3. Gaspar/SC - 17 de Agosto de 2011
Somos 7 bilhões de solitários
Conversações
andre@jornalmetas.com.br
Por André Soltau
comunidade mundial: os con-
“Em se tratando de crises pessoais, parece imediato às infor-
mações que es- sumidores e
existir um consenso de que o melhor tão literalmente freqüen-
remédio é a solidão” ao alcance de tar os
nossas mãos em seus lo-
brinquedinhos cais de
E
eletrônicos encontros:
m 1719, quando o casa na serra ou tranca sua porta, cada vez me- os shop-
escritor inglês Daniel tira o telefone do gancho, desliga nores. Quanto pings. Só
Defoé lançou o roman- celular e se vê no frenético mun- maior o gru- existimos
ce Robinson Crusoé, a do das emergências em que tudo po de ami- se consumi-
Modernidade estava é aqui, já e para hoje. gos que nos mos certos
em seu auge defendendo o ra- O fato é que esse blá-blá-blá ro- seguem em tipos de bens
cionalismo, o individualismo e o mântico é a síndrome contempo- alguma site (com marca
sucesso a qualquer preço. Sua rânea. Cada dia um número maior de relacio- reconhecida e
história foi popularizada em di- de pessoas está só. Em um país namentos status de pri-
ferentes versões para o cinema como o Brasil, segundo dados do mais soli- vilégios). Um
- com direito a inspirar outras censo IBGE, mais de 4 milhões de tários pa- celular ou carro
como no filme O Naúfrago (Dire- pessoas moram sozinhas. Vendo recemos só existem en-
ção Robert Zemeckis. Ano 2000) os dados lembrei da frase do filó- estar e quanto o modelo
- resiste ao tempo e arriscaria al- sofo Mcluhan: Os homens criam os en- novo não chega
gumas hipóteses sobre os moti- as ferramentas e as ferramentas contros às lojas. Nós? Va-
vos que mantém viva a trajetória recriam os homens . A vida está são mais mos trabalhando
do sobrevivente de um naufrágio mostrando que a solidão não ser- virtuais para pagar o mo-
e suas artimanhas para sobrevi- ve para revermos nossos mundi- do que delo velho em uso,
ver em uma ilha deserta acom- nhos pessoais e sim que vejamos pesso- adquirir dinheiro
panhado de um amigo que não nossas próprias criações huma- ais. A para comprar o mo-
se comunica com ele pela pala- nas determinando o que somos, soli- delo novo e, enfim
vra - Crusoé tem a companhia de pensamos fazemos ou queremos. dão é desfilar diante de
Sexta-feira, nome que identifica A solidão é um mal contemporâ- u m olhos seduzidos pela
o dia em que apareceu na ilha neo. Alguns países a tratam como fantasia de também
já não tão deserta; e um Wilson, doença que prejudica a sociedade grande proble- tê-lo.
boneco montado com uma bola como um todo. Os dinamarqueses ma do presente e tende a ser um E s s e
velha e palha para servir de com- possuem 36 % de sua população problema ainda maior no futuro. novo é tão compul- movimento frenético
panhia ao personagem de Tom atingida pela solidão; 35% dos in- A Organização Mundial da Saúde sivo a ponto de não percebermos e constante alimenta o
Hanks. gleses, 30% dos Alemães e chega estima que mais de um milhão que os objetos que compramos mundo ocidental e vai tomando,
Em se tratando de a 50% dos moradores da ro- de pessoas se suicidem por ano começam a desvalorizar assim aos poucos, o oriental. Afunda-
crises pessoais, mântica Paris. Outro tanto que criou o Dia Mundial de que o agarramos. Uma vez ad- mos em empréstimos interminá-
parece exis- dado curioso é que Prevenção ao Suicídio em 10 de quiridos, o celular/carro/roupa/ veis que nos privam das coisas
tir um certo nesses países os setembro. bolsa perde seu sentido e o nosso básicas da vida em nome do sta-
consenso índices de sui- Os humanos sempre procu- de desejo de possuir não se encer- tus de possuir. Status de ser! Ser
de que o cídios são alar- raram formas de acalentar seus ra com o produto em nossa pro- o que mesmo? Eis a aldeia global.
melhor re- mantes. momentos solitários criando deu- priedade. Logo terá outro produto Afinal não estamos sós. Temos o
médio é a No cenário ses para si, buscando soluções e que chamará nossa atenção. So- direito de participar do mágico
solidão. O tecnológico criando expectativas em outros mos colecionadores de múltiplos universo fashion. Os objetos que
isolamento do século XXI, humanos, apropriando-se de ví- atos de compra e venda e não de compramos parecem dar à gente
serve para como explicamos cios, jogos leituras, músicas ou atos solidários. o sentindo de existência. Fazem
que observe- que vivemos imer- filmes. Com o consumo não fun- Assim, chegamos às nossas de nós colecionadores de atos de
mos melhor sos em imagens ciona assim. A cultura do efêmero identidades. Os objetos nos dão compra. Com essa solidão não se
nossos limites em uma cultura mundo consumista oferece uma o direito de participar em uma brinca.
e as armadilhas midiática que torna abundante e variada gama de
que nossas vidas as vidas privadas um objetos de desejo ao alcance das
aprontam. SPAs, espetáculo e as re- possibilidades de nossos bolsos.
