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Fundação Biblioteca Nacional
  ISBN 978-85-7638-769-5




                               Contabilidade



                                               Contabilidade
Itamar Miranda Machado


                                      Contabilidade
                         1.ª edição
© 2007 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por
escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.




    B118         Machado, Itamar Miranda


                    Contabilidade/Itamar Miranda Machado — Curitiba: IESDE
                 Brasil S.A., 2007.


                      188 p.


                      ISBN: 978-85-7638-769-5


                    1. Contabilidade, Balanço Patrimonial 2. Demonstração do
                 Resultado do Exercício (DRE) 3. Demonstrações Contábeis 4.
                 Tomada de Decisão I. Título

                                                                                             CDD 086.9




                       Todos os direitos reservados.



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                                          Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1482. CEP: 80730-200
                                          Batel – Curitiba – PR
                                          0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
Estrutura Patrimonial e de Resultado

sumário
 sumári   A Contabilidade e seus Usuários
          11 | Conceito e finalidade
          11 | Usuários
                                                            11


          12 | Diferenças entre as Contabilidades Financeira, Gerencial e Fiscal

                                             15
          Estrutura Patrimonial
          15 | Ativo
          15 | Passivo
          15 | Patrimônio Total (ou Bruto)
          16 | Patrimônio Líquido
          16 | Conceitos de Capital
          16 | A Equação Básica da Contabilidade

          Demonstração do              18
          Resultado do Exercício − DRE
          18 | Receita
          18 | Despesa
          19 | Custo
          19 | Resultado
          20 | Modelo de Demonstração do Resultado do Exercício − DRE

                                       26
          Planos de Contas
          26 | Contas Patrimoniais
          26 | Contas de Resultado
          26 | Plano de Contas
          33 | Exercício de fixação (resolvido)
                                                              41
          Método das Partidas Dobradas
          41 | Débito e Crédito
          44 | Representação gráfica dos lançamentos de débito e crédito
          44 | Razonete x Balanço
          48 | Características das partidas dobradas
          49 | O extrato bancário e as partidas dobradas
52
Apuração do Resultado do Exercício – ARE
52 | Procedimentos para Apuração do Resultado do Exercício



Princípios Contábeis: Entidade e Competência

                                                             57
Princípios Fundamentais da Contabilidade
58 | Princípio da Entidade
59 | Princípio da Competência

                 62
Provisões

                                                  64
Despesas Pagas Antecipadamente
66 | Exercício de fixação (resolvido)


Demonstrações Contábeis I
                                        73
Depreciação e Amortização
73 | Depreciação do Ativo Imobilizado
76 | Amortização do Ativo Diferido
79

sumário
 sumári   Demonstrações Contábeis
          80 | Balanço Patrimonial
          80 | Classificação das Contas no Balanço Patrimonial

          Demonstrações Contábeis II
                                                         89

          89 | Demonstração do Resultado do Exercício – DRE
          94 | Síntese das Contas de Resultado
          95 | Demonstração de Mutação do Patrimônio Líquido – DMPL
          96 | Exercício de fixação (resolvido)


          Demonstração das Origens
                                                                 105
          e Aplicações de Recursos – doar
          105 | Explicação da variação do CCL
          107 | Conceito de origem e aplicação
          109 | Esquema para elaborar a Doar
          115 | Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos – DOAR
          118 | Demonstrações Contábeis: exercício de fixação


          Relatório da Diretoria, Notas
                                                                  125
          Explicativas e Parecer dos Diretores
          125 | Relatório da Diretoria
          126 | Notas Explicativas
          130 | Parecer dos Auditores Independentes


                                                  137
          Indicadores de Gestão
          141 | EBIT e EBITDA
145
Consolidação das demonstrações contábeis
145 | Objetivo
145 | Obrigatoriedade de Consolidação
146 | Informações adicionais às demonstrações consolidadas
146 | Uniformidade de práticas
147 | Técnica de Consolidação
149 | Participações minoritárias

                 157
Gabarito

                   185
Referências

                  187
Anotações
Introdução
Objetivo Geral




                                                  Contabilidade
Propiciar aos participantes o entendimento dos
conceitos, registros e dinâmica contábil, bem
como a interpretação dos fatos e a contribui-
ção das informações no processo de tomada
de decisões.

Entender as interfaces das demonstrações con-
tábeis compreendendo como os fatos econômi-
cos e financeiros afetam a situação patrimonial
da empresa.
Método das Partidas Dobradas


       Com esse método iniciou-se uma forma estruturada de se registrar as variações
   patrimoniais de uma empresa. No final do século XIV, o Papa Leão X delegou
   ao Frei Lucca Paccioli, um matemático, o controle financeiro de um convento
   numa cidade da Itália. O Frei precisava demonstrar para o Papa a origem dos
   recursos e suas destinações, então para cada movimentação financeira ele tinha
   que apresentar dois registros: o de onde veio (origem dos recursos) e para onde
   foi (aplicação, destino dos recursos), daí o termo Partidas Dobradas.

       O Frei Lucca Paccioli publicou um livro de matemática em Veneza no ano
   de 1494 intitulado Summa de Arithmetica, Geometria, Proportioni et Propor-
   tionalitá, e apesar de ser um livro de Matemática, continha um capítulo com
   o nome: Particularis de Computis et Scripturis, que trata dos registros pelo
   método das partidas dobradas. Há literaturas que trazem o início da Conta-
   bilidade há 4000 anos a.C. Entretanto, o primeiro registro sobre o tema que
   se tem notícia é esse livro de Paccioli.


Débito e Crédito
      A premissa básica das partidas dobradas, conforme mencionado, é que
   para toda transação contábil há no mínimo dois registros (origens e destinos).
   Esses registros são denominados de Débito e Crédito e funcionam como as
   ações contábeis, uma vez que o ato de debitar e creditar alteram os saldos
   das contas e, conseqüentemente, geram as variações patrimoniais.

      Portanto, debitar e creditar são os verbos da Contabilidade. Todas as
   transações contábeis que ocorrem são registradas utilizando esses dois verbos.

      Antes de iniciar o entendimento de como se debita e se credita, é neces-
   sário entender qual a natureza dos grupos de contas. Para facilitar o enten-
   dimento, apresentamos o seguinte esquema:
Contabilidade


                     Grupo de contas Natureza     Débito          Crédito
                     Ativo             Devedora   aumenta         diminui
                     Passivo e PL      Credora    diminui         aumenta
                     Despesa e Custo   Devedora   aumenta         diminui
                     Receita           Credora    diminui         aumenta

            Assim, se o Ativo é de natureza devedora, para aumentá-lo há que se fazer
         um débito e para reduzi-lo há que se fazer um crédito. O mesmo raciocínio
         serve para os demais grupos, como o Passivo e o PL são de natureza credora,
         para aumentá-los faz-se um crédito e para reduzi-los um débito.

