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Módulo XMódulo XMódulo XMódulo XXXXXIIIIIIII
Gestão de custos e análise do resultado econômico da
atividade de pecuária de corte e leite
Curso de Pós-Graduação “lato sensu” em Nutrição e
Alimentação de Ruminantes
Esp. Juliano Ricardo Resende
Dezembro de 2013
2
APRESENTAÇÃO
Em todos os módulos desse curso, os temas abordados estiveram relacionados à
produção animal, a como produzir e a índices de produtividade. Nesse sentido,
concordamos com Demming (1990): “as medições de produtividade são como estatísticas
sobre acidentes, dizem tudo sobre os acidentes domésticos nas estradas e no local de
trabalho, mas não dizem como reduzir a sua freqüência”.
Por isso que a coordenação técnica desse curso dedica o último módulo ao estudo da
gestão dos custos e da análise de resultado econômico de sistemas de produção animal em
pastagens.
Em todas as faculdades e universidades da área das agrárias, é comum disciplinas
carregadas de créditos para ensinar o aluno a produzir. Ser eficiente na produção,
atualmente não é difícil. O difícil é tornar o sistema de produção lucrativo, ou do contrário
o técnico vai ficar sem emprego. Portanto, valorizem este módulo e não se prendam a ele
somente durante o final do curso. É preciso se atualizar e principalmente, praticar os
ensinamentos desse material.
3
Autores:
Adilson de Paula Almeida Aguiar
Juliano Ricardo Resende
4
É compreensível que o produtor não se sinta motivado a calcular os custos de
produção da pecuária de corte devido à série de dificuldades que ele enfrenta. Na realidade,
as dificuldades se iniciam na coleta de dados, na separação dos custos de acordo com a
metodologia a ser adotada e muitas vezes na compreensão e interpretação dos resultados
obtidos. Por conhecer tais dificultadores, elaborou-se uma planilha em Excel com o
objetivo de facilitar a estimativa dos custos de produção e resultados econômicos da
pecuária de corte, despertando a visão empresarial dos produtores com a atividade. No
contesto, será mostrado passo a passo os procedimentos de alimentação de dados e
também, vários conceitos de custo de produção para que o produtor possa ter a análise
econômica de sua atividade e, mais do que isso, saber interpretar os resultados e tomar
decisões corretas.
5
6
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................8
CAPÍTULO 1............................................................................................................................9
CUSTOS DE PRODUÇÃO E INDICADORES ECONÔMICOS .......................................9
2.1 CUSTO FIXO .................................................................................................................10
2.1.1 Depreciação de recursos.........................................................................................10
2.2 CUSTO VARIÁVEL......................................................................................................12
2.3 CUSTO OPERACIONAL ..............................................................................................13
2.4 CUSTO ALTERNATIVO OU DE OPORTUNIDADE .................................................13
2.5 CUSTO ECONÔMICO ..................................................................................................13
2.6 OUTRAS TERMINOLOGIAS.......................................................................................13
2.7 RATEIO DE CUSTOS ...................................................................................................14
2.8 INVENTÁRIO................................................................................................................14
2.8.1 Variação do inventário animal................................................................................15
2.9 RECEITA .......................................................................................................................15
2.10 LUCRO POR HECTARE.............................................................................................17
2.11 ANÁLISE ECONÔMICA E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS....................17
2.12 FLUXO DE CAIXA .....................................................................................................17
2.13 LUCRATIVIDADE......................................................................................................18
2.14 RENTABILIDADE OU RETORNO DO INVESTIMENTO.......................................18
2.15 TEMPO DE RETORNO DO INVESTIMENTO – “PAY BACK”...............................18
2.16 TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR) .....................................................................19
2.17 RELAÇÃO BENEFÍCIO/CUSTO................................................................................19
CAPÍTULO 2..........................................................................................................................19
CALCULANDO OS CUSTOS DE PRODUÇÃO ...............................................................19
2.1 APRESENTAÇÃO GERAL DAS GUIAS.....................................................................19
2.2 INVENTÁRIO LIGADO À ATIVIDADE .....................................................................20
2.3 DEPRECIAÇÃO DE RECURSOS.................................................................................21
2.4 CUSTO FIXO .................................................................................................................22
2.5 CUSTO VARIÁVEL......................................................................................................23
2.6 DESPESA ADMINISTRATIVA....................................................................................24
2.7 INVESTIMENTOS ........................................................................................................25
2.8 CUSTO OPERACIONAL ..............................................................................................26
2.9 CUSTO ALTERNATIVO OU DE OPORTUNIDADE .................................................27
2.10 CUSTO ECONÔMICO OU CUSTO TOTAL..............................................................28
2.11 VARIAÇÃO DO REBANHO.......................................................................................29
2.12 RECEITA .....................................................................................................................30
2.13 BALANÇO PATRIMONIAL.......................................................................................30
2.14 ANÁLISE DOS RESULTADOS..................................................................................31
2.15 FLUXO DE CAIXA .....................................................................................................32
3. REFERÊNCIAS .................................................................................................................34
8
INTRODUÇÃO
O setor agropecuário sempre foi considerado atrasado em relação aos demais segmentos da
economia e pouco se faz para adequar as tecnologias existentes e novas formas de gerenciamento da
propriedade rural para que se tornem competitivas. A disponibilidade de tecnologia para o setor rural existe,
mas ainda não é aplicada corretamente.
Neste contexto, o produtor rural e os técnicos são sem dúvida os agentes de transformação da
realidade sócio-econômico no campo. São eles que farão o uso das tecnologias disponíveis no processo de
gerenciamento da propriedade rural. Mas para isso, eles terão que assumir o compromisso de empreendedor,
estar ciente do seu papel perante a sociedade, conhecer a atividade na qual está trabalhando, não só no
momento de produzir, mas também na responsabilidade de se produzir com qualidade preservando o meio
ambiente a preço competitivo e atendendo todas as exigências do consumidor, principalmente do mercado
em que atua. Ser bem remunerado na atividade não é uma tarefa fácil, porém é possível. No entanto, é
necessário um bom acompanhamento não só da parte produtiva mas principalmente financeira. Planilhas de
controle financeiro são ferramentas indispensáveis para uma tomada de decisão dentro do setor de produção.
Além de mostrar o resultado econômico atual, é indicado simulações de diferentes mudanças e análise dos
resultados.
Uma das principais características do século XX foi uma redução contínua do preço dos produtos da
terra. No entanto, ao contrário do que muitos pensam, a carne vem sofrendo valorizações modestas, porém
constantes. É claro que estas valorizações oscilam e ocorrem também desvalorizações, mas na no longo prazo
a carne bovina está de fato valorizada. Na média de 2004, uma arroba de boi gordo, base São Paulo, valia
aproximadamente R$ 57,1, enquanto que, em 2008, a média foi de R$ 78,5 (ANUALPEC, 2009) uma
valorização de 37% em 4 anos, valor acima da inflação. No entanto, os custos de produção também
aumentaram significativamente. O salário mínimo e o suplemento mineral, dois itens de maior peso no custo
de produção da pecuária de corte em pasto também aumentaram e comprometeram o lucro do produtor.
Esperar a queda dos custos e a valorização do produto carne não parece ser a solução. Esse cenário exige das
atividades de exploração da terra maior competitividade. A competitividade é dependente da administração
da produção dentro da empresa. Sem conhecer os custos, o empresário não saberá se está efetivando ou não
os lucros e nem terá subsídios para tomar decisões corretas para direcionar sua empresa aos resultados
positivos ou melhores que os atuais (NOGUEIRA, 2004). A contabilidade de custos permite determinar o
lucro e planejar as tomadas de decisões (LEONE, 1998). Na verdade, se perguntasse para os produtores
quanto eles gostariam de receber pela arroba do boi para ter seu capital rentabilizado em 10 ou 12%, ele não
saberia responder. Isso porque é natural a acomodação e o respaldo do mercado de baixos preços na
justificativa de baixos lucros. No que se nota, sucessores de pecuaristas tradicionais, já com perfil
empresarial ou mesmo empresários bem sucedidos em outras atividades vem conduzindo a atividade pecuária
como uma empresa e estes saberiam dizer o quanto gostariam de receber pelo boi.
A maior parte dos fazendeiros está preocupada em acompanhar mais os índices de produtividade do
que os de rentabilidade. Isso porque, no seu dia-a-dia, está mais ligado aos aspectos da produção, deixando
de lado a parte econômica da atividade (LENZA, 2001)
Há alguns anos atrás, conhecer os custos de produção era suficiente para um bom modelo de gestão
financeira. As empresas sabiam os custos e calculavam os preços de venda, garantindo parte dos lucros que
almejavam. Hoje em dia, os preços são formados pelo consumidor e o empresário deve gerir os custos de
produção cujas características revelam um poder de concentração econômica, caracterizada em mercado
oligopolista.
Assim, diante de mercados competitivos como os atuais, frente aos desafios e pressões oriundos do
seu imprevisível comportamento, buscaremos através deste material ajudar o produtor a calcular os custos de
produção da pecuária de corte e interpretar os resultados obtidos, a fim de escolher a melhor opção das
alternativas de investimentos para o setor rural e possuir mais uma ferramenta na tomada de decisão.
9
CAPÍTULO 1
CUSTOS DE PRODUÇÃO E INDICADORES ECONÔMICOS
A definição de eficiência da pecuária começa pela conjunção de despesas e receitas, gerando lucro
ou prejuízo. Normalmente, o produtor se preocupa muito com o preço do produto, e o preço não justifica
sucesso ou fracasso de um negócio. O que interessa é o todo, custo em conjunto com o preço e renda, o que
determinará o lucro da atividade em questão (FARIA, 2005). Ter escala também é fundamental para a
sobrevivência de quem depende da atividade.
A estimativa dos custos de produção é o detalhamento de todas as despesas e receitas diretas ou
indiretas das atividades produtivas envolvidas (GOTTSCHAL et al., 2002). Este custo é um dos principais
fatores a ser analisado para a boa administração de uma empresa. Com ele, pode-se estimar a viabilidade
econômica de um negócio, em função do capital investido, compará-lo com outras atividades agropecuárias
ou até mesmo atividades que não envolvem uso da terra. Porém, se a metodologia do cálculo deste custo não
for conhecida, esta viabilidade pode ser estimada de maneira incorreta chegando a conclusões equivocadas
impedindo comparações com outros segmentos.
Por não conseguir controlar o preço do produto que vende, o produtor necessita administrar as
variáveis que estão sob o seu controle. Trata-se de uma estratégia para tornar seu produto competitivo,
atingindo menores custos de produção. O resultado econômico em um mercado caracterizado pela
concorrência depende do gerenciamento dos custos de produção e dos ganhos de escala. O aumento da
eficiência produtiva é fator decisivo para a competitividade do setor que, produzindo com menor custo,
beneficiará toda a cadeia (REIS, MEDEIROS e MONTEIRO, 2001).
10
Reis (2002) define custos de produção como sendo a soma dos valores de todos os recursos
(insumos e serviços) utilizados no processo produtivo de uma atividade agrícola, em certo período de tempo
e que podem ser classificados de curto e de longo prazo. Neste caso, o curto prazo é a safra, ou seja, o
período de análise.
Aguiar e Almeida (2002) citam que o custo total de produção de um produto
agropecuário deve representar todos os pagamentos em dinheiro (custo caixa) assim como
as despesas implícitas que não envolvem desembolso de dinheiro (custo não caixa) a
exemplo da depreciação dos bens utilizados no processo produtivo ou a remuneração do
capital investido, ou a remuneração do capitalista.
Segundo FARIA (2005), a realidade mostra que o produtor brasileiro ainda não
sabe estimar seu lucro, ficando preocupado apenas em cobrir seus custos operacionais. O
custo é só uma ferramenta usada para que decisões administrativas sejam tomadas. O que
importa é a remuneração do capital, ou seja, a relação entre o lucro e o capital investido na
atividade produtiva.
1.1 CUSTO FIXO
Custo fixo é aquele que permanece inalterável, em termos físicos de valor, independente do volume
de produção e dentro de um intervalo de tempo relevante (GOTTSHALL et al. 2002).
Reis (2002) define custo fixo como sendo aquele que não é assimilado totalmente pelo produto no
curto prazo, ou seja, considera-se apenas a parcela de sua vida útil, por meio de depreciação. Do ponto de
vista de fluxo de caixa, estes custos serão reembolsados a longo prazo, devendo, no curto prazo, somente
considerar a depreciação do período de uso.
São considerados custos fixos fatores como a depreciação dos bens e benfeitorias, impostos e taxas
de remuneração fixa, calagem, obras de irrigação entre outros fatores que compõem o custo de produção.
1.1.1 Depreciação de recursos
A depreciação é o custo necessário para substituir os bens quando esses se tornam inúteis pelo
desgaste físico. Representa a reserva em dinheiro que a empresa faz durante o período de vida útil provável
do bem (benfeitorias, animais destinados à reprodução e serviços, máquinas, implementos, equipamentos)
para sua posterior substituição (LOPES e CARVALHO, 2000).
Quando é feito algum tipo de investimento na propriedade que vai ser útil
por vários anos consecutivos, não é justo que se aproprie este gasto no mesmo
ano que ele foi gerado. Desta forma, se procura, com a depreciação, evitar que os
custos de produção sejam superestimados em anos de investimentos e
subestimados em anos normais (AGUIAR e ALMEIDA, 2002).
Segundo Lopes e Carvalho (2000); Nogueira (2004); Aguiar e Almeida (2002), o
método mais simples para se calcular a depreciação de um bem é o chamado linear, que
consiste na seguinte fórmula:
Depreciação = Vi – Vf, onde:
n
Vi – Valor inicial do bem;
Vf – Valor final ou valor de sucata do bem;
n – Vida útil estimada do bem (anos).
Nogueira (2004) recomenda que o valor residual de máquinas e veículos seja considerado em 10%
do valor de um novo.
Nas estimativas, segundo Marion (1996), principalmente nas fixadas pelo imposto de renda, em
relação às máquinas, são notados desvios significativos, pois há máquinas cuja vida útil não ultrapassa três
anos, enquanto outras passam de 10 anos. Desta forma, a análise da vida útil de um implemento, ou
benfeitoria, separadamente, é a melhor escolha. Esta deve ser prevista por pessoas experientes da área. Ele
sugere também que a depreciação de implementos agrícolas seja calculada por horas trabalhadas, ao invés de
11
anos de vida, pois não são utilizados ininterruptamente durante o ano. Desta maneira, o valor monetário do
equipamento novo sobre o número estimado de horas de trabalho, implica na sua depreciação por hora.