Dicas
praias, des sociais co- Abundância que cresce na mesma
locam todos proporção em que nos tornamos
Livros:
os dias sós.
muitas Vivemos um medo constante
ONZE TIPOS DE SOLIDÃO. Richard Yates. Editora Quetzal.
pesso- que é estendido para a educação
as em aos filhos. Ofertamos objetos de
Filmes:
con- última geração compensando-os
tatos pelas nossas falhas e ausências.
A Casa de Areia. ( Direção: Andrucha Waddinngton. Ano 2005)
virtu- Como Crusoé - nosso personagem
Nell ( Direção: Michel Apted. Ano 1994)
ais. literário - mantemos uma comu-
T e - nicação com os objetos sem um
Primavera, verão, outono, inverno e... primavera
mos retorno. Falamos sós. Sonhamos
( Direção: Kim Ki-Duk. Ano 2003)
aces- com o que está a venda em lojas
s o virtuais ou reais. O desejo pelo
6. Herói ou vilão? O primeiro trabalho científico
Resgatar a história de um
Reprodução/Capa
H
herói que virou vilão é ain-
da mais difícil. Muitos docu-
erói ou vilão? mentos da época da coloni-
Conclu- zação foram queimados por
sões são Joseph Phillipe Fontaine,
tiradas em diretor interino da Colônia
cima de Belga, deixado aqui por Van
relatos, de boatos e até Lede após seu retorno para
do emocional de quem a Bélgica.
participa como agente Fontaine temia que a pa-
dos acontecimentos. A pelada fosse usada como
história, no entanto, exis- prova das falsas promessas
te para pesquisar e orga- feitas por seu patrão aos
nizar cronologicamente os colonizadores e ao governo
fatos. brasileiro. Ao longo da his-
Antes, porém, eles pre- tória, alguns descendentes zação Belga em Santa Ca-
cisam ser exaustivamente de belgas, por curiosidade, tarina”, publicado na revista
analisados, juntados e re- pesquisaram seus ante- Blumenau em Cadernos, ten-
montados para que os mitos passados, reuniram fotos do como um de seus focos
deem lugar a verdade que de família e de eventos a discussão das questões
será narrada às gerações. públicos, mas nada que relacionadas à história de
Em nenhum outro lugar des- pudesse lançar luzes so- Blumenau e do Vale.
te imenso Vale do Itajaí sur- bre a verdadeira história Outros 33 anos se pas-
giram tantos pontos de inter- da colônia. Passaram-se, saram para que o professor
rogações como na pequena então, 128 anos para o Paulo Rogério Maes fosse
Ilhota, cidade de pouco mais surgimento do primei- atrás de suas raízes e trans-
de 12 mil habitantes, que faz ro relato científico sobre formasse sua pesquisa em li-
fronteira com Itajaí, Gaspar, a colonização belga em vro. “Toda vez que pergunta-
Brusque e Luiz Alves. O herói Santa Catarina. Em 1972, vam meu nome, pronunciava
colonizador, que tanto orgulho o professor e pesquisador Maes, logo vinha a exclama-
provoca nas pessoas pelo seu joinvilense Carlos Ficker, ção - Ah! Alemão! E quando
pioneirismo e altruísmo, neste assina a bibliografia “Char- eu falava que não, que era
caso não passa de um grande les Van Lede e a Coloni- belga, que era flamengo, se-
aproveitador, explorador e mal
Reprodução/Capa guia-se a interrogação - Bel-
feitor. gas? Flamengos? Em Santa
A história, em Ilhota, teria Catarina? De onde vieram?
seguido outro rumo não fosse Quando vieram? Por que
a coragem de um punhado de vieram?”, escreve o autor na
agricultores belgas ignorantes e introdução de “Colonização
empobrecidos que, enganados Flamenga em Santa Catarina
pelo seu líder, rebelaram-se tão Ilhota” (2005). Maes tam-
logo desembarcaram na terra bém fala da sua angústia de
prometida do baixo Vale. ver crescer em Santa Cata-
Hoje, graças a essa alforria tes por vergo- ascendência Flamenga. As con- rina cidades colonizadas por
forçada Ilhota pode orgulhar-se nha, desconhecimento ou medo dições de vida eram as piores alemães, italianos, polone-
de ser a primeira e única colô- de remexer na ferida aberta possíveis, além do fato que a ses, austríacos, enquanto a
nia belga a prosperar no Brasil, em novembro de 1844 quan- intenção não era colonizar, mas história da colônia belga no
título, aliás, que por muito tem- do Charles Maximiliano Van explorar as riquezas minerais estado simplesmente diluiu-
po foi negado aos descenden- Lede trouxe para cá o primeiro encontrados no subsolo catari- se no meio de outras etnias.
grupo de imigrantes belgas de nense.