             Essa natureza dos grupos de contas gera ao iniciante desse estudo
         alguma confusão, pois pode-se questionar o seguinte: “se ativo são os bens
         e direitos que uma empresa possui, como isso pode ser um débito?”. Essa
         dúvida surge porque somos acostumamos a pensar que débito é estar em
         falta com algo, ou seja é uma coisa negativa, mas em Contabilidade não é
         bem assim, veja a origem das palavras:

                	 Débito: do latim “debes” = devido a mim (pertencente a mim)

                	 Crédito: do latim “credo” = confiança, crença

            Portanto, a palavra débito significa devido a mim, logo o Ativo é de
         natureza devedora, pois os bens e direitos pertencem à empresa, ou seja são
         devidos a ela.

             A palavra crédito significa confiança, portanto quem vende a prazo tem
         confiança na empresa, ou seja, acredita que ela vai pagar a dívida e, conforme
         já visto, as dívidas e obrigações são lançadas no Passivo, daí esse grupo ser
         de natureza credora. O mesmo ocorre com o Patrimônio Líquido, pois o
         investidor (proprietário) colocou recursos na empresa, acreditou nela.

            As receitas, os custos e as despesas estão apresentadas na DRE, que,
         posteriormente, de forma resumida (pelo saldo: lucro ou prejuízo) são
         transferidas para a conta de Lucros Acumulados no Patrimônio Líquido,
         então o raciocínio para essas contas é o seguinte:

                	 A receita é de natureza credora, pois aumenta o lucro, portanto
                  aumenta a conta de Lucros Acumulados, sendo de mesma natureza
                  que o Patrimônio Líquido.




  42
Método das Partidas Dobradas

    	 Os custos e as despesas são de natureza devedora, pois reduzem o
      lucro, portanto reduzem a conta de Lucros Acumulados, sendo de
      natureza contrária a do Patrimônio Líquido.

   Outra maneira de se entender essa questão é através da escola
personalista. Considerando que no Passivo e no Patrimônio Líquido temos
as fontes de recursos e no Ativo as aplicações, então o Ativo sempre é
financiado por alguém (Passivo e Patrimônio Líquido) e, por isso, deve
prestar contas a esse “alguém”. Para explicar vamos utilizar o exemplo da
Cia. ABC do capítulo anterior:

   Item1: Constituição da Cia. ABC com capital social no valor de $ 100 000,
sendo integralizado em dinheiro.

                  ATIVO                              PASSIVO
     Caixa 	                 100 000 Patrimônio Líquido 	        100 000
                                       Capital Social 	           100 000
     Total 	                100 000 Total 	                      100 000

   No Ativo há $ 100 000 no Caixa, esse recurso veio do acionista, portanto
do Capital Social, então o Caixa está devendo esse valor para o Capital Social.
Se a empresa fosse fechada nesse momento, teria que pegar o $ 100 000 e
devolver para o dono (acionista). Entende-se, então, que o Ativo sempre deve
para alguém, por isso dizemos que é de natureza Devedora. Por outro lado, o
acionista acreditou na empresa, colocou $ 100 000 nesse empreendimento,
daí o Patrimônio Líquido ser considerado de natureza Credora.

   Outro raciocínio seria considerar a origem das palavras, com a entrada
de $ 100 000 para o Caixa a empresa passou a ter esse valor, então há que se
debitar esse valor para o Caixa, uma vez que a palavra débito significa “devido
a mim”. Por outro lado, o acionista acreditou na empresa ao colocar $ 100 000
de recursos nela, portanto há que creditar esse valor para o acionista, uma
vez que a palavra crédito significa “credo, confiança”.

   O registro contábil dessa transação:

   D- Caixa: 		            $ 100 000

   C- Capital Social: 	    $ 100 000




                                                                                      43
Contabilidade


   Representação gráfica dos lançamentos de
   débito e crédito
             Uma forma de melhor visualizar os lançamentos contábeis é através dos
         Razonetes, também chamados de “Conta T” , pois seu formato é igual a letra
         “T”, onde do lado direito lança-se os valores que estão Debitados e do lado
         esquerdo os valores Creditados.

                                           Nome da Conta
                                      Débito           Crédito
                                        D                 C

           Para cada conta contábil haverá um razonete (T), assim, se no Plano de
         Contas de uma empresa houver 10 000 contas contábeis haverá essa mesma
         quantidade de razonetes.

                Contabilizando o exemplo anterior nos razonetes teremos:

                            Caixa                                Capital Social
            (1)
                  100 000                                                 100 000 (1)


                Explicações dos lançamentos:

                  	 Como o Ativo é de natureza devedora, para se aumentar uma conta des-
                    se grupo faz-se um débito e, conseqüentemente, para diminuir faz-se
                    um crédito. Portanto, havia zero no Caixa agora há $ 100 000, então hou-
                    ve um aumento de uma conta do Ativo, por isso, foi feito um débito.

                  	 O Patrimônio Líquido é de natureza credora, para se aumentar uma
                    conta desse grupo faz-se um crédito e, conseqüentemente, para
                    diminuir faz-se um débito. Portanto, havia zero no Capital Social agora
                    há $ 100 000, então houve um aumento de uma conta do Patrimônio
                    Líquido, por isso, foi feito um crédito.


   Razonete x Balanço
            Observa-se que se unirmos os dois razonetes teremos $ 100 000 de
         cada lado a exemplo do Balanço apresentado no item-1, portanto a
         representação gráfica de um razonete nos lembra um Balanço sem as
         bordas laterais e inferiores.


  44
Método das Partidas Dobradas




                                     Caixa: 100 000      Capital Social: 100 000


         Dessa forma, fica mais fácil compreender porque as contas do Ativo são
      de natureza devedora e as do Passivo e Patrimônio Líquido de natureza
      credora. Lembrando mais uma vez que o débito aumenta o saldo das
      contas do Ativo e o crédito aumenta o saldo das contas do Passivo e do
      Patrimônio Líquido.

         Nota-se que lançar qualquer valor no lado esquerdo de um razonete é
      debitar. Lançar qualquer valor no lado direito de um razonete é creditar.
      Daí a conjugação dos verbos: debitar e creditar.

         Prosseguindo com o exemplo vamos a mais três lançamentos. Faremos o
      registro até o item 4.

          Item 2: Compra à vista de móveis e utensílios no valor de $ 12 000.

