O documento descreve vários movimentos artísticos abstratos e figurativos do século XX, incluindo o abstracionismo lírico de Kandinsky, o suprematismo russo, o neoplasticismo holandês, a arte informal, o expressionismo abstrato americano e a abstração geométrica. Também caracteriza o realismo socialista na União Soviética e o neorrealismo na Europa no pós-guerra.
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Correcao 2ª ficha formativa cultura do cinema
1. ESCOLA BÁSICA E SECUNDÁRIA IBN MUCANA
História da Cultura e das Artes – 11ºF – 2012/2013
Ficha formativa 5
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Módulo 9 – A Cultura do Cinema 2
1. Descreve o aparecimento da arte abstracta.
A arte abstracta foi inicialmente um movimento puramente literário, que pretendia libertar-se das regras
da gramática e da sintaxe na celebração dos sons e sensações de um mundo tecnológico futuro. É a arte
não objetiva ou não representativa que surge como resultado do processo de destruição do figurativo
iniciado pelas vanguardas, nomeadamente o cubismo e o futurismo. Em 1910, aparece a primeira obra
abstrata, de Kandinsky, como expressão mais pura da arte que, não contendo referência à arte do
passado, se liberta dos programas culturais e ideológicos. Segundo Kandinsky, a pintura vive sem objeto e
apoia-se na livre estruturação da mancha e da linha na tela.
Este movimento foi um ponto de chegada das tendências vanguardistas que a arte vinha explorando
desde o pós-impressionismo, nomeadamente da libertação da arte em relação à representação mimética
da natureza. Causou uma revolução técnica e estética pela simplificação formal da linguagem plástica.
2. Caracteriza as influências e o abstraccionismo pictórico de Kandinsky.
Os movimentos artísticos que influenciaram o seu percurso foram o impressionismo e o seu tratamento
intuitivo da cor, o expressionismo e o grupo Cavaleiro Azul, de que Kandinsky foi fundador, a música,
nomeadamente, a sua influência na alma humana, o folclore russo e o modernismo da Bauhaus e as suas
propostas pedagógicas.
A sua pintura abstracta caracteriza-se pela libertação da pintura em relação à realidade material ou em
relação à reprodução da natureza. A sua pintura é baseada na composição pura de elementos pictóricos,
sendo atribuídos valores espirituais ou psicológicos às linhas, às cores, às figuras geométricas. As suas
obras representam tensões espirituais e psicológicas através do espaço pictórico: quente/frio,
estático/dinâmico, silêncio/ruído. Kandinsky faz uma analogia com a música – as cores, as linhas e as
formas exprimem ideias e sentimentos. Tal como a música, as cores deviam atuar diretamente sobre a
alma, sugerindo estados de espíritos ao espectador. É o Abstracionismo lírico ou sensível. A organização e
a composição do espaço pictórico têm uma lógica interna rítmica – no caso da obra Amarelo-Vermelho-
Azul, as cores primárias dominantes distribuem-se sobre a tela em combinações cromáticas que colocam
em contraste uma zona clara e uma zona escura.
3. Caracteriza o Suprematismo.
O Suprematismo nasceu na Rússia por volta de 1916 com Casimir Malevitch, que procurou na pintura a
noção pura de espaço. Do Cubismo (sintético) aprendeu a animação do espaço pela forma do Futurismo a
movimentação plástica. Insere-se no Abstracionismo Geométrico devido à racionalização nascida da
análise intelectual e científica. Ao contrário do abstracionismo lírico, de origem metafísica, o
2. abstracionismo geométrico respira a racionalização nascida da analise intelectual e científica. Este
abstracionismo foi directamente influenciado pelo Cubismo (sobretudo a secção áurea e do orfismo) e
pelo Futurismo.
A pintura suprematista caracteriza-se pelo emprego de formas geométricas puras, construídas com cor
pura, sem modelado. O espaço é animado pela forma. A gama cromática é limitada, constituída por cores
primárias, secundárias e branco e preto. Devido à influência do Niilismo (filosofia que defende a negação
absoluta de qualquer realidade), há uma procura da verdade e da pureza plástica. Esta pureza plástica
culminou, levada ao extremo, em dois quadros muito polémicos: “O Quadrado Preto sobre fundo Branco”
e o “Quadrado Branco”.
Lazar El Lissitzky – raionista russo que aderiu ao suprematismo.
4. Caracteriza o Neoplasticismo
O Neoplasticismo foi um movimento artístico holandês criado em 1917 por Piet Mondrian, que pretendeu
atingir uma visão impessoal e objectiva através de uma estética nova e universal e procurou a perfeição e
a verdade supremas, ultrapassando o mundo físico e emotivo, de modo a atingir o mundo mental.
O Neoplasticismo realizou uma ruptura na concepção estética da obra de obra de várias formas. É uma
arte pura, clara, objetiva, não ilusória e não representativa. Rejeitou o convencionalismo académico da
pintura figurativa, criando novas linguagens artísticas e tornando a obra de arte independente da
realidade concreta. O artista liberta-se no processo de criação e recusa qualquer noção de subjectividade
ou de emotividade.
A nível temático, formal, cromático e técnico, o Neoplasticismo caracteriza-se por uma linguagem
puramente plástica, abstracta, matemática e racional, pelas formas geométricas simples, pelas linhas
verticais e horizontais a negro que se cruzam em ângulos rectos (rectângulos e quadrados), pelos planos
geométricos puros e ortogonais, e pelo jogo cromático – cores contrastantes e primárias (vermelho,
amarelo e azul) e neutras (preto, cinza e branco). As obras exploram a assimetria e abandonam a
tridimensionalidade.
