CONTRIBUIÇÕES DAS MULHERES ARTESÃS DE XAPURI NO AMBIENTE ESCOLAR.
UTILIZAÇÃO DE TINTAS NATURAIS NO CONTEXTO EDUCACIONAL A PARTIR DE PIGMENTOS E AGLUTINANTES REGIONAIS
1. Instituto de Artes
Departamento de Artes Visuais
Curso de Graduação e Licenciatura em Artes Visuais.
Cleuzeni Ribeiro de Oliveira Ferreira
UTILIZAÇÃO DE TINTAS NATURAIS NO CONTEXTO EDUCACIONAL A
PARTIR DE PIGMENTOS E AGLUTINANTES REGIONAIS
Brasiléia - AC
2012
2. CLEUZENI RIBEIRO DE OLIVEIRA FERREIRA
UTILIZAÇÃO DE TINTAS NATURAIS NO CONTEXTO EDUCACIONAL A
PARTIR DE PIGMENTOS E AGLUTINANTES REGIONAIS
Trabalho de Conclusão do Curso de Artes
Visuais, habilitação em Licenciatura, do
Departamento de Artes Visuais do Instituto
de Artes da Universidade de Brasília.
Orientadora: Prof.ª Marisa Araujo Cordeiro
Brasiléia - AC
2012
3. BRASILEIA
2012
Instituto de Artes
Departamento de Artes Visuais
Curso de Graduação e Licenciatura em Artes Visuais.
UTILIZAÇÃO DE TINTAS NATURAIS EM SALA DE AULA A PARTIR DE
PIGMENTOS E AGLUTINANTES REGIONAIS
Trabalho de Conclusão do Curso de Artes Visuais, habilitação em Licenciatura, do
Departamento de Artes Visuais do Instituto de Artes da Universidade de Brasília.
Cleuzeni Ribeiro de Oliveira Ferreira
BANCA EXAMINADORA
....................................................
Professor Orientador
......................................................
Professor Examinador
......................................................
Professor Examinador
Brasiléia/Acre
2012
4. Dedicatória
Dedico este trabalho ao meu esposo
Remildo Ferreira que sempre esteve
presente nessa caminhada acadêmica.
Aos meus filhos Lorrayne e Erick, pois
foram meus incentivadores com sua
alegria de viver e confiança.
Amo vocês!
5. AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradeço a Deus, pois, através da sua palavra tenho
prosseguido a linha de chegada.
A meu esposo pela companhia, compreensão e abdicação nessa longa
caminhada em que já vislumbro o ponto de chegada.
À minha amiga Maria Coutinho companheira de caminhada que sempre fez
a diferença em minha vida e Maria das Graças uma amiga motivadora que
acreditou em minha capacidade de prosseguir. Obrigada, é tudo que posso dizer.
A todos os professores e tutores da UnB, à distância e presencial pelo
carinho, dedicação e entusiasmo demonstrado ao longo do curso. Professores e
colaboradores – profissionais corajosos e decididos que acreditam e amam o
ensino de Arte.
Aos colegas virtuais pela espontaneidade e alegria na troca de informações
e experiências numa rara demonstração de amizade e de conhecimento, em
especial minha amiga e colega de curso, Maria Coutinho.
A todos que colaboraram direta ou indiretamente para a concretização
deste sonho.
6. “Onde quer que haja mulheres e
homens, há sempre o que fazer, há
sempre o que ensinar, há sempre o que
aprender”.
Paulo Freire
7. Resumo
Este trabalho de conclusão de curso buscar mostrar a importância do ensino da
Arte para os alunos da sétima serie da escola Instituto Odilon Pratagi e apresenta
como tema central o estudo das tintas naturais em favor da realização dos
trabalhos de artes em sala de aula. A própria natureza dispõe de capacidades
infinitas de liberação de pigmentos coloridos. Visto que desde os primórdios são
comuns o uso das tintas naturais. Sendo o mesmo de abrangência teórico/ prático
será aplicado aos alunos do sétimo ano do ensino fundamental com o objetivo de
inovar e difundir a aplicação dos conteúdos de arte e resgatar a historia dos
antepassados por meio da produção de tintas naturais, proporcionando
descontraidamente uma construção colorida em diferentes tons, com efeito
contemporâneo, e sedutor no âmbito pedagógico. A construção da pesquisa teve
como referencial teórico uma abordagem especial do ensino da arte nas escolas
com foco central nas idéias de FRANCASTEL afirma que “todas as artes nascem
como manuseio da matéria e, reciprocamente, em toda a invenção do homem
sobre a matéria existe uma parte de adaptação que depende da estética, isto é,
de uma intervenção ou de uma finalidade distinta de simples feitura”. A
metodologia utilizada baseou-se em pesquisas, levantamento, coleta,
identificação, separação e preparo dos materiais naturais a serem utilizados para
a obtenção das tintas. A análise de dados desta pesquisa foi apresentada por
meio de quadros demonstrativos com o processo de preparação de pigmentos e
aglutinantes obtidos do meio natural. A aplicação de aulas em etapas permitiu que
os alunos pudessem se envolver e desenvolver de modo prático o que para os
mesmos era apenas teoria. Assim, motivados pela variedade de tons e cores
encontradas nos pigmentos despertou-nos mesmos o interesse a realizar novas
descobertas de pigmentos e aglutinantes encontrados em seu habitat natural
Desta forma, constatou-se que o resultado da pesquisa foi alçando.
Palavras chaves: Pigmentos, aglutinantes, artes, argila.
