O documento descreve um curso de formação em educação ambiental para professores que tem como objetivo promover escolas sustentáveis. O curso ensina técnicas ambientais como reutilização da água da chuva, compostagem e reciclagem. Cursistas relataram projetos em escolas como a fabricação de sabão com óleo usado e produção de itens de papelão para promover uma comunidade escolar sustentável. O curso visa mudanças de hábitos na comunidade escolar para beneficiar a sociedade.
Educação ambiental: experiência de escola sustentável e Com-Vida
1. Educação Ambiental: uma experiência de escola sustentável e Com-Vida
Adilson Ribeiro de Araujo1
Introdução
O curso de Formação denominado “Educação Ambiental: escolas
sustentáveis e Com-Vida”, desenvolvido através do Sistema Universidade
Aberta do Brasil - UAB - juntamente com Ministério da Educação, criado em
2005, no âmbito do Fórum das Estatais pela Educação tem como prioridade a
capacitação de professores da educação básica.
O programa tem como objetivo estimular a articulação e integração de
um sistema nacional de educação superior. Com esse propósito, foram
firmadas parcerias com várias instituições públicas de ensino superior do
Brasil.
A posição geográfica em que nos encontramos, ou seja, na região
Centro-Oeste, que é caracterizada por abrigar muitas matas e densa bacia
hidrográfica, contribuiu para que a Fundação Universidade Federal de Mato
Grosso - FUFMT e a Universidade Aberta do Brasil - UAB, ao longo de um
processo histórico, implementasse a educação à distância.
O objetivo do curso Escolas Sustentáveis e Com-vida no formato à
distância, é o de aprimorar, expandir e interiorizar a oferta de cursos e
programas de Educação Superior para todo o Brasil.
As Instituições envolvidas neste processo formativo foram: a
Universidade Federal de Mato Grosso, a Universidade Federal de Ouro Preto-
MG e a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. Para tanto, o programa
estabeleceu ainda, fortes parcerias entre as esferas, estaduais como, por
exemplo, com a Secretaria Estado de Educação SEDUC-MT, representada
pela sua gerência de Educação Ambiental.
O presente relato tem o propósito de discorrer sobre a experiência
desenvolvida pelos cursistas através de curso “Educação ambiental: escolas
sustentáveis Com-Vida”. Para esta ação, tomei também como ponto de partida,
a experiência construída no referido curso, onde atuei como tutor do Pólo da
UAB de Pontes e Lacerda-MT.
O curso que é realizado via (Internet) na plataforma Moodle conta
também com alguns encontros presenciais. O cursista recebe seu material
didático oline, estuda e realiza as atividades propostas no curso com a
avaliação do tutor uma modalidade à distância.
Neste trabalho iremos expor algumas atividades de cursistas que foram
desenvolvidas na escola da qual esse fazem parte e, a partir daí, mostraremos
1
Licenciatura Plena em Geografia com Especialização em Gestão e Manejo Ambiental em
Sistemas Agrícolas pela Universidade Federal de Lavras - MG. Tutor à distância no curso do
Processo Formativo em Educação Ambiental: Escolas Sustentáveis e Com-Vida. (UFMT).
2. o trajeto percorrido para que os trabalhos caminhassem da teoria para a prática
nestas instituições de ensino.
A proposta lançada foi a de contribuir para a construção de escolas
sustentáveis com adaptação de ecotécnicas2 que, na verdade, consiste no
reaproveitamento de vários recursos, dentre os quais podemos citar: a
reutilização da água da chuva, bebedouros, criação de compostagem de
folhas, restos de alimentos, reutilização de folhas frente e verso e reciclagem
do papel dentro da escola. Para isto, é condição indispensável à criação de
uma mini-fábrica de reciclagem de papel.
Para efetivar essa tarefa, partiremos dos princípios e do levantamento
dos conceitos de educação ambiental, sustentabilidade, escolas sustentáveis,
projeto político pedagógico e também de um estudo sobre como as técnicas
são usadas no processo da implantação das ecotécnicas no Brasil.
Posteriormente relataremos projetos de cursistas do curso de formação
em Educação Ambiental: Escola Com-Vida, partindo do pressuposto da
sociedade sustentável que tanto se discute neste século XXI, o que consiste
em uma forma de usar os recursos naturais sem degradar de forma intensa o
ambiente, propiciando as futuras gerações, o benefício da utilização de
recursos naturais numa relação que possa se considerar equilibrada entre os
indivíduos, as sociedades e os recursos naturais disponíveis.
