preços do mercado angolano aos preços mundiais. Com isso, a necessidade de gradualmente eliminar os subsídios aos combustíveis. A redução dos subsídios aos preços dos combustíveis (gasolina e gasóleo) em 2010 decorreu da deliberação da Assembleia Nacional de Angola que no OGE revisto para o referido ano aprovou a diminuição em 20 (vinte) porcento numa base anual dos subsídios aos dois produtos. A Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol) divulgou em comunicado de 31 de Agosto de 2010 a nova tabela de preços dos combustíveis, que entrou em vigor no dia 01 de Setembro do referido ano. A gasolina a custar 60 kwanzas o litro, contra os 40 kwanzas anteriores, e o gasóleo a valer 40 kwanzas o litro, contra os 29 kwanzas praticados anteriormente. No documento apresentado aos órgãos de informação, a Sonangol refere que este ajustamento não abrange produtos como o petróleo iluminante e o gás butano devendo estes manter-se nos mesmos preços. O Executivo angolano pretende com a redução dos subsídios aos combustíveis passar a dispor de mais recursos para realizar mais investimentos na área social, sobretudo na educação e saúde. Os subsídios aos combustíveis têm a característica de ser distribuído para todos sem ter em conta os rendimentos dos destinatários. Deste modo, o objectivo da redução dos subsídios aos combustíveis é passar a dispor de mais recursos para continuar com as iniciativas sociais orientadas para a população mais carenciada, como por exemplo construção de escolas e outras infra-estruturas de impacto social. Por seu turno, o Ministro dos Petróleos, Botelho Vasconcelos anunciou que a decisão faz parte do plano de liberalização do mercado dos combustíveis e visa aumentar a cobertura
  • 22. do produto em todo o território nacional. Botelho Vasconcelos explicou ainda que se vai estabelecer um preço máximo para todo o território nacional, recordando que a eliminação dos subsídios vai aproximar os preços dos produtos ao seu valor mercantil. Com isso, novos parques de armazenagem e postos de combustíveis vão ser construídos em todo o País, num esforço para melhorar a rede de distribuição de combustíveis. A liberalização do preço dos combustíveis, que hoje têm preços fixos e subsidiados pelo Estado é um dos passos previstos no programa de liberalização do sector que começará com a distribuição. “O modelo de liberalização tem como objectivo o desenvolvimento do sector da refinação do petróleo, do armazenamento, do transporte e da distribuição, áreas anteriormente controladas pela Sonangol”. 22
  • 23. 23 3. IMPACTO DA REDUÇÃO DOS SUBSÍDIOS AOS COMBUSTÍVEIS 3.1. Impacto inflacionário da redução dos subsídios aos combustíveis em 2010 A redução ou mesmo eliminação dos subsídios aos combustíveis, se não acautelada, pode ser acompanhada de efeitos adversos, em particular para as famílias mais carenciadas, quer pela redução do poder de compra resultante directamente do aumento dos preços dos combustíveis, quer pelos efeitos inflacionistas resultantes da repercussão para jusante dos efeitos derivados daqueles aumentos. Por outro lado, proporciona melhoria das contas públicas possibilitando ao Executivo maior disponibilidade para financiar programas com maior retorno económico e social como educação e saúde. A redução dos subsídios aos combustíveis em 2010 em Angola originou aumento em 50 porcento o preço da gasolina e perto de 38 porcento o do gasóleo. Gráfico 1 – Aumento dos preços retalhistas da gasolina e do gasóleo em Angola Os preços da gasolina e do gasóleo por litro passaram de 12 e 14 kwanzas em 2002 para 20 e 14 kwanzas em 2004, já no ano 2005 o preço era de 40 kwanzas para a gasolina e 29 kwanzas para o gasóleo e desde Setembro de 2010, 60 e 40 kwanzas respectivamente. Para Alves da Rocha apud “O País”, a subida dos preços da gasolina e gasóleo é uma medida “acertada não só na óptica do défice mas também numa óptica económica pois o que está em causa é a verdade dos preços. Numa economia verdadeira com liberdade de decisão não há lugar para subsídios generalizados aos preços dos combustíveis os quais falseiam a