As propostas de Mondrian serão aplicadas à arquitetura e ao design, sobretudo a partir da Bauhaus. Os
quadros de Mondrian são constituídos por figuras geométricas quadrangulares de diferentes dimensões e
que nascem a partir das linhas verticais e horizontais, traçadas a preto e de diferentes espessuras. Essas
linhas, para o pintor, estão carregadas de conotações morais, filosóficas e religiosas. As formas
geométricas são pintadas com cores primárias, combinadas com o branco, o preto e o cinzento. O jogo
cromático é harmonioso. A pintura de Mondrian é racional, matemática, intelectualizada, procurando
refletir o equilíbrio e a estabilidade do universo.
5. Caracteriza a Arte Informal.
A Arte Informal, de raíz abstrata (“pintura sem forma”), surge nos anos 40, influenciada pelo
Abstracionismo Lírico de Kandinsky e pelas novas técnicas introduzidas pelo Cubismo, Dadaísmo e
3. Surrealismo. Engloba expressões plásticas individualizadas, desrespeitando qualquer formalidade anterior,
havendo, portanto, uma grande diversidade (daí o nome, Arte Informal). A Arte Informal alterou
radicalmente os processos de concepção e criação, apresentando a arte como artesanato.
Tem como características comuns a técnica e material como parte essencial da concepção, a subordinação
de todos os outros elementos estilísticos (tema, cor e composição), o ato criativo centrado no processo de
feitura, exaltando a improvisação (grande liberdade individual do artista) e a recusa do caráter simbólico
da arte e da sua racionalização.
Possui várias tendências:
- a Arte Bruta: aparece na Suíça, com Jean Dubuffet (1901-1985). Caracteriza-se pela pintura de grossos
empastos e a mistura diversificada de materiais (cartão triturado, vidros moídos, limalhas metálicas, areia,
pigmentos, …). È uma arte “em bruto”, primitiva, infantil, sem quaisquer referências.
- a Action Paiting: aparece nos EUA e está relacionada com o trabalho de Jackson Pollock (1912-1956)-
Expressionismo Abstrato. Caracteriza-se pela valorização da ação e do acaso, valorizando-se a relação
direta entre o inconsciente, o gesto criativo e o material pictórico como veículo do “conteúdo interior”.
Para pintar seus quadros, Pollock colocava as telas no chão e não em cavaletes como de costume os
pintores fazem, e respingava tintas sobre a tela ('dripping', gotejamento).
- a Pintura Matérica: valoriza a matéria, executando uma pintura corpórea, texturada, de características
abstractas, com mistura de materiais não pictóricos, sobre os quais intervém com grattages e outros
processos. O seu principal representante foi o catalão Antoní Tápies (1923-2012), que mistura o
Informalismo, o Surrealismo e o Expressionismo. Utiliza suportes de madeira cobertos com pasta (pó de
mármore, pigmentos e aglutinantes) sobre a qual executava grattages, sulcos e escorridos. Também o
italiano Alberto Burri (1915-1995) utilizou telas de sarapilheira “recosidas”, plástico, ferros e chapas
metálicas em composições expressivas.
- a Pintura Espacialista: teoria apresentada no manifesto de Morandi “Manifesto Branco” (1946), onde se
defende a incorporação na tela da terceira dimensão, real ou ilusória. Existe uma grande austeridade
cromática. Abriu caminho às artes conceptual e minimal, nos anos 60. Artistas: Burri, Lucio Fontana e Yves
Klein
- Grupo CoBra (1949): artistas de Copenhaga, Bruxelas e Amesterdão, cujas iniciais deram origem ao
nome. È uma arte de intensa liberdade criativa, que defendia a experimentação e a espontaneidade e a
aproximação às expressões mais simples das tradições populares e da etnologia (próximo da Arte Bruta).
Caracteriza-se pela expressão livre do inconsciente e por cores estridentes.
6. Caracteriza o Expressionismo Abstrato.
A pintura expressionista de tipo informalista surgiu nos EUA, por volta de 1947, resultante da fusão do
Surrealismo com o Abstracionismo, utilizando uma linguagem figurativa. Os expressionistas abstractos
4. americanos foram marcadamente antropocentristas e individualistas, utilizando a pintura para dar rédea
solta às suas emoções e estados de espírito.
Artistas:
- Arshile Gorky(1904-1948): influenciado pelo Surrealismo, utiliza linhas emaranhadas e livres, manchas de
cor planas, formas ondulantes e valoriza o processo, fazendo do acaso o protagonista da criação.
- Willem de Kooning (1904-1997): revela uma execução gestualista, aplicada a figurações esquemáticas.
Posteriormente regressa à figuração (grosseira e grotesca).
- Jackson Pollock (1912-1956): aplica o conceito surrealista de automatismo psíquico, estabelecendo uma
relação direta entre o inconsciente, o gesto criativo e o material pictórico como veículo do “conteúdo
interior”. Valoriza a ação e o acaso e liberta-se da linguagem figurativa. Para pintar seus quadros, Pollock
colocava as telas no chão e não em cavaletes como de costume os pintores fazem, e respingava tintas
sobre a tela ('dripping', gotejamento). Os pingos, gotas e fios de tinta vertidos sobre a tela como resultado
de um gesto artístico cujo acaso é controlado pelo artista.
