O documento discute a representação da mulher em animações da Disney ao longo do tempo, desde os anos 1950 até os anos 1990 e 2000. Analisa como as protagonistas femininas eram retratadas em filmes como Alice no País das Maravilhas, A Bela Adormecida, Pocahontas e Mulan, e como essas representações evoluíram de personagens mais passivas para personagens mais ativas e empoderadas.
1. FLAWLESS!
Crônica:
Corpolatria,
um estilo de vida
Isso já foi
ser mulher
O combate
ao apego
Alice e as Princesas
no País das
FEMINISTAS
E mais: Na Coluna Mulher, nossas colunista viajam pela história
da mulher: Da Sociedade Tradicional à Hipermodernidade.
2.
3. Sumário
Editorial:
Mulher ModernaHipermoderna
Artigo:
Revoltas da Mulher Moderna
Reportagem:
Princesas
Colunistas:
Mulher Tradicional e
Mulhaer Hipermoderna
Carta do Leitor:
Machismo vs Feminismo vs Sexíssimo
4. A Identidade da Mulher
Agora o mundo é das mulheres, certo?
editorial
Ser mulher, um dia, já significou
unicamente ser mãe. Hoje, sabe-mos
que a mulher possui os mais
diversos papeis na sociedade. En-quanto
na época tradicional, a
mulher nascia com o principal pro-pósito
de casar, na pós-modernida-de
vemos muitas mulheres que
nunca nem sonharam com tal pro-jeto.
O sexo feminino já passou por
muitas crises de identidade, muitas
revoluções e revoltas. Indignadas
com tanto preconceito, tanta desi-gualdade
social, política e econô-mica,
e como a sua imagem era re-tratada
pela mídia.
As mulheres passaram a não
mais identificarem-se com esse
papel de mulher que só faz o que o
marido quer, que só vive para criar
os filhos, que só pode ser dona de
casa, que desde criança precisa se
preparar para o casamento, que
tem que saber cozinhar, que tem
que seguir padrões e que não pode
se envolver politicamente em nada.
A mulher que tinha que ser omissa
e apagada da sociedade, descobriu
que não tinha obrigação nenhuma
de assumir essa vida definida por
gênero.
Desde a “Queima do Sutiãs” até a
“Marcha das Vadias”, a mulher vem
lutando contra preconceitos, exi-gindo
respeito, dignidade, liberda-de,
igualdade e fraternidade. Come-çou
Nathália Saraiva
a existir o movimento feminista
que se contrapõe todos os ideais
machistas. Infelizmente, ainda vive-mos
numa sociedade onde ainda
existem mulheres machistas, que
pensam sobre as próprias mulheres
como algo menosprezado.
Saímos de um mundo no qual as
mulheres nascem pra casar, e entra-mos
num mundo em que as mulhe-res
são objetos sexuais, são erotiza-das
pelos meios de comunicação,
pelos homens e pelas próprias mu-lheres.
O que foi feito com tanta
liberdade? Será que agora vivemos
num mundo feminista? As mulheres
são donas do próprio corpo? A
mulher influenciou a mídia ou a
mídia influenciou a mulher? Será
que os meios de comunicação são
apenas espelho de uma sociedade?
“Meu corpo, minhas regras”?
Na imagem,
mulheres
queimando
seus sutiãs
em forma
de protesto.
5. artigo
Saia curta não define
meu caráter. Uma saia curta não é convite para estupro,
um corpo bonito não é motivo para cantadas grosseiras.
Segundo dados da ONU, aproximadamente uma em cada cinco mulheres será
vítima de estupro ou tentativa de estupro no decorrer da vida. O número de assédios
sexuais está ligado à cultura machista e patriarcal que promove o pensamento da
mulher como alguém inferior. O movimento feminista tem o papel de desconstrução
do comportamento sexista, com o objetivo de uma vivência mais igualitária. Apesar
de ter raízes no século XIX, o feminismo teve seu ápice nas décadas de 1960 e 70, e
agora retorna com movimentos por todo o mundo, tendo a “Marcha das Vadias”
como um deles.
“Se ser livre é ser vadia, então eu sou vadia” – uma fala impactante, e que carre-ga
um grito por liberdade e igualdade. A declaração é uma resposta: em janeiro de
2011, na Universidade de Toronto, Canadá, o policial Michael Sanguinetti, ao falar
sobre abusos sexuais, comentou: “As mulheres deviam evitar se vestir como vadias,
para não serem vítimas”. O argumento de Sanguinetti teve repercussão mundial e
como reação surgiu a “Marcha das Vadias”.
