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REDUÇÃO DE DANOS EM
SAÚDE MENTAL E CLÍNICA
      AMPLIADA

      CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO EM
      SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO
      PSICOSSOCIAL

      Profª: Sandra Nunes
Plano de Curso
   2


                            OBJETIVOS

           Permitir ao aluno a apropriação de
            conhecimentos atualizados acerca do
            problema referente ao uso e abuso de drogas
            e álcool no Brasil e levá-lo a familiarizar-se
            com a o paradigma da Redução de Danos,
            entendido como estratégia eficiente e
            humanizada para lidar com o usuários de
            substâncias psicoativas.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
   3

I. DROGA E ÁLCOOL: CONDICIONANTES DO USO E ABUSO
 Fatores individuais, bioquímicos e contextuais

 Contexto do agravamento do problema com as drogas no cenário brasileiro

 Drogas e álcool como produção de subjetividade na sociedade do consumo

 Uso e abuso: Definições




II. CENÁRIO DO USO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS
 Consumo de álcool no Brasil

 Uso de drogas na população brasileira




III. PARADIGMAS DO ATENDIMENTO AO USUÁRIO DE DROGAS E ÁLCOOL
 Paradigma da abstinência: O modelo de doença e o modelo de auto-ajuda

 Redução de Danos: Novo paradigma ético, clínico e político da política
     pública de saúde.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
                         (continuação)
   4


IV. REDUÇÃO DE DANOS
 Definição, Princípios Universais e Contexto Histórico de surgimento

 Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários de
   Álcool e Outras Drogas (MS, 2004)
 Reforma Psiquiátrica no Brasil
 CAPS e Rede Básica de Saúde: Rede de Atenção à Saúde Mental

 Álcool e Crack: Redução de Danos



V. CLÍNICA AMPLIADA
 Definição e premissas

 Enfrentamento de uma clínica ainda hegemônica
 Propostas da Clínica Ampliada



VI. RELATOS DE EXPERIÊNCIAS
AVALIAÇÃO
   5


           Ao longo do processo: 8 Perguntas referentes
            aos conteúdos ministrados serão lançadas
            durante as aulas. Devem ser respondidas por
            escrito e entregues à professora e
            compartilhadas com os colegas. Valor: 4
            pontos

           Ao final do Curso: Apresentação de relatos de
            experiências e descrição de impressões,
            críticas e seus principais aprendizados em
            relação à estratégia de redução de danos.
Drogas e Álcool
   6

       Que ideias e imagens lhe vêm à cabeça quando
        você pensa em usuários de drogas?

       De que drogas você mais lembra? Que histórias de
        vidas aparecem associadas a essas drogas?

       Você conhece(u) alguém que usa drogas que ilustra
        essas histórias?

       E quanto ao usuário de álcool?
Será que este é um problema
                individual??
   7
Condição de Vulnerabilidade
   8


          TODAS AS PESSOAS ESTÃO SOB O
        MESMO RISCO DE CONSUMIR DROGAS E
           TORNAREM-SE DEPENDENTES?

           Idade, histórico
         familiar, condições
        genéticas, condições
         concretas de vida,
         acessibilidade aos
         serviços de saúde,
         educação, esporte,
          justiça etc, etc…
Vulnerabilidade e Risco
   9
                       Social
           Estão associados à condição de pobreza.
           Linha da pobreza: renda per capita de até
            meio salário mínimo.
           A vulnerabilidade que coloca as pessoas em
            risco social tem uma dimensão muito além
            da carência econômica:
             desnutrição, condições precárias de habitação e
              saneamento, subemprego, subconsumo, falta de
              integração e suporte familiar e baixos níveis
              educacionais e culturais
             Pessoas que vivem na rua!!
CONTEXTO DO AGRAVAMENTO DO
             PROBLEMA COM AS DROGAS NO CENÁRIO
   10
                        BRASILEIRO

        Década de 80: Herda os efeitos da Ditadura
         (neoliberalismo e estado mínimo, multinacionais,
         privatização dos serviços, incluindo o de saúde).
         Fracasso do, então, “milagre econômico”:
           alto índice da inflação,
           Propicia o mercado ilícito, incluindo o
          a explosão demográfica nos grandes centros urbanos,
                                de drogas
          aumentando os cinturões de pobreza nas periferias e
           favelas
                As favelas e periferias urbanas
          desemprego conjuntural
          passam a ocupar umpública estratégico
          sucateamento da educação
                                       lugar
              para o forte mercado de drogas
Mercado de drogas e
   11
                 mercado de armas
            As disputas por pontos de venda de drogas
             entre facções inimigas e o enfrentamento
          direto com a polícia agregaram ao mercado de
           drogas, o mercado de armas, dando início a
           uma verdadeira guerra civil que se encontra
               inserida num ciclo global de guerras.



            A guerra às drogas ocorre majoritariamente nas camadas mais
         pobres da população e encobre a lógica de consumo que movimenta
                     o mercado mundial de drogas lícitas e ilícitas
                                Video: 8,15` a 13,15`
   12




           Usar drogar é crime no Brasil!
         Quem usa é criminoso… e quem fica
               dependente…também!!

              Mas, sempre foi assim?
                  Video: 1,56 a 5,30`
Drogas como produção de
   13
                    subjetividade
                       Produto
                       material
                       Drogas
         “sensação     Imaterial    “sensação
           de bem
                                    de alegria”
            estar”
                       “sensação
                        de poder”
Compreendendo o Uso e o
              Abuso: Natureza
   14
               biopsicossocial
         Pessoa (momento atual + Histórico
                   de Vida + Motivações)




         Bioquímica               Contexto Sócio Cultural
          (Sua ação no organismo + potencial de
          dano/dependência
          química/emocional/tolerância/abstinência)
Pessoal: Motivações
   15


         -   Obtenção de prazer, diversão;

         -   Modificação intencional do estado de
             pessoal     consciência;

         -   Alívio dos estados de angústia/ansiedade
             diante das incertezas da vida.
Contexto Sóciocultural :
   16

        Oferta e demanda;
        Novas formas de consumo e de tipos de drogas.
        Acesso e qualidade da educação;
        Facilidade ao acesso: se consegue droga em
         qualquer lugar e a qualquer hora.
        Valores culturais:
         -   O que é valorizado socialmente (status, desinibição, ser cool, não ser
             careta, etc);
         -   Culto a individualidade
         -   Velocidade da informação (superficialidade na aquisição do
             conhecimento, descarte na reflexão);
         -   Para que vive em situação de rua (ser aceito no grupo de rua)
Contexto Socioeconômico
    17
         Cultura do consumo: Necessidades





                     descartáveis
    Sensação de constante insatisfação, falsamente resolvida
                            pelo consumo.
      Exclusão Social        Concentração de Renda
      Desemprego

      Condições de moradia e alimentação

      Vulnerabilidade das referências (éticas e morais) e dos
       laços sócio-culturais
Contexto Familiar
   18


            Desintegração da família
            Violência intrafamiliar
            Abandono
            Violência sexual
            Abuso de álcool e outras substâncias
            Baixa escolaridade e subemprego
Para quem vive em situação de
   19
                     rua…
         Os estudos evidenciam estréia na relação do
          consumo de drogas pela população de rua
          com uma estratégia de sobrevivência nestes
              contextos. Seus efeitos fornecem uma
               multiplicidade de sensações, não só
              prazerosas, como euforia e poder, mas
            alterações da percepção da realidade que
            promovem uma proteção psíquica contra a
               dolorosa realidade externa e interna.
Estes fatores sociais, políticos e
   20
                   econômicos


         Exigem a mudança de uma postura restritiva
           de guerra às drogas para a composição e
         compartilhamento entre as diversas áreas,
             para busca de uma pluralidade de
           pressupostos, de interfaces e de ações
          integrais exigidas pela complexidade do
              fenômeno (TOTUGUI et al., 2010).
   21


         Esclarecendo os termos….


                            Uso
                             E
                           Abuso

           Diferente níveis de relação com as
                     drogas e o álcool
Uso experimental, uso recreativo, uso
             controlado e uso social de drogas
   22

         ► Uso Experimental
           Os primeiros poucos episódios de uso de uma droga específica – algumas
           vezes incluindo tabaco ou álcool -, extremamente infrequentes ou não
           persistentes.
         ►Uso Recreativo
           Uso de uma droga, em geral ilícita, em circunstâncias sociais ou
           relaxantes, sem implicações com dependência e outros problemas
           relacionados, embora haja os que discordem, opinando que, no caso de
           droga ilícita, não seja possível este padrão devido às implicações legais
           relacionadas.
         ► Uso Controlado
           Refere-se à manutenção de um uso regular, não compulsivo e que não
           interfere com o funcionamento habitual do indivíduo. Termo também
           controverso, pois se questiona se determinadas substâncias permitem tal
           padrão.
         ►Uso Social
           Pode ser entendido, de forma literal, como uso em companhia de outras
           pessoas e de maneira socialmente aceitável, mas também é usado de
Abuso
   23

        A definição de abuso (DSM-IV) baseia-se na ocorrência de um ou mais dos
         seguintes critérios no período de 12 meses:
         1. Uso recorrente resultando em fracasso em cumprir obrigações importantes
         relativas a seu papel no trabalho, na escola ou em casa;
         2. Uso recorrente em situações nas quais isso representa perigo físico;
         3. Problemas legais recorrentes relacionados à substância;
         4. Uso continuado, apesar de problemas sociais ou interpessoais persistentes ou
         recorrentes, causados ou exacerbados pelos efeitos da substância.