  • 24. afectação eficiente dos recursos e influencia a decisão de investimento alimentando preços falsos que afastam os factores de produção das áreas de actividade onde são praticados, atraindo-os para aquelas que beneficiam dos subsídios. A economia terá de absorver os aumentos decretados, reconhecendo que a capacidade de absorção não será igual para todos os agentes económicos. Os que tiverem oportunidade de os repercutir vão absorvê-los melhor: os táxis vão repercutir o preço aos passageiros, as vendedoras irão reflecti-lo nos seus produtos”. Tudo isto pode se repercutir no Nível Geral de Preços. Carlos Rosado apud “O País” considera, por seu lado, que “cabe ao Governo actuar sobre os sectores com maior poder de mercado, adiantando que ao produzir efeitos sobre os serviços públicos, designadamente sobre o fornecimento de energia eléctrica, estes aumentos vão tornar os consumidores muito mais exigentes. Este tipo de medida, sendo racional do ponto de vista económico, é sempre impopular em todo o mundo, as alternativas a que vários países têm recorrido para assegurar preços mais competitivos a determinados sectores de actividade é a introdução do chamado gasóleo verde. As autoridades angolanas só conseguirão assegurar que os reflexos da redução dos subsídios aos combustíveis sobre os preços não superarão a sua medida efectiva se lograrem controlar os sectores sensíveis, como é o caso dos transportes”. A redução dos subsídios à gasolina e ao gasóleo em 2010 afectou fortemente o Índice de Preços ao Consumidor, sobretudo pelos efeitos de segunda e terceira ordem (sobre os preços dos transportes e, por arrastamento, os de numerosos bens e serviços). 24 Gráfico 2 – Variação Homóloga do IPC 2009/2010 Comparando o custo de vida em Setembro de 2010 (15,73%) com o mesmo mês do ano 2009 (13,72%), o ritmo de crescimento foi o mais rápido depois de Janeiro de 2006 quando a taxa de inflação homóloga atingiu 17,24%. Assim, no mês de Setembro de 2010 houve uma variação/subida de 2,01 pontos percentuais no IPC com relação ao mesmo período
  • 25. do ano 2009. Ao longo de 2009 e até Agosto de 2010, a taxa de variação homóloga anual do IPC permaneceu praticamente estacionária, entre 13,2% e 14,0%. Desde então, a redução dos subsídios aos combustíveis levou a inflação homóloga para além de 16% (uma subida de 2,54%), em Outubro de 2010, mas a mesma foi depois caindo, invariavelmente, nos meses seguintes para 15,89% (subida de 2,32%) em Novembro e já 15,31% (mais 1,32%) em Dezembro. No gráfico a seguir apresenta-se a evolução do IPC durante o mês de Agosto a Dezembro de 2010 bem como a sua tendência durante o período da redução dos subsídios à gasolina e ao gasóleo. 25 Gráfico 3 – Variação Mensal do IPC / Agosto a Dezembro de 2010 O nível geral de preços no consumidor divulgado pelo INE registou uma variação/subida de 2,35% em Setembro de 2010, impulsionada pela redução dos subsídios à gasolina e ao gasóleo e consequente subida dos preços de venda dos dois produtos. Embora tal fenómeno pareça ter sido meramente pontual, parece ter sido absorvido nos meses seguintes. Esta absorção fica particularmente notória no facto de a variação mensal do IPC ter sido 1,23% em Outubro; 1,01% em Novembro, terminando em Dezembro de 2010 em 1.65%, ou seja, no mês tradicionalmente mais marcado pela alta dos preços, devido às festas de final do ano, a taxa de inflação mensal revelou-se a mais modesta de que há registo. Em Dezembro a classe Hotéis, Cafés e Restaurantes foi a que registou o maior aumento de preços com 6,41%. Destaca-se também os aumentos dos preços nas classes de Transportes com 2,14%, Alimentação e Bebidas Não Alcoólicas com 1,77% e Água Electricidade e Combustíveis com 1,03%.
