2. DIVERSIDADE CULTURAL.A diversidade cultural é o mais surpreendente património da humanidade. Os diferentes modos de pensar e agir no mundo, expressos nas artes, nos mitos, nas formas do trabalho, da comunicação, revelam como a extraordinária unidade biológica do homem associa-se à pluralidade cultural. Diversidade cultural é a expressão mais radical da condição criadora e transformadora do ser humano. A DECLARAÇÃO E A CONVENÇÃO QUE DEFENDEM A DIVERSIDADE CULTURAL: Existem dois instrumentos políticos e jurídicos que são de grande importância para a defesa da diversidade cultural: - Declaração Sobre a Diversidade Cultural votada e adoptada em 2001 por todos os países membros da Unesco. Esta Declaração mostra a diversidade cultural como património de toda a humanidade, e aponta a necessidade do respeito às diferenças entre as manifestações culturais de diferentes povos. - Convenção Internacional para a Protecção e Promoção da Diversidade dos conteúdos Culturais e Expressões Artísticas. ARTIGO 1.º- Objectivos É um documento que regula a protecção e a promoção da diversidade cultural no mundo. 151 países membros da Unesco, concordaram e se comprometeram-se a defender e incentivar a diversidade cultural em seus territórios e fora deles.
3. PATRIMÓNIO COMUM vs DIVERSIDADE CULTURAL ARTIGO 4-º- Definições A diversidade cultural apresenta um duplo desafio: assegurar a co-existência harmoniosa entre indivíduos e grupos de culturas diferentes enquanto defende a criatividade por meio de inúmeras expressões de culturas de todos os países, estas denominadas como "criação contemporânea" e "património cultural". Essa diversidade se manifesta na originalidade e na pluralidade de identidades que caracterizam os grupos e as sociedades que compõem a humanidade. Fonte de intercâmbios, de inovação e de criatividade, a diversidade cultural é tão necessária para o género humano, quanto a diversidade biológica o é para a natureza. Nesse sentido, constitui o património comum da humanidade e deve ser reconhecida e consolidada em beneficio das gerações presentes e futuras.
4. Uma pequena história de uma triboARTIGO 7.º- MEDIDAS PARA PROMOVER AS EXPRESSÕES CULTURAISARTIGO 8-º- MEDIDAS PARA PROTEGER AS EXPRESSÕES CULTURAIS Kiririzando...um dia em uma tribo indígena Um dia em uma tribo indígena parece pouco, não é? Aposto que você deve estar a pensar “ um dia não é nada...” Bem, um dia em uma tribo indígena é muita coisa. Kiriri é uma tribo indígena, situada em Mirandela, município de Banzaê a cerca de 300 km de Salvador. Para mim, de fato, uma viagem se inicia quando eu começo a imaginar o que está pela frente, o que me espera ao longo do caminho, bem antes de chegar ao destino. Não sei se para vocês, leitores é assim também. No primeiro quilómetro percebi que, até a chegada na tribo, a viagem seria boa, devido as boas e divertidas companhias que comigo viajavam e que, em suas mentes com certeza, viviam muitas expectativas também. Depois de muitas horas de “causas”, piadas informações avistamos finalmente, a Aldeia Kiriri. Ao chegarmos fomos recebidos pelo Cacique que, sentado, demonstrava toda a incrível tranquilidade do lugar. Poucos índios por perto, uma praça imensa com muitas árvores verdes e secas, muitas casas ao redor e uma igreja. Cenário típico de uma cidadezinha do interior. Eu, ainda curiosa com o lugar tão imaginado e esperado, fiquei só observando a paisagem e escutando a conversa do Cacique e os nossos professores. Finalmente, pela primeira vez eu estava tão próxima de um índio de verdade. Conversa vai, conversa vem e depois de muitas novidades começamos a organizar uma espécie de exposição fotográfica em homenagem aos índios Kiriri. As fotos tiradas anteriormente pelo professor Menadro mostravam através de belas imagens os índios e um pouco de sua cultura. Após, a exposição ficou permanente para que eles pudessem se reconhecer em cada imagem.
5. Continuação da história de uma tribo A noite foi se aproximando, o calor continuava forte e o céu que estava tão claro, foi ficando escuro, mudando toda aquela paisagem de muitos matos secos e retorcidos; alguns verdes e mais ao fundo um vale montanhoso. A primeira impressão foi de uma cidade comum como qualquer outra. A diferença estava no seu povo que parecia não querer muita conversa com os forasteiros.(nós). Entretanto, à noite, eles foram aparecendo aos poucos, muitos poucos. O nosso contacto, naquelas primeiras horas em terra indígena, foi basicamente com o Cacique Lázaro, seu genro Ademar e sua filha Maria, além dos seus netos e algumas crianças que se aproximavam curiosas. Mais tarde, lá pelas 20 horas, o cacique conversou connosco sobre a aldeia, os seus costumes, sobrevivência e esclareceu muitas de nossas curiosidades, dando uma aula pública e descontraída ao luar, na escadaria da igreja. Uma aula que vai ficar para sempre em minha memória. Finalizada a conversa com o Cacique, cansados fomos dormir no “hotel de todas as estrelas”, como disse o Prof. Meandro. Dormimos ao ar livre, sobre a escadaria da igreja, por opção nossa. Bem, de agradecer o acolhimento, de despedir da tribo e da viagem. Lugar que ficará em minha mente por muito tempo pela beleza, pelo diferente, pelo novo aprendizado. Posso dizer que, acima de tudo, fica a imagem de um povo aparentemente pacato, observador e pouco comunicativo (talvez pela história não muito amigável com os brancos). Fica na memória as palavras sábias do cacique sobre o amor, a forma como eles se mantêm unidos, as histórias de lutas pela sua terra, hoje demarcada pela Funai. Fica, também, a impressão de um povo maltratado pela sua história, mas feliz pelas suas conquistas e orgulhosos do lugar que possuem hoje. Saudade e a perspectiva de voltar novamente algum dia para a aldeia