7. Caracteriza a Abstração Geométrica.
A Abstração Geométrica aparece nos anos 50, nos EUA. Nasceu do Informalismo mas distingue-se pela
pureza e limpidez das cores, as quais preenchem superfícies de contornos regulares.
Outras influências: Josef Albers e Neoplasticismo (Mondrian)
É anulada a expressão individual do artista e a emoção, fazendo da pintura um exercício plástico e
conceptual. A cor sobrepõe-se à forma. A pintura aparece como manifestação meramente pictórica.
Artistas: Josef Albers, Barnett Newman, Ad Reinhardt e Morris Louis.
8. Caracteriza o Realismo Socialista e o Neorrealismo.
O Neorrealismo surge na Europa após a I Guerra e durante as décadas de 20 e 30 do sec. XX. É o retorno a
uma linguagem técnica e plástica figurativa, apoiada na ideia que a arte deve refletir a sociedade,
assumindo o compromisso da denúncia e da intervenção social, política e ideológica. Assume uma
tendência mais humanista, livre e pessoal. Apresenta também um carácter de intervenção social e político,
mas de cunho modernista, utilizando linguagens pictóricas próximo das vanguardas estéticas: Cubismo,
expressionismo, pós-dadaísmo, surrealismo.
Este realismo socialmente comprometido aparece ligado à situação do pós-guerra, ao crescimento dos
partidos de esquerda da Europa Central e do Leste, expandindo-se através do movimento sindical e
operário. Segundo a filosofia comunista, o artista era um trabalhador especializado ao serviço da
comunidade. Nascia o REALISMO SOCIALISTA. Para transmitir uma mensagem clara e direta, os artistas
utilizavam uma linguagem figurativa e concreta.
Depois de 1925, o Estado socialista deixa de apoiar as vanguardas artísticas e regressa ao rigor técnico
formal neoclássico, exaltando o povo anónimo, as vitórias do regime. A arte passa a ter um carácter
apologético e propagandístico, pela exaltação do trabalhador anónimo, pela representação da sua
5. participação nas actividades diárias ou nas vitórias do regime. A escultura, as artes gráficas e o cartaz
publicitário são os melhores exemplos. Um caso evidente é o de Vera Múkhina com a sua estátua “O
Operário e a Camponesa”, de 1937.
Também o fascismo, nazismo e Salazarismo utilizaram a linguagem estética realista com fins
propagandísticos, pondo a arte ao serviço da política.
Artistas europeus: Otto Dix (Alemanha), Renato Guttuso (Itália)
Artistas norte-americanos: Ben Shahn
Artistas brasileiros: Cândido Portinari
Artistas mexicanos:
Na década de 20/30, Diego Rivera, José Clemente Orozco, David Siqueiros, influenciados pela revolução
mexicana (1910), representam temáticas revolucionarias, de forte sentido expressivo, simbólico e
poético. Diego Rivera fez pinturas de grande escala, pinturas murais, onde exalta o povo mexicano e as
suas origens pré-colombianas. Os temas são tratados com grande realismo e expressividade, estimulando
o sentido nacionalista e o carácter didáctico da sua obra.
9. Caracteriza os aspectos formais, temáticos e técnicos do Surrealismo.
Apareceu em 1924, em Paris, com a publicação do Manifesto do Surrealismo. O surrealismo começa na
literatura, mas abrange outras áreas: pintura, escultura, fotografia e o cinema. O nome foi atribuído por
Apollinaire, em 1917, aquando da representação do bailado Parade, de Eric Satie, levado à cena pelo
Ballets Russes, em Paris. Apareceu como reação à cultura ocidental (racionalista e convencional), pela
defesa da liberdade e da irracionalidade, através do recurso ao sonho, à metáfora, ao inverosímil e ao
insólito (separação espírito/matéria). Defende-se, portanto, o afastamento das normas e das convenções
e a transgressão sistemática (influência do Dadaísmo). Por isso, as obras de arte são executadas à margem
da razão, sem quaisquer moralismos ou preocupações estéticas racionalizadas, estabelecendo-se uma
associação livre de ideias, sem sentido.
Como consequência, os temas incidem sobre o erotismo, os sonhos e as forças ocultas do inconsciente,
pela libertação de tabus e de imposições e pela exaltação do mundo da magia e de tudo o que esteja
afastado da racionalização.
Em termos formais, procede-se ao regresso do figurativo (que tinha sido destruído pelas primeiras
vanguardas) dando importância ao próprio desenho em si, mostrando o seu virtuosismo. Tem atmosferas
oníricas (que se manifestam através dos sonhos), recorrendo à técnica dadaísta - retirar objectos do
quotidiano e colocá-los noutros contextos – não havendo uma ligação entre os objectos, daí a recorrermos
à psicanálise. Não se consegue encontrar uma explicação lógica e coerente para o que está pintado
porque não é um mundo real que está representado, mas sim um mundo irreal. Apenas um psicanalista
pode encontrar uma explicação lógica para as pinturas e, para fazer isso, recorre-se à técnica dadaísta.
6. Utilizam como técnicas o estado semi-hipnótico, os discursos escritos ou ditados durante o sono ou relato
de sonhos e a junção de escritas simultâneas de várias pessoas. A nível de linguagem plástica, utilizam a
colagem, a frottage (papel sobre tábua de madeira, sobre o qual se passa um lápis de carvão), a
assemblage (colagem de diversos materiais numa obra), o dripping (gotejar da tinta e aproveitamento do
movimento repetido do braço) e a decalcomania. Utilizam ainda técnicas clássicas de desenho e de
gradação cromática, aplicadas a formas fantasmagóricas ou incongruentemente associadas, em “trompe-
l’oeil” ou “trompe-idée”.