8. SUMÁRIO
1- Introdução ..........................................................................................................8
2- Objetivo geral......................................................................................................9
2.1- Objetivo Especifico..........................................................................................9
3- Justificativa.......................................................................................................10
4-Desenvolvimento...............................................................................................11
4.1 Experiências Pedagógicas em Arte Visual.....................................................12
4.1.2 Mapeamentos de pigmentos e aglutinantes no município de Brasiléia.....14
4.1.3 Aglutinantes.................................................................................................13
4.1.4 Pigmentos....................................................................................................14
4.1.5 Esquema......................................................................................................16
4.1.6 Tempera-ovo................................................................................................16
4.1.7 Tinta Oleo.....................................................................................................16
4.1.8 Preparação de tintas uma abordagempedagogica......................................16
5. Metodologia de Pesquisa..................................................................................18
6. Percepções e resultados da experiência pedagógica em sala de aula...........22
7. Recursos Bibliográficos.....................................................................................23
7.1 Arte Indigena...................................................................................................24
7.2 A natureza em nosso favor.............................................................................24
7.3 A Presença de tintas Naturais nas obras de grandes Artistas.......................25
7.4. A natureza em beneficio da educação em sala de aula................................27
7.5 A Pintura e a processo de preparação no Ensino das Artes Visuais............27
8. Conclusão ........................................................................................................29
9.ReferênciasBibliográficas..................................................................................31
10. Imagens anexos.............................................................................................33
9. 8
1. INTRODUÇÃO
A oportunidade de ensino aprendizagem de artes visuais estimula a
criatividade, revelam os sonhos, os pensamentos, os sentimentos. Na escola o
aluno revela através da arte em formatos e cores a sua realidade. Poucos
conhecem o potencial de se fazer arte a partir do simples. Das observações
realizadas nas aulas de artes e no decorrer dos estágios é possível perceber que
a introdução e o incentivo maciço das tecnologias têm inserido nas crianças e
jovens um conceito da arte de uma única forma.
A modernidade tem levado ao público escolar apenas a tinta e os
instrumentos coloridos industrializados, além daqueles em que colore apenas na
tela virtual. O ato de pegar na tinta, pintar-se, amassar o barro, misturar
pigmentos naturais e outras coisas mais, tem sido relegado o segundo plano.
Em Brasiléia, ainda é possível encontrar nas comunidades indígenas a
presença de cores a base de pigmentos naturais, como o urucum, o breu e outros
além dos penachos de aves amazônicas e artefatos com sementes e fibras
vegetais.
A pesquisa realizada é fruto das experiências vividas durante os períodos
de estágios supervisionados, no decorrer do curso em exercício. Durante as aulas
de artes visuais aplicadas no ensino fundamental em Brasiléia/AC,
designadamente na Escola Estadual de Ensino Fundamental Instituto Odilon
Pratagí, observa-se uma carência de profissionais capacitados na disciplina de
artes visuais.
O interesse em trabalhar o tema sobre a utilização de tintas naturais no
contexto educacional a partir de pigmentos e aglutinantes regionais, ou seja,
tintas naturais, surgiu a partir da comprovação in foco relacionada a falta de
subsídios que resgatem a valorização cultural local que apresenta em seu
cotidiano populações indígenas que empregam cores e sons em seus utensílios e
moradias, enquanto os alunos nas aulas de artes usam apenas folha sem pauta
com desenhos impressos para colorir. Desta forma a realização deste trabalho é
motivada pela precariedade artística visual e cultural no sistema de educação
local o que se vincula formação acadêmica pessoal.
10. 9
2. OBJETIVO GERAL:
Pesquisar o processo de obtenção, experimentação dos pigmentos e aglutinantes
naturais para obtenção de tintas com a intenção de ampliar as possibilidades de
acesso e experimentação dos alunos de artes do 7° ano do ensino fundamental.
2.1 Objetivos Específicos:
1. Identificar e experimentar as possibilidades de obtenção de tintas naturais
no ensino pedagógico e artístico de artes visuais no município de Brasiléia;
2. Elencar os recursos naturais com possibilidade de uso e aplicação para
manufatura de tintas, valorizando a diversidade cultural e natural encontrada em
nossa região.
3. Experimentar uma metodologia pedagógica de ensino aprendizagem de
artes visuais com recursos naturais e exercícios práticos de fabricação de tintas
com alunos de ensino fundamental, numa escola local.
11. 10
3. JUSTIFICATIVA
O presente trabalho tem como justificativa pesquisar o processo de
obtenção, experimentação dos pigmentos e aglutinantes naturais para obtenção
de tintas com a intenção de ampliar as possibilidades de acesso e
experimentação dos alunos de artes do ensino fundamental do 7 o ano.
No decorrer do trabalho muitas atividades práticas de fabricação de tintas
e misturas de pigmentos e aglutinantes naturais despertaram nos alunos o gosto
pelo simples e o surgimento das diferentes tonalidades criou sentimentos de
entusiasmo, admiração e despertou a criatividade, elevando as interações sociais
e aumentando a sensibilidade artística e criações próprias que se comparam a
trabalhos artísticos de época e povos até então desvalorizados.
O presente estudo apresenta de modo sucinto e elaborado a experiência
pedagógica, com alunos de 12 a 16 anos de idade do 7° ano da escola Odilon
Pratagy. O corpo do texto apresenta essencialmente uma revisão bibliográfica
que embasa teoricamente o estudo realizado, uma descrição na prática com
tinturas naturais no ambiente escolar local e uma análise do ensino de artes
visuais nas escolas de nossa região baseada nas percepções obtidas durante a
experiência vivida.
O estudo foi realizado no decorrer das aulas de artes, com observações
sobre a prática dos professores em sala de aula e o emprego de uma oficina de
artes em pintura natural, durante as aulas. Foram aplicadas 04 aulas, no período
de 08 de março a 29 de março de 2012, com adoção de métodos práticos de se
fazer tinturas com produtos naturais a base de pigmentos vegetais, como urucum,
terra, flores, entre outros.
Foi uma experiência que detectou o despreparo de profissionais, falta
material apropriado e aulas dinamizadas que desperte o interesse dos alunos.
Diante das deficiências apresenta, houve o desejo de estudar a situação que
mesmo com problemas é possível melhorar a forma de apresentar os conteúdos
sobre artes de forma dinâmica, criativa e bem planejada.
12. 11
4. DESENVOLVIMENTO
O trabalho em questão realizado com alunos do sétimo ano da escola
Instituto Odilon Pratagy do município de Brasiléia Acre, busca reunir, analisar e
interpretar informações dos materiais existentes no meio ambiente e experimentar
o processo químico na obtenção de tintas naturais. Fazer um breve levantamento
de materiais alternativos oferecidos pela natureza, apontando probabilidades na
criação de tintas e cores, que auxiliam no processo da criação artística.