Outras iniciativas
Reprodução/Capa
Do livro de Paulo Rogério na Colônia belga estabelecida didático sobre a história da co- ração”, justifica. Na esteira
Maes a outra iniciativa de his- em Ilhota na segunda metade lonização de Ilhota e passou a da obra, foi lançada, em
toriagrafar a colonização belga do século XIX. “Iniciamos o tra- ser utilizado nas escolas como 2009, “Ilhota - O Encan-
em Ilhota passaram-se apenas balho em 1998, foram mais de referência. “É quase uma obra to dos Belgas no Vale do
doze meses. Em 2006, as pro- mil horas de entrevistas”, conta de apoio pedagógico”, acres- Grande Rio, de Ana Luiza
fessoras de Estudos Sociais e Viviane. centa Elaine. Para a professora, Mette e Elaine Cristina de
bacharéis em História, Viviane As dificuldades foram enor- em história não existe verdade Souza, outras manifesta-
dos Santos e Elaine Cristina mes porque o material de pes- absoluta. Portanto, acusar Van ções de resgate da história
de Souza, publicaram “Movidos quisa era bastante escasso. Lede de enganar e explorar os da colonização e da cultura
pela esperança - a história cen- “Na década de 1980, houve um imigrantes belgas é simplista belga surgiram por iniciativa
tenária de Ilhota”. movimento de resgate da histó- demais. “É preciso contextuali- do poder público, como a
O livro, baseado em documen- ria, nos embalos das festas de zar os fatos à realidade. Naque- Expobelga, e dos próprios
tos, entrevistas e pesquisa, se outubro, mas que acabou não la época, o governo brasileiro descendentes, interessados
aproxima ainda mais da verdade prosperando”, lembra Viviane. dava terras para os coloniza- em saber mais sobre seus
sobre o que de fato aconteceu O livro foi o primeiro material dores com o objetivo da explo- antepassados.
Expediente
Diretor: José Rober to Deschamps - Gerente Adm. Financ: Juliana P. Z Deschamps - Produção gráfica: Pedro Paulo F. Schmitt - Textos: Kássia Dalmagro - Edição: Alexandre Melo - Impressão: Jornal de Santa Catarina - e-mail: jornal@jornalmetas.com.br
7. O país dos colonizadores
M
as, afinal,
como é o País
de onde vie-
ram os primei-
ros coloniza-
dores de Ilhota? Com
uma área total
de 30.502Km²,
a Bélgica, que
possui cerca de
10,7 milhões de
habitantes, é divi-
dida em três regi-
ões: Flandres, Va-
lônia e Bruxelas e
definida em quatro
áreas linguísticas: fran-
cês, alemão, holandês e por
bilíngue na capital Bruxelas. rios e
No País, existem as comu- inúmeros
nidades francesa, flamenga e afluentes
germânica. Seu território limi- e canais
ta-se ao norte com a Holanda que promo-
e o Mar do Norte; a oeste, vem o desen-
com Alemanha; a sudeste, volvimento da navegação.
com Luxemburgo; e ao sul, Este pequeno País pos-
com a França. A superfície do sui uma longa história.
território belga apresenta ca- No início da nossa era, o cia do
racterísticas físicas básicas, território estava ocupado pelo país foi
sendo a planície costeira, lo- general Romano Júlio César. proclama-
calizada a noroeste do país; Então, o rei medieval Clovis da no dia
o planalto central, situado no adaptou este país para sua 21 de julho
interior; e as ardenas, loca- casa. As hordas escandina- de 1831,
lizada no sudeste. A Bélgica vias pilharam esta região em sendo que
possui dois importantes rios, várias ocasiões. A linha dos seu pri-
são eles: Escalda e Mosa. A Condes de Flandres nasceu meiro rei foi
região é influenciada pelo cli- no norte do país, enquanto Leopoldo de Saxony-
ma do tipo temperado, apre- os luteranos reclamavam so- -Coburg.
senta temperaturas médias de berania mais ao sul. Sob os Com o passar dos anos, o
25°C no verão e de 7°C no duques da Burgundy, a Bélgi- país conquistou um elevado
inverno. O país possui uma ca viveu um período de pros- índice de industrialização e fabricação de
excelente infraestrutura de peridade econômica e cultural exerce um papel importante vidros, chocola-
transportes: uma densa rede que durou até os espanhóis na União Europeia. tes, diamantes e mó-
ferroviária, uma rede de es- estabelecerem as regras. A economia do país é bas- veis.
tradas segundo as modernas Foi finalmente sob a ocu- tante diversificada, sendo que Além da agricultura, que
exigências, e um desenvolvi- pação francesa que as funda- os setores que mais se des- se destaca na produção de
mento conjunto de cursos de ções do reino da Bélgica foram tacam são: metalurgia, medi- frutas, como uva, ameixa e
água navegáveis constituído estabelecidas. A independên- camentos, eletrônicos, têxtil, morangos.