O número estimado de horas de trabalho na vida útil de implementos e máquinas pode ser informado
por seus fabricantes ou por pesquisadores que desenvolvem esses dados ao longo dos anos (Tabela 1).
A partir dessas estimativas, associadas ao valor novo do equipamento, a depreciação por hora se
torna uma ferramenta fácil para a determinação dos custos fixos.
Em pastagem, a depreciação, na proporção de sua perda de potencialidade tem capacidade limitada.
E, para efeito de custo, são feitas estimativas para o tempo de sua vida útil (MARION, 1996). Uma queda na
produtividade das pastagens de aproximadamente 6% ao ano é atribuída à diminuição dos nutrientes no
sistema da pastagem (MARTINS et al., 1996).
Segundo Aguiar (1996), há uma queda no potencial de produção das pastagens da ordem de 6 a 20%
ao ano, e essa queda ocorre devido aos erros de manejo, na adequação das taxas de lotação animal (sub
pastejo ou super pastejo) e à falta de adubação de manutenção.
Analisando os dados desses autores, conclui-se que, nas pastagens, ocorrendo essa queda na taxa de
produção dentro da variação de 6 a 20% ao ano, significa que, entre 5 a 16 anos, após a formação dessas
pastagens, se não manejadas corretamente, elas se encontrarão totalmente exauridas.
No entanto, temos acompanhado propriedades com pastagens de capim-colonião com mais de 60
anos de formação, sem nenhum sinal de degradação, ou seja, a pastagem é uma cultura perene e a
amortização deve ser determinada de acordo com a região, por um profissional capacitado embasado em
informações históricas das pastagens já implantadas e sobre avaliação visual da situação das mesmas.
Tabela 1 - Estimativa da vida útil em horas máquina e equipamentos.
Descrição Vida útil (horas)
Trator de rodas 12.000
Arados 2.000
Grade de discos 2.000
Grade de dentes 2.500
Grade de molas 2.500
Rolo 1.500
Semeadeira a lanço 800
Semeadeira em linha 1.200
Plantadeira de milho 1.200
Pulverizador 1.500
Enxada rotativa 1.500
Capinadeira a trator 2.500
Ceifadeira rotativa 2.000
Ancinho mecânico 1.500
Enfardadeira 2.500
Ceifa-trilha 2.000
Ensiladeira 1.200
Colhedeira de milho 1.500
Carregador de estrume 2.000
Espalhador de estrume 2.500
Moinho de forragem 1.500
Elevador portátil 1.500
Carroção 5.000
Adubadeira 1.000
FONTE: ANTUNES e ENGEL (1994)
Marion (1996) sugere que o gado reprodutor (touro e vaca), animais de trabalho e outros animais
constantes no ativo permanente sejam alvos de depreciação, por perderem sua capacidade reprodutiva com o
passar dos anos (Tabela 2). Deve-se considerar o valor residual para provável venda no frigorífico quando
não mais for útil. O cálculo é feito pelo peso do animal multiplicado ao preço pago em arrobas.
Tabela 2 - Vida média produtiva de alguns animais.
12
Animais Vida média produtiva (anos) Taxa de depreciação ao ano (%)
Bovinos – reprodutores 8 12,5
Bovinos – matrizes 10 10,0
Suínos 4 25,0
Burro de tração 12 8,3
Cavalo de sela 8 12,5
Boi de carro 5 20,0
FONTE: MARION (1996)
Resultados de pesquisas sobre vida média de animais produtivos são de grande importância para se
determinar o custo fixo dispensado aos mesmos, no decorrer de suas atividades, como uma forma de repor o
capital investido nesses bens, recompondo-os na compra de outros, quando esses estiverem com sua
capacidade de reproduzir prejudicada, e não mais forem úteis.
Por convenção, não se deprecia a terra porque ela não perde valor de
mercado e seu uso preserva a sua qualidade.
Em rebanhos estabilizados, em que se considera no cálculo do custo todo o
rebanho, a categoria vaca não será depreciada, uma vez que as novilhas substituem as
vacas e o custo da recria destas novilhas entra na composição do custo de produção.
Entretanto, ao se considerar apenas a categoria vacas, elas devem ser depreciadas
(AGUIAR e ALMEIDA, 2004).
Nogueira (2004) orienta que a reserva de capital obtida com as depreciações não precisa,
necessariamente, ser dirigida para investimento bancário, podendo ser armazenada em novos investimentos,
ou seja, na compra de bens de capital que tendem a gerar rendimentos ou riquezas para a empresa.
1.2 CUSTO VARIÁVEL
Custo variável é aquele que varia de acordo com a quantidade produzida e cuja duração é igual ou
menor que o ciclo de produção (curto prazo). Em outras palavras, esse custo incorpora totalmente ao produto
no curto prazo, não sendo aproveitados para outro ciclo produtivo (LOPES e CARVALHO, 2000; AGUIAR
e ALMEIDA, 2002).
Reis (2002) observa que são os recursos que exigem dispêndios monetários de custeio durante a
safra.
São considerados custos variáveis fatores como alimentação do rebanho, medicamentos,
inseminação artificial, fertilizantes, defensivos, combustíveis, manutenções, mão de obra, entre outros.
Desembolsos como construção de benfeitorias, aquisição de máquinas e implementos, formação de pastagens
entre outros devem ser considerados investimento.
Segundo Nogueira (2004), muitas vezes, o fluxo de caixa é confundido com
o custo variável. O primeiro é a relação entre as entradas e as saídas de capital
de uma empresa, enquanto o segundo são os recursos que se incorporam ao
produto ao longo do ciclo.
Não se atribui investimentos ao custo variável. Este primeiro entra no fluxo
de caixa e será um bem depreciável.
1.2.1 – Despesas administrativas
São os custos que envolvem desembolsos e que são direcionados a parte
administrativa do negócio como despesas com escritório, alimentação, contador,
cursos e revistas entre outros.
13
1.3 CUSTO OPERACIONAL
É o custo de todos os recursos que exigem desembolsos monetários por parte da atividade produtiva
para a sua recomposição, como gastos com insumos, mão-de-obra, manutenção, despesas gerais, incluindo as
depreciações dos recursos fixos. Pode ser definido também como sendo todos os custos fixos somados aos
custos variáveis e despesas administrativas. A finalidade dos custos operacionais na análise é a opção de
decisão em casos em que os retornos financeiros sejam inferiores aos de outras alternativas, representadas
pelos custos de oportunidade (REIS, 2002).
A atividade deverá apresentar no mínimo lucro operacional positivo.
1.4 CUSTO ALTERNATIVO OU DE OPORTUNIDADE
Este é o custo que um fator de produção (capital, mão-de-obra, entre outros) possui devido à sua não
utilização em uma outra atividade alternativa no mercado, e sim pelo seu uso na atividade avaliada. O custo
de oportunidade não representa um desembolso de dinheiro propriamente dito e sim uma medida de
eficiência que deve ser considerada como custo. Este custo envolve a taxa de juros de todo o capital investido
na atividade durante o período de tempo necessário para se concluir o ciclo de produção (GOTTSCHALL et
al., 2002).
Reis (2002) observa que pode ser definido também como sendo o retorno que o capital utilizado na
atividade agrícola estaria proporcionando se fosse aplicado em outras alternativas de investimentos, como o
mercado financeiro. Ele nos permite verificar se é viável economicamente o empreendimento em questão,
desde que seu retorno financeiro seja igual ou superior às outras opções de uso do capital (taxa de juros real
da caderneta de poupança, aluguel de terras, etc).
Estas taxas utilizadas podem ser a taxa de juros de 6% ao ano ou a taxa de juros de 12% ao ano
(GOTTSCHALL et al., 2002; NOGUEIRA, 2004).
Caso o valor da terra seja incluído no cálculo, ela deve ser de 3% ao ano para o total imobilizado.
No entanto, essas taxas fixas e arbitrárias não contemplam as melhores oportunidades de uso do capital.
Segundo Nogueira (2004), fugindo das taxas bancárias, outra opção é analisar o rendimento de outras
atividades, como agricultura anual, cana, laranja, aluguel de pastagens, etc.
Na pecuária, sugere-se o cálculo mais detalhado. Primeiro, considera-se a opção de aluguel de pasto
ou arrendamento para outra atividade. Este será o primeiro custo de oportunidade. Segundo, calcula-se sobre
o capital que está imobilizado em gado, máquinas, etc (menos terra). Em terceiro, o custo de oportunidade
sobre as despesas mensais que a atividade necessita. Como estas despesas são exigidas mensalmente, pega-se
o total do período e utiliza-se 50% da taxa básica de juros de mercado. O custo de oportunidade total será a
soma dos três casos.
1.5 CUSTO ECONÔMICO
Somando-se o custo operacional ao custo alternativo ou de oportunidade, obtém-se o custo
econômico.
1.6 OUTRAS TERMINOLOGIAS
Reis (1997) e Reis (2002) adota também a metodologia de classificação dos custos de produção em
custo total (CT), custo total médio (CTMe), custo operacional total (CopT), custo operacional fixo total
(CopFT), custo operacional variável total (CopVT), custo operacional total médio (CopTMe), custo fixo
médio (CFMe), custo variável médio (CVMe), custo operacional fixo médio (CopFMe) e o custo operacional
variável médio (CopVMe) com a divisão dos respectivos valores totais pela produção na safra considerada.
Oliveira Filho (1998) nomeia-os de custos diretos, que são aqueles
relacionados a uma única atividade produtiva, ou seja, são exclusivos e fáceis de
serem apropriados, sem a necessidade de nenhum tipo de processamento
14
intermediário ou rateio e de custos indiretos, os que necessitam de algum tipo de
rateio até poderem ser apropriados às suas respectivas atividades produtivas, por
beneficiarem mais de uma atividade.
Gomes (1999) adota custo operacional efetivo, custo operacional total e custo total
e uma combinação das classes citadas por Nogueira (2004).
1.7 RATEIO DE CUSTOS
Por mais detalhada e precisa que seja uma contabilidade, existem alguns custos, especialmente os
fixos, que precisam ser rateados entre as unidades ou setores de produção.
A necessidade de rateio é inversamente proporcional à organização da contabilidade da empresa
(NOGUEIRA, 2004).
Como critério de rateio dos custos indiretos, Reis, Medeiros e Monteiro (2001) citam que pode-se
utilizar o índice percentual entre a área explorada com a pecuária de corte e a área total da propriedade.
Para outros custos, Nogueira (2004) sugere usar a receita proporcional de cada atividade.
Exemplos:
Opção 1
Área explorada com pecuária = 1200 há (80%)
Área explorada com agricultura = 300 há (20%)
Total = 1500 ha
No rateio de um trator por exemplo (que sirva as duas atividades), atribui-se 80% do custo a
pecuária e 20% a agricultura.
Opção 2
Receita total da pecuária = R$ 240.000,00 (66%)
Área explorada com agricultura = R$ 120.000,00 (34%)
Total = R$ 360.000,00
Nesta metodologia, 66% do custo do trator será atribuído a pecuária. Este modelo parece ser mais
justo no critério de rateio.
1.8 INVENTÁRIO
Os registros dos itens patrimoniais competentes ao negócio agropecuário servirão
para fins gerenciais quando forem utilizados na determinação do valor do negócio, na sua
rentabilidade em um determinado período, e são necessários para prover o empresário de
informações que o auxiliarão na tomada de decisão (AGUIAR e ALMEIDA, 2004).
O inventário é um tipo de registro geral que leva em consideração todos os bens da propriedade,
atendendo às exigências tanto do fisco quanto do administrador. Deve ser feito anualmente e serve para
corrigir as falhas de informação da contabilidade. Na verdade, é o primeiro levantamento a ser feito em um
ano contábil. O inventário anual permite conhecer a evolução do balanço patrimonial
que pode implicar em saldo positivo, caso haja crescimento no patrimônio, ou
negativo, caso o patrimônio decresça de um ano para outro (AGUIAR e
ALMEIDA, 2004).
Além da informação patrimonial, o inventário permitirá o cálculo dos custos das
depreciações e remunerações do capital. E quando necessário, servirá também para
incorporar a receita bruta da atividade em casos em que o rebanho bovino não está
estabilizado. Ou seja, quando o rebanho apresentar variação no seu inventário, essa deve
ser considerada para efeito de cálculo como renda bruta do período. Em casos de vendas
extraordinárias do rebanho, o resultado negativo também deve ser considerado.
Aguiar e Almeida (2002); Aguiar e Almeida (2004) citam que a melhor metodologia é aplicar
preços de mercado atualizado para os itens de inventário. Caso o produtor tenha os preços de compra, pode-
15
se transformar em dólar ou aplicar os índices de inflação, geralmente o IGP-DI. Esse critério é contestado por
muitos pesquisadores e tende a originar um valor atualizado diferente dos valores correntes de mercado.
De acordo com Nogueira (2004), compõem essa escrituração, a terra, as benfeitorias, as máquinas,
os equipamentos, as culturas permanentes (consideradas aquelas que produzam por mais de um ciclo), os
animais em estoques, os animais produtivos e os de trabalho.
1.8.1 Variação do inventário animal
O pecuarista pode, facilmente, transformar seu rebanho em dinheiro através da venda, porque o
bovino tem uma elevada liquidez de mercado. Por isso, a variação do inventário animal é de extrema
importância para a análise econômica da atividade, devendo, desta forma, compor a renda bruta da atividade
quando se analisa o custo de produção de uma empresa.
Segundo Gomes (1999), para se calcular a variação do inventário animal, utiliza-se a seguinte
fórmula:
VIA = VRF – VRI – VC, onde:
VIA = Variação do inventário animal;
VRF = Valor do rebanho no final do período;
VRI = Valor do rebanho no início do período;
VC = Valor de compras de animais durante o período.