        Já a definição de uso nocivo (CID-10) baseia-se nos seguintes critérios:
         1. Evidência clara de que o uso foi responsável (ou contribuiu consideravelmente)
         por dano físico ou psicológico, incluindo capacidade de julgamento comprometida
         ou disfunção de comportamento;
         2. A natureza do dano é claramente identificável;
         3. O padrão de uso tem persistido por pelo menos um mês ou tem ocorrido
         repetidamente dentro de um período de 12 meses;
         4. Não satisfaz critérios para qualquer outro transtorno relacionado à mesma
         substância no mesmo período (exceto intoxicação aguda).
ATIVIDADE EM GRUPO
   24


         1)   Por que o abuso de drogas deve ser
              considerado um problema de natureza
              biopsicossocial e não apenas individual?

         2)   Você acha que a estratégia de guerra às
              drogas tem sido eficiente no mundo? Por
              quê?
   25




         Estatísticas sobre o uso de
          substâncias psicoativas no
              contexto brasileiro:
Cenário do uso de substâncias
                         psicoativas
   26


            Cerca de 10% das populações dos centros
             urbanos de todo o mundo consomem
             abusivamente substâncias psicoativas (OMS,
             2001)

            Cigarro e álcool são as mais usadas e as que
             causam maior malefício à saúde.
CONSUMO DE ÁLCOOL NO
         BRASIL
         I LEVANTAMENTO NACIONAL SOBRE OS PADRÕES DE CONSUMO DE
                  ÁLCOOL NA POPULAÇÃO BRASILEIRA (2007)
   27
Consumo por Gênero
   28
Consumo por Região
   29
Idade de início
   30
Bebida e Direção
   31
Uso de drogas na população
   32
                  brasileira
Prevalência por tipo de droga
   33
Prevalência por gênero
   34
Uso de Drogas Injetáveis
   35


            Cocaína injetável, é direta ou indiretamente,
             responsável por cerca de 25% do total de casos
             de AIDS notificados.

            Taxas elevadas para hepatites virais, HTLV I / II,
             (endêmica na Bahia e região nordeste do Brasil)
             , alem de surtos de malária transmitidos por
             equipamentos de injeção.
INCIDÊNCIA
   36


         Cerca de 800.000 usuários de drogas injetáveis
         (UDI) no país, com utilização desta via de consumo
         ao menos uma vez nos últimos 12 meses, com as
         seguintes características:
             São jovens, entre 18 a 30 anos, tendo iniciado o consumo de drogas
             injetável por volta dos 16 anos;
            A escolaridade é baixa, tendo a maioria o primeiro grau incompleto;
            A média de injeção gira em torno de 10 a 25 vezes por sessão de uso;
            Altas taxas de HIV = 36,5%, Hepatite C = 56,4 %;
            5% dos UDIs relatam o uso de droga em grupo;
            23% procuraram tratamento para a dependência química em algum
             momento da vida
            80 % já foram presos pelo menos uma vez.
Danos Visíveis
Em grupos:
   38


         3.   No cenário do uso de álcool e drogas no
              Brasil, que estatística lhe chamou mais a
              atenção e por quê?
PARADIGMAS DO
ATENDIMENTO AO
USUÁRIO DE DROGAS
E ÁLCOOL
DIFERENTES PARADIGMAS
   40


         O PARADIGMA DA ABSTINÊNCIA (é melhor
            não consumir álcool em nenhuma hipótese)
          (1)   O MODELO DE DOENÇA (alcoolismo como
                uma doença crônica, onde os períodos de
                sobriedade se alternam com períodos de
                consumo compulsivo)
          (2)   O MODELO DE AUTO-AJUDA (sistema mundial
                de grupos de auto-ajuda: Crença de que é
                impotente diante do vício)
         O PARADIGMA DA REDUÇÃO DE DANOS
          (prevenção, redução de oferta, regulação de
          disponibilidade física, tratamento para quem
Paradigma da abstinência
   41


            A única direção de tratamento possível,
             submetendo o campo da saúde ao poder
             jurídico, psiquiátrico e religioso.
            Usuário = anormal, delinquente e pecador.
            Qualquer nível de uso é prejudicial e deve ser
             combatido

             A produção de uma verdade científica sobre o
             anormal e o anti-social inseriu não somente o
             louco, como também o usuário de drogas no
                     regime do saber psiquiátrico.
Paradigma de abstinência
   42


            Argumentos favoráveis:
              Pode ser bastante útil para as pessoas que
              perderam o controle de suas vidas.
            Argumentos contrários :
              Para   a maioria das sociedades, o modelo da
               abstinência não é uma opção viável como
               política nacional. Nem todas as pessoas querem
               parar.
              No caso do álcool, ele está arraigado em muitos
               eventos sociais e tem um papel importante na
               socialização.
              Nem todo consumo é prejudicial!
Modelos que preconizam a
                      Abstinência
   43




            Modelo Médico ou de doença

            Modelo da auto-ajuda
Modelo de doença
   44


        Argumentos a favor deste modelo:
          Pacientes - orientadas a não sentir culpa;
          Abordagem sistemática e objetiva + bons cuidados médicos
           (desintoxicação)+ atenção psicossocial (prevenção à
           recaídas)
        Argumentos contrários ao modelo:
          difícil convencer os usuários a se tratarem e a taxa de
           recaídas é alta;
          No caso do alcoolismo, a atenção somente a bebedores
           problemáticos ou alcoolistas (e não ao danos decorrentes
           de embriaguez aguda, por ex.)
          Subjugação do “paciente”.
Modelo de auto-ajuda
   45


            Argumentos a favor:
             É   barato;
              É disponível em horários não comerciais;

              Os participantes falam aquilo que querem falar,
               sem pressão;
              Utiliza a mesma metodologia em todo o mundo.
Modelo de auto-ajuda
   46


        Argumentos contrários:
         A  filosofia baseada em "eu sou impotente perante
           meu vício e confio mais em uma entidade maior
           (Deus) do que em mim”, confere ao AA um aspecto
           religioso, que pode ser contraproducente, quando
           as pessoas abandonarem o AA (sentimento de
           impotência, fraqueza, isto é pode ter um viés
           moralista)
          O AA não reconhece plenamente a evidência
           científica de que alguns usuários conseguem usar a
           substância psicoativa apenas socialmente.
Paradigma da Redução de
   47
         Danos
            Aceita que há distintos níveis de relação com a
             droga: Uso e abuso;
            Aceita que a abstinência pode não ser uma
             meta realista para todos os usuários;
            Rejeita a marginalização e a exclusão social do
             usuário de drogas e álcool;
            Recoloca os usuários no lugar de cidadãos
             com direito à vida e à saúde e incita
             nessas pessoas práticas de cuidado de si
             para que possam ter uma vida social
             independentemente de conseguirem ou não a
EXEMPLOS DE REDUÇÃO DE DANOS

   48


         •   Não dirigir sob efeito de álcool.
         •   Não compartilhar seringas para o uso de drogas
             injetáveis.
         •   Diminuição do número de cigarros.
         •   Não levar bebidas em garrafas de vidro para eventos ou
             espaços públicos.
         •   Usar protetor solar.
         •   Realizar coleta seletiva de lixo para diminuir danos ao
             ecossistema.
         •   Substituir crack por maconha.
         •   Distribuir cartilhas aos usuários, orientando o uso.
   49
O paradigma da Redução de
   50
                       Danos
         Questiona a                             Aspectos sócio-
         criminalização e a                      econômicos e
                                                 políticos
         patologização do usuário
                                                 Exclusão
         de drogas.
          Artigo196 da Constituição de 88 prevê: “A
            saúde é direito de, todos e dever do Estado,
                          SUS instituído pelas
            garantido mediante políticas sociais e
                             Leis Federais
            econômicas que 8.080/1990 e
                              visem à redução do risco de
            doença e de outros agravos e ao acesso
                               8.142/1990
            universal e igualitário às ações e serviços
            para sua promoção, proteção e
SUS: PRINCÍPIOS
   51


        Acesso universal, público e gratuito às ações e serviços de
         saúde;
        Integralidade das ações, cuidando do indivíduo como um
         todo e não como um amontoado de partes;
        Equidade , como o dever de atender igualmente o direito
         de cada um, respeitando suas diferenças;
        Descentralização dos recursos de saúde, garantindo
         cuidado de boa qualidade o mais próximo dos usuários que
         dele necessitam;
        Controle social exercido pelos Conselhos Municipais,
         Estaduais e Nacional de Saúde com representação dos
         usuários, trabalhadores, prestadores, organizações da
         sociedade civil e instituições formadoras.
Política do Ministério da Saúde de
         Atenção Integral ao Usuário de Álcool e
   52            outras Drogas (2004)
            Elege a redução de danos como estratégia de
             saúde pública, na qual é incentivada a criação
             e sistematização de intervenções junto à
             população usuária que, devido ao contexto de
             vulnerabilidade, não querem ou não desejam
             parar o uso da droga.
   53


             A abstinência não pode ser, então, o único objetivo a ser
         alcançado. Aliás, quando se trata de cuidar de vidas humanas,
         temos de, necessariamente, lidar com as singularidades, com
             as diferentes possibilidades e escolhas que são feitas. As
           práticas de saúde, em qualquer nível de ocorrência,devem
              levar em conta esta diversidade. Devem acolher, sem
            julgamento, o que em cada situação, com cada usuário, é
          possível,o que é necessário, o que está sendo demandado, o
                que pode ser ofertado, o que deve ser feito, sempre
               estimulando a sua participação e o seu engajamento.

                          (POLÍTICA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE PARA A ATENÇÃO
                     INTEGRAL A USUÁRIOS DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS, 2004)
O que é Redução de Danos
               (RD)?
   É uma estratégia fundamental para a promoção
    dos princípios e diretrizes do Sistema Único de
    Saúde.