                                 ATIVO                             PASSIVO
                 Caixa                         88 000   Patrimônio Líquido         100 000
                 Móveis e Utensílios           12 000   Capital Social	            100 000
                 Total                        100 000   Total                      100 000

          O registro contábil dessa transação:

           	 Havia $ 100 000 no Caixa, agora só há $ 88 000, portanto houve uma
             redução de uma conta do Ativo e quando isso ocorre faz-se um crédito.

           	 Por outro lado, havia zero de Móveis e Utensílios agora há $ 12 000,
             portanto houve um aumento de uma conta do Ativo e quando isso
             ocorre faz-se um débito.

          D- Móveis e Utensílios: 	$ 12 000 	

          C- Caixa: $ 12 000

                Caixa                            Capital Social                    Móveis e Utensílios
(1)
      100 000           12 000 (2)                        100 000 (1)        (2)
                                                                                   12 000

 # 88 000




                                                                                                            45
Contabilidade

                Detalhes importantes:

                 	 Devemos sempre numerar os lançamentos para saber a que transação
                   se refere.

                 	 O símbolo # (jogo da velha) representa o saldo de cada razonete.

            Unindo os saldos dos três razonetes num único, chega-se a uma repre-
         sentação semelhante ao Balanço apresentado no item 2, conforme a seguir:

                            Caixa:               88 000
                                                          Capital Social: 100 000
                            Móveis e Utensílios: 12 000

            Item 3: Compra de mercadorias no valor de $ 15 000, sendo $ 5 000 à vista
         e o restante a prazo.

                                  ATIVO                                PASSIVO
                    Caixa                       83 000 Exigibilidade                 10 000
                    Móveis e Utensílios         12 000 Fornecedores                  10 000
                    Estoque de Mercadorias      15 000 Patrimônio Líquido           100 000
                                                          Capital Social            100 000
                    Total                     110 000 Total                         110 000

                O registro contábil dessa transação:

                 	 Havia $ 88 000 no Caixa e houve um pagamento de $ 5 000 devido a
                   compra de mercadorias, com isso o saldo caiu para $ 83 000, portanto
                   houve uma redução de uma conta do Ativo e quando isso ocorre faz-
                   se um crédito.

                 	 Uma parte da compra foi a prazo, portanto a empresa fez uma dívida
                   de $ 10 000 para com os Fornecedores, portanto houve um aumento
                   de uma conta do Passivo e quando isso ocorre faz-se um crédito (já
                   que esse grupo é de natureza credora).

                 	 Por outro lado, havia zero de Estoque de Mercadorias agora há $ 15 000,
                   houve, então, um aumento de uma conta do Ativo e quando isso ocorre
                   faz-se um débito.

                D- Estoque de Mercadorias:	         $ 15 000

                C- Caixa:			                          $ 5 000

                C- Fornecedores:		                  $ 10 000

  46
Método das Partidas Dobradas


                   Caixa                             Fornecedores                       Móveis e Utensílios
       (1)
             100 000       12 000     (2)
                                                               10 000   (3)       (2)
                                                                                        12.000
                            5 000 (3)
       # 83 000



               Capital Social                Estoque de Mercadorias

                         100 000 (1)        (3)
                                                  15 000


	            		

       Nota-se que o lançamento de crédito do item 3 foi desmembrado em dois:
    $ 5 000 no Caixa e $ 10 000 em Fornecedores, em função da compra ter sido
    uma parte à vista e outra a prazo.

         Unindo os saldos dos cinco razonetes num único, chega-se a uma repre-
      sentação semelhante ao Balanço apresentado no item 3, conforme a seguir:

                Caixa:                               83 000 Fornecedores:                         10 000
                Móveis e Utensílios:                 12 000 Capital Social:                      100 000
                Estoque de Mercadorias:              15 000


             Item 4: Compra de um veículo financiado no valor de $ 6 000.
                                  ATIVO                                       PASSIVO
                 Caixa                                 83 000 Exigibilidade                         16 000
                 Móveis e Utensílios                   12 000 Fornecedores                          10 000
                 Estoque de Mercadorias                15 000 Financiamento                          6 000
                 Veículos                                  6 000 Patrimônio Líquido                100 000
                                                                 Capital Social                    100 000
                 Total                               116 000 Total                                 116 000

             O registro contábil dessa transação:
              	 Havia zero de Veículos agora há $ 6 000, portanto houve um aumento
                de uma conta do Ativo e quando isso ocorre faz-se um débito.
              	 Por outro lado, havia zero de Financiamentos a Pagar agora há $ 6 000,
                houve um aumento de uma conta do Passivo e quando isso ocorre faz-
                se um crédito.
             D- Veículos: 	       	               $ 6 000		
             C- Financiamentos:	                  $ 6 000	
                                                                                                                    47
Contabilidade


                       Caixa                     Fornecedores                     Móveis e Utensílios
       (1)
             100 000             12 000  (2)
                                                         10 000   (3)      (2)
                                                                                 12 000
                                  5 000 (3)
       # 83 000


             Estoque de Mercadorias             Financiamento                        Capital Social
       (3)
             15 000                                      6 000 (4)                             100 000 (1)


                      Veículos
       (4)
             6 000

   	      Unindo os saldos dos sete razonetes, chega-se a uma representação
   semelhante ao Balanço apresentado no item 4, conforme a seguir:

                      Caixa :                   83 000   Fornecedores:                     10 000
                      Móveis e Utensílios :     12 000   Financiamento:                     6 000
                      Estoque de Mercadorias:   15 000   Capital Social:                  100 000
                      Veículos:                  6 000

                 Conclusão importante:

                 O Balanço é a forma de espelhar o saldo de cada razonete de maneira
              organizada, segregando em contas do Ativo, do Passivo e do Patrimônio
              Líquido, apresentando a situação patrimonial da empresa. Para o usuário, é
              bem melhor receber a informação do saldo de cada conta no Balanço do que
              receber diversos razonetes soltos.


   Características das partidas dobradas
                     	 Para todo fato contábil haverá no mínimo dois lançamentos, um no
                       débito e outro no crédito.

                     	 Todas as aplicações de recursos (débito) vão necessitar de uma origem
                       de recursos (crédito).

                     	 No Ativo, podemos dizer que toda entrada é débito e toda saída é
                       crédito.

                 Exemplo: Compra de mercadoria à vista.
                 D- Estoque de Mercadoria (entrou mercadoria no estoque)
                 C- 	Caixa (saiu dinheiro do caixa)

  48
Método das Partidas Dobradas

       	 A soma dos débitos será sempre igual à soma dos créditos.