  • 26. 3.2. Impacto sobre a população nas cidades de Benguela e Lobito Procurou-se com base num conjunto de dados obtidos em tempo real tornar possível demonstrar o impacto da redução dos subsídios aos combustíveis (subida dos preços dos combustíveis) sobre a população nas cidades de Benguela e Lobito. No total foram realizados 80 (oitenta) inquéritos, distribuídos por quatro categorias: (i) 40 (quarenta) utentes do serviço colectivo de transportes; (ii) 20 (vinte) automobilistas; (iii) 10 (dez) moto-taxistas; (iv) 10 (dez) moradores do Bairro “Praia do Bébé” – Município de Catumbela O inquérito final foi realizado no primeiro trimestre de 2011. A escolha da localidade da praia do bébé, município da Catumbela, se justifica pelo facto de ser um bairro periférico e sem electricidade da rede pública. Os automobilistas (excepto taxistas) das cidades de Benguela, Lobito e Catumbela pelo facto de se pretender avaliar o impacto da redução dos subsídios sobre a classe média da população. Os utentes do serviço colectivo de transportes (troço Lobito-Catumbela-Benguela) pelo impacto directo da subida dos preços da gasolina e do gasóleo sobre os transportes bem como pela variedade de indivíduos que utilizam estes serviços. E, os moto-taxistas, município da Catumbela, por congregar maioritariamente a população desfavorecida bem como pela sensibilidade deste sector relativamente aos aumentos dos preços da gasolina e do gasóleo. Este artigo apresenta algumas restrições, em virtude dos resultados obtidos. Designadamente, apenas foram distribuídos 80 (oitenta) inquéritos, tendo faltado alguma complementaridade de outros segmentos da sociedade para adicionar à robustez do estudo. Responderam ao inquérito 80 indivíduos, dos quais 55 homens preenchendo cerca de 69%. De realçar que na categoria moto-taxistas não foi encontrada nenhuma mulher a exercer esta actividade. 26 Tabela 1 – Principal Fonte de Energia Utilizada para Iluminação Fonte de Energia Utentes S. C. Transportes Automobilistas (excepto taxistas) Moto-taxistas Moradores da Praia do Bébé Total Electricidade da Rede Pública 34 15 6 --- 55 Gerador 6 5 4 6 21 Outras --- --- --- 4 4 Total 40 20 10 10 80 Fonte: Dados do inquérito. Elaboração Própria A tabela acima evidencia que a electricidade da rede pública constitui para os utentes de serviços colectivo de transportes, automobilistas e moto-taxistas, a principal fonte de
  • 27. energia utilizada para iluminação. O gerador é a principal fonte de energia para os moradores da praia do bébé. No geral, a electricidade da rede pública constitui a principal fonte de energia para iluminação (55 indivíduos). 27 Tabela 2 – Principal Fonte de Energia Utilizada para Cozinhar Fonte de Energia Utentes S. C. Transportes Automobilistas (excepto taxistas) Moto-taxistas Moradores da Praia do Bébé Total Gás 37 20 9 3 69 Carvão 3 --- 1 7 11 Total 40 20 10 10 80 Fonte: Dados do inquérito. Elaboração Própria Esta tabela revela que em todas as categorias, excepto “moradores da praia do bébé”, o gás constitui a principal fonte de energia para cozinhar. O Carvão é a principal fonte de energia para cozinhar em moradores da praia do bébé e a segunda na categoria utentes de serviços colectivo de transportes e moto-taxistas. Gráfico 4 – Como ficou o modo de vida dos seus familiares com a subida dos preços dos combustíveis? Questionados sobre como ficou a vida dos seus familiares depois da subida dos preços dos combustíveis, 37% respondeu “razoável”. Para 24% dos inquiridos a vida dos seus familiares ficou “muito mau” e 21% “mau”, ou seja, 45% dos inquiridos acha que o modo de vida dos seus familiares ficou prejudicado.