   Contribui para e efetivação da atenção integral
    aos usuários de álcool e outras drogas, para o
    controle da epidemia do HIV/Aids e das
    hepatites virais e para o tratamento dos
    transtornos associados ao consumo prejudicial
    de drogas, sejam elas lícitas ou ilícitas.
EM SÍNTESE: RD
   55



         É um paradigma que constitui um outro olhar sobre a questão
         das drogas e álcool, instituindo novas tecnologias de
         intervenção, comprometidas com o respeito às diferentes
         formas de ser e estar no mundo, promovendo saúde e
         cidadania;
         É um conjunto de estratégias de promoção de saúde e
         cidadania, construídas PARA e POR pessoas que usam
         drogas e alcool, e que buscam minimizar eventuais
         conseqüências do uso de drogas lícitas ou ilícitas,sem colocar
         a abstinência como único objetivo do trabalho em saúde;
         Além disto, a Redução de Danos também pode designar uma
         política pública igualmente centrada no sujeito, e constituída
         com o foco na promoção de saúde e cidadania das pessoas
PRINCÍPIOS UNIVERSAIS
   56


          A estratégia de redução de danos é complementar às
           estratégias de controle da demanda e da oferta;
          Seu foco é nas consequências e não nos
           comportamentos em si;
         OS PRINCÍPIOS E ESTRATÉGIAS DEconsumo
          A estratégia é realista e reconhece que o REDUÇÃO
                     DE DANOS SÃO LÓGICOS E
           substâncias não será interrompido em muitas
           comunidades, e continuar a criar problemas para
                COMPROVADAMENTE EFICIENTES.
           indivíduos e comunidades; a 46,09`
                              Video 44,38´
          A estratégia de redução de danos não julga o consumo
           de drogas (lícitas ou ilícitas) e álcool e sim a redução
           dos problemas advindos dele;
          É uma estratégia pragmática – ela não busca políticas
           ou estratégias que sejam inatingíveis ou que criem mais
Intersetorialidade
   57


            O uso de álcool e outras drogas, por tratar-se de
             um tema transversal a outras áreas da saúde, da
             justiça, da educação, social e de desenvolvimento,
             requer cooperação intersetorial para a execução de
             uma política de atenção integral ao consumidor de
             álcool e outras drogas.
            As articulações com a sociedade civil, movimentos
             sindicais, associações e organizações comunitárias e
             universidades, são fundamentais para a elaboração de
             planos estratégicos, ampliando-se significativamente a
             cobertura das ações dirigidas a populações de difícil
             acesso.
            Tais articulações constituem-se em instrumentos
Plano Emergencial de Ampliação do Acesso ao
         Tratamento e Prevenção em Álcool e Outras Drogas
         (PEAD 2009-2010, Portaria/MS nº 1.190, 04 de junho
   58                        de 2009)

            Direito:
            ao acesso ao tratamento, a redução da lacuna
             assistencial, o enfrentamento do estigma,
            da qualificação das redes de saúde, da
             adoção da estratégia de redução de danos
             e do reconhecimento de determinantes
             sociais de vulnerabilidade, risco e padrões
             de consumo.
            Estratégias:
              Consultóriode Rua (2009)
              Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack
Objetivos PEAD
   59


            Contribuir para a ampliação do acesso aos
             cuidados de saúde da rede SUS para usuários
             de álcool e outras drogas,
            Implementar intervenções em contexto de
             rua com a articulação de diferentes redes
             de atenção em álcool e outras drogas.
            Sua principal população-alvo são crianças,
             adolescentes e jovens moradores de rua em
             situação de vulnerabilidade e risco
Atividade em grupos:
   60


         De acordo com o que você aprendeu, responda:

         3) Em que difere o paradigma da abstinência e o
           paradigma da Redução de Danos?

         4) Você concorda com o Ministério da Saúde ter
           assumido a estratégia de redução de Danos
           como politica pública? Por quê?
   61


         UM POUCO DE HISTÓRIA….




           De movimento social a política
               pública instituída pelo MS:
          A trajetória da RD no mundo e no
                          Brasil
História da Redução de Danos


   Londres
       Anos 20
       Abstinência de morfina
       Ambiente acadêmico


   Amsterdã
       Fim dos anos 70
       Epidemia hepatites / Aids
       Sociedade civil
História da Redução de
         Danos
   63


     1970 – Conselho Europeu, reconhece a necessidade de
       abordagens mais flexíveis, realistas e pragmáticas no trato
       do uso e abuso de substâncias psicoativas, iniciando um
       movimento sistemático de questionamento dos modelos
       vigentes.

     1980 - O Brasil faz seus primeiros pronunciamentos a favor
       de uma nova abordagem, pautada no respeito ao cidadão;

     1989 – Primeira tentativa de troca de seringas, Santos-SP;

     1990 – Centros de Referência para Drogas e Aids (Bahia);
     (programa universitário para troca de agulhas e seringas, como
        estratégia de contenção vírus HIV)
Danos
   64
                             (continuação)
            1990: Lei 8.080 (SUS);
            1994: 1º PRD do Brasil (Salvador – UFBA);
            1995: Porto Alegre, Itajaí, São Paulo, Rio de Janeiro;
            1997 – Ministério da Saúde – Programas de Redução
             de Danos (troca de agulhas e seringas em parceria com
             associações de redutores e programas de redução de
             danos – São Paulo, Salvador e Porto Alegre)
            1997: Surge a ABORDA;
            2002: Lei 10.216/02 (marco legal da Reforma
             Psiquiátrica)
REDUÇÃO DE DANOS
NO CONTEXTO DA
REFORMA
PSIQUIÁTRICA
REFORMA PSIQUIÁTRICA
   66


        Consiste no progressivo deslocamento do centro do
         cuidado para fora do hospital, em direção à
         comunidade;

        Os CAPS são os dispositivos estratégicos desse
         movimento. Entretanto, é a rede básica de saúde o
         lugar privilegiado de construção de uma nova lógica
         de atendimento e de relação com os transtornos
         mentais.
Atenção Primária à Saúde/Atenção
                         Básica:
   67


            Programa de Agente Comunitários de
             Saúde(PACS, 1991)
            Programa da Saúde da Família (PSF, 1994), virou
             ESF (principal modalidade de atuação da atenção
             básica).
                Seus princípios são: atuação no território através do
                 diagnóstico situacional, enfrentamento dos problemas
                 de saúde de maneira pactuada com a comunidade,
                 buscando o cuidado dos indivíduos e das famílias ao
                 longo do tempo; buscar a integração com instituições
                 e organizações sociais e ser espaço de construção
                 da cidadania
Saúde Mental e Atenção
                     Básica
   68   Coordenação Geral da Saúde Mental (CGSM/MS- 2001
     Documentos para a articulação entre a saúde mental e a
     atenção básica. Principais diretrizes:

        Apoio matricial (cuja função consiste nas ações de
         supervisão, atendimento compartilhado e capacitação
         em serviço, realizado por uma equipe de saúde mental
         para equipes ou profissionais da atenção básica) de
         saúde mental às equipes de PSF: aumento da capacidade
         resolutiva das equipes;
        Priorização da saúde mental na formação das equipes da
         atenção básica;
        Ações de acompanhamento e avaliação das ações de
         saúde mental na atenção básica.
CAPS
   69


            Instituições destinadas a acolher os pacientes
             com transtornos mentais, estimular sua
             integração social e familiar, apoiá-los em suas
             iniciativas de busca da autonomia, oferecer-lhes
             atendimento médico e psicológico.
            Sua característica principal é buscar integrá-
             los a um ambiente social e cultural concreto,
             designado como seu “território”, o espaço
             da cidade onde se desenvolve a vida
             quotidiana de usuários e familiares.
TIPOS DE CAPS
   70
Novos dispositivos
                   de atenção integral
   71            (portaria GM 2841/2010)
        CAPSad III – 24 horas
          leitos de acolhimento noturno, nos feriados e finais de sema
           na (po-dem ter no mínimo 8 e, no máximo, 12 leitos);
          realizar intervenções a situações de crise (abstinência
           e/ou desintoxicação), repouso e/ou observação.
          permanência:
           limitada a 10 dias corridos ou 14 dias intercalados em um p
           eríodo de 30 dias.
          Estão em processo de implantação 67 municípios
Papel estratégico dos CAPs
   72


            Organização     da   rede    comunitária    de
             cuidados, direcionamento local das políticas e
             programas de Saúde Mental;
            Desenvolvimento de projetos terapêuticos e
             comunitários, dispensando      medicamentos,
             encaminhando e acompanhando usuários
             que moram em residências terapêuticas,
            Assessoria, acompanhamento e capacitação dos
             Agentes Comunitários de Saúde e das Equipes
             de Saúde da Família no cuidado domiciliar.
Rede de Atenção à Saúde
   73
         Mental
Nº de CAPS por tipo e ano
   74
   75
CAPSad por Região
   76
CAPS ad
   77


            A atenção psicossocial a pacientes que
             apresentam uso abusivo/dependência de álcool
             e outras drogas deve ocorrer em ambiente
             comunitário, de forma integrada à cultura local,
             e articulada com o restante das redes de
             cuidados em álcool e drogas e saúde mental e
             a rede de suporte social.
            Desta forma, poderá organizar em seu território
             de atuação os serviços e iniciativas que possam
             atender às múltiplas necessidades dos usuários
             de serviços, com ênfase na reabilitação e
             reinserção social dos mesmos.
ATIVIDADES CAPs Ad
   78


            Atenção ambulatorial: individual
             (medicamentoso, psicoterápico, de orientação,
             entre outros), atendimentos em grupo ou
             oficinas terapêuticas e visitas domiciliares.