       “Não há débito sem que haja o respectivo crédito e vice-versa”



O extrato bancário e as partidas dobradas
      O extrato bancário gera algumas dificuldades para o iniciante nesse
   assunto, pois os lançamentos constantes no extrato são contrários aos
   registros das empresas, por exemplo, quando é feito um depósito na conta
   bancária, há que se fazer um débito, pois está aumentando a conta Banco,
   portanto está aumentando uma conta do Ativo. Mas no extrato o depósito
   consta como Crédito. Como isso é possível? Significa que a Contabilidade
   dos bancos é contrária à das empresas? Essas são perguntas rotineiras feitas
   pelo iniciante. Para responder utilizaremos o seguinte exemplo:
     1.	 Supondo que a empresa efetue um depósito no valor de $ 100 000. A
         contabilização na empresa e no banco se dará da seguinte forma:

   Na empresa
      Saiu dinheiro do Caixa e foi para a conta Bancária, portanto é preciso
   creditar o Caixa uma vez que houve uma redução de recursos e aumentar a
   conta Banco em função do aumento.

                            Caixa                    Banco Conta Movimento
                                    100 000   (1)   (1)
                                                          100 000



   No Banco
      Entrou dinheiro no caixa do banco, portanto é preciso debitar o Caixa
   uma vez que houve uma entrada de recursos, por outro lado o banco está
   devendo esse valor para a empresa, como dívida é conta de Passivo, terá que
   efetuar um crédito na conta chamada Depósitos à Vista (C/C) – Passivo.

                            Caixa                           Depósito à Vista
            (1)
                  100 000                                              100 000 (1)




                                                                                                 49
Contabilidade

         Na empresa
            Saiu dinheiro da conta bancária, portanto é preciso creditar a conta Banco
         uma vez que houve uma redução e debitar a conta Veículos em função da
         entrada de recursos para essa conta.

                                        Caixa               Banco Conta Movimento
                                            100 000   (1)   (1)
                                                                  100 000       30 000(2)


                                     Veículo
                          (2)
                                30 000


         No Banco
            Saiu dinheiro do caixa do banco, portanto é preciso creditar a conta Caixa
         uma vez que houve uma saída de recursos, por outro lado o banco que devia
         $ 100 000 passou a dever apenas $ 70 000 para a empresa, portanto houve
         uma redução da dívida, quando reduz uma conta do Passivo há que se
         fazer um débito.

                                Caixa                                     Depósito à Vista (C/C)
                (1)
                      100 000            30 000 (2)                 (2)
                                                                          30 000        100 000 (1)
   	

            Agora podemos responder aos questionamentos feitos, principalmente
         à pergunta: Significa que a Contabilidade dos bancos é contrária à das
         empresas?

            A resposta é não, a Contabilidade dos bancos segue exatamente os
         mesmos conceitos da Contabilidade Empresarial, ou seja, quando aumenta
         uma conta do Ativo faz-se um débito e quando aumenta uma conta do Pas-
         sivo faz-se um Crédito.

           Então, por que há divergência entre a forma de apresentação dos lança-
         mentos no extrato bancário e na Contabilidade das empresas?

             A resposta é muito simples, ocorre que o extrato bancário recebido pelas
         empresas, nada mais é que a contabilização da conta “Depósitos à Vista
         (c/c)”, ou seja, os bancos quando começaram a fornecer os extratos, não
         tiveram o zelo de formatar um relatório que demonstrasse a contabilidade
         dos clientes, simplesmente pegaram a conta contábil do Passivo e enviaram
         para os clientes, é, por isso, que os depósitos aparecem como crédito

  50
Método das Partidas Dobradas

 e os cheques pagos como débito, pois no caso do depósito, conforme
 demonstrado anteriormente, gera uma dívida para o banco, portanto registra-
 se como crédito e quando pagam um cheque do cliente reduz a dívida,
 portanto diminui uma conta do Passivo, por isso aparecem como débito.


   Conclusão: o extrato bancário retrata a Contabilidade do banco e não
do cliente.




                                                                               51
Contabilidade


   Apuração do Resultado do
   Exercício – ARE


            Toda empresa é obrigada legalmente a fazer apuração dos resultados
         pelo menos uma vez por ano. O lucro ou prejuízo de um exercício está na
         dependência do confronto das contas de receitas, custos e despesas, e este
         resultado líquido é apurado na conta denominada ARE – Apuração do
         Resultado do Exercício.

             As contas de receitas, custos e despesas tem periodicidade anual, por isso,
         são chamadas de contas transitórias, isto é, somente deverão conter registros
         para um ano, ou período menor, conforme a duração do período contábil, o
         que significa que todas as contas de resultado devem possuir saldo zero no
         início de cada ano. Por esta razão, é feito o encerramento dessas contas em
         31 de dezembro.


   Procedimentos para Apuração do
   Resultado do Exercício
                	 Apurar o saldo das contas de resultado nos razonetes (T). Abrir a conta
                  ARE e transferir todos os saldos das contas de resultado para o ARE.

                	 Debitar o saldo das contas de receitas, em contrapartida creditar a
                  conta ARE.

                	 Creditar o saldo das contas de despesas, em contrapartida debitar a
                  conta ARE.

                	 Apurar o saldo da conta ARE. Se for credor, o resultado será lucro do
                  exercício, se devedor, será prejuízo do exercício.

                	 Transferir o saldo da conta ARE para a conta Lucros/Prejuízos
                  Acumulados, esta conta é do Patrimônio Líquido.




  52
Método das Partidas Dobradas



Ampliando seus conhecimentos

 Para saber mais, ler os capítulos 03 dos livros:

 Equipe de Professores da USP. Contabilidade Introdutória. 9 ed. São Paulo:
 Atlas, 1998.

 GOUVEIA, Nélson. Contabilidade Básica. 2 ed. São Paulo: Harbra, 1993.

 Ler também o capítulo 17 do livro:

 IUDÍCIBUS,Sérgio de. MARION, José Carlos. Curso de Contabilidade para não
 Contadores. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2000.



Atividades de aplicação
      1.	 Durante o mês de janeiro a Cia. EFG realizou as seguintes operações:

          1.	 Constituição da empresa com capital social integralizado em di-
              nheiro no valor de $10 000.

          2.	 Compra a prazo de mercadorias no valor de $ 5 000.

          3.	 Contratação de um empréstimo no valor de $ 3 000, o dinheiro
              entrou no caixa da empresa.

          4.	 Venda de 50% do seu estoque de mercadorias pelo valor de $ 6 000,
              sendo que 40% foram vendidos a prazo e o restante à vista.

          5.	 Pagamento de $ 500 de juros referente ao empréstimo contraído
              no item 3.

          6.	 Houve uma despesa de salários no valor de $ 2 000 que serão pa-
              gos em fevereiro.

      	   Pede-se

      	   Faça todos os lançamentos em conta “T” e Apuração do Resultado do
          Exercício transferindo para a Conta de Lucros Acumulados.