Reprodução livro “Bélgica - Figuras a 300 Cores”
Informações
Nome: Reino da Bélgica
Capital: Bruxelas.
Governo: Monarquia constitucional.
Moeda: Euro.
O Palácio Real na capital, Bruxelas Castelo em Ieper, no sopé dos montes da Flandres Ocidental
Ingresso na União Europeia: 25 de março de 1957.
Densidade demográfica: 350,5 hab./ km².
PIB (Produto Interno Bruto): 454.580 milhões de dólares.
Renda per capita: 45.310 US$.
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH): 0,867.
Religião: cristianismo 90,4% (católicos 90%, protestantes
0,4%), islamismo 1,1%, sem filiação e ateísmo 7,5%, outras 1%.
Liège fica localizada na confluência do Meuse com o Ourthe Lumecon é uma antiga procissão em honra ao santo padroeiro Fonte: Governo da Bélgica
8. Reprodução Dos Açores ao Zaire, de Patrick Marselis (2005) Recusa resoluta de apoio real pelo ministro, para Charles Van Lede
Pobreza trouxe belgas ao Brasil Arquivo pessoal
Um belga em terras tupiniquim
Personagem central da colo-
nização belga em Santa Cata-
rina, Charles Maximiliano Luiz
belge-brésilienne de Colonisa-
tion, Van Lede desembarcou no
Brasil. A sua missão era avaliar
Conflitos marcam o início da colônia
Em sua primeira viagem ao
Brasil, Van Lede havia se en-
cantado com a o Vale do Ita-
o grupo no Rio de Janeiro. Dessa
forma, Van Lede não conseguiria
cumprir a exigência contratual de
zação, onde as condições cli-
máticas, os animais selvagens
e serpentes espalhavam-se por
Van Lede, para alguns, é vilão, o solo e as florestas catarinen- jaí. O solo era propício para a trazer 100 imigrantes. toda a região”.
para outros herói. Historiadores ses, para a exploração de fer- agricultura e havia a possibili- Ainda assim, ele não desanimou Diante do ambiente hostil,
e pesquisadores ainda procu- ro, carvão e outros minérios. O dade de exploração de miné- e iniciou a construção das primei- Fontaine também decidiu re-
ram por essa resposta. belga foi o rios. No entanto, ele não teve ras 16 casas de madeira que de- tornar à Bélgica, deixando os
O que todos têm certeza é primeiro o seu contrato ra- ram origem a aldeia de Ilhota. Em imigrantes sem rumo. Antes de
que Van Lede foi um homem a realizar tificado pelo fevereiro de 1845, Van Lede viajou partir, destruiu todos os docu-
à frente do seu tempo, um em- uma via- governo bra- para o Rio de Janeiro e, em maio mentos e ainda exigiu que os
preendedor com espírito aven- gem de sileiro. Van do mesmo ano, embarcou de volta colonos assinassem um termo
tureiro. “Cada homem é filho do cunho Lede atribuiu para a Bélgica, deixando a Colônia confirmando terem recebido as
seu tempo”, afirma a historia- científico a negativa aos cuidados de Philippe Fontaine. terras e toda a infraestrutura
dora Elaine Cristina de Souza. à parte ao episódio Em 28 de julho de 1845, a Câma- necessária para se estabele-
Ela lembra a importância de navegá- anterior com ra dos Deputados aprovou o Pro- cerem. Nessa época, a colônia
Van Lede para o desenvolvi- vel do De Jaeger. O jeto de Lei de criação da Colônia. era formada por 63 pessoas. A
mento do Vale. “Foi ele (Van Itajaí- belga decidiu No entanto, o clima já era ruim e direção da Colônia passou en-
Lede) que abriu as portas para -Açu. lançar-se num as desavenças entre a chefia e os tão para Gustave Lebon, que
a colonização e mapeou o Vale. Na via- projeto próprio, trabalhadores só cresceram. também teria desistido meses
O Dr. Blumenau só chegaria à gem, e comprou O cotidiano dos colonos belgas depois. A embaixada da Bélgi-
região oito anos depois”. Nas- a l i - 9.600 hectares ficou marcado por uma série de ca também negou ajuda.