            Repouso dos usuários de serviços, bem como
             para a desintoxicação ambulatorial de
             pacientes que necessitem deste tipo de
             cuidados, e que não demandem por atenção
             clínica hospitalar.
ATENDIMENTO INTEGRADO
   79




               Dispositivos            Ambulatórios,
                assistenciais          Leitos em hospital-geral,
             em Saúde Mental           Hospitais-dia
                                                Unidades básicas de
                    Rede Básica de Saúde        saúde
                                                Centros de Saúde
     CAP                                        Estratégia de Saúde da
                                                família (ESF)
     sad                                        Programa de agentes
                                                comunitários da saúde
                                                (PACS)
                     Rede de Suporte            CRASS
                           Social
Atividade em grupo
   80


         6) O que significou a Reforma Psiquiátrica e
           qual o papel dos CAPS neste contexto?

         7) Você acha que os CAPS estão cumprindo
           seu papel na sociedade? Por quê?
ÁLCOOL E CRACK
REDUÇÃO DE DANOS
Álcool
   82


            O álcool é a droga psicoativa mais usada na
             maioria dos países, tanto para a celebração
             como para o sofrimento, pois libera as
             inibições.

            As pessoas consomem álcool para relaxar e
             se divertir. Para muitos, o álcool é uma
             companhia nos eventos sociais e, na maior
             parte das vezes, o consumo de álcool implica
             riscos relativamente baixos, tanto para quem
             bebe como para terceiros.
PORÉM…
   83


            Para alguns, a depender do padrão de consumo e da
             quantidade ingerida, pode provocar danos individuais e
             sociais.
            Curto prazo (exagero de consumo ): acidentes de carro
             traumáticos, violências e agressões, atividade sexual
             não planejada ou não desejada, conflitos com a lei ou
             com o patrão.
            Longo prazo (consumo pesado, por um período maior
             de tempo): Danos a órgãos físicos (coração, fígado,
             sistema digestivo, sistema endócrino, disfunção sexual,
             sistema imunológico, problemas de pele, DST, câncer),
             perda de relacionamentos pessoais ou de emprego.
   84
FATO: O ÁLCOOL É A SUBSTÂNCIA
                 PSICOATIVA QUE MAIS CAUSA
   85
                  TRANSTORNOS MENTAIS E
                     COMPORTAMENTAIS.
         É A MAIS CARA PARA OS COFRES PÚBLICOS.
           É A MAIS CONSUMIDA DENTRE TODAS AS
                 SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS.

         Muita gente tem preconceito contra os usuários
                    de drogas e é alcoolista!!
Ações práticas: Quanto à
   86
                      substância
            Produção de produtos com baixo teor
             alcoólico e sua disponibilidade imediata.
             Muitas pessoas escolhem esses produtos
             para que possam continuar consumindo
             álcool, com uma possibilidade menor de
             embriaguez, doenças e riscos.
            Em alguns países, aditivos como tiamina
             (vitamina B) são adicionados ao produto e
             está comprovado que em alguns casos, os
             riscos à saúde são realmente reduzidos.
Quanto ao ambiente:
   87


            Bares barulhentos, lotados e inacessíveis
             criam problemas.
            Estabelecimentos que toleram a embriaguez
             e permitem que os funcionários do bar sirvam
             pessoas já embriagadas são propícios para
             problemas.
            Servir as bebidas em copos de plástico ou de
             material mais resistente, QUE NÃO SEJAM
             CORTANTES.
            Não vender álcool para menores.
Dicas para quem vai beber:
   88


        Planeje: O planejamento feito com antecedência é uma
         medida sensível e eficiente de redução de danos. Além do
         estabelecimento de limites para a bebida, outros planos
         podem evitar problemas relacionados ao álcool:
            não beber sozinho;
            garantir carona com um motorista que não tenha bebido;
            estabelecer um limite de gastos;
            saber o que está sendo servido.
        A divulgação de informações sobre como “manejar” o próprio
         consumo de álcool e o de amigos é importante. Muitos jovens
         são inexperientes e estão sujeitos à forte pressão dos colegas
         para assumir os “riscos da adolescência”.
Álcool e Redução de Danos
   89
PLANO CRACK
   90


            Em maio de 2010 o Governo Federal instituiu o
             Plano Crack, pelo Decreto nº 7179.

            O Plano Crack objetiva a prevenção do uso, o tr
             ata-
             mento e a reinserção social de usuários e o enfr
             enta-
             mento do tráfico de crack e outras drogas ilícitas.
CRACK E REDUÇÃO DE
   91
                     DANOS
            CRACK, também conhecido como pedra,
                é a forma de base livre da cocaína,
                podendo ser obtido do cloridrato de
             cocaína ou da pasta de coca. Muito pouco
                         solúvel em água.
DANOS
   92


            Danos à saúde física e psíquica:
                Problemas respiratórios.
                Perda de apetite, falta de sono e agitação motora,
                 desnutrição, desidratação e gastrite.
                Rachaduras nos lábios, cortes e queimaduras nos dedos das
                 mãos.
                Paranóia, depressão, ansiedade, baixa autoestima.
                Dificuldade no uso do preservativo (DST/Aids)
                Hepatites virais,tuberculose, leptospirose, etc.
            Danos Sociais:
                Evasão escolar.
                Perda de vinculo familiar e com amigos.
                Troca de sexo por droga.
É usado:
   93


            em latas                em copos




            em cachimbo             em cigarros
Estratégias para Redução de
   94
                     Danos
            Os cachimbos devem ser adequados a
             realidade de cada projeto, atendendo a
             diversidade dos usuários e construído
             conjuntamente.




         Quando possível, substituição por maconha
   95


            Os protetores labiais exigem discussão prévia
             com os usuários (batons, tubos, ou de
             sachês)?
            Evitar que sejam a base de vaselina.
   96


            Poder ser disponibilizado tubos de silicone de
             diferentes espessuras pois a equipe deve
             atender aos diferentes cachimbos usados
             pelos usuários.
   97


            Criar espaços de sociabilidade para os
             usuários com a finalidade de facilitar a
             implementação de estratégias preventivas
             entre eles.
            Estabelecer um diálogo franco e respeitoso
             com os usuários.
Que trabalho fazer com os
         usuários?
   98


            Adequação de serviços:
              Atividades extra-muros
              Estratégias de redução de danos à saúde

              Internação???

            Trabalho de rua
            Atividades socioeducativas
            Atividades de advocacy
            Acompanhamento a serviços (testagem,
             vacinação, etc.)
Trabalho nas comunidades
   99



            Oficinas (diversas)
            Participação em atividades na comunidade
            Articulação com outros equipamento sociais
             (emprego, renda, escola, etc)
            Reinserção social
            Reinserção escolar
            Reinserção familiar
CLÍNICA AMPLIADA
CLINICA AMPLIADA
   101



             Princípios do SUS = A universalidade do
              acesso, a integralidade da rede de cuidado e
              a equidade das ofertas em saúde.

              Obrigam a modificação dos modelos de
              atenção e de gestão dos processos de
              trabalho em saúde.

          Não só médicos fazem a clínica mas todos os
           profissionais de saúde fazem cada um a sua
           clínica!
Ampliação da Clínica - Clínica Ampliada -
                              Clínica do
                Sujeito : A Humanização da Atenção
   102



             Ampliada em quê? Considera a complexidade do sujeito e
              do processo de adoecimento (nas conexões, muitas vezes
              ocultas, entre o biológico, o subjetivo e o social);
             Contra à redução dos usuários a um recorte diagnóstico ou
              burocrático: o diabético, o alcoolista ou, pior ainda, o leito
              número tal...).
             Lidar com os usuários enquanto Sujeitos buscando sua
              participação e autonomia no projeto terapêutico
             Em oposição à clínica degradada, reduzida à tecnologia da
              queixa-conduta.
             Pressupõe trabalho em equipe: clínica interdisciplinar;
Enfrentamento de uma
   103
            clínica ainda hegemônica
          1) toma a doença e o sintoma como seu
            objeto;

          2) toma a remissão de sintoma e a cura como seu
            objetivo;

          3) realiza a avaliação diagnóstica reduzindo-a
            à objetividade positivista clínica ou
            epidemiológica;

          4) define a intervenção terapêutica considerando
Foco no trabalho em Equipe:
   104




           Ajudar usuários e trabalhadores a lidar
            com a complexidade dos Sujeitos e a
             multicausalidade dos problemas de
          saúde na atualidade significa ajudá-los a
                    trabalhar em equipe

             É na interação entre os diferentes
               Sujeitos da equipe (justamente
            valorizando essas diferenças) que se
          poderá mais facilmente fazer uma clínica
                          ampliada.
Ampliar a clínica, portanto,
   105
                     implica:
          1) tomar a saúde como seu objeto de
            investimento, considerando a vulnerabilidade,
            o risco do sujeito em seu contexto;
          2) ter como objetivo produzir saúde e ampliar o
            grau de autonomia dos sujeitos;
          3) realizar a avaliação diagnóstica considerando
            não só o saber clínico e epidemiológico, como
            também a história dos sujeitos e os saberes por
            eles veiculados;
          4) definir a intervenção terapêutica
            considerando a complexidade biopsicossocial
As propostas da clínica
   106
                      ampliada:
             Um compromisso radical com o sujeito doente, visto de
              modo singular;
             Assumir a CO-RESPONSABILIDADE no lugar da
              culpabilização e da infantilização do paciente;
             Buscar ajuda em outros setores, ao que se dá nome de
              INTERSETORIALIDADE (Ex: anemia falciforme)
             RECONHECER OS LIMITES DOS CONHECIMENTOS
              dos profissionais de saúde e das TECNOLOGIAS por
              eles empregadas e buscar outros conhecimentos em
              diferentes setores,
             Assumir um compromisso ÉTICO profundo.
Orientações práticas úteis à
   107
                clínica ampliada:
     Refinar a escuta: mesmo quando possa parecer não interessar diretamente
      para o diagnóstico e tratamento;
     Perceber o fluxo entre VÍNCULO E AFETOS;
     Evitar recomendações culpabilizantes;
     Trabalhar com ofertas (individualizadas) e não apenas restrições;
     Evitar questionar e julgar comportamentos;
     Perguntar o que o usuário entendeu do que foi dito sobre sua condição e
      seu tratamento;
     Evitar assustar o usuário (gera hiponcondria ou desistência)
     Equilibrar o problema com produção de vida. O usuário não se resume ao
      problema.
     Respeitar a diversidade cultural e negociar terapias alternativas,
      condizentes com as crenças e os valores culturais do usuário.
Atividade em Grupos
   108