Educação Ambiental uma breve análise histórica
O surgimento da expressão “Educação Ambiental” (E.A.) não é recente e
tem sua origem nos anos 70, no entanto a humanidade já fazia educação
ambiental desde o seu surgimento no planeta Terra.
No início, a relação do homem com o ambiente visava somente à
sobrevivência da raça humana que dependia totalmente da natureza (caça,
pesca e coleta de frutos silvestres). Esse ser humano, ao relacionar-se com o
mundo do qual fazia parte, ensinava seus filhos a fazer o mesmo. O homem
pré-histórico realizava a Educação Ambiental no seu senso comum, por causa
da necessidade, pois era inevitável sobreviver num mundo cuja natureza era
mais poderosa do que os homens.
Para isso, todos precisavam saber quais as espécies vegetais
comestíveis, como achar água durante períodos secos, como se cuidar dos
animais ferozes, quais os materiais que melhor se adaptavam à construção das
suas casas, como fazer uma fogueira ou até mesmo como criar e usar
remédios para suas doenças.
Com o passar dos tempos, mudaram as razões e constatou-se as
necessidades de educar para esse ambiente, bem como refletir sobre a forma
de fazer Educação Ambiental.
Segundo Araujo (2010), não é possível falar do ambientalismo no mundo
e no Brasil, sem mencionar a primeira e grande Conferência de Estocolmo na
Suécia em 1972 que foi um marco importantíssimo para o meio ambiente. O
2
São tecnologias ambientais sustentáveis que visam à economia e ao reaproveitamento dos
recursos naturais, incorporando saberes históricos dos grupos humanos, tanto o conhecimento
universal como principalmente, as sabedorias da população local.
3. evento contou com representantes de 113 países e foi promovido pela ONU
(Organização das Nações Unidas).
Neste evento foi concebido o Plano de Ação Mundial, e, em particular,
foram dadas normas para um Programa Internacional de Educação Ambiental.
Apesar da sua importância, este momento configurou-se mais como um ponto
centralizado para identificar os problemas ambientais, do que como um começo
de ação para solucioná-los.
Mais tarde, em 1975, a UNESCO, em colaboração com o Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), bem como obedecendo às
recomendações da Conferência de Estocolmo, cria o Programa Internacional
de Educação Ambiental (PIEA).
Em outubro de 1977, aconteceu a Conferência de Tbilisi para a
Educação Ambiental, constitui-se então, um elemento essencial para uma
educação formal e não formal.
Concluiu-se no referido Encontro que a educação deveria,
simultaneamente, preocupar-se com a conscientização, a transmissão de
informação, o desenvolvimento de hábitos e a promoção de valores, bem como
estabelecer critérios e orientações para a solução dos problemas. A partir daí o
propósito era o de organizar estratégias internacionais para ações no campo da
educação e formação ambiental. (ARAUJO, 2010).
Relato de cursistas na definição e construção da proposta da escola
sustentável
O objetivo do curso é contribuir para promover mudanças de atitude e
hábitos na comunidade escolar. Um dos caminhos para isso é a implantação
da Com-Vida, sendo uma Comissão de Meio Ambiente com Qualidade vida,
principalmente nas escolas de todo o país.
Na sexta do dia 15 de abril do ano de 2011, o Centro de Educação de
Jovens e Adultos 6 de Agosto – CEJA - executa o início do projeto, com uma
ação ecotécnica. Trata-se de uma fábrica de sabão com utilização de resto de
óleo de cozinha. Essa é a primeira iniciativa da escola em desenvolver as
ecotécnicas na comunidade escolar e assim fazendo ressurgir uma escola
sustentável e com qualidade de vida para a comunidade em seu entorno.
As ecotécnicas são formas de construir uma sociedade sustentável e, o
melhor lugar para dar início a essas técnicas é junto à comunidade escolar.
