O documento discute os fundamentos da psicologia do desenvolvimento humano. Em três frases, resume:
1) A psicologia do desenvolvimento estuda como as pessoas mudam e permanecem iguais ao longo da vida, considerando aspectos biológicos, cognitivos, sociais e emocionais.
2) Teorias como as de Piaget e Vygotsky procuram entender como a interação entre fatores inatos e ambientais molda o desenvolvimento ao longo dos estágios de vida.
3) Questões como a influência do contexto cultural e os mecanism
2. O que é psicologia do desenvolvimento?
“A ciência que busca entender como as pessoas mudam
e permanecem as mesmas ao longo de suas vidas”
(Berger, p.3)
– O estudo do desenvolvimento social, emocional,
cognitivo e biológico do indivíduo no seu espectro de
vida
– Mudança de foco
• Antes: infância e adolescência
• Agora: Todas as idades
têm mudanças
3. Por que estudar psicologia do
desenvolvimento?
• Conhecimento relevante para múltiplos
domínios
– choro do bebê, bebidas, amor, sexo, carreira,
família, envelhecimento saudável...
• Implicações para políticas públicas
– Vacina do HPV
• Habilidades de pesquisa e intervenção
4. Motivo 1: “criar crianças”
• Auxilia familiares e profissionais da saúde e da
educação a compreenderem os desafios de se
criar uma criança
• Exemplo: pesquisadores identificaram abordagens eficazes que
pais e cuidadores podem utilizar para ajudar crianças a lidarem
com a raiva e outras emoções negativas.
5. Motivo 2: Determinar políticas públicas
Conhecer o desenvolvimento humano
acessora/informa tomadas de decisões em
políticas públicas que afetam crianças e
famílias
• Exemplo: Pesquisas sobre as respostas das
crianças em entrevistas auxilia juízes a
obterem informações mais precisas de
crianças
6. Motivo 3: Entender a natureza humana
• A pesquisa sobre o
desenvolvimento humano
oferece suporte para
algumas das questões mais
intrigantes da natureza
humana, como por exemplo
a existência de aptidões
inatas e aprendidas
11. O desenvolvimento...
• Ocorre ao longo de toda a vida
• Mudanças na vida adulta
• É multidimensional
• mudanças biológicas, cognitivas, socioemocionais
• É multidirecional
• Algumas dimensões/componentes aumentam com o
crescimento, outras diminuem
• É plástico
• Em que grau as características podem mudar ou são estáveis
• É contextual
• Influências datadas (idade/momento histórico/eventos de vida)
• É estudado por muitas disciplinas
12. processos biológicos
• mudanças na
natureza física
• Altura e peso
• cérebro
• habilidades motoras
• capacidade
cardiovascular
processos cognitivos
• mudanças no
pensamento e
linguagem
• Observar o móbile
no berço
• criar frase de duas
palavras
• Memorizar um
poema
• Sonhar em ser
estrela de cinema
processos
socioemocionais
• Mudancas nas
relações, emoções e
persnalidade
• Bebê sorri ao toque
da mãe
• Menino bate no
coleguinha
• Moça chora ao
passar em entrevista
de emprego
• O afeto entre um
casal de idosos
13. Alguns fundamentos históricos
• Tanto Platão quanto
Aristóteles entendiam que
o bem-estar a longo prazo
da sociedade dependiam
da criação apropriada dos
indivíduos quando criança.
• Mas diferiam em suas
abordagens.
14. Fundamentos históricos:
Platão e Aristóteles
• Platão enfatizava o autocontrole e a disciplina
– Aristóteles se preocupava com adequar o cuidado
às necessidades da criança
• Platão acreditava que a criança nascia com
conhecimentos inatos
– Aristóteles entendia que o conhecimento viria
com a experiência
15. • Homem jovem: “tem paixões fortes, e
tende a buscar suas gratificações
indiscriminadamente”
• Homem velho: “é cínico... mente
pequena, covarde, e sempre antecipa o
perigo... ama a vida, e cada vez mais
quanto mais se aproxima de seu último
dia de vida…”
16. Fundamentos históricos:
Outros filósofos modernos
• O filósofo inglês John Locke, assim como
Aristóteles, entendia que a criança era como uma
tábula rasa.
– A educação deveria começar com rígida disciplina e
gradualmente oferecer maior liberdade ao indivíduo
• O francês Jean-Jacques Rousseau acreditava que
os pais e a sociedade deveriam dar à criança o
máximo de liberdade possível às crianças desde o
início de suas vidas.