Analisando os elementos naturais produtores de tintas, com especialidade
aos pigmentos e demais partes de plantas e animais que liberam cores, seguem
neste trabalho acadêmico interdisciplinar, (abrange diversas áreas do
conhecimento no campo da história da arte, ciências e biologia), um pouco dos
sentimentos vividos na experiência pedagógica que se revela em imagens e
cores.
Estudos ligados à origem da pintura natural e seus desenvolvimentos no
decorrer da história mostram a importância desses recursos para a aquisição e
confecção de materiais no ensino das artes. Os subsídios sobre a pesquisa e
experimento dos pigmentos encontrado nos minerais e as possibilidades
encontradas, contribuiu para que expandissem a pesquisa para a obtenção de
tintas tais como, a cor vermelha, marrom, laranja, amarela e o preto, tendo como
matéria prima o barro (em suas diversas tonalidades – preta, vermelha, branca), o
sumo do jenipapo, a fuligem, o urucum, o açafrão e os aglutinantes encontrados
na região.
Na busca de pigmentos minerais para obtenção de tintas, tendo como
finalidade expandir a possibilidade de elevação do conhecimento na produção de
matéria prima manufaturada, possibilitando aos estudantes artistas, aos artistas
educadores alternativas na produção de tintas e materiais, que são de
fundamental importância para a realização de pintura e desenho foi possível
identificar que na cultura indígena independente da tribo, os pigmentos naturais já
eram conhecidos e utilizados por esses povos e com o avanço da modernidade
ficaram esquecidos.
13. 12
Arte não é apenas básica, mas essencial na educação de um país que
se desenvolve. Arte não é decoração, é percepção, é ofício, é uma forma
diferente da palavra para decodificar o mundo, a realidade, o fantasioso,
e é conteúdo. Como teor, arte representa o perfeito trabalho do ser
humano. (Barbosa, 2005).
Ao refletir sobre essa citação conclui-se como a arte é fundamental na
educação, por meio dela é possível se expressar e se comunicar, elaborando ou
reelaborando opiniões e pensamentos sobre o mundo e seu modo de ser.
4.1 A experiência pedagógica na arte visual
Para a realização de trabalhos manuais a natureza nos oferece variados
recursos. Os pigmentos e aglutinantes naturais têm sido utilizados por artistas em
seus ateliês, a exemplo temos como referencia o artista Volpi (1988) que utilizava
tintas adquiridas através da extração de pigmentos naturais e o resultado da
produção das tintas eram usadas em suas obras. Refletindo nesse assunto,
destaca-se a importância desse material na disciplina de artes, relacionando na
aplicação do desenvolvimento teórico/prático de alunos do ensino fundamental,
visando trabalhos artísticos que empregam a técnica da pintura com pigmentos e
aglutinantes naturais como forma alternativa para a realização de trabalhos
artísticos e em sala de aula.
Ciente de que a cor é um elemento importante no uso da linguagem visual
e que desperta a sensibilidade do ser humano, no sentido de perceber esses
elementos em tudo que nos cerca, busca-se explorar a cor de elementos naturais,
a textura e a densidade dos materiais para o desenvolvimento do conhecimento
do educando, utilizando técnicas pedagógicas, teóricas e práticas de ensino
desejando alcançar os seguintes objetivos.
1.Identificar e experimentar as possibilidades de obtenção de tintas naturais no
ensino pedagógico e artístico de artes visuais.
2. Elencar os recursos naturais com possibilidade de uso e aplicação para
manufatura de tintas, valorizando a diversidade natural encontrada em nossa
região.
14. 13
Através do acesso e experimentação de procedimentos simples e práticos
de fabricação de cores, dando à aula de artes a oportunidade para que os alunos
possam fazer cores com as próprias mãos, a partir de recursos naturais,
disponível na natureza.
4.1.2 Mapeamentos de pigmentos e aglutinantes no município de Brasiléia
O estado do Acre está situado na parte sudoeste da Amazônia, sendo sua
capital, Rio Branco, mas, foi à cidade de Brasiléia escolhida para realizar as
investigações (mapeamento) de pigmento e aglutinantes naturais da região.
4.1.3 Aglutinantes
De acordo com GOMBRICH, 2008 “O aglutinante é o responsável pela liga
da tinta, unindo as partículas do pigmento dando-lhe aspecto de viscosidade e
brilho.” Como este trabalho usará tintas á base de pigmento em pó foi, adicionado
o óleo e/ou o ovo como aglutinantes, pois, são de fácil acesso e manuseio para os
alunos.
A primeira etapa deste mapeamento consiste na coleta de aglutinantes na
principal feira de colonos do município de Brasiléia, localizada na Av. Rui Lino. Na
referida escola foi identificadas algumas amostra de aglutinantes naturais, tais
como, óleo de copaíba, ovos e banha de porco.
No caso das amostras de aglutinantes encontradas, duas foram escolhidas
para a realização deste trabalho, ovos e banha do porco, na intenção de facilitar o
acesso dos alunos ao produto, pois, o óleo de copaíba possui um custo muito
elevado para alguns alunos. A seleção realizada após a coleta do material
dependeu de um critério, destinado ao melhor resultado encontrado depois de
testes realizados com a soma de pigmentos e aglutinantes. Das experiências
realizadas no inicio do projeto foi possível observar que os aglutinantes testados
como à gema do ovo, a sua clara e o óleo extraídos da gordura do porco para a
manufatura de tintas, associados a um ou mais tipos de pigmentos resultará em
uma tinta natural. As produções de tintas utilizando esses aglutinantes citados
acima resultam em tons transparentes, densas aos tons opacos.
15. 14
Quadro explicativo de processos de obtenção de aglutinantes:
Processo Explicação
Ovo Gema ou clara para terra vermelha e marrom, clara para terras de
cor preta.
Gordura animal (banha O óleo obtido da banha do porco será o aglutinante de pigmentos
de porco) em pó, como, o colorau, beterraba e carvão.
4.1.4 Pigmentos
Em seguida foi realizada a pesquisa a coleta de terra ou barro em quintais
e ruas do município, onde foi retirada a malha grossa através do processo de
peneiração que foi descartada, reservando somente o pó fino de terra em um
recipiente. Dentre as muitas amostras coletadas de pigmentos minerais, três foi
escolhida para a realização deste trabalho, a terra de cor vermelha, marrom e
preta.