                                                                                   53
Contabilidade

                2.	 Durante o mês de janeiro a Cia. Tico e Téco realizou as seguintes
                    operações:

                    1.	 Constituição da empresa com capital inicial integralizado em di-
                        nheiro no valor de $ 70 000.

                    2.	 Contratação de um empréstimo bancário no valor de $ 10 000,
                        tendo o banco depositado a quantia na conta da empresa.

                    3.	 Compra a prazo de mercadorias no valor de $ 40 000.

                    4.	 Venda de 75% do seu estoque de mercadorias pelo valor de $ 50
                        000, sendo que 40% foram vendidos a prazo e o restante à vista.

                    5.	 Pagamento em cheque no valor de $ 2 000 referente a juros do
                        empréstimo contraído no item 2.

                    6.	 Despesa com energia elétrica no valor de $ 3 000 pago à vista em
                        dinheiro.

                    7.	 Houve uma despesa de salários no valor de $ 4 000 que serão pa-
                        gos em fevereiro.

                    8.	 Despesa com telefone no valor de $ 1 000 que serão pagos no mês
                        seguinte.

                    9.	 Aumento do Capital Social em cheque no valor de $ 25 000. Este
                        valor foi depositado diretamente na conta da empresa.

                	   Pede-se:

                    a)	 Lançar todas as transações em razonetes

                    b)	 Apurar o Resultado do Exercício – ARE em 31.01.X1

                    c)	 Elaborar a DRE em 31.01.X1

                    d)	 Elaborar o Balanço Patrimonial em 31.01.X1




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  • 1. Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-7638-769-5 Contabilidade Contabilidade
  • 2. Itamar Miranda Machado Contabilidade 1.ª edição
  • 3. © 2007 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais. B118 Machado, Itamar Miranda Contabilidade/Itamar Miranda Machado — Curitiba: IESDE Brasil S.A., 2007. 188 p. ISBN: 978-85-7638-769-5 1. Contabilidade, Balanço Patrimonial 2. Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) 3. Demonstrações Contábeis 4. Tomada de Decisão I. Título CDD 086.9 Todos os direitos reservados. IESDE Brasil S.A Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
  • 4. Estrutura Patrimonial e de Resultado sumário sumári A Contabilidade e seus Usuários 11 | Conceito e finalidade 11 | Usuários 11 12 | Diferenças entre as Contabilidades Financeira, Gerencial e Fiscal 15 Estrutura Patrimonial 15 | Ativo 15 | Passivo 15 | Patrimônio Total (ou Bruto) 16 | Patrimônio Líquido 16 | Conceitos de Capital 16 | A Equação Básica da Contabilidade Demonstração do 18 Resultado do Exercício − DRE 18 | Receita 18 | Despesa 19 | Custo 19 | Resultado 20 | Modelo de Demonstração do Resultado do Exercício − DRE 26 Planos de Contas 26 | Contas Patrimoniais 26 | Contas de Resultado 26 | Plano de Contas 33 | Exercício de fixação (resolvido) 41 Método das Partidas Dobradas 41 | Débito e Crédito 44 | Representação gráfica dos lançamentos de débito e crédito 44 | Razonete x Balanço 48 | Características das partidas dobradas 49 | O extrato bancário e as partidas dobradas
  • 5. 52 Apuração do Resultado do Exercício – ARE 52 | Procedimentos para Apuração do Resultado do Exercício Princípios Contábeis: Entidade e Competência 57 Princípios Fundamentais da Contabilidade 58 | Princípio da Entidade 59 | Princípio da Competência 62 Provisões 64 Despesas Pagas Antecipadamente 66 | Exercício de fixação (resolvido) Demonstrações Contábeis I 73 Depreciação e Amortização 73 | Depreciação do Ativo Imobilizado 76 | Amortização do Ativo Diferido
  • 6. 79 sumário sumári Demonstrações Contábeis 80 | Balanço Patrimonial 80 | Classificação das Contas no Balanço Patrimonial Demonstrações Contábeis II 89 89 | Demonstração do Resultado do Exercício – DRE 94 | Síntese das Contas de Resultado 95 | Demonstração de Mutação do Patrimônio Líquido – DMPL 96 | Exercício de fixação (resolvido) Demonstração das Origens 105 e Aplicações de Recursos – doar 105 | Explicação da variação do CCL 107 | Conceito de origem e aplicação 109 | Esquema para elaborar a Doar 115 | Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos – DOAR 118 | Demonstrações Contábeis: exercício de fixação Relatório da Diretoria, Notas 125 Explicativas e Parecer dos Diretores 125 | Relatório da Diretoria 126 | Notas Explicativas 130 | Parecer dos Auditores Independentes 137 Indicadores de Gestão 141 | EBIT e EBITDA
  • 7. 145 Consolidação das demonstrações contábeis 145 | Objetivo 145 | Obrigatoriedade de Consolidação 146 | Informações adicionais às demonstrações consolidadas 146 | Uniformidade de práticas 147 | Técnica de Consolidação 149 | Participações minoritárias 157 Gabarito 185 Referências 187 Anotações
  • 8. Introdução Objetivo Geral Contabilidade Propiciar aos participantes o entendimento dos conceitos, registros e dinâmica contábil, bem como a interpretação dos fatos e a contribui- ção das informações no processo de tomada de decisões. Entender as interfaces das demonstrações con- tábeis compreendendo como os fatos econômi- cos e financeiros afetam a situação patrimonial da empresa.
  • 9. Método das Partidas Dobradas Com esse método iniciou-se uma forma estruturada de se registrar as variações patrimoniais de uma empresa. No final do século XIV, o Papa Leão X delegou ao Frei Lucca Paccioli, um matemático, o controle financeiro de um convento numa cidade da Itália. O Frei precisava demonstrar para o Papa a origem dos recursos e suas destinações, então para cada movimentação financeira ele tinha que apresentar dois registros: o de onde veio (origem dos recursos) e para onde foi (aplicação, destino dos recursos), daí o termo Partidas Dobradas. O Frei Lucca Paccioli publicou um livro de matemática em Veneza no ano de 1494 intitulado Summa de Arithmetica, Geometria, Proportioni et Propor- tionalitá, e apesar de ser um livro de Matemática, continha um capítulo com o nome: Particularis de Computis et Scripturis, que trata dos registros pelo método das partidas dobradas. Há literaturas que trazem o início da Conta- bilidade há 4000 anos a.C. Entretanto, o primeiro registro sobre o tema que se tem notícia é esse livro de Paccioli. Débito e Crédito A premissa básica das partidas dobradas, conforme mencionado, é que para toda transação contábil há no mínimo dois registros (origens e destinos). Esses registros são denominados de Débito e Crédito e funcionam como as ações contábeis, uma vez que o ato de debitar e creditar alteram os saldos das contas e, conseqüentemente, geram as variações patrimoniais. Portanto, debitar e creditar são os verbos da Contabilidade. Todas as transações contábeis que ocorrem são registradas utilizando esses dois verbos. Antes de iniciar o entendimento de como se debita e se credita, é neces- sário entender qual a natureza dos grupos de contas. Para facilitar o enten- dimento, apresentamos o seguinte esquema:
  • 10. Contabilidade Grupo de contas Natureza Débito Crédito Ativo Devedora aumenta diminui Passivo e PL Credora diminui aumenta Despesa e Custo Devedora aumenta diminui Receita Credora diminui aumenta Assim, se o Ativo é de natureza devedora, para aumentá-lo há que se fazer um débito e para reduzi-lo há que se fazer um crédito. O mesmo raciocínio serve para os demais grupos, como o Passivo e o PL são de natureza credora, para aumentá-los faz-se um crédito e para reduzi-los um débito. Essa natureza dos grupos de contas gera ao iniciante desse estudo alguma confusão, pois pode-se questionar o seguinte: “se ativo são os bens e direitos que uma empresa possui, como isso pode ser um débito?”. Essa dúvida surge porque somos acostumamos a pensar que débito é estar em falta com algo, ou seja é uma coisa negativa, mas em Contabilidade não é bem assim, veja a origem das palavras: Débito: do latim “debes” = devido a mim (pertencente a mim) Crédito: do latim “credo” = confiança, crença Portanto, a palavra débito significa devido a mim, logo o Ativo é de natureza devedora, pois os bens e direitos pertencem à empresa, ou seja são devidos a ela. A palavra crédito significa confiança, portanto quem vende a prazo tem confiança na empresa, ou seja, acredita que ela vai pagar a dívida e, conforme já visto, as dívidas e obrigações são lançadas no Passivo, daí esse grupo ser de natureza credora. O mesmo ocorre com o Patrimônio Líquido, pois o investidor (proprietário) colocou recursos na empresa, acreditou nela. As receitas, os custos e as despesas estão apresentadas na DRE, que, posteriormente, de forma resumida (pelo saldo: lucro ou prejuízo) são transferidas para a conta de Lucros Acumulados no Patrimônio Líquido, então o raciocínio para essas contas é o seguinte: A receita é de natureza credora, pois aumenta o lucro, portanto aumenta a conta de Lucros Acumulados, sendo de mesma natureza que o Patrimônio Líquido. 42
  • 11. Método das Partidas Dobradas Os custos e as despesas são de natureza devedora, pois reduzem o lucro, portanto reduzem a conta de Lucros Acumulados, sendo de natureza contrária a do Patrimônio Líquido. Outra maneira de se entender essa questão é através da escola personalista. Considerando que no Passivo e no Patrimônio Líquido temos as fontes de recursos e no Ativo as aplicações, então o Ativo sempre é financiado por alguém (Passivo e Patrimônio Líquido) e, por isso, deve prestar contas a esse “alguém”. Para explicar vamos utilizar o exemplo da Cia. ABC do capítulo anterior: Item1: Constituição da Cia. ABC com capital social no valor de $ 100 000, sendo integralizado em dinheiro. ATIVO PASSIVO Caixa 100 000 Patrimônio Líquido 100 000 Capital Social 100 000 Total 100 000 Total 100 000 No Ativo há $ 100 000 no Caixa, esse recurso veio do acionista, portanto do Capital Social, então o Caixa está devendo esse valor para o Capital Social. Se a empresa fosse fechada nesse momento, teria que pegar o $ 100 000 e devolver para o dono (acionista). Entende-se, então, que o Ativo sempre deve para alguém, por isso dizemos que é de natureza Devedora. Por outro lado, o acionista acreditou na empresa, colocou $ 100 000 nesse empreendimento, daí o Patrimônio Líquido ser considerado de natureza Credora. Outro raciocínio seria considerar a origem das palavras, com a entrada de $ 100 000 para o Caixa a empresa passou a ter esse valor, então há que se debitar esse valor para o Caixa, uma vez que a palavra débito significa “devido a mim”. Por outro lado, o acionista acreditou na empresa ao colocar $ 100 000 de recursos nela, portanto há que creditar esse valor para o acionista, uma vez que a palavra crédito significa “credo, confiança”. O registro contábil dessa transação: D- Caixa: $ 100 000 C- Capital Social: $ 100 000 43
  • 12. Contabilidade Representação gráfica dos lançamentos de débito e crédito Uma forma de melhor visualizar os lançamentos contábeis é através dos Razonetes, também chamados de “Conta T” , pois seu formato é igual a letra “T”, onde do lado direito lança-se os valores que estão Debitados e do lado esquerdo os valores Creditados. Nome da Conta Débito Crédito D C Para cada conta contábil haverá um razonete (T), assim, se no Plano de Contas de uma empresa houver 10 000 contas contábeis haverá essa mesma quantidade de razonetes. Contabilizando o exemplo anterior nos razonetes teremos: Caixa Capital Social (1) 100 000 100 000 (1) Explicações dos lançamentos: Como o Ativo é de natureza devedora, para se aumentar uma conta des- se grupo faz-se um débito e, conseqüentemente, para diminuir faz-se um crédito. Portanto, havia zero no Caixa agora há $ 100 000, então hou- ve um aumento de uma conta do Ativo, por isso, foi feito um débito. O Patrimônio Líquido é de natureza credora, para se aumentar uma conta desse grupo faz-se um crédito e, conseqüentemente, para diminuir faz-se um débito. Portanto, havia zero no Capital Social agora há $ 100 000, então houve um aumento de uma conta do Patrimônio Líquido, por isso, foi feito um crédito. Razonete x Balanço Observa-se que se unirmos os dois razonetes teremos $ 100 000 de cada lado a exemplo do Balanço apresentado no item-1, portanto a representação gráfica de um razonete nos lembra um Balanço sem as bordas laterais e inferiores. 44