17. Fundamentos históricos:
Forças emergentes no séc. XIX
• Abordagens de pesquisa
– Movimentos de reforma social
• Estabeleceram o legado da pesquisa conduzida para o
benefício das crianças
• Ofereceram as primeiras descrições dos efeitos adversos de
ambientes hostis no desenvolvimento infantil
– Teoria da Evolução de Darwin
• Inspirou pesquisas em desenvolvimento humano para a
compreensão da natureza da espécie humana
Ambiente
indivíduo
18. Fundamentos históricos: Século XX
• Desenvolvimento humano
emerge como um campo
formal de estudos
• Sigmund Freud e John
Watson formularam teorias
do desenvolvimento neste
período
19. Temáticas em
desenvolvimento humano
• Inato x aprendido (nature x nurture)
• Continuidade x descontinuidade
• Mecanismos de mudança desenvolvimental
• O contexto sociocultural
• Diferenças individuais
20. Questões básicas de desenvolvimento
humano
1.Como natureza e ambiente juntos moldam o
desenvolvimento?
2.Em que sentido o desenvolvimento é considerado
contínuo, e em que sentido ele é descontínuo?
3.Como ocorre uma mudança?
4.Como o contexto sociocultural influencia o
desenvolvimento?
5.Como as crianças podem ser tão diferentes umas
das outras?
21. 1. Inato x aprendido
• A questão mais básica
desenvolvimental: o
desenvolvimento é
influenciado primariamente
pelo quê?
– Inato (natureza): herança
biológica, especialmente os
genes que herdamos de nossos
pais
– Ambiente (nutrição):
experiências ambientais
(ambiente físico ou social)
22. 1. Inato x aprendido
• Entende-se que cada característica que
apresentamos é criadapelo trabalho conjunto
de genes e ambiente.
• Mas como genes e ambiente trabalham juntos para
moldar o desenvolvimento?
23. 2. Desenvolvimento contínuo e
descontínuo
• Em que medida o desenvolvimento envolve
mudanças graduais e cumulativas ou
totalmente distintas?
24. 2. Desenvolvimento contínuo e descontínuo
Desenvolvimento contínuo:
mudanças ocorrem
gradualmente, um somatório
Desenvolvimento
descontínuo: envolve
mudanças ocasionais de modo
que pessoas de diferentes
idades são “visivelmente”
diferentes
25. 2. Desenvolvimento contínuo e
descontínuo
Dependendo de como é
vista, mudanças na altura
podem ser consideradas
contínuas ou descontínuas
– Ao examinar a altura de um
menino em intervalos de
idade desde o nascimento
até os 18 anos faz da altura
algogradual e contínuo
• Ao examinar a quantidade
de cm acrescidosna altura
do mesmo menino de um
ano para o outro faz da
altura algo descontínuo
26. 3. Estabilidade x mudança
• O quanto somos produto de nossas experiências
anteriores?
• Em que ponto nos tornamos diferentes do que
éramos?
• Em que grau experiências passadas (especialmente a
infância) determinam nosso desenvolvimento?
– Em que grau somos aquilo que comemos?
27. 3. Como ocorre uma mudança?
• A abordagem evolutiva de Darwin oferece um aporte
interessante para pensarmos nos mecanismos que
produzem variações no desenvolvimento humano
– Variação se refere às diferenças existem entre o
pensamento e o comportamento dos indivíduos
– Seleção descreve a sobreviência mais frequente e a
reprodução de organismos que estão bem adaptados ao
ambiente
• De modo análogo, variações e seleções psicológicas
produzem mudanças ao longo da vida individual
28. 4. Como o contexto cultural influencia
o desenvolvimento?
Contexto Sociocultural: Circunstâncias físicas, sociais,
culturais, econômicas e históricas que compõem o
ambiente humano
Os contextos de desenvolvimento diferem entre
culturas
– Exemplo: Famílias maias e
ocidentais/europeus apresentam
diferentes configurações para o hábito de
dormir e as crianças: As crianças maias
compartilham a cama com seus pais por
muitos anos
– A cultura ocidental valoriza a
independência e a autoconfiançaand self-
reliance, e os maias, a interdependência.
29. 4. Como o contexto cultural influencia
o desenvolvimento?