No solo Brasileense-Ac, tanto são encontradas as terras argilosas quanto
as arenosas de cores vermelha e preta e marrom e podem ser encontradas com
facilidade dentro dos próprios quintais, onde ambas podem ser usadas para
fabricação de tintas empregando tanto a técnica de tinta a óleo como a técnica da
tinta têmpera-ovo.
Quadro de processos de obtenção de pigmentos:
Processo Explicação
16. 15
Trituração Pedras de barro e tijolos são moídas até serem reduzidos a um pó
muito fino e acrescentado o aglutinante, ovo ou banha do porco.
Peneiramento e As terras são peneiras para a retirada de impurezas e obter um pó
Decantação
bem fino do pigmento, pois, quanto menor a partícula de pigmento
maior será a ação de cobertura da tinta. O aglutinante para terra será
o ovo ou a banha do porco.
Liquidificação Os pigmentos desidratados serão moídos no liquidificador até virarem
em pó (ex. pigmento da beterraba).
4.1.5 Esquema:
Pigmento + aglutinante = tinta natural
Em virtude da variedade de cores encontradas nos pigmentos da terra e
descobrindo os diferentes tons que ela nos oferece, vermelho, preto, marrom, foi
despertado o interesse por esta pesquisa, que visa buscar alternativas no
processo de manufatura de tintas naturais através de pigmentos e aglutinantes
encontrados no habitat natural. Resultado disso foi à confecção da têmpera-ovo e
a tinta óleo para a realização de trabalhos educacionais através da linguagem
artística utilizando o desenho e a pintura.
A produção dos pigmentos em pó permite que se façam algumas técnicas
de manufatura de tintas. As tintas naturais podem ser obtidas por diversos
processos, através da peneiração de terras, desidratação de vegetais e ervas e
trituração desses elementos desidratados até virarem em pó. Com base na
pesquisa e na coleta dos materiais selecionamos os barros para iniciar um longo
processo de decantação, trituração e peneiramento. O resultado dessa coleta
conseguiu a obtenção de tintas e adquirimos uma seleção de cores, opacas e
brilhantes, que aliada aos seus respectivos diluentes e aglutinantes, concretizou a
manufatura de materiais alternativos capaz de ser aproveitada em atividades
expressivas e criativas em qualquer suporte.
Segundo CRUZ 2004 Após a obtenção do pigmento, mistura-se o
aglutinante, (ovo ou óleo), que consequentemente dá origem a tinta têmpera-ovo
17. 16
ou a tinta a óleo. A têmpera é um método de pintura no qual os pigmentos de
terra são misturados a um “colante”, uma emulsão de água e gemas de ovo ou
ovos inteiros.
4.1.6 A têmpera-ovo
As características da tinta têmpera-ovo utilizando a gema, umas das duas
técnicas abordadas neste trabalho, onde seu processo de manufatura foi
observado, evidencia o resultado opaco no ato do secamento da tinta, dando-lhe
um tom de envelhecimento. O processo dá-se de forma rápida o que caracteriza
um trabalho limitado de tempo. Esta técnica não possui efeito de misturas de
cores, possui secagem rápida ou efeitos transparentes. Quando utilizado a clara
do ovo como aglutinante, é solúvel em água o que a difere da técnica da tinta a
óleo.
4.1.7 Tinta óleo
De acordo com Ferraz 1999 a tinta a óleo, o seu manuseio apresenta mais
flexibilidade e elasticidade, possui poucas alterações de cores ao secar, permite a
mistura de cores, permite um fácil acabamento e possíveis correções em uma
mesma obra dando mais liberdade ao artista, pois, a secagem desta tinta é mais
lenta que a têmpera. Ao realizar a mistura dos pigmentos com os aglutinantes
(girassol, linhaça, soja etc.), aos pigmentos em pó é possível obter-se a tinta a
óleo, tal como procediam aos pintores renascentistas.
4.1.8 PREPARAÇÃO DAS TINTAS - Uma abordagem pedagógica
“A educação em arte propicia o desenvolvimento do pensamento
artístico, que caracteriza um modo particular de dar sentido às
experiências das pessoas: por meio dele, o aluno amplia a sensibilidade,
a percepção, a reflexão e a imaginação. Aprender arte envolve,
basicamente, fazer trabalhos artísticos, apreciar e refletir sobre eles.
Envolve, também, conhecer, apreciar e refletir sobre as formas da
natureza e sobre as produções artísticas individuais e coletivas de
distintas culturas e épocas… O documento de Arte tem o intuito de
orientar o professor na sua ação educativa e na elaboração de seus
programas curriculares. Expõe uma compreensão do significado da arte
na educação, explicitando conteúdos, objetivos e especificidades, tanto
no que se refere ao ensino e à aprendizagem, quanto no que se refere à
arte como manifestação humana”. (BRASIL, 1997)
18. 17
Este trabalho de conclusão de curso está voltado para todo o ensino
fundamental I e II, e abrange uma breve história do surgimento das tintas naturais
e sua utilização por grandes artistas, onde o conteúdo se volta para o ensino de
artes visuais na produção de trabalhos artísticos. Onde a maior intenção é levar o
ateliê de artes para dentro do ambiente escolar, para que assim, os alunos
possam vivenciar a experiência e o processo de manufatura artesanal de
materiais artísticos feitos e desenvolvidos por grandes artistas.
Como antes mencionado, a cor é um elemento fundamental e importante
na linguagem visual e que desperta o sensível do ser humano. Foi baseado nesta
afirmativa que foi decido realizar este trabalho utilizando métodos pedagógicos
teóricos e práticos de ensino, para que assim os alunos possam se expressar e
demonstrar seus pensamentos através do desenho e da pintura com uma tinta
natural que foge todos os preceitos da atualidade com a criação de tintas
artificiais e industrializadas em largas escalas e muitas vezes tóxicas ou
causadoras de alergias em contato direto.
19. 18
5. METODOLOGIA DE PESQUISA
A metodologia utilizada baseou-se a principio, na pesquisa através das
feiras do município, fazendo levantamento dos materiais a serem utilizados para a
preparação das tintas. Em seguida, foi realizada a coleta dos tipos de terra, o que
permitiu a identificação de três qualidades presentes na região, que são a
vermelha, marrom e preta.