O movimento se espalhou no mundo e por todo o Brasil. Não há líder, partido
e nem um centro organizacional. As reuniões são feitas regularmente em locais diver-sos:
a sala de uma faculdade, uma praça ou, até mesmo, um bar.São designadas co-missões
– segurança, comunicação etc. Há divisão de tarefas sem hierarquização de
poder.É um movimento aberto – abarca pessoas de todas as cores, sexualidades e
gêneros. Atualmente, luta-se pela laicidade do estado, regulamentação da prostitui-ção,
legalização do aborto, descriminalização de gênero e por mais liberdade sexual
do indivíduo, sobretudo da mulher que é moralmente julgada quando exerce sua se-xualidade
livremente.
A Marcha vive, constantemente, um combate ideológico. O termo “vadia” assus-ta
à primeira vista e muitos acabam por não compreender a verdadeira motivação ide-ológica.
O movimento tornou-se um espaço de fala, de argumentação com os ideais
machistas tão intrínsecos e reafirmados, o tempo todo,
na sociedade.Além da presença de outras cidades, há
também, na Marcha do Rio, a expressão da luta de tran-sexuais
e prostitutas por direitos iguais e respeito.
O movimento cresce, e cresce junto dele a conscientiza-ção.
A Marcha é um ícone do feminismo atual: pretende
muito mais do que só queimar sutiã em público: empe-nha-
se para construir — e conquistar — uma vivência
igualitária de direitos e condições de vida.
Thayná Lima
6. capa
Alice e as Princesas
no País das Feministas
A inegável a importância das representações
culturais na construção de identidades.
Herbet Silva
É através dos meios de comunicação que estereótipos e padrões de comporta-mento
são transmitidos continuamente, exercendo enorme influência nas pes-soas.
Ao analisar as representações do gênero feminino nos meios de comuni-cação,
é possível perceber que algumas imagens associadas à mulher são re-correntes,
como a beleza, a maternidade e a vida doméstica, o que reforça valo-res
entranhados na sociedade. Assim, podemos analisar em uma linha do
tempo de que forma a mulher era representada nas décadas de 1950, 1990 e
2010 nas animações da Disney.
•Alice (1951)
Lançado em uma época em que o movimento feminista ganhava cada vez mais
impulso e as mulheres lutavam para conquistar seu espaço, “Alice no País das
Maravilhas” traz uma protagonista que, desde sua primeira aparição, revela-se
questionadora, criativa e curiosa. Apesar de estar sozinha em um mundo onde
tudo lhe é desconhecido. Alice sempre demonstra estar disposta a refletir e ana-lisar
as situações em que se encontra e jamais hesita em expor (ou mesmo
impor) sua opinião ou em questionar, até mesmo de forma atrevida. Outro as-pecto
interessante do filme é que, ao contrário do que geralmente ocorre nas
animações da Disney protagonizadas por mulheres, não há sequer menção a
uma história de amor. Alice não tem
um par romântico, nem sequer
busca ou idealiza um romance. Di-ferente
em muitos pontos, o filme
apresenta ainda um desfecho fora
do convencional. Apesar de sua
ousadia, Alice não muda a ordem
vigente do país, não é reconhecida
como uma heroína e nem salva a
vida de algum personagem. Por
outro lado, também não é salva por
ninguém, apesar de contar com as
orientações de certos persona-
7. gens. Alice salva a si mesma. Todos os personagens do filme Alice no País das
Maravilhas são homens, apenas Alice e a Rainha de Copas são as únicas per-sonagens
mulheres retratado na trama.
•Bela Adormecida (1959)
Construída como uma personagem frágil e sem falhas no caráter, Aurora jamais
assume o controle do que acontece. Um sujeito iluminista como Stuart Hall defi-niria,
de caráter imutável. Sem apresentar traços marcantes em sua personali-dade,
as características mais valorizadas em Aurora são sua bela aparência e
linda voz, qualidades que nem mesmo são naturalmente suas, uma vez que
foram presentes concedidos por fadas. Entretanto, apesar da intensidade de
seu sentimento, ao descobrir que não pode ficar com o homem que ama na si-tuação
“Aurora descobre a verdade”, a garota jamais questiona ou tenta impor
sua vontade, limitando-se a se entregar ao choro e aceitar aquilo que lhe é de-terminado.
a mãe de Aurora jamais se mostra relevante para a trama, possuin-do
apenas uma fala ao longo de todo filme, fala esta que expõe sua inseguran-ça
e falta de iniciativa na situação “A maldição”, ao contrário de Estevão, que
age imediatamente ao ver a filha ameaçada, ordenando a captura de Malévola
e a destruição das rocas.