Tais atividades estão baseadas no uso do 5Rs e visam proporcionar menor
pegada ecológica3 das diversas atividades da humanidade. Isso possibilita uma
menor redução de materiais, resultado menor do custo econômico e ambiental
com a promoção de vários elementos para a sustentabilidade tais como: ar
puro, água potável, solos férteis, biodiversidade, energias limpas, cidadania e
3
Segundo a WWF a Pegada Ecológica de um país, de uma cidade ou de uma pessoa,
corresponde ao tamanho das áreas produtivas de terra e de mar, necessárias para gerar
produtos, bens e serviços que sustentam seus estilos de vida. Em outras palavras, trata-se de
traduzir, em hectares (ha), a extensão de território que uma pessoa ou toda uma sociedade
“utiliza”, em média, para se sustentar.
4. justiça social, saúde, reutilização, reaproveitamento e reciclagem, ou seja, uso
dessas ecotécnicas.
O CEJA4 “6 de Agosto” é uma das instituições onde os cursistas do
curso do Processo em Educação Ambiental: escolas sustentáveis com-vida, já
ocorrem algumas dessas ecotécnicas, o aproveitamento do óleo de cozinha na
fabricação de sabão e bem como a elaboração de peças decorativa de
papelão, para decoração de casas, escritório e etc., visando o início de uma
comunidade escolar sustentável.
Uma vivência dessa proposta - momentos de ações e intervenções
O projeto visa mudanças de vivência principalmente no interior da
escola, contando com a participação de professores, alunos, direção,
coordenação, ou seja, toda a comunidade escolar, com o propósito de
transformar a instituição em uma escola sustentável. A finalidade do projeto é
proporcionar essas mudanças beneficiando assim toda a sociedade como
mostra a imagem 1 que consiste numa planta com imagem do Centro
Educacional de Jovens e Adultos – CEJA 6 de Agosto no município de Pontes
e Lacerda-MT.
Imagem 1 – CEJA 6 de Agosto Fonte: LUCATO (2011)
4
Centro Educacional de Jovens e Adultos
5. Considerações finais
Sabemos que as mudanças não serão rápidas, entretanto isso não é
motivo para desistirmos de lutar pela conservação da natureza e combater as
injustiças sociais do país. Para muitos defender a natureza é uma perda de
tempo ou que é final dos tempos. Que tempo? O tempo das mudanças
ideológicas da humanidade ou somente o final dessa humanidade?
Apesar das dificuldades é necessário confiar. Conforme nos diz
Guimarães (2006), nessa árdua tarefa:
Não é preciso abandonar a esperança nem a poesia para combater o
apartheid étnico, o fanatismo religioso, a dominação da indústria
madeireira ou a elite da agricultura da soja, mesmo que certas
ideologias do Capital mostrem que esteja perdida antes mesmo de se
começar a proteger a Terra.
Acreditamos que com essa experiência da formação em Educação
Ambiental, uma oferta MEC através da parceria com a UFMT e UAB será
possível dar continuidade nesta luta por uma sociedade mais sustentável.
Enfim, a formação em educação ambiental e escolas com-vida consistirá
numa renovação para a educação ambiental em nosso país. A partir desse
curso, com a formação de vários professores em todo o Brasil será possível
criar uma comunidade escolar mais sustentável e assim contribuindo para que
o mundo possa aderir à ideia de um planeta sustentável.
Referências bibliográficas
ARAÚJO, Adilson Ribeiro de. Educação Ambiental e Sustentabilidade: desafios
para a sua aplicabilidade. 2010. 77p. Monografia (Especialização em Gestão e
Manejo Ambiental em Sistemas Agrícolas). Universidade Federal de Lavras,
Minas Gerais.
DIAS, Genebaldo Freire, – Educação ambiental: princípios e práticas –9° ed. –
São Paulo: Gaia, 2004.
TRAJBER, R., MOREIRA, T. (coord.). Escolas Sustentáveis e Com-Vida:
Processos Formativos em Educação Ambiental
GUIMARÃES, Mauro (org.). Caminhos da educação ambiental: da forma à
ação. Campinas, SP: Papirus, 2006. (Coleção Papirus Educação).
PEREIRA, Maria Dulce. Processo Formativo em Educação Ambiental: Escolas
Sustentáveis e COM VIDA: tecnologias ambientais. Universidade Federal de
Ouro Preto, 2010. 112p.il.
SATO, Michèle Educação Ambiental. Ed. Santos, J.E. São Carlos, SP, Rima,
2004. 66p.
Site: http://www.wwf.org.br/wwf_brasil/pegada_ecologica/. Acesso dia 17 de
abril de 2011, às 14h15min.