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Dos pratos típicos aos rituais…
A PÁSCOA na Europa
Se são cada vez menos as pessoas que ainda seguem à risca o jejum imposto no
período da Quaresma (não comer carne na Sexta Feira Santa), o mesmo não se pode
dizer das tradições gastronómicas associadas à Páscoa, a festa mais importante do
mundo cristão. Com origem no hebraico Peseach, a Páscoa começou por ser uma
festa judia e significa passagem ou transição. A Páscoa cristã é uma adaptação das
celebrações judaicas, em que se celebra a libertação do povo Judeu e a passagem
para a Terra Prometida com a travessia do Mar Vermelho, liderada por Moisés. Para
os primeiros cristãos, a data celebrava a ressurreição de Jesus Cristo e a semana
anterior à Páscoa é considerada a Semana Santa, que tem início no Domingo de
Ramos, que marca a entrada de Jesus em Jerusalém.
Em Portugal, a festa comemorativa da morte e Ressurreição de Jesus Cristo
está associada a vários costumes que ainda se mantêm e que incluem comer cabrito
assado no forno e como sobremesas as amêndoas, os ovos de chocolate e o folar.
Na Páscoa, a tradição manda comer cordeiro assado
no forno. O cordeiro simboliza Cristo, filho e cordeiro de
Deus, sacrificado em prol do rebanho (humanidade).
Folar, o rei da Páscoa: Este bolo de massa seca
condimentado com canela e erva-doce representa na
prática um ritual de dádiva, solidariedade e convívio muito
enraizado na cultura portuguesa. Faz parte da tradição oferecer uma prenda aos
afilhados e os padrinhos e madrinhas têm por hábito oferecer um folar, amêndoas
ou dinheiro. Normalmente o folar é decorado com ovos cozidos inteiros no topo e
simboliza a vida e a fertilidade.
Amêndoas de Páscoa: Manda a tradição que os padrinhos ofereçam aos
afilhados amêndoas, um dos símbolos da festa pascal. Por sua vez, os afilhados
devem oferecer uma espiga aos padrinhos no Domingo de Ramos. Em vez de dar ou
receber o folar, também se diz dar ou receber amêndoas.
Espanha
A tradição da semana sagrada em Espanha é fora do comum. As pessoas
usam capuz e carregam tochas durante uma procissão e recriam diversas cenas da
vida de Cristo na rua (especialmente em cidades do Sul de Espanha como Granada,
Málaga e Sevilha), esta é uma das maiores tradições religiosas. Alguns dos pratos
tradicionais espanhóis são a Torrija (fatias de pão frito cozinhado numa panela com
azeite, leite, vinho, mel, ovos e diversas especiarias), a sopa de alho, pratos de peixe
e doces como Buñuelos e a La Mona de Pascoa (um bolo tradicional da Catalunha,
decorado com lascas de amêndoa, ovos
cozidos coloridos e outras decorações de
Páscoa).
França
Em França os sinos das igrejas não tocam entre a Sexta-
Feira da Paixão e o Domingo de Páscoa. Segundo a lenda,
os sinos voam para Roma e, no caminho de volta, deixam
cair os ovos que as crianças devem encontrar no Domingo.
As crianças belgas fazem, inclusive, ninhos de palha para
estes ovos.
Inglaterra
Na primeira segunda-feira após a Páscoa, os residentes de Hallaton e de
Medbourne’s jogam um jogo cujo objetivo é o de carregar barris de cerveja até à
aldeia rival, separados por dois córregos- ao estilo da luta livre, uma vez que só não
vale colocar dedos nos olhos do adversário, estrangulá-lo ou usar armas. O Carneiro
de Primavera Assado é um prato tradicional e os brownies de ovos (ovos de
chocolate recheados com creme) são uma sobremesa fantástica.
Suíça
Na Suíça, não poderia faltar chocolate nas
comemorações de Páscoa. “Os coelhos de
chocolate são escondidos dentro de casa e as crianças devem procurá-los,
acreditando que quem os levou foi a coelhinha da Páscoa”.
Bulgária
A tradição diz que os búlgaros têm de comer o típico Kolache ou Kozunak, pequenos
pães, especialmente decorados por um número ímpar de ovos vermelhos. Os pães e
ovos são abençoados durante as celebrações e
depois oferecidos aos familiares e amigos que
entregam dinheiro em troca, para demonstrar a
sua gratidão. Os ovos são depois esmagados após
a missa da meia-noite e o primeiro ovo a ser
comido deve ser partido numa parede da igreja.