1.9 RECEITA
Segundo Gottschall et al. (2002), a renda ou receita bruta é o fruto do somatório do volume vendido
multiplicado pelo preço unitário de cada produto. Reis (2002) classifica a receita média como o preço do
produto mais o valor médio das vendas de explorações secundárias (subprodutos). Comparando-se a receita
média ou o preço do produto com os custos totais médios, obtém-se a análise econômica da atividade em
questão por unidade produtiva. Comparando-se a receita média ou o preço do produto com os custos
operacionais médios tem-se o conceito de resíduo (ou margem) de cada unidade produtiva.
1.10 – BALANÇO PATRIMONIAL
Segundo Nogueira (2007), patrimônio é um conjunto de bens, direitos e obrigações vinculados a
uma entidade.
O patrimônio é dividido em ativos e passivos. Na verdade, trata-se de conceitos simples que por
vezes, são apresentados de maneira complicada, sem explicação esclarecedora.
Os ativos compõe a parte positiva de uma empresa, os bens e os direitos e
podem ser classificados em três grupos:
a) ativos correntes ou circulantes. são os direitos e bens que podem ser
convertidos em capital rapidamente. Exemplos: dinheiro disponível, animais de
reprodução, estoque de insumos e alimentos.
b) ativos intermediários ou realizáveis ao longo prazo: são os bens que podem ser
negociados a prazos mais longos, normalmente entre dois ou mais anos, sem a
necessidade de vender a preços abaixo dos de mercado. Exemplos: máquinas e
implementos, veículos, móveis e equipamentos.
c) ativos imobilizados ou permanentes: são mais difíceis de serem negociados em prazos curtos, havendo
necessidade de maior emprego de tempo. Exemplos: terra, benfeitorias e edificações.
Os passivos constitui a parte negativa. É o conjunto de obrigações que uma
pessoa física ou jurídica tem com terceiros. É comum ouvir dizer que “tal”
empresa vale menos porque tem um elevado passivo trabalhista. Dentro desse
16
contexto de afirmação, é até possível imaginar que passivo seja algo relativo às
obrigações. A soma das obrigações para com terceiros e do capital próprio do
empresário, ou dos sócios. Os passivos são classificados em duas partes:
a) passível exigível: é toda obrigação da empresa a curto e longo prazo para
terceiros.
b) patrimônio líquido: corresponde às obrigações da empresa com o proprietário.
O patrimônio líquido é igual ao patrimônio total (ativos) menos as obrigações
totais (passivos exigíveis).
Os passivos exigíveis ou as obrigações para com terceiros são
classificados de acordo com a urgência em seus prazos para serem cumpridos.
Passivos correntes ou circulantes são as obrigações a serem cumpridas dentro de
um ano, geralmente de janeiro a dezembro. Passivos intermediários são obrigações com prazo
de 2 a 5 anos e passivos de longo prazo, cujo prazo é superior a 5 anos. Passivos de
longo prazo possuem prazos superiores a cinco anos para serem cumpridos.
O balanço patrimonial é a “fotografia financeira” da empresa em uma determinada data. A própria
denominação balanço patrimonial reflete uma igualdade numérica entre ativo e passivo, tal como
demonstrado por Nogueira (2004). Pelas definições sobre ativos e passivos apresentadas até o momento,
pode-se apresentar os conceitos em expressões matemáticas (Nogueira, 2007).
a) Passivo = passível exigível + patrimônio líquido.
b) Patrimônio líquido = ativo – passivo exigível, em que passivo exigível = ativo – patrimônio líquido.
Substituindo o passivo exigível da expressão “a” pela representação de passível exigível da
expressão “b”, chega-se a:
Passivo = (Ativo + Patrimônio Líquido) – Patrimônio Líquido. Logo:
Passivo = Ativo + Patrimônio Líquido – Patrimônio Líquido
Concluindo, passivo = ativo. Em todos os balanços patrimoniais, de qualquer empresa e em qualquer
situação, os ativos totais devem ser iguais aos passivos totais. A própria denominação de Balanço Patrimonial
reflete a igualdade numérica entre ativos e passivos.
No demonstrativo, os itens dos ativos são representados do lado esquerdo,
enquanto os passivos ficam do lado direito (Tabela 3).
Tabela 3 - Demonstrativo de balanço patrimonial de uma empresa rural
Ativos Passivos
Circulante
Dinheiro em Caixa R$ 2.000,00
Circulante R$
5.714,28
Venda de Animais R$ 3.800,00 Intermediário R$ 22.857,14
Estoque de Animais R$ 60.000,00 Longo Prazo R$ 11.428,56
Intermediários Patrimônio Líquido R$ 165.800,00
Máquinas R$ 40.000,00
Imobilizados
Terra R$ 80.000,00
Edificações R$ 20.000,00
Ativos Totais R$ 205.800,00 Passivos Totais R$ 205.800,00
FONTE: NOGUEIRA (2007)
Note que, segundo os conceitos, ativos e passivos foram separados de acordo com a
velocidade de circulação e urgência de prazos. Dinheiro em caixa e a receber constituem os
ativos circulantes ou correntes.
Os animais também são ativos correntes, dada a alta liquidez do mercado de
animais.
17
Aplicando as definições ao exemplo, pode-se deduzir que patrimônio líquido é o
valor da empresa. O balanço patrimonial é portanto, um conceito simples de valor total de
mercado dos bens e dinheiro disponível menos as obrigações e dívidas.
Com o balanço patrimonial, é possível avaliar o ganho patrimonial e não somente o
ganho em dinheiro espécie. Na pecuária, é possível ganhos patrimoniais em maior estoque
de gado e valorização de terras principalmente.
1.11 LUCRO POR ÁREA
A avaliação do lucro por área permite a comparação de uma atividade com outras
opções de uso da terra, tais como o plantio de grãos, exploração de gado de corte, leite,
arrendamento da terra, entre outros. A unidade mais usada é o hectare que corresponde a
10.000 m².
1.12 ANÁLISE ECONÔMICA E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
Depois de calcular os custos de produção, o próximo passo consiste na análise dos resultados
obtidos para identificar a viabilidade econômica e a perpetuidade da atividade em questão. Nesta avaliação,
podem-se encontrar vários resultados e cada um tem sua forma de ser analisada, conforme sugere Reis (2002)
e Reis (1997).
O lucro supernormal é uma situação em que a atividade está obtendo retorno maior que as melhores
alternativas possíveis de emprego do capital, indicando que a empresa pode expandir-se no médio ou longo
prazo. Ocorre quando a receita ou o preço for maior que o custo econômico. O lucro supernormal também é
denominado lucro econômico.
Em se tratando de lucro normal, tem-se uma situação em que a atividade está obtendo retorno igual
ao que seria obtido nas melhores alternativas possíveis de emprego de recursos. Significa estabilidade,
manutenção do nível de produção a curto e longo prazo e ocorre quando a receita média ou preço for igual ao
custo total médio. O lucro normal é o próprio custo alternativo ou de oportunidade.
No caso de o preço do produto ou a receita média da atividade não cobrir o custo total médio, pode-
se utilizar o custo operacional para análise da rentabilidade do empreendimento, utilizando-se assim o
conceito de resíduo. Receita total menos custo operacional resulta em lucro operacional.
Se a receita média ou preço for maior que o custo operacional total médio, a atividade apresentará
resíduo positivo. Ainda se trata de um bom retorno, mesmo que inferior aos possíveis de se obter em outras
melhores alternativas, indicando que a empresa está cobrindo todos os custos operacionais, fixos e variáveis,
mas recebendo menos que o valor alternativo (ou de oportunidade). Na pecuária, este é o resultado mais
encontrado.
Caso a receita média (ou preço) seja igual ao custo operacional total médio, o resíduo é nulo. Neste
caso, a atividade cobre todos os custos operacionais, mas não proporciona a remuneração do capital
empatado na atividade. Uma atividade nesta situação não pode sustentar-se por muito tempo.
Se o preço é menor que o custo operacional total médio, mas ainda superior ao custo operacional
variável médio, a atividade está cobrindo todos os custos operacionais variáveis e somente parte do
operacional fixo. Nesta situação, o empreendimento pode sustentar-se só no curto prazo, não levando em
conta a remuneração do capital e a reposição de parte dos recursos fixos. É um processo de descapitalização.
Se o preço é igual ao custo operacional variável médio, a atividade cobre as despesas de custeio com
recursos variáveis, sustentando-se por pouco tempo, tendendo a mudar de ramo se a situação assim
permanecer.
Se o preço é menor do que o custo operacional variável médio, então a atividade não cobre as
despesas de custeio com recursos variáveis, as quais são obrigatórias no curto prazo, tendo que injetar
recursos de outras fontes, o que se trata de subsidiar a atividade.
1.13 FLUXO DE CAIXA
Fluxo de caixa consiste na relação entre as entradas e saídas de recursos financeiros na empresa
(NOGUEIRA, 2004).
18
Segundo Aguiar e Almeida (2004), a demonstração de avaliação financeira
feita pelo fluxo de caixa considera os seguintes possíveis diagnósticos:
a) fluxo de caixa permite saldar despesas e investimentos. A empresa é saudável.
b) fluxo de caixa salda apenas as despesas e parte dos investimentos. A empresa está consumindo seus
recursos, tende a se endividar e parar a atividade.
c) fluxo de caixa não salda as despesas. Encerramento da atividade ou subsídio.
O diagnóstico pelo fluxo de caixa permite apenas identificar se o negócio está indo bem ou mal.
Uma empresa pode ter lucro operacional e quebrar por problemas de fluxo de caixa. É ele que determina a
capacidade de investimento da atividade.
1.14 LUCRATIVIDADE
Este item representa o quanto um produto deixa de resultado em relação ao seu
preço de venda e aos seus custos de produção; em outras palavras, é o número percentual
resultante da divisão do lucro pelo total de receitas (AGUIAR e ALMEIDA, 2004).
Sua definição matemática é a porcentagem da receita que representa o lucro (NOGUEIRA, 2004):
Lucratividade (%) = Lucro x 100.
Receita total
A polêmica em torno da lucratividade aparece quando se deve decidir qual lucro utilizar. O
operacional ou o econômico?
Segundo Nogueira (2004), mesmo que o critério de cálculo dos custos totais envolva o conceito de
custos de oportunidade, algumas correntes preferem utilizar o lucro operacional para calcular o índice
lucratividade.
O critério sugerido neste trabalho é usar o lucro operacional, visto que não é comum lucro
econômico na atividade pecuária devido grande capital imobilizado e altas taxas de juros de mercado.
1.15 RENTABILIDADE OU RETORNO DO INVESTIMENTO
Apresenta o quanto uma atividade poderá remunerar o capital que nela foi investido. Essa é uma das
formas de se avaliar o lucro obtido em uma atividade produtiva em relação ao capital investido para o seu
desenvolvimento. Está representada pelo lucro sobre o capital investido (AGUIAR e ALMEIDA, 2002):
Rentabilidade (%) = Lucro x 100.
Capital total investido
Como a rentabilidade é uma relação entre o rendimento em dinheiro e o total de capital imobilizado,
adota-se o lucro operacional. A rentabilidade será o índice que permitirá comparar o rendimento da atividade
com as melhores opções de mercado. Portanto, parece mais lógico usar o lucro operacional ao invés de usar o
lucro econômico, que já considera outras opções de investimentos no mercado (NOGUEIRA, 2004).
Entretanto, empresas que definem juros de remuneração de capital para serem realmente pagos aos
proprietários do capital devem considerar o lucro econômico da atividade. O mesmo procedimento vale no
caso de capital de terceiros (empréstimos) (AGUIAR e ALMEIDA, 2004).
1.16 TEMPO DE RETORNO DO INVESTIMENTO – “PAY BACK”
Este termo engloba o período em anos que os resultados levarão para possibilitar um novo
investimento de mesmas proporções. Como as depreciações consideram o provisionamento para o
reinvestimento, o tempo de retorno deve ser calculado incluindo seus valores. Portanto, não se usa aqui o
lucro operacional, mas sim o resultado de caixa, que é representado pela receita total menos o custo variável
(NOGUEIRA, 2004):
19
Tempo de retorno = Valor inicial do capital (valor de mercado).
Resultado caixa
1.17 TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR)
A Taxa Interna de Retorno (TIR) indica a taxa de pagamento de retorno anual do projeto, ou seja,
quanto o projeto se paga ao ano. Considerando o capital investido ou imobilizado em um projeto, se levar
cinco anos para ser amortizado, a TIR será de 20% ao ano. Se levar 10 anos será de 10% ao ano. Aceita-se o
projeto se a TIR for maior que o custo do capital (NOGUEIRA, 2004).
1.18 RELAÇÃO BENEFÍCIO/CUSTO
É a forma de avaliação mais usada pelos produtores para se optar ou não por um projeto
(NOGUEIRA, 2004):
Relação beneficio/custo = Soma dos resultados de caixa.
Investimento líquido
CAPÍTULO 2
CALCULANDO OS CUSTOS DE PRODUÇÃO
Antes de iniciar, vá para a guia Ferramentas no cabeçalho da tela, selecione “Macro” e marque a
opção Nível de segurança Baixo. Isso é necessário para ativar as macros e a planilha funcionar normalmente.
2.1 APRESENTAÇÃO GERAL DAS GUIAS
Para facilitar o entendimento, a planilha gestão e resultados da pecuária de corte está dividida em
quatorze guias (Figura 1). Ela foi desenvolvida no Microsoft Excel 2003, em computador com processador
celeron 2.4 GHz, 224 MB de memória onde todas as fórmulas estão travadas para impossibilitar
desconfigurações. No entanto, as células que deverão ser preenchidas estão destacadas em azul e são de livre
acesso.
20
Figura 1 – Guia apresentação geral da planilha.
Na seqüencia das guias, tem-se o inventário ligado à atividade, depreciações, custo fixo, custo
variável, despesas administrativas, investimentos, custo operacional, custo de oportunidade, custo total,
variação do rebanho, receita, balanço patrimonial, análises dos resultados e fluxo de caixa.
Para cada guia existe a opção “menu” que deverá ser usada para retornar à guia principal.
Existem células que são dependentes do conjunto de informações de outras células, portanto sugere-
se preenchê-las na ordem citada anteriormente. A guia análise dos resultados é totalmente dependente do
conjunto de informações de outras guias. Caso esteja faltando informações, as células poderão apresentar
erros.
Somente as células em azul poderão ser preenchidas.