Grandes nomes do surrealismo – Salvador Dali ; Magritte; Francis Picabia, Marc Chagall, Juan Miró, Man
Ray.
10. Caracteriza os expoentes da arquitectura modernista antes de 1914.
Nos inícios do século XX, a arquitectura teve duas tendências:
- uma tendência ornamental, como na Bélgica, França e Catalunha
- outra tendência mais estruturalista e racional:
- a escola de Glasgow – Reflecte o crescimento industrial da região – intenso, ao qual se ligou o GRUPO
QUATRO ou GRUPO DE GLASGOW – uma associação de artistas, entre eles CHARLES RENNIE
MACKINTOSH. Desenvolveu uma arquitectura assente em estruturas ortogonais de ferro, paredes lisas
de pedra e grandes superfícies de vidraças, volumes geométricos, interiores deslocáveis e decoração
contida. Desenhou mobiliário e fez trabalhos decoraticos – manifestando preocupações com um
racionalismo mais estrutral e gométrico
- França - AUGUST PERRET foi o pioneiro na sua estrutura de betão armado ainda visível. Os edifícios
podem ostentar um revestimento decorativo que disfarça esse material construtivo. A construção em
betão permitiu uma melhor organização em planta, de modo a eliminar o tradicional pátio interior. As
fachadas possuem por vezes reentrâncias com janelas, assegurando uma boa iluminação nos vários
pisos.
- Secessão Vienense - A arquitectura depurada e o design de Mackintosh tiveram influência na criação,
em 1897, na criação desta escola. Os principais representantes foram GUSTAVE KLIMT, OLBRICH,
JOSEPH HOFFMAN e OTTO WAGNER, ADOLF LOOS. As principais características são a grande
simplificação geométrica dos volumes e formas, a distribuição simétrica, racional e funcional dos
espaços e o tratamento austero e contido da decoração.
- Escola de Chicago – A mais estruturalista das arquitecturas modernistas desenvolveu-se nos EUA.
Apareceu na sequência da necessidade de renovação urbanística do centro de Chicago (após o
incêndio de 1871). LOUIS SULLIVAN E DANKMAR ADLER aplicaram novos sistemas de alicerces,
cimentação, resistência e isolamento, aperfeiçoaram o esqueleto construtivo com ferro e aço,
libertaram os muros do seu papel de suporte, rasgaram fachadas de paredes – cortinas (vidraças),
deram maior liberdade às plantas dos pisos, criando divisórias amovíveis. A construção cresce assim
7. em altura – arranha-céus com elevadores eléctricos. Os edifícios funcionaram como centros
comerciais, escritórios e os últimos andares para habitação e ateliers. Exteriormente, os edifícios
caracterizam-se pela regularidade horizontal e vertical, criada pelas filas simétricas de janelas.
11. Caracteriza a arquitectura modernista.
Esta nova arquitectura tinha como finalidade responder de forma técnica, racional e funcional ao modo de
vida de um tempo novo, que levantou à construção exigências de um maior pragmatismo (higiene,
iluminação, saude, ventilação, conforto), onde o interesse das massas se sobrepõe ao interesse individual.
Caracteriza-se pela manutenção do esqueleto estrutural em ferro ou betão e fachadas sem sustentação,
fruto do desenvolvimento dos métodos e meios construtivos, utilizando, portanto, as novas técnicas de
construção e os novos materiais São aplicados critérios mais racionalistas e funcionalistas (a função
determina a forma), no sentido de uma planta mais livre, depuração formal e desornamentação do
edifício (ausência de decoração), explorando as potencialidades da parede sólida, lisa e sem decoração.
Preocupam-se com a proporção à escala humana bem como pelo conceito de que a forma deve seguir a
função. Aplica-se o princípio da regularidade nas composições e rigor das proporções (racionalismo).
Aderem à inovação tecnológica do sec.XX e rejeitam os estilos históricos.
Disseminada pelos CIAM (Congressos Internacionais de Arquitectura Moderna), atingiu o apogeu a seguir
à II guerra mundial nos anos 50/60, para depois entrar em crise, dando origem ao Pós Modernismo. Esta
segunda vertente acabou por anunciar as tendências inovadoras no design e na arquitectura após a I
guerra mundial.
12. Descreve as influências e a linguagem estética da Arte Déco.
A Arte Déco aparece entre as duas guerras, em França , com a Exposição de Artes Decorativas Industriais,
1925). É um estilo eclético de design e decoração, tendo abrangido outras manifestações: arquitetura,
cinema, publicidade, moda. Foi um movimento que se transformou em moda, sobretudo nos anos 20, 30 e
40.
Recebeu influências dos novos materiais e processos industriais, do movimento Arts and Crafts e da
Deutscher Werkbund, dando-lhe um gosto pela perfeição artesanal; ainda também influências da Arte
Nova, do Cubismo, do Futurismo italiano e do Construtivismo russo, atribuindo-lhe como características a
abstração, distorção e a simplificação. Utilizou conceitos plásticos e estéticos das vanguardas e inspirou-se
na natureza animal e no corpo feminino, recebendo influências da arte africana e exótica.