          8) Em que aspectos a clínica ampliada difere da
            clínica tradicional? Na sua opinião, quais os
            avanços deste tipo de clínica no sentido de
            atender aos objetivos de humanização da
            atenção à saúde?
Atividade de Avaliação final
   109



     Dividir a sala em seis grupos. Cada grupo ficará
      responsável por estudar e apresentar um relato de
      experiência. Além disso, os grupos deverão
      descrever suas impressões, críticas e seus
      principais aprendizados em relação à estratégia de
      redução de danos.
Relatos de Experiências
   110



          1) Redução de Danos no Contexto do Centro Histórico de
             Salvador – BA. (6 p)
          2) Relato de uma experiência com adolescentes sobre o

             uso de drogas. (8 p)
          3) Relato de Caso da Trajetória de um Usuário de Cola em

             Serviço Especializado (6p)
          4) Relato de experiência consultório de rua: estamos aqui...
             e aí? (7 p)
          5) Redução de Danos: estratégia de cuidado com
             populações vulneráveis na cidade de Santo André – SP
             (4 p)
          6) “As Construções de Campos: Relato de uma experiência

             com o Núcleo Londrinense de Redução de Danos” (10 p)

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  • 1. REDUÇÃO DE DANOS EM SAÚDE MENTAL E CLÍNICA AMPLIADA CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO PSICOSSOCIAL Profª: Sandra Nunes
  • 2. Plano de Curso  2 OBJETIVOS  Permitir ao aluno a apropriação de conhecimentos atualizados acerca do problema referente ao uso e abuso de drogas e álcool no Brasil e levá-lo a familiarizar-se com a o paradigma da Redução de Danos, entendido como estratégia eficiente e humanizada para lidar com o usuários de substâncias psicoativas.
  • 3. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO  3 I. DROGA E ÁLCOOL: CONDICIONANTES DO USO E ABUSO  Fatores individuais, bioquímicos e contextuais  Contexto do agravamento do problema com as drogas no cenário brasileiro  Drogas e álcool como produção de subjetividade na sociedade do consumo  Uso e abuso: Definições II. CENÁRIO DO USO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS  Consumo de álcool no Brasil  Uso de drogas na população brasileira III. PARADIGMAS DO ATENDIMENTO AO USUÁRIO DE DROGAS E ÁLCOOL  Paradigma da abstinência: O modelo de doença e o modelo de auto-ajuda  Redução de Danos: Novo paradigma ético, clínico e político da política pública de saúde.
  • 4. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO (continuação)  4 IV. REDUÇÃO DE DANOS  Definição, Princípios Universais e Contexto Histórico de surgimento  Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários de Álcool e Outras Drogas (MS, 2004)  Reforma Psiquiátrica no Brasil  CAPS e Rede Básica de Saúde: Rede de Atenção à Saúde Mental  Álcool e Crack: Redução de Danos V. CLÍNICA AMPLIADA  Definição e premissas  Enfrentamento de uma clínica ainda hegemônica  Propostas da Clínica Ampliada VI. RELATOS DE EXPERIÊNCIAS
  • 5. AVALIAÇÃO  5  Ao longo do processo: 8 Perguntas referentes aos conteúdos ministrados serão lançadas durante as aulas. Devem ser respondidas por escrito e entregues à professora e compartilhadas com os colegas. Valor: 4 pontos  Ao final do Curso: Apresentação de relatos de experiências e descrição de impressões, críticas e seus principais aprendizados em relação à estratégia de redução de danos.
  • 6. Drogas e Álcool  6  Que ideias e imagens lhe vêm à cabeça quando você pensa em usuários de drogas?  De que drogas você mais lembra? Que histórias de vidas aparecem associadas a essas drogas?  Você conhece(u) alguém que usa drogas que ilustra essas histórias?  E quanto ao usuário de álcool?
  • 7. Será que este é um problema individual??  7
  • 8. Condição de Vulnerabilidade  8 TODAS AS PESSOAS ESTÃO SOB O MESMO RISCO DE CONSUMIR DROGAS E TORNAREM-SE DEPENDENTES? Idade, histórico familiar, condições genéticas, condições concretas de vida, acessibilidade aos serviços de saúde, educação, esporte, justiça etc, etc…
  • 9. Vulnerabilidade e Risco  9 Social  Estão associados à condição de pobreza.  Linha da pobreza: renda per capita de até meio salário mínimo.  A vulnerabilidade que coloca as pessoas em risco social tem uma dimensão muito além da carência econômica:  desnutrição, condições precárias de habitação e saneamento, subemprego, subconsumo, falta de integração e suporte familiar e baixos níveis educacionais e culturais  Pessoas que vivem na rua!!
  • 10. CONTEXTO DO AGRAVAMENTO DO PROBLEMA COM AS DROGAS NO CENÁRIO  10 BRASILEIRO  Década de 80: Herda os efeitos da Ditadura (neoliberalismo e estado mínimo, multinacionais, privatização dos serviços, incluindo o de saúde).  Fracasso do, então, “milagre econômico”:  alto índice da inflação, Propicia o mercado ilícito, incluindo o  a explosão demográfica nos grandes centros urbanos, de drogas  aumentando os cinturões de pobreza nas periferias e favelas As favelas e periferias urbanas  desemprego conjuntural passam a ocupar umpública estratégico  sucateamento da educação lugar para o forte mercado de drogas
  • 11. Mercado de drogas e  11 mercado de armas As disputas por pontos de venda de drogas entre facções inimigas e o enfrentamento direto com a polícia agregaram ao mercado de drogas, o mercado de armas, dando início a uma verdadeira guerra civil que se encontra inserida num ciclo global de guerras. A guerra às drogas ocorre majoritariamente nas camadas mais pobres da população e encobre a lógica de consumo que movimenta o mercado mundial de drogas lícitas e ilícitas Video: 8,15` a 13,15`
  • 12. 12 Usar drogar é crime no Brasil! Quem usa é criminoso… e quem fica dependente…também!! Mas, sempre foi assim? Video: 1,56 a 5,30`
  • 13. Drogas como produção de  13 subjetividade Produto material Drogas “sensação Imaterial “sensação de bem de alegria” estar” “sensação de poder”
  • 14. Compreendendo o Uso e o Abuso: Natureza  14 biopsicossocial Pessoa (momento atual + Histórico de Vida + Motivações) Bioquímica Contexto Sócio Cultural (Sua ação no organismo + potencial de dano/dependência química/emocional/tolerância/abstinência)
  • 15. Pessoal: Motivações  15 - Obtenção de prazer, diversão; - Modificação intencional do estado de pessoal consciência; - Alívio dos estados de angústia/ansiedade diante das incertezas da vida.
  • 16. Contexto Sóciocultural :  16  Oferta e demanda;  Novas formas de consumo e de tipos de drogas.  Acesso e qualidade da educação;  Facilidade ao acesso: se consegue droga em qualquer lugar e a qualquer hora.  Valores culturais: - O que é valorizado socialmente (status, desinibição, ser cool, não ser careta, etc); - Culto a individualidade - Velocidade da informação (superficialidade na aquisição do conhecimento, descarte na reflexão); - Para que vive em situação de rua (ser aceito no grupo de rua)
  • 17. Contexto Socioeconômico 17 Cultura do consumo: Necessidades  descartáveis Sensação de constante insatisfação, falsamente resolvida pelo consumo.  Exclusão Social Concentração de Renda  Desemprego  Condições de moradia e alimentação  Vulnerabilidade das referências (éticas e morais) e dos laços sócio-culturais
  • 18. Contexto Familiar  18  Desintegração da família  Violência intrafamiliar  Abandono  Violência sexual  Abuso de álcool e outras substâncias  Baixa escolaridade e subemprego
  • 19. Para quem vive em situação de  19 rua… Os estudos evidenciam estréia na relação do consumo de drogas pela população de rua com uma estratégia de sobrevivência nestes contextos. Seus efeitos fornecem uma multiplicidade de sensações, não só prazerosas, como euforia e poder, mas alterações da percepção da realidade que promovem uma proteção psíquica contra a dolorosa realidade externa e interna.
  • 20. Estes fatores sociais, políticos e  20 econômicos Exigem a mudança de uma postura restritiva de guerra às drogas para a composição e compartilhamento entre as diversas áreas, para busca de uma pluralidade de pressupostos, de interfaces e de ações integrais exigidas pela complexidade do fenômeno (TOTUGUI et al., 2010).
  • 21. 21 Esclarecendo os termos…. Uso E Abuso Diferente níveis de relação com as drogas e o álcool
  • 22. Uso experimental, uso recreativo, uso controlado e uso social de drogas  22 ► Uso Experimental Os primeiros poucos episódios de uso de uma droga específica – algumas vezes incluindo tabaco ou álcool -, extremamente infrequentes ou não persistentes. ►Uso Recreativo Uso de uma droga, em geral ilícita, em circunstâncias sociais ou relaxantes, sem implicações com dependência e outros problemas relacionados, embora haja os que discordem, opinando que, no caso de droga ilícita, não seja possível este padrão devido às implicações legais relacionadas. ► Uso Controlado Refere-se à manutenção de um uso regular, não compulsivo e que não interfere com o funcionamento habitual do indivíduo. Termo também controverso, pois se questiona se determinadas substâncias permitem tal padrão. ►Uso Social Pode ser entendido, de forma literal, como uso em companhia de outras pessoas e de maneira socialmente aceitável, mas também é usado de