  • 13. Método das Partidas Dobradas Caixa: 100 000 Capital Social: 100 000 Dessa forma, fica mais fácil compreender porque as contas do Ativo são de natureza devedora e as do Passivo e Patrimônio Líquido de natureza credora. Lembrando mais uma vez que o débito aumenta o saldo das contas do Ativo e o crédito aumenta o saldo das contas do Passivo e do Patrimônio Líquido. Nota-se que lançar qualquer valor no lado esquerdo de um razonete é debitar. Lançar qualquer valor no lado direito de um razonete é creditar. Daí a conjugação dos verbos: debitar e creditar. Prosseguindo com o exemplo vamos a mais três lançamentos. Faremos o registro até o item 4. Item 2: Compra à vista de móveis e utensílios no valor de $ 12 000. ATIVO PASSIVO Caixa 88 000 Patrimônio Líquido 100 000 Móveis e Utensílios 12 000 Capital Social 100 000 Total 100 000 Total 100 000 O registro contábil dessa transação: Havia $ 100 000 no Caixa, agora só há $ 88 000, portanto houve uma redução de uma conta do Ativo e quando isso ocorre faz-se um crédito. Por outro lado, havia zero de Móveis e Utensílios agora há $ 12 000, portanto houve um aumento de uma conta do Ativo e quando isso ocorre faz-se um débito. D- Móveis e Utensílios: $ 12 000 C- Caixa: $ 12 000 Caixa Capital Social Móveis e Utensílios (1) 100 000 12 000 (2) 100 000 (1) (2) 12 000 # 88 000 45
  • 14. Contabilidade Detalhes importantes: Devemos sempre numerar os lançamentos para saber a que transação se refere. O símbolo # (jogo da velha) representa o saldo de cada razonete. Unindo os saldos dos três razonetes num único, chega-se a uma repre- sentação semelhante ao Balanço apresentado no item 2, conforme a seguir: Caixa: 88 000 Capital Social: 100 000 Móveis e Utensílios: 12 000 Item 3: Compra de mercadorias no valor de $ 15 000, sendo $ 5 000 à vista e o restante a prazo. ATIVO PASSIVO Caixa 83 000 Exigibilidade 10 000 Móveis e Utensílios 12 000 Fornecedores 10 000 Estoque de Mercadorias 15 000 Patrimônio Líquido 100 000 Capital Social 100 000 Total 110 000 Total 110 000 O registro contábil dessa transação: Havia $ 88 000 no Caixa e houve um pagamento de $ 5 000 devido a compra de mercadorias, com isso o saldo caiu para $ 83 000, portanto houve uma redução de uma conta do Ativo e quando isso ocorre faz- se um crédito. Uma parte da compra foi a prazo, portanto a empresa fez uma dívida de $ 10 000 para com os Fornecedores, portanto houve um aumento de uma conta do Passivo e quando isso ocorre faz-se um crédito (já que esse grupo é de natureza credora). Por outro lado, havia zero de Estoque de Mercadorias agora há $ 15 000, houve, então, um aumento de uma conta do Ativo e quando isso ocorre faz-se um débito. D- Estoque de Mercadorias: $ 15 000 C- Caixa: $ 5 000 C- Fornecedores: $ 10 000 46
  • 15. Método das Partidas Dobradas Caixa Fornecedores Móveis e Utensílios (1) 100 000 12 000 (2) 10 000 (3) (2) 12.000 5 000 (3) # 83 000 Capital Social Estoque de Mercadorias 100 000 (1) (3) 15 000 Nota-se que o lançamento de crédito do item 3 foi desmembrado em dois: $ 5 000 no Caixa e $ 10 000 em Fornecedores, em função da compra ter sido uma parte à vista e outra a prazo. Unindo os saldos dos cinco razonetes num único, chega-se a uma repre- sentação semelhante ao Balanço apresentado no item 3, conforme a seguir: Caixa: 83 000 Fornecedores: 10 000 Móveis e Utensílios: 12 000 Capital Social: 100 000 Estoque de Mercadorias: 15 000 Item 4: Compra de um veículo financiado no valor de $ 6 000. ATIVO PASSIVO Caixa 83 000 Exigibilidade 16 000 Móveis e Utensílios 12 000 Fornecedores 10 000 Estoque de Mercadorias 15 000 Financiamento 6 000 Veículos 6 000 Patrimônio Líquido 100 000 Capital Social 100 000 Total 116 000 Total 116 000 O registro contábil dessa transação: Havia zero de Veículos agora há $ 6 000, portanto houve um aumento de uma conta do Ativo e quando isso ocorre faz-se um débito. Por outro lado, havia zero de Financiamentos a Pagar agora há $ 6 000, houve um aumento de uma conta do Passivo e quando isso ocorre faz- se um crédito. D- Veículos: $ 6 000 C- Financiamentos: $ 6 000 47
  • 16. Contabilidade Caixa Fornecedores Móveis e Utensílios (1) 100 000 12 000 (2) 10 000 (3) (2) 12 000 5 000 (3) # 83 000 Estoque de Mercadorias Financiamento Capital Social (3) 15 000 6 000 (4) 100 000 (1) Veículos (4) 6 000 Unindo os saldos dos sete razonetes, chega-se a uma representação semelhante ao Balanço apresentado no item 4, conforme a seguir: Caixa : 83 000 Fornecedores: 10 000 Móveis e Utensílios : 12 000 Financiamento: 6 000 Estoque de Mercadorias: 15 000 Capital Social: 100 000 Veículos: 6 000 Conclusão importante: O Balanço é a forma de espelhar o saldo de cada razonete de maneira organizada, segregando em contas do Ativo, do Passivo e do Patrimônio Líquido, apresentando a situação patrimonial da empresa. Para o usuário, é bem melhor receber a informação do saldo de cada conta no Balanço do que receber diversos razonetes soltos. Características das partidas dobradas Para todo fato contábil haverá no mínimo dois lançamentos, um no débito e outro no crédito. Todas as aplicações de recursos (débito) vão necessitar de uma origem de recursos (crédito). No Ativo, podemos dizer que toda entrada é débito e toda saída é crédito. Exemplo: Compra de mercadoria à vista. D- Estoque de Mercadoria (entrou mercadoria no estoque) C- Caixa (saiu dinheiro do caixa) 48
  • 17. Método das Partidas Dobradas A soma dos débitos será sempre igual à soma dos créditos. “Não há débito sem que haja o respectivo crédito e vice-versa” O extrato bancário e as partidas dobradas O extrato bancário gera algumas dificuldades para o iniciante nesse assunto, pois os lançamentos constantes no extrato são contrários aos registros das empresas, por exemplo, quando é feito um depósito na conta bancária, há que se fazer um débito, pois está aumentando a conta Banco, portanto está aumentando uma conta do Ativo. Mas no extrato o depósito consta como Crédito. Como isso é possível? Significa que a Contabilidade dos bancos é contrária à das empresas? Essas são perguntas rotineiras feitas pelo iniciante. Para responder utilizaremos o seguinte exemplo: 1. Supondo que a empresa efetue um depósito no valor de $ 100 000. A contabilização na empresa e no banco se dará da seguinte forma: Na empresa Saiu dinheiro do Caixa e foi para a conta Bancária, portanto é preciso creditar o Caixa uma vez que houve uma redução de recursos e aumentar a conta Banco em função do aumento. Caixa Banco Conta Movimento 100 000 (1) (1) 100 000 No Banco Entrou dinheiro no caixa do banco, portanto é preciso debitar o Caixa uma vez que houve uma entrada de recursos, por outro lado o banco está devendo esse valor para a empresa, como dívida é conta de Passivo, terá que efetuar um crédito na conta chamada Depósitos à Vista (C/C) – Passivo. Caixa Depósito à Vista (1) 100 000 100 000 (1) 49