A nível da linguagem estética, caracteriza-se pelo desenho estilizado e geometrizado, conduzindo a uma
abstração, distorção e simplificação. O colorido é vivo e contrastado. Foi desenvolvido o design industrial
de peças de mobiliário.
Os edifícios caracterizam-se pela horizontalidade e pela geometrização e simplicidade da estrutura, das
plantas e das fachadas. Regista-se uma alternância de superfícies planas e rectilíneas com curvas
8. pronunciadas, de traçado geométrico. A decoração é contida, estilizada e abstratizante, com localização
precisa (lintéis, ombreiras, puxadores e fechos de portas, frisos, fradeamentos).
Artistas: George Coufs, William Van Alen, Raymond Hood, Wallace K. Harrison e Lee Lawrie
13. Descreve as utopias arquitectónicas.
Devido à influência dos movimentos artísticos da pintura, houve uma tentativa de concretização das
vanguardas na arquitetura, utilizando-se os modernos e sofisticados processos construtivos, conduzindo o
regresso da arte à arquitetura.
- Expressionismo arquitectónico: originário da Werkbund (Associação Alemã para o Trabalho), teve o seu
apogeu nos inícios dos anos 20. Características: utilização das modernas técnicas de engenharia e dos
novos materiais; inspiração em formas orgânicas; valorização da expressividade das formas; arquitetura
com o mesmo valor plástico e conceptual da pintura e da escultura; caráter fantasista, bizarro e simbólico.
- Arquitetura nazi: os edifícios revelam os reflexos da arte nacionalista e propagandista: caracterizam-se
pela monumentalidade; ausência de decoração nas colunas; planos lisos na fachada, que acentuam a
imponência do edifício e são coroados com os símbolos partidários; aplicação do Neoclassicismo.
- arquitetura futurista: teve origem no “Manifesto da Arquitetura Futurista”, de António Sant’Elia (1888-
1916) em 1914. Virada para o mundo urbano e industrial, utilizou as modernas tecnologias construtivas e
dos novos materiais (ferro, vidro, betão). Volumes eram arrojados, imaginativos e dinâmicos; o
movimento era dado pelas linhas oblíquas ou elípticas. Aproximou-se da arquitetura funcionalista e
racional pela abolição total da decoração.
- Construtivismo russo: teve influências no Futurismo, Cubismo e Suprematismo. Tem um caráter
antiesteticista e funcionalista. Inseriu-se na campanha de renovação artística do Comissário para a
Educação do Povo, Lunarcharski, que defendeu a libertação do individualismo da arquitetura. Como era
demasiado arrojado e as obras dispendiosas, o Partido Comunista colocou um fim à diversidade de
tendências vanguardistas, estabelecendo as diretrizes para a formação de uma estética nacional: o
Realismo Socialista, aplicando uma arquitetura com carácter apologético e propagandístico.
- Neoplasticismo: insere-se noMovimento De Stijl com uma nova formulação do espaço e nova conceção
formal: rigor técnico e clareza formal pela aplicação de regras matemáticas e geométricas. As fachadas
eramorganizadas por superfícies planas e retilíneas, colocadas a diferentes alturas e direções, segundo
linhas ortogonais (horizontais e verticais). As vidraças horizontais cobriam os grandes espaços vazios,
destruindo a “ideia de caixa”, fazendo comunicar o interior com o exterior. As plantas deixam um espaço
livre polifuncional, quase sem divisões ou utilizando divisórias deslizantes. Há ausência de ornamentos,
com apenas algumas notas de cor: materiais ou elementos lineares verticais ou horizontais de cores puras
(vermelho, amarelo, azul, preto)
14. Explica a importância de Gropius para a arquitectura do século XX
9. Gropius foi o fundador do projecto inovador da Bauhaus, uma escola surgida na Alemanha, em
Weimar, em 1919, na qual se valorizava o trabalho em equipa, numa estreita ligação entre mestres-
artesãos, operários industriais e artistas. Defendia-se igualmente o princípio da unidade das artes e a
introdução da metodologia do design industrial.
A Fábrica Fagus é um exemplo de uma arquitectura racional e funcional, pela coexistência da
funcionalidade /racionalidade com a forma /estrutura. A estrutura do edifício caracteriza-se pela
existência de três andares, com telhado plano e grandes janelas, que contornam as esquinas do edifício. O
betão armado tem uma importância primordial na estrutura do edifício, permitindo libertar as paredes
exteriores da sua função de suporte. Deste modo, as fachadas em alvenaria foram substituídas por
paredes de cortina, feitas integralmente em vidro. Portanto, é feita uma exploração e utilização racional
de novos materiais, como o ferro e o vidro.
15. Descreve o projecto inovador da Bauhaus
O movimento Bauhaus surgiu em 1919 e afirmou-se pela renovação do ensino artístico e dos conceitos de
belas-artes e de artes aplicadas e pela valorização do design industrial.
Foi um projecto pedagógico inovador pela concepção de uma produção artística que resultava da estreita
aliança entre a teoria do artista plástico e a prática do artesão e pela valorização do trabalho em equipa,
numa estreita ligação entre mestres, artesãos e alunos. Para além disso, aplicava-se a pesquisa e a
interligação entre várias disciplinas artísticas, procedendo-se à dignificação do trabalho do artesão e dos
ofícios.