• O desenvolvimento é afetado pelo contexto
econômico, sobretudo o desenvolvimento
infantil.
30. 5. Como as crianças podem ser tão
diferentes?
Diferenças individuais entre
crianças aparecem muito
rapidamente no
desenvolvimento
Os genes, o
tratamento que recebem de
outros, suas
reações subjetivas
à forma com que são
tratadas, e suas escolhas de
ambiente,tudo contribui
para diferenças, mesmo em
uma mesma família.
31. Teorias do desenvolvimento em
Psicologia
• Teorias behavioristas
– Watson, Skinner
• Teoria da aprendizagem social
– Bandura
• Teorias psicodinâmicas
– Freud, Erikson
• Teorias nativistas
– Chomsky
• Teorias do desenvolvimento contextual/cultural
– Vygotsky
• Teorias cognitivas desenvolvimentais
– Piaget
32. Teoria do desenvolvimento cognitivo
de Jean Piaget
• (1) Introdução geral
• (2) Perído sensório-motor
• (3) Período pré-operatório
• (4) Período Operatório concreto
• (5) Período Operatório abstrato
33. Epistemologia genética: uma teoria
construtivista
• Nem ideias/aptidões inatas, nem tábula rasa
• O mundo não está pronto dentro da pessoa, e
não está aguardando pronto a ser descoberto
– Construtivismo
• A mente se constrói na interação com o
ambiente
• O real depende do quão desenvolvido está o
seu conhecimento
34. Como Piaget descreve a mudança
desenvolvimental?
• O desenvolvimento ocorre em estágios, com
mudanças qualitativas na organização da
cognição
• Assim, as crianças não são mais lentas ou
menos esclarecidas que os adultos: elas
entendem o mundo de uma forma
qualitativamente diferente.
• Estágios formam uma sequência invariante
35. Estágios do desenvolvimento
cognitivo
(1) Perído sensório-motor (0-2 anos)
(2) Período pré-operatório (2-7 anos)
(3) Período Operatório concreto (7-11 anos)
(4) Período Operatório Formal/abstrato (11-16
anos)
36. O que se desenvolvem?
• Estruturas cognitivas: os meios pelos quais a
experiência é interpretada e organizada: a
realidade é aquilo que você vê.
• Inicialmente, as estruturas cognitivas são
bastante primitivas e básicas, como os reflexos
de sucção e apreensão (os “esquemas”)
37. Como se desenvolvem?
• Acomodação: Incorporar novas experiências a
estruturas já existentes (conserva)
– Quando ocorre? Quando a mente está em estado
de equilíbrio, estruturas estáveis
• Assimilação: Mudar estruturas antigas para
poder processar novas experiências (progride)
– Quando ocorre? Quando uma experiência cria
instabilidade
• Desenvolvimento ativo
38. Aplicações
• Aprendizagem instrucional é pouco
importante
• Criança precisa reconstruir o conhecimento. O
conhecimento do adulto não pode ser
formalmente comunicado à criança
• Importância das interações entre pares
39. I. Período sensório-motor (0-2 anos)
• Reflexos motores básicos: sucção,apreensão,
movimento dos olhos, orentação para sons
• Ao se exercitarem e se coordenarem estes
reflexos, a criança desenvolve:
– intencionalidade: habilidade de agir orientada a um
objetivo (causa e efeito)
– permanência de objeto: Entendimento de que os
objetos continuam existindo apesar de fora do seu
campo de visão (ação x o objeto que sofre a ação)
40. I. Estágio 1
• Atividade reflexa opera independentemente
• Sujeito e objeto fundidos
• Esquemas são ativados ao acaso: não há
intencionalidade
41. I. Estágio 2
• Reações circulares
– Tentativa e erro resulta em interessantes
comportamentos que são então repetidos
– Exemplo: sugar o polegar
– Conceito de objeto: se ele desaparece, não vai
procurá-lo
– Intencionalidade (agência): começa a emergir,
poiso bebê inicia a prática de alguns esquemas
42. I. Estágio 3
• Relações circulares mais aprimoradas
– Repete ações simples em objetos externos
– Bate um brinquedo para fazer barulho
– Intencionalidade: “causalidade mágica”: bater
acidentalmente o brinquedo faz um barulho
interessante!