2.2 INVENTÁRIO LIGADO À ATIVIDADE
Em primeiro lugar sugere-se preencher a data, proprietário, propriedade e município da propriedade
(CD6, CD7, CD8 e CD9).
A seguir, encontram-se na coluna B alguns bens patrimoniais comuns em propriedades de gado de
corte que deverão ser inventariados. Caso a propriedade tenha algum bem patrimonial que não esteja nesta
lista, estão à disposição cinco células (B27, B28, B29, B30 e B31) que poderão ser preenchidas conforme a
necessidade do produtor e da propriedade (Figura 2).
21
Figura 2 – Guia inventário ligado à atividade.
Para calcular o capital médio, é necessário informar o valor residual ou de sucata em relação ao bem
novo (E13 a E31). Nogueira (2004) recomenda que o valor residual de máquinas e veículos seja 10% do
valor de um novo, mas cabe ao produtor e ao técnico avaliar cada caso. Não é necessário informar valor
residual da terra, pois ela não é depreciável.
Com base nestas informações, a planilha calcula a porcentagem de cada bem patrimonial com
relação ao total inventariado (F13 a F31), indicando qual é o de maior valor no total imobilizado na atividade.
Em todos os casos, a terra e o gado imobilizam o maior capital da atividade.
2.3 DEPRECIAÇÃO DE RECURSOS
No caso de fazendas que trabalham com cria, o primeiro passo é informar se os custos da recria de
novilhas serão computados no custo variável (Figura 3). Se sim, a categoria vaca não será depreciada.
22
Figura 3 – Guia depreciação de recursos
Os valores das linhas 16 a 32 são resultantes dos dados informados na guia inventário ligado à
atividade já preenchida. Na seqüência, informe a taxa de juros para remuneração do capital imobilizado
(C37) ou deixe o valor zero, pois o recurso provido do custo fixo também irá render juros. Informe o tempo
de amortização de cada item inventariado (D40 a D55 Figura 4).
Figura 4 – Guia depreciação de recursos
2.4 CUSTO FIXO
Na guia custo fixo (Figura 5), todas as células estão correlacionadas com a guia depreciações.
23
Figura 5 – Guia custo fixo
Analisando os resultados, na linha 29 têm-se os valores em reais (R$) mensais e na coluna P pode-se
identificar, em valores percentuais, a participação de cada item dentro do custo fixo total.
Na linha 30 estão os custos mensais por cabeça, que será calculado quando a guia variação do
rebanho for preenchida.
2.5 CUSTO VARIÁVEL
Na coluna B têm-se alguns itens de custo comuns em propriedades de gado de corte (Figura 6). Se
necessário, estão à disposição cinco células (B37, B38, B39, B40 e B41) que poderão ser preenchidas
conforme a necessidade do produtor e da propriedade.
Nesta guia, todos os custos variáveis deverão ser informados (C13 a N41) destacados com a cor
azul.
24
Figura 6 – Guia custo variável
Analisando os resultados da guia, na linha 42 têm-se os valores em reais (R$) mensais e na linha 45
os valores percentuais. O valor do custo variável por cabeça com e sem considerar o custo com a reposição
dos animais também são informados na linha 43 e 44, que será calculado quando a guia variação do rebanho
for preenchida.
Na coluna P pode-se identificar, em valores percentuais, a participação de cada item dentro do custo
variável total.
Os valores deverão ser informados mês a mês.
2.6 DESPESA ADMINISTRATIVA
Nas células B13 a B23 têm-se alguns itens de despesas comuns em propriedades de gado de corte.
Se necessário, estão à disposição cinco células (B24, B25, B26, B27 e B28) que poderão ser preenchidas
conforme a necessidade do produtor e da propriedade (Figura 7).
Nesta guia, todas as despesas deverão ser informadas (C13 a N28) destacadas com a cor azul.
25
Figura 7 – Guia despesa administrativa
Analisando os resultados da guia, na linha 29 têm-se os valores em reais (R$) mensais e na linha 31
os valores percentuais da despesa administrativa. O valor da despesa administrativa por cabeça é apresentado
na linha 30, que será calculado quando a guia variação do rebanho for preenchida. Na coluna P pode-se
identificar, em valores percentuais, a participação de cada item dentro das despesas administrativas.
O preenchimento também deverá ser mensal.
2.7 INVESTIMENTOS
Desembolsos como construção de benfeitorias, aquisição de máquinas e outros bens, formação de
pastagens, construção de cercas, entre outros, são considerados investimentos e deverão ser lançados para
cálculo de fluxo de caixa. Na coluna B estão alguns itens de investimentos comuns em propriedades de gado
de corte (Figura 8). Caso necessário estão à disposição cinco células (B25, B26, B27, B28, B29) que deverão
ser preenchidas de acordo com a necessidade do produtor e da propriedade.
26
Figura 8 – Guia investimentos
2.8 CUSTO OPERACIONAL
O custo operacional (Figura 9) está dividido em custo operacional total (linha 16) e custo
operacional por cabeça com e sem considerar o custo com a reposição (linhas 17 e 18) que serão calculadas
quando a guia variação do rebanho for preenchida.
Figura 9 – Guia custo operacional
27
Além de conhecer o custo operacional total e por cabeça, pode-se visualizar, no gráfico, a
composição percentual do custo fixo, variável e administrativo através das diferentes cores.
2.9 CUSTO ALTERNATIVO OU DE OPORTUNIDADE
A princípio, tem-se uma tabela com o resumo de informações importantes para calcular o custo de
oportunidade ou custo alternativo (Figura 10).
Figura 10 – Guia custo alternativo ou de oportunidade
Dentre as informações, têm-se dados de base referentes ao rebanho e alguns índices econômicos que
serão automaticamente calculados com base nas informações já fornecidas.
O custo de oportunidade está dividido em custo da terra, dos animais e outros bens de capital e dos
custos variáveis (Figura 11).
No caso do cálculo do custo de oportunidade da terra, é necessário informar se a opção da região é
arrendamento para a pecuária ou agricultura.
28
Figura 11 – Guia custo alternativo ou de oportunidade
Se a propriedade em análise está próxima a usinas de álcool ou açúcar ou está em uma região
tradicional de lavoura tem-se a opção de escolher agricultura. Nesse caso, informa-se o valor de
arrendamento da terra (G38). Se na região a única opção é realmente a pecuária, marca-se pecuária e
informa-se o valor do aluguel de pastagem praticado na região (D38).
Calculando o custo de oportunidade sobre o capital imobilizado em animais e outros bens de capital,
admite-se a possibilidade de se trabalhar com o mercado financeiro. Para o cálculo, informa-se a taxa SELIC
(D47), a porcentagem de imposto bancário sobre o rendimento financeiro (D48) e a taxa de inflação (D49)
para cálculo da taxa de juros real.
No custo de oportunidade sobre o custo operacional, usou-se a mesma metodologia do custo de
oportunidade sobre os animais e outros bens, porém a taxa de juros real será dividida por dois, visto que os
desembolsos se iniciam em janeiro e terminam em dezembro, ou início e final do período avaliado.
2.10 CUSTO ECONÔMICO OU CUSTO TOTAL
O custo econômico (Figura 12) está dividido em custo total, custo por cabeça com e sem considerar
o valor de reposição que será calculado quando a guia variação do rebanho for preenchida.
29
Figura 12 – Guia custo econômico ou custo total
Além de conhecer o custo econômico total, a composição de cada custo é apresentado na forma de
um gráfico através das diferentes cores.
2.11 VARIAÇÃO DO REBANHO
Na planilha (Figura 13), têm-se as categorias matrizes (B12), novilhos > 14 arrobas (B14), novilhos
de 12 a 14 arrobas (B16), novilhos até 12 arrobas (B18), novilhas até 12 arrobas (B20), bezerros (B22),
bezerras (B24) e outros (B26).
Informe a quantidade e o peso dos animais referente a cada categoria. Além das informações sobre o
rebanho, informe a área útil mensal para a atividade (linha 31). Com base nos dados do rebanho e da área
utilizada, a planilha calcula a densidade de lotação (linha 32) e a taxa de lotação (linha 33). O estoque de
arrobas na propriedade (B30), de janeiro a dezembro também será calculado para compor a receita total no
final da avaliação da atividade.
30
Figura 13 – Guia variação do rebanho
2.12 RECEITA
Continuando, informe a receita da venda de animais de engorda, tourinhos, descartes entre outros
(Figura 14).
Figura 14 – Guia receita
Se necessário, está à disposição as células B15 a B19 que poderão ser preenchidas a critério do
produtor, informando outra receita que não as citadas anteriormente.
2.13 BALANÇO PATRIMONIAL
31
Informar todo o capital ativo circulante no início da avaliação econômica (C14 a C23, normalmente
em janeiro) e no final da avaliação econômica (D14 a D23, normalmente em dezembro). Informa-se também
o ativo realizável em longo prazo (C26 a C30 e D26 a D30) e o permanente (C33 a C37 e D33 a D37). Na
seqüência, informa-se os passivos circulante (C42 a C47 e D42 a D47) e exigível em longo prazo (C50 a C52
e D50 a D52). Com estas informações a planilha calcula o patrimônio líquido (C54 e D54) (Figura 15).
Figura 15 – Balanço patrimonial
A planilha calcula também alguns índices financeiros como liquidez geral (D62 e E62), liquidez
corrente (D63 e E63), solvência geral (D64 e E64), índice de endividamento (D65 e E65) e participação da
dívida em curto prazo (D66 e E66).
2.14 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Com todas as guias devidamente preenchidas, têm-se a análise dos resultados da atividade (Figura
16):
Nesta guia, para facilitar o entendimento da mesma, repete-se os valores anteriormente calculados,
como capital médio (C29), custo fixo (C32), custo variável (C33), despesas administrativas (C34), custo
operacional (C35), custo de oportunidade (C36), custo total ou econômico (C37) e receita (C41).
Subtraindo o custo variável e despesas administrativas da receita total, tem-se o resultado caixa
(C43).
Subtraindo o custo fixo do resultado caixa, calculou-se o lucro operacional (C44). O lucro
operacional está apresentado em lucro operacional total e lucro operacional por hectare (D47) para que possa
ser comparado com outra atividade.
Subtraindo o custo de oportunidade do lucro operacional, calculou-se o lucro econômico (C45).
Calculando alguns indicadores econômicos, a lucratividade (C49) expressa em porcentagem é a
relação do lucro operacional pela receita total.
A rentabilidade (C51) expressa em porcentagem foi obtida através da relação do lucro operacional
pelo total de capital médio inventariado.
32
Para se calcular o “Pay Back” (C53), dividiu-se o valor do inventário da atividade pelo resultado
caixa.
A relação do índice 100 pelo “Pay Back” é a taxa interna de retorno (C55) expressa em
porcentagem.
Finalizando, a relação benefício/custo (C57) é a relação do resultado caixa pelo investimento líquido
(custo variável e despesa administrativa).
Figura 16 – Análise dos resultados
2.15 FLUXO DE CAIXA
Alguns resultados necessários para cálculo do fluxo de caixa (Figura 17) foram fornecidos nas guias
anteriores. Nesta guia, forneça apenas receitas de empréstimo (B14) e pagamentos de linha de financiamento
ou outros (B17).
33
Figura 17 – Fluxo de caixa
Na linha 21, tem-se o fluxo de caixa instantâneo e mensal. Na linha 22, tem-se o fluxo de caixa
acumulativo, que representa a situação atual da empresa com relação aos recursos de caixa, seja positivo ou
negativo. No caso de negativo, o valor será apresentado na cor vermelha.
34
3. REFERÊNCIAS
AGUIAR, A. de P. A. (coord.). A situação atual das pastagens no Brasil. In: CURSO DE
MANEJO DE PASTAGEM. Uberaba, 28-30 nov., 1996. Anais... Uberaba: PIAR, 1996.
AGUIAR, A P. A.; ALMEIDA, B. H. P. J. F. Planejamento e administração da produção de leite e carne
no Brasil. Uberaba, MG: FAZU, 2002. 92 p.
AGUIAR, A P. A.; ALMEIDA, B. H. P. J. F. Gestão de sistemas de produção de carne e leite em sistemas
de pastejo. Uberaba, MG: FAZU, 2004. 64 p.
ANTUNES, L. M.; ENGEL, A. Manual de administração rural. Guaíba: Agropecuária,
1994. 129 p.
FARIA, V. P. Desempenho zootécnico–econômico: como avaliar. Balde Branco. São
Paulo, n. 486, p. 26-29. abril. 2005.
GOMES, S. T. O cálculo correto do custo de produção de leite. Balde Branco. São
Paulo, n. 413, p. 42-48. mar. 1999.
GOTTSCHALL, C. S. et al. Gestão e manejo para bovinocultura leiteira. Guaíba: Pallotti, 2002. 182 p. :
il.
LENZA, F. Pessoas distintas. Revista Agroanalysis. São Paulo, p. 32-34, dez. ,2001.
LEONE, G. S. G. Custos: um enfoque administrativo. Rio de Janeiro: FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS,
1998. 506 p.
LOPES, M. A.; CARVALHO, F. de M. Custo de produção do leite. 2000. Disponível em:
http://www.editora.ufla.br/Boletim/pdf/bol_33.pdf. Acesso em: 19 de maio de 2006.
MARION, J. C. Contabilidade rural In: Depreciação na agropecuária. São Paulo: Atlas, 1996. 238 p. p. 63-
82, cap. 4: 4. ed.
MARTINS, O. C. et al. Causas de degradação das pastagens e rentabilidade econômica das
pastagens corretamente adubadas. In: CONGRESSO BRASILEIRO DAS RAÇAS
ZEBUÍNAS, 2. Uberaba, 27-30 out. , 1996. Anais... Uberaba: ABCZ, 1996.
NOGUEIRA, M. P. Gestão de custos e avaliação de resultados: agricultura e pecuária. Bebedouro: Scot
Consultoria, 2004. 219 p.
NOGUEIRA, M. P. Gestão de custos e avaliação de resultados: agricultura e pecuária. Segunda edição -
Bebedouro: Scot Consultoria, 2007. 244 p.
OLIVEIRA FILHO, L. G. Custos de produção na pecuária de corte: uma abordagem
gerencial. In: ENCONTRO TERRA NOVA DE PECUÁRIA. São José do Rio
Preto, 1998. Anais ... São José do Rio Preto: TERRA NOVA, 1998.
