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Nome : _____________________________________
O golpe de estado militar do dia 25
de Abril de 1974 derrubou, num
só dia, o regime político que
vigorava em Portugal desde 1926.
Este levantamento é conhecido por
Dia D, 25 de Abril ou Revolução
dos Cravos.
"Os corações exultaram de alegria e as janelas encheram-se de bandeiras e de
cravos vermelhos: os soldados puseram cravos vermelhos nas espingardas e as
mulheres esqueceram-se do jantar e das limpezas da casa e correram para a rua
com os filhos ao colo e cravos vermelhos ao peito, chorando e rindo, comovidas
e confusas; as pessoas que tinham sido expulsas e obrigadas a refugiar-se longe
regressaram; as portas das cadeias abriram-se e os presos voltaram a casa; os
jovens vieram da guerra, felizes por estar de novo rodeados dos amigos e abraçar
os pais e os irmãos; e os meninos e as meninas puderam pela primeira vez dar as
mãos e falar e olhar-se, caminhando lado a lado sem medo de acusações nem de
castigos.”
Explica por palavras tuas a expressão: “Os corações exultaram de alegria (…)”
___________________________________________________________________________
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O que fizeram as mulheres?
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Quem é que pode regressar ao país e a casa?
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O que fizeram as meninas e os meninos pela 1ª vez?
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O Tesouro, de Manuel António Pina
(edição da Campo das Letras, com ilustrações de Evelina Oliveira).
O CRAVO
O cravo tornou-se o símbolo da Revolução de Abril de 1974.
Com o amanhecer as pessoas começaram a juntar-se nas ruas,
solidários com os soldados revoltosos. Nesse dia uma florista,
contratada para levar cravos para a abertura de um hotel, foi vista por
um soldado que pediu um cravo e o colocou na espingarda, e em
seguida todos fizeram igual. Começou a distribuir cravos vermelhos
para os soldados, que depressa os colocaram nos canos das
espingardas.
1. Ora sabemos que ela levava 25 molhos de cravos , cada um com duas dúzias de cravos.
Cada molho tinha custado 12€.
a) Quanto é custaram os 25 molhos?
b) Quantos cravos distribuiu pelos soldados?
2. Sabes indicar:
a) quantos anos esteve no poder o regime político que vigorava antes da revolução?
b) há quantos anos se deu a Revolução?
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Era uma vez um soldado chamado João.
Vinha de sachar milho, de regar cravos, de semear couves e manjericos.
Agora, toca a marchar, de espingarda ao ombro, mochila às costas, botas de cano, farda a rigor.
Pelos campos fora, o soldado João era a vergonha dos batalhões. Trazia uma flor ao peito, punha as mãos
nas algibeiras, coçava o nariz, não acertava o passo. E, para cúmulo, assobiava ou cantava modinhas da sua
aldeia.
Bem lhe ralhava o sargento, o ameaçava o capitão, o castigava o general.
O soldado João continuava a marchar, feliz e desengonçado como se fosse à feira comprar gado ou ao
mercado vender feijão.
Mas tanto, tanto marchou o soldado João que chegou à terra da guerra.
Todos os soldados carregaram as espingardas e fizeram pontaria. Mas o soldado João achou indelicado
não ir cumprimentar os colegas da outra banda. Pousou a arma, saltou a trincheira, avançou estendendo a
mão.
Então os outros soldados, espantados, estenderam a mão.
- Fogo! - gritava o sargento.
- Disparem! - mandava o capitão.
- Atirem! - ordenava o general.
Mas os soldados eram tantos que demorava muito tempo a cumprimentá-los.
Foi o sargento buscar o soldado João, dizendo:
- Rapaz, não te lembras de que te ensinei que a guerra é para matar?
Vou pôr-te a corneteiro, já que não tens jeito para atirador.
O soldado João pegou na corneta, ei-lo a soprar e logo o fandango ecoou pelos campos fora, convidando à
dança.
Sapateava a tropa, rodopiava, batia palmas.
- Alto! - gritava o sargento.
- Basta! - mandava o capitão.
- Parem! - ordenava o general.
Arrancou o sargento a corneta ao soldado João e, zangado, explodiu:
- Vais para cozinheiro do exército. Ao menos não empatarás a guerra.
Mal chegou à cozinha, foi buscar café.
Arrastava pelas fileiras, fumegando, o enorme panelão, apetitoso, perfumado.
Aproximava-se de cada soldado, tirava-lhe o capacete, para fazer de malga, despejava-lhe uma concha de
café. Amigos e inimigos, todos se deliciavam com tão inesperado pequeno-almoço.
-Ao vosso lugar! - gritava o sargento.
- A postos! - mandava o capitão.
- Perfilar! - ordenava o general.
Tiraram a panela ao soldado João, enrolaram-no numa bandeira da cruz vermelha, dizendo:
- Já não és atirador, nem corneteiro, nem cozinheiro. Daqui por diante és enfermeiro militar.
Mal se viu na nova função, ei-lo a correr à procura de feridos.
Viu um tenente com um olho negro e foi tratá-lo.
Viu um furriel com uma picada de abelha e num instante lhe arrancou o ferrão.
Notou que os generais inimigos coxeavam ligeiramente, descalçou-lhes as botas e pôs-se a tirar-lhes os
calos.
Então o incrível aconteceu. Os dois generais levantaram-se ao mesmo tempo e condecoraram-no com
duas luzentes medalhas de ouro.
Como era de noite, acharam que já passara o tempo da guerra, apertaram as mãos e partiram em paz.
O soldado João sete dias andou até chegar à sua aldeia, onde de novo sacha milho, rega cravos, semeia
couves e manjericos.

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  • 1. Nome : _____________________________________ O golpe de estado militar do dia 25 de Abril de 1974 derrubou, num só dia, o regime político que vigorava em Portugal desde 1926. Este levantamento é conhecido por Dia D, 25 de Abril ou Revolução dos Cravos.
  • 2. "Os corações exultaram de alegria e as janelas encheram-se de bandeiras e de cravos vermelhos: os soldados puseram cravos vermelhos nas espingardas e as mulheres esqueceram-se do jantar e das limpezas da casa e correram para a rua com os filhos ao colo e cravos vermelhos ao peito, chorando e rindo, comovidas e confusas; as pessoas que tinham sido expulsas e obrigadas a refugiar-se longe regressaram; as portas das cadeias abriram-se e os presos voltaram a casa; os jovens vieram da guerra, felizes por estar de novo rodeados dos amigos e abraçar os pais e os irmãos; e os meninos e as meninas puderam pela primeira vez dar as mãos e falar e olhar-se, caminhando lado a lado sem medo de acusações nem de castigos.” Explica por palavras tuas a expressão: “Os corações exultaram de alegria (…)” ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ O que fizeram as mulheres? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ Quem é que pode regressar ao país e a casa? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ O que fizeram as meninas e os meninos pela 1ª vez? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ O Tesouro, de Manuel António Pina (edição da Campo das Letras, com ilustrações de Evelina Oliveira).
  • 3. O CRAVO O cravo tornou-se o símbolo da Revolução de Abril de 1974. Com o amanhecer as pessoas começaram a juntar-se nas ruas, solidários com os soldados revoltosos. Nesse dia uma florista, contratada para levar cravos para a abertura de um hotel, foi vista por um soldado que pediu um cravo e o colocou na espingarda, e em seguida todos fizeram igual. Começou a distribuir cravos vermelhos para os soldados, que depressa os colocaram nos canos das espingardas. 1. Ora sabemos que ela levava 25 molhos de cravos , cada um com duas dúzias de cravos. Cada molho tinha custado 12€. a) Quanto é custaram os 25 molhos? b) Quantos cravos distribuiu pelos soldados? 2. Sabes indicar: a) quantos anos esteve no poder o regime político que vigorava antes da revolução? b) há quantos anos se deu a Revolução?
  • 4. ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________
  • 5. Era uma vez um soldado chamado João. Vinha de sachar milho, de regar cravos, de semear couves e manjericos. Agora, toca a marchar, de espingarda ao ombro, mochila às costas, botas de cano, farda a rigor. Pelos campos fora, o soldado João era a vergonha dos batalhões. Trazia uma flor ao peito, punha as mãos nas algibeiras, coçava o nariz, não acertava o passo. E, para cúmulo, assobiava ou cantava modinhas da sua aldeia. Bem lhe ralhava o sargento, o ameaçava o capitão, o castigava o general. O soldado João continuava a marchar, feliz e desengonçado como se fosse à feira comprar gado ou ao mercado vender feijão. Mas tanto, tanto marchou o soldado João que chegou à terra da guerra. Todos os soldados carregaram as espingardas e fizeram pontaria. Mas o soldado João achou indelicado não ir cumprimentar os colegas da outra banda. Pousou a arma, saltou a trincheira, avançou estendendo a mão. Então os outros soldados, espantados, estenderam a mão. - Fogo! - gritava o sargento. - Disparem! - mandava o capitão. - Atirem! - ordenava o general. Mas os soldados eram tantos que demorava muito tempo a cumprimentá-los. Foi o sargento buscar o soldado João, dizendo: - Rapaz, não te lembras de que te ensinei que a guerra é para matar? Vou pôr-te a corneteiro, já que não tens jeito para atirador. O soldado João pegou na corneta, ei-lo a soprar e logo o fandango ecoou pelos campos fora, convidando à dança. Sapateava a tropa, rodopiava, batia palmas. - Alto! - gritava o sargento. - Basta! - mandava o capitão. - Parem! - ordenava o general. Arrancou o sargento a corneta ao soldado João e, zangado, explodiu: - Vais para cozinheiro do exército. Ao menos não empatarás a guerra. Mal chegou à cozinha, foi buscar café. Arrastava pelas fileiras, fumegando, o enorme panelão, apetitoso, perfumado. Aproximava-se de cada soldado, tirava-lhe o capacete, para fazer de malga, despejava-lhe uma concha de café. Amigos e inimigos, todos se deliciavam com tão inesperado pequeno-almoço. -Ao vosso lugar! - gritava o sargento. - A postos! - mandava o capitão. - Perfilar! - ordenava o general. Tiraram a panela ao soldado João, enrolaram-no numa bandeira da cruz vermelha, dizendo: - Já não és atirador, nem corneteiro, nem cozinheiro. Daqui por diante és enfermeiro militar. Mal se viu na nova função, ei-lo a correr à procura de feridos. Viu um tenente com um olho negro e foi tratá-lo. Viu um furriel com uma picada de abelha e num instante lhe arrancou o ferrão. Notou que os generais inimigos coxeavam ligeiramente, descalçou-lhes as botas e pôs-se a tirar-lhes os calos. Então o incrível aconteceu. Os dois generais levantaram-se ao mesmo tempo e condecoraram-no com duas luzentes medalhas de ouro. Como era de noite, acharam que já passara o tempo da guerra, apertaram as mãos e partiram em paz. O soldado João sete dias andou até chegar à sua aldeia, onde de novo sacha milho, rega cravos, semeia couves e manjericos.