Os princípios defendidos e concretizados no mobiliário foram a ligação entre o artista e o artesão, a
articulação entre a forma e a função do objecto e a preocupação com a intervenção estética no objecto de
uso quotidiano (conjugação de arte e de técnica).
O design foi orientado para a produção em massa, registando-se a coexistência da
funcionalidade/racionalidade com a forma/estrutura. O espírito modernista esteve presente pela
combinação da exploração e utilização de novos materiais com a padronização industrial dos objectos. A
obra de arte democratiza-se pois perde o seu carácter elitista.
16. Justifica o contributo de Le Corbusier para a arquitectura.
No percurso teórico e prático do arquitecto, destaca-se o primado da função em relação à forma
(adaptação funcional do espaço) e o sistema construtivo Dom-Ino, constituído por pilares e placas de
betão. Construiu o Modulor, escala de proporções arquitectónicas que tomaram como medida o corpo
humano. Le Corbusier concebe a casa como uma «máquina de habitar» na medida em que satisfaz as
necessidades materiais, sentimentais e espirituais do homem.
Le Corbusier divulga os códigos do funcionalismo em várias partes do mundo: a racionalidade, o
pragmatismo e os modelos universais, principais vertentes da arquitectura e do urbanismo moderno. A
Villa Savoye é um exemplo da concretização da teoria «Os Cinco Pontos da Nova Arquitectura»:
10. - a construção do edifício sobre pilotis (pilares), permitindo a sua sustentação e o seu isolamento;
- a planta livre;
- a composição livre da fachada;
- as janelas colocadas horizontalmente (fenestração horizontal);
- os terraços e jardins de cobertura.
Le Corbusier teve também preocupações urbanísticas, tendo determinado as funções da cidade na “Carta
de Atenas”:
- habitar – planeamento de habitações dignas (ar puro, sol, espaços verdes);
- trabalhar – organização de locais de trabalho agradáveis;
- recrear-se – inclusão de equipamentos e de espaços para o lazer (tempos livres);
- circular – articulação destas três zonas através de uma eficiente rede de circulação.
17. Descreve o contributo de Frank Lloyd Wright para o movimento organicista.
Frank Lloyd Wright é um dos principais representantes do Organicismo. Nos seus edifícios, existe uma
articulação entre o espaço construído e a forma de integração na Natureza/paisagem e uma relação entre
o espaço interior e o exterior. Cada solução arquitectónica tem uma individualidade própria e impera a
assimetria. São utilizadas as novas tecnologias construtivas, os materiais mais inovadores (estruturas de
aço e betão) e os materiais artesanais e tradicionais em cada região, valorizando-se a cor e a textura
desses materiais. É, em resumo, uma estética orgânica mais humana.
A Casa da Cascata (1935-1938) é o caso mais exemplificativo da arquitectura organicista, no contexto
americano, onde é evidente o enquadramento harmonioso na Natureza. A casa caracteriza-se pela
simplificação formal e pela relação dinâmica entre as linhas horizontais e verticais, com assimetria de
planos. Foram valorizados os diferentes materiais locais, utilizados em estado puro, havendo uma estreita
relação entre as grandes lajes de betão dos telhados e os grandes blocos de rocha natural sobre os quais
corre a cascata.
18. Descreve a conjuntura política, económica, social e cultural de Portugal nas primeiras décadas do
século XX.
Nas primeiras décadas do século XX, Portugal caracterizava-se por não estar a par daquilo que se passava
na Europa em termos culturais (onde se assistia à criação de um novo universo plástico; revolução em
termos culturais), ou seja, não estava a par das Vanguardas. Era um país atrasado devido à sua posição
periférica em relação à Europa, com elevado analfabetismo, e um país pobre em termos económicos e
sociais. Em termos políticos, à revolução republicana de 1910, sucedeu-se uma grande instabilidade
política, que culminou com o golpe militar de 28 de Maio de 1926 e, posteriormente, com a implantação
da ditadura do Estado Novo.
Por isso, assistia-se à manutenção da pintura naturalista, dominada por retratos, naturezas-mortas e
paisagens, entre desenhos humoristas e caricaturas.
11. 19. Justifica o contributo da revista Orpheu para a introdução do Modernismo Português.
O Modernismo entrou em Portugal pelo humor, pela caricatura e pela ilustração, dando-se a conhecer em
variadas exposições realizadas regularmente entre Lisboa e Porto. Para além dos participantes na
Exposição de 1911, nelas se encontraram já os nomes de Almada Negreiros, Cristiano Cruz, Jorge Barradas,
António Soares, entre outros.
Foi importante para o nosso país a chegada de pintores vindos de Paris (bolseiros). Estes pintores vão
introduzir as novas tendências artísticas em Portugal e, instalam-se também alguns estrangeiros.
Regressaram Amadeo de Souza-Cardoso, Guilherme Santa-Rita, Eduardo Viana e José Pacheco, ou seja, os
pintores mais talentosos português que estudavam em Paris. E, facto da maior importância, com eles veio
também Sónia Delaunay e Robert, que praticavam o Orfismo.
Destes regressos resultou a formação de dois pólos ativos e inovadores: um em Lisboa, liderado por
Almada Negreiros e Santa-Rita que, se juntaram a Fernando Pessoa e a Mário se Sá-Carneiro, fazendo
nascer a revista Orpheu. Outro radicou-se no Norte em torno do casal Delaunay, de Eduardo Viana e de
Amadeo.
Com a publicação da Orpheu, revista da qual apenas saíram dois números em 1915, o modernismo
português revela a sua faceta mais inovadora, polémica e emblemática: a do futurismo.