•Pocahontas (1995)
É possível encontrar em “Pocahontas” várias representações não só do gênero
feminino, mas também no gênero masculino. A divisão de tarefas da tribo de
Pocahontas é mostrada de forma clara: os homens guerreiam e cuidam da caça
e da pesca, enquanto as mulheres cuidam da plantação. Assim, já no início da
animação os homens se mostram ligados a deveres que sugerem força e
agressividade enquanto cabem às mulheres tarefas relativas à esfera domésti-ca.
Pedia conselhos frequentes antes de tomar fortes decisões para a Vovó
Willow. Pocahontas, por sua vez, é representada como uma mulher que luta
para defender aquilo em que acredita. Já no início do filme, a moça contesta o
pai ao descobrir que foi pedida em casamento pelo homem mais valoroso da
tribo. Apesar de ser representada como uma mulher facilmente levada pelo
sentimento, uma vez que se apaixona por John quase de imediato, a garota não
se submete ao inglês, ela defende seu povo e não aceita que o rapaz lhe impo-nha
sua opinião. Além disso, ao perceber a iminência de um combate entre os
britânicos e seu povo, Pocahontas tenta assumir o controle da situação e evitar
a batalha. O desfecho do desenho surpreende ao fugir do padrão “final feliz” da
Disney, ao mostrar que apesar da intensidade de seu amor por John, Pocahon-tas
decide ficar com sua tribo em vez de partir com o homem que ama.
capa
8. capa
•Mulan (1998)
Mulan é uma animação que aborda explicitamente a temática da desigualdade
entre gêneros, usando esse assunto como fio condutor da narrativa. A história
de Mulan se passa em uma sociedade tradicional chinesa onde homens e mu-lheres
têm seus lugares estabelecidos com clareza. A mulher deve assumir as
tarefas da casa e demonstrar sempre uma postura submissa e equilibrada.
Além das exigências da sociedade, o filme mostra também de que forma os
homens idealizam o gênero feminino. Fica claro que naquela sociedade a
mulher não tem permissão para expor sua opinião ou argumentar diante de
homens. É nesse ambiente rígido e machista que Mulan inicia sua jornada, des-tacando-
se desde o início do filme ao se revelar desconfortável dentro da pró-pria
família por não conseguir se adequar satisfatoriamente às tradições chine-sas.
Filme jamais deixa de lembrar que a determinação da garota em proteger
o próprio pai é vista como um crime naquela sociedade, o que ressalta o valor
de Mulan. A garota é representada também como uma jovem segura de suas
decisões, o que é mos-trado
claramente em
seu relacionamento
com Mushu, uma espé-cie
de guia da garota.
Mulan nunca recorre ao
pequeno dragão em
busca de conselhos e
nunca o consulta antes
de tomar suas deci-sões,
inclusive contra-riando
a vontade de
Mush em certos momentos do filme. Com relação aos personagens masculi-nos,
é interessante perceber no filme que, apesar de ocuparem um lugar supe-rior
na sociedade, também é exigido dos homens que correspondam às expec-tativas
de sua posição. Dessa forma, das mulheres são cobradas característi-cas
como obediência e equilíbrio, já os homens devem ser sempre fortes, cora-josos
e disciplinados, como retrata a situação “Treinamento de guerra”. Além
disso, o filme se mostra interessante ao expor que, assim como os homens tem
uma visão idealizada da mulher, a mulher também possui uma visão estereoti-pada
do homem. Dessa forma, é curioso perceber que as visões pré-concebi-das
dos gêneros são derrubadas ao longo da animação. Mulan é desenvolvida
como uma garota sem aptidões para as tarefas domésticas, mas corajosa, ágil
e esperta.