REIS, R. P. Fundamentos de economia aplicada. Lavras: UFLA/FAEPE, 2002. 84 p.
REIS, R. P. Introdução à teoria econômica. Lavras: UFLA/FAEPE, 1997. 184 p.
REIS, R. P.; MEDEIROS, A. L.; MONTEIRO, L. A. Custos de produção da atividade
leiteira na região sul de Minas Gerais. Lavras: DAE/PROEX/UFLA, 2001. 23 p.
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Apostila mdulo xxii juliano

  • 1. Módulo XMódulo XMódulo XMódulo XXXXXIIIIIIII Gestão de custos e análise do resultado econômico da atividade de pecuária de corte e leite Curso de Pós-Graduação “lato sensu” em Nutrição e Alimentação de Ruminantes Esp. Juliano Ricardo Resende Dezembro de 2013
  • 2. 2 APRESENTAÇÃO Em todos os módulos desse curso, os temas abordados estiveram relacionados à produção animal, a como produzir e a índices de produtividade. Nesse sentido, concordamos com Demming (1990): “as medições de produtividade são como estatísticas sobre acidentes, dizem tudo sobre os acidentes domésticos nas estradas e no local de trabalho, mas não dizem como reduzir a sua freqüência”. Por isso que a coordenação técnica desse curso dedica o último módulo ao estudo da gestão dos custos e da análise de resultado econômico de sistemas de produção animal em pastagens. Em todas as faculdades e universidades da área das agrárias, é comum disciplinas carregadas de créditos para ensinar o aluno a produzir. Ser eficiente na produção, atualmente não é difícil. O difícil é tornar o sistema de produção lucrativo, ou do contrário o técnico vai ficar sem emprego. Portanto, valorizem este módulo e não se prendam a ele somente durante o final do curso. É preciso se atualizar e principalmente, praticar os ensinamentos desse material.
  • 3. 3 Autores: Adilson de Paula Almeida Aguiar Juliano Ricardo Resende
  • 4. 4 É compreensível que o produtor não se sinta motivado a calcular os custos de produção da pecuária de corte devido à série de dificuldades que ele enfrenta. Na realidade, as dificuldades se iniciam na coleta de dados, na separação dos custos de acordo com a metodologia a ser adotada e muitas vezes na compreensão e interpretação dos resultados obtidos. Por conhecer tais dificultadores, elaborou-se uma planilha em Excel com o objetivo de facilitar a estimativa dos custos de produção e resultados econômicos da pecuária de corte, despertando a visão empresarial dos produtores com a atividade. No contesto, será mostrado passo a passo os procedimentos de alimentação de dados e também, vários conceitos de custo de produção para que o produtor possa ter a análise econômica de sua atividade e, mais do que isso, saber interpretar os resultados e tomar decisões corretas.
  • 5. 5
  • 6. 6
  • 7. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ........................................................................................................................8 CAPÍTULO 1............................................................................................................................9 CUSTOS DE PRODUÇÃO E INDICADORES ECONÔMICOS .......................................9 2.1 CUSTO FIXO .................................................................................................................10 2.1.1 Depreciação de recursos.........................................................................................10 2.2 CUSTO VARIÁVEL......................................................................................................12 2.3 CUSTO OPERACIONAL ..............................................................................................13 2.4 CUSTO ALTERNATIVO OU DE OPORTUNIDADE .................................................13 2.5 CUSTO ECONÔMICO ..................................................................................................13 2.6 OUTRAS TERMINOLOGIAS.......................................................................................13 2.7 RATEIO DE CUSTOS ...................................................................................................14 2.8 INVENTÁRIO................................................................................................................14 2.8.1 Variação do inventário animal................................................................................15 2.9 RECEITA .......................................................................................................................15 2.10 LUCRO POR HECTARE.............................................................................................17 2.11 ANÁLISE ECONÔMICA E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS....................17 2.12 FLUXO DE CAIXA .....................................................................................................17 2.13 LUCRATIVIDADE......................................................................................................18 2.14 RENTABILIDADE OU RETORNO DO INVESTIMENTO.......................................18 2.15 TEMPO DE RETORNO DO INVESTIMENTO – “PAY BACK”...............................18 2.16 TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR) .....................................................................19 2.17 RELAÇÃO BENEFÍCIO/CUSTO................................................................................19 CAPÍTULO 2..........................................................................................................................19 CALCULANDO OS CUSTOS DE PRODUÇÃO ...............................................................19 2.1 APRESENTAÇÃO GERAL DAS GUIAS.....................................................................19 2.2 INVENTÁRIO LIGADO À ATIVIDADE .....................................................................20 2.3 DEPRECIAÇÃO DE RECURSOS.................................................................................21 2.4 CUSTO FIXO .................................................................................................................22 2.5 CUSTO VARIÁVEL......................................................................................................23 2.6 DESPESA ADMINISTRATIVA....................................................................................24 2.7 INVESTIMENTOS ........................................................................................................25 2.8 CUSTO OPERACIONAL ..............................................................................................26 2.9 CUSTO ALTERNATIVO OU DE OPORTUNIDADE .................................................27 2.10 CUSTO ECONÔMICO OU CUSTO TOTAL..............................................................28 2.11 VARIAÇÃO DO REBANHO.......................................................................................29 2.12 RECEITA .....................................................................................................................30 2.13 BALANÇO PATRIMONIAL.......................................................................................30 2.14 ANÁLISE DOS RESULTADOS..................................................................................31 2.15 FLUXO DE CAIXA .....................................................................................................32 3. REFERÊNCIAS .................................................................................................................34
  • 8. 8 INTRODUÇÃO O setor agropecuário sempre foi considerado atrasado em relação aos demais segmentos da economia e pouco se faz para adequar as tecnologias existentes e novas formas de gerenciamento da propriedade rural para que se tornem competitivas. A disponibilidade de tecnologia para o setor rural existe, mas ainda não é aplicada corretamente. Neste contexto, o produtor rural e os técnicos são sem dúvida os agentes de transformação da realidade sócio-econômico no campo. São eles que farão o uso das tecnologias disponíveis no processo de gerenciamento da propriedade rural. Mas para isso, eles terão que assumir o compromisso de empreendedor, estar ciente do seu papel perante a sociedade, conhecer a atividade na qual está trabalhando, não só no momento de produzir, mas também na responsabilidade de se produzir com qualidade preservando o meio ambiente a preço competitivo e atendendo todas as exigências do consumidor, principalmente do mercado em que atua. Ser bem remunerado na atividade não é uma tarefa fácil, porém é possível. No entanto, é necessário um bom acompanhamento não só da parte produtiva mas principalmente financeira. Planilhas de controle financeiro são ferramentas indispensáveis para uma tomada de decisão dentro do setor de produção. Além de mostrar o resultado econômico atual, é indicado simulações de diferentes mudanças e análise dos resultados. Uma das principais características do século XX foi uma redução contínua do preço dos produtos da terra. No entanto, ao contrário do que muitos pensam, a carne vem sofrendo valorizações modestas, porém constantes. É claro que estas valorizações oscilam e ocorrem também desvalorizações, mas na no longo prazo a carne bovina está de fato valorizada. Na média de 2004, uma arroba de boi gordo, base São Paulo, valia aproximadamente R$ 57,1, enquanto que, em 2008, a média foi de R$ 78,5 (ANUALPEC, 2009) uma valorização de 37% em 4 anos, valor acima da inflação. No entanto, os custos de produção também aumentaram significativamente. O salário mínimo e o suplemento mineral, dois itens de maior peso no custo de produção da pecuária de corte em pasto também aumentaram e comprometeram o lucro do produtor. Esperar a queda dos custos e a valorização do produto carne não parece ser a solução. Esse cenário exige das atividades de exploração da terra maior competitividade. A competitividade é dependente da administração da produção dentro da empresa. Sem conhecer os custos, o empresário não saberá se está efetivando ou não os lucros e nem terá subsídios para tomar decisões corretas para direcionar sua empresa aos resultados positivos ou melhores que os atuais (NOGUEIRA, 2004). A contabilidade de custos permite determinar o lucro e planejar as tomadas de decisões (LEONE, 1998). Na verdade, se perguntasse para os produtores quanto eles gostariam de receber pela arroba do boi para ter seu capital rentabilizado em 10 ou 12%, ele não saberia responder. Isso porque é natural a acomodação e o respaldo do mercado de baixos preços na justificativa de baixos lucros. No que se nota, sucessores de pecuaristas tradicionais, já com perfil empresarial ou mesmo empresários bem sucedidos em outras atividades vem conduzindo a atividade pecuária como uma empresa e estes saberiam dizer o quanto gostariam de receber pelo boi. A maior parte dos fazendeiros está preocupada em acompanhar mais os índices de produtividade do que os de rentabilidade. Isso porque, no seu dia-a-dia, está mais ligado aos aspectos da produção, deixando de lado a parte econômica da atividade (LENZA, 2001) Há alguns anos atrás, conhecer os custos de produção era suficiente para um bom modelo de gestão financeira. As empresas sabiam os custos e calculavam os preços de venda, garantindo parte dos lucros que almejavam. Hoje em dia, os preços são formados pelo consumidor e o empresário deve gerir os custos de produção cujas características revelam um poder de concentração econômica, caracterizada em mercado oligopolista. Assim, diante de mercados competitivos como os atuais, frente aos desafios e pressões oriundos do seu imprevisível comportamento, buscaremos através deste material ajudar o produtor a calcular os custos de produção da pecuária de corte e interpretar os resultados obtidos, a fim de escolher a melhor opção das alternativas de investimentos para o setor rural e possuir mais uma ferramenta na tomada de decisão.
  • 9. 9 CAPÍTULO 1 CUSTOS DE PRODUÇÃO E INDICADORES ECONÔMICOS A definição de eficiência da pecuária começa pela conjunção de despesas e receitas, gerando lucro ou prejuízo. Normalmente, o produtor se preocupa muito com o preço do produto, e o preço não justifica sucesso ou fracasso de um negócio. O que interessa é o todo, custo em conjunto com o preço e renda, o que determinará o lucro da atividade em questão (FARIA, 2005). Ter escala também é fundamental para a sobrevivência de quem depende da atividade. A estimativa dos custos de produção é o detalhamento de todas as despesas e receitas diretas ou indiretas das atividades produtivas envolvidas (GOTTSCHAL et al., 2002). Este custo é um dos principais fatores a ser analisado para a boa administração de uma empresa. Com ele, pode-se estimar a viabilidade econômica de um negócio, em função do capital investido, compará-lo com outras atividades agropecuárias ou até mesmo atividades que não envolvem uso da terra. Porém, se a metodologia do cálculo deste custo não for conhecida, esta viabilidade pode ser estimada de maneira incorreta chegando a conclusões equivocadas impedindo comparações com outros segmentos. Por não conseguir controlar o preço do produto que vende, o produtor necessita administrar as variáveis que estão sob o seu controle. Trata-se de uma estratégia para tornar seu produto competitivo, atingindo menores custos de produção. O resultado econômico em um mercado caracterizado pela concorrência depende do gerenciamento dos custos de produção e dos ganhos de escala. O aumento da eficiência produtiva é fator decisivo para a competitividade do setor que, produzindo com menor custo, beneficiará toda a cadeia (REIS, MEDEIROS e MONTEIRO, 2001).