Arrebatados pelo mundo da técnica do seu tempo, excêntricos e provocadores, os jovens da Orpheu
deixaram o país escandalizado. Nas suas dissertações agressivas, repudiavam o homem contemplativo e
exaltavam o homem de ação. Propunham-se a um corte radical com o passado, incitando ao orgulho, à
ação, à aventura e à glória. Assim se exprimiu em Portugal, o dinamismo moderno, que o futurista
Marinetti preconizara em 1909.
Em Portugal, ao nível da pintura, fazem-se sentir assim todas as Vanguardas, tendo os pintores
portugueses procurado linguagens plásticas próprias, um caminho pessoal. Fundem numa obra só todas as
correntes e a característica mais usada e visível é a síntese de tendências. O cubismo e o futurismo foram,
ainda assim, as Vanguardas mais usadas.
20. Descreve o contributo de Santa-Rita, Almada Negreiros, Amadeo de Souza-Cardoso e Eduardo Viana.
Santa-Rita
Futurista, morreu prematuramente e, da sua obra, pouco restou. Foi polémico, provocador e um dos
mais carismáticos artistas portugueses.
Almada Negreiros
Escritor e artista plástico, José Sobral de Almada Negreiros nasceu em S. Tomé e Príncipe a 7 de Abril
de 1893. Foi um dos fundadores da revista “Orpheu”(1915), veículo de introdução do modernismo em
Portugal, onde conviveu de perto com Fernando Pessoa. Além da literatura e da pintura a óleo,
Almada desenvolveu ainda composições coreográficas para ballet. Trabalhou em tapeçaria, gravura,
12. pintura mural, caricatura, mosaico, azulejo e vitral. Faleceu a 15 de Junho de 1970 no Hospital de S.
Luís dos Franceses, em Lisboa, no mesmo quarto onde morrera seu amigo Fernando Pessoa.
Almada Negreiros foi um pintor-pensador. Foi praticante de uma arte elaborada que pressupõe uma
aprendizagem que não se esgota nas escolas de arte; bem pelo contrário, uma aprendizagem que
implica um percurso introspetivo e universal.
Vulto cimeiro da vida cultural portuguesa durante quase meio século, contribuiu mais que ninguém
para a criação, prestígio e triunfo do modernismo artístico em Portugal. Na sua evolução como pintor,
Almada passou do figurativismo e da representação convencional dos primeiros tempos, para a
abstracção geométrica, matemática e numérica que caracteriza as suas últimas obras.
A sua preocupação central foi a determinação do enigmático Ponto de Bauhütte. Essa procura ficou
registada por vários textos, por numerosos traçados geométricos e por algumas pinturas a preto e
branco que Almada foi acumulando, mas sem tornar público o fundo do seu pensamento. Antes de
romper o quase segredo da sua busca, Almada realiza, para o Tribunal de Contas de Lisboa, um dos
cartões para tapeçaria intitulado «O Número».
Amadeo de Souza-Cardozo:
Precursor da arte moderna, tendo falecido prematuramente aos 31 anos de idade vítima de
pneumonia, Amadeo de Souza-Cardozo não teve oportunidade de ver o seu trabalho reconhecido:
seguiu o mesmo trilho dos vanguardistas de todos os tempos e de todas as atividades, administrando a
incompreensão alheia. O coroamento dos seus esforços dá-se, ou no final da vida, ou somente após
sua morte.
Nascido em 1887 e falecido em 1918, as primeiras experiências de Souza-Cardozo deram-se no
desenho, especialmente como caricaturista. Aos 19 anos, mudou-se para Paris, onde tomou contacto
primeiro com o Impressionismo e depois com o Expressionismo e o Cubismo. Valeu-lhe muito a sua
aproximação com Amadeu Modigliani, de quem se tornou grande amigo, compartilhando com ele um
ateliê e até realizando exposições juntos, em 1911.
Depois de participar numa exposição nos Estados Unidos, em 1913, voltou a Portugal, onde teve a
ousadia de realizar duas exposições, respetivamente no Porto e em Lisboa, causando escândalo entre
os seus compatriotas: as suas obras foram criticadas, ridicularizadas e, por breves momentos, houve
até confronto físico entre críticos e defensores da arte moderna.
Eduardo Viana
Em 1905, Eduardo Viana (1881-1967) abandona, num assumido gesto de rebeldia, o seu curso da
Academia Nacional de Belas-Artes e parte com Manuel Bentes para Paris, em busca do ensino
moderno que, em sua opinião, a escola portuguesa não ministrava.
13. Nos anos em que permanece no estrangeiro, Viana estudar, viaja (pela Inglaterra, Holanda e Bélgica)
mas, sobretudo, deixa-se fascinar por Cézanne, cujas obras conhecem provavelmente, na exposição
retrospectiva do pintor, em 1907, a mesma que tanta influência terá nos primeiros passos do cubismo.
Em1915, como já sabemos, o pintor instala-se, com o casal Delaunay, em Vila do Conde. Datam dessa
época as suas incursões, na decomposição das formas, à maneira cubista, e da luz, à maneira órfica.
Deixa-se fascinar pelo brilho do sol português e pelas cores da olaria minhota.