  • 28. 28 Gráfico 5 – Os automobilistas acham que com a subida dos combustíveis o modo de vida dos seus familiares ficou Interrogados sobre como ficou a vida dos seus familiares depois da subida dos preços dos combustíveis, 55% dos automobilistas respondeu “razoável”. Apenas 5% dos automobilistas respondeu que o modo de vida dos seus familiares ficou “bem”. Gráfico 6 – Como ficou o seu modo de vida com a subida dos preços dos combustíveis? O gráfico acima revela que 32% dos inquiridos considera o impacto da subida dos preços dos combustíveis “razoável” para a sua vida; 26% “muito mal” e 24% “mal”. Se olharmos para o “muito mal” mais o “mal”, temos uma cifra de 50% de indivíduos fortemente afectados com a subida dos combustíveis. Mas, ao apurarmos apenas as respostas dos utentes dos serviços colectivo de transportes verificamos o seguinte:
  • 29. Gráfico 7 – Com a subida dos preços dos combustíveis o modo de vida dos utentes de serviço colectivo de 29 transportes ficou Este gráfico revela que 39% dos utentes dos serviços colectivo de transportes considera o impacto da subida dos preços dos combustíveis “razoável” para a sua vida; 25% “muito mal” e 15% “mal”. Se olharmos para o “muito mal” mais o “mal” temos uma cifra de 40% de indivíduos fortemente afectados com a subida dos combustíveis. Gráfico 8 – Mais escolas e hospitais, menos subsídios aos combustíveis? A população almeja por mais escolas e hospitais, mas não à custa da redução dos subsídios aos combustíveis. Questionados se para termos mais escolas e hospitais é necessário continuar a aumentar os preços dos combustíveis, 69% respondeu “Não”. Estes garantem que os subsídios aos combustíveis ajudam a manter baixo os preços da gasolina, do gasóleo e dos serviços colectivo de transportes.
  • 30. 30 Conclusão Um dos nossos objectivos ao longo deste artigo foi perceber o conflito/arbitragem entre eficiência e equidade nas políticas públicas e compreender a sua influência na política dos subsídios aos combustíveis derivados de petróleo bruto em Angola. Assim, a avaliação produzida ao longo do trabalho permitiu que fixemos algumas mensagens centrais no que concerne a esses objectivos: (1) Ao contrário do que se pensa, nem sempre ocorre conflitos entre eficiência e equidade na prossecução das políticas públicas, mas o equilíbrio também existe. Como há desperdícios de recursos (financeiros) públicos no caso dos subsídios aos combustíveis, é possível melhorar a eficiência nos gastos públicos sem que haja qualquer diminuição da equidade. Por outro lado, um maior investimento público em políticas sociais como educação e saúde (se for bem dirigido) não apenas ampliará as oportunidades educacionais e assistência médica para todos, aumentando a equidade no seio da sociedade como também aumentará a eficiência económica. (2) A análise da eficiência e equidade nas políticas dos subsídios aos combustíveis permitiu-nos concluir que por questões de equidade e também de eficiência, porquanto os ricos também beneficiam dos subsídios acarretando por isso a um sobreconsumo/desperdício, o Executivo angolano optou pela redução dos subsídios a gasolina e ao gasóleo em 2010. Esta decisão, embora impopular, possui vantagens a longo prazo duradouras. Mas, compete ao governo tomar medidas no sentido de minimizar o impacto da redução dos subsídios aos combustíveis sobre os cidadãos. (3) A redução dos subsídios aos combustíveis em 2010 em Angola afectou fortemente o Índice de Preços ao Consumidor, sobretudo pelos efeitos de segunda e terceira ordem (sobre os preços dos transportes e, por arrastamento, os de numerosos bens e serviços). (4) A subida dos combustíveis em 2010 também afectou o modo de vida de 50% dos inquiridos. Por outro lado, 45% dos inquiridos considera que o modo de vida dos seus familiares ficou fortemente afectado pela subida dos combustíveis. (5) A diminuição dos subsídios aos combustíveis por parte do Executivo Angolano em 2010 permitiu reduzir o conflito entre eficiência e equidade porquanto a utilização de preços subsidiados, abaixo dos preços de mercado, reflecte-se numa afectação de recursos ineficientes, em que demasiados recursos são investidos num dado sector/bem, em detrimento de aplicações noutros sectores/bens.