De posse da matéria-prima, foi possível iniciar o processo de preparação
do material, que passou pelas seguintes fases: peneiração, separação com o
objetivo de retirar o que não seria utilizado, e por fim a mistura dos aglutinantes
com os pigmentos. O resultado obtido foi satisfatório, pois as colorações das
tintas alcançaram o objetivo desejado.
A nova etapa a ser executada foi com os alunos do 7º ano do ensino
fundamental da escola Instituto Odilon Pratagi, distribuída em 04 horas/aula, onde
inicialmente realizamos uma conversa para detectar os conhecimentos prévios
dos mesmos. Em seguida, realizou-se a distribuição de textos informativos sobre
o tema o que gerou uma discussão interativa com a possibilidade dos alunos
expressarem-se e retirarem dúvidas sobre como se obtêm tintas naturais. Ao final
desta primeira aula, os alunos foram incentivados e orientados a realizarem uma
pesquisa sobre artistas que utilizam tintas naturais em suas obras.
Na segunda aula com o resultado das pesquisas que foram apresentadas
através de cartazes e textos confeccionados pelos próprios alunos, foi possível
aprofundar o tema, e expor as técnicas, têmpera-ovo e óleo na produção de tintas
naturais. Neste momento os alunos se envolveram mais no trabalho e
demonstraram curiosidade pelo resultado. Assim, foi oportuno solicitar que
coletassem amostras de argilas encontradas nos quintais de suas residências.
De posse dessas amostras, realizou-se a terceira aula com o objetivo de
manufaturar as tintas artesanais. Nesta etapa, os alunos já estavam totalmente
envolvidos com o projeto e criaram livremente suas produções artísticas.
Na última aula, os desenhos foram concluídos e organizados para uma
exposição. Ao final, através de uma conversa informal e espontânea os alunos
20. 19
relataram a aprendizagem e a experiência que consideraram proveitosas, pois
conheceram a teoria e a prática envolvidas no processo de fabricação de tintas.
A seguir, encontram-se os planos de aulas executado junto à turma
mencionada.
Plano de Aula
1.Tema: Tintas naturais com pigmentos e aglutinantes regionais.
2.Duração: 04 aulas com duração de 1 hora.
3.Série: 7° ano do ensino fundamental.
4. Objetivo geral do plano de aula:
Realizar pesquisa com os alunos do 7º ano do ensino fundamental sobre o
processo de obtenção, experimentação dos pigmentos e aglutinantes naturais
para obtenção de tintas.
5. Objetivos específicos
5.1 Identificar e experimentar as possibilidades de obtenção de tintas naturais:
5.2 Utilizar os recursos naturais encontrados em nossa região e aplicá-los na
manufatura de tintas.
Divulgar as técnicas de utilização dos pigmentos e aglutinantes naturais,
utilizando matérias-primas locais, resgatando assim uma tradição cultural
através de suas cores nativas. Identificar e experimentar as possibilidades
de obtenção de tintas naturais para o ensino pedagógico e o artístico.
Identificar os recursos naturais com possibilidade de uso e aplicação para
manufatura de tintas, valorizando a diversidade encontrada em nossa região.
Ampliar o conhecimento e a aplicabilidade de materiais alternativos nas
Artes Plásticas.
Conhecer e difundir o processo de manufatura de tintas artesanais e a
finalidade de seus componentes.
Áreas abrangentes:
21. 20
Arte
História
Química.
Recursos metodológicos:
.
Pigmentos. (anexo II)
Barro (argila) em três tonalidades: preta, marrom e vermelho.
Aglutinantes. (anexo III)
Ovo (gema e clara) e banha de porco
Papel Sulfite A4.
Prato descartável.
Copo descartável.
Palito de picolé.
Pinceis.
Detalhamentos do plano de trabalho
Aula 01
Apresentações e conversas espontâneas, com apresentação do tema e
levantamento dinâmico dos conhecimentos prévios dos alunos;
Distribuição e leitura dinâmica do texto informativo intitulado
Surgimento da tinta natural e seus desdobramentos na História da
Arte; (Anexo I)
Discussão interativa sobre o texto.
Sugerir para os alunos que realizem uma pesquisa sobre artistas que
utilizavam tintas naturais em suas obras.
22. 21
Aula 02
Apresentação dos resultados das pesquisas realizadas pelos alunos (textos
confeccionados, cartazes, etc.).
Apresentação teórica e expositiva das técnicas, têmpera-ovo e óleo na produção
de tintas naturais;
Organização dos alunos em grupos e solicitação de amostras de argilas
encontradas nos quintais das residências dos alunos.
Aula 03
Atividade prática:
I. Apresentação das amostras coletadas pelos alunos;
II. Apresentação de receitas de fabricação de tintas empregando as duas
técnicas: têmpera-ovo e óleo;
III. Realização de manufatura de tintas artesanais.
Aula 04
Atividade prática:
Criação de desenhos com temas livres.
Exposição dos desenhos confeccionados pelos alunos na sala de aula;
Avaliação final – Conversa informal e espontânea sobre os aprendizados da
oficina.
Avaliação
A avaliação foi desenvolvida no decorrer da oficina de tintas naturais,
através da observação do professor sobre as ações e comportamento dos alunos
durante todo o processo de ensino, apontando principalmente:
1. Os conteúdos resultantes da pesquisa proposta aos alunos.
2. Presença nas atividades propostas.
3. Participação e eficiência na aplicação das técnicas no processo de
manufatura das tintas e desenhos.
23. 22
4. Participação e eficácia no processo de exposição dos trabalhos.
6. Percepções e resultados da experiência pedagógica em artes visuais
A iniciativa de trabalhar com tintas naturais em sala de aula ampliam o
conhecimento do aparecimento das tintas naturais suas evoluções e
transformações dentro dos ateliês de famosos artistas, desenvolvendo também a
possibilidade na criação de novas cores e desenhos tornando as aulas atrativas,
despertando a curiosidade sobre o assunto e, portanto levando o educando ao
aprendizado de forma espontânea e natural a valorizar o belo, por suas origens e
suas revelações culturais impressas em cada obra de arte, seja ela de um artista
plástico ou de um indígena local como se observa nas imagens em anexo.