  • 10. 10 Reis (2002) define custos de produção como sendo a soma dos valores de todos os recursos (insumos e serviços) utilizados no processo produtivo de uma atividade agrícola, em certo período de tempo e que podem ser classificados de curto e de longo prazo. Neste caso, o curto prazo é a safra, ou seja, o período de análise. Aguiar e Almeida (2002) citam que o custo total de produção de um produto agropecuário deve representar todos os pagamentos em dinheiro (custo caixa) assim como as despesas implícitas que não envolvem desembolso de dinheiro (custo não caixa) a exemplo da depreciação dos bens utilizados no processo produtivo ou a remuneração do capital investido, ou a remuneração do capitalista. Segundo FARIA (2005), a realidade mostra que o produtor brasileiro ainda não sabe estimar seu lucro, ficando preocupado apenas em cobrir seus custos operacionais. O custo é só uma ferramenta usada para que decisões administrativas sejam tomadas. O que importa é a remuneração do capital, ou seja, a relação entre o lucro e o capital investido na atividade produtiva. 1.1 CUSTO FIXO Custo fixo é aquele que permanece inalterável, em termos físicos de valor, independente do volume de produção e dentro de um intervalo de tempo relevante (GOTTSHALL et al. 2002). Reis (2002) define custo fixo como sendo aquele que não é assimilado totalmente pelo produto no curto prazo, ou seja, considera-se apenas a parcela de sua vida útil, por meio de depreciação. Do ponto de vista de fluxo de caixa, estes custos serão reembolsados a longo prazo, devendo, no curto prazo, somente considerar a depreciação do período de uso. São considerados custos fixos fatores como a depreciação dos bens e benfeitorias, impostos e taxas de remuneração fixa, calagem, obras de irrigação entre outros fatores que compõem o custo de produção. 1.1.1 Depreciação de recursos A depreciação é o custo necessário para substituir os bens quando esses se tornam inúteis pelo desgaste físico. Representa a reserva em dinheiro que a empresa faz durante o período de vida útil provável do bem (benfeitorias, animais destinados à reprodução e serviços, máquinas, implementos, equipamentos) para sua posterior substituição (LOPES e CARVALHO, 2000). Quando é feito algum tipo de investimento na propriedade que vai ser útil por vários anos consecutivos, não é justo que se aproprie este gasto no mesmo ano que ele foi gerado. Desta forma, se procura, com a depreciação, evitar que os custos de produção sejam superestimados em anos de investimentos e subestimados em anos normais (AGUIAR e ALMEIDA, 2002). Segundo Lopes e Carvalho (2000); Nogueira (2004); Aguiar e Almeida (2002), o método mais simples para se calcular a depreciação de um bem é o chamado linear, que consiste na seguinte fórmula: Depreciação = Vi – Vf, onde: n Vi – Valor inicial do bem; Vf – Valor final ou valor de sucata do bem; n – Vida útil estimada do bem (anos). Nogueira (2004) recomenda que o valor residual de máquinas e veículos seja considerado em 10% do valor de um novo. Nas estimativas, segundo Marion (1996), principalmente nas fixadas pelo imposto de renda, em relação às máquinas, são notados desvios significativos, pois há máquinas cuja vida útil não ultrapassa três anos, enquanto outras passam de 10 anos. Desta forma, a análise da vida útil de um implemento, ou benfeitoria, separadamente, é a melhor escolha. Esta deve ser prevista por pessoas experientes da área. Ele sugere também que a depreciação de implementos agrícolas seja calculada por horas trabalhadas, ao invés de
  • 11. 11 anos de vida, pois não são utilizados ininterruptamente durante o ano. Desta maneira, o valor monetário do equipamento novo sobre o número estimado de horas de trabalho, implica na sua depreciação por hora. O número estimado de horas de trabalho na vida útil de implementos e máquinas pode ser informado por seus fabricantes ou por pesquisadores que desenvolvem esses dados ao longo dos anos (Tabela 1). A partir dessas estimativas, associadas ao valor novo do equipamento, a depreciação por hora se torna uma ferramenta fácil para a determinação dos custos fixos. Em pastagem, a depreciação, na proporção de sua perda de potencialidade tem capacidade limitada. E, para efeito de custo, são feitas estimativas para o tempo de sua vida útil (MARION, 1996). Uma queda na produtividade das pastagens de aproximadamente 6% ao ano é atribuída à diminuição dos nutrientes no sistema da pastagem (MARTINS et al., 1996). Segundo Aguiar (1996), há uma queda no potencial de produção das pastagens da ordem de 6 a 20% ao ano, e essa queda ocorre devido aos erros de manejo, na adequação das taxas de lotação animal (sub pastejo ou super pastejo) e à falta de adubação de manutenção. Analisando os dados desses autores, conclui-se que, nas pastagens, ocorrendo essa queda na taxa de produção dentro da variação de 6 a 20% ao ano, significa que, entre 5 a 16 anos, após a formação dessas pastagens, se não manejadas corretamente, elas se encontrarão totalmente exauridas. No entanto, temos acompanhado propriedades com pastagens de capim-colonião com mais de 60 anos de formação, sem nenhum sinal de degradação, ou seja, a pastagem é uma cultura perene e a amortização deve ser determinada de acordo com a região, por um profissional capacitado embasado em informações históricas das pastagens já implantadas e sobre avaliação visual da situação das mesmas. Tabela 1 - Estimativa da vida útil em horas máquina e equipamentos. Descrição Vida útil (horas) Trator de rodas 12.000 Arados 2.000 Grade de discos 2.000 Grade de dentes 2.500 Grade de molas 2.500 Rolo 1.500 Semeadeira a lanço 800 Semeadeira em linha 1.200 Plantadeira de milho 1.200 Pulverizador 1.500 Enxada rotativa 1.500 Capinadeira a trator 2.500 Ceifadeira rotativa 2.000 Ancinho mecânico 1.500 Enfardadeira 2.500 Ceifa-trilha 2.000 Ensiladeira 1.200 Colhedeira de milho 1.500 Carregador de estrume 2.000 Espalhador de estrume 2.500 Moinho de forragem 1.500 Elevador portátil 1.500 Carroção 5.000 Adubadeira 1.000 FONTE: ANTUNES e ENGEL (1994) Marion (1996) sugere que o gado reprodutor (touro e vaca), animais de trabalho e outros animais constantes no ativo permanente sejam alvos de depreciação, por perderem sua capacidade reprodutiva com o passar dos anos (Tabela 2). Deve-se considerar o valor residual para provável venda no frigorífico quando não mais for útil. O cálculo é feito pelo peso do animal multiplicado ao preço pago em arrobas. Tabela 2 - Vida média produtiva de alguns animais.
  • 12. 12 Animais Vida média produtiva (anos) Taxa de depreciação ao ano (%) Bovinos – reprodutores 8 12,5 Bovinos – matrizes 10 10,0 Suínos 4 25,0 Burro de tração 12 8,3 Cavalo de sela 8 12,5 Boi de carro 5 20,0 FONTE: MARION (1996) Resultados de pesquisas sobre vida média de animais produtivos são de grande importância para se determinar o custo fixo dispensado aos mesmos, no decorrer de suas atividades, como uma forma de repor o capital investido nesses bens, recompondo-os na compra de outros, quando esses estiverem com sua capacidade de reproduzir prejudicada, e não mais forem úteis. Por convenção, não se deprecia a terra porque ela não perde valor de mercado e seu uso preserva a sua qualidade. Em rebanhos estabilizados, em que se considera no cálculo do custo todo o rebanho, a categoria vaca não será depreciada, uma vez que as novilhas substituem as vacas e o custo da recria destas novilhas entra na composição do custo de produção. Entretanto, ao se considerar apenas a categoria vacas, elas devem ser depreciadas (AGUIAR e ALMEIDA, 2004). Nogueira (2004) orienta que a reserva de capital obtida com as depreciações não precisa, necessariamente, ser dirigida para investimento bancário, podendo ser armazenada em novos investimentos, ou seja, na compra de bens de capital que tendem a gerar rendimentos ou riquezas para a empresa. 1.2 CUSTO VARIÁVEL Custo variável é aquele que varia de acordo com a quantidade produzida e cuja duração é igual ou menor que o ciclo de produção (curto prazo). Em outras palavras, esse custo incorpora totalmente ao produto no curto prazo, não sendo aproveitados para outro ciclo produtivo (LOPES e CARVALHO, 2000; AGUIAR e ALMEIDA, 2002). Reis (2002) observa que são os recursos que exigem dispêndios monetários de custeio durante a safra. São considerados custos variáveis fatores como alimentação do rebanho, medicamentos, inseminação artificial, fertilizantes, defensivos, combustíveis, manutenções, mão de obra, entre outros. Desembolsos como construção de benfeitorias, aquisição de máquinas e implementos, formação de pastagens entre outros devem ser considerados investimento. Segundo Nogueira (2004), muitas vezes, o fluxo de caixa é confundido com o custo variável. O primeiro é a relação entre as entradas e as saídas de capital de uma empresa, enquanto o segundo são os recursos que se incorporam ao produto ao longo do ciclo. Não se atribui investimentos ao custo variável. Este primeiro entra no fluxo de caixa e será um bem depreciável. 1.2.1 – Despesas administrativas São os custos que envolvem desembolsos e que são direcionados a parte administrativa do negócio como despesas com escritório, alimentação, contador, cursos e revistas entre outros.
  • 13. 13 1.3 CUSTO OPERACIONAL É o custo de todos os recursos que exigem desembolsos monetários por parte da atividade produtiva para a sua recomposição, como gastos com insumos, mão-de-obra, manutenção, despesas gerais, incluindo as depreciações dos recursos fixos. Pode ser definido também como sendo todos os custos fixos somados aos custos variáveis e despesas administrativas. A finalidade dos custos operacionais na análise é a opção de decisão em casos em que os retornos financeiros sejam inferiores aos de outras alternativas, representadas pelos custos de oportunidade (REIS, 2002). A atividade deverá apresentar no mínimo lucro operacional positivo. 1.4 CUSTO ALTERNATIVO OU DE OPORTUNIDADE Este é o custo que um fator de produção (capital, mão-de-obra, entre outros) possui devido à sua não utilização em uma outra atividade alternativa no mercado, e sim pelo seu uso na atividade avaliada. O custo de oportunidade não representa um desembolso de dinheiro propriamente dito e sim uma medida de eficiência que deve ser considerada como custo. Este custo envolve a taxa de juros de todo o capital investido na atividade durante o período de tempo necessário para se concluir o ciclo de produção (GOTTSCHALL et al., 2002). Reis (2002) observa que pode ser definido também como sendo o retorno que o capital utilizado na atividade agrícola estaria proporcionando se fosse aplicado em outras alternativas de investimentos, como o mercado financeiro. Ele nos permite verificar se é viável economicamente o empreendimento em questão, desde que seu retorno financeiro seja igual ou superior às outras opções de uso do capital (taxa de juros real da caderneta de poupança, aluguel de terras, etc). Estas taxas utilizadas podem ser a taxa de juros de 6% ao ano ou a taxa de juros de 12% ao ano (GOTTSCHALL et al., 2002; NOGUEIRA, 2004). Caso o valor da terra seja incluído no cálculo, ela deve ser de 3% ao ano para o total imobilizado. No entanto, essas taxas fixas e arbitrárias não contemplam as melhores oportunidades de uso do capital. Segundo Nogueira (2004), fugindo das taxas bancárias, outra opção é analisar o rendimento de outras atividades, como agricultura anual, cana, laranja, aluguel de pastagens, etc. Na pecuária, sugere-se o cálculo mais detalhado. Primeiro, considera-se a opção de aluguel de pasto ou arrendamento para outra atividade. Este será o primeiro custo de oportunidade. Segundo, calcula-se sobre o capital que está imobilizado em gado, máquinas, etc (menos terra). Em terceiro, o custo de oportunidade sobre as despesas mensais que a atividade necessita. Como estas despesas são exigidas mensalmente, pega-se o total do período e utiliza-se 50% da taxa básica de juros de mercado. O custo de oportunidade total será a soma dos três casos. 1.5 CUSTO ECONÔMICO Somando-se o custo operacional ao custo alternativo ou de oportunidade, obtém-se o custo econômico. 1.6 OUTRAS TERMINOLOGIAS Reis (1997) e Reis (2002) adota também a metodologia de classificação dos custos de produção em custo total (CT), custo total médio (CTMe), custo operacional total (CopT), custo operacional fixo total (CopFT), custo operacional variável total (CopVT), custo operacional total médio (CopTMe), custo fixo médio (CFMe), custo variável médio (CVMe), custo operacional fixo médio (CopFMe) e o custo operacional variável médio (CopVMe) com a divisão dos respectivos valores totais pela produção na safra considerada. Oliveira Filho (1998) nomeia-os de custos diretos, que são aqueles relacionados a uma única atividade produtiva, ou seja, são exclusivos e fáceis de serem apropriados, sem a necessidade de nenhum tipo de processamento
  • 14. 14 intermediário ou rateio e de custos indiretos, os que necessitam de algum tipo de rateio até poderem ser apropriados às suas respectivas atividades produtivas, por beneficiarem mais de uma atividade. Gomes (1999) adota custo operacional efetivo, custo operacional total e custo total e uma combinação das classes citadas por Nogueira (2004). 1.7 RATEIO DE CUSTOS Por mais detalhada e precisa que seja uma contabilidade, existem alguns custos, especialmente os fixos, que precisam ser rateados entre as unidades ou setores de produção. A necessidade de rateio é inversamente proporcional à organização da contabilidade da empresa (NOGUEIRA, 2004). Como critério de rateio dos custos indiretos, Reis, Medeiros e Monteiro (2001) citam que pode-se utilizar o índice percentual entre a área explorada com a pecuária de corte e a área total da propriedade. Para outros custos, Nogueira (2004) sugere usar a receita proporcional de cada atividade. Exemplos: Opção 1 Área explorada com pecuária = 1200 há (80%) Área explorada com agricultura = 300 há (20%) Total = 1500 ha No rateio de um trator por exemplo (que sirva as duas atividades), atribui-se 80% do custo a pecuária e 20% a agricultura. Opção 2 Receita total da pecuária = R$ 240.000,00 (66%) Área explorada com agricultura = R$ 120.000,00 (34%) Total = R$ 360.000,00 Nesta metodologia, 66% do custo do trator será atribuído a pecuária. Este modelo parece ser mais justo no critério de rateio. 1.8 INVENTÁRIO Os registros dos itens patrimoniais competentes ao negócio agropecuário servirão para fins gerenciais quando forem utilizados na determinação do valor do negócio, na sua rentabilidade em um determinado período, e são necessários para prover o empresário de informações que o auxiliarão na tomada de decisão (AGUIAR e ALMEIDA, 2004). O inventário é um tipo de registro geral que leva em consideração todos os bens da propriedade, atendendo às exigências tanto do fisco quanto do administrador. Deve ser feito anualmente e serve para corrigir as falhas de informação da contabilidade. Na verdade, é o primeiro levantamento a ser feito em um ano contábil. O inventário anual permite conhecer a evolução do balanço patrimonial que pode implicar em saldo positivo, caso haja crescimento no patrimônio, ou negativo, caso o patrimônio decresça de um ano para outro (AGUIAR e ALMEIDA, 2004). Além da informação patrimonial, o inventário permitirá o cálculo dos custos das depreciações e remunerações do capital. E quando necessário, servirá também para incorporar a receita bruta da atividade em casos em que o rebanho bovino não está estabilizado. Ou seja, quando o rebanho apresentar variação no seu inventário, essa deve ser considerada para efeito de cálculo como renda bruta do período. Em casos de vendas extraordinárias do rebanho, o resultado negativo também deve ser considerado. Aguiar e Almeida (2002); Aguiar e Almeida (2004) citam que a melhor metodologia é aplicar preços de mercado atualizado para os itens de inventário. Caso o produtor tenha os preços de compra, pode-
