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Raimundo da Mota de Azevedo Correia , nasceu em
São Luiz , no Maranhão,em 13 de maio de 1859,foi um juiz e
poeta brasileiro.

Nasceu a bordo do navio São Luís, ancorado em águas
maranhenses. Filho de família de classe elevada, foram seus
pais o desembargador José da Mota de Azevedo Correia e
Maria Clara Vieira da Mota de Azevedo Corrêa, ambos
naturais do Maranhão.
Se a cólera que espuma, a dor que mora
N'alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse o espírito que chora,
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!
Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!
Ser moça e bela ser, por que é que lhe não basta?   Uma porção de si deixa por onde passa,
Porque tudo o que tem de fresco e virgem gasta      E, enquanto há vida ainda, esvoaça,
E destrói? Porque atrás de uma vaga esperança       esvoaça,
Fátua, aérea e fugaz, frenética se lança
                                                    Como um leve papel solto à mercê do
A voar, a voar?...
                                                    vento;
Também a borboleta, Mal rompe a ninfa,              Pousa aqui, voa além, até vir o momento
o estojo abrindo, ávida e inquieta,                 Em que de todo, enfim, se rasga e dilacera.
As antenas agita, ensaia o vôo, adeja;              ó borboleta, pára! ó mocidade, espera!
O finíssimo pó das asas espaneja;
Pouco habituada à luz, a luz logo a embriaga;
Bóia do sol na morna e rutilante vaga;
Em grandes doses bebe o azul; tonta, espairece
No éter; voa em redor, vai e vem; sobe e desce;
Torna a subir e torna a descer; e ora gira
Contra as correntes do ar, ora, incauta, se atira
Contra o tojo e os sarcais; nas puas lancinantes
Em pedaços faz logo às asas cintilantes;
Da tênue escama de ouro os resquícios
mesquinhos
Presos lhe vão ficando à ponta dos espinhos;
Vai-se a primeira pomba despertada ...
Vai-se outra mais ... mais outra ... enfim
dezenas de pombas vão-se dos
pombais, apenas raia sanguínea e fresca a
madrugada ...
E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...
Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;
No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais...
Raimundo Correia foi um dos fundadores do Sodalício Brasileiro, onde ocupou a cadeira 5, que tem por patrono Bernardo Guimarães.




   Raimundo Correia foi um dos fundadores
   do Sodalício Brasileiro, onde ocupou a
   cadeira 5, que tem por patrono Bernardo
   Guimarães.
Juiz e poeta Raimundo Correia fundador do Sodalício Brasileiro

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Juiz e poeta Raimundo Correia fundador do Sodalício Brasileiro

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  • 2. Raimundo da Mota de Azevedo Correia , nasceu em São Luiz , no Maranhão,em 13 de maio de 1859,foi um juiz e poeta brasileiro. Nasceu a bordo do navio São Luís, ancorado em águas maranhenses. Filho de família de classe elevada, foram seus pais o desembargador José da Mota de Azevedo Correia e Maria Clara Vieira da Mota de Azevedo Corrêa, ambos naturais do Maranhão.
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  • 4.
  • 5.
  • 6.
  • 7. Se a cólera que espuma, a dor que mora N'alma, e destrói cada ilusão que nasce, Tudo o que punge, tudo o que devora O coração, no rosto se estampasse; Se se pudesse o espírito que chora, Ver através da máscara da face, Quanta gente, talvez, que inveja agora Nos causa, então piedade nos causasse! Quanta gente que ri, talvez, consigo Guarda um atroz, recôndito inimigo, Como invisível chaga cancerosa! Quanta gente que ri, talvez existe, Cuja ventura única consiste Em parecer aos outros venturosa!
  • 8. Ser moça e bela ser, por que é que lhe não basta? Uma porção de si deixa por onde passa, Porque tudo o que tem de fresco e virgem gasta E, enquanto há vida ainda, esvoaça, E destrói? Porque atrás de uma vaga esperança esvoaça, Fátua, aérea e fugaz, frenética se lança Como um leve papel solto à mercê do A voar, a voar?... vento; Também a borboleta, Mal rompe a ninfa, Pousa aqui, voa além, até vir o momento o estojo abrindo, ávida e inquieta, Em que de todo, enfim, se rasga e dilacera. As antenas agita, ensaia o vôo, adeja; ó borboleta, pára! ó mocidade, espera! O finíssimo pó das asas espaneja; Pouco habituada à luz, a luz logo a embriaga; Bóia do sol na morna e rutilante vaga; Em grandes doses bebe o azul; tonta, espairece No éter; voa em redor, vai e vem; sobe e desce; Torna a subir e torna a descer; e ora gira Contra as correntes do ar, ora, incauta, se atira Contra o tojo e os sarcais; nas puas lancinantes Em pedaços faz logo às asas cintilantes; Da tênue escama de ouro os resquícios mesquinhos Presos lhe vão ficando à ponta dos espinhos;
  • 9. Vai-se a primeira pomba despertada ... Vai-se outra mais ... mais outra ... enfim dezenas de pombas vão-se dos pombais, apenas raia sanguínea e fresca a madrugada ... E à tarde, quando a rígida nortada Sopra, aos pombais de novo elas, serenas, Ruflando as asas, sacudindo as penas, Voltam todas em bando e em revoada... Também dos corações onde abotoam, Os sonhos, um por um, céleres voam, Como voam as pombas dos pombais; No azul da adolescência as asas soltam, Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam, E eles aos corações não voltam mais...
  • 10. Raimundo Correia foi um dos fundadores do Sodalício Brasileiro, onde ocupou a cadeira 5, que tem por patrono Bernardo Guimarães. Raimundo Correia foi um dos fundadores do Sodalício Brasileiro, onde ocupou a cadeira 5, que tem por patrono Bernardo Guimarães.