cido em 1801, na região de men- de terras, sen- conflitos, trabalho e dificuldades de A vida na colônia só pros-
Bruges, Van Lede estudou em tou a do 6.250 do adaptação. Aprenderam a pescar, perou graças ao trabalho dos
Paris, cumpriu serviço militar ideia Coronel Henri- caçar, derrubar árvores, construir imigrantes. Em 1874, um fato
na Espanha, como um solda- d e que Flores, na casas, engenhos de fabricação de novo tirou o sossego dos mo-
do mercenário que rebelou-se u m época um gran- farinha, açúcar, e principalmente radores. Os herdeiros de Van
contra a tirania absoluta do rei gran- de latifundiário, reivindicar seus direitos. De acordo Lede reivindicaram a posse das
Fernando VII. Em 1830, com a de pro- 2.150 hectares com as historiadores Ana Luiz Met- terras. O Cônsul da Bélgica no
independência da Bélgica, re- jeto colonizador, com a finalida- do padre Rodrigues e te e Elaine Cristina de Souza, no Desterro, Henry Schutel, tam-
tornou ao país para ser recru- de de explorar a mao de obra. outros 1.200 de uma senho- livro Ilhota - Encanto dos Belgas bém colaborou para o conflito
tado como oficial de engenha- Van Lede trouxe o primeiro ra de sobrenome Aranha. Em no Vale do Grande Rio - as dis- ao valer-se de uma procuração
ria. Enviado em missão militar grupo em 1844, permanecendo 4.100 hectares, Van Lede fun- córdias iam desde o descontenta- de Van Lede para negociar al-
ao México, Van Lede viajou as no Brasil pouco tempo. Retor- dou uma pequena povoação mento pelo pagamento maior pelos guns terrenos. Não bastasse
Américas como técnico em mi- nou para Bélgica em maio de que batizou de Ilhota, porque serviços desmatamento a colonos estes dois fatos, em 1889 o
nas e tesouros ocultos. 1845, deixando a colônia sob a em frente ao local havia uma brasileiros do que aos belgas até Hospital de Bruges requereu
Esteve na Argentina e depois direção de Joseph Philipp Fon- ilha que submergiu em defini- escassez de mantimentos. Eram parte das terras da colônia de-
no Chile, onde trabalhou para taine, e nunca mais retornou. tivo na grande cheia de 1911. frequentes as rebeliões na colônia, ixadas por Van Lede em tes-
o governo daquele país como Na Bélgica, ocupou cargo no Em agosto de 1844, 114 por isso os belgas foram taxados tamento. Quando o procurador
engenheiro de construção de Conselho Provincial de Flandres imigrantes belgas da região de de arruaceiros, brigões e malan- Van Dal iniciou o trabalhos de
pontes, estradas e portos. em 1848. Van Lede faleceu em Bruges, de origem Flamenga, dros. Gonçalves, neto de uma jo- medição das terras, mais de
Em 1842, já a serviço da 1875, deixando suas terras no partiram do Porto de Ostende vem belga, descreve as condições 80 moradores de Ilhota e das
Societé Commercial de Bruges Brasil como doação ao Hospital com contrato firmado para cul- de vida dos imigrantes: “Se por um vizinhanças, todos armados, o
e proprietário da Compaigne de Bruges. tivar nas terras da futura co- lado, viver na Europa estava difícil agrediram, apoderaram-se de
P
Governo brasileiro incentivou a vinda de imigrantes europeus com a finalidade de ocupação de áreas que estavam sendo ameaçadas por expedições de espanhóis e holandeses lônia a 3 francos por dia de em virtude dos vários conflitos e seus instrumentos e o expul-
serviço. Os problemas de Van a pobreza que assolava as família saram de Ilhota. O Ministério da
ara entender o que medida em que trocavam a força via um pequeno povoado, com Alves Ramos. Além destes ha- imigrantes foram chegando e se Lede começaram antes de europeias, viver na cocanha brasi- Bélgica pronunciou-se e favor
se passou na Colô- do seu trabalho por um pedaço pouco mais de 1.100 habitantes, bitantes, havia muitos índios, ou estabelecendo nas colônias, os chegar ao Brasil. Segundo re- leira, também não era tarefa fácil dos colonos e a pendência foi
nia Belga em Santa de terra. O governo brasileiro, por fundado por volta de 1820. As bugres como eram conhecidos, silvícolas foram sendo expulsos Primeira tentativa frustrada latos, 16 belgas abandonaram nas primeiras décadas de coloni- encerrada.