Durante a realização desse trabalho de pesquisa e principio de sua
execução foi possível perceber que os alunos não compreendiam a dimensão do
que é arte. Após a aplicação em sala de aula e diante dos resultados obtidos,
alunos e professores compreenderam que arte vai alem de uma folha de papel e
lápis de cor, com isso repercutindo a possibilidade de mudança na forma que são
trabalhadas as aulas de artes.
No decorrer da execução desse projeto os alunos em alguns momentos se
opuseram, argumentando que não teriam resultado satisfatório. Apos execução
de todas as etapas foi possível contemplar o resultado aceitável. Tais Práticas
não são realizadas na referida escola ou em nenhuma outra do município por falta
de um laboratório. Diante da falta de um espaço que oportunize os alunos a
desenvolverem atividades de artes de qualidade sugiro que seja criado um
espaço que respalda os mesmos nos seus trabalhos escolares.
24. 23
7. REVISÃO BIBLIOGRAFICA
O estudo em questão busca reunir, analisar e interpretar informações dos
materiais existentes no meio ambiente local e experimentar o processo químico.
Na obtenção de tintas naturais, fazendo um breve levantamento de autores e
pesquisadores sobre o assunto abordado através do tema deste trabalho.
(Gombrich2008 p312) argumenta que aquilo que o artista faz não é imitar a
natureza como ele próprio supõe, mas criar alternativas de interpretação dessas
impressões perceptivas em traços, manchas, texturas, cores. Gombrich afirma
que "o pintor traduz a luz em cor" e ressalta que o desenhista traduz volumes,
relações de distância em linhas em sobreposições ou convergência de planos.
Nessa busca o artista não começa do nada. Ele se detém em encontrar soluções
que lhe pareça apropriada para esse repertorio. Ele procura recursos que lhe
parece mais apropriada e sobre esse tece novas probabilidades.
Gombrich (2008) relata em sua obra, História da Arte, que os primeiros
pigmentos e aglutinantes naturais foram utilizados pela humanidade há mais de
5.000 anos aproximadamente pelos homens da pré-história para registrar seu
cotidiano e suas experiências de vida e possuía uma relação mística religiosa
onde esses desenhos ilustravam ferramentas e armas que envolvem situações
específicas, como a caça. As imagens mais comuns encontradas no interior das
cavernas eram de bisões, mamutes, em suma, animais que mais os homens
primitivos observavam como suas possíveis presas. O homem primitivo
acreditava que os desenhos realizados por eles exerciam um poder místico que
aprisionava ou dominava suas presas através do poder da imagem.
“… eram utilizados carvão para delinear as irregularidades nas rochas
que se assemelhavam a formas encontradas na natureza. O volume era
dado pelas saliências, enquanto as tonalidades terrosas emprestavam
contorno e perspectiva. As “tintas” utilizadas eram torrões de ocra
vermelha e amarela esfareladas até virar pó e aplicada na superfície com
pincel, ou soprada através de um osso oco. Os desenhos eram
superpostos aleatoriamente talvez atendendo á necessidade de novas
imagens antes de cada caçada”. (STRICKLAND, 2001p 132).
7.1 Arte indigena
Para (Darcy Ribeiro 2006), o pigmento natural vai além, pois os índios
independente da tribo de sua origem, usam desse recurso com maestria e
25. 24
habilidade, superando os limites do meramente utilitário, os mesmos conceitos
que regem a arte ocidental, como por exemplo o de arte pura, ou arte pela arte,
até porque a arte indígena, e nela a pintura corporal, vai além do conteúdo
estético, pois a pintura para eles é como a carteira de identidade. Cada etnia tem
sua própria característica. Os Kadiwéu são geralmente tidos como os melhores
pintores indígenas, e suas pinturas corporais já no Séc. XVI causavam admiração
aos europeus, a ponto de terem sido reproduzidas em xilogravuras alemãs
daquela época. Embora os índios não pintem somente em seus corpos usam
também abanos, bancos, burdunas, remos, redes, cerâmicas e demais produtos
que constituem sua cultura material pois todas essas coisas possuem uma “pele”,
e, por conseguinte precisam ser ornamentadas, é no corpo humano que o
indígena encontra o suporte por excelência de sua pintura, aplicando um
repertório de padrões decorativos – meandros, gregas, círculos, triângulos,
pontilhados, caprichosas estilizações geométricas calcadas na fauna e na flora,
sinais indicativos de caminho, direção etc. As cores empregadas na pintura
corporal são de origem vegetal, e se reduzem basicamente ao vermelho, obtido
do urucum; ao preto, fornecido pelo sumo do jenipapo misturado a fuligem; ao
branco, da tabatinga, e com menor frequência ao amarelo, extraído do açafrão.
Sua aplicação faz-se com auxílio de gravetos, taquaras, com os dedos ou, em
certas sociedades, mediante carimbos, feitos com caroços de frutas partidos ao
meio e mergulhados nas tintas.
7.2 A Natureza em nosso favor
Para Cruz, (2007) os pigmentos naturais são extraídos da natureza, e
posteriormente, submetidos a processos físicos de desidratação e transformação
deste material em micro-partículas para extração da cor os minerais naturais do
solo; em que se incluem então as terras e argilas. Já os pigmentos considerados
artificiais são obtidos através de reações químicas a partir de pigmentos sintéticos
ou por decomposição de materiais mais complexos.
Desde o inicio das primeiras manifestações artísticas, as cores eram
compostas por elementos extraídos da natureza no reino animal, vegetal e
mineral, fontes inesgotáveis de pigmentos orgânicos e inorgânicos.
26. 25
Em 1999, Ferreira afirmou que existem diferentes tipos de aglutinantes,
cola, ovo (gema e clara), goma arábica, cera de abelha, óleos vegetais etc., como
conseqüência diferentes tipos de tinta. O aglutinante funciona como uma cola,
unindo as partículas dos pigmentos. Alguns exemplos são as resinas de árvores,,
o alho e até a cola plástica. Nas tintas a óleo, o aglutinante é um óleo secativo,
que pode ser de linhaça, de nozes, de papoula, girassol etc. A gema de ovo,
quando usada como aglutinante, atua como emulsão e dá excelente efeito à
mistura de terras e ocas queimadas.