  • 15. 15 se transformar em dólar ou aplicar os índices de inflação, geralmente o IGP-DI. Esse critério é contestado por muitos pesquisadores e tende a originar um valor atualizado diferente dos valores correntes de mercado. De acordo com Nogueira (2004), compõem essa escrituração, a terra, as benfeitorias, as máquinas, os equipamentos, as culturas permanentes (consideradas aquelas que produzam por mais de um ciclo), os animais em estoques, os animais produtivos e os de trabalho. 1.8.1 Variação do inventário animal O pecuarista pode, facilmente, transformar seu rebanho em dinheiro através da venda, porque o bovino tem uma elevada liquidez de mercado. Por isso, a variação do inventário animal é de extrema importância para a análise econômica da atividade, devendo, desta forma, compor a renda bruta da atividade quando se analisa o custo de produção de uma empresa. Segundo Gomes (1999), para se calcular a variação do inventário animal, utiliza-se a seguinte fórmula: VIA = VRF – VRI – VC, onde: VIA = Variação do inventário animal; VRF = Valor do rebanho no final do período; VRI = Valor do rebanho no início do período; VC = Valor de compras de animais durante o período. 1.9 RECEITA Segundo Gottschall et al. (2002), a renda ou receita bruta é o fruto do somatório do volume vendido multiplicado pelo preço unitário de cada produto. Reis (2002) classifica a receita média como o preço do produto mais o valor médio das vendas de explorações secundárias (subprodutos). Comparando-se a receita média ou o preço do produto com os custos totais médios, obtém-se a análise econômica da atividade em questão por unidade produtiva. Comparando-se a receita média ou o preço do produto com os custos operacionais médios tem-se o conceito de resíduo (ou margem) de cada unidade produtiva. 1.10 – BALANÇO PATRIMONIAL Segundo Nogueira (2007), patrimônio é um conjunto de bens, direitos e obrigações vinculados a uma entidade. O patrimônio é dividido em ativos e passivos. Na verdade, trata-se de conceitos simples que por vezes, são apresentados de maneira complicada, sem explicação esclarecedora. Os ativos compõe a parte positiva de uma empresa, os bens e os direitos e podem ser classificados em três grupos: a) ativos correntes ou circulantes. são os direitos e bens que podem ser convertidos em capital rapidamente. Exemplos: dinheiro disponível, animais de reprodução, estoque de insumos e alimentos. b) ativos intermediários ou realizáveis ao longo prazo: são os bens que podem ser negociados a prazos mais longos, normalmente entre dois ou mais anos, sem a necessidade de vender a preços abaixo dos de mercado. Exemplos: máquinas e implementos, veículos, móveis e equipamentos. c) ativos imobilizados ou permanentes: são mais difíceis de serem negociados em prazos curtos, havendo necessidade de maior emprego de tempo. Exemplos: terra, benfeitorias e edificações. Os passivos constitui a parte negativa. É o conjunto de obrigações que uma pessoa física ou jurídica tem com terceiros. É comum ouvir dizer que “tal” empresa vale menos porque tem um elevado passivo trabalhista. Dentro desse
  • 16. 16 contexto de afirmação, é até possível imaginar que passivo seja algo relativo às obrigações. A soma das obrigações para com terceiros e do capital próprio do empresário, ou dos sócios. Os passivos são classificados em duas partes: a) passível exigível: é toda obrigação da empresa a curto e longo prazo para terceiros. b) patrimônio líquido: corresponde às obrigações da empresa com o proprietário. O patrimônio líquido é igual ao patrimônio total (ativos) menos as obrigações totais (passivos exigíveis). Os passivos exigíveis ou as obrigações para com terceiros são classificados de acordo com a urgência em seus prazos para serem cumpridos. Passivos correntes ou circulantes são as obrigações a serem cumpridas dentro de um ano, geralmente de janeiro a dezembro. Passivos intermediários são obrigações com prazo de 2 a 5 anos e passivos de longo prazo, cujo prazo é superior a 5 anos. Passivos de longo prazo possuem prazos superiores a cinco anos para serem cumpridos. O balanço patrimonial é a “fotografia financeira” da empresa em uma determinada data. A própria denominação balanço patrimonial reflete uma igualdade numérica entre ativo e passivo, tal como demonstrado por Nogueira (2004). Pelas definições sobre ativos e passivos apresentadas até o momento, pode-se apresentar os conceitos em expressões matemáticas (Nogueira, 2007). a) Passivo = passível exigível + patrimônio líquido. b) Patrimônio líquido = ativo – passivo exigível, em que passivo exigível = ativo – patrimônio líquido. Substituindo o passivo exigível da expressão “a” pela representação de passível exigível da expressão “b”, chega-se a: Passivo = (Ativo + Patrimônio Líquido) – Patrimônio Líquido. Logo: Passivo = Ativo + Patrimônio Líquido – Patrimônio Líquido Concluindo, passivo = ativo. Em todos os balanços patrimoniais, de qualquer empresa e em qualquer situação, os ativos totais devem ser iguais aos passivos totais. A própria denominação de Balanço Patrimonial reflete a igualdade numérica entre ativos e passivos. No demonstrativo, os itens dos ativos são representados do lado esquerdo, enquanto os passivos ficam do lado direito (Tabela 3). Tabela 3 - Demonstrativo de balanço patrimonial de uma empresa rural Ativos Passivos Circulante Dinheiro em Caixa R$ 2.000,00 Circulante R$ 5.714,28 Venda de Animais R$ 3.800,00 Intermediário R$ 22.857,14 Estoque de Animais R$ 60.000,00 Longo Prazo R$ 11.428,56 Intermediários Patrimônio Líquido R$ 165.800,00 Máquinas R$ 40.000,00 Imobilizados Terra R$ 80.000,00 Edificações R$ 20.000,00 Ativos Totais R$ 205.800,00 Passivos Totais R$ 205.800,00 FONTE: NOGUEIRA (2007) Note que, segundo os conceitos, ativos e passivos foram separados de acordo com a velocidade de circulação e urgência de prazos. Dinheiro em caixa e a receber constituem os ativos circulantes ou correntes. Os animais também são ativos correntes, dada a alta liquidez do mercado de animais.
  • 17. 17 Aplicando as definições ao exemplo, pode-se deduzir que patrimônio líquido é o valor da empresa. O balanço patrimonial é portanto, um conceito simples de valor total de mercado dos bens e dinheiro disponível menos as obrigações e dívidas. Com o balanço patrimonial, é possível avaliar o ganho patrimonial e não somente o ganho em dinheiro espécie. Na pecuária, é possível ganhos patrimoniais em maior estoque de gado e valorização de terras principalmente. 1.11 LUCRO POR ÁREA A avaliação do lucro por área permite a comparação de uma atividade com outras opções de uso da terra, tais como o plantio de grãos, exploração de gado de corte, leite, arrendamento da terra, entre outros. A unidade mais usada é o hectare que corresponde a 10.000 m². 1.12 ANÁLISE ECONÔMICA E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS Depois de calcular os custos de produção, o próximo passo consiste na análise dos resultados obtidos para identificar a viabilidade econômica e a perpetuidade da atividade em questão. Nesta avaliação, podem-se encontrar vários resultados e cada um tem sua forma de ser analisada, conforme sugere Reis (2002) e Reis (1997). O lucro supernormal é uma situação em que a atividade está obtendo retorno maior que as melhores alternativas possíveis de emprego do capital, indicando que a empresa pode expandir-se no médio ou longo prazo. Ocorre quando a receita ou o preço for maior que o custo econômico. O lucro supernormal também é denominado lucro econômico. Em se tratando de lucro normal, tem-se uma situação em que a atividade está obtendo retorno igual ao que seria obtido nas melhores alternativas possíveis de emprego de recursos. Significa estabilidade, manutenção do nível de produção a curto e longo prazo e ocorre quando a receita média ou preço for igual ao custo total médio. O lucro normal é o próprio custo alternativo ou de oportunidade. No caso de o preço do produto ou a receita média da atividade não cobrir o custo total médio, pode- se utilizar o custo operacional para análise da rentabilidade do empreendimento, utilizando-se assim o conceito de resíduo. Receita total menos custo operacional resulta em lucro operacional. Se a receita média ou preço for maior que o custo operacional total médio, a atividade apresentará resíduo positivo. Ainda se trata de um bom retorno, mesmo que inferior aos possíveis de se obter em outras melhores alternativas, indicando que a empresa está cobrindo todos os custos operacionais, fixos e variáveis, mas recebendo menos que o valor alternativo (ou de oportunidade). Na pecuária, este é o resultado mais encontrado. Caso a receita média (ou preço) seja igual ao custo operacional total médio, o resíduo é nulo. Neste caso, a atividade cobre todos os custos operacionais, mas não proporciona a remuneração do capital empatado na atividade. Uma atividade nesta situação não pode sustentar-se por muito tempo. Se o preço é menor que o custo operacional total médio, mas ainda superior ao custo operacional variável médio, a atividade está cobrindo todos os custos operacionais variáveis e somente parte do operacional fixo. Nesta situação, o empreendimento pode sustentar-se só no curto prazo, não levando em conta a remuneração do capital e a reposição de parte dos recursos fixos. É um processo de descapitalização. Se o preço é igual ao custo operacional variável médio, a atividade cobre as despesas de custeio com recursos variáveis, sustentando-se por pouco tempo, tendendo a mudar de ramo se a situação assim permanecer. Se o preço é menor do que o custo operacional variável médio, então a atividade não cobre as despesas de custeio com recursos variáveis, as quais são obrigatórias no curto prazo, tendo que injetar recursos de outras fontes, o que se trata de subsidiar a atividade. 1.13 FLUXO DE CAIXA Fluxo de caixa consiste na relação entre as entradas e saídas de recursos financeiros na empresa (NOGUEIRA, 2004).
  • 18. 18 Segundo Aguiar e Almeida (2004), a demonstração de avaliação financeira feita pelo fluxo de caixa considera os seguintes possíveis diagnósticos: a) fluxo de caixa permite saldar despesas e investimentos. A empresa é saudável. b) fluxo de caixa salda apenas as despesas e parte dos investimentos. A empresa está consumindo seus recursos, tende a se endividar e parar a atividade. c) fluxo de caixa não salda as despesas. Encerramento da atividade ou subsídio. O diagnóstico pelo fluxo de caixa permite apenas identificar se o negócio está indo bem ou mal. Uma empresa pode ter lucro operacional e quebrar por problemas de fluxo de caixa. É ele que determina a capacidade de investimento da atividade. 1.14 LUCRATIVIDADE Este item representa o quanto um produto deixa de resultado em relação ao seu preço de venda e aos seus custos de produção; em outras palavras, é o número percentual resultante da divisão do lucro pelo total de receitas (AGUIAR e ALMEIDA, 2004). Sua definição matemática é a porcentagem da receita que representa o lucro (NOGUEIRA, 2004): Lucratividade (%) = Lucro x 100. Receita total A polêmica em torno da lucratividade aparece quando se deve decidir qual lucro utilizar. O operacional ou o econômico? Segundo Nogueira (2004), mesmo que o critério de cálculo dos custos totais envolva o conceito de custos de oportunidade, algumas correntes preferem utilizar o lucro operacional para calcular o índice lucratividade. O critério sugerido neste trabalho é usar o lucro operacional, visto que não é comum lucro econômico na atividade pecuária devido grande capital imobilizado e altas taxas de juros de mercado. 1.15 RENTABILIDADE OU RETORNO DO INVESTIMENTO Apresenta o quanto uma atividade poderá remunerar o capital que nela foi investido. Essa é uma das formas de se avaliar o lucro obtido em uma atividade produtiva em relação ao capital investido para o seu desenvolvimento. Está representada pelo lucro sobre o capital investido (AGUIAR e ALMEIDA, 2002): Rentabilidade (%) = Lucro x 100. Capital total investido Como a rentabilidade é uma relação entre o rendimento em dinheiro e o total de capital imobilizado, adota-se o lucro operacional. A rentabilidade será o índice que permitirá comparar o rendimento da atividade com as melhores opções de mercado. Portanto, parece mais lógico usar o lucro operacional ao invés de usar o lucro econômico, que já considera outras opções de investimentos no mercado (NOGUEIRA, 2004). Entretanto, empresas que definem juros de remuneração de capital para serem realmente pagos aos proprietários do capital devem considerar o lucro econômico da atividade. O mesmo procedimento vale no caso de capital de terceiros (empréstimos) (AGUIAR e ALMEIDA, 2004). 1.16 TEMPO DE RETORNO DO INVESTIMENTO – “PAY BACK” Este termo engloba o período em anos que os resultados levarão para possibilitar um novo investimento de mesmas proporções. Como as depreciações consideram o provisionamento para o reinvestimento, o tempo de retorno deve ser calculado incluindo seus valores. Portanto, não se usa aqui o lucro operacional, mas sim o resultado de caixa, que é representado pela receita total menos o custo variável (NOGUEIRA, 2004):
  • 19. 19 Tempo de retorno = Valor inicial do capital (valor de mercado). Resultado caixa 1.17 TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR) A Taxa Interna de Retorno (TIR) indica a taxa de pagamento de retorno anual do projeto, ou seja, quanto o projeto se paga ao ano. Considerando o capital investido ou imobilizado em um projeto, se levar cinco anos para ser amortizado, a TIR será de 20% ao ano. Se levar 10 anos será de 10% ao ano. Aceita-se o projeto se a TIR for maior que o custo do capital (NOGUEIRA, 2004). 1.18 RELAÇÃO BENEFÍCIO/CUSTO É a forma de avaliação mais usada pelos produtores para se optar ou não por um projeto (NOGUEIRA, 2004): Relação beneficio/custo = Soma dos resultados de caixa. Investimento líquido CAPÍTULO 2 CALCULANDO OS CUSTOS DE PRODUÇÃO Antes de iniciar, vá para a guia Ferramentas no cabeçalho da tela, selecione “Macro” e marque a opção Nível de segurança Baixo. Isso é necessário para ativar as macros e a planilha funcionar normalmente. 2.1 APRESENTAÇÃO GERAL DAS GUIAS Para facilitar o entendimento, a planilha gestão e resultados da pecuária de corte está dividida em quatorze guias (Figura 1). Ela foi desenvolvida no Microsoft Excel 2003, em computador com processador celeron 2.4 GHz, 224 MB de memória onde todas as fórmulas estão travadas para impossibilitar desconfigurações. No entanto, as células que deverão ser preenchidas estão destacadas em azul e são de livre acesso.
  • 20. 20 Figura 1 – Guia apresentação geral da planilha. Na seqüencia das guias, tem-se o inventário ligado à atividade, depreciações, custo fixo, custo variável, despesas administrativas, investimentos, custo operacional, custo de oportunidade, custo total, variação do rebanho, receita, balanço patrimonial, análises dos resultados e fluxo de caixa. Para cada guia existe a opção “menu” que deverá ser usada para retornar à guia principal. Existem células que são dependentes do conjunto de informações de outras células, portanto sugere- se preenchê-las na ordem citada anteriormente. A guia análise dos resultados é totalmente dependente do conjunto de informações de outras guias. Caso esteja faltando informações, as células poderão apresentar erros. Somente as células em azul poderão ser preenchidas. 2.2 INVENTÁRIO LIGADO À ATIVIDADE Em primeiro lugar sugere-se preencher a data, proprietário, propriedade e município da propriedade (CD6, CD7, CD8 e CD9). A seguir, encontram-se na coluna B alguns bens patrimoniais comuns em propriedades de gado de corte que deverão ser inventariados. Caso a propriedade tenha algum bem patrimonial que não esteja nesta lista, estão à disposição cinco células (B27, B28, B29, B30 e B31) que poderão ser preenchidas conforme a necessidade do produtor e da propriedade (Figura 2).
