A retórica surgiu na Grécia antiga em Siracusa no século V a.C. como forma de preparar cidadãos para reivindicar suas terras e propriedades após uma revolta democrática. Dois dos primeiros e mais importantes retóricos foram Corax e seu pupilo Tísias. Posteriormente, Platão e Aristóteles refinaram a teoria retórica, com Aristóteles definindo três modos de persuasão: ethos, logos e pathos.
3. Magna Grécia (Sul da atual Itália), Cidade de
Siracusa na Sicília, Séc. V a.C.
Por volta de 485 a.C. dois tiranos (Gélon e seu irmão
Hierão) tomaram Siracusa e distribuíram terras para
seus soldados mercenários, à custa de deportações,
transferências de população e deportações.
Um terceiro irmão, Trasibulo, governou por apenas
um ano e foi destronado numa revolta popular
democrática
Surgimento
4. Com o advento da democracia surge em Siracusa,
foi preciso que os habitantes das cidade
retomassem suas antigas propriedades e seus
antigos títulos. Isso se fazia mediante as discussões
na praça pública da cidade.
Neste contexto, surgem os primeiros retóricos
importantes: Córax, preceptor, e seu pupilo Tísias.
Eles preparavam as pessoas importantes para
colocar suas reivindicações perante os demais e
retomar seus bens e terras.
Surgimento
6. Naquela época os retóricos ainda não representavam seus
clientes como advogados, mas preparavam os discursos dos
clientes e os obrigavam a decorá-los.
Córax foi o primeiro a escrever regras do discurso forense,
prevendo que ele deveria ser dividido em três partes:
proêmio, pleito e epílogo.
Assim primeiro se narrava o que havia sucedido, depois se
colocava o que o discurso buscava, e por fim se fechava a
revindicação com “chave de ouro”, ligando os fatos.
Para os retóricos “o verossímil é mais estimável que o
verdadeiro”
Surgimento
7. Os primeiros retóricos dividiram os discursos em
três tipos:
1. Forense: para ser usado no fórum, o que
seria hoje uma espécie de discurso jurídico
2. Político: para convencer os cidadãos
3. Epidíctico: de homenagens, de solenidades
Três tipos de discursos
8. Um dos principais
retóricos desse período
foi Górgias, também
Siciliano, que aprendeu
retórica na sua terra e a
levou para Atenas no
séc. IV a.C.
Os Sofistas
9. Num livro chamado “Górgias”, Platão escreve um
longo diálogo do retórico siciliano com Sócrates.
Neste diálogo, Górgias é apresentado como
adversário de Sócrates.
Enquanto Sócrates busca a “verdade” pela
“dialética”, ele acusa Górgias de buscar apenas
“efeitos sofísticos”.
Os Sofistas
10. Para Sócrates e seus seguidores, a dialética era a
forma correta da argumentação grega. Eles
utilizavam uma técnica chamada “maiêutica”, que
tinha como objetivo um jogo de oposições lógicas
(“silogismos”) para colocar o adversário em
“aporia”.
Enquanto isso, os “sofismas” eram uma forma de
enganar o adversário, fazendo vencer o argumento
mais fraco, e não o mais “verdadeiro”, por meio de
jogos de linguagem que lembravam a dialética.
Os Sofistas
11. Deus é amor.
O amor é cego.
Stevie Wonder é cego.
Conclusão: Stevie Wonder
é Deus!
Os Sofistas
Sempre me dizem que sou
um ninguém na vida.
Ninguém é perfeito.
Então, eu sou perfeito.
Mas só Deus é perfeito.
Ou seja, eu sou Deus..
Uhmmm... mas se Stevie
Wonder é Deus.
Eu sou Stevie Wonder!
Puxa vida... sou cego!!!
12. Assim, Sócrates e Platão, que escreveu seus
pensamentos, acreditam que a retórica é
uma espécie de “encantamento”, de “mágica
de feira” para atingir seu “objetivo”, e não
para atingir a “verdade”.
Ser chamado de “sofista” era uma forma de
xingamento, era como ser chamado de
mentiroso.
Os Sofistas
13. Aristóteles, discípulo de Platão, tenta
resgatar aspectos positivos da retórica,
transformando-a numa téchne, numa técnica
ou ciência, de forma a livrá-la dos efeitos
sofísticos. Para isso ele diz que a retórica
deve estar entre a poética e a fiosofia.
Retórica de Aristóteles
14. Platão e Aristóteles (detalhe de afresco
de Rafael, “Escola dos filósofos”)
Aristóteles afirma que
o discurso pode ser
dividido em três partes
quanto à sua forma de
persuasão:
EthosEthos
Logos
Pathos
Retórica de Aristóteles
15. A posição do orador: o orador deve parecer sério,
respeitável, honesto, é o lugar de onde ele fala.
São seus hábitos, sua virtude, seu caráter.
O raciocínio, a razão: os argumentos do orador
devem ser razoáveis, devem ser convincentes,
inteligíveis.
Retórica de Aristóteles
EthosEthos
Logos
16. Retórica de Aristóteles
A emotividade: a capacidade de “sentir junto” de
“compaixão” com o público que está ouvindo.
Assim, o ethos está ligado ao enunciador, o logos
ao enunciado e o pathos ao enunciatário.
Pathos
17. A retórica chega posteriormente à República Romana,
e tem em Cícero um de seus grandes expoentes.
Roma foi uma civilização de engenheiros e de
advogados, sendo que a base de seu direito civil é
usada nas das constituições modernas.
Com o fim da República e o estabelecimento do
Império em 27 a.C., com Otávio sendo declarado
Augusto, após um longo período de Guerras Civis, aos
poucos a retórica entra em declínio.
Retórica Romana
18. A partir da chamada “virada linguística”, no Séc.
XX, a filosofia não busca mais os essencialismos
metafísicos.
Desde então, os estudos da retórica vêm sendo
retomados por diferentes correntes ligadas ao
texto, à persuasão e ao discurso – que vão da
redação publicitária até as investigações da
Análise do Discurso.
Estudos Atuais