Catarina, é preciso sua vez, tinha interesse de po- terras eram praticamente todas nas matas.Os índios não tinham para o interior e, por fim, dizi- Arquivo pessoal Salviano Castelain
contextualizar os voar o litoral que estava sendo de posse do Coronel Agostinho local fixo. Na medida em que os mados pelos caçadores. Embora a serviço da Socie- dentes têm hoje sobrenomes
cenários econômico e social da alvo de muitas expedições es- Reprodução dos Açores ao Zaires, de Patrick Marselis (2005) té Commercial de Bruges, Van aportuguesados). A tradução
segunda metade do século XIX. panholas, no Sul, e holandesas, Lede nunca escondeu de nin- do contrato do francês para o
A Europa vivia uma grande cri- no Norte/Nordeste. guém o seu projeto pessoal de português foi feita por C. De
se econômica em função da Re- aproveitar a mão de obra dos Jaeger. Segundo Van Lede, o
volução Industrial que provocou Incentivo seus compatriotas para explo- contrato teria sido traduzido,
desemprego em massa, fome e Depois da implantação da po- rar os minérios. Em 1841, a propositalmente, de maneira
o empobrecimento da população lítica de defesa e ocupação con- Societé de Bruges, por inter- distorcida. As cláusulas não
rural. tra a invasão do seu Litoral, o médio de Van Lede, adquiriu agradaram nem um pouco a
O Brasil, com pouco mais de 20 governo brasileiro passou a in- a concessão de 900 km² ao Societé. De Jaeger rebateu as
anos de independência, despon- centivar a formação de núcleos longo do rio Itajaí-Açu, com acusações dizendo que o Van
tava no cenário pela abundância colonizadores. Em Santa Catari- direitos sob o subsolo. Entre Lede agia movido por inte-
de terras férteis e riquezas em na, embora tardia, várias regiões as cláusulas do contrato es- resses pessoais. Ele também
minérios, principalmente carvão, passaram a receber imigrantes: tavam o investimento de BEF acusou o belga de não se pre-
ferro e ouro. No entanto, a mão São Pedro de Alcântara, Vale 6.000.000 (hoje em torno de ocupar com os interesses de
de obra escrava havia se tor- do Rio Tijucas, Vale do Itajaí 30.000.000 euros); assen- seus compatriotas ao aceitar a
nado cara e escassa em função e as margens do Itajaí-Mirim. tamento de 100 famílias; in- cláusula da nacionalidade bra-
da proibição do seu tráfego. A A região Sul era o alvo prin- vestimentos em infraestrutura sileira aos filhos de imigrantes.
solução era importar trabalha- cipal das empresas colonizado- e a subsistência das famílias. Ao retornar a Bélgica em 1842,
dores da Europa. As fazendas de ras por causa das terras serem Para os colonizadores, havia Van Lede foi mal recebido pe-
café de São Paulo e de outros inoculadas, o clima semelhante um parágrafo especial em que los seus sócios. As duas so-
estados do Sudeste e Nordeste ao europeu e a possibilidade de eles não podiam ser escravi- ciedades foram dissolvidas. No
do país passaram a atrair a mão desenvolver outras culturas em zados e que os filhos nascidos entanto, Van Lede não desis-
de obra europeia em troca do substituição a cana-de-açúcar no Brasil teriam automatica- tiu e, com o apoio do rei da
sonho dos agricultores cultivarem em franca decadência no Brasil. mente nacionalidade brasilei- Bélgica Leonardo I, constitui Vista geral do centro da cidade de Ilhota - década de 1950
em seu próprio pedaço de terra. Na região que mais tarde viria ra (por isso, muitos descen- uma nova Companhia Belga.
Esta independência acontecia na a ser ocupada pelos belgas, ha- Descrição e esboço da colônia belga na região de Itajaí
9. Cultura relegada Os primeiros imigrantes
Philipe Fontaine, 43 anos (diretor da Colônia)
Jean Nicolas Denis Isler, 46 anos (sub diretor)
a segundo plano
Pierre Plettincks, 43 anos (médico)
Emmeric Crebeels, 48 anos (alfaiate)
Pierre Deprez, 42 anos (particular)
Leonard Vandergucht, 48 anos (agricultor)
François Walthez, 48 anos (particular)
François Hollenvoet, 36 anos (particular)
Fotos Jornal Metas Reine de Vrekc, 36 anos (dona de casa)
com outras cidades da região. Jean Van Heicke, 46 anos (agricultor)
Historiadores defendem que Louis Christiaens, 28 anos (negociante)
essa cultura é maquiada, pron- Pierre Veighe, 36 anos (jardineiro)
ta para ser comercializada. Ana Cherles de Waele, 37 anos (ourives)
Luiz Mette e Elaine Cristina de François de Smedt, 40 anos (agricultor)