Na verdade, Eduardo Viana nunca foi um espírito “moderno”, à maneira de Amadeo. Foi
frequentemente acusado de “cezanista”, o que, para um moderno, não seria propriamente um elogio,
porquanto ainda o ligava a uma pintura oitocentista. A modernidade de Viana, o que melhor o
individualiza e o engrandece, reside na pujança da cor, que usa em contrastes vibrantes e luminosos,
quer componha retratos, nus paisagens ou naturezas-mortas.
Eduardo Viana, ocupou, tal com Almada Negreiros, a cena artística portuguesa durante mais de 50
anos. Foi admirado como um dos maiores pintores portugueses de sempre.
21. Insere o “Ultimatum futurista às gerações portugueses do século XX” no contexto cultural da época.
Face às críticas feitas pelos escritores Júlio Dantas, os futuristas explodiram de raiva. O Manifesto Anti-
Dantas atacou violentamente o escritor, associando-o a uma cultura retrógrada que urgia abater.
Apresentando-se como homem e cidadão, faz apelo à guerra como forma de libertação e de criação.
Define Portugal, enquanto Pátria, e os portugueses, apontando-lhes os seus defeitos e propõe as atitudes
a adotar pelos portugueses: espírito de aventura, força, inteligência, espontaneidade.
22. Caracteriza a 2ª geração do Modernismo Português.
Desenvolve-se entre 1927 e 1940, durante o período de implantação da Ditadura Militar e do Estado
Novo. O primeiro grupo vai-se desagregando e uma segunda geração de modernistas organiza-se em
torno da revista coimbrã «Presença». Fundada por José Régio, entre outros, este grupo revela-se céptico
quanto aos princípios liberais e republicanos e defende a criação de um movimento artístico afastado das
doutrinas partidárias. Adeptos do Intuicionismo e da Psicanálise, os escritores da Presença centram as suas
obras em análises psicológicas e introspectivas. Este afastamento político vai suscitar a desconfiança do
regime salazarista que os tentará instrumentalizar para os seus fins propagandísticos. A recusa de alguns
artistas levará à saída do país ou à sua marginalização dos círculos intelectuais oficiais. Procuram, então,
novos espaços para se manifestarem (exposições independentes, cafés – A Brasileira do Chiado, e clubes,
para além da participação em revistas e periódicos. A pintura dos anos 30 e 40 é sobretudo pautada por
percursos individuais, destacando-se: Almada Negreiros (pintor, desenhador, romancista,…) e Abel Manta
(retratista). A submissão de outros irá condicionar a morte desta 2ª geração de modernistas.
Movimentos e artistas:
14. - Expressionismo: Mário Eloy (representação dos sonhos, figuras humanas com arabescos insignificantes e
angustiados) e Dominguez Alvarez (cores baças, expressividades das formas, quase sem volumes, linhas
serpenteadas e figuras alongadas)
- Neorrealismo: Júlio Pomar; representação do mundo do trabalho com verismo e expressividade, cores
escuras e pouco variadas; oposta à arte oficial.
- Surrealismo: Mário Césariny (imagética brutalista/informalista com colagens e frottages, onde se nota
mais a acção, a matéria e a textura do que a figuração.
- Abstraccionismo: Vieira da Silva (sugestão de profundidade, aplicação de metáforas; cidades como
representação dos seus sentimentos)
- Cubismo: Almada Negreiros (decoração de espaços, nomeadamente para as gares de Alcântara e da
Rocha do Conde de Óbidos, onde estão representadas cenas relacionadas com os locais.
23. Caracteriza a escultura em Portugal no mesmo período.
Permanece em Portugal a sensibilidade oitocentista. Durante o Estado Novo, serão impostas as conceções
ideológicas dominantes, conduzindo a uma escultura com uma leitura visual fácil (naturalismo), alguma
estilização abstracta e, sobretudo, a monumentalidade, representando os grandes heróis nacionais. As
praças das cidades foram alvo destas estátuas de pendor nacionalista. O Padrão dos Descobrimentos, de
Leopoldo de Almeida, feito para a Exposição do Mundo português, em 1040, é também exemplo desta
escultura propagandística e nacionalista. A partir dos finais dos anos 50, regista-se uma aproximação ao
modernismo (surrealismo, neorrealismo e abstraccionismo)
24. Descreve as características que definem a obra arquitectónica da Raul Lino.
Raul Lino formulou a filosofia de “casa portuguesa” através da recuperação dos valores tradicionais da
cultura portuguesa, definindo os princípios orientadores para a sua construção. Segundo ele, os edifícios
devem ser integrados na paisagem natural e na tradição cultural do país Para além disso, devem obedecer
à caiação branca dominante, à aplicação de azulejos decorativos nas fachadas, à valorização do alpendre,
adequado a uma arquitectura do sol, com um beiral, a rematar os telhados.
25. Descreve as características do modernismo arquitetónico português dos anos 20 e 30 do século XX.
A partir dos anos 30, houve compromisso dos arquitetos portugueses entre o modernismo internacional e
o dirigismo do Estado Novo, mais interessado no revivalismo nacionalista. Foram utilizados novos
materiais (ferro, betão e vidro), explorando as suas capacidades plásticas. A fachada revela composição
livre e assimétrica, seguindo as propostas estéticas do funcionalismo (Le Corbusier, Bauhaus). As
estruturas foram assentes em pilares que permitem alargar os espaços internos, seguindo Le Corbusier.
Regista-se um contraste entre a linha horizontal com a torre vertical. São patentes ainda influências da Art
Déco, na simplicidade estrutural.
Para consulta dos powerpoints:
http://www.slideshare.net/abaj