9. capa
•Geral das Quatro
Assim, apesar de certos estereótipos recorrentes em todos os filmes analisa-dos,
é possível notar uma evolução na representação do gênero. Apesar da
figura submissa de Aurora, o gênero feminino já ganhava espaço na década de
1950 através de Alice, um personagem que contrariou a suposição inicial de
que a década de 1950 contaria com personagens femininas mais submissas e
menos ativas. Além disso, é preciso levar em conta que, apesar da pouca parti-cipação
de Aurora, são personagens femininas, as fadas, que conduzem a nar-rativa
de “A Bela Adormecida”. Décadas depois, a mulher é representada com
mais segurança e iniciativa, em Pocahontas, ainda que facilmente movida pela
paixão. Finalmente, em Mulan, a mulher é representada como alguém que não
se adequa aos valores tradicionais e machistas da sociedade e luta para provar
seu valor.
•Valente (2012), Frozen (2013) e Malévola (2014)
Em “Malévola”, mais recente estreia da Disney, muita coisa é desconstruída: a
clássica vilã é transformada em uma personagem multidimensional, complexa
e com uma história profundamente tocante. Violentada e traída pelo homem
que amava, Malévola encontra em outra figura feminina a descoberta do amor
verdadeiro e a sua redenção. Assim como em “Frozen”, o príncipe é deixado
para o final, como uma espécie de complemento para que o desfecho seja feliz
em todos os aspectos, mas certamente há muito para ser apontado como
avanço.
Mulheres também podem ser fortes, guerreiras e capazes de enfrentar mons-tros
– tanto os fictícios quanto os simbólicos, como relacionamentos abusivos e
crises existenciais. É importante lembrar que esse tipo de mudança também é
extremamente positiva para garotos e homens. Enxergar mulheres como seres
humanos independentes e dotados de força auxilia uma formação menos ma-chista
e dominadora, que também abrirá espaço para que esses homens esca-pem
dos rígidos padrões de masculinidade.
REFERENCIAS: TCC - RODRIGUEZ, YÉSSICA N.C. ;
Portal Forúm - Arraes, Jarid.
Malévola,
Anna e Elsa
(de Frozen)
e Valente.
10. matéria
A evolução da Publicidade
A publicidade se adequa ao seu tempo, ela segue seu público, suas tendências
e cultura para atingir seu objetivo. Diante deste fato, as primeiras propagandas
publicitárias voltada para as mulheres se dirigia a elas de forma diferenciada e
muitas vezes falando de produtos domésticos, comidas, afazeres da casa que
supervalorizavam o marido, como se o produto fosse uma forma da mulher en-contrar
meios de agradar o seu parceiro. O tempo foi passando, as mulheres
conquistaram o direito ao voto, o direito a coisas que antes não lhe era dado. A
mulher se colocou no mercado como um agente social saindo das casas e indo
para às indústrias, mostrando-se a capaz. A mulher estudada começou a tomar
posse de um novo mundo e passou a se integrar no mesmo mundo que o
homem. Atualmente, a mulher já está socialmente estabelecida, a luta do femi-nismo
tomou lugar para uma luta por ser bem sucedida profissionalmente, finan-ceiramente
e amorosamente. Em consequência disso, a comunicação também
se tornou diferente do que se via no passado, a mulher não está mais subesti-mada
às decisões do marido, e agora ela desenvolve muitas tarefas que antes
eram destinadas somente ao masculino. Encontramos uma mulher nova e uma
publicidade renovada, um consumidor atuante no mercado, tanto que as mulhe-res
são atualmente as maiores consumidoras no mercado.
11. colunas
Mulher na Pós-Modernidade Isso já foi ser mulher.
Por Nathália Saraiva Por Carla Larissa
Falar sobre sexualidade sempre foi um tabu. Mas,
para as mulheres, era preferível dizer que nem
sabiam a que se tratava. Viemos de uma socieda-de
na qual mulher de respeito era sinônimo de
mulher recatada, casada, religiosa, mãe, dona de
casa e ótima esposa. Ainda não podemos dizer
que esse tabu acabou, mas existe sim uma maior
aceitação da sexualidade feminina.
No livro “Gramáticas do Erotismo” de Joel Birman,
ele comenta que o erotismo feminino é abordado
de forma cronológica, remetendo à Revolução
Francesa, onde devido a ampla prática da prosti-tuição,
a "profissão" teve de ser regulada pelo
Estado, pois "neste espaço, os homens poderiam
satisfazer suas demandas eróticas, impossibilita-das
parcialmente no campo da família". Mostrando
o sexo masculino sempre no centro de tudo.