Souza, afirmam na obra “Ilhota - François Beyts, 44 anos (agricultor)
O encanto dos belgas no Vale do Maxem Milcamps, 20 anos (particular)
Grande do Rio”: “Em Blumenau, Louis Maebe, 27 anos (carpinteiro)
ao assistir um daqueles bem Hypolite V. Heyde. 23 anos (capitalista)
organizados desfiles a imagem Henri Plancke, 42 anos (agricultor)
que se guarda é de um povo Leonard Degand, 52 anos (agricultor)
loiro de olhos claros, tipicamen- Eugene Maes, 43 anos (agricultor)
te vestidos. Ora, nenhum colono Ignace de Sanders, 42 anos (agricultor)
alemão usava aqueles trajes que GregoireHimpens, 40 anos (agricultor)
são chamados de típicos, nem Henri Devreker, 29 anos (carpinteiro)
tão menos construíram casas em Charles Castelein, 31 anos (agricultor)
estilo enxaimel. Esses símbolos Louis Van der Busche, 32 anos (arador)
foram criados no presente”. Jean Baptiste Buelens, 29 anos (pedreiro)
R
A futura sede da Fundação Cultural de Ilhota Criada há quatro meses, a Pierre Heytens, 38 anos (agricultor)
Fundação Cultural de Ilhota, ini- Gustave Lebon, 26 anos (particular)
aras foram as ten- O professor Paulo Maes, ciou um trabalho de resgate da Pierre Brackeveld, 42 anos (agricultor)
tativas de resgate conta na introdução do seu li- colonização belga em Ilhota. A Henri Wismer,40 anos (agricultor)
da cultura belga vro “Colonização Flamenga em ideia, de acordo com o diretor, Ange Gevaet, 47 anos (agricultor)
entre os descen- Santa Catarina - Ilhota”, que o Vanderlei Dal Bello Lazarotti, é E. François Milcamp, 22 anos (charleroi)
dentes. “Nunca motivo mais forte para buscar resgatar nas famílias o orgulho Jean Van de Vrecken, 30 anos (agricultor)
houve preocupação em preser- suas raízes foi ver as lágrimas de descender de belgas, pois Jean Baptiste Vilain, 31 anos (agricultor)
var a cultura belga, em alguns nos olhos do seu avô, cada vez muitos sequer sabem da sua Edouard de Smet, 22 anos (trabalhador)
momentos os descendentes que ele falava de sua gente. “... origem. A história será levada ao Bernard Lecluyse, 21 anos (barbeiro)
sentiam até vergonha das sua Ele tomava minha mão e pa- povo por meio de intercâmbios, Judoc Mussche, 23 anos (carpinteiro)
origens”, conta a historiadora recia reviver contando as his- seminários, projetos e eventos Michel Coucke, 21 anos (agricultor)
Viviane dos Santos. A religio- tórias do seu tempo, dos seus culturais. “A Casa da Cultura vai Romain Busso, 17 anos (estudante)
sidade, segundo ela, é até hoje pais que, nos dias de festas aproximar o povo de Ilhota da Martin Verlinden, 30 anos (trabalhador)
a grande herança deixada pelos com seus sapatos de paus, sua história, tornando-o agente Auguste Lebon, 22 anos (particular)
belgas. “Todos os descenden- reuniam-se e conversavam em multiplicador das informações”, Charles Devleeschower, 36 anos (serrador de madeira)
tes eram muito católicos”. Per- flamengo, enquanto as espo- explica Lazarrotti. A sede da Gerard De Rycke, 49 anos (jardineiro)
manece, também, como forte sas, com seus aventais e seus Fundação Cultural será o prédio Jean B. Van Hamme, 39 anos (caçador)
vínculo, os sobrenomes Maes, gorros, tratavam na cozinha de reformado da antiga prefeitura, Benoit De Ny’s, 23 anos (particular)
Maba, Brockveld, Castellain, preparar-lhes a refeição”. que, segundo Lazarotti, é hoje Charles de Gandt, 56 anos (proprirtário)
Gevaerd, Hostins, Maba, Villain, Inevitável, no entanto, é com- a única referência da arquitetura Ange Gillis, 18 anos (trabalhador)
entre outros. parar a colonização de Ilhota belga no município. Ange de Neve, 31 anos (trabalhador)
Bernard Van Rie, 47 anos (trabalhador)
Bruno Claeys, 32 anos (trabalhador)
Ilhotense junta imagens da história do município Charles Opstaele, 22 anos
Honoré Ego, 30 anos
(agricultor)
(agricultor)
Salviano Castelain, 64 Philippe Deprez, 29 anos (agricultor)
anos, é um apaixonado pela Leonard Maes, 31 anos (agricultor)
história dos seus antepassa- Charles Schloppal, 22 anos (vive de rendas)
dos. Embora tenha saído de Pierre Sijs, 17 anos (carpinteiro)
Ilhota muito cedo, em 1965, Clement Vanysere, 21 anos (agricultor)
para servir ao Exército e tra- François Meuwens, 26 anos (fundidor de ouro)
balhar, ele nunca abandonou Joseph Loens, 21 anos (ourives)
suas raízes. Há 30 anos, Emile De Gandt, 19 anos (particular)
*Obs: emigraram com sua mulher e filhos.