  • 31. 31 Recomendações A redução ou eliminação dos subsídios aos preços dos combustíveis leva a um aumento dos preços dos produtos subsidiados, podendo afectar as populações mais vulneráveis. É importante que antes de qualquer redução dos subsídios, sejam estudadas e avaliadas quais as medidas de compensação que poderão ser adoptadas para corrigir eventuais consequências adversas dessa medida, dado o impacto social, em particular nas populações mais carenciadas. A subida dos preços da gasolina e gasóleo reflecte-se fundamentalmente no sector dos transportes. Para minimizar os efeitos sobretudo salvaguardar o bem-estar da população mais carenciada recomenda-se que haja uma rede funcional de transportes públicos em todo território nacional (províncias, municípios, comunas, etc.), no sentido de subsidiar não de forma geral os dois produtos (gasolina e gasóleo), mas sim o acesso aos transportes para crianças, idosos, estudantes bem como pessoas que justifiquem tal necessidade. Adoptar subsídios às actividades económicas específicas, por exemplo, o gasóleo utilizado na agricultura e nas pescas.
  • 32. 32 Bibliografia  AMARAL João et. al., Economia do Crescimento, 2ª Série, Nº 6, Colecção Económica, Almedina, Coimbra, 2008.  Banco Mundial, Avaliação dos Impactos da Eliminação dos Subsídios aos Preços dos Combustíveis e dos Serviços de Utilidade Pública em Angola, Primeiro Volume, Luanda – Angola, 2005: http://www.worldbank.org/ao  Banco Nacional de Angola, Relatório de Inflação – IIIº Trimestre, Luanda, 2011: www.bna.ao  CEIC, Relatório Energia em Angola, Universidade Católica de Angola, Luanda, 2010: http://www.ceic-ucan.org  CHOCOLATE Lucinda, Sugestões para uma Boa Gestão de Recursos Petrolíferos de Angola face à Previsibilidade do seu Esgotamento e à Volatilidade dos preços internacionais, Tese de Mestrado em Economia Internacional e Estudos Europeus, Instituto Superior de Economia e Gestão, Lisboa, 2011.  Comissão das Comunidades Europeias, Eficiência e Equidade nos Sistemas de Educação e Formação – Comunicação da Comissão ao Conselho e ao Parlamento Europeu, edição online, 08 de Setembro, Lisboa, 2006: http://eur-lex. europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=CELEX:52006DC0481:PT:NOT  Constituição da República de Angola (2010). Luanda.  ENGDAHL William, As Apostas Geopolíticas na Nigéria: O Curioso Papel do FMI – 1ª Parte, edição online, 2012: http://www.voltairenet.org/The-Geopolitical-Stakes-in- Nigeria  FAUSTINO Nuno, Avaliação da Eficiência Económico-Financeira das Farmácias: Uma Aplicação a Portugal, Tese de Mestrado em Gestão dos Serviços de Saúde, Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), Lisboa, 2009.  FERNANDES Abel, Economia Pública – Eficiência Económica e Teoria das Escolhas Colectivas, 2ª Edição, Sílabo, Lisboa, 2011.  FERRAZ Octávio e VIEIRA Fabiola, Direito à Saúde recursos Escassos e Equidade: Os Riscos da Interpretação Judicial Dominante, Vol.52, nº 01, Rio de Janeiro, 2009.  FRANK Robert, Micro economia e Comportamento, 6ª Edição, McGraw-Hill, Lisboa, 2006.  HALL Robert e LIEBERMAN Marc, Micro economia – Princípios e Aplicações, Thomson Learning, São Paulo, 2003.  Instituto Nacional de Estatística, Índice de Preços no Consumidor de Luanda, Luanda, Dezembro 2010: www.ine.ao