Muito depois, com o surgimento da pílula anticon-cepcional
na década de 60, tudo mudou. A mulher
ganhou liberdade de ter uma vida sexual sem fins
de procriação ou formação de uma família. Com o
movimento hippie e o “faça amor, não faça guerra”
houve uma grande reviravolta na identidade da
mulher. O que abalou os relacionamentos e preo-cupou
os homens com a fidelidade de suas espo-sas.
A mulher passou a se perceber como dona de seu
corpo, dona da sua sexualidade e opção sexual. A
mídia incorporou essa nova mulher hipermoderna
e a mostrou como uma mulher totalmente sem
censura. Os meios de comunicação apenas pas-saram
de um machismo para outro. Em um tempo,
retrata a mulher dona de casa e em outro, a mulher
das propagandas de cerveja. E afinal, qual das
duas é a mulher? Talvez a mídia apenas aborde os
atuais ideais femininos e masculinos em relação a
mulher, mas será que a mulher retratada é real-mente
o que nós somos?
Trazendo essa ideia de que agora posso mostrar
meu corpo, posso ter vida sexual e que se eu fizer
isso, estarei lutando pela igualdade dos sexos, as
mulheres acabam se encontrando em outro
dilema: Que corpo é esse que eu vou mostrar?
“Fique nua, mas seja gostosa”. Existe uma ditadu-ra
de liberdade. Sou livre pra usar roupa curta,
mas quando o faço, sou assediada. Sou livre pra
dormir com quantos homens eu queira, mas serei
chamada de “fácil”. “Liberdade” me parece uma
palavra muito bonita, mas que sempre será usada
contra aquele que lutou por ela.
A mulher tradicional se caracteriza no papel de
uma pessoa sem personalidade própria, esse
modelo é todo voltado às dinâmicas do lar. Abdica
dos seus desejos para satisfazer o desejo dos
outros, principalmente do esposo, filhos, parentes
e vizinhos.
Tinha a imagem de um ser assexuado, no qual não
existiam vontades próprias, imaculado. Mas todos
esses aspectos não eram impostos a elas de uma
obrigatória, mas sim as próprias mulheres viam
tudo isso como deveres, e exerciam seus papeis
de donas de casa e mães prazerosamente, já que
foram criadas e instruídas a tudo isso.
Administravam seu tempo para que não houvesse
erros nas suas atividades domesticas, pois, nem
elas próprias aceitavam a falha. E por tudo isso
não sobrava tempo para cuidar de se mesma, da
sua vaidade, tinham seus corpos como um mero
instrumento de trabalho, seja ele domestico ou
sexual, nada mais que isso.
Perante os demais era vista como coitada, uma
boba e chamada ate de escrava do lar.
A respeito da sexualidade da mulher tradicional
podia-se dizer que não existia, era meramente um
ato de fecundação, ou seja, destinado apenas a
procriar. A esposa desse período ignorava seu
libido, para não se sentir suja pelo pecado, fazen-do
do ato sexual uma obrigação matrimonial, im-posta
pelos maridos e que por incapacidade de
dizer não elas concordavam, demonstrando assim
sua vulnerabilidade. Mas por fim a mulher tomou
consciência do seu estado e resolveu evoluir, dei-xando
assim de lado a vida aparente que levavam.
12. carta
O Combate ao Apego
Fortaleza, 20 de novembro de 2014
A verdade é que se considerar homem ou mulher na sociedade de hoje, é reco-nhecer
os símbolos de masculinidade e feminilidade e assim configurar nossa identida-de.
Isso implica dizer que por meio dessas referências de masculino, feminino e das re-lações
complexas entre elas é que vou me construir enquanto ser humano nesta socie-dade,
neste tempo histórico, nesta cultura.
Assim, é complicado combater símbolos, os quais, inevitavelmente, acabamos
nos apegando e referenciando, concorda?
O que acaba sendo estranho pensar no Feminismo como fato isolado, dentro de um
sistema em que fomos “educados” da mesma forma, e que ir contra a determinados
padrões sociais é complicando, quando até nós mesmos simpatizamos.
Ser feminista não é agir com está ideologia o tempo todo, até porque isso seria
impossível, tendo sido formada num esquema de pensamento machista e vivendo
esse sistema todos os dias. O feminismo é não ver como um dever usar
salto e se depilar, e que fazer uso de tais práticas não lhe fará menos feminista.
O feminismo é independente do tamanho que venha ser a feminilidade de qual-quer
mulher, está na ideia de que o feminino precisa ser tratado independente de suas
escolhas individuais, estando fora ou dentro dos padrões desse sistema.
charge
Aigon Pinho