O documento discute como os seres humanos percebem o espaço geográfico através de seus sentidos e como essas percepções são influenciadas pela cultura e ambiente. As capacidades sensoriais como visão, olfato, audição e tato são usadas para experienciar lugares, embora a apreciação desses lugares possa ser superficial em ritmos acelerados. Conceitos como topofilia, topofobia e topocídio também são abordados no contexto da percepção humana do espaço.
48. REFERÊNCIAS
SUERTEGARAY, D. M. A. Geografia e
trabalho de Campo. In: Geografia Física
Geomorfologia: uma (re)leitura. Ijuí: Editora
da UNIJUI, 2002.
TUAN, Yi Fu. Topofilia. Um estudo da
percepção, atitudes e valores do meio
ambiente. São Paulo/Rio de Janeiro:
Difusão Editorial, 1980.
Notas do Editor
O próprio caminhar adquire uma densidade de significado e uma estabilidade que são traços característicos do lugar” (Tuan, 1980:200).
Segundo Relph (1979), os lugares que conhecemos e gostamos são todos lugares únicos e suas particularidades são determinadas por suas paisagens e espaços individuais e por nossos cuidados e responsabilidades, ou ainda por nosso desgosto por eles. Quando um grupo cria afetividade ao espaço e ele adquire um valor, um significado, este espaço passa a ser um lugar. Lugar é a porção do espaço apropriável para a vida, que é vivido, reconhecido e cria identidade. Com o passar do tempo, alguns espaços passarão a ser lugares, com aura e identidades próprias por meio da mediação estabelecida pelos símbolos que inscrevemos em suas paisagens. Esses lugares portanto, são dotados de subjetividades. O seu significado, o seu valor, seus símbolos, são diferenciados pelos diversos grupos ou indivíduos.
Conforme a intensidade das experiências vividas pelas pessoas de um determinado lugar, elas poderão ter os sentimentos de topofilia, ou seja, de amor ao lugar, ou de amor ao lugar, ou de topofobia, isto é, de repulsa, de medo ou ódio ao lugar e interferir de forma topocídica (destruição do lugar) ou de topo-reabilitação. (recuperação do lugar). : 41.
Quando olhamos uma cena panorâmica nossos olhos se detêm em pontos de interesse, podemos deliberadamente procurar um referencial, ou um aspecto no horizonte pode ser tão notável que chama nossa atenção. Entretanto, muitos lugares, altamente significantes para certos indivíduos e grupos, tem pouca notoriedade visual. São conhecidos emocionalmente, e não através do olho crítico ou da mente (TUAN, 1983).
O referenciais podem ser, dentre outros, fragmentos da história de um bairro, produto da reivindicação de seus moradores, espaços públicos, locais de passagem, vias de acesso, estabelecimentos comerciais: lugares que o tempo transformou em espaços-vividos, conhecidos, cheios de significado. Assim, estes referenciais resultam da vivência consolidada através do acréscimo de sentimento “topofílico” ao longo dos anos e enquanto componentes experienciad0os do espaço pelos moradores com maior intensidade; se restaurados, podem reforçar a identidade.
Todas as paisagens são simbólicas , este simbolismo muitas vezes encontra-se inaparente, mas ainda serve ao propósito de reproduzir normas culturais e estabelecer os valores dos grupos dominantes por toda uma sociedade. (COSGROVE, 1998). Todas as paisagens possuem significados simbólicos porque são o produto da transformação do meio ambiente pelo homem. Os múltiplos significados das paisagens simbólicas aguardam decodificação geográfica. No ato de representar uma paisagem, palavras escritas e mapas que são códigos simbólicos, são as principais ferramentas do nosso ofício. Examiná-las e decodificá-las nos permite refletir sobre nossos próprios papéis para reproduzir a cultura e a geografia humana no nosso mundo diário. A geografia está em toda parte, reproduzida diariamente por cada um de nós.