  • 33.  Instituto Nacional de Estatística, Nota de Imprensa do Índice de Preços no 33 Consumidor de Luanda, Nº 03, Luanda, 2011: www.ine.ao  LONDA Emílio, Política Energética em Angola: Como implementar um Processo de Reforma dos Subsídios aos Combustíveis com o mínimo de Efeitos Negativos, 1ª Colectânea de Teses Económicas, Centro de Estudos e Investigação Científica – Universidade Católica de Angola, Luanda, 2010.  MANKIW Gregory, Introdução à Economia, 3ª Edição, Thomson Learning, São Paulo, 2007.  MATTOS Eloisa, Estado e Políticas (Públicas) Sociais, Cadernos Cedes, Ano XXI, Nº 55, 2001: http://www.cedes.unicamp.br  MELO Marcus, O Desafio de Conciliar Eficiência e Equidade nos Sistemas Públicos de Saúde Modernos, Núcleo de Estudos de Gestão e Saúde – Ambiente e Negócios Sustentáveis (NUGES), Universidade Cândido Mendes do Rio de Janeiro, 2004.  MUHAMMAD Mustapha, Nigeria: Billions Siphoned by Corruption Could Have Been Used to Maintain Fuel Subsidy, Inter Press Service, 2012, 11 de Janeiro: http://www.globalissues.org/news/2012/01/11/12407  NEVES João, Introdução à Economia, 7ª Edição, Verbo, Lisboa – São Paulo, 2004.  OTUCHIKERE Chika e UKWU Chibunma, Nigeria: Aftermath of Subsidy Crisis Food Prices Hitting Roof Tops, 2012, 22 de Janeiro: http://allafrica.com/stories/201201231627.html  PALMEIRA Catarina, A Equidade no Acesso à Saúde: A Problemática do Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgias, Tese de Mestrado Integrado em Medicina, Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, 2010.  PEREIRA Manuel, Fiscalidade, 3ª Edição, Almedina, Coimbra, 2009.  PEREIRA Orlando, Importância da Intervenção Pública na Economia de Mercado, Estúdios Económicos de Desarrollo Internacional, Vol.5-1, Braga, 2005: http://www.usc.es/economet/aea.htm  PEREIRA Orlando, Políticas Públicas e Coesão Social, Estúdios Económicos de Desarrollo Internacional, Vol.5-2, Braga, 2005: http://www.usc.es/economet/aea.htm  PEREIRA Paulo et. al., Economia e Finanças Públicas, 4ª Edição, Escolar, Lisboa, 2012.  QUEZA Armindo, Sistema de Saúde em Angola: Uma Proposta à Luz da Reforma do Serviço Nacional de Saúde em Portugal, Tese de Mestrado Integrado em Medicina, Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, 2010.
  • 34.  ROCHA Alves, Desigualdades e Assimetrias Regionais em Angola – Os Factores de 34 Competitividade Territorial, CEIC – UCAN, Luanda, 2010.  ROCHA Oliveira, Gestão do Processo Político e Políticas Públicas, Escolar, Lisboa, 2010.  SAMUELSON Paul e NORDHAUS William, Economia, 18ª Edição, McGraw-Hil, Lisboa, 2005.  SILVA Aníbal e NEVES Luís, Finanças Públicas e Política Macroeconómica, 2ª Edição, Serviços Editoriais da Universidade Nova, Lisboa, 1992.  SILVESTRE Hugo, Gestão Pública – Modelos de Prestação no Serviço Público, Escolar, Lisboa, 2010.  STIGLITZ Joseph, Conferência Sobre Distribuição e Crescimento Económico, Brasília, 1998, 14 de Julho.  ZAU Filipe, Educação em Angola – Novos Trilhos para o Desenvolvimento. Revistas e Jornais:  África Hoje.  Economia e Mercado.  Exame. www.exameangola.com  Expansão. http://www.expansao.sapo.ao  Jornal de Angola. www.jornaldeangola.sapo.ao  O país. http://www.opais.net  Sonangol Notícias. http://www.sonangol.co.ao