– Conceito de objeto: busca visual por um objeto
que desapareceu, mas não procura objetos
completamente encobertos
43. I. Estágio 4
• Coordenação das reações circulares
• Combinação de esquemas para criar sequências
de ação
• Intencionalidade aparece por completo: meios-
fins
– Bebê puxa toalha para descobrir objeto, ativando
novo esquema (agrarrar brinquedo)
– Mas o bebê entende que o objeto existeem separado
ao esquema que usa para encontrá-lo?
• Não. Evidência? Erro A não B.
53. Tarefa A não-B
• A criança continua procurandoo objeto no
primeiro local em que foi escondido
• O objeto ainda é entendido subjetivamente
• O objeto permanece associado ao esquema
em que obteve sucesso anteriormente
54. I. Estágio 5
• Relações circulares terciárias
– Variações experimentais
– Busca de novidade, novos meios
– Limitadas às ações físicas
– Já consegue resolver A não-, mas não quando
encobertos totalmente (exemplo de Piaget)
• Requer que faça cálculo mental da nova localização
55. I. Estágio 6
• Resolve a busca pelo objeto escondido
completamente
– Representam o mundo mentalmente, na ausência
dos objetos
– Entende que o objeto existe independente de suas
ações sensório-motoras
– Função semiótica: independência dos objetos:
combinações mentais para resolver problemas de
tentativa-e-erro.
56. I. Período sensório-motor: resumo
• Termina com o surgimento da representação
simbólica
• Permanência do objeto é compreendida
• Habilidades de causa-e-efeito
57. II. Período pré-operatório
• Pensamento simbólico sem operações
• Operações: princípios lógicos aplicados a
símbolos e não a objetos.
– Reversibilidade
– Compensação
– Identidade
• Na ausência de operações o pensamento é
regido mais pela aparência do que pela
necessidade lógica.
65. • Por que a criança do pré-operatório falham
nos problemas de conservação?
– Porque seu pensamento não é governado pelo
princípio da reversibilidade (virar a água no pote
pequeno pode ser revertida), compensação (o
decréscimo da altura é compensado pela largura),
identidade (nenhuma quantidade de líquido fora
adicionada ou retirada).
Pensamento pré-operatório e
problemas de conservação
66. Consequências do pensamento pré-
operatório
• Não governado por operações lógicas
• Consequentemente, parece egocêntrico e
intuitivo (ilógico).
– Foco em apenas um aspecto do problema
70. III. Período operatório concreto
(7-12 anos)
• Pensamento qualitativamente diferente nos
problemas de conservação
• Flexível e descentrado
• Coordenação de múltiplas dimensões
• Resolução de problemas lógica x empírica
• Reversibilidade
• Consciência das transformações
• Operações físicas foram internalizadas e se
tornaram cognitivas, mas a lógica ainda é
direcionada aos problemas físicos e concretos
71. III. Período operatório concreto
(7-12 anos)
• Sequência invariante ainda é observada, mas
as idades variam para a resolução de
problemas de conservação
72. IV. Período operatório formal
(12-16 anos)
• Operações formais: o pensamento não está
mais restrito ao concreto
• Direção interna: pensamento se torna o
objeto do pensamento
• Avanços na lógica indutiva e dedutiva
73. IV. Período operatório formal
(12-16 anos)
• Pensamento dedutivo no operatório concreto
voltado para experiência diária familiar:
• Se o Paulo rouba o brinquedo do João, como o João vai
se sentir?
• Nas operações formais, o pensamento vai
além da experiência, se torna abstrato:
• Se pudéssemos eliminar as injustiças, haveria paz no
mundo?
74. IV. Período operatório formal
(12-16 anos)
• Pensamento indutivo
– O pensamento científico: de observações
específicas para conclusões gerais através de teste
de hipóteses.
– Sistematicamente serão testadas todas as
possibilidades antes de se chegar a uma conclusão
75. Avaliando Piaget
• Pontos fortes:
• visão ativa do indivíduo
• Revelou invariantes cognitivas importantes do
desenvolvimento
• Valorizou o aprendizado perceptual-motor e não a primazia
da linguagem
• Pontos fracos:
• Distinção entre competência e desempenho
– Conhecimento (inferido pelo comportamento) x nível de
interesse, atenção, motivação, linguagem
• Estágios?
– Um olhar mais próximo pode revelar mais mudanças contínuas
(Siegler, 1988)
Notas do Editor
Sexualidade e pulsões como influências do desenvolvimento e watson com a ideia de que ao se manipular o ambiente se obteriam os comportamentos desejáveis