  • 23. Abuso  23  A definição de abuso (DSM-IV) baseia-se na ocorrência de um ou mais dos seguintes critérios no período de 12 meses: 1. Uso recorrente resultando em fracasso em cumprir obrigações importantes relativas a seu papel no trabalho, na escola ou em casa; 2. Uso recorrente em situações nas quais isso representa perigo físico; 3. Problemas legais recorrentes relacionados à substância; 4. Uso continuado, apesar de problemas sociais ou interpessoais persistentes ou recorrentes, causados ou exacerbados pelos efeitos da substância.  Já a definição de uso nocivo (CID-10) baseia-se nos seguintes critérios: 1. Evidência clara de que o uso foi responsável (ou contribuiu consideravelmente) por dano físico ou psicológico, incluindo capacidade de julgamento comprometida ou disfunção de comportamento; 2. A natureza do dano é claramente identificável; 3. O padrão de uso tem persistido por pelo menos um mês ou tem ocorrido repetidamente dentro de um período de 12 meses; 4. Não satisfaz critérios para qualquer outro transtorno relacionado à mesma substância no mesmo período (exceto intoxicação aguda).
  • 24. ATIVIDADE EM GRUPO  24 1) Por que o abuso de drogas deve ser considerado um problema de natureza biopsicossocial e não apenas individual? 2) Você acha que a estratégia de guerra às drogas tem sido eficiente no mundo? Por quê?
  • 25. 25 Estatísticas sobre o uso de substâncias psicoativas no contexto brasileiro:
  • 26. Cenário do uso de substâncias psicoativas  26  Cerca de 10% das populações dos centros urbanos de todo o mundo consomem abusivamente substâncias psicoativas (OMS, 2001)  Cigarro e álcool são as mais usadas e as que causam maior malefício à saúde.
  • 27. CONSUMO DE ÁLCOOL NO BRASIL I LEVANTAMENTO NACIONAL SOBRE OS PADRÕES DE CONSUMO DE ÁLCOOL NA POPULAÇÃO BRASILEIRA (2007)  27
  • 32. Uso de drogas na população  32 brasileira
  • 33. Prevalência por tipo de droga  33
  • 35. Uso de Drogas Injetáveis  35  Cocaína injetável, é direta ou indiretamente, responsável por cerca de 25% do total de casos de AIDS notificados.  Taxas elevadas para hepatites virais, HTLV I / II, (endêmica na Bahia e região nordeste do Brasil) , alem de surtos de malária transmitidos por equipamentos de injeção.
  • 36. INCIDÊNCIA  36  Cerca de 800.000 usuários de drogas injetáveis (UDI) no país, com utilização desta via de consumo ao menos uma vez nos últimos 12 meses, com as seguintes características:  São jovens, entre 18 a 30 anos, tendo iniciado o consumo de drogas injetável por volta dos 16 anos;  A escolaridade é baixa, tendo a maioria o primeiro grau incompleto;  A média de injeção gira em torno de 10 a 25 vezes por sessão de uso;  Altas taxas de HIV = 36,5%, Hepatite C = 56,4 %;  5% dos UDIs relatam o uso de droga em grupo;  23% procuraram tratamento para a dependência química em algum momento da vida  80 % já foram presos pelo menos uma vez.
  • 38. Em grupos:  38 3. No cenário do uso de álcool e drogas no Brasil, que estatística lhe chamou mais a atenção e por quê?
  • 40. DIFERENTES PARADIGMAS  40 O PARADIGMA DA ABSTINÊNCIA (é melhor não consumir álcool em nenhuma hipótese) (1) O MODELO DE DOENÇA (alcoolismo como uma doença crônica, onde os períodos de sobriedade se alternam com períodos de consumo compulsivo) (2) O MODELO DE AUTO-AJUDA (sistema mundial de grupos de auto-ajuda: Crença de que é impotente diante do vício) O PARADIGMA DA REDUÇÃO DE DANOS (prevenção, redução de oferta, regulação de disponibilidade física, tratamento para quem
  • 41. Paradigma da abstinência  41  A única direção de tratamento possível, submetendo o campo da saúde ao poder jurídico, psiquiátrico e religioso.  Usuário = anormal, delinquente e pecador.  Qualquer nível de uso é prejudicial e deve ser combatido A produção de uma verdade científica sobre o anormal e o anti-social inseriu não somente o louco, como também o usuário de drogas no regime do saber psiquiátrico.
  • 42. Paradigma de abstinência  42  Argumentos favoráveis:  Pode ser bastante útil para as pessoas que perderam o controle de suas vidas.  Argumentos contrários :  Para a maioria das sociedades, o modelo da abstinência não é uma opção viável como política nacional. Nem todas as pessoas querem parar.  No caso do álcool, ele está arraigado em muitos eventos sociais e tem um papel importante na socialização.  Nem todo consumo é prejudicial!
  • 43. Modelos que preconizam a Abstinência  43  Modelo Médico ou de doença  Modelo da auto-ajuda
  • 44. Modelo de doença  44  Argumentos a favor deste modelo:  Pacientes - orientadas a não sentir culpa;  Abordagem sistemática e objetiva + bons cuidados médicos (desintoxicação)+ atenção psicossocial (prevenção à recaídas)  Argumentos contrários ao modelo:  difícil convencer os usuários a se tratarem e a taxa de recaídas é alta;  No caso do alcoolismo, a atenção somente a bebedores problemáticos ou alcoolistas (e não ao danos decorrentes de embriaguez aguda, por ex.)  Subjugação do “paciente”.
  • 45. Modelo de auto-ajuda  45  Argumentos a favor: É barato;  É disponível em horários não comerciais;  Os participantes falam aquilo que querem falar, sem pressão;  Utiliza a mesma metodologia em todo o mundo.
  • 46. Modelo de auto-ajuda  46  Argumentos contrários: A filosofia baseada em "eu sou impotente perante meu vício e confio mais em uma entidade maior (Deus) do que em mim”, confere ao AA um aspecto religioso, que pode ser contraproducente, quando as pessoas abandonarem o AA (sentimento de impotência, fraqueza, isto é pode ter um viés moralista)  O AA não reconhece plenamente a evidência científica de que alguns usuários conseguem usar a substância psicoativa apenas socialmente.
  • 47. Paradigma da Redução de  47 Danos  Aceita que há distintos níveis de relação com a droga: Uso e abuso;  Aceita que a abstinência pode não ser uma meta realista para todos os usuários;  Rejeita a marginalização e a exclusão social do usuário de drogas e álcool;  Recoloca os usuários no lugar de cidadãos com direito à vida e à saúde e incita nessas pessoas práticas de cuidado de si para que possam ter uma vida social independentemente de conseguirem ou não a
  • 48. EXEMPLOS DE REDUÇÃO DE DANOS  48 • Não dirigir sob efeito de álcool. • Não compartilhar seringas para o uso de drogas injetáveis. • Diminuição do número de cigarros. • Não levar bebidas em garrafas de vidro para eventos ou espaços públicos. • Usar protetor solar. • Realizar coleta seletiva de lixo para diminuir danos ao ecossistema. • Substituir crack por maconha. • Distribuir cartilhas aos usuários, orientando o uso.
  • 49. 49
  • 50. O paradigma da Redução de  50 Danos Questiona a Aspectos sócio- criminalização e a econômicos e políticos patologização do usuário Exclusão de drogas. Artigo196 da Constituição de 88 prevê: “A saúde é direito de, todos e dever do Estado, SUS instituído pelas garantido mediante políticas sociais e Leis Federais econômicas que 8.080/1990 e visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso 8.142/1990 universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e
  • 51. SUS: PRINCÍPIOS  51  Acesso universal, público e gratuito às ações e serviços de saúde;  Integralidade das ações, cuidando do indivíduo como um todo e não como um amontoado de partes;  Equidade , como o dever de atender igualmente o direito de cada um, respeitando suas diferenças;  Descentralização dos recursos de saúde, garantindo cuidado de boa qualidade o mais próximo dos usuários que dele necessitam;  Controle social exercido pelos Conselhos Municipais, Estaduais e Nacional de Saúde com representação dos usuários, trabalhadores, prestadores, organizações da sociedade civil e instituições formadoras.
  • 52. Política do Ministério da Saúde de Atenção Integral ao Usuário de Álcool e  52 outras Drogas (2004)  Elege a redução de danos como estratégia de saúde pública, na qual é incentivada a criação e sistematização de intervenções junto à população usuária que, devido ao contexto de vulnerabilidade, não querem ou não desejam parar o uso da droga.
  • 53. 53 A abstinência não pode ser, então, o único objetivo a ser alcançado. Aliás, quando se trata de cuidar de vidas humanas, temos de, necessariamente, lidar com as singularidades, com as diferentes possibilidades e escolhas que são feitas. As práticas de saúde, em qualquer nível de ocorrência,devem levar em conta esta diversidade. Devem acolher, sem julgamento, o que em cada situação, com cada usuário, é possível,o que é necessário, o que está sendo demandado, o que pode ser ofertado, o que deve ser feito, sempre estimulando a sua participação e o seu engajamento. (POLÍTICA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE PARA A ATENÇÃO INTEGRAL A USUÁRIOS DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS, 2004)
  • 54. O que é Redução de Danos (RD)?  É uma estratégia fundamental para a promoção dos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde.  Contribui para e efetivação da atenção integral aos usuários de álcool e outras drogas, para o controle da epidemia do HIV/Aids e das hepatites virais e para o tratamento dos transtornos associados ao consumo prejudicial de drogas, sejam elas lícitas ou ilícitas.