Salviano iniciou um trabalho Fonte: Colonização Flamenga em Santa Catarina - Ilhota - Paulo Rogério Maes (2005)
de casa em casa, em Ilhota,
a fim de juntar documentos
e imagens da história do
município. Reuniu em torno
de 100 fotos. Viúva, a sua
bisavó, Catarina Castelain, Salviano: desejo de realizar uma exposição fotográfica com o seu acervo de imagens
veio da Bélgica com três
filhos - Pedro, Joaquim e famílias, Castelain e Maes, eram descendência. Este é o mo-
Catarina. Pedro casou com numerosas e influentes. “Era tivo dele ter se interessado
Cristina Castelain e se insta- donos da maioria das terras e pela história. Hoje, residin-
lou no bairro Minas. Ali nas- mandavam na política de Ilhota”, do em Balneário Camboriú,
ceu José Pedro Castelain recorda Salviano. Ele conta que seu maior sonho é reunir
que casou com Rosa Maes, seu avô falava muito dos belgas todo o acervo de imagens
pais de Salviano. As duas e a família tinha orgulho da sua em uma exposição. Famílias de descendentes em encontro duranta a Expobelga
10. Raízes na
música e
na dança
O
Grupo Folclóri- suficientes para a realização
co Belga, criado dos trabalhos. “Era muito difí-
oficialmente há cil conseguir, por exemplo, os
quatro anos, é discos com as músicas belgas”,
hoje o principal afirma.
divulgador da cultura em Ilho- Mas, em dezembro de 2006,
ta. Mas, conforme explica a um telefonema de Imbituba (SC)
professora Elaine Cristina de à Secretaria de Turismo, Indús-
Souza, autora do livro “Ilhota, tria e Comércio de Ilhota, deu
o Encanto dos Belgas no Vale novo fôlego ao sonho. Do outro
do Grande Rio”, escrito em lado linha, falava Maria Anna
parceria com Ana Luiza Mette, Catharina Van Deun, de 69
não foi fácil conseguir a conso- anos, descendente de belgas.
lidação do grupo. Várias tenta- Ela, que é originária de Bier-
tivas fracassaram neste senti- se, a 15Km do sul da Holanda,
do. Isso porque não havia na queria doar para a cidade vários
cidade material e informações materiais que guardava em sua
residência. Na época, em en-
trevista ao Jornal Metas, Anna
disse que decidiu doar o que
tinha guardado após ler uma
reportagem publicada em um
jornal sobre a colonização bel-
ga em Ilhota. “Como eu iria me
desfazer destas coisas, resolvi
doar para o município. Acredito
que estes materiais ajudarão a
enriquecer a cultura belga em
Ilhota”, disse na época.
E Anna estava certa. En-
tre os materiais doados estava
um livro que mostra passos de
danças belgas, além de diver-
sos discos, utilizados pelo grupo
folclórico até hoje. “Estes ma-
teriais facilitaram a criação do
grupo e sua permanência na semanalmente para ensaiar as Escola Estadual Marcos Konder, juntam para realizar as apresen-
cidade”, explica Elaine. Hoje, coreografias. Formado por alu- o grupo se divide em dois para tações em Ilhota e também em
Elaine são 15 crianças que se reúnem nos do ensino fundamental da os ensaios, e os dançarinos se eventos nas cidades da região.
Resgate passa pela criação de uma associação de descendentes
A história da colonização de seus antepassados. É ela quem de obter a dupla cidadania. Acre-
belga em Ilhota, perdida no lidera, inclusive, os passos para ditamos que a criação da associa-
fundo do baú de memórias, organizar e criar a Associação das ção é o primeiro passo para essa
aos poucos, vem se mostran- Famílias de Descendentes Belgas. conquista”, explica. Segundo Sue-
do para o mundo e, principal- A intenção, conforme explica li, diversos encontros e estudos já
mente, para os descendentes a tataraneta de belga, é divulgar foram realizados, com o intuito
belgas que aqui residem e a história da colonização e res- de adquirir informações para a
que tão pouco conhecem do gatar as origens dos ilhotenses. elaboração de um estatuto para a
País de onde vieram seus des- “Esta é uma forma de fazer com fundação da Associação.
cendentes. O resgate cultural que a história não fique perdi- Em agosto do ano passado,
deste caminho tão árduo e da no tempo”, ressalta Sueli. Ela Sueli teve a oportunidade de re-
cheio de polêmicas e con- explica que a ideia é formar uma alizar um sonho: colocar os pés
troversas, se deve a pessoas associação nos moldes dos Cir- no País de seus antepassados. A Sueli (E), com Marisa e o casal de belgas Francine e Frans
como Sueli Ana dos Santos, colos Trentinos e assim, além de viagem à Bélgica, feita na compa-
de 38 anos. reunir os descendentes, buscar nhia da ex-secretária de Turismo Na Europa, as amigas passaram muito alegres e hospitaleiros.
Apaixonada por cultura, direitos como a cidadania belga e de Ilhota, Marisa Pereira, ficará três dias abrigadas na residência Uma das características deles
a descendente das famílias promover ações que aproximem para sempre na memória da des- do casal belga Frans e Francine que percebemos durante esta
Vilain e Vander Hecht resol- ainda mais os dois países. “Vários cendente, que nasceu em Ilhota Damnels e, de lá, trouxeram mui- viagem foi a pontualidade”,
veu ir em busca da história descendentes possuem a vontade e que reside na cidade até hoje. tas informações. “Os belgas são afirma.