O aglutinante une as partículas formando películas fortes e adesivas ao
serem oxidados pela ação do ar o que reforça a ação de adesão ao suporte e
transformando o estado de óleo líquido original em um material sólido que não
reverte seu estado em líquido novamente. Esses aglutinantes podem ser de
linhaça, de nozes, de papoula, banha do porco etc., sendo mais indicadas para o
uso da manufatura da tinta a óleo.
7.3 A presença das tintas naturais nas obras de grandes artistas
As tintas naturais foram utilizadas desde o início da humanidade, com a
manifestação das artes rupestres, a aproximadamente 5 milhões de ano. Essa foi
uma técnica adotada por grandes mestres da pintura como: Volpi e Jan Van Eych,
que utilizaram em suas obras e aperfeiçoaram as técnicas de uso, no decorrer de
suas experiências.
Conforme as palavras de Ferraz, (1999), era muito comum, artistas
fazerem suas próprias tintas a partir de recursos naturais, pigmentos e
aglutinantes, em seus ateliês de artes e dentro deste local que foi criados e
desenvolvidos de forma manufaturado técnicas de tintas a óleo, têmpera etc.,
poder citar como exemplo o artista plástico Alfredo Volpi (1896-1988). O artista
também utilizava tintas obtidas através da extração de pigmentos naturais
utilizando inicialmente na juventude a técnica da aquarela, óleo e futuramente a
técnica da têmpera na realização de suas obras. Filho de imigrantes italianos,
Volpi chega ao Brasil com pouco mais de um ano de idade, sendo que, aos 16
anos pintou sua primeira aquarela, aos 18 anos sua primeira obra de arte
27. 26
empregando a técnica da tinta a óleo em uma caixa de charuto. Seu talento o
levou a trabalhar como pintor de frisos, florões e painéis das paredes de mansões
paulistanas.
Ferraz, (1999) salienta que no decorrer de sua história artística, seu maior
momento se dá na fase das bandeirinhas, na qual expressava em seus trabalhos
Bandeiras e Mastros. Só realizava suas pinturas se entregando totalmente a sua
obra. Após dominar a técnica da têmpera com a clara do ovo, o artista deixou de
utilizar tintas indústrias.
Para ele, quando estudamos um artista como Alfredo Volpi, algumas de
suas mais importantes características logo se destacam em suas obras. Volpi foi
um artesão desde o início de sua atividade profissional. Mesmo adolescente,
gostava de misturar cores e descobrir novas tonalidades e texturas. Depois, ao
trabalhar como pintor de parede, fazia questão de sentir o cheiro da tinta, e até
mesmo sujar as mãos só para sentir seu contato com a pele. Costumava carregar
baldes de tinta, envolvendo-se na atividade com prazer e dedicação. Quando se
tornou artista plástico, o fato de trabalhar com tintas foram se transformando cada
vez mais em uma atividade natural e envolvente. Alfredo Volpi fazia questão de
produzir suas tintas, nas cores que lhe fossem agradáveis. Extremamente
dedicado e meticuloso, preparava com cuidado suas misturas. Dessa forma, o ato
de pintar para Volpi iniciava-se na construção das telas de linho, na química das
tintas, e seguia até a composição final da obra. Cada uma de suas telas possui,
além de seu pincel, a sensibilidade de suas mãos na escolha da cor e da textura
para a obra.
Em suas explicações Ferraz, (1999) deixa claro que tal como um alquimista
das cores, Volpi usava a técnica da têmpera-ovo. As tintas eram diluídas em uma
emulsão de verniz e ovo, onde eram colocados pigmentos decantados (terra,
ferro, óxidos, ocre - argila colorida por óxido de ferro) e ressecados ao sol pelo
próprio Volpi. Sempre testava cada tinta quando estava pronta, experimentando e
verificando a densidade e a durabilidade. Só depois que percebia que a cor obtida
e desejada havia permanecido firme, sem alteração, ele a usava para pintar seus
quadros. Caso isso não ocorresse, Volpi jogava a tinta fora e começava tudo de
novo.
28. 27
7.4 A natureza em beneficio da educação em sala de aula.
A natureza disponibiliza recursos que contribuiu para a melhor aplicação
das aulas de artes no sistema educacional. O ensino de Arte é a educação que
oportuniza ao indivíduo o acesso à Arte como linguagem expressiva e forma de
conhecimento. De acordo com os, Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), a
educação em arte propicia o desenvolvimento do pensamento artístico e da
percepção estética, que caracterizam um modo próprio de ordenar e dar sentido à
experiência humana: o aluno desenvolve sua suscetibilidade, inteligência e
reflexão, tanto ao realizar formas artísticas quanto na ação de apreciar e
reconhecer as formas produzidas por ele e pelos colegas, pela natureza e nas
diferentes culturas.
A arte como forma de educação propicia o desenvolvimento do
pensamento lógico artístico e da percepção estética, que caracterizam um modo
próprio de ordenar e dar sentido à experiência humana: o educando desenvolve
sua imaginação, percepção e sensibilidade, tanto ao realizar formas artísticas
quanto na ação de apreciar e conhecer as formas produzidas por ele e pelos
colegas, pela natureza e nas diferentes culturas.
Os trabalhos artísticos de pintura com extração de tintas adquiridos de
pigmentos naturais é um trabalho gratificante e de satisfação ao estudante sendo
uma atividade que se pode realizar com todas as faixas etárias.
De acordo com os pensamentos de Francastel, (1991) todas as artes
nascem como manuseio da matéria e, reciprocamente, em toda a invenção do
homem sobre a matéria existe uma parte de adaptação que depende da estética,
isto é, de uma intervenção ou de uma finalidade distinta de simples feitura.
7.5 A Pintura e o Processo de Criação no Ensino Das Artes Visuais
Elaborado por Lucimara Jacometti da Silva e Ana Luiza Ruschel Nunes,
realizado no ensino de 8°ano do Colégio Estadual Professor Mailon Medeiros do
município de Bandeirantes – PR reafirma a importância de discutir e investigar a
criatividade dos alunos, onde os mesmos apresentaram um desenvolvimento
significativo na aprendizagem e criação em artes visuais, ao ser utilizado o
material didático “Folhas”, com a produção da atividade de desenho e as tintas
artesanais produzidas a partir de recursos naturais, tais como: cenoura, carvão,
29. 28
beterraba, urucum; o trabalho desenvolveu-se em grupo para utilizar a tinta; cada
aluno produziu 3 trabalhos diferentes com formas referentes ao cotidiano, como
os homens da Pré-História faziam; para amparar esse desenvolvimento o
professor apresentou um vídeo sobre: Arte Rupestre e Arte Rupestre no Piauí,
enfatizando a forma que os desenhos eram realizados e que tintas utilizavam.