  • 55. EM SÍNTESE: RD  55 É um paradigma que constitui um outro olhar sobre a questão das drogas e álcool, instituindo novas tecnologias de intervenção, comprometidas com o respeito às diferentes formas de ser e estar no mundo, promovendo saúde e cidadania; É um conjunto de estratégias de promoção de saúde e cidadania, construídas PARA e POR pessoas que usam drogas e alcool, e que buscam minimizar eventuais conseqüências do uso de drogas lícitas ou ilícitas,sem colocar a abstinência como único objetivo do trabalho em saúde; Além disto, a Redução de Danos também pode designar uma política pública igualmente centrada no sujeito, e constituída com o foco na promoção de saúde e cidadania das pessoas
  • 56. PRINCÍPIOS UNIVERSAIS  56  A estratégia de redução de danos é complementar às estratégias de controle da demanda e da oferta;  Seu foco é nas consequências e não nos comportamentos em si; OS PRINCÍPIOS E ESTRATÉGIAS DEconsumo  A estratégia é realista e reconhece que o REDUÇÃO DE DANOS SÃO LÓGICOS E substâncias não será interrompido em muitas comunidades, e continuar a criar problemas para COMPROVADAMENTE EFICIENTES. indivíduos e comunidades; a 46,09` Video 44,38´  A estratégia de redução de danos não julga o consumo de drogas (lícitas ou ilícitas) e álcool e sim a redução dos problemas advindos dele;  É uma estratégia pragmática – ela não busca políticas ou estratégias que sejam inatingíveis ou que criem mais
  • 57. Intersetorialidade  57  O uso de álcool e outras drogas, por tratar-se de um tema transversal a outras áreas da saúde, da justiça, da educação, social e de desenvolvimento, requer cooperação intersetorial para a execução de uma política de atenção integral ao consumidor de álcool e outras drogas.  As articulações com a sociedade civil, movimentos sindicais, associações e organizações comunitárias e universidades, são fundamentais para a elaboração de planos estratégicos, ampliando-se significativamente a cobertura das ações dirigidas a populações de difícil acesso.  Tais articulações constituem-se em instrumentos
  • 58. Plano Emergencial de Ampliação do Acesso ao Tratamento e Prevenção em Álcool e Outras Drogas (PEAD 2009-2010, Portaria/MS nº 1.190, 04 de junho  58 de 2009)  Direito:  ao acesso ao tratamento, a redução da lacuna assistencial, o enfrentamento do estigma,  da qualificação das redes de saúde, da adoção da estratégia de redução de danos e do reconhecimento de determinantes sociais de vulnerabilidade, risco e padrões de consumo.  Estratégias:  Consultóriode Rua (2009)  Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack
  • 59. Objetivos PEAD  59  Contribuir para a ampliação do acesso aos cuidados de saúde da rede SUS para usuários de álcool e outras drogas,  Implementar intervenções em contexto de rua com a articulação de diferentes redes de atenção em álcool e outras drogas.  Sua principal população-alvo são crianças, adolescentes e jovens moradores de rua em situação de vulnerabilidade e risco
  • 60. Atividade em grupos:  60 De acordo com o que você aprendeu, responda: 3) Em que difere o paradigma da abstinência e o paradigma da Redução de Danos? 4) Você concorda com o Ministério da Saúde ter assumido a estratégia de redução de Danos como politica pública? Por quê?
  • 61. 61 UM POUCO DE HISTÓRIA…. De movimento social a política pública instituída pelo MS: A trajetória da RD no mundo e no Brasil
  • 62. História da Redução de Danos  Londres  Anos 20  Abstinência de morfina  Ambiente acadêmico  Amsterdã  Fim dos anos 70  Epidemia hepatites / Aids  Sociedade civil
  • 63. História da Redução de Danos  63 1970 – Conselho Europeu, reconhece a necessidade de abordagens mais flexíveis, realistas e pragmáticas no trato do uso e abuso de substâncias psicoativas, iniciando um movimento sistemático de questionamento dos modelos vigentes. 1980 - O Brasil faz seus primeiros pronunciamentos a favor de uma nova abordagem, pautada no respeito ao cidadão; 1989 – Primeira tentativa de troca de seringas, Santos-SP; 1990 – Centros de Referência para Drogas e Aids (Bahia); (programa universitário para troca de agulhas e seringas, como estratégia de contenção vírus HIV)
  • 64. Danos  64 (continuação)  1990: Lei 8.080 (SUS);  1994: 1º PRD do Brasil (Salvador – UFBA);  1995: Porto Alegre, Itajaí, São Paulo, Rio de Janeiro;  1997 – Ministério da Saúde – Programas de Redução de Danos (troca de agulhas e seringas em parceria com associações de redutores e programas de redução de danos – São Paulo, Salvador e Porto Alegre)  1997: Surge a ABORDA;  2002: Lei 10.216/02 (marco legal da Reforma Psiquiátrica)
  • 65. REDUÇÃO DE DANOS NO CONTEXTO DA REFORMA PSIQUIÁTRICA
  • 66. REFORMA PSIQUIÁTRICA  66  Consiste no progressivo deslocamento do centro do cuidado para fora do hospital, em direção à comunidade;  Os CAPS são os dispositivos estratégicos desse movimento. Entretanto, é a rede básica de saúde o lugar privilegiado de construção de uma nova lógica de atendimento e de relação com os transtornos mentais.
  • 67. Atenção Primária à Saúde/Atenção Básica:  67  Programa de Agente Comunitários de Saúde(PACS, 1991)  Programa da Saúde da Família (PSF, 1994), virou ESF (principal modalidade de atuação da atenção básica).  Seus princípios são: atuação no território através do diagnóstico situacional, enfrentamento dos problemas de saúde de maneira pactuada com a comunidade, buscando o cuidado dos indivíduos e das famílias ao longo do tempo; buscar a integração com instituições e organizações sociais e ser espaço de construção da cidadania
  • 68. Saúde Mental e Atenção Básica  68 Coordenação Geral da Saúde Mental (CGSM/MS- 2001 Documentos para a articulação entre a saúde mental e a atenção básica. Principais diretrizes:  Apoio matricial (cuja função consiste nas ações de supervisão, atendimento compartilhado e capacitação em serviço, realizado por uma equipe de saúde mental para equipes ou profissionais da atenção básica) de saúde mental às equipes de PSF: aumento da capacidade resolutiva das equipes;  Priorização da saúde mental na formação das equipes da atenção básica;  Ações de acompanhamento e avaliação das ações de saúde mental na atenção básica.
  • 69. CAPS  69  Instituições destinadas a acolher os pacientes com transtornos mentais, estimular sua integração social e familiar, apoiá-los em suas iniciativas de busca da autonomia, oferecer-lhes atendimento médico e psicológico.  Sua característica principal é buscar integrá- los a um ambiente social e cultural concreto, designado como seu “território”, o espaço da cidade onde se desenvolve a vida quotidiana de usuários e familiares.
  • 71. Novos dispositivos de atenção integral  71 (portaria GM 2841/2010)  CAPSad III – 24 horas  leitos de acolhimento noturno, nos feriados e finais de sema na (po-dem ter no mínimo 8 e, no máximo, 12 leitos);  realizar intervenções a situações de crise (abstinência e/ou desintoxicação), repouso e/ou observação.  permanência: limitada a 10 dias corridos ou 14 dias intercalados em um p eríodo de 30 dias.  Estão em processo de implantação 67 municípios
  • 72. Papel estratégico dos CAPs  72  Organização da rede comunitária de cuidados, direcionamento local das políticas e programas de Saúde Mental;  Desenvolvimento de projetos terapêuticos e comunitários, dispensando medicamentos, encaminhando e acompanhando usuários que moram em residências terapêuticas,  Assessoria, acompanhamento e capacitação dos Agentes Comunitários de Saúde e das Equipes de Saúde da Família no cuidado domiciliar.
  • 73. Rede de Atenção à Saúde  73 Mental
  • 74. Nº de CAPS por tipo e ano  74
  • 75. 75
  • 77. CAPS ad  77  A atenção psicossocial a pacientes que apresentam uso abusivo/dependência de álcool e outras drogas deve ocorrer em ambiente comunitário, de forma integrada à cultura local, e articulada com o restante das redes de cuidados em álcool e drogas e saúde mental e a rede de suporte social.  Desta forma, poderá organizar em seu território de atuação os serviços e iniciativas que possam atender às múltiplas necessidades dos usuários de serviços, com ênfase na reabilitação e reinserção social dos mesmos.
  • 78. ATIVIDADES CAPs Ad  78  Atenção ambulatorial: individual (medicamentoso, psicoterápico, de orientação, entre outros), atendimentos em grupo ou oficinas terapêuticas e visitas domiciliares.  Repouso dos usuários de serviços, bem como para a desintoxicação ambulatorial de pacientes que necessitem deste tipo de cuidados, e que não demandem por atenção clínica hospitalar.
  • 79. ATENDIMENTO INTEGRADO  79 Dispositivos Ambulatórios, assistenciais Leitos em hospital-geral, em Saúde Mental Hospitais-dia Unidades básicas de Rede Básica de Saúde saúde Centros de Saúde CAP Estratégia de Saúde da família (ESF) sad Programa de agentes comunitários da saúde (PACS) Rede de Suporte CRASS Social
  • 80. Atividade em grupo  80 6) O que significou a Reforma Psiquiátrica e qual o papel dos CAPS neste contexto? 7) Você acha que os CAPS estão cumprindo seu papel na sociedade? Por quê?
  • 82. Álcool  82  O álcool é a droga psicoativa mais usada na maioria dos países, tanto para a celebração como para o sofrimento, pois libera as inibições.  As pessoas consomem álcool para relaxar e se divertir. Para muitos, o álcool é uma companhia nos eventos sociais e, na maior parte das vezes, o consumo de álcool implica riscos relativamente baixos, tanto para quem bebe como para terceiros.