  • 21. 21 Figura 2 – Guia inventário ligado à atividade. Para calcular o capital médio, é necessário informar o valor residual ou de sucata em relação ao bem novo (E13 a E31). Nogueira (2004) recomenda que o valor residual de máquinas e veículos seja 10% do valor de um novo, mas cabe ao produtor e ao técnico avaliar cada caso. Não é necessário informar valor residual da terra, pois ela não é depreciável. Com base nestas informações, a planilha calcula a porcentagem de cada bem patrimonial com relação ao total inventariado (F13 a F31), indicando qual é o de maior valor no total imobilizado na atividade. Em todos os casos, a terra e o gado imobilizam o maior capital da atividade. 2.3 DEPRECIAÇÃO DE RECURSOS No caso de fazendas que trabalham com cria, o primeiro passo é informar se os custos da recria de novilhas serão computados no custo variável (Figura 3). Se sim, a categoria vaca não será depreciada.
  • 22. 22 Figura 3 – Guia depreciação de recursos Os valores das linhas 16 a 32 são resultantes dos dados informados na guia inventário ligado à atividade já preenchida. Na seqüência, informe a taxa de juros para remuneração do capital imobilizado (C37) ou deixe o valor zero, pois o recurso provido do custo fixo também irá render juros. Informe o tempo de amortização de cada item inventariado (D40 a D55 Figura 4). Figura 4 – Guia depreciação de recursos 2.4 CUSTO FIXO Na guia custo fixo (Figura 5), todas as células estão correlacionadas com a guia depreciações.
  • 23. 23 Figura 5 – Guia custo fixo Analisando os resultados, na linha 29 têm-se os valores em reais (R$) mensais e na coluna P pode-se identificar, em valores percentuais, a participação de cada item dentro do custo fixo total. Na linha 30 estão os custos mensais por cabeça, que será calculado quando a guia variação do rebanho for preenchida. 2.5 CUSTO VARIÁVEL Na coluna B têm-se alguns itens de custo comuns em propriedades de gado de corte (Figura 6). Se necessário, estão à disposição cinco células (B37, B38, B39, B40 e B41) que poderão ser preenchidas conforme a necessidade do produtor e da propriedade. Nesta guia, todos os custos variáveis deverão ser informados (C13 a N41) destacados com a cor azul.
  • 24. 24 Figura 6 – Guia custo variável Analisando os resultados da guia, na linha 42 têm-se os valores em reais (R$) mensais e na linha 45 os valores percentuais. O valor do custo variável por cabeça com e sem considerar o custo com a reposição dos animais também são informados na linha 43 e 44, que será calculado quando a guia variação do rebanho for preenchida. Na coluna P pode-se identificar, em valores percentuais, a participação de cada item dentro do custo variável total. Os valores deverão ser informados mês a mês. 2.6 DESPESA ADMINISTRATIVA Nas células B13 a B23 têm-se alguns itens de despesas comuns em propriedades de gado de corte. Se necessário, estão à disposição cinco células (B24, B25, B26, B27 e B28) que poderão ser preenchidas conforme a necessidade do produtor e da propriedade (Figura 7). Nesta guia, todas as despesas deverão ser informadas (C13 a N28) destacadas com a cor azul.
  • 25. 25 Figura 7 – Guia despesa administrativa Analisando os resultados da guia, na linha 29 têm-se os valores em reais (R$) mensais e na linha 31 os valores percentuais da despesa administrativa. O valor da despesa administrativa por cabeça é apresentado na linha 30, que será calculado quando a guia variação do rebanho for preenchida. Na coluna P pode-se identificar, em valores percentuais, a participação de cada item dentro das despesas administrativas. O preenchimento também deverá ser mensal. 2.7 INVESTIMENTOS Desembolsos como construção de benfeitorias, aquisição de máquinas e outros bens, formação de pastagens, construção de cercas, entre outros, são considerados investimentos e deverão ser lançados para cálculo de fluxo de caixa. Na coluna B estão alguns itens de investimentos comuns em propriedades de gado de corte (Figura 8). Caso necessário estão à disposição cinco células (B25, B26, B27, B28, B29) que deverão ser preenchidas de acordo com a necessidade do produtor e da propriedade.
  • 26. 26 Figura 8 – Guia investimentos 2.8 CUSTO OPERACIONAL O custo operacional (Figura 9) está dividido em custo operacional total (linha 16) e custo operacional por cabeça com e sem considerar o custo com a reposição (linhas 17 e 18) que serão calculadas quando a guia variação do rebanho for preenchida. Figura 9 – Guia custo operacional
  • 27. 27 Além de conhecer o custo operacional total e por cabeça, pode-se visualizar, no gráfico, a composição percentual do custo fixo, variável e administrativo através das diferentes cores. 2.9 CUSTO ALTERNATIVO OU DE OPORTUNIDADE A princípio, tem-se uma tabela com o resumo de informações importantes para calcular o custo de oportunidade ou custo alternativo (Figura 10). Figura 10 – Guia custo alternativo ou de oportunidade Dentre as informações, têm-se dados de base referentes ao rebanho e alguns índices econômicos que serão automaticamente calculados com base nas informações já fornecidas. O custo de oportunidade está dividido em custo da terra, dos animais e outros bens de capital e dos custos variáveis (Figura 11). No caso do cálculo do custo de oportunidade da terra, é necessário informar se a opção da região é arrendamento para a pecuária ou agricultura.
  • 28. 28 Figura 11 – Guia custo alternativo ou de oportunidade Se a propriedade em análise está próxima a usinas de álcool ou açúcar ou está em uma região tradicional de lavoura tem-se a opção de escolher agricultura. Nesse caso, informa-se o valor de arrendamento da terra (G38). Se na região a única opção é realmente a pecuária, marca-se pecuária e informa-se o valor do aluguel de pastagem praticado na região (D38). Calculando o custo de oportunidade sobre o capital imobilizado em animais e outros bens de capital, admite-se a possibilidade de se trabalhar com o mercado financeiro. Para o cálculo, informa-se a taxa SELIC (D47), a porcentagem de imposto bancário sobre o rendimento financeiro (D48) e a taxa de inflação (D49) para cálculo da taxa de juros real. No custo de oportunidade sobre o custo operacional, usou-se a mesma metodologia do custo de oportunidade sobre os animais e outros bens, porém a taxa de juros real será dividida por dois, visto que os desembolsos se iniciam em janeiro e terminam em dezembro, ou início e final do período avaliado. 2.10 CUSTO ECONÔMICO OU CUSTO TOTAL O custo econômico (Figura 12) está dividido em custo total, custo por cabeça com e sem considerar o valor de reposição que será calculado quando a guia variação do rebanho for preenchida.
  • 29. 29 Figura 12 – Guia custo econômico ou custo total Além de conhecer o custo econômico total, a composição de cada custo é apresentado na forma de um gráfico através das diferentes cores. 2.11 VARIAÇÃO DO REBANHO Na planilha (Figura 13), têm-se as categorias matrizes (B12), novilhos > 14 arrobas (B14), novilhos de 12 a 14 arrobas (B16), novilhos até 12 arrobas (B18), novilhas até 12 arrobas (B20), bezerros (B22), bezerras (B24) e outros (B26). Informe a quantidade e o peso dos animais referente a cada categoria. Além das informações sobre o rebanho, informe a área útil mensal para a atividade (linha 31). Com base nos dados do rebanho e da área utilizada, a planilha calcula a densidade de lotação (linha 32) e a taxa de lotação (linha 33). O estoque de arrobas na propriedade (B30), de janeiro a dezembro também será calculado para compor a receita total no final da avaliação da atividade.
  • 30. 30 Figura 13 – Guia variação do rebanho 2.12 RECEITA Continuando, informe a receita da venda de animais de engorda, tourinhos, descartes entre outros (Figura 14). Figura 14 – Guia receita Se necessário, está à disposição as células B15 a B19 que poderão ser preenchidas a critério do produtor, informando outra receita que não as citadas anteriormente. 2.13 BALANÇO PATRIMONIAL
  • 31. 31 Informar todo o capital ativo circulante no início da avaliação econômica (C14 a C23, normalmente em janeiro) e no final da avaliação econômica (D14 a D23, normalmente em dezembro). Informa-se também o ativo realizável em longo prazo (C26 a C30 e D26 a D30) e o permanente (C33 a C37 e D33 a D37). Na seqüência, informa-se os passivos circulante (C42 a C47 e D42 a D47) e exigível em longo prazo (C50 a C52 e D50 a D52). Com estas informações a planilha calcula o patrimônio líquido (C54 e D54) (Figura 15). Figura 15 – Balanço patrimonial A planilha calcula também alguns índices financeiros como liquidez geral (D62 e E62), liquidez corrente (D63 e E63), solvência geral (D64 e E64), índice de endividamento (D65 e E65) e participação da dívida em curto prazo (D66 e E66). 2.14 ANÁLISE DOS RESULTADOS Com todas as guias devidamente preenchidas, têm-se a análise dos resultados da atividade (Figura 16): Nesta guia, para facilitar o entendimento da mesma, repete-se os valores anteriormente calculados, como capital médio (C29), custo fixo (C32), custo variável (C33), despesas administrativas (C34), custo operacional (C35), custo de oportunidade (C36), custo total ou econômico (C37) e receita (C41). Subtraindo o custo variável e despesas administrativas da receita total, tem-se o resultado caixa (C43). Subtraindo o custo fixo do resultado caixa, calculou-se o lucro operacional (C44). O lucro operacional está apresentado em lucro operacional total e lucro operacional por hectare (D47) para que possa ser comparado com outra atividade. Subtraindo o custo de oportunidade do lucro operacional, calculou-se o lucro econômico (C45). Calculando alguns indicadores econômicos, a lucratividade (C49) expressa em porcentagem é a relação do lucro operacional pela receita total. A rentabilidade (C51) expressa em porcentagem foi obtida através da relação do lucro operacional pelo total de capital médio inventariado.
  • 32. 32 Para se calcular o “Pay Back” (C53), dividiu-se o valor do inventário da atividade pelo resultado caixa. A relação do índice 100 pelo “Pay Back” é a taxa interna de retorno (C55) expressa em porcentagem. Finalizando, a relação benefício/custo (C57) é a relação do resultado caixa pelo investimento líquido (custo variável e despesa administrativa). Figura 16 – Análise dos resultados 2.15 FLUXO DE CAIXA Alguns resultados necessários para cálculo do fluxo de caixa (Figura 17) foram fornecidos nas guias anteriores. Nesta guia, forneça apenas receitas de empréstimo (B14) e pagamentos de linha de financiamento ou outros (B17).
  • 33. 33 Figura 17 – Fluxo de caixa Na linha 21, tem-se o fluxo de caixa instantâneo e mensal. Na linha 22, tem-se o fluxo de caixa acumulativo, que representa a situação atual da empresa com relação aos recursos de caixa, seja positivo ou negativo. No caso de negativo, o valor será apresentado na cor vermelha.
  • 34. 34 3. REFERÊNCIAS AGUIAR, A. de P. A. (coord.). A situação atual das pastagens no Brasil. In: CURSO DE MANEJO DE PASTAGEM. Uberaba, 28-30 nov., 1996. Anais... Uberaba: PIAR, 1996. AGUIAR, A P. A.; ALMEIDA, B. H. P. J. F. Planejamento e administração da produção de leite e carne no Brasil. Uberaba, MG: FAZU, 2002. 92 p. AGUIAR, A P. A.; ALMEIDA, B. H. P. J. F. Gestão de sistemas de produção de carne e leite em sistemas de pastejo. Uberaba, MG: FAZU, 2004. 64 p. ANTUNES, L. M.; ENGEL, A. Manual de administração rural. Guaíba: Agropecuária, 1994. 129 p. FARIA, V. P. Desempenho zootécnico–econômico: como avaliar. Balde Branco. São Paulo, n. 486, p. 26-29. abril. 2005. GOMES, S. T. O cálculo correto do custo de produção de leite. Balde Branco. São Paulo, n. 413, p. 42-48. mar. 1999. GOTTSCHALL, C. S. et al. Gestão e manejo para bovinocultura leiteira. Guaíba: Pallotti, 2002. 182 p. : il. LENZA, F. Pessoas distintas. Revista Agroanalysis. São Paulo, p. 32-34, dez. ,2001. LEONE, G. S. G. Custos: um enfoque administrativo. Rio de Janeiro: FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS, 1998. 506 p. LOPES, M. A.; CARVALHO, F. de M. Custo de produção do leite. 2000. Disponível em: http://www.editora.ufla.br/Boletim/pdf/bol_33.pdf. Acesso em: 19 de maio de 2006. MARION, J. C. Contabilidade rural In: Depreciação na agropecuária. São Paulo: Atlas, 1996. 238 p. p. 63- 82, cap. 4: 4. ed. MARTINS, O. C. et al. Causas de degradação das pastagens e rentabilidade econômica das pastagens corretamente adubadas. In: CONGRESSO BRASILEIRO DAS RAÇAS ZEBUÍNAS, 2. Uberaba, 27-30 out. , 1996. Anais... Uberaba: ABCZ, 1996. NOGUEIRA, M. P. Gestão de custos e avaliação de resultados: agricultura e pecuária. Bebedouro: Scot Consultoria, 2004. 219 p. NOGUEIRA, M. P. Gestão de custos e avaliação de resultados: agricultura e pecuária. Segunda edição - Bebedouro: Scot Consultoria, 2007. 244 p. OLIVEIRA FILHO, L. G. Custos de produção na pecuária de corte: uma abordagem gerencial. In: ENCONTRO TERRA NOVA DE PECUÁRIA. São José do Rio Preto, 1998. Anais ... São José do Rio Preto: TERRA NOVA, 1998. REIS, R. P. Fundamentos de economia aplicada. Lavras: UFLA/FAEPE, 2002. 84 p. REIS, R. P. Introdução à teoria econômica. Lavras: UFLA/FAEPE, 1997. 184 p. REIS, R. P.; MEDEIROS, A. L.; MONTEIRO, L. A. Custos de produção da atividade leiteira na região sul de Minas Gerais. Lavras: DAE/PROEX/UFLA, 2001. 23 p.
  • 35. 35