  • 18. Contabilidade Na empresa Saiu dinheiro da conta bancária, portanto é preciso creditar a conta Banco uma vez que houve uma redução e debitar a conta Veículos em função da entrada de recursos para essa conta. Caixa Banco Conta Movimento 100 000 (1) (1) 100 000 30 000(2) Veículo (2) 30 000 No Banco Saiu dinheiro do caixa do banco, portanto é preciso creditar a conta Caixa uma vez que houve uma saída de recursos, por outro lado o banco que devia $ 100 000 passou a dever apenas $ 70 000 para a empresa, portanto houve uma redução da dívida, quando reduz uma conta do Passivo há que se fazer um débito. Caixa Depósito à Vista (C/C) (1) 100 000 30 000 (2) (2) 30 000 100 000 (1) Agora podemos responder aos questionamentos feitos, principalmente à pergunta: Significa que a Contabilidade dos bancos é contrária à das empresas? A resposta é não, a Contabilidade dos bancos segue exatamente os mesmos conceitos da Contabilidade Empresarial, ou seja, quando aumenta uma conta do Ativo faz-se um débito e quando aumenta uma conta do Pas- sivo faz-se um Crédito. Então, por que há divergência entre a forma de apresentação dos lança- mentos no extrato bancário e na Contabilidade das empresas? A resposta é muito simples, ocorre que o extrato bancário recebido pelas empresas, nada mais é que a contabilização da conta “Depósitos à Vista (c/c)”, ou seja, os bancos quando começaram a fornecer os extratos, não tiveram o zelo de formatar um relatório que demonstrasse a contabilidade dos clientes, simplesmente pegaram a conta contábil do Passivo e enviaram para os clientes, é, por isso, que os depósitos aparecem como crédito 50
  • 19. Método das Partidas Dobradas e os cheques pagos como débito, pois no caso do depósito, conforme demonstrado anteriormente, gera uma dívida para o banco, portanto registra- se como crédito e quando pagam um cheque do cliente reduz a dívida, portanto diminui uma conta do Passivo, por isso aparecem como débito. Conclusão: o extrato bancário retrata a Contabilidade do banco e não do cliente. 51
  • 20. Contabilidade Apuração do Resultado do Exercício – ARE Toda empresa é obrigada legalmente a fazer apuração dos resultados pelo menos uma vez por ano. O lucro ou prejuízo de um exercício está na dependência do confronto das contas de receitas, custos e despesas, e este resultado líquido é apurado na conta denominada ARE – Apuração do Resultado do Exercício. As contas de receitas, custos e despesas tem periodicidade anual, por isso, são chamadas de contas transitórias, isto é, somente deverão conter registros para um ano, ou período menor, conforme a duração do período contábil, o que significa que todas as contas de resultado devem possuir saldo zero no início de cada ano. Por esta razão, é feito o encerramento dessas contas em 31 de dezembro. Procedimentos para Apuração do Resultado do Exercício Apurar o saldo das contas de resultado nos razonetes (T). Abrir a conta ARE e transferir todos os saldos das contas de resultado para o ARE. Debitar o saldo das contas de receitas, em contrapartida creditar a conta ARE. Creditar o saldo das contas de despesas, em contrapartida debitar a conta ARE. Apurar o saldo da conta ARE. Se for credor, o resultado será lucro do exercício, se devedor, será prejuízo do exercício. Transferir o saldo da conta ARE para a conta Lucros/Prejuízos Acumulados, esta conta é do Patrimônio Líquido. 52
  • 21. Método das Partidas Dobradas Ampliando seus conhecimentos Para saber mais, ler os capítulos 03 dos livros: Equipe de Professores da USP. Contabilidade Introdutória. 9 ed. São Paulo: Atlas, 1998. GOUVEIA, Nélson. Contabilidade Básica. 2 ed. São Paulo: Harbra, 1993. Ler também o capítulo 17 do livro: IUDÍCIBUS,Sérgio de. MARION, José Carlos. Curso de Contabilidade para não Contadores. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2000. Atividades de aplicação 1. Durante o mês de janeiro a Cia. EFG realizou as seguintes operações: 1. Constituição da empresa com capital social integralizado em di- nheiro no valor de $10 000. 2. Compra a prazo de mercadorias no valor de $ 5 000. 3. Contratação de um empréstimo no valor de $ 3 000, o dinheiro entrou no caixa da empresa. 4. Venda de 50% do seu estoque de mercadorias pelo valor de $ 6 000, sendo que 40% foram vendidos a prazo e o restante à vista. 5. Pagamento de $ 500 de juros referente ao empréstimo contraído no item 3. 6. Houve uma despesa de salários no valor de $ 2 000 que serão pa- gos em fevereiro. Pede-se Faça todos os lançamentos em conta “T” e Apuração do Resultado do Exercício transferindo para a Conta de Lucros Acumulados. 53
  • 22. Contabilidade 2. Durante o mês de janeiro a Cia. Tico e Téco realizou as seguintes operações: 1. Constituição da empresa com capital inicial integralizado em di- nheiro no valor de $ 70 000. 2. Contratação de um empréstimo bancário no valor de $ 10 000, tendo o banco depositado a quantia na conta da empresa. 3. Compra a prazo de mercadorias no valor de $ 40 000. 4. Venda de 75% do seu estoque de mercadorias pelo valor de $ 50 000, sendo que 40% foram vendidos a prazo e o restante à vista. 5. Pagamento em cheque no valor de $ 2 000 referente a juros do empréstimo contraído no item 2. 6. Despesa com energia elétrica no valor de $ 3 000 pago à vista em dinheiro. 7. Houve uma despesa de salários no valor de $ 4 000 que serão pa- gos em fevereiro. 8. Despesa com telefone no valor de $ 1 000 que serão pagos no mês seguinte. 9. Aumento do Capital Social em cheque no valor de $ 25 000. Este valor foi depositado diretamente na conta da empresa. Pede-se: a) Lançar todas as transações em razonetes b) Apurar o Resultado do Exercício – ARE em 31.01.X1 c) Elaborar a DRE em 31.01.X1 d) Elaborar o Balanço Patrimonial em 31.01.X1 54