São infinitas as opiniões de pesquisas sobre o assunto em questão, tais
como, oficina de Artes pintura com tintas naturais, disponíveis em sites na internet
e em livros.
30. 29
8. CONCLUSÃO
Este trabalho oportunizou aos seus participantes repensarem conceitos e
atitudes e conhecerem o importante papel da arte/educação. A prática da sala de
aula vai além do conhecimento do conteúdo, é preciso uma bagagem de
conhecimentos, sendo estes, para solucionar dificuldades e ajudar aos alunos nos
seus problemas como seres individuais.
Os objetivos deste projeto foram alcançados, à medida que a
experimentação dos pigmentos e aglutinantes naturais resultou nas tintas
desejadas, utilizando recursos naturais disponíveis na região.
Em sala de aula, após todo o embasamento teórico, as pesquisas feitas
pelos alunos sobre aglutinantes e pigmentos, a coleta dos materiais necessários
para a obtenção das tintas, como por exemplo, tonalidade de barro diferente,
ovos, banha de porco, passamos a prática, de preparo desse material. De posse
desse material, realizamos a preparação das tintas.
É importante ressaltar que a principio, os alunos se opuseram a realizar as
atividades propostas, mais quando perceberam que não seria uma aula de artes
como as outras se interessaram a participar. Resultando assim, na criação de
desenhos que foram pintados pelos mesmos com as tintas que produziram o que
possibilitou um resultado positivo e uma mudança de pensamento em relação à
arte e ao poder criativo.
As aulas executadas foram dinâmicas e participativas tornando prazeroso
trabalhar com adolescentes, em um momento em que seus processos de
autocrítica estão em alta. E quanto aos resultados, a partir da investigação, da
elaboração do plano e da prática em sala de aula, é possível afirmar que são
etapas de suma importância para o processo de ensino/aprendizagem, pois
através dela conseguiu-se ter um conhecimento prévio sobre o comportamento e
as atitudes dos alunos, permitindo também conhecer a realidade da escola
escolhida, possibilitando uma compreensão do contexto em que as aulas seriam
desenvolvidas.
A prática em sala de aula só foi concretizada com sucesso em função da
clareza que se pode vislumbrar através das observações realizadas antes de todo
o processo de planejamento. Nesta perspectiva, a compreensão do professor é
31. 30
um elemento importante de síntese e conclusão de uma etapa que possibilita o
exercício de reflexão sobre a própria prática educacional, assim como uma
oportunidade de proporcionar aos alunos espaços e momentos de uma educação
criativa.
Sua concretização foi marcada por momentos de pensamento e reflexão,
nos quais os alunos podiam falar das suas obras e trocar vivências durante a
oficina de produção de tintas naturais e de pintura, permitindo que se percebesse
que é possível ter uma visão otimista da arte nas escolas, e que a arte não se dá
em uma única direção e de uma única forma, mas para isso precisamos nos
dedicar e mostrar para os demais profissionais das escolas o real valor da arte,
que ela não tem só o sentido e a função de decorar a escola para comemorações
o que, ainda, é a visão da maioria das escolas ou apenas preencher o currículo
da educação nacional.
O trabalho realizado evidenciou a falta de materiais didáticos pedagógico
para o ensino da arte, nas diferentes etapas de ensino da maioria das escolas
públicas, transparecendo um problema que deve ser sanado para a valorização
do ensino artístico, pois, é através deste que estimula a criatividade e a autocrítica
dos alunos, sendo um dos fatores que propicia maior participação no processo
ensino e aprendizagem.
32. 31
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BARBOSA A. M.Inquietações e mudanças no ensino da arte - 3.ed. - São
Paulo: Cortez, 2007.
Parâmetros Curriculares Nacionais: Arte. Brasília, MEC/ SEF, 1997.
CRUZ, A.J. As Cores dos Artistas. História e Ciência dos Pigmentos
Utilizados em Pintura. Lisboa, Apenas Livros, 2004.
CRUZ, A.J. Os pigmentos naturais utilizados em pintura. Évora, Universidade
de Évora. 2007
http://pinturaemcurso.blogspot.com.br/2009/02/tecnicas-temperas.html
FERRAZ JUNIOR.A.J. Alfredo Volpi: Coleção Mestres das Artes no Brasil.
São Paulo, ed, Moderna, 1999. Disponível em:
<http://educacao.uol.com.br/biografias/alfredo-volpi. jhtm>. Acesso em: 23 de
outubro de 2011
FERREIRA, I. L. e CALDAS, S. P. S. Atividades na Pré-Escola. Revista Nova
Escola (reformulada). Rio de Janeiro, Edição 18, Editora Saraiva 1999.
GATTI, T.H., CASTRO, R.; OLIVEIRA, D. Materiais em Arte: Manual de
Manufatura e Prática. Brasília:FAC, 2007
GOMBRICH, E.H. História da arte. 6ª edição. ARCA LTCO, 2008
HISTÓRIA da Arte Medieval. Disponível em:
<http://www.girafamania.com.br/historia_arte/historia_artemedieval.html>. Acesso
em 23 de outubro de 2011.
JACOMETTI,L. NUNES,A. L, R. A pintura e o processo de criação no ensino
de artes visuais, realizado no ensino de 8ª série do Colégio Estadual Professor
Mailon Medeiros do município de Bandeirantes – PR. Disponível em:
<http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1581-8.pdf>.
Acessado em 25 de outubro de 2011.
33. 32
STRICKLAND, C. Arte Comentada: da pré-história ao pós-modernísmo-RJ-
Ediouro, 2001.
Leite J. R. Teixeira (2006).
34. 33
Imagens Anexos
Na sala de aula Preparando as tintas
Misturando as tintas Preparando as tintas
Aglutinantes usados para preparação das tintas
Ovos Banha de porco