Após o almoço de Páscoa, toda a gente joga o “Partir da Boa Sorte”, cada pessoa
escolhe um ovo para bater nos ovos das outras pessoas: quem chegar ao fim com
um ovo inteiro após todos os outros estarem partidos terá um ano cheio de sorte.
Finlândia
Aqui a Páscoa é muito parecida com o Halloween, as crianças saem à rua com as
suas máscaras e pedem doces aos vizinhos. No
que diz respeito à gastronomia típica desta altura
do ano, os finlandeses costumam comer mämmi,
um pudim fervido no forno, temperado com
malte. Nesta altura, as refeições são compostas
por carneiro, galinha, ovos e outros pratos tradicionais como pasha, kulitsa e baba,
introduzida na gastronomia finlandesa pela comunidade ortodoxa grega na
Finlândia Oriental. Para a sobremesa, as crianças esperam ansiosamente pelo
Mignon, cascas de ovo verdadeiras recheadas de chocolate.
Suécia
Tal como na Finlândia, a Páscoa na Suécia é igual ao Halloween. Na terça-feira Santa,
as crianças mascaram-se e vão para as ruas pedir doces. Os suecos gostam de criar
os seus próprios ovos da Páscoa de papel, enchendo-os com chocolates e doces. O
tradicional almoço de Páscoa é composto por
arenque, salmão curado, queijos, ovos, pães e
Janssons Frestelse e bebidas como Schnapps (um
brandy temperado) e Påskmust (um tipo de
refrigerante com especiarias). Ao jantar, os
suecos comem carneiro assado com batata
gratinada.
Polónia
Na Polónia, um carneiro feito de manteiga é usado como decoração. Para a missa de
domingo, as famílias levam um cesto de ovos cozidos e outros ingredientes para
serem abençoados nas Igreja. A tradição polaca dita ainda que as pessoas devem
trocar pisankis (ovos de galinha decorados que são
vistos como amuletos de boa sorte simbolizando
amor, fertilidade e fortuna). Em termos de
gastronomia tradicional, os polacos comem Pasha, um
bolo tradicional, e Mazurek um bolo coberto por
geleia e chocolate.
Lenda do Folar da Páscoa
A lenda do folar da Páscoa é tão antiga que se desconhece a sua data de origem.
Reza a lenda que, numa aldeia portuguesa, vivia uma jovem chamada Mariana
que tinha como único desejo na vida o de casar cedo. Tanto rezou a Santa Catarina
que a sua vontade se realizou e logo lhe surgiram dois pretendentes: um fidalgo rico
e um lavrador pobre, ambos jovens e belos. A jovem voltou a pedir ajuda a Santa
Catarina para fazer a escolha certa. Enquanto estava concentrada na sua oração,
bateu à porta Amaro, o lavrador pobre, a pedir-lhe uma resposta e marcando-lhe
como data limite o Domingo de Ramos. Passado pouco tempo, naquele mesmo dia,
apareceu o fidalgo a pedir-lhe também uma decisão. Mariana não sabia o que fazer.
Chegado o Domingo de Ramos, uma vizinha foi muito aflita avisar Mariana que o
fidalgo e o lavrador se tinham encontrado a caminho da sua casa e que, naquele
momento, travavam uma luta de morte. Mariana correu até ao lugar onde os dois se
defrontavam e foi então que, depois de pedir ajuda a Santa Catarina, Mariana soltou
o nome de Amaro, o lavrador pobre.
Na véspera do Domingo de Páscoa, Mariana andava atormentada, porque lhe
tinham dito que o fidalgo apareceria no dia do casamento para matar Amaro.
Mariana rezou a Santa Catarina e a imagem da Santa, ao que parece, sorriu-lhe. No
dia seguinte, Mariana foi pôr flores no altar da Santa e, quando chegou a casa,
verificou que, em cima da mesa, estava um grande bolo com ovos inteiros, rodeado
de flores, as mesmas que Mariana tinha posto no altar. Correu para casa de Amaro,
mas encontrou-o no caminho e este contou-lhe que também tinha recebido um
bolo semelhante. Pensando ter sido ideia do fidalgo, dirigiram-se a sua casa para lhe
agradecer, mas este também tinha recebido o mesmo tipo de bolo. Mariana ficou
convencida de que tudo tinha sido obra de Santa Catarina.
Inicialmente chamado de folore, o bolo veio, com o tempo, a ficar conhecido
como folar e tornou-se numa tradição que celebra a amizade e a reconciliação.
Durante as festividades cristãs da Páscoa, os afilhados costumam levar, no Domingo
de Ramos, um ramo de violetas à madrinha de batismo e esta, no Domingo de
Páscoa, oferece-lhe em retribuição um folar.

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As tradições da Páscoa na Europa

  • 1. Dos pratos típicos aos rituais… A PÁSCOA na Europa Se são cada vez menos as pessoas que ainda seguem à risca o jejum imposto no período da Quaresma (não comer carne na Sexta Feira Santa), o mesmo não se pode dizer das tradições gastronómicas associadas à Páscoa, a festa mais importante do mundo cristão. Com origem no hebraico Peseach, a Páscoa começou por ser uma festa judia e significa passagem ou transição. A Páscoa cristã é uma adaptação das celebrações judaicas, em que se celebra a libertação do povo Judeu e a passagem para a Terra Prometida com a travessia do Mar Vermelho, liderada por Moisés. Para os primeiros cristãos, a data celebrava a ressurreição de Jesus Cristo e a semana anterior à Páscoa é considerada a Semana Santa, que tem início no Domingo de Ramos, que marca a entrada de Jesus em Jerusalém. Em Portugal, a festa comemorativa da morte e Ressurreição de Jesus Cristo está associada a vários costumes que ainda se mantêm e que incluem comer cabrito assado no forno e como sobremesas as amêndoas, os ovos de chocolate e o folar. Na Páscoa, a tradição manda comer cordeiro assado no forno. O cordeiro simboliza Cristo, filho e cordeiro de Deus, sacrificado em prol do rebanho (humanidade). Folar, o rei da Páscoa: Este bolo de massa seca condimentado com canela e erva-doce representa na prática um ritual de dádiva, solidariedade e convívio muito
  • 2. enraizado na cultura portuguesa. Faz parte da tradição oferecer uma prenda aos afilhados e os padrinhos e madrinhas têm por hábito oferecer um folar, amêndoas ou dinheiro. Normalmente o folar é decorado com ovos cozidos inteiros no topo e simboliza a vida e a fertilidade. Amêndoas de Páscoa: Manda a tradição que os padrinhos ofereçam aos afilhados amêndoas, um dos símbolos da festa pascal. Por sua vez, os afilhados devem oferecer uma espiga aos padrinhos no Domingo de Ramos. Em vez de dar ou receber o folar, também se diz dar ou receber amêndoas. Espanha A tradição da semana sagrada em Espanha é fora do comum. As pessoas usam capuz e carregam tochas durante uma procissão e recriam diversas cenas da vida de Cristo na rua (especialmente em cidades do Sul de Espanha como Granada, Málaga e Sevilha), esta é uma das maiores tradições religiosas. Alguns dos pratos tradicionais espanhóis são a Torrija (fatias de pão frito cozinhado numa panela com azeite, leite, vinho, mel, ovos e diversas especiarias), a sopa de alho, pratos de peixe e doces como Buñuelos e a La Mona de Pascoa (um bolo tradicional da Catalunha, decorado com lascas de amêndoa, ovos cozidos coloridos e outras decorações de Páscoa).
  • 3. França Em França os sinos das igrejas não tocam entre a Sexta- Feira da Paixão e o Domingo de Páscoa. Segundo a lenda, os sinos voam para Roma e, no caminho de volta, deixam cair os ovos que as crianças devem encontrar no Domingo. As crianças belgas fazem, inclusive, ninhos de palha para estes ovos. Inglaterra Na primeira segunda-feira após a Páscoa, os residentes de Hallaton e de Medbourne’s jogam um jogo cujo objetivo é o de carregar barris de cerveja até à aldeia rival, separados por dois córregos- ao estilo da luta livre, uma vez que só não vale colocar dedos nos olhos do adversário, estrangulá-lo ou usar armas. O Carneiro de Primavera Assado é um prato tradicional e os brownies de ovos (ovos de chocolate recheados com creme) são uma sobremesa fantástica.
  • 4. Suíça Na Suíça, não poderia faltar chocolate nas comemorações de Páscoa. “Os coelhos de chocolate são escondidos dentro de casa e as crianças devem procurá-los, acreditando que quem os levou foi a coelhinha da Páscoa”. Bulgária A tradição diz que os búlgaros têm de comer o típico Kolache ou Kozunak, pequenos pães, especialmente decorados por um número ímpar de ovos vermelhos. Os pães e ovos são abençoados durante as celebrações e depois oferecidos aos familiares e amigos que entregam dinheiro em troca, para demonstrar a sua gratidão. Os ovos são depois esmagados após a missa da meia-noite e o primeiro ovo a ser comido deve ser partido numa parede da igreja. Após o almoço de Páscoa, toda a gente joga o “Partir da Boa Sorte”, cada pessoa escolhe um ovo para bater nos ovos das outras pessoas: quem chegar ao fim com um ovo inteiro após todos os outros estarem partidos terá um ano cheio de sorte. Finlândia Aqui a Páscoa é muito parecida com o Halloween, as crianças saem à rua com as suas máscaras e pedem doces aos vizinhos. No que diz respeito à gastronomia típica desta altura do ano, os finlandeses costumam comer mämmi, um pudim fervido no forno, temperado com malte. Nesta altura, as refeições são compostas
  • 5. por carneiro, galinha, ovos e outros pratos tradicionais como pasha, kulitsa e baba, introduzida na gastronomia finlandesa pela comunidade ortodoxa grega na Finlândia Oriental. Para a sobremesa, as crianças esperam ansiosamente pelo Mignon, cascas de ovo verdadeiras recheadas de chocolate. Suécia Tal como na Finlândia, a Páscoa na Suécia é igual ao Halloween. Na terça-feira Santa, as crianças mascaram-se e vão para as ruas pedir doces. Os suecos gostam de criar os seus próprios ovos da Páscoa de papel, enchendo-os com chocolates e doces. O tradicional almoço de Páscoa é composto por arenque, salmão curado, queijos, ovos, pães e Janssons Frestelse e bebidas como Schnapps (um brandy temperado) e Påskmust (um tipo de refrigerante com especiarias). Ao jantar, os suecos comem carneiro assado com batata gratinada. Polónia Na Polónia, um carneiro feito de manteiga é usado como decoração. Para a missa de domingo, as famílias levam um cesto de ovos cozidos e outros ingredientes para serem abençoados nas Igreja. A tradição polaca dita ainda que as pessoas devem trocar pisankis (ovos de galinha decorados que são vistos como amuletos de boa sorte simbolizando amor, fertilidade e fortuna). Em termos de gastronomia tradicional, os polacos comem Pasha, um bolo tradicional, e Mazurek um bolo coberto por geleia e chocolate.
  • 6. Lenda do Folar da Páscoa A lenda do folar da Páscoa é tão antiga que se desconhece a sua data de origem. Reza a lenda que, numa aldeia portuguesa, vivia uma jovem chamada Mariana que tinha como único desejo na vida o de casar cedo. Tanto rezou a Santa Catarina que a sua vontade se realizou e logo lhe surgiram dois pretendentes: um fidalgo rico e um lavrador pobre, ambos jovens e belos. A jovem voltou a pedir ajuda a Santa Catarina para fazer a escolha certa. Enquanto estava concentrada na sua oração, bateu à porta Amaro, o lavrador pobre, a pedir-lhe uma resposta e marcando-lhe como data limite o Domingo de Ramos. Passado pouco tempo, naquele mesmo dia, apareceu o fidalgo a pedir-lhe também uma decisão. Mariana não sabia o que fazer. Chegado o Domingo de Ramos, uma vizinha foi muito aflita avisar Mariana que o fidalgo e o lavrador se tinham encontrado a caminho da sua casa e que, naquele momento, travavam uma luta de morte. Mariana correu até ao lugar onde os dois se defrontavam e foi então que, depois de pedir ajuda a Santa Catarina, Mariana soltou o nome de Amaro, o lavrador pobre. Na véspera do Domingo de Páscoa, Mariana andava atormentada, porque lhe tinham dito que o fidalgo apareceria no dia do casamento para matar Amaro. Mariana rezou a Santa Catarina e a imagem da Santa, ao que parece, sorriu-lhe. No dia seguinte, Mariana foi pôr flores no altar da Santa e, quando chegou a casa, verificou que, em cima da mesa, estava um grande bolo com ovos inteiros, rodeado de flores, as mesmas que Mariana tinha posto no altar. Correu para casa de Amaro, mas encontrou-o no caminho e este contou-lhe que também tinha recebido um bolo semelhante. Pensando ter sido ideia do fidalgo, dirigiram-se a sua casa para lhe agradecer, mas este também tinha recebido o mesmo tipo de bolo. Mariana ficou convencida de que tudo tinha sido obra de Santa Catarina.
  • 7. Inicialmente chamado de folore, o bolo veio, com o tempo, a ficar conhecido como folar e tornou-se numa tradição que celebra a amizade e a reconciliação. Durante as festividades cristãs da Páscoa, os afilhados costumam levar, no Domingo de Ramos, um ramo de violetas à madrinha de batismo e esta, no Domingo de Páscoa, oferece-lhe em retribuição um folar.