  • 83. PORÉM…  83  Para alguns, a depender do padrão de consumo e da quantidade ingerida, pode provocar danos individuais e sociais.  Curto prazo (exagero de consumo ): acidentes de carro traumáticos, violências e agressões, atividade sexual não planejada ou não desejada, conflitos com a lei ou com o patrão.  Longo prazo (consumo pesado, por um período maior de tempo): Danos a órgãos físicos (coração, fígado, sistema digestivo, sistema endócrino, disfunção sexual, sistema imunológico, problemas de pele, DST, câncer), perda de relacionamentos pessoais ou de emprego.
  • 84. 84
  • 85. FATO: O ÁLCOOL É A SUBSTÂNCIA PSICOATIVA QUE MAIS CAUSA  85 TRANSTORNOS MENTAIS E COMPORTAMENTAIS. É A MAIS CARA PARA OS COFRES PÚBLICOS. É A MAIS CONSUMIDA DENTRE TODAS AS SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS. Muita gente tem preconceito contra os usuários de drogas e é alcoolista!!
  • 86. Ações práticas: Quanto à  86 substância  Produção de produtos com baixo teor alcoólico e sua disponibilidade imediata. Muitas pessoas escolhem esses produtos para que possam continuar consumindo álcool, com uma possibilidade menor de embriaguez, doenças e riscos.  Em alguns países, aditivos como tiamina (vitamina B) são adicionados ao produto e está comprovado que em alguns casos, os riscos à saúde são realmente reduzidos.
  • 87. Quanto ao ambiente:  87  Bares barulhentos, lotados e inacessíveis criam problemas.  Estabelecimentos que toleram a embriaguez e permitem que os funcionários do bar sirvam pessoas já embriagadas são propícios para problemas.  Servir as bebidas em copos de plástico ou de material mais resistente, QUE NÃO SEJAM CORTANTES.  Não vender álcool para menores.
  • 88. Dicas para quem vai beber:  88  Planeje: O planejamento feito com antecedência é uma medida sensível e eficiente de redução de danos. Além do estabelecimento de limites para a bebida, outros planos podem evitar problemas relacionados ao álcool:  não beber sozinho;  garantir carona com um motorista que não tenha bebido;  estabelecer um limite de gastos;  saber o que está sendo servido.  A divulgação de informações sobre como “manejar” o próprio consumo de álcool e o de amigos é importante. Muitos jovens são inexperientes e estão sujeitos à forte pressão dos colegas para assumir os “riscos da adolescência”.
  • 89. Álcool e Redução de Danos  89
  • 90. PLANO CRACK  90  Em maio de 2010 o Governo Federal instituiu o Plano Crack, pelo Decreto nº 7179.  O Plano Crack objetiva a prevenção do uso, o tr ata- mento e a reinserção social de usuários e o enfr enta- mento do tráfico de crack e outras drogas ilícitas.
  • 91. CRACK E REDUÇÃO DE  91 DANOS  CRACK, também conhecido como pedra, é a forma de base livre da cocaína, podendo ser obtido do cloridrato de cocaína ou da pasta de coca. Muito pouco solúvel em água.
  • 92. DANOS  92  Danos à saúde física e psíquica:  Problemas respiratórios.  Perda de apetite, falta de sono e agitação motora, desnutrição, desidratação e gastrite.  Rachaduras nos lábios, cortes e queimaduras nos dedos das mãos.  Paranóia, depressão, ansiedade, baixa autoestima.  Dificuldade no uso do preservativo (DST/Aids)  Hepatites virais,tuberculose, leptospirose, etc.  Danos Sociais:  Evasão escolar.  Perda de vinculo familiar e com amigos.  Troca de sexo por droga.
  • 93. É usado:  93  em latas  em copos  em cachimbo  em cigarros
  • 94. Estratégias para Redução de  94 Danos  Os cachimbos devem ser adequados a realidade de cada projeto, atendendo a diversidade dos usuários e construído conjuntamente. Quando possível, substituição por maconha
  • 95. 95  Os protetores labiais exigem discussão prévia com os usuários (batons, tubos, ou de sachês)?  Evitar que sejam a base de vaselina.
  • 96. 96  Poder ser disponibilizado tubos de silicone de diferentes espessuras pois a equipe deve atender aos diferentes cachimbos usados pelos usuários.
  • 97. 97  Criar espaços de sociabilidade para os usuários com a finalidade de facilitar a implementação de estratégias preventivas entre eles.  Estabelecer um diálogo franco e respeitoso com os usuários.
  • 98. Que trabalho fazer com os usuários?  98  Adequação de serviços:  Atividades extra-muros  Estratégias de redução de danos à saúde  Internação???  Trabalho de rua  Atividades socioeducativas  Atividades de advocacy  Acompanhamento a serviços (testagem, vacinação, etc.)
  • 99. Trabalho nas comunidades  99  Oficinas (diversas)  Participação em atividades na comunidade  Articulação com outros equipamento sociais (emprego, renda, escola, etc)  Reinserção social  Reinserção escolar  Reinserção familiar
  • 101. CLINICA AMPLIADA  101  Princípios do SUS = A universalidade do acesso, a integralidade da rede de cuidado e a equidade das ofertas em saúde. Obrigam a modificação dos modelos de atenção e de gestão dos processos de trabalho em saúde. Não só médicos fazem a clínica mas todos os profissionais de saúde fazem cada um a sua clínica!
  • 102. Ampliação da Clínica - Clínica Ampliada - Clínica do Sujeito : A Humanização da Atenção  102  Ampliada em quê? Considera a complexidade do sujeito e do processo de adoecimento (nas conexões, muitas vezes ocultas, entre o biológico, o subjetivo e o social);  Contra à redução dos usuários a um recorte diagnóstico ou burocrático: o diabético, o alcoolista ou, pior ainda, o leito número tal...).  Lidar com os usuários enquanto Sujeitos buscando sua participação e autonomia no projeto terapêutico  Em oposição à clínica degradada, reduzida à tecnologia da queixa-conduta.  Pressupõe trabalho em equipe: clínica interdisciplinar;
  • 103. Enfrentamento de uma  103 clínica ainda hegemônica 1) toma a doença e o sintoma como seu objeto; 2) toma a remissão de sintoma e a cura como seu objetivo; 3) realiza a avaliação diagnóstica reduzindo-a à objetividade positivista clínica ou epidemiológica; 4) define a intervenção terapêutica considerando
  • 104. Foco no trabalho em Equipe:  104 Ajudar usuários e trabalhadores a lidar com a complexidade dos Sujeitos e a multicausalidade dos problemas de saúde na atualidade significa ajudá-los a trabalhar em equipe É na interação entre os diferentes Sujeitos da equipe (justamente valorizando essas diferenças) que se poderá mais facilmente fazer uma clínica ampliada.
  • 105. Ampliar a clínica, portanto,  105 implica: 1) tomar a saúde como seu objeto de investimento, considerando a vulnerabilidade, o risco do sujeito em seu contexto; 2) ter como objetivo produzir saúde e ampliar o grau de autonomia dos sujeitos; 3) realizar a avaliação diagnóstica considerando não só o saber clínico e epidemiológico, como também a história dos sujeitos e os saberes por eles veiculados; 4) definir a intervenção terapêutica considerando a complexidade biopsicossocial
  • 106. As propostas da clínica  106 ampliada:  Um compromisso radical com o sujeito doente, visto de modo singular;  Assumir a CO-RESPONSABILIDADE no lugar da culpabilização e da infantilização do paciente;  Buscar ajuda em outros setores, ao que se dá nome de INTERSETORIALIDADE (Ex: anemia falciforme)  RECONHECER OS LIMITES DOS CONHECIMENTOS dos profissionais de saúde e das TECNOLOGIAS por eles empregadas e buscar outros conhecimentos em diferentes setores,  Assumir um compromisso ÉTICO profundo.
  • 107. Orientações práticas úteis à  107 clínica ampliada:  Refinar a escuta: mesmo quando possa parecer não interessar diretamente para o diagnóstico e tratamento;  Perceber o fluxo entre VÍNCULO E AFETOS;  Evitar recomendações culpabilizantes;  Trabalhar com ofertas (individualizadas) e não apenas restrições;  Evitar questionar e julgar comportamentos;  Perguntar o que o usuário entendeu do que foi dito sobre sua condição e seu tratamento;  Evitar assustar o usuário (gera hiponcondria ou desistência)  Equilibrar o problema com produção de vida. O usuário não se resume ao problema.  Respeitar a diversidade cultural e negociar terapias alternativas, condizentes com as crenças e os valores culturais do usuário.
  • 108. Atividade em Grupos  108 8) Em que aspectos a clínica ampliada difere da clínica tradicional? Na sua opinião, quais os avanços deste tipo de clínica no sentido de atender aos objetivos de humanização da atenção à saúde?
  • 109. Atividade de Avaliação final  109  Dividir a sala em seis grupos. Cada grupo ficará responsável por estudar e apresentar um relato de experiência. Além disso, os grupos deverão descrever suas impressões, críticas e seus principais aprendizados em relação à estratégia de redução de danos.
  • 110. Relatos de Experiências  110 1) Redução de Danos no Contexto do Centro Histórico de Salvador – BA. (6 p) 2) Relato de uma experiência com adolescentes sobre o uso de drogas. (8 p) 3) Relato de Caso da Trajetória de um Usuário de Cola em Serviço Especializado (6p) 4) Relato de experiência consultório de rua: estamos aqui... e aí? (7 p) 5) Redução de Danos: estratégia de cuidado com populações vulneráveis na cidade de Santo André – SP (4 p) 6) “As Construções de Campos: Relato de uma experiência com o Núcleo Londrinense de